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Direito Alternativo
O Direito Alternativo ou Movimento do Direito Alternativo é um movimento de jusristas, ou seja, um grupo de pessoas com certos objetivos comuns que se organizaram, no Brasil, para produzir uma nova forma de ver, praticar e ler o Direito, a partir do ano de 1990. De início eram apenas juízes de Direito, hoje abrange também advogados, promotores de justiça, professores, estudantes, procuradores, enfim, todo proffional vinculado à Ciência Jurídica.
O germe do Direito Alternativo pode ser identificado em alguns juízes de Direito que judicavam descontentes no tempo da ditadura militar brasileira e que se encontram nas reuniões efetuadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros com o propósito de elaborar propostas ao Congresso Constituinte.
O Primeiro passo para o início do Direito Alternativo foi a criação de um grupo de estudos, organizado por alguns juízes de Direito Gaúchos, comuns e trabalhistas. Nesse mesmo tempo, alguns juristas não magistrados, como Edmundo Lima de Arruda Júnior, Antônio Carlos Wolkmer, Miguel Pressburguer, Miguel Baldez, Clémerson Merlin Clève, entre outros, influenciados pelo movimento italiano de uso alternativo do Direito, já falavam da possibilidade de criação de um Direito Alternativo, isso por volta do ano de 1987.
O episódio histórico respnsável pelo surgimento do movimento Direito Alternativo ocorreu no dia 25 de outubro de 1990, quando um importante jornal denominado Jornal da Tarde, de São Paulo, veiculou um artigo redigido pelo jornalista Luiz Maklouf, com a manchete: JUÍZES GAÚCHOS COLOCAM DIREITO ACIMA DA LEI. A reportagem buscava desmoralizar o grupo de estudos e, em espcial, o magistrado Amílton Bueno de Carvalho, Ao contrário do desejado, acabou dando ínicio ao movimento no mês de outubro de 1990, sendo o I Encontro internacional do Direito Alternativo, realizado na cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, nos dias 04 a 07 de setembro de 1991 e o livro Lições de Direito Alternativo 1, editora Acadêmica, os dois marcos históricos iniciais.
 Proposta do Movimento
O movimento não possui uma ideologia, mas pontos teóricos comuns entre seus membros, destacando-se: 1) Não aceitação do sistema capistalista como modelo econômico: 2) combate ao liberalismo burguês como sistema sociopolítico: 3) combate irrestrito à miséria da grande parte da população brasileira e luta por democracia, entendida como a concretização das liberdades individuais e materialização de igualdade de oportunidades e condição mínima e digna de vida a todos: 4) uma certa simpatia de seus membros em relação à teoria crítica do Direito. Há uma unanimidade de crítica ao positivismo jurídico (paradigma liberal-legal), entendido como uma postura jurídica técnica-formal-legalista, de apego irrestrito à lei e de aplicação de uma pseudo interpretação lógica dedutiva, somada a um discurso apregoador: a) da neutralidade ou avaloratividade; b) do formalismo jurídico ou anti-ideológica do Dieito; c) da coerência e completude do ordenamento jurídico; d) da fonte única do Direito e da interpretação mecanicista das normas efetuada através de um métodos hermenêutico formal/lógico/técnico/dedutivo.
Os juristas alternativos, em desacordo com a teoria e a ideologia juspositiva, denunciam: a) ser o Direito, político, parcial e valorativo; b) representar, o formalismo jurídico, uma forma de escamotear o conteúdo perverso de parte da legislação e de sua aplicação no seio da sociedade; c) não ser o direito coerente e completo. Suas antinomias (contradições) e lacunas (vazios) são várias e explícitas; d) ser a lei fonte privilegiada do Direito, mas a ideologia do intérprete dá o seu sentido, ou o entido por ele buscado. A exegese de um texto legal não é declarativa de seu conteúdo, mas, bem ao contrário, e axiológica e representa os interesses e fins perseguidos pelo exegeta.
Para sua práxis, o movimento defende: 1) Positivismo de combate hoje chamado de positivação combativa. Trata-se de uma luta pelo cumprimento de várias leis, todos com conteúdos sociais, em pleno vigor, mas não cumpridas de fato: 2) Uso alternativo do Direito. É uma atividade hermenêutica. 
Realiza-se uma exegese extensiva de todos os textos legais com cunho popular e uma interpretação restritiva das leis que privilegiam as classes mais favorecidas, privilegiando-se a Constituição Federal. Trata-se de uma interpretação social ou teleológica das leis, ou seja, dar um sentido à norma buscando atender ( ou favorecer ) as classes menos privilegiadas ou a maioria da sociedade civil.
É o contrário do realizado pelos juristas tadicionais, quando restringem as normas populares e ampliam as beneficiadoras das classes que lhes interessam; 3) Direito Alternativo em sentido estrito. É o ponto mais polêmico e extrapola os limites deste artigo.
Trata-se de uma visão do Direito sob a ótica do pluralismo jurídico. Privilegia-se, como novo paradigma para a Ciência Jurídica, o Direito existente nas ruas, emergente da população, ainda não elevado a condição de lei oficial.
Admite-se como Direito as normas não estatais, inclusive como fonte legitimadora do novo paradigma jurídico. Neste ponto, há dirvergências teóricas no próprio movimento. Há quem não concorde com esse entendimento pois, até o momento, não conseguiu sustentação teórica capaz de justificar uma teoria jurídica alternativa.
Acaba caindo no mesmo equívoco do juspositivismo críticado, De todas formas, o Direito Alternativo é um movimento que se legitima por sua por sua postura transformadora, de busca de mudança da tétrica situação socioeconômica do Brasil, cuja responsabilidade também é das intituições jurídicas. 
O Juiz aposentado e advogado Fernando Faria Miller, exemplifica bem uma situação envolvendo um caso concreto, quando diz:
Vive-se hoje, em nosso pais, uma realidade diversa daquela que foi editado o Código Civil, no ano de 1916. Para exemplificar, observe-se que a regra do art. 409 do aludido diploma: "Em falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela aos parentes consaguíneos do menor, por esta ordem: I- ao avô paterno, depois ao materno..." Ora, isto é um absurdo. É uma norma de cunho machista, hoje inaceitável, mesmo porque o mais importante não é definir se a criança ficará com o avô parterno ou materno, mas o que será melhor para ela. O que deve orientar o juiz é o interesse da criança.
Cumpre lembrar aqui que, na época que Fernando Miller produziu tal artigo, éramos regidos pelo Código Civil de 1916. Hoje, somos regidos pelo Código Civil de 2002.
O que se deseja é que o direito e os juristas em geral ( pensadores, professore, Juízes de Direito, Promotores de Justiça, Advogados, etc.), passem por um processo de humanização, baixando ao nível das ruas, das fábricas, das favelas, dos cortiços, das prisões, das quilométricas filas da Previdência social, caminhando com os que sofrem o peso da opressão tantas vezes legitimada por um Direito que se apresenta como neutro e justo para ocultar a violência institucionalizada. Essa mudança de atitude trará o Direito e os Juristas para o meio do poovo: o povo que clama por saúde, por escola, pelo fim da tortura nas delegacias de polícia, pelo fim da impunidade dos criminosos do "colarinho branco", por terra para plantar, por moradia, por alimento acessível, pela proteção da criançe e do adolescente contra qualquer forma de negligência, de opressão, de violência e crueldade, por garantia de emprego e segurança social.
O direito reclama pluralidade de pessoas. É relação intersubjetiva. Conhecida a imagem de Robison Crusoé: enquanto sozinho na ilha deserta, não podia reclamar nada de ninguém e ninguém dele exigia coisa alguma. Com a chegada de Sexta-Feira, tudo mudou. Formou-se vínculo enter ambos. Surgiu o Direito.
O Judiciário, visto como Poder, não se subordina ao Executivo ou ao Legislativo. Não é servil, no sentido de aplicar a lei, como alguém que cumpre uma ordem ( nesse caso, não seria Poder). Impõe-se-lhe interpretar a lei conforme o Direito. Adotar a posição crítica, tomando como parâmetroos princípios e a realidade social. A lei, tantas vezes, se desatualiza, para não dizer carente de eficácia, desde a sua edição.
O Juiz é o grande crítico da Lei; seu compromisso é com o Direito! Não pode ater-se ao positivismo ortodoxo.

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