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“Ninguém é capaz de escrever bem se não sabe bem o que vai escrever.” (Câmara, Jr., 1978) Princípios gerais da boa escrita jurídica: A boa redação deve respeitar a verdade; 2) Clareza (frases curtas e sem ambiguidade); 3) Coerência: ordenação lógica das ideias. (A coerência depende de: conhecimento de mundo; conhecimento do assunto; conhecimento da língua; Intertextualidade (conversa com outros textos); Para ser coerente você deverá seguir 4 princípios: 1 – o princípio da não contradição; 2 - o princípio da não tautologia (pleonasmos – subir p/cima; descer p/baixo); 3 – O princípio da relevância (o que é importante); 4 - O princípio da continuidade temática. Princípios gerais da boa escrita jurídica 4) Concisão (texto enxuto – capacidade de síntese); 5) Criatividade (teatro); 6) Correção Gramatical; 7) Coesão (existe uma ligação entre coesão e coerência); Elementos de elos coesivos (conectores): 1 – Conjunções: ADIÇÃO (e, assim, ainda, além disso...); CONTRASTE (mas, todavia, contudo, no entanto...); CAUSA (porque, por isso ...); ESCLARESCIMENTO (quer seja, isto é, em outras palavras...); e CONCLUSÃO (logo, portanto...). 2 – Pronomes (ex.: Encontrei Fernando. Ele me disse que ia chover). 3 – Preposições; 4 – Sinônimos; 5 – Numerais; Princípios gerais da boa escrita jurídica 6 – Advérbios (onde se utiliza quando antes tiver um lugar – ex.: Estive na Estácio onde encontrei meus colegas. Porém - Fiz um trabalho no qual coloquei os tipos de argumentos jurídicos (jamais use onde coloquei) Aonde se utiliza com o verbo de movimento – ex.: Aonde você quer chegar?) NARRATIVA SIMPLES E NARRATIVA VALORADA NARRATIVA SIMPLES: Conjunto maior de informações, indiscriminada, todas as informações sobre o conflito, trabalho prévio, anterior à produção da peça, quando o advogado está planejando seu texto, estudando a lide – deverá predominar certa imparcialidade. - Caso com poucos pontos controvertidos: - seguir a ordem cronológica e, no ponto da controvérsia, por meio da POLIFONIA, mostrar as duas versões. NARRATIVA VALORADA Das narrativas simples serão selecionados apenas os dados que interessam ao autor ou ao réu – essas narrativas, motivadas pela causa – ação ou defesa, são as narrativas valoradas. Caso com muitos pontos controvertidos: - narrar em primeiro lugar a versão de quem acusa (parte autora) e, depois, a versão da parte ré, estratégia que ainda observa a cronologia dos eventos, uma vez que, no processo, autores pronunciam-se antes dos réus. MODALIZAÇÃO DA NARRATIVA JURÍDICA A ESCOLHA DAS PALAVRAS, SUA POSIÇÃO NA FRASE, A FORMA COMO AS ASSOCIA, A PONTUAÇÃO E ATÉ A OPÇÃO DE NÃO REGISTRAR UMA PALAVRA PRODUZEM SENTIDOS, e devemos ter consciência disso, para produzirmos enunciados que expressem o que queremos transmitir: ESCOLHA LEXICAL (rosto, face, cara) b) MODALIZAÇÃO POR IDÉIAS IMPLÍCITAS c) ESCOLHAS GRAMATICAIS d) OUTRAS ESTRATÉGIAS MODALIZADORAS: relação entre os termos, pontuação, recursos estilísticos (ex: mãe velha/velha mãe; finalmente, deixou-a ir. Estrutura do Parecer Técnico-Jurídico Estrutura do Conteúdo: 1. Ementa 2. Relatório 3. Fundamentação 4. Conclusão 5. Parte autenticativa EMENTA A ementa não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-formal deve conter frases nominais e palavras-chaves. Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-lo: Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - direito fundamental à vida - preservação de valores morais - observância estrita da norma jurídica - segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto. Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - dignidade da pessoa humana - ponderação de interesses - razoabilidade - prejuízos psicológicos para a mãe - desatualização da norma jurídica - Parecer favorável à autorização do aborto. Produção do Relatório do Parecer – aula 8 Aplicação prática e teórica Adiante, listamos as principais características do relatório jurídico: (A) o relatório é um texto de tipo narrativo; (B) caracteriza-se por ser uma narrativa simples, sem valoração. Sempre que possível, aponte as alegações de ambas as partes; (C) todos os fatos relevantes do caso concreto devem ser narrados no pretérito e na 3ª pessoa; (D) o que não existir no relatório não pode figurar como argumento na fundamentação; TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Produção do Relatório do Parecer – aula 8 (E) a organização dos eventos deve seguir a ordem cronológica linear; (F) o primeiro parágrafo deve indicar o fato gerador da demanda e os sujeitos envolvidos; (G) o texto não pode deixar de responder às seguintes indagações: qual o fato gerador do conflito? Quem são os envolvidos na lide? Onde e quando os fatos ocorreram? Como se desenvolveu o conflito? Por que ocorreu o conflito de interesses? Quais as consequências dos fatos narrados? (H) sugere-se, para iniciar o primeiro parágrafo, a redação “Trata-se de questão sobre...” ou “Trata-se de...”; (I) a paragrafação deve seguir as orientações tradicionais de um texto redigido em norma culta; TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Produção do Relatório do Parecer – aula 8 (J) cada parágrafo deve receber um recuo inicial de, aproximadamente, 1,5 cm; (K) narração clara e concisa; (L) polifonia deve ser utilizada; (M) terminado o relatório, na linha abaixo, use a expressão “É o relatório”. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Produção de relatório - Resumo Qual o fato gerador do conflito? Quem são os envolvidos na lide? Onde e quando os fatos ocorreram? Como se desenvolveu o conflito? Por que ocorreu o conflito de interesses? Quais as consequências dos fatos narrados? Importância da polifonia no Discurso Jurídico No discurso jurídico, indicar as vozes do relato e da fundamentação é importantíssimo. No relato, a responsabilidade da veracidade das informações deve ser atribuída a alguém que responde juridicamente por elas. Na fundamentação, citam-se trechos da lei, da jurisprudência, da doutrina, etc, como argumento de autoridade, vozes que se associam à voz do orador e lhe fornecem mais credibilidade. Esta apropriação da voz do outro denomina-se INTERTEXTUALIDADE NARRAÇÃO – ARGUMENTAÇÃO São muito raros os textos puros, ou seja, integralmente, narrativos, descritivos ou dissertativos. Temos de observá-los em termos de predominância de certos padrões. Por que a narração está a serviço da argumentação? (O profissional do Direito recorre ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista, mas seu sucesso dependerá de uma boa narrativa na qual foram expostos os fatos de maior relevância sobre a lide) NARRAÇÃO ARGUMENTAÇÃO Objetivo – expor os fatos importantes do caso concreto Objetivo – defender uma tese O fato é uma informação que compõe a história da lide. O fato narrado é retomado como elemento de persuasão (elemento de prova para a defesa da tese) Tempo verbal – pretérito (o mais usado porque os fatos narrados já ocorreram); presente (quando os fatos perduram até o momento da narração); futuro (não é usado) Tempo verbal – presente (o mais adequado para sustentar o ponto de vista); pretérito (usado para retomar os fatos – provas- indícios relevantes da narração); futuro (usado nas hipóteses argumentativas) Pessoa do discurso – 3ª pessoa (imparcialidade) Pessoa do discurso – 3ª pessoa (imparcialidade) Organização dos fatos – ordem cronológica Organização dos fatos – ordem lógica NARRAÇÃO ARGUMENTAÇÃO Elementos constitutivos – o quê? (fato gerador); quem? (partes); onde? (local do fato); quando? (momento do fato); como? (maneira como os fatos ocorreram); por quê? (motivações da lide). Elementos constitutivos- qual fato gerador do conflito?; quetese será defendida?; que fatos sustentarão essa tese?; que tipos de argumento serão utilizados? Natureza do texto- o texto narrativo é predominantemente informativo. Natureza do texto – o texto argumentativo tem função persuasiva Parcialidade – uma narrativa pode ser simples ou valorada Parcialidade – toda argumentação é valorada 19 Premissa maior (PM) Norma no sentido amplo: lei, doutrina, jurisprudência, princípios, etc. Premissa menor (Pm) Fatos ocorridos no caso concreto analisado Conclusão (C) Resultado lógico decorrente da junção das duas premissas + 20 Conector de causa: “já que”, “uma vez que”, etc. + Fato ou prova extraídos da contextualização do real + Interpretação do fato redigida com verbo no fut. do pretérito ESQUEMA PARA PRODUÇÃO DA HIPÓTESE CAUSAL EXEMPLO DE HIPÓTESE CAUSAL [Uma vez que] [a compra dos produtos utilizados nas atividades pedagógicas foi realizada pela escola], [seria da instituição a responsabilidade civil pelos danos causados à consumidora]. 21 Conector de condição: “se”, “caso”, etc. + Fato ou prova extraídos da contextualização do real + Interpretação do fato redigida com verbo no fut. do pretérito ESQUEMA PARA PRODUÇÃO DA HIPÓTESE CONDICIONAL EXEMPLO DE HIPÓTESE CONDICIONAL [Se] [o estado de necessidade em que se encontrava Marcos Antonio, réu no caso 1, e o princípio da bagatela forem usados na tese de DEFESA, seu advogado poderia ter êxito na demanda], 22 FONTES de apoio para sustentar esse valor Lei Doutrina Opinião de especialistas Jurisprudência* 3 fatos de maior relevância (brocardo jurídico: “dá-me os fatos que te dou a norma”) Costumes Direito natural Argumento Pró-tese Argumento de autoridade Argumento de senso comum RELAÇÃO ENTRE TIPOS DE ARGUMENTO E SUAS FONTES VALOR Cabe aos pais proteger os filhos 23 Caracteriza-se por ser produzido a partir dos fatos da realidade. Sugerimos ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduzem fatos distintos favoráveis à tese escolhida. Argumento pró-tese 24 Exemplos [O hospital foi negligente] porque utilizou água contaminada no tratamento de hemodiálise de paciente renais, e também não comunicou o fato à secretaria de saúde. Além disso, mesmo após ter conhecimento do alto índice de contaminação por bactérias, continuou a utilizá-la, colocando, pois, em perigo iminente a vida dos pacientes. 25 Argumento constituído com base nas principais fontes do Direito e em pesquisas científicas. Indicamos, em especial, a legislação, a doutrina e a opinião fundamentada de especialistas. Argumento por autoridade 26 Argumento de senso comum Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso geral; está amplamente difundida na sociedade. Normalmente, funciona como reforço de outro argumento. Vale observar que, normalmente, após o argumento de autoridade, é sugerida a produção do argumento de oposição; entretanto, esse argumento será desenvolvido na a próxima aula. 27 Argumento de oposição O argumento de oposição serve como uma estratégia discursiva eficiente para a redação de uma boa argumentação sobre temas polêmicos, controvertidos. Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-o como uma possibilidade de conclusão, para depois apresentar, como argumento decisivo, a perspectiva contrária. Apoia-se no uso de conectores argumentativos concessivos e adversativos. 28 Estrutura do argumento deOPOSIÇÃO CONCESSIVA Operadorargument.Concessivo Ponto de vista contrário à tese defendida Ponto de vista favorável à tese defendida Embora ... ...não exista lei que obrigue alguém a ser pai, nem que garanta reaproximações indesejadas, ... ... a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva. Conector sintático que põe em foco a evidência contrária Evidência que apóia a argumentação contrária à tese em defesa Argumento decisivo, contrário à perspectiva anterior 29 Estrutura do argumento deOPOSIÇÃO RESTRITIVA Ponto de vista contrário à tese defendida Operador argumentativo adversativo Ponto de vista favorável à tese defendida Não existe lei que obrigue alguém a ser pai, nem que garanta reaproximações indesejadas, mas aJustiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva. Evidência que apóia a argumentação contrária à tese em defesa Conector sintático que permiteamanobradiscursiva Argumento que anula a proposição inicial do parágrafo, gerando uma quebra de expectativa 30 Exemplo de oposição concessiva Ainda que eventualmente venha a fomentar a indústria do dano moral, não se pode deixar de indenizar com altos valores as vítimas de empresas poderosas em flagrante desrespeito aos consumidores, porque essa providência estimularia ainda mais a sistemática violação dos direitos básicos dos consumidores. 31 EXEMPLO DE OPOSIÇÃO RESTRITIVA É recorrente a polêmica sobre a constitucionalidade da realização de provas de concursos públicos em dia de sábado. A controvérsia existe porque certas pessoas, por princípio religioso, não realizam atividades seculares entre o pôr-do-sol de sexta-feira e o pôr-do-sol de sábado. Para esses, o art. 5º, VIII da CRFB garante a não realização de provas nesse dia. Por outro lado, há quem entenda que oferecer condições especiais de prova aos sabatistas feriria a isonomia, porque colocaria esse grupo em vantagem frente aos demais concorrentes. Nessa linha, argumenta-se que o Estado seria laico e, portanto, indiferente a qualquer opção religiosa. 32 Argumento que estabelece uma relação de causalidade, ou seja, apresenta as causas e as consequências jurídicas de um ato praticado. É importante para promover a busca de soluções para problemas sociais relevantes. Argumento de causa e efeito 33 FONTES Oposição de idéias e quebra de expectativas Relações causais entre dois eventos Oposição concessiva Oposição restritiva Conectores concessivos: embora, apesar de, ainda que, etc. Conectores adversativos: mas, porém, todavia, etc. Estabelece nexo causal entre a conduta e o resultado de consequencias jurídicas RELAÇÃO ENTRE TIPOS DE ARGUMENTO E SUAS FONTES A forma de um parecer jurídico Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43,III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. . (Revista Redação Jurídica: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.) Estrutura formal do Parecer PARECER (Pular 2 linhas) EMENTA (Pular 1 linha. Deverá ser: alinhada na margem direita e com no máximo 8 linhas) (Pular 2 linhas) RELATÓRIO (Pular 1 linha. Iniciar o relatório e ao final colocar a expresso É O RELATÓRIO) (Pular 2 linhas) FUNDAMENTAÇÃO (Pular 1 linha. Iniciar a fundamentação e ao final pular 2 linhas) CONCLUSÃO (Pular 1 linha. Iniciar a conclusão e ao final pular 2 linhas) PARTE AUTENTICATIVA Data Assinatura Nº da carteira funcional do Especialista BOA PROVA!!!! Curso de Direito - Unidade Cabo Frio - Rio de Janeiro AULA DE REVISÃO DA DISCIPLINA TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA – 2015.1 PROFESSORA: Mônica Castello Branco de Oliveira 1
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