Buscar

DIREITO PENAL III novo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 135 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 135 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 135 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Prof. Valter Carlito
02/08/2012
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I: DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I: DOS CRIMES CONTRA A VIDA
HOMICÍDIO
Art. 121. Matar alguém:	
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Objeto jurídico: é a vida da pessoa.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa viva.
Tipo subjetivo: é o dolo consistente na vontade livre e consciente de matar alguém (animus necandi ou animus occidendi).
OBS: O crime admite a forma culposa (art. 121, §3º).
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Tentativa admissível.
Momento consumativo: ocorre quando cessa a atividade encefálica.
Ação penal: pública Incondicionada (APPI).
Objeto jurídico ou objetividade jurídica – é o bem jurídico penalmente protegido que foi violado coma prática de uma infração penal.
Exemplos:
Crime de homicídio: vida de alguém.
Crime de infanticídio (a mãe que mata o filho sob o estado puerperal durante o parto ou logo após): vida de alguém.
Crime de furto e de roubo: patrimônio de alguém.
Crime de calunia, injúria e difamação: a honra de alguém.
CP – Parte Especial: 11 títulos. Dos crimes contra a vida – Em comum o mesmo bem jurídico penalmente protegido que é a vida de alguém. Capítulo I: 
Homicídio;
Participação em suicídio;
Infanticídio;
Aborto.	
Não confundir objeto jurídico com objeto material!
Objeto material: é pessoa ou coisa sob a qual recai a ação delituosa. Dependendo do crime a ação delituosa recai sobre uma pessoa ou uma coisa.
Exemplos:
Homicídio – ação delituosa recai sobre uma pessoa.
Falsificação de documento público, dano (destruir, deteriorar ou inutilizar coisa alheia) – ação delituosa recai sobre uma coisa.
Objeto jurídico: a vida das pessoas.
Objeto material: corpo humano vivo.
	Matar quem já está morto é crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto.
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
O crime impossível pode ocorrer por:
ineficácia absoluta do meio;
absoluta impropriedade do objeto.
Exemplo: Sujeito quer matar Antônio por tiro de arma de fogo. Ao vê-lo estendido no chão, supondo Antônio estar embriagado, o sujeito atira na cabeça deste. Um exame necroscópico apontou como causa mortis envenenamento. Pedro, momentos antes, deu a Antônio um copo de suco com veneno. Pedro foi o causador material do crime de homicídio, praticou a ação que deu causa ao resultado morte. 
Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pedro responderá pelo crime de homicídio (praticou a ação que deu causa ao resultado morte), doloso (agiu com intenção de produzir o resultado morte), consumado (o resultado morte se verificou), qualificado mediante veneno (matou com emprego de veneno, que é uma qualificadora prevista no §2º a ser visto adiante).
O atirador não responderá pelo crime de homicídio (embora com intenção de matar e tendo feito tudo necessário para causar o resultado), pois não foi ele a pessoa que deu causa ao resultado morte em Antônio, matar um morto é crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto que é o ser humano morto. O objeto material do crime de homicídio é o corpo humano vivo, jamais se conseguirá matar quem já morreu. 
Neste caso, deverá o atirador responder por tentativa de homicídio? Em circunstâncias normais, sim, porque ele tentou e fez tudo aquilo que era preciso para matar. No entanto, a melhor doutrina classifica isto como tentativa inadequada ou inidônea. O artigo 17, CP, diz que não se pune a tentativa. Este exemplo é de impropriedade do objeto.
Classificação da tentativa - Parte Geral:
Perfeita ou acabada;
Imperfeita ou inacabada;
Inadequada ou inidônea;
Branca;
Cruenta;
Abandonada ou qualificada.
Outro exemplo de impropriedade do objeto: Maria supõe estar grávida. Tenta realizar um aborto tomando substância abortiva, mas descobre depois que não está grávida. Maria não responderá pelo crime de auto-aborto, pois não existe gravidez.
Crime impossível pela absoluta ineficácia do meio: uso de uma arma de brinquedo para matar alguém. Arma sem munição. Meios ineficazes absolutamente para produzir o resultado que se deseja.
Arma antiga, guardada há muito tempo, arma de colecionado com munição antiga. Esta arma poderá ou não funcionar, o fato de ser antiga não significa dizer que ela não preste. Pode ser que ela funcione. Neste caso não há crime impossível. Ele é possível, porque a ineficácia do meio é relativa. Neste caso são duas as possibilidades:
Puxado o gatilho a arma dispara e o resultado morte da pessoa é produzido. Crime: homicídio doloso consumado.
A arma não dispara por circunstância alheia à vontade de quem atira. Neste caso, o crime não se consumou e o atirador responde por tentativa de homicídio.
Se a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto forem relativas não se caracteriza o crime impossível. O crime é possível e pune-se a tentativa no caso do resultado não ocorrer por circunstância alheia à vontade do agente.
A arma deve ser periciada para que verifique se a arma é realmente de fogo, se está em perfeito estado de conservação e se é capaz de efetuar disparos, exame de natureza e eficiência da arma. Exame de recente disparo da arma de fogo que verifica resquícios de pólvora no revólver. Desenvolve-se o raciocínio que fundamentará o crime de homicídio.
Exemplo: Sujeito deseja matar uma pessoa com suco envenenado, mas ao invés de veneno, o agente usa açúcar no suco – ineficácia absoluta do meio, crime impossível.
Se o agente coloca veneno em quantidade suficiente e consegue matar a pessoa responde o agente por homicídio doloso, consumado, qualificado mediante veneno, também chamado de venefício.
Animus do homicídio, intenção, dolo: é de matar. Animus neccandi ou animus occidendi. Se por acaso, por circunstância alheia à vontade do agente, a vítima não morre ele responderá por tentativa. 
Em outra situação, se a intenção é de ofender a saúde da pessoa, responde o agente por lesão corporal. Se a intenção é fazer mal à pessoa e, por circunstância alheia à vontade do agente, o pretendido não ocorre, responde o agente por tentativa de lesão corporal.
Ficha técnica - Sujeito ativo: qualquer pessoa pode cometer o crime de homicídio. Segundo a doutrina é um crime comum quanto ao sujeito ativo.
Crime comum: não se exige nenhuma particular condição do sujeito ativo do crime, qualquer pessoa pode cometer.
Crime próprio: exige condição especial do sujeito ativo, por exemplo, crimes funcionais.
Autor e partícipe – relembrando a Parte Geral
Autor, co-autor e partícipe de um crime
Sujeito ativo, autor ou agente: pessoa que pratica o verbo constante de figura típica.
O Direito Penal brasileiro abraça a Teoria Formal Objetiva ou Teoria Formal Restritiva que considera autor de crime a pessoa que pratica o núcleo descrito pelo tipo penal incriminador, ou seja, a pessoa que pratica o verbo constante da figura típica. 
Homicídio: matar alguém.
Verbo: matar.
Autor: pessoa que mata.
Teoria do domínio funcional do fato (Direito Penal alemão): será igualmente autor de crime aquele que mesmo não tendo praticado o verbo constante no tipo, tenha o domínio das ações. Tenha o domínio do fato.
OBS: Crime de estupro pela redação antiga poderia ser praticado apenas por homem contra a vítima mulher.
Exemplo: Maria obriga, por coação moral irresistível (ameaça por arma de fogo), homem a estuprar Joana. Por esta teoria quem tem o domínio da situação é Maria, autora mediata. O homem é autor imediato que age sob coação moral irresistível, assim só Maria responde pelocrime.
Co-autoria: aquele que está no mesmo nível, no mesmo plano, em igualdade de condições. Co-autor é aquele que é igualmente autor.
Exemplo: Homicídio – se João e José esfaqueiam Pedro, ambos são co-autores.
Roubo:
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Furto: 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
Exemplo: Dois bandidos praticando assalto, um subtrai a coisa o outro ameaça a vítima. O verbo do tipo é subtrair, mas a violência ou grave ameaça são necessárias para que o crime seja possível. Ambos são igualmente autores, co-autores, pois o roubo é um delito pluriofensivo.
Concurso de pessoas – Art. 29, CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A participação em um crime poderá ser:
Moral;
Material.
Participação moral no crime
Induzimento – Faz nascer na cabeça da pessoa o desejo de cometer o crime, alguém que planta a ideia. Participação moral por induzimento – quem induz é partícipe do crime.
Instigação – apóia a ideia de cometimento do crime. Reforço de uma ideia já existente. Partícipe também é aquele que instiga.
Participação material por auxílio: fornecimento de instrumento para o crime. 
O partícipe pode, simultaneamente, ser partícipe moral e material do crime. Moral: dando a ideia ou a reforçando e ao mesmo tempo fornecendo instrumento para o crime, um revólver por exemplo.
Ficha técnica - Sujeito passivo do homicídio: qualquer pessoa viva. É o titular do bem ou interesse juridicamente protegido. No homicídio o sujeito passivo é a pessoa que morre, a pessoa estava viva e morreu.
OBS: Matar um morto é crime impossível.
Caso: Meu carro é roubado quando estava emprestado a um amigo. Quem foi roubado, eu ou meu amigo? Quem é o sujeito passivo do crime?
O roubo é um crime pluriofensivo, pois ofende mais de um bem jurídico. Ofende o bem jurídico patrimônio de alguém e ofende outros dois bens jurídicos, se foi sob grave ameaça, atinge o bem jurídico liberdade individual, se foi sob violência ofenderá a integridade física ou a saúde da pessoa. No caso em questão, quem sofreu a grave ameaça foi o amigo e a diminuição patrimonial fui eu.
Ficha técnica - Tipo subjetivo: é o dolo consistente na vontade livre e consciente de matar alguém (animus necandi ou animus occidendi).
Perquirir sempre qual a intenção do agente, o que ele queria. Qual a intenção do agente?
Crime preter doloso: dolo no antecedente e culpa no consequente. Por exemplo, a lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º)
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Dolo:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual);(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Classificação de dolo:
Direto – o agente quis o resultado. O agente quer produzir um resultado certo.
Indireto: quando o agente não quer um resultado certo. 
Subdivide-se em:
Eventual: o agente não quer produzir o resultado, mas com seu comportamento anterior assumiu o risco de produzi-lo.
Alternativo: o agente quer um ou outro resultado, por exemplo, matar ou machucar.
Natural
Normativo 
De dano
De perigo
Genérico
Específico
Geral
09/08/2012
Norma penal incriminadora: define uma infração penal e determina uma pena.
Norma penal permissiva: prevê a licitude ou impunidade de determinadas condutas que num primeiro momento são consideradas criminosas.
Exemplo: Art. 128, CP – Aborto legal
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Aborto: eliminação de vida intra-uterina. Classificação:
Espontâneo – ocorre naturalmente;
Acidental – ocorre por causa de um trauma, choque, acidente;
Auto-aborto;
Criminoso – Artigos 124 ao 127, CP;
Praticado por 3º - com ou sem consentimento da gestante;
Aborto qualificado;
Aborto legal.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Norma penal explicativa ou complementar: são normas que esclarecem o significado de outra norma ou delimitam o âmbito de sua atuação.
Exemplo: Art. 327, CP – quem é funcionário público para efeitos penais. 
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
No crime de homicídio o sujeito passivo é qualquer pessoa, mas se o Presidente, o Pres. Senado, o Pres. Câmara ou o Pres. do STF, é assassinado o crime é contra segurança nacional, não se enquadra no Art. 121, CP (e sim no art. 29 da Lei n 7.170/83).
Observações:
Homicídio – morte de um ser humano provocado por outro, independente do sexo do autor ou da vítima. 
Genocídio – geno = raça, nação ou tribo. Genocídio é extermínio de raça, nação ou tribo.
Infanticídio – morte do recém nascido ou nascente provocada pela própria mãe por ocasião do parto sob a influência do estado puerperal (art. 123, CP).
Caso 1: Antônio e Bruno querem conjuntamente matar Carlos. Se o homicídio resulta do acordo de vontades, tem-se que ambos são co-autores deste crime.
Caso 2: Antônio e Bruno querem matar Carlos, só que neste caso, um não sabe da intenção do outro. Cada um quer praticar o crime de per si.
	Situação de autoria incerta – ou Antônio ou Bruno matou Carlos com arma de fogo (ambos usavam arma de esmo calibre). Um matou e o outro tentou. Não se consegue determinar quem matou. A autoria incerta que é espécie do gênero autoria colateral. Não se precisa com exatidão a autoria delitiva. Restringe-se, neste caso, o universo de possibilidade a Antônio ou Carlos.
Duas interpretações possíveis:	
Antônio e Bruno queriam matar Carlos e atiraram. Antônio e Bruno devem responder por homicídio doloso qualificado por emboscada, porque o autor ficou escondido impossibilitando a defesa da vítima.
Princípio constitucional da presunção de inocência. O Estado tem que provar a culpa do agente e não este provar sua inocência. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Logo, pela aplicação do princípio interpretativo in dúbio pro reo, no caso de mais de uma possibilidade de interpretação possível, deve-se fazer a interpretação que mais favoreça o réu e neste caso, o Estado prefere ser benevolente com quem matou, do que injusto com quem não matou. Assim, ambos respondem por tentativa de homicídio qualificado mediante emboscada, por se tratar de hipótese de autoria incerta. Entendimento MAJORITÁRIO!Ficha técnica - Tipo subjetivo: Dolo, consistente na vontade livre e consciente de matar alguém (animus neccandi ou animus occidendi). A intenção é de matar.
Casos:
Matar alguém com uso de veneno: homicídio doloso consumado qualificado mediante veneno.
Quer matar alguém envenenado, mas este não morre por circunstância alheia à vontade do agente: tentativa de homicídio qualificado mediante veneno.
Coloca veneno em quantidade tal para causar apenas ofensa à saúde de alguém, o que de fato vem a acontecer: lesão corporal dolosa consumada.
Coloca veneno em quantidade tal para causar apenas ofensa à saúde de alguém, o que de fato não ocorre por circunstância alheia à vontade do agente: tentativa de lesão corporal.
Sujeito desfere um soco no rosto de outro que cai numa pedra, atinge uma pedra e morre de traumatismo craniano. Crime preter doloso – Art. 129, § 3º.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Lesão corporal seguida de morte: dolo no antecedente e culpa no subsequente. O resultado morte não foi querido pelo agente, ocorreu de um desdobramento natural de sua conduta inicial. Se o soco não fosse dado, o sujeito não teria morrido do jeito que morreu.
Caso: Rapazes que atearam fogo num mendigo (Brasília), que veio a falecer em virtude das queimaduras. Rapazes alegaram que não queriam matar o mendigo, apenas vê-lo machucado e pulando de dor. A princípio o fato foi enquadrado como lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), teria havido aí um crime preter doloso. Este posicionamento foi modificado, e o enquadramento foi mudado para homicídio doloso triplamente qualificado (emprego de fogo, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima) por causa do dolo eventual.
Dolo direto e dolo indireto eventual:
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1ª parte: “...o agente quis o resultado...” – dolo direto. Quis produzir um resultado certo, determinado.
2ª parte: “... ou assumiu o risco de produzi-lo;” – dolo indireto eventual. O agente não quer produzir o resultado, mas com seu comportamento anterior ele assume o risco de produzi-lo.
O crime de homicídio admite a forma culposa: Art. 121, §3º - homicídio culposo.
Crime doloso = regra geral.
Crime culposo = exceção (Art. 18, § único).
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.  Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Analisando o parágrafo único, art. 18:
Regra geral: Ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Exceção: Salvo os casos expressos em lei – que é o crime culposo, aquele que o agente não quis produzir o resultado, mas acaba por produzi-lo por conta de sua imprudência, negligência ou imperícia. Excepcionalidade do crime culposo!
Homicídio e lesão corporal têm previsão da forma culposa.
OBS: Classificação para culpa: consciente, inconsciente, própria e imprópria.
Exemplo: Crime de dano, Art. 163, CP
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
	Forma dolosa - com intenção. Não existe modalidade culposa para crime de dano – reparação apenas na esfera civil para a pessoa que sofreu o prejuízo patrimonial. Há o dano, mas não há o crime de dano.
Crime tentado - Diferenciar tentativa de homicídio de lesão corporal.
Art. 14 - Diz-se o crime: 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.  
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Diferenciar tentativa de homicídio com lesão corporal dolosa consumada é difícil na prática. Dicas: 
Instrumento do crime indica a intenção do agente (o uso de uma metralhadora para cometer um crime implicaria em tentativa de homicídio e não lesão corporal, a metralhadora indica que a intenção é de matar).
Local do corpo da vítima onde ela foi atingida. Se a vítima foi atingida no pé ou na cabeça. Na cabeça a intenção, muito provavelmente, é de matar. Muito provável, não há certeza, porque pode ser o caso de nervoso do agente ou pontaria ruim.
Quantidade de golpes deferidos na vítima.
Classificação da Tentativa:
Perfeita ou acabada – o agente esgota os atos de execução, mas o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade;
Imperfeita ou inacabada – o agente apenas inicia os atos de execução, o crime também não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade;
Inadequada ou inidônea – é o crime impossível, que não se consuma por absoluta impropriedade do objeto ou ineficácia absoluta do meio;
Abandonada ou qualificada – hipóteses de desistência voluntária e arrependimento eficaz, previstas no art. 15, CP.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Desistência voluntária – Exemplo: sujeito atira em alguém querendo matar, mas dá apenas um disparo, desiste voluntariamente de prosseguir na execução, impedindo que o resultado morte se consume. Neste caso, nada impedia o agente de prosseguir atirando. Pela desistência voluntária o agente só responde pelos atos até então praticados. Curiosamente, aqui não se responde por tentativa de homicídio, só por lesão corporal se a vítima for atingida.
 Tentativa – é quando se quer produzir o resultado, que não se consuma por circunstância alheia à vontade do agente. Pode ser:
Branca – golpe não atinge ao corpo da vítima.
Cruenta - golpe atinge ao corpo da vítima.
No caso, o agente, em dado momento, não quis mais atingir o resultado.
Quando o golpe atinge o corpo da vítima tem-se a tentativa cruenta, caso o golpe não atinja a vítima tem-se a tentativa branca.
Arrependimento eficaz - Exemplo: O sujeito dá veneno a uma pessoa para matá-la e se arrepende. Com o arrependimento decide dar antídoto para a vítima e esta consegue sobreviver. O agente só responde pelos atos praticados. Se houve algum dano à saúde da vítima responde por lesão corporal.
No arrependimento eficaz o agente esgota os atos de execução, pratica uma nova ação que impede que o resultado se consume.
Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz o agente só responde pelos atos praticados.
A doutrina, equivocadamente, batizou os institutos do arrependimento eficaz e da desistência voluntária com a nomenclatura tentativa abandonada ou qualificada. A rigor, o agente não responde por tentativa e sim por lesão corporal, no caso em questão. O direito penal brasileiro chama estes institutos de “ponte de ouro”, pois é uma chance que a letra da lei dá à pessoa que tem condições de efetuar um crime de evitá-lo.
Se alguém pede para o agente não atirar, não há espontaneidade, mas ainda assim há voluntariedade. Para que haja desistência voluntária e arrependimento eficaz não é necessário que haja espontaneidade, basta que haja apenas voluntariedade. Ainda que por provocação de alguém, ainda que não tenha sido espontâneo, continua sendo voluntário, pois só depende da vontade do agente.
Quanto mais próximo de se consumar um crime, menor será a redução para tentativa. Quanto mais distante de se consumar um crime, maior será a redução para tentativa. Por exemplo:tiro que atinge e tiro que não atinge a vítima. No primeiro caso a redução para a tentativa será menor.
Art. 14, parágrafo único:
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Ficha Técnica - Momento consumativo: quando cessa a atividade encefálica da pessoa. 
O Art. 3º lei 9434/97 (lei de transplantes de órgãos) – morte cerebral, pessoa considerada clinicamente morta quando cessa a atividade encefálica.
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
Ficha Técnica - Ação Penal: ação penal pública incondicionada (APPI).
Teoria da prevalência dos interesses (público ou privado) – quando prevalecer o interesse coletivo em detrimento do interesse particular, tem-se o direito público. Na prevalência do direito particular tem-se o direito privado.
 Classificação das ações penais:
Ação Penal Pública Incondicionada – Art. 100, CP. (Regra geral)
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
Ação Penal Pública Condicionada à representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça.
Ação Penal Privada – Exclusivamente privada, subsidiária da pública ou personalíssima. Se procede mediante queixa.
Causas de aumento/diminuição de pena para o homicídio
Art. 121, § 1º - Diminuição da pena
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
BRASIL: critério trifásico de aplicação da pena.
Circunstâncias judiciais (art. 59) 
Circunstâncias atenuantes (Arts. 65 e 66) / agravantes (Arts. 61 e 62) 
Causas de aumento/diminuição (parte geral e especial do CP)
Nomenclatura que não existe, mas é pacífica na doutrina: homicídio privilegiado.
Art. 121, § 1º - Homicídio privilegiado, pois concede um privilégio ao autor do crime de homicídio de ter a pena reduzida de 1/6 a 1/3 na forma da lei, mas para isto tem que preencher alguns requisitos:
Praticar o crime impelido por motivo de relevante valor social – aprovado pela moralidade média, pela sociedade. Exemplo: matar traidor da pátria – Tiradentes.
Praticar o crime impelido por motivo de relevante valor moral – motivo de for íntimo, por exemplo, eutanásia, também chamado homicídio piedoso.
Praticar o crime sob o domínio de violência emoção, logo em seguida injusta provocação da vítima. Art. 28, CP.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Emoção é o sentimento passageiro de instabilidade psíquica. Por mais emocionada que esteja, a emoção não retira a consciência da pessoa, a consciência pela prática de seus de seus atos. O agente vai responder pelo crime, ainda que sob o domínio de violenta emoção. O agente responde pelo crime de homicídio só que ele será privilegiado por ter agido sob o domínio de violenta emoção desde que após injusta provocação da vítima.	
Sob o domínio de violenta emoção é diferente de agir sob influência de violenta emoção:
Homicídio sob o domínio de violenta emoção é crime privilegiado, é causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3.
Homicídio sob a influência de violenta emoção é causa de circunstância atenuante prevista no Art. 65, III, c, CP. Menor redução na pena.
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Circunstância atenuante: a redução da pena é menor. Influência de violenta emoção.
Causa de diminuição de pena: a redução da pena é maior. Domínio de violenta emoção.
Observar que o agente está sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o quer dizer imediatamente após a esta injusta provocação por parte da vítima. Provocação e não agressão. Para repelir agressão age-se em legítima defesa que é uma causa excludente de ilicitude. (Art. 23, CP)
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade;  
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Os crimes doloso contra a vida são julgados pelo júri popular. Tem que haver o reconhecimento dos requisitos pelos jurados integrantes do conselho de sentença para a causa de diminuição da pena.
Art. 121
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Analisando a redação do artigo: o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. O “pode” está relacionado ao quantum de redução da pena e não ao poder (faculdade) de reduzir ou não a pena, pois esta é uma decisão dos jurados. Ao juiz compete apenas calcular a pena definida pelo tribunal do júri. O juiz deve reduzir a pena e pode reduzi-la de 1/6 a 1/3.
Se a vítima falou algo sem querer provocar ou ofender, mas o agente se sentiu provocado e por conta disso cometeu o homicídio, ainda assim, há de se reconhecer o homicídio privilegiado do §1º do artigo 121.
O art. 121, §1º (homicídio priviligiado) contém apenas circunstâncias de caráter subjetivo:
Motivo de relevante valor social;
Motivo de relevante valor moral;
Sob o domínio de violenta emoção.
O art. 121, §2º trata do homicídio qualificado. A lei, no crime qualificado, define uma nova pena mínima e uma nova pena máxima abstratamente para o delito.
Homicídio simples – pena: reclusão de 6 a 20 anos.
Homicídio qualificado – pena: reclusão de 12 a 30 anos.
Se o crime é qualificado a pena é mais grave que a pena do delito em sua forma simplificada.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
I, II e V – circunstâncias de caráter subjetivo.
III e IV – circunstancias de caráter objetivo.
I e II – homicídio qualificado quanto aos motivos.
III – homicídio qualificado quanto aos meios.
IV – homicídio qualificado quanto ao modo.
V – homicídio qualificado quanto à conexão. Conexão: relação, ligação, liame. Crimes conexos são crimes ligados entre si.
Homicídio qualificado (quanto aos motivos):
§ 2°. Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
A paga é o pagamento em dinheiro ou em qualquer vantagem econômica, pecuniária. Pressupõe existência de um mandante e de um executor material do crime (que será o pistoleiro, por exemplo). Este homicídio, segundo a doutrina majoritária, será qualificado para os dois por causa da regra das circunstânciascomunicante prevista no Art. 30, CP:
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.  
Um segundo argumento se impõe, qual seja a aplicação a regra da Teoria Monista ou Unitária, por esta teoria, quem de qualquer modo concorre para a prática do crime incide nas penas a este cominadas na medida de sua culpabilidade. Portanto, o homicídio qualificado mediante paga ou promessa de recompensa servirá tanto para o mandante como também para o executor material do crime, por exemplo, um pistoleiro que vai matar alguém.
Mediante paga o pagamento é feito antes de cometido o homicídio, na promessa de recompensa, primeiro o sujeito comete o crime para depois receber o dinheiro ou qualquer vantagem econômica. Pode acontecer do pistoleiro nunca receber a recompensa e ainda assim haverá o homicídio qualificado por promessa de recompensa. Se o pagamento for dividido uma parte para antes e outra parte para depois do crime executado também haverá o homicídio qualificado.
Motivo torpe é aquele que causa repugnância, é motivo abjeto. O homicídio perante paga ou promessa de recompensa é motivo torpe.
Matar por inveja é motivo torpe, por ciúme não. Para conseguir o cargo de uma pessoa numa empresa.
Motivo torpe é diferente de motivo fútil. Motivo fútil é o motivo insignificante, desprezível, que não encontra proporção. Ex: matou por que o sujeito pisou no pé dele.
Matar sem motivo não é motivo fútil, nem torpe, é homicídio simples (Art. 121, CP).
Questão: Seria possível o crime de homicídio ser ao mesmo tempo privilegiado e qualificado?
Resposta: Sim. Na hipótese de combinar as circunstâncias de caráter subjetivo do homicídio privilegiado (impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima) com circunstâncias de caráter objetivo do homicídio qualificado (incisos III e IV do § 2º). No Art. 121, § 1º, homicídio privilegiado, só existe circunstâncias de caráter subjetivo. No homicídio qualificado, temos circunstâncias de caráter subjetivo (I, II e V) como também circunstâncias de caráter objetivo (III e IV). 
Exemplo 1: Estupraram a filha de Sr. João que contratou um pistoleiro para matar o estuprador. O pistoleiro cometeu esse crime de homicídio qualificado mediante paga ou promessa de recompensa. É possível que Sr. João estivesse impelido por um motivo de relevante valor moral, afinal estupraram sua filha. Os jurados reconheceram este motivo de relevante valor moral. Para Sr. João seria possível o reconhecimento da qualificadora de ele ter agido mediante paga? Não, porque o motivo de relevante valor moral é uma circunstância de caráter subjetivo do homicídio privilegiado (Art. 121, §1º), que se choca com a paga ou promessa de recompensa que também é motivo e, portanto, é circunstância de caráter subjetivo também. Como os jurados do conselho de sentença apreciam em primeiro lugar as hipóteses do homicídio privilegiado, neste caso, este pai não vai responder pela qualificadora da paga ou promessa de recompensa, pois os jurados já entenderam que ele foi impelido por motivo de relevante valor moral. E, como não pode haver homicídio privilegiado e qualificado ao combinar as circunstâncias de caráter subjetivo do homicídio privilegiado com circunstâncias de caráter subjetivo do homicídio qualificado então para ele não haverá homicídio privilegiado e qualificado neste caso.
Exemplo 2: Irmão está internado na UTI há muito tempo em estado crítico, cheio de escaras de decúbito, sofrendo muito. Sem ver melhora no estado crítico o sujeito coloca veneno na sonda que alimenta seu irmão para que ele morra e não sofra mais, o que acontece. O agente é impelido por motivo de relevante valor moral do homicídio privilegiado e isso é uma circunstância de caráter subjetivo. Esta pessoa vai responder também por homicídio qualificado mediante veneno do inciso III, § 2º? Vai ocorrer neste caso um homicídio privilegiado e qualificado ao mesmo tempo? Sim, porque serão combinadas as circunstâncias de caráter subjetivo do §1º com as circunstâncias de caráter objetivo do § 2º, aí neste caso é possível haver um homicídio que seja privilegiado e qualificado simultaneamente.
Neste caso, de homicídio privilegiado e qualificado ao mesmo tempo, ele é hediondo? Diverge a doutrina. Primeira corrente: não é hediondo porque não está previsto no Art. 1º da Lei 8072/90, que teria um rol taxativo de crimes hediondos. Segunda corrente: porque apesar de alguma forma ser privilegiado ele é qualificado também, e assim será hediondo, pois está previsto no Art. 1º da Lei 8072/90 que o crime de homicídio qualificado é hediondo.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); 
 II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);   
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); 
 VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). 
 VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).  
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. 
Homicídio (art. 121) quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente é um crime hediondo assim como o homicídio qualificado. Ex: caso do atirador no cinema dos EUA na estréia do filme Batman. A forma pela qual se comete o crime de homicídio é como se fosse atividade típica de grupo de extermínio. Introduzido pela lei 8930/94.
Há quem entenda que é hediondo e quem entenda não ser hediondo. Parte da doutrina considera que quando se estiver confrontando as circunstâncias preponderantes, que devem ser aquelas de caráter subjetivo (que estão no homicídio privilegiado), então o homicídio privilegiado seria mais forte que o homicídio qualificado e neste caso não seria considerado crime hediondo. Mas para outra parte da doutrina não se trata de confrontar circunstâncias preponderantes, porque no §1º tem-se tecnicamente uma causa de diminuição de pena e no §2º uma qualificadora, para esta corrente este crime seria hediondo, pois não se está comparando circunstâncias iguais, a comparação é entre causa de diminuição com uma figura qualificada. Este é o entendimento prevalente na doutrina.
Homicídio qualificado (quanto aos meios)
§2º. Se o homicídio é cometido:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Venefício – homicídio qualificado mediante veneno.
Exemplo 1: Sujeito coloca veneno no suco de alguém, que sem perceber bebe o suco e morre envenenado. Homicídio qualificado mediante veneno.
Exemplo 2: Sujeito coloca veneno no suco de alguém a fim de matar a pessoa, mas esta percebe e se recusa a beber o suco. O agente, por uso de força, a obriga a tomar o suco. A pessoa toma e morre. Aqui não é homicídio qualificado mediante veneno e sim homicídio qualificado pelo meio cruel. A forma como fez para consumar o crime foi por meio cruel.
Fogo – Matar ateando fogo é homicídio qualificado.
Explosivo – Uso de explosivo para matar alguém.
Asfixia é o impedimento de função respiratória de alguém.Pode ser mecânica ou tóxica. Tipos de asfixia: esganadura (asfixia mecânica por esganadura usando mãos ou pés); asfixia mecânica por estrangulamento (com uma corda, arame, fios, por ex.); asfixia mecânica por enforcamento (vítima morre em decorrência do próprio peso do corpo); afogamento; soterramento (enterra a vítima em meio sólido); sufocação (impedimento de função respiratória pela via oral e pela via nasal); emprensamento (peso na região do diafragma que impede a respiração); asfixia tóxica pelo uso de gás tóxico asfixiante; confinamento (lugar onde não há renovação de oxigênio, colocar a pessoa viva num caixão e enterrá-la).
Tortura – Lei 9455/97, Art. 1º, §3:
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
No CP, o homicídio qualificado mediante tortura tem pena de 12 a 30 anos. 
Existe diferença entre homicídio qualificado mediante tortura e tortura com resultado morte. No primeiro a pena é mais grave porque o que se quer é matar e a forma é torturando. O dolo é de matar torturando. Na tortura com o resultado morte o que se quer é torturar, não se deseja matar a pessoa. O resultado morte advém a título de culpa e como desdobramento natural da conduta antecedente do agente. Dolo no antecedente e culpa no conseqüente, crime preter doloso, dolo na tortura e culpa no resultado morte.
Diferença sutil entre crime preter doloso e dolo eventual. A diferença consiste em ver a intenção do agente. Intenção do agente é apenas de torturar, mas ao exagerar na tortura e como desdobramento natural de sua conduta a pessoa morre. O resultado não era desejado e o agente também não assumiu o risco de produzi-lo.
Na prática, é difícil provar se é homicídio doloso ou culposo (investigação, provas, perícias).
Ver inciso: tortura é também meio cruel. 
Meio insidioso – insídia é a sabotagem. Danificar freios do carro de alguém.
Meio cruel – apedrejamento, pisoteamento.
Ou de que possa resultar perigo comum – provocar um desabamento que poderia vitimar outras pessoas além da pessoa que o agente quer matar. Exposição ao perigo de numero indeterminado de pessoas.
AULA 3 – 02/08/2012
Homicídio qualificado (quanto ao modo)
§2º. Se o homicídio é cometido:
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Traição: quebra de confiança. Você confia na pessoa e não imagina que ela vai te matar. Alguns autores entendem que o tiro pelas costas se trata de homicídio qualificado mediante traição. Observação: para haver a traição é preciso a quebra de confiança. A vítima conhece a pessoa e não imagina que ela pode matá-la, mas se é alguém que a vítima não conhece, não há quebra de confiança e, portanto, trata-se de homicídio simples. 
Emboscada: é a tocaia. Sujeito fica escondido para matar a pessoa, o que dificulta a defesa da vítima.
Dissimulação: é o disfarce usado para minimizar a esfera de proteção da vítima. Por exemplo: bandido se disfarça de agente sanitário, para ter acesso à residência da vítima para cometer o homicídio.
Outro recurso que dificulte ou impossibilite a defesa da vítima. A surpresa é um meio que dificulta ou torna impossível a defesa da vítima. Exemplo: professor em sala de aula saca um revólver e mata um aluno. Exemplo 2: superioridade numérica, um contra oito.
Homicídio qualificado (mediante conexão)
§2º
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Conexão é como existe um nexo, uma relação, uma ligação entre os crimes.
Em processo penal - conexão: intersubjetiva por simultaneidade, por reciprocidade e por concurso. Existe conexão objetiva teleológica e objetiva conseqüencial.
Aqui em Penal III - Conexão objetiva: teleológica e consequencial.
Conexão objetiva teleológica: garantir a execução de outro crime, por exemplo, o agente primeiro comete o crime de homicídio para depois cometer o crime que quer cometer. O sujeito quer estuprar a mulher e primeiro mata o marido para depois estuprar a mulher. Existe um nexo entre os crimes de homicídio e estupro, só praticou o crime de homicídio porque ele estava acompanhando a mulher. O crime de homicídio é cometido para garantir a execução do estupro.
CRIME QUALQUER
HOMICÍDIO
Necessário para garantir a execução do segundo crime.
Conexão objetiva consequencial: primeiro comete um crime qualquer e só depois comete o crime de homicídio. Três casos: 
Ocultação;
Impunidade;
Vantagem.
Garant
ir
 a ocultação do 
crime antecedente. Objetivo: não ser descoberto.
HOMICÍDIO
CRIME ANTECEDENTE
Garantir a 
impunidade.
Queima de arquivo.
Garantir a 
vantagem no crime antecedente.
Modalidade ocultação
Conexão objetiva consequencial onde o crime de homicídio para garantir a ocultação. Antônio e Bruno são bancários e trabalham juntos. Antônio está na iminência de descobrir que Bruno está subtraindo dinheiro do banco. Bruno percebe e mata Antônio para que seu crime não seja descoberto. Relação entre os crimes de furto e de homicídio. O delito antecedente é o crime de furto e para manter este crime oculto foi realizado um homicídio.
Modalidade impunidade
É a queima de arquivo. No exemplo acima, tendo-se que Antônio já descobriu o crime de Bruno, que precisa matá-lo como queima de arquivo para garantir a sua impunidade.
Modalidade vantagem
Conexão objetiva consequencial onde o crime de homicídio para garantir a vantagem de outro. Antônio e Bruno assaltam um banco juntos. No momento da divisão do produto do crime Antônio decide matar Bruno para ficar com todo o dinheiro. O homicídio qualificado mediante conexão objetiva conseqüencial onde o crime de homicídio foi cometido para garantir a vantagem no crime roubo.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Crime culposo é aquele em que o agente dá causa ao resultado por negligência, imprudência ou imperícia. O agente não quer o resultado, mas este ocorre por desdobramento de sua conduta. Modalidades de culpa: 
Imprudência: é agir desmedidamente, sem observar as cautelas necessárias. Na imprudência significa dizer que houve um atuar positivo. Exemplo: dirigir acima da velocidade máxima permitida em uma via pública. A cautela recomendaria que se dirigisse dentro da velocidade máxima permitida, se a pessoa causa um acidente com resultado morte, vai responder por crime culposo.
Negligência: significa dizes que houve um atuar negativo, um deixar de agir de acordo com o que a cautela recomendaria. Inobservância de um dever de cuidado objetivo necessário. Um não fazer. Exemplo: médico não observa a esterilização dos instrumentos cirúrgicos, o paciente contrai tétano e morre.
Imperícia: inaptidão para o exercício de arte, ofício ou profissão. O sujeito não tem habilitação técnica, não tem aptidão para exercer aquela arte, ofício ou profissão e vai exercê-la sem ter condições para tal. 
Culpa: própria, imprópria, consciente e inconsciente.
Concorrência de culpas: Antônio e Bruno, operários da construção civil, decidem jogar do alto de um prédio um saco de cimento, com preguiça de carregar este saco para baixo. O saco cai em uma pessoa que morre. Aqui houve uma concorrência de culpas, Antônio e Bruno concorreram culposamente para a ocorrência do resultado morte da pessoa. 
Compensação de culpas: não existe no direito penal. A culpa de uma pessoa não exclui a culpa da outra. Se as duas concorrem para a ocorrência do resultado elas vão responder pelo evento. Exemplo: Antônio dirigindo acima da velocidade máxima permitida na via. Bruno é pedestre e está atravessando a pista com sinal aberto para os carros e sem prestar atenção. Antônio atropela Bruno que morre. Neste caso há concorrência de culpas, mas as culpas não se compensam e o condutor do veiculo vai responder por homicídio culposo por conta de sua imprudência. 
Em outra situação, se o motorista estivesse dirigindode acordo com todas as normas de trânsito, com toda cautela necessária, não haveria culpa a ser atribuída ao motorista. Havendo culpa exclusiva da vítima, o condutor não responde por homicídio culposo.
Causas de aumento de pena do crime de homicídio
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) em circunstâncias específicas.
Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou seja, se o sujeito ativo age com negligência. O médico habilitado que tem que observar a esterilização dos instrumentos cirúrgicos e não o faz, provocando a morte de um paciente que contraiu o tétano por esta falta de cuidado. Inobservância de um dever de cuidado necessário no exercício de profissão, arte ou ofício.
Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. O causador material do fato é aquele que deu causa a uma situação de risco de vida para a vítima, que precisa de ajuda, mas, no entanto, esta pessoa não presta socorro e foge. Se a vítima vier a falecer, o agente responde por homicídio culposo com a pena aumentada de 1/3 em razão da não prestação de socorro. 
OBS: Crime de omissão de socorro – a ser visto adiante no curso.
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
O causador material da situação de perigo tem a obrigação moral e legal de prestar o socorro à vítima. Se a prestação de socorro for impossível, o agente não poderá ser responsabilizado, consequentemente não há que se falar em pena aumentada de 1/3. 
Se a prestação de socorro põe em risco a vítima do agente (pessoas vêm linchar quem deu causa a um acidente) ele também não pode ser responsabilizado. 
Ou ainda se alguém presta socorro à vítima o agente também não tem mais o dever de prestar o socorro. A prestação de socorro por qualquer outra pessoa exclui a responsabilidade do agente na prestação do socorro.
Se num acidente, a pessoa perceber que a vítima se encontra em uma situação muito grave que inspira cuidados especiais e não pode ser removida, deve-se fazer o isolamento do local, prestar os primeiros socorros e ligar para a autoridade competente comunicando o acidente para que não se caracterize o crime de omissão de socorro. 
Se o agente não procura diminuir as conseqüências do seu ato: por questão de humanidade e por respaldo legal, aquele que foi o causador da situação de perigo tem a obrigação de minimizar as conseqüências de seu ato. Caso tenha atropelado alguém que não tem condições de arcar com os medicamentos, o causador ajudar esta vítima a fim de minimizar as conseqüências de seu ato. Se pode e não o faz, sua pena pode ser aumentada em 1/3.
Agente foge para evitar prisão em flagrante. 
Prisão tem duas espécies:
Prisão pena - que decorre de sentença penal condenatória transitada em julgado.
Prisão sem pena – hipótese de prisão provisória ou prisão cautelar, que alcança as seguintes hipóteses:
Prisão em flagrante
Prisão preventiva
Prisão temporária
Prisão decorrente de sentença de pronúncia
Prisão decorrente de sentença penal condenatória recorrível
Para Penal III: prisão em flagrante.
CPP
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
O agente é perseguido e capturado. No exemplo em sala de aula, a perseguição durou quatro dias. A perseguição foi contínua e ininterrupta, então cabe e prisão em flagrante delito qualquer que seja a duração desta perseguição. O prazo de 24h não existe, este prazo é para concessão da nota de culpa uma vez lavrado o flagrante. Para prender em flagrante não existe prazo se a perseguição é ininterrupta, contínua. Pode não haver prisão em flagrante dentro do prazo de 24h e pode haver prisão em flagrante fora do prazo de 24h. Tem que se prender aos incisos do Art. 302 do CPP.
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Sujeito é encontrado com uma arma perto de um cadáver que morreu por disparo de arma de fogo. O calibre da arma que matou a vítima é do mesmo calibre da arma encontrada com o suspeito, que tinha resquício de pólvora na mão e camisa suja de sangue. Presume-se ser este o autor do homicídio, cabe prisão em flagrante
Voltando ao Artigo 121, § 4º
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), 
- se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, 0
- ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
- não procura diminuir as conseqüências do seu ato, 
- ou foge para evitar prisão em flagrante. 
- Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
OBS: Crime de fuga de local de acidente de trânsito – Código de Trânsito Brasileiro (Art. 305, Lei 9503).
  Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Se a pessoa causa um acidente de trânsito, deverá permanecer no local. A fuga do local do acidente já é um crime. Este preceito primário é inconstitucional, pois não se pode exigir que uma pessoa que acabou de cometer um crime permaneça no local do crime. Alguém que um crime, é natural do ser humano que ele queira ficar manter sua liberdade. Se homicídio culposo a pena é de 1 a 3 anos aumentada de 1/3 se fugiu para evitar prisão em flagrante.
Até então no §4º falava-se em homicídio culposo qualificado, hipóteses em que justificou o aumento da pena em 1/3 por conta das situações previstas no dispositivo. A partir daqui fala-se em crime doloso, esta parte não existia na redação original deste parágrafo, isso foi introduzido em 1990: sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
Mandou mal o legislador ao misturar homicídio doloso com homicídio culposo, contrariando a técnica legislativa.
Se vítima de é menor de 14 anos. Segundo o ECA, Lei 8069/90:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
O CP estabeleceu a idade de 14 anos, idade em que o ECA já considera a vítima. Observação: considera-se praticado o crime no momento da ação. Deste modo, se a vítima, que no momento do crime é menor de 14 anos, vem a falecer em virtude da ação delituosa depois de completados os 14 anos, ainda assim a pena é aumentada de 1/3. O que interessa é o momento da ação.
Vítima maior de sessenta anos, última parte do dispositivo que trata do aumento de pena para o homicídio doloso. Se a vítima morre prestes a completar 60 anos, ou seja, com 59 anos e alguns meses, a pena para o autor do crime não é aumentada. Incluída estaparte por conta do Estatuto do Idoso.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Em Penal II foram estudadas as causas extintivas da punibilidade, artigo 107,CP.
Extinção da punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Perdão judicial: perdão dado pelo juiz. Não precisa de aceitação. Tem que haver previsão legal expressa, como no §5º, do artigo 121, hipótese específica do homicídio culposo.
Perdão judicial, exemplos: homicídio culposo, lesão corporal culposa, registrar como seu filho de outra pessoa.
Perdão do ofendido: quem concede é a vítima do crime de Ação Penal Privada. É ato bilateral, a vítima perdoa e o ofendido tem que aceitar o perdão.
Pai responsável por acidente de carro no qual morrem seus filhos e sua esposa. Pai teve culpa no acidente devido à sua imprudência, por isso responde por processo de homicídio culposo. O juiz decide pelo perdão judicial, neste caso extingue a punibilidade porque as consequências da infração penal atingiram o agente de tal forma que a aplicação da pena é desnecessária. Não há pena maior que a perda dos seus familiares. Se fosse só namorada não caberia o perdão judicial, por não ser algo sólido, pode até suscitar a concessão do perdão judicial, mas não necessariamente vai obter.
SUICÍDIO
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Objeto jurídico: proteção da vida.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa determinada que tenha discernimento e consciência dos seus atos.
Tipo subjetivo: é o dolo consistente na vontade livre de induzir, instigar ou auxiliar alguém à prática de suicídio.
OBS: o crime não admite a forma culposa.
Tentativa: inadmissível por se tratar de crime unissubsistente* (maioria da doutrina).
* Crime unissubsistente é aquele realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta.
Momento consumativo: ocorre com a lesão corporal de natureza grave ou com a morte da vítima.
Ação penal: APPI.
Se alguém resolve praticar o suicídio, não existe crime. Com a morte acaba tudo, a pessoa não será punida pelo Estado. Se a pessoa sobrevive, no Brasil, esta conduta não será punida. Em alguns países orientais a pessoa que tentou se matar e não consegue é condenada ao fuzilamento.
No Brasil, entende-se que o recomendável para esta pessoa não é pena, é tratamento psiquiátrico. A pessoa tem problemas e precisa de acompanhamento psicológico. A pena poderia ser um reforço à ideia de cometer o suicídio.
São três as possibilidades do cometimento do crime do art. 122: induzimento, instigação e auxílio ao suicídio.
Participação em suicídio:
Participação moral em suicídio
Induzimento: fazer nascer a ideia de praticar o suicídio na cabeça da pessoa.
Instigação: reforço de uma ideia já existente. A pessoa já tem a ideia de cometer o suicídio.
Participação material em suicídio
Auxílio: sujeito fornece o instrumento que o suicida vai usar para se matar. O suicida tem que usar o instrumento que foi fornecido. Se o suicida resolve usar outro instrumento para se matar não há auxílio. Deve-se observar, no caso concreto, se a pessoa que forneceu o instrumento de alguma forma fez nascer ou reforçou a ideia do suicida, deste modo responderia também pela participação moral em suicídio na modalidade induzimento ou instigação.
Exemplo: Uma pessoa tenta se matar, alguém impede o suicídio causando-lhe uma lesão corporal. Este que causou a lesão não responderá pelo crime de lesão corporal, pois não havia o dolo de agredir a pessoa que tentava se matar. A intenção era de impedir a prática de suicídio. Não existe responsabilização por crime algum. 
De um lado um bem jurídico que é a proteção da vida e de outro lado o bem jurídico da liberdade individual, a liberdade que a pessoa tem de fazer o que quiser. Só que quando se pesa os dois bens jurídicos, tem-se a vida como mais importante. Então, pode-se sacrificar um bem jurídico menos importante para proteger o mais importante que é a vida.
Não confundir tentativa de suicídio e tentativa de participação em suicídio. A tentativa de suicídio existe, mas o delito de participação em suicídio não admite tentativa.
Induzimento e instigação – participação moral em suicídio.
Auxílio – participação material em suicídio.
Suicídio é a supressão voluntária e consciente da própria vida.
Voluntária: se alguém ameaça a pessoa e a obriga a praticar o suicídio, ou se pessoa não deseja ser torturada até a morte e comete o suicídio, não há voluntariedade. Não há supressão voluntária.
Para que ocorra o suicídio a primeira coisa a se observar é se houve supressão realmente voluntária da própria vida. Quando ocorre o emprego de violência física sobre a pessoa, grave ameaça ou fraude não existe supressão voluntária, logo não há que se falar em suicídio. 
O sujeito passivo no suicídio é qualquer pessoa determinada que tenha discernimento e consciência dos seus atos. Se alguém induz ao suicídio uma pessoa sem discernimento e consciência de seus atos, como uma criança, por exemplo, está cometendo um homicídio.
Um adulto fala para uma criança de três anos que ela pode se jogar da janela porque ela é o Super Homem. Se a criança se joga e morre esta pessoa cometeu homicídio. 
Se a pessoa induz, instiga ou auxilia o suicídio de alguém que é louco de todo gênero ou inimputável em menor idade (garoto de três anos) responde por homicídio, pois não houve o suicídio que é a supressão voluntária e consciente da própria vida.
Outro aspecto a considerar: livros, músicas ou outra obra que pudesse induzir ou instigar ao suicídio. O sujeito lê um livro no qual o autor sugere o suicídio. O sujeito lê o livro ou ouve a música e resolve cometer o suicídio. O autor da obra não responde pelo crime de participação em suicídio pelo fato de que o sujeito passivo do crime é qualquer pessoa determinada. A obra, no caso, não é direcionada para alguém em particular, quer alcançar um mercado.
Incentiva alguém a ir para a guerra. Esta pessoa vai para a guerra e lá se mata. Não reponde esta pessoa pelo crime do art. 122.
Exemplo 1: paciente terminal quer morrer e pede ajuda. O médico preparava uma solução para o próprio doente se aplicar, este aplica esta solução letal e morre. Crime de auxílio ao suicídio, participação material em suicídio na modalidade auxílio. Se o médico tivesse injetado a solução no paciente e ele tivesse morrido o crime seria de homicídio.
Exemplo 2: seita religiosa. Todos de uma seita, sob a orientação de seu líder, combinam de se matar. Todos se matam, menos o líder. Esta pessoa responderá pelo crime do Art. 122, nas modalidades induzimento ou instigação, dependendo se a ideia já existia ou não na cabeça dos que cometeram o suicídio.
Exemplo 3: “brincadeira” de roleta russa entre amigos. Revólver com capacidade para cinco tiros contendo apenas uma munição. Gira-se o revólver na mesa. Quem vai puxar o gatilho é quem está mais perto da coronha do revólver. No caso de algumdos participantes da brincadeira atirar e matar outro, quem atira, ou seja, pratica a ação, vai responder por homicídio. Se a ideia do jogo é cada um atirar em sua própria cabeça, se a pessoa morre ou se há a lesão corporal de natureza grave (o crime se consuma), os demais responderão por participação moral em suicídio, porque não praticaram o ato executório de matar, mas de alguma forma instigaram para que o evento ocorresse.
Exemplo 4: Romeu e Julieta decidem juntos cometer o suicídio. Os dois se trancam em um quarto fechado e liberam gás tóxico para morrerem por asfixia. Romeu abre o gás, pratica a ação, que deu causa à morte de Julieta. Romeu sobrevivendo responderá por homicídio doloso consumado qualificado mediante asfixia tóxica pelo uso de gás tóxico ou asfixiante. Se Romeu liga o gás, morre e Julieta sobrevive, reponderá por participação em suicídio na modalidade instigação.
Participação em suicídio
Induzir
Instigar
Auxiliar
	
Suicídio é supressão voluntária e consciente da própria vida. Deste modo, não podem ser sujeitos deste crime: loucos de todo gênero nem criança de tenra idade. Sem consciência o crime é de homicídio.
Se há violência, grave ameaça ou fraude ou não houve voluntariedade e não há que se falar em suicídio.
Induzir, instigar e auxiliar têm o mesmo peso. Pode acontecer mais de um verbo, a pessoa dá a ideia e auxilia, por exemplo, o juiz neste caso ao calcular a pena vai fixar uma pena maior. Toda vez que há mais de um verbo em uma figura típica tem-se o que a doutrina denomina de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, também chamado tipo misto alternativo. 
Basta a prática de apenas um verbo para satisfazer a exigência do tipo penal incriminador. Praticando apenas um verbo a pena é a mesma, para qualquer dos verbos (induzir, instigar ou auxiliar), no entanto uma vez praticado mais de um verbo, o juiz vai deverá fixar uma pena maior quando estiver calculando a pena.
Ficha técnica - Momento consumativo: quando ocorre a lesão de natureza grave ou morte da vítima. Se a pessoa tenta se matar e consegue, está consumado o crime de participação para aquele que induziu, instigou ou auxiliou a vítima a se matar. Se a pessoa não morre, mas o resultado é uma lesão grave, também está consumado o crime. No entanto, no primeiro caso a pena é maior (2 a 6 anos) que no segundo caso (1 a 3 anos).
Lesão corporal – artigo 129, CP:
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta: Lesão corporal gravíssima
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Como identificar a lesão corporal:
Lesão corporal grave - §1º;
Lesão corporal gravíssima - §2º
Lesão corporal leve – por exclusão.
Se na tentativa de suicídio a pessoa sofrer uma lesão corporal de natureza gravíssima a pessoa que participou do suicídio também estará sob o alcance do dispositivo. Se e lesão grave está contemplada, por maior razão a lesão gravíssima também estará. A pena será a mesma: de 1 a 3 anos.
Se da tentativa de suicídio a pessoa sofrer uma lesão corporal de natureza leve, o crime de participação em suicídio não se consuma.
Exemplo: Alguém induz outra pessoa a se jogar de um prédio e cometer o suicídio. Esta pessoa se joga e cai sob uma lona que a protege da queda ficando apenas com escoriações leves. Quem instigou não responde pelo crime do art. 122, porque não houve sequer lesão corporal grave. 
A doutrina entende que, por se tratar de delito unisubsistende: ou a pessoa que pratica o suicídio morre ou sofre lesão grave e o crime está consumado ou não há crime, nem sequer tentativa.
O crime de participação em suicídio admite a forma omissiva? Pode-se responder por este crime por omissão?
Resposta: há divergência na doutrina!
1ª corrente: Não.
2ª corrente: Sim. É possível haver participação em suicídio na forma omissiva quando o autor do crime tiver a função de garantidor, ou seja, quando há o dever legal de enfrentar o perigo (por exemplo: bombeiro, policial). Este é o entendimento que prevalece na doutrina!
É possível a participação em participação em suicídio?
Resposta: Sim. Partícipe do crime de participação em suicídio.
Exemplo: Antônio, Bruno e Carlos. Antônio quer que Carlos morra, mas não tem acesso a ele. Antônio conhece Bruno que tem acesso a Carlos. Antônio induz Bruno a induzir Carlos à prática de suicídio. Bruno, efetivamente, induz Carlos ao suicídio e ele se mata. Então, Bruno será autor do crime do Artigo 122, participação em suicídio. Antônio, que induziu Bruno, será o partícipe da participação em suicídio. A pena do autor é maior que a do partícipe.
Não confundir tentativa de suicídio com tentativa de participação em suicídio, que segundo a doutrina majoritária, não existe.
Indução, instigação e auxílio – ver a motivação. Se houver motivo esgoístico para o cometimento do crime (como quer ficar com a herança da vítima, com o seu cargo, com a mulher da vítima) a pena é duplicada.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Maioridade penal: 18 anos.
Vítima menor é vítima com menos de 18 anos.
O que separa o crime de homicídio para o crime de participação em suicídio com vítima menor? Existe uma idade mínima para este menor:
Resposta: diverge a doutrina. Para uma parte da doutrina este menor seria menor de 18 e maior de 14 anos, por causa de uma analogia feita com a redação antiga do Art. 224, “a” do CP:
Presunção de violência (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
não é maior de catorze anos; (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Nos crimes sexuais ainda que houvesse consentimento do menor na prática dos atos libidinosos, para os menores de 14 anos, esse consentimento não era válido e se presumia a violência em razão da pouca idade da vítima. 
Analogia feita pela doutrina: o crime de participação em suicídio ocorre se a vítima tem menos de 18 e mais de 14 anos. Se a vítima tem menos de 14 anos, o crime é de homicídio.
A segunda corrente diz que não existe idade mínima, a lei só deu a referência dos 18 anos. Cada caso é um caso e não seria possível a analogia feita pela primeira corrente por se tratar de uma analogia “ in malam partem” que viria para prejudicar o réu, o que não se admite do Direito Penal. Logo como no art. 122 a lei não definiu uma idade mínima, não se pode inventar uma idade mínima nem fazer a analogia “in malam parte”. Este é o melhor entendimento.
É preciso analisar a situação no caso concreto que vai dizer se é homicídio ou participação em suicídio qualificada.
No final do inciso II tem-se a expressão: “ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.” Neste caso, o sujeito não é louco, nem menor, é uma pessoa imputável que tem consciência dos seus atos, só que, por força das circunstâncias, naquele momento a pessoa está com depressão, por exemplo. Este fato diminui a capacidade de resistência desta pessoa, que não está bem. Se alguém sugere suicídio a esta pessoa e ela se mata, este sujeito vai responder por crime de participação em suicídio qualificado na forma do inciso segundo, segunda parte, pois no caso de depressão, a pessoa tem reduzida a sua capacidade de resistência.
Outro exemplo: pessoa bêbada é induzida, instigada ou auxiliada ao cometimento do suicídio, quem participou moralmente, responde pelo crime do 122, poisa pessoa tinha diminuída a capacidade de resistência.
23/08/2012
INFANTICÍDIO
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Objeto jurídico: é a proteção da vida do recém nascido ou nascente.
Sujeito ativo: somente a mãe.
Sujeito passivo: o recém nascido ou nascente.
Tipo subjetivo: é o dolo consistente na vontade livre e consciente de matar o próprio filho recém nascido ou nascente sob a influência do estado puerperal.
OBS: O crime não admite a forma culposa.
Tentativa admissível.
Momento consumativo: ocorre com a morte do recém nascido ou nascente.
Ação penal: APPI – ação penal pública incondicionada.
Morte do recém nascido ou nascente. Crime de homicídio com alguns elementos ou circunstâncias especializantes. Pelo princípio da especialidade, lei especial derroga lei geral, “lex specialis derrogat lex generalis”. O sujeito ativo, quem pode cometer este crime, é a mãe que mata o filho recém nascido ou nascente sob a influência do estado puerperal. 
Estado puerperal: é um estado físico-psicológico ao qual a mãe fica acometida por ocasião do parto. Trata-se de uma situação excepcional, na qual a mãe apresenta alteração de comportamento. A mãe cria uma repulsa pelo filho, mas, observe-se que isso não lhe tira a consciência. 
Prova da influência do estado puerperal: tida com exame médico pericial. São três as possibilidades: 
Estado puerperal é detectado – mãe responde por infanticídio; 
Não está em estado puerperal – mãe responde por homicídio; 
Laudo inconclusivo – há dúvida a respeito do estado puerperal, aplica-se ao caso o princípio do in dubio pro réu. No caso de laudo duvidoso deve-se adotar a melhor interpretação para o réu. Comparando o homicídio doloso simples com o de infanticídio, vê-se que a pena do homicídio é maior, sendo assim, no caso de dúvida do laudo pericial acerca do estado puerperal, é mais favorável à mãe que ela responda por infanticídio. Presume-se que ela estava em estado puerperal para que ela responda por infanticídio, delito de pena menor.
No estado puerperal, o comportamento da mãe é afetado, mas não a ponto de retirar-lhe a consciência de seus atos. Se ela está totalmente tomada, tem-se outro quadro clínico chamado psicose puerperal, um estágio mais avançado, ao ponto de caracterizar uma doença mental. Neste caso, não há consciência dos atos praticados, assim, sem discernimento a mãe não reponde por crime nenhum.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ficha técnica - sujeito ativo: é somente a mãe. Possibilidade: 3º que ajude a mãe, em estado puerperal, a matar seu filho nascente ou recém nascido responderá pelo evento de que maneira? Resposta: regra das circunstâncias comunicantes, art. 30.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estar sob influência do estado puerperal é uma circunstância ou uma condição de caráter pessoal da gestante, e é elementar da definição do crime de infanticídio. Está previsto na lei e, de acordo com o rigor técnico, deve se comunicar para o 3º. Este 3º, seja ele quem for (marido, mãe, médico, enfermeira), que auxilia a mãe em estado puerperal a matar seu filho, responderá com ela pelo crime de infanticídio por força da regra das circunstâncias comunicantes. No entanto, se o 3º praticar sozinho praticar a ação de matar o recém nascido ou nascente, o crime será o de homicídio. 
Exemplo 1: mãe, sob influência do estado puerperal, pratica o ato executório de matar. O 3º entrega uma arma de fogo devidamente municiada para a mãe matar o próprio filho. Mãe é autora e 3º é partícipe, participação material por auxílio, fornecer o instrumento.
Exemplo 2: 3º e mãe sob influência do estado puerperal praticam o ato executório de matar. Os dois serão co-autores de infanticídio.
Exemplo 3: quem pratica o ato executório de matar é o 3º. A mãe, sob influência do estado puerperal, tem participação acessória de fornecer o instrumento do crime para o 3º praticar o ato executório. De acordo com a lógica jurídica, o 3º responderá pelo crime de homicídio e está mãe será partícipe deste crime. Entendimento correto do ponto de vista técnico, porém não se pode ignorar a influência do estado puerperal sobre o comportamento da mãe, alteração comportamental que justifica a criação do tipo penal infanticídio com pena menor. Seria injusto, deste modo, a mãe responder como partícipe do crime de homicídio, porque neste caso, a pena é mais grave do que se ela fosse autora do crime de infanticídio. Questão controversa discutida em congresso internacional (cerca de 20 anos atrás na Argentina), onde se conclui que o ideal seria um novo parágrafo ao crime de homicídio para suscitar esta possibilidade, resolvendo este problema. O crime de infanticídio como delito autônomo suscita esta impropriedade e aí ocorre esta desproporcionalidade, por conseguinte, acaba sendo injusto.
Ficha técnica - Sujeito passivo: é o recém nascido ou nascente. 
Exemplo 1: mãe, sob influência do estado puerperal, por engano acaba matando o filho recém nascido de outra pessoa na maternidade. Neste caso, ela responde também pelo crime de infanticídio, como se ela tivesse produzido o resultado morte em seu próprio filho. Situação de erro de tipo.
Exemplo 2: mãe, sob influência do estado puerperal, que durante o parto ou logo após mata um filho de cinco anos. Neste caso, não há que se falar em infanticídio. Responderá por homicídio. Infanticídio pressupõe que o crime seja praticado por um ascendente contra um descendente. Na dosimetria da pena, existe uma circunstância agravante que manda punir mais gravemente crime praticado por ascendente contra descendente. Neste caso, no crime de infanticídio não se aplica esta circunstância, porque já é elementar do crime de infanticídio e levar isto em consideração duas vezes seria bis in idem, uma dupla valoração indevida que não se justifica.
Ficha técnica – Tentativa: admitida no crime de infanticídio.
 Ficha técnica – o momento consumativo: é a morte do recém nascido ou nascente. 
A lei fala de durante o parto ou logo após. Qual seria o tempo de duração da expressão logo após? Parte da doutrina sustenta que este logo após seria 24 horas depois do parto, para outra parte seria a primeira menstruação pós-parto, outros colocam posicionamentos diversos. Atualmente está pacificado a respeito da expressão logo após o entendimento de que se trata de um parâmetro variável ligado a duração da influência do estado puerperal. Não há como se configurar categoricamente um prazo único para todas as mulheres. Cada organismo reage de forma diferente, o caso concreto é que vai indicar se havia ou não influência deste estado.
Matar o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após culposamente evidencia qual crime? Resposta: o crime de infanticídio não admite a forma culposa, logo não há que se falar em infanticídio culposo. A partir disso, parte da doutrina destaca que a mãe que mata o filho culposamente durante o parto ou logo após deve responder por homicídio culposo, pois como não há homicídio culposo e ela matou alguém culposamente, deverá pelo crime de homicídio culposo na forma do art. 121, §3º. Esta á a corrente tradicional de Nelson Hungria, Heleno Claudio Fragoso. 
Outra corrente analisa que o crime de infanticídio deve ser cometido sob influência do estado puerperal. Se, sob influência deste estado, a mãe mata seu filho, se por alguma razão culposamente ela dá causa ao resultado morte do filho, ela não deverá responder por nenhum crime. Para que alguém responda

Outros materiais