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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA – CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I PROFA. MS. SIMONE ZANOTELLO DE OLIVEIRA APOSTILA 2 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Esta apostila foi elaborada com base no resumo das principais obras de Direito Administrativo sobre o tema, destacando: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo : Atlas, 2014 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo : Atlas, 2014. GASPARINI, Diogenes. Direito administrativo. 13. ed. São Paulo : Saraiva, 2008. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo : Malheiros, 2013. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 29. ed. São Paulo : Malheiros, 2012. ÓRGÃOS PÚBLICOS O Estado não possui vontade própria, mas atua pela vontade de seus agentes. Natureza dos órgãos – três teorias são propostas para explicar o que é um órgão público: - teoria subjetiva – os órgãos são os próprios agentes públicos. - teoria objetivo – o órgão é um complexo de funções, um conjunto de atribuições. - teoria mista – mais utilizada - os órgãos são resultantes da composição dos dois elementos: o agente público e o feixe de atribuições Os órgãos públicos são centros de competência do Estado, estruturas do Estado, e por isso dele não se distinguem. Não possuem personalidade jurídica. Trata-se de uma unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. O órgão não se confunde com a pessoa jurídica, embora seja uma de suas partes integrantes. A pessoa jurídica é o todo, enquanto os órgãos sãos parcelas integrantes do todo. Relação de imputação – o querer e o agir dos agentes públicos são imputados ou atribuídos diretamente ao Estado – são tidos como do próprio Estado. 2 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS 1. Quanto à posição que ocupam na estrutura estatal: - independentes – órgãos com origem na CF – ex. Presidência da República, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, etc. - autônomos – órgãos situados no alta da estrutura organizacional da Administração Pública (chamado de 1º. escalão) – ex. Ministérios, Secretarias Estaduais, Secretarias Municipais, etc. - superiores – órgãos de direção, controle, decisão e comando em assuntos de sua competência, com funções técnicas e de planejamento – ex. Coordenadorias, Departamentos, Divisões, etc. - subalternos – órgãos com reduzido poder decisório e predominância de atribuições executivas – ex. Seções, zeladorias, expedientes, portarias, etc. 2. Quanto à composição do órgão: - simples ou unitários – órgãos dotados de um único centro de competências ou atribuições – ex. Seções - compostos – órgãos integrados por outros órgãos – ex. Ministérios e Secretarias 3. Quanto à atuação funcional: - singulares – órgãos que decidem e agem pela manifestação de um só agente, que é seu titular – ex. Presidência da República - colegiados – órgãos que decidem e agem pela manifestação de vontade da maioria de seus membros – ex. Conselho de Defesa Nacional ADMINISTRAÇÃO DIRETA É o conjunto de órgãos que integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado. A Administração Pública é ao mesmo tempo titular e executora do serviço público. Exemplos: - esfera federal – Presidência da República, Ministérios, etc. - esfera estadual – Governo do Estado, Secretarias Estaduais, etc. - esfera municipal – Prefeitura, Secretarias Municipais, etc. Importante: Poderes Legislativo e Judiciário possuem sua estrutura orgânica definida nos respectivos atos de organização administrativa (abrange somente as esferas federal e estadual). 3 DESCONCENTRAÇÃO Distribuição interna de competências, ou seja, uma distribuição de competências dentro da mesma pessoa jurídica. As atribuições administrativas são outorgadas aos vários órgãos que compõem a hierarquia, criando-se uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros. O objetivo é melhorar o desempenho. Pode ocorrer na Administração Direta e na Administração Indireta. DESCENTRALIZAÇÃO Distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica. Portanto, supõe a existência de, pelo menos, duas pessoas, entre as quais se repartem a competência. Descentralização política – estados e municípios possuem competência legislativa, sem se subordinar à União. Descentralização administrativa – atribuições de execução dadas aos entes descentralizados, pelo ente central. Modalidades: - descentralização territorial – no Brasil, ocorre pelos territórios federais, que não integram a federação, mas que possuem personalidade jurídica (atualmente não temos territórios no Brasil). - descentralização por serviços, funcional ou técnica – ocorre quando o Poder Público cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público – autarquia, sociedade de economia mista, empresa pública, consórcio público. - descentralização por cooperação – ocorre quando por meio de contrato ou ato administrativo unilateral, se transfere a execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito privado, previamente existente, conservando o Poder Público a titularidade do serviço – concessões, permissões e autorizações. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA Conjunto de pessoas jurídicas de direito público ou privado (entidades), criadas ou autorizadas por lei, para o desempenho de atividades assumidas pelo Estado, como serviços públicos ou a título de intervenção no domínio econômico. Estão vinculadas à Administração Direta. Formada por: - Autarquias - Empresas Públicas - Sociedades de Economia Mista - Fundações instituídas pelo Poder Público - Consórcios Públicos 4 AUTARQUIAS Conceito – autós (próprio) + arquia (comando, governo, direção). Serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Natureza jurídica – pessoa jurídica de direito público. Exemplos: INSS; INCRA; IBAMA, Comissão de Valores Imobiliários, etc. São detentoras, em nome próprio, de direitos e obrigações, poderes e deveres, prerrogativas e responsabilidades. Não se subordinam hierarquicamente à Administração Pública que as criou, embora esteja sob supervisão ministerial (controle ou tutela). Classificação: 1. Pelo critério da pessoa jurídica criadora: - federais – descentralizações da União; - estaduais – descentralizações do Estado-Membro; - distritais – descentralizações do Distrito Federal; - municipais – descentralizações do Município. 2. Pelo critério da objeto: - assistenciais – SUDENE, INCRA, etc. - previdenciárias – INSS, etc. - culturais – UFRJ, etc - profissionais (ou corporativas) – CRM, CREA, etc. (OAB – sui generis) - administrativas – INMETRO, BACEN, IBAMA, etc. - de controle – agências reguladoras – ANEEL, ANATEL, etc. - associativas – associações públicos – consórcios públicos 3. Pelo critério de maior ou menor soma de poderes: - simples ou de regime jurídico comum - especial ou de regime jurídico extraordinário Criação, instituição, fins, funcionamento e extinção - somente podem ser criadas e extintas com autorização legal (simetria das formas), que é de iniciativa do Chefe do Executivo. A lei cria e o decreto institui. Possui especialidade de função, que não poderá ser modificada. Paraatividades de natureza social e de atividades administrativas. Elas podem ser criadas em âmbito federal, estadual, distrital ou municipal. Controle ou tutela – embora pessoa autônoma, a autarquia não escapa à tutela ou ao controle ordinário da Administração Pública a que pertence (não é hierarquia), nos limites da lei. Também está sob a fiscalização do Tribunal de Contas. 5 Responsabilidade – responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, com direito de regresso contra o agente por dolo ou culpa. A Administração Pública criadora poderá vir a responder de forma subsidiária, quando exaurido o patrimônio da autarquia. Estrutura e servidores – é semelhante à da Administração Pública. Seus órgãos escalonam- se, hierarquicamente, sob a forma de pirâmide, em cujo ápice está o de mais alta hierarquia. Possui capacidade de autoadministração. Seus servidores são admitidos por concurso público ou livre escolha (cargos em comissão) e submetem-se ao regime jurídico estatutário. Estão sujeitos às regras de acumulação de cargos. Privilégios – os privilégios reconhecidos em favor da Administração Pública estendem-se às autarquias (ex. imunidade de impostos sobre patrimônio, renda e serviços; prescrição quinquenal; execução fiscal de seus créditos; impenhorabilidade de seus bens e rendas, etc.) Atos e contratos – os atos da autarquia são atos administrativos. Devem obedecer à Lei de Licitações. Patrimônio – é formado, de início, com a transferência, por exemplo, de bens móveis e imóveis e de direitos da Administração Pública criadora. Seus bens são considerados bens públicos. Esse patrimônio é inalienável, impenhorável e imprescritível. Princípio da especialização – impede que exerçam atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas. AGÊNCIAS EXECUTIVAS Conceito - São autarquias ou fundações governamentais assim qualificadas por ato do Poder Executivo, responsável pela execução de certo serviço público, livre de alguns controles e dotada de maiores privilégios que as assim não qualificadas, desde que celebre com a Administração Pública a quem se vincula um contrato de gestão. Tem como objetivo a melhoria da eficiência e a redução de custos. Natureza jurídica – autarquia ou fundação pública que se distingue das demais por estar dotada de alguns privilégios. Trata-se de uma autarquia em regime especial. Integra a Administração Pública Indireta, vinculada ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada. A qualificação como agência executiva é ato administrativo, que na esfera federal é feita pelo Presidente da República. Em princípio, não se cria uma nova entidade, mas se qualifica uma já existente, embora não haja empecilhos para a criação. Privilégios – elas gozam dos privilégios das autarquias, mais os que lhe forem outorgados por leis especiais. Servidores – regime estatutário, admitidos por concurso público. 6 Atos e contratos – os atos das agências executivas são atos administrativos. Devem obedecer à Lei de Licitações. AGÊNCIAS REGULADORAS Conceito – Entidade com função de regular a matéria específica que lhe está afeta, sendo que a lei lhe confere poder normativo ou regulador. No Brasil, há dois tipos de agências reguladoras: - as que exercem típico poder de polícia, com limitações administrativas, normatizações (nos limites legais), fiscalização, repressão – ex. ANVISA, ANS, etc. - as que regulam e controlam as atividades que constituem objeto de concessão, permissão ou autorização de serviço público, ou concessão para exploração de bem público – ex. ANATEL, ANEEL, ANP, etc. Natureza jurídica – autarquia que se distingue das demais por estar dotada de alguns privilégios. Trata-se de uma autarquia em regime especial. Integra a Administração Pública Indireta, vinculada ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada. Privilégios – elas gozam dos privilégios das autarquias, mais os que lhe forem outorgados por leis especiais. Servidores – regime estatutário, admitidos por concurso público. Atos e contratos – os atos das agências reguladoras são atos administrativos. Elas devem obedecer à Lei de Licitações. Exemplos: ANEEL, ANATEL, ANVISA, ANS, etc. EMPRESAS ESTATAIS OU GOVERNAMENTAIS EMPRESA PÚBLICA Conceito – sociedade mercantil, industrial ou de serviço, constituída mediante autorização de lei e essencialmente sob a égide do Direito Privado, com capital exclusivamente da Administração Pública ou composto, em sua maior parte, de recursos dela advindos e de entidades governamentais (administração indireta), destinada a realizar imperativos da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo, ou ainda, à execução de serviços públicos. Exemplos: Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES; Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT; Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturária - INFRAERO 7 Natureza jurídica – são pessoas jurídicas de Direito Privado, com derrogações de Direito Público (ex. promover concurso público e licitações) Finalidade – destinam-se à organização e exploração de atividades econômicas que a Administração Pública seja levada a desempenhar em face de imperativo de segurança nacional ou de relevante interesse coletivo (intervenção no domínio econômico). Podem ser criadas para a execução de serviços públicos. Criação, forma, registro, funcionamento e extinção - essas empresas somente podem ser criadas e extintas com autorização legal – a lei também pode autorizar a transformação de entidade governamental em empresa pública. A lei é de iniciativa do Chefe do Executivo. Elas podem ser criadas em âmbito federal, estadual, distrital ou municipal. A lei faculta a escolha da modalidade societária dentre as previstas em direito (pode ser civil ou empresária). Não são aplicáveis: sociedade em nome coletivo, sociedade cooperativa e empresa individual de responsabilidade limitada. Seu ato constitutivo deverá ser inscrito no registro competente – Junta Comercial (sociedade empresária) ou Registro de Títulos e Documentos (sociedade civil). Não estamos sujeitas ao regime falimentar. Patrimônio – é formado, quase sempre, com a transferência de bens da entidade política a que se vincula. Os bens podem ser utilizados, onerados, alienados, penhorados e executados. Importante – se a empresa for prestadora de serviço público, os bens a ele afetados terão uma proteção especial (inalienabilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade e não- oneração), em razão do princípio da continuidade do serviço público. Servidores – seguem o regime celetista, embora seu desligamento não seja automático. Estão sujeitos a concurso público e não podem acumular cargos, empregos ou funções. Prerrogativas – por terem natureza privada, não gozam de foro ou juízo privilegiado, salvo se prestadoras de serviço público. O prazo prescricional é de 10 anos. Atos e contratos – são de Direito Privado. Se prestadoras de serviço público, seus atos, em algumas hipóteses, são atos administrativos, e, portanto, sujeitos ao mandado de segurança e à ação popular. Se prestadoras de serviço público, suas contratações devem seguir a Lei de Licitações. Se forem interventoras da atividade econômica, devem seguir apenas os princípios da Administração Pública e os regulamentos próprios para contratação. Regime tributário – é o mesmo da empresas privadas. Se prestadoras de serviço público, podem gozar de alguns benefícios. Responsabilidade – possui responsabilidade subjetiva, exceto se prestadora de serviço público, ocasião em que terá responsabilidade objetiva. Esgotado o patrimônio da empresa, 8 cabe à Administração Pública a que se vincularesponder pelo remanescente (responsabilidade subsidiária) Controle ou tutela - é feito sob os aspectos administrativo e financeiro, pelo órgão ao qual está vinculada. Também está sob a fiscalização do Tribunal de Contas. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA Conceito – sociedade mercantil, industrial ou de serviço cuja instituição, autorizada por lei, faz-se essencialmente, sob a égide de Direito Privado, com recursos públicos e particulares, para a realização de imperativos necessários à segurança nacional ou de relevante interesse da coletividade, cujo capital social ou o votante pertence em sua maioria à Administração Pública sua criadora. Exemplos: Banco do Brasil S/A; Petrobrás S/A; Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. Natureza jurídica – são pessoas jurídicas de Direito Privado, com derrogações de Direito Público (ex. promover concurso público e licitações) Finalidade – destinam-se à organização e exploração de atividades econômicas que a Administração Pública seja levada a desempenhar em face de imperativo de segurança nacional ou de relevante interesse coletivo (intervenção no domínio econômico). Podem ser criadas para a execução de serviços públicos. Criação, forma, registro, funcionamento e extinção - essas empresas somente podem ser criadas e extintas com autorização legal– a lei também pode autorizar a transformação de entidade governamental em sociedade de economia mista ou a aquisição do controle acionário de uma pessoa jurídica pela Administração Pública. Também pode permitir a criação de subsidiárias. A lei é de iniciativa do Chefe do Executivo. Elas podem ser criadas em âmbito federal, estadual, distrital ou municipal. Serão regidas pela Lei das Sociedades por Ações e só podem ter a forma de sociedade anônima. Seu ato constitutivo deverá ser inscrito na Junta Comercial. Não estamos sujeitas ao regime falimentar. Capital – é composto de recursos públicos e privados Patrimônio – é formado, quase sempre, com a transferência de bens da entidade política a que se vincula. Os bens podem ser utilizados, onerados, alienados, penhorados e executados. Importante – se a empresa for prestadora de serviço público, os bens a ele afetados terão uma proteção especial (inalienabilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade e não- oneração), em razão do princípio da continuidade do serviço público. 9 Servidores – seguem o regime celetista, embora seu desligamento não seja automático. Estão sujeitos a concurso público e não podem acumular cargos, empregos ou funções. Prerrogativas – por terem natureza privada, não gozam de foro ou juízo privilegiado, salvo se prestadoras de serviço público. O prazo prescricional é de 10 anos. Atos e contratos – são de Direito Privado. Se prestadoras de serviço público, seus atos, em algumas hipóteses, são atos administrativos, e, portanto, sujeitos ao mandado de segurança e à ação popular. Se prestadoras de serviço público, suas contratações devem seguir a Lei de Licitações. Se forem interventoras da atividade econômica, devem seguir apenas os princípios da Administração Pública e os regulamentos próprios para contratação. Regime tributário – é o mesmo da empresas privadas. Se prestadoras de serviço público, podem gozar de alguns benefícios. Responsabilidade – possui responsabilidade subjetiva, exceto se prestadora de serviço público, ocasião em que terá responsabilidade objetiva. Esgotado o patrimônio da empresa, cabe à Administração Pública a que se vincula responder pelo remanescente (responsabilidade subsidiária) Controle ou tutela – é feito sob os aspectos administrativo e financeiro, pelo órgão ao qual está vinculada. Também está sob a fiscalização do Tribunal de Contas. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E EMPRESA PÚBLICA - No que tange ao capital – nas sociedades de economia mista o capital é composto de recursos públicos e privados, enquanto que na empresa pública o capital é somente com recursos da Administração. - No que tange ao modo de organização – a sociedade de economia mista será sempre sociedade anônima, ao passo que a empresa pública poderá assumir quaisquer umas das formas admitidas em direito. FUNDAÇÕES FUNDAÇÃO PRIVADA Conceito – patrimônio público personalizado segundo as regras do Direito Civil, destinado à persecução de finalidades de interesse da coletividade. Natureza jurídica – pessoa jurídica de direito privado – também chamada de Fundação de Direito Privado – com derrogações por normas de direito público. Podem ser criadas nos âmbitos federal, estadual, distrital ou municipal. 10 Sua criação e extinção dependem de lei autorizadora. O patrimônio da fundação privada é particular. No entanto, como prestadoras de serviços públicos (culturais, educacionais, esportivos, assistenciais), os bens vinculados a essa finalidade são públicos e prestigiados pelo regime próprio. Os demais podem ser alienados, onerados ou penhorados. Está imune a impostos relativos a patrimônio, renda e serviços, salvo se cobrar tarifas ou preços pelo serviço que presta. O controle ou tutela é feito pela Administração Pública que a criou, a quem está vinculada. Também terá fiscalização pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público. Seus servidores seguem o regime celetista, estando sujeitos a concurso público, e não podem acumular cargos, empregos ou funções. Respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiro, com direito de regresso com os agentes. A Administração Pública criadora pode vir a responder subsidiariamente. FUNDAÇÃO PÚBLICA Conceito – patrimônio público personalizado segundo as regras de Direito Público, destinado à persecução de finalidades de interesse da coletividade. Natureza jurídica – pessoa jurídica de direito público – também chamada de fundação de Direito Público, fundação estatal ou fundação autárquica. Podem ser criadas nos âmbitos federal, estadual, distrital ou municipal. Fins e lucratividade – realização de atividades não lucrativas e de interesse público, a exemplo da educação, da cultura e da pesquisa. Possui autonomia administrativa e financeira, mas está vinculada ao Ministério em cuja área de competência se enquadrar. Sua criação e extinção dependem de lei. O patrimônio inicial da fundação pública é formado com a transferência de bens de qualquer espécie da Administração Pública que a criou. Todos os bens são bens públicos e portanto são inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis. Está imune a impostos relativos a patrimônio, renda e serviços, salvo se cobrar tarifas ou preços pelo serviço que presta. O controle ou tutela é feito pela Administração Pública que a criou, a quem está vinculada. Também terá fiscalização pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público. Estrutura e servidores – Seus servidores são admitidos por concurso público ou livre escolha (cargos em comissão) e submetem-se ao regime jurídico estatutário. Estão sujeitos às regras de acumulação de cargos. 11 Privilégios – os privilégios reconhecidos em favor da Administração Pública estendem-se às fundações públicas (ex. imunidade de impostos sobre patrimônio, renda e serviços; prescrição quinquenal; execução fiscal de seus créditos; impenhorabilidade de seus bens e rendas, etc.) Atos e contratos – os atos da autarquia são atos administrativos. Devem obedecer à Lei de Licitações. Respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiro, com direito de regresso contra os agentes. A Administração Pública criadora pode vir a responder subsidiariamente. CONSÓRCIOS PÚBLICOS Conceito – pessoa jurídica sem finalidade econômica, pública ou privada, constituída unicamente deentes da federação para a realização de objetivos comuns. Fundamentação – Art. 241 da CF e Lei 11.107/05 (dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos) Natureza jurídica – pessoa jurídica que pode ter natureza pública ou privada Pessoa jurídica pública – consórcio público – associação pública com natureza de autarquia – integrarão a Administração Pública Indireta de cada um dos consorciados. Pessoa jurídica privada – consórcio privado – fundação ou associação civil – atendimento à legislação civil, com derrogações do direito público. Procedimentos para criação: - subscrição de protocolo de intenções, publicado na imprensa oficial de cada um dos subscritores; - ratificação por lei de cada um de seus subscritores do protocolo de intenções; - celebração do contrato de consórcio público – constituindo uma pessoa jurídica de Direito Público (associação pública) ou uma pessoa jurídica de Direito Privado (fundação ou associação civil); - registro do contrato no órgão competente; - aquisição de personalidade jurídica. Para a transferência de recursos dos consorciados para o consórcio, é preciso a celebração prévia de um contrato de rateio. Trata-se de um ajuste celebrado entre o consórcio público e os seus consorciados, mediante o qual aquele responsabiliza-se pela execução de certa obra ou pela prestação de determinado serviço de interesse comum e estes comprometem- se a lhe entregar, proporcionalmente ao benefício que receberão ou ao que devem investir face ao custo total da obra ou do serviço, uma dada importância em dinheiro. Deverá ser formalizado a cada exercício financeiro, pois está atrelado ao orçamento de cada consorciado. 12 Está sujeito à fiscalização do Tribunal de Contas. Servidores – se for de direito público, o regime será estatutário. Se for de direito privado, o regime será celetista. Responsabilidade – o consórcio responde por seus atos. Subsidiariamente, os consorciados também poderão responder, em igualdade de condições. Contrato de programa – outro instrumento a ser celebrado – ajuste mediante o qual certo ente federado acorda com outro ou com o consórcio público a prestação de serviços públicos ou a transferência de encargos, serviços, pessoal ou bens necessários à continuidade dos serviços transferidos. Atos e contratos – os atos do consórcio público, se de direito público, são administrativos, devendo observar esse regime. Também estão sujeitos à Lei de Licitações. ENTIDADES DE COOPERAÇÃO / PARAESTATAIS A Administração Pública aceita a colaboração de entidades privadas criadas por particulares, com ou sem sua autorização, sem fins lucrativos, para o desempenho de atividades privadas de interesse público, mediante fomento e controle pelo Estado. Também são chamadas de paraestatais. Alguns autores definem como terceiro setor. No entanto, vamos utilizar a terminologia de paraestatais. Apenas por curiosidade: Terceiro setor seriam todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. Não possuem vínculo direito com o primeiro setor (público, o Estado) e o segundo setor (privado, o mercado). Fazem parte deles as ONGs – Organizações Não Governamentais, entidades filantrópicas, organizações sem fins lucrativos e outras forma de associações civis sem fins lucrativos. SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS São entidades que por força de legislação específica foram criadas e organizadas, e ainda são dirigidas pelas respectivas Confederações Nacionais – SENAI, SENAC, SESI, SESC, SEST, SENAR e SEBRAE. Essas entidades são entes privados de cooperação da Administração Pública, sem fins lucrativos, criadas mediante autorização legislativa federal, mas não prestam serviço público e nem integram a Administração Pública federal direta ou indireta, ainda que recebam reconhecimento e amparo financeiro (possuem o poder de exigir contribuições). Exercem atividades privadas de interesse público e são dotadas de patrimônio e administração próprios (não prestam serviço público). Não se subordinam à Administração Pública federal, mas apenas se vinculam ao Ministério cuja atividade mais se aproxime. 13 Ministram assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais. Não possuem fins lucrativos. O vínculo de seus empregados é celetista, que passam, para admissão, por processo seletivo. A demissão precisa ser motivada. Devem observar os princípios licitatórios. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS São pessoas jurídicas de Direito Privado (associações ou fundações), sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Para poderem prestar serviços à Administração, deverão ser qualificadas pelo Poder Executivo como “organização social”, mediante o cumprimento de certos requisitos. Posteriormente, irão firmar com a Administração um contrato de gestão (com metas, medidos por resultados). Somente após a firmatura do contrato de gestão é que poderão ser destinatários de recursos orçamentários e de bens públicos móveis, imóveis e semoventes, conforme necessários para o atingimento das metas. Não integram a Administração Pública Direta e nem a Indireta. São entidades de colaboração. Seus atos são de natureza privada e seus contratos também. No entanto, quando forem efetivar contratações com recursos da União, deverão fazer licitação – Decreto Federal 5.504/05. Seus servidores são regidos pela CLT, e para admissão devem passar por processo seletivo. Sua demissão deverá ser motivada. Presta contas para quem repassou as verbas e para o Tribunal de Contas. Podem ser contratadas com dispensa de licitação – art. 24, XXIV, da Lei 8.666/93. ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO – OSCIP São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que detém o status de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. A outorga desse status deve ser requerida ao Ministro da Justiça, e será concedida mediante o cumprimento de certos requisitos previstos na Lei Federal 9.790/99. Desempenham serviços sociais não exclusivos do Estado. Após qualificada, celebra Acordo de Parceria com o Poder Público – que possui a mesma natureza de um convênio. 14 Não integram a Administração Pública Direta e nem a Indireta. São entidades de colaboração. Seus atos são de natureza privada e seus contratos também. No entanto, quando forem efetivar contratações com recursos da União, deverão fazer licitação – Decreto Federal 5.504/05. Seus servidores são regidos pela CLT, e para admissão devem passar por processo seletivo. Sua demissão deverá ser motivada. Presta contas para quem repassou as verbas e para o Tribunal de Contas. FUNDAÇÕES DE APOIO Trata-se de importantes entes de cooperação das instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica. Apoiam as instituições federais na execução de projetos de ensino, pesquisa e extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico. Deverão ser registradas e credenciadas nos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. São pessoas jurídicas de direito privado, regidas pelo Código Civil, sem fins lucrativos. Sujeitam-se à fiscalização do Ministério Público e à legislação trabalhista. São contratadas pelo Poder Público sem licitação – art. 24, XIII, da Lei 8.666/93. Seus atos são de natureza privada e seus contratos também. No entanto, quando forem efetivar contratações com recursos da União, deverão fazer licitação – Decreto Federal 5.504/05. Podem existir tambémnas esferas estaduais, distrital e municipais.
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