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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA – CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I PROFA. MS. SIMONE ZANOTELLO DE OLIVEIRA APOSTILA 4 – AGENTES PÚBLICOS Esta apostila foi elaborada com base no resumo das principais obras de Direito Administrativo sobre o tema, destacando: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo : Atlas, 2014 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo : Atlas, 2014. GASPARINI, Diogenes. Direito administrativo. 13. ed. São Paulo : Saraiva, 2008. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo : Malheiros, 2013. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 29. ed. São Paulo : Malheiros, 2012. AGENTES PÚBLICOS Conceito – é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta CLASSIFICAÇÃO 1. Agentes políticos 2. Servidores públicos (ou agentes administrativos) 3. Militares 4. Particulares em colaboração com o Poder Público Agentes políticos – são os titulares dos cargos estruturais para a organização política do país, ou seja, são os ocupantes dos cargos que compõem o arcabouço constitucional do Estado e, portanto, o esquema fundamental do poder. Sua função é de formadores da vontade superior do Estado (Celso Antonio Bandeira de Mello). A ideia de agente político liga-se à ideia de governo e de função política. São eles: Presidente da República, Governadores, Prefeitos, Senadores, Deputados, Vereadores (todos eleitos) e Ministros, Secretários Estaduais, Secretários Municipais (livre nomeação), Magistrados e Membros do Ministério Público. 2 Servidores públicos – sentido amplo – pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos. Compreendem: a) Servidores estatutários – sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos públicos – Obs. Regime estatutário é o estabelecido por lei em cada unidade da federação. b) Empregados públicos – contratados sob o regime da legislação trabalhista e ocupantes de empregos públicos. Obs. Embora sujeitos à CLT, submetem-se a todas as normas constitucionais referentes à investidura (prestam concurso público), à acumulação de cargos, aos vencimentos, dentre outras. Não possuem estabilidade – mas demissão precisa ser motivada. c) Servidores temporários – contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público – exercem função, sem estarem vinculados a cargo ou emprego público. Obs. Exercem função temporária, mediante regime jurídico especial a ser disciplinada na lei de cada unidade da federação. Militares – pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas – Marinha, Exército e Aeronáutica, e às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos Territórios. O regime jurídico é definido por legislação própria dos militares, que estabelece normas sobre ingresso, limites de idade, estabilidade, transferência para inatividade, direitos, obrigações, remuneração, prerrogativas, etc. Particulares em colaboração com o Poder Público – pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Compreendem: a) delegação do Poder Público – empregados das concessionárias e permissionárias de serviços públicos; serviços notariais e de registro; leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos, etc. A remuneração é paga pelos terceiros usuários dos serviços. b) requisição, nomeação ou designação – exercício de funções públicas relevantes – jurados, mesários, etc. Em geral, não recebem remuneração. c) gestores de negócios – assumem determinada função pública em momento de emergência (epidemias, enchentes, incêndios, etc.) 3 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AOS SERVIDORES REGIME JURÍDICO – NATUREZA DO VÍNCULO ENTRE O SERVIDOR E O ESTADO Regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da Administração Pública Direta, autarquias e fundações públicas. (Importante: STF – Adin 2135/DF – suspendeu a vigência do art. 39, caput, da CF, com a redação dada pela EC 19/98 – exclusão de regime único) Âmbito federal – Lei 8.112/90 – lei que abrange os servidores públicos civis da União – não abrange os militares e de outros entes federados. Cada ente federado possui sua legislação própria. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA CARGO – é a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente - as competências previstas na CF são distribuídas entre os órgãos, cada qual dispondo de determinado número de cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, atribuições e padrão de vencimento ou remuneração – tem vínculo estatutário. Portanto, cargo público é um conjunto de atribuições e responsabilidades acometidas a um servidor, com previsão na estrutura da Administração Pública. EMPREGO – também é uma unidade de atribuições – o ocupante de emprego público tem vínculo contratual, sob a regência da CLT FUNÇÃO – conjunto de atribuições às quais não corresponde um cargo ou emprego (conceito residual) Situações: - função exercida por servidores contratados temporariamente – não se exige, necessariamente, concurso público - função de natureza permanente – chefia, direção e assessoramento – funções de confiança e cargos em comissão – de livre provimento e exoneração PROVIMENTO E VACÂNCIA PROVIMENTO – é o ato pelo qual o servidor público é investido no exercício do cargo, emprego ou função – é ocupação. Provimento originário – que vincula inicialmente o servidor – por nomeação ou contratação 4 Provimento derivado – depende de um vínculo anterior do servidor com a Administração. São espécies de provimentos derivados: a promoção, a readaptação, a reversão, o aproveitamento, a reintegração e a recondução: - Promoção – (alguns chamam de acesso) - forma de provimento derivado pela qual o servidor passa para cargo de maior grau de responsabilidade e maior complexidade de atribuições, dentro da carreira a que pertence. É ao mesmo tempo ato de provimento no cargo superior e de vacância no cargo inferior. Nele podem estar critérios como antiguidade e merecimento. - Readaptação – é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. - Reversão – é o retorno do servidor público aposentado, quando a razão da aposentadoria deixa de existir, ou quando o servidor aposentado pede para retornar (nesse caso, será analisado também o interesse da Administração) - Aproveitamento – reingresso, no serviço público, do funcionário em disponibilidade, quando haja cargo vago de natureza e vencimento compatíveis com o anteriormente ocupado. - Reintegração – reingresso do servidor demitido, quando seja invalidada a sua demissão por decisão judicial ou administrativa, sendo-lhe assegurado ressarcimento das vantagens ligadas ao cargo. - Recondução – reingresso do servidor em duas hipóteses: a) servidor é reconduzido quando aquele que foi demitido é reintegrado; b) servidor é reconduzido quando é reprovado no estágio probatório de um novo cargo. Importante: A reintegração, a recondução e o aproveitamento só podem ocorrer quando o servidor for estável. Provimento efetivo – é o que se faz em cargo público, mediante nomeação por concurso público, assegurando ao servidor, após três anos de exercício, o direito de permanência no cargo (estabilidade).Provimento vitalício – é o que se faz em cargo público, mediante nomeação, por concurso público ou não, assegurando ao funcionário o direito à permanência no cargo, do qual só pode ser destituído por sentença judicial transitada em julgado. Ex. Magistratura, Tribunal de Contas, Ministério Público. Provimento em comissão – é o que se faz mediante nomeação para cargo público, independentemente de concurso e em caráter transitório. VACÂNCIA – é o ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, emprego ou função. É desocupação. 5 Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção, falecimento, readaptação e posse em outro cargo inacumulável. Alguns conceitos importantes: Exoneração – ocorre a pedido ou ex officio – não é penalidade – no caso de cargo efetivo, ocorre quando não satisfeitas as exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. Demissão – constitui penalidade pela prática de ilícito administrativo – desliga o servidor dos quadros do funcionalismo. Aposentadoria - inatividade remunerada, assegurado ao servidor público em caso de invalidez, idade ou requisitos conjugados de tempo de exercício no serviço público e no cargo, idade mínima e tempo de contribuição. Promoção – (alguns chamam de acesso) - forma de provimento derivado pela qual o servidor passa para cargo de maior grau de responsabilidade e maior complexidade de atribuições, dentro da carreira a que pertence. É ao mesmo tempo ato de provimento no cargo superior e de vacância no cargo inferior. Nele podem estar critérios como antiguidade e merecimento. É diferente de progressão, pois nesta não há mudança de cargo, mas somente um acréscimo de remuneração no mesmo cargo. Readaptação – é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. IMPORTANTE A transferência (mudar de carreira com apenas um concurso) e a ascensão (passar num concurso mais fácil e ir ascendendo) foram declarados inconstitucionais pelo STF, pois ofendem o princípio do concurso público. REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO Remoção – é do servidor – pode ser de ofício ou a pedido – dentro do mesmo quadro de carreira – com ou sem mudança de sede. Redistribuição – é do cargo – deslocamento do cargo de provimento efetivo vago ou não – REMUNERAÇÃO A remuneração é composta de duas partes – uma fixa, representada pelo padrão fixado em lei, e outra variável de servidor para servidor. 6 Portanto: Remuneração = vencimento básico + vantagens pecuniárias Vencimento básico = retribuição pecuniária pelo serviço prestado no cargo em que ocupa. Vantagens pecuniárias = tudo aquilo que acresce ao vencimento básico – gratificação (de função, natalina, de curso ou concurso), adicional (insalubridade, periculosidade e penosidade) ou indenização (diária, ajuda de custo, transporte, auxílio moradia) Valor mínimo para a remuneração do servidor = pelo menos um salário mínimo. Descontos na remuneração – descontos legais; mediante decisão judicial; empréstimo consignado; servidor em dívida com o erário. SUBSÍDIO – parcela única, que exclui vantagens pecuniárias variáveis – no entanto, pode receber “indenização”. São remunerados por subsídio: - todos os membros de Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário da União, Estados e Municípios), o detentor de mandato eletivo, Ministros, Secretários Estaduais e Municipais. - membros do Ministério Público - integrantes da Advocacia Geral da União, Procuradores de Estado e do DF e os Defensores Públicos - Ministros do Tribunal de Contas - servidores públicos policiais Remuneração e subsídio - somente podem ser fixados ou alterados por lei específica - exigem revisão anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices – necessidade de existência de dotação orçamentária. Limites com pessoal – União = 50% da receita corrente líquida // Estados e Municípios = 60% da receita corrente líquida Irredutibilidade de subsídio e de vencimentos – art. 37, XV, CF – respeitados os tetos constitucionais. Outros conceitos: - provento – é a retribuição pecuniária a que faz jus o aposentado. - pensão – é o benefício pago aos dependentes do servidor falecido. 7 Jornada de trabalho – diária = 6 a 8 horas / semanal = 40 horas / permissivo de 2 horas extras por dia. Férias – período de 30 dias (exceto operador de raio X – 20 dias de férias consecutivas por semestre) - adicional de 1/3 da remuneração – pode ser parceladas em até 3 etapas requeridas pelo servidor e no interesse da Administração – pode acumular até 2 períodos – interrupção das férias: calamidade pública, comoção interna, jurado, serviço militar ou eleitoral, necessidade do serviço. Licenças – com ou sem remuneração – hipóteses: - por motivo de saúde em pessoa da família; - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; - para o serviço militar; - para atividade política; - para capacitação; - para tratar de interesses particulares; - para desempenho de mandato classista. DIREITO DE ACESSO AOS CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS Para brasileiros que preencham os requisitos da lei, abrangendo natos e naturalizados. Estrangeiros – estende-se também a eles, na forma da lei. Essa lei ainda não foi editada. Pode ser lei de cada ente federado. Há órgãos que já preveem contratação de estrangeiro. (ex. art. 5º., § 3º., LEI 8.112/90 – Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. - As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta lei. Também estendido ao cidadão português c/ igualdade de direito e obrigações (Art. 12, § 1º., da CF / Decreto 70.436/72) IMPORTANTE - A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração – art. 37, II, CF CONCURSO PÚBLICO – procedimento aberto a todos os interessados, vedando-se concursos internos. 8 É uma séria complexa de procedimentos para apurar as aptidões pessoais apresentadas por um ou vários candidatos que se empenham na obtenção de uma ou mais vagas e que submetem voluntariamente seus trabalhos e atividades a julgamento de comissão examinadora. (José Cretella Júnior) Servidor temporário – contratação mediante processo seletivo simplificado - Lei 8.745/93 - Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, em âmbito federal (processo seletivo simplificado ou concurso simplificado) Funções de confiança para direção, chefia e assessoramento – não exigem concurso público, pois são exercidas por servidores ocupantes de cargo efetivo. Abrange toda a Administração Direta, bem como a Indireta: • Autarquias; • Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; • Sociedades de Economia Mista; • Empresas Públicas; • Demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, mesmo que visem a objetivos estritamente econômicos, em regime de competitividade com a iniciativa privada. • Conselhos profissionais (natureza autárquica) Prazo do concurso – até 2 anos – prorrogável por igual período, por uma vez,a critério da Administração Etapas do procedimento de acesso: Concurso – Aprovação – Nomeação – Posse – Exercício - Estágio probatório (3 anos) Nomeação é ato de provimento originário – é unilateral. Em âmbito federal, após a nomeação, trinta dias para tomar posse. Após a posse, quinze dias para o efetivo exercício. Importante: a investidura ocorre no momento em que se toma posse – daí a pessoa passa a ser servidora. Nomeação dentro do número de vagas – tem sido reconhecido como direito subjetivo pela jurisprudência, pois a Administração estaria vinculada ao número de vagas disposto em edital. Pessoas portadoras de deficiência nos concursos públicos – reserva de no mínimo 5% das vagas – em âmbito federal, o limite máximo é de 20%¨ 9 IMPORTANTE - Súmula 683 do STF – o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º., XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. Igualdade de participação nos concursos – requisitos diferenciados somente poderão ser solicitados se amparados em lei – princípio da razoabilidade – que se justificam em razão da natureza do cargo DIREITO DE GREVE E LIVRE ASSOCIAÇÃO SINDICAL Art. 37, VI e VII, da CF – assegura ao servidor público o direito à livre associação sindical e o direito de greve, que será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Direito à livre associação sindical – é autoaplicável Direito à greve – mediante lei – que poderia ser editada por cada ente federado – até o momento a legislação não existe. O STF entendeu pela aplicação da Lei 7.783/89 (lei de greve do setor privado) aos servidores públicos até que seja suprida a omissão legislativa, naquilo que for compatível. PROIBIÇÃO DO ACÚMULO DE CARGOS É vedada a acumulação de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, observado, em qualquer caso, o teto de vencimento ou subsídio. Podem ser para: - dois cargos de professor - um cargo de professor com outro técnico ou científico - dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas - o juiz com um cargo de magistério - o promotor com um cargo de magistério - o vereador – que poderá continuar exercendo seu cargo se houver compatibilidade de horário, recebendo pelos dois. 10 ESTABILIDADE Estabilidade é a garantia de permanência no serviço público assegurada após 3 anos de efetivo exercício – chamado estágio probatório. O estágio probatório tem por finalidade apurar se o servidor apresenta condições para o exercício do cargo, referentes à moralidade, assiduidade, disciplina e eficiência. Deve se submeter à avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Não confirmados os requisitos, caberá exoneração ex officio, desde que assegurado ao interessado do direito de defesa. Perda do cargo por servidor estável: - mediante sentença judicial transitada em julgado ou processo administrativo disciplinar, em que seja garantida a ampla defesa. - para cumprir o limite de pessoal exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (ações: redução de 20% com cargos em comissão e funções de confiança; exoneração de servidores não estáveis; exoneração de servidores estáveis – nesse último caso, o cargo será extinto e não poderá ser novamente criado no prazo de 4 anos – o servidor fará jus a indenização de um mês de remuneração por ano de serviço). IMPORTANTE: - DISPONIBILIDADE – garantia de inatividade remunerada, assegurada ao servidor estável, em caso de ser extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade. - APROVEITAMENTO – reingresso, no serviço público, do funcionário em disponibilidade, quando haja cargo vago de natureza e vencimento compatíveis com o anteriormente ocupado. AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO O art. 38 da CF assegura ao servidor público em exercício de mandato o direito de ficar afastado do cargo, emprego ou função, computando-se esse tempo para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento. IMPORTANTE: Prefeito – afasta-se do cargo, mas pode optar pela melhor remuneração. Vereador – se houver compatibilidade de horário, pode exercer o cargo e o mandato, recebendo de ambos. Se não houver compatibilidade de horário, afasta-se do cargo, mas pode optar pela melhor remuneração. 11 APOSENTADORIA Aposentadoria é o direito à inatividade remunerada, assegurado ao servidor público em caso de invalidez, idade ou requisitos conjugados de tempo de exercício no serviço público e no cargo, idade mínima e tempo de contribuição. Portanto, temos aposentadoria por invalidez, compulsória (aos 70 anos) e voluntária. Regimes previdenciários – regime geral da previdência social (igual ao trabalhador privado) e regime próprio do servidor Previdência complementar – EC 20 – outorgou à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a possibilidade de instituírem regime de previdência complementar para os seus servidores titulares de cargo efetivo, ou seja, para o regime próprio do servidor. A instituição não é obrigatória, ficando a critério de cada ente. Quando instituído o regime de providência complementar, poderão tais servidores ficar sujeitos ao limite máximo do regime geral de previdência social. No âmbito federal, o regime de previdência complementar foi criado pela Lei 12.618/12. RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO (ADMINISTRATIVA, PENAL, CIVIL) – IMPROBIDADE O servidor público sujeita-se à responsabilidade civil, penal e administrativa, havendo total independência entre as esferas. RESPONSABILIDADE CIVIL É de ordem patrimonial e decorre do art. 186 do CC – todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo. Para o ilícito civil exige-se: - ação ou omissão antijurídica - culpa ou dolo na responsabilidade subjetiva; na responsabilidade objetiva não se exige culpa ou dolo. - relação de causalidade entre a ação ou omissão e o dano verificado. - ocorrência de um dano material ou moral. Quando o dano é causado por servidor, é necessário distinguir se: - é dano causado ao Estado - a responsabilidade é apurada pela própria Administração, por meio de processo administrativo com todas as garantias de defesa, e o servidor terá descontando dos seus vencimentos a importância necessária para ressarcimento dos prejuízos. 12 - é dano causado a terceiros – nesse caso, o Estado responde objetivamente, mas fica com direito de regresso contra o servidor que causou o dano, desde que tenha agido com dolo ou culpa. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA O servidor responde administrativamente pelos ilícitos administrativos definidos na legislação estatutária. Apresenta os mesmos elementos do ilícito civil – ação ou omissão contrária à lei, culpa ou dolo e dano. A infração será apurada pela própria Administração Pública, que deverá instaurar procedimento adequado a esse fim, assegurando o contraditório e a ampla defesa. Comprovada a infração, o servidor fica sujeito a penas disciplinares. RESPONSABILIDADE PENAL O servidor responde penalmente quando pratica crime ou contravenção. Elementos caracterizadores: - ação ou omissão antijurídica e típica - dolo ou culpa, sem possibilidade de responsabilidade objetiva - relação de causalidade - dano ou perigo de dano. COMUNICABILIDADE DE INSTÂNCIAS As esferas de responsabilidade são independentes. O servidor poderá responder, ao mesmo tempo, por ilícito administrativo, civil e penal, sem caracterizar “bis in idem”. Quando a infração pratica é ao mesmo tempo definidaem lei como ilícito penal e ilícito administrativo ou civil – instauram-se o processo administrativo disciplinar ou civil e o processo criminal, prevalecendo a regra da independência entre as instâncias. No entanto, a responsabilidade administrativa ou civil do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou da sua autoria. Absolvições por falta de provas, por prescrição, não afastam a responsabilidade administrativa ou civil. Temos situações em que o fato não constitui crime, mas poderá corresponder a uma infração disciplinar. Portanto, se o servidor é absolvido por não constituir o fato infração penal, essa ação pode não repercutir no administrativo. Quando o funcionário é condenado na esfera criminal, o juízo cível e a autoridade administrativa não podem decidir de forma contrária, uma vez que, nessa hipótese, houve decisão definitiva quanto ao fato e à autoria. 13 A perda do cargo, função pública ou mandato deixou de ser pena acessória e passou a constituir efeito da condenação. Pela Lei 9.268/96, há perda de cargo, função pública ou mandato eletivo em duas hipóteses: - quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. - quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos nos demais casos. Os próprios estatutos admitem, em regra, a possibilidade de continuar o funcionário como titular do cargo, não obstante condenado em processo criminal, determinado que, no caso de condenação, se esta não for de natureza que acarrete a demissão do funcionário, ele seja considerado afastado até o cumprimento total da pena, com direito a receber parte da remuneração. Má conduta na vida privada – segundo a jurisprudência, para se caracterizar como ilícito administrativo, tem que ter, direta ou indiretamente, algum reflexo sobre a vida funcional. RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PRATICADA POR AGENTE PÚBLICO Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa - coexiste com as sanções civis, penais e administrativas e com as sanções dos controles internos e externos Elemento subjetivo – verificação de dolo ou culpa Art. 9º. – enriquecimento ilícito – exige dolo* Art. 10 – atos que causem lesão ao erário – exige culpa ou dolo Art. 11 – ações ou omissões que atentem contra os princípios da Administração Pública ou que violem os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições – exige dolo* *A forma culposa enseja responsabilidade administrativa e/ou civil SANÇÕES DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - ressarcimento aos cofres públicos - perda da função pública - suspensão dos direitos políticos - pagamento de multa civil 14 - proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios e incentivos fiscais ou creditícios Não se aplicada a teoria da insignificância – STJ – RESP 892.818-RS. Incide também aos agentes privados (licitantes/contratados) IMPORTANTE LEI FEDERAL 12.846/2013 – LEI ANTICORRUPÇÃO Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. Trata-se de mais uma ferramenta para tentar coibir atos lesivos à Administração. Representa um avanço no sentido que dá poderes à Administração para que ela mesma possa apurar e penalizar pessoas jurídicas no âmbito administrativo, quando da ocorrência da prática de atos lesivos, inclusive com a reparação dos danos causados. Nesse caso, entendo ser mais uma ferramenta contra atos de corrupção. Entrou em vigor em 29 de janeiro de 2014 A QUEM SE APLICA • Sociedades empresárias • Sociedades simples • Fundações • Associações • Entidades • Pessoas físicas (dirigentes, administradores, ou qualquer pessoa natural autora, coautora ou partícipe do ato ilícito) • Sociedades Estrangeiras – que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro Constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente Responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou qualquer pessoa natural autora, coautora ou partícipe do ato ilícito Dirigentes e administradores serão responsabilizados na medida de sua culpabilidade 15 RESPONSABILIZAÇÃO A legislação dispõe sobre a responsabilidade objetiva, nas esferas civil e administrativa, a exemplo da responsabilidade do próprio Estado, o que significa que não haverá necessidade de comprovação da culpa ou dolo da pessoa jurídica, bastando apenas haver uma relação de causalidade entre o ato prejudicial e o envolvimento dela. Antes, muitas empresas eram flagradas em práticas ilícitas, no entanto argumentavam que o ato era isolado de um empregado – era difícil a comprovação da responsabilidade da empresa, que afirmava não conhecer a prática Com a Lei, o conhecimento é presumido – visto que a empresa tem o dever de saber dos atos praticados por seus empregados ou prepostos CONDUTAS LESIVAS – estão previstas na lei RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA No âmbito administrativo, as sanções previstas são: a) multa, no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação (no caso de não ser possível utilizar o critério sobre o valor do faturamento, a multa será de R$ 6.000,00 a R$ 60.000.000,00); e b) publicação extraordinária da decisão condenatória, para que fique de conhecimento público. Essas sanções serão aplicadas independentemente da reparação do dano por parte da empresa – as custas de publicação serão do condenado ACORDO DE LENIÊNCIA Caso a pessoa jurídica colabore efetivamente com as investigações e o processo administrativo É uma espécie de “delação premiada” Poderá ser celebrado pela autoridade máxima de cada órgão ou entidade Da colaboração deve resultar: - Identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber - Obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração BENEFÍCIOS 16 - Isentará a pessoa jurídica da sanção de publicação e de proibição de receber incentivos públicos - Reduzirá em até 2/3 o valor da multa aplicável NÃO EXIME DO RESSARCIMENTO DOS DANOS CAUSADOS RESPONSABILIDADE JUDICIAL Além do âmbito administrativo, a legislação também prevê a responsabilidade judicial, por meio de ação ajuizada no Poder Judiciário. Nesse caso, as sanções poderão abranger: a) perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; b) suspensão ou interdição parcial de suas atividades; c) dissolução compulsória da pessoa jurídica – chamada “pena de morte da empresa”; d) proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. As sanções poderão ser aplicadas de forma cumulativa ou isolada Essa ação poderá ser proposta pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, por meio de suas respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial ou equivalente, ou pelo Ministério Público RESPONSABILIZAÇÃO PENAL Nesta lei, não há previsão de responsabilidade penal. Continua a ser aplicada a responsabilidadecom base no Código Penal e nas leis especiais. RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS A autoridade competente que, tendo conhecimento das infrações da Lei, não adotar as providências para a apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrativamente nos termos da legislação aplicável.
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