Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 NOVAS PRÁTICAS APLICADAS À SCM A - REESTRUTURAÇÃO DA BASE DE FORNECEDORES E CLIENTES A competição, cada vez mais intensa no século XXI, tem forçado os gestores a definir estratégias que aumentem a eficiência organizacional, garantindo um espaço na arena global. Dentre as estratégias a serem definidas pela área de Suprimentos está a forma de relacionamento que a empresa deseja ter com suas fontes de aquisição. Fornecedores e clientes são ao mesmo tempo competidores e parceiros. O grau de cooperação e transparência entre esses depende do alinhamento das estratégias e culturas. No geral o relacionamento é definido pelo poder relativo de cada empresa e do tipo de bens e serviços está sendo comercializado. A estratégia de fornecimento de uma empresa é definida por meio de três decisões primordiais: a base de fornecedores; a escolha dos fornecedores; e quantos itens cada fornecedor deve atender. Um dos fatores que mais contribuem na integração da SCM é a reestruturação dos elementos que a compõem e seus relacionamentos com os parceiros. Essa iniciativa da reestruturação é normalmente promovida pelas empresas líderes da SC, com o objetivo de definir um conjunto de empresas (fornecedores e clientes) com as quais uma empresa deseja realmente construir um efetivo relacionamento. Nesse sentido, o processo de reestruturação de fornecedores e clientes busca alinhar competências que possam proporcionar benefícios a empresa-foco e aos clientes finais, sendo realizado em duas etapas: 1) Primeiramente, a empresa-foco trabalha no plano horizontal, selecionando as empresas parceiras com quem vai se relacionar, reduzindo assim a base de fornecedores e clientes mantendo um canal direto e ágil de comunicação. 2) Consecutivamente, a empresa trabalha no plano vertical, aprofundando e consolidando as relações (de parceria) com as empresas selecionadas na fase anterior. 2 Essa reestruturação facilita e intensifica as relações de parcerias que têm importância mútua para as partes envolvidas. Esses tipos de relacionamentos, normalmente são caracterizados pelo Win-Win, são de longo prazo, com contatos constantes e baseados na confiança. A.1 REESTRUTURAÇÃO NA BASE DE FORNECEDORES Em relação aos fornecedores, a lógica do processo de reestruturação está baseada na premissa de que é importante manter o menor número possível de fornecedores, fato esse que facilita o compartilhamento de diversos tipos de informações e a conquista de uma gestão da demanda de melhor qualidade, reduzindo substancialmente os estoques e agregando valor ao produto final. A fidelidade ao fornecedor depende da sua permanência na liderança tecnológica e na qualidade de seu produto ou serviço. O processo de reestruturação de fornecedores tem como base algumas ações, a saber: A avaliação do quadro de fornecedores, visando se estabelecer quais possuem um nível de qualidade no fornecimento compatível com as necessidades futuras e quais clientes devem ser atendidos de forma diferenciada. A redução do número de fornecedores, procurando selecionar os que possuem maior potencial de fornecer bens e serviços de maior valor agregado. A consolidação da base de fornecedores promove um aprofundamento e estreitamento da relação de aliança com cada fornecedor. O desenvolvimento das competências necessárias nos fornecedores selecionados, fazendo com que esses alcancem o nível de exigência desejado. A.1.1 - RELACIONAMENTOS ESTRATÉGICOS CLIENTE-FORNECEDOR I - GLOBAL SOURCING A crescente internacionalização da economia tem permitido às empresas selecionar fornecedores ou até mesmo produzirem em regiões independentes de sua localização geográfica. A partir desse contexto surge a prática de Global Sourcing. Global Sourcing significa fornecimento global, ou seja, a busca por fornecedores não importando sua localização geográfica. Nesse sentido, essa estratégia de compras pode ser entendida como sendo, a compra de materiais, bens e serviços de fornecedores que se 3 encontram fora das fronteiras nacionais. Essa estratégia apresenta como desvantagem os riscos logísticos e é utilizado, em geral para peças de baixo valor agregado e/ou conteúdo tecnológico, cujos custos de estocagem, as montadoras estejam dispostas a bancar, em troca de um preço menor. Essa política é usada também como ameaça, no momento da negociação com fornecedores locais, a fim de forçá-los a uma diminuição de preços. Como posicionamento estratégico, as grandes empresas ocidentais têm identificado rapidamente a oportunidade que representa a compra de bens e serviços de fornecedores globais, visando reduzir seus custos de compras, beneficiando-se também de uma mão-de-obra barata. Essas empresas, ao mesmo tempo pressionam seus fornecedores locais tradicionais, obrigando-os a reduzir seus preços e/ou a transferir sua produção para países com menor custo. 4 II - FOLLOW SOURCING No Follow Sourcing, o fornecedor de um componente no local onde o veículo foi fabricado pela primeira vez “segue” a montadora, ou seja, instala novas plantas nos países em que o veículo será fabricado. Essa estratégia é uma iniciativa conjunta entre fornecedor e cliente, que institui uma relação de fornecimento para qualquer local onde a empresa-cliente estabelecer sua planta produtiva. Esse movimento está associado à instituição de fornecedores únicos para determinados insumos e ao processo de expansão das empresas em novos mercados. O objetivo dessa estratégia é assegurar que os produtos tenham a mesma qualidade e tecnologia no seu local de produção, independentemente de onde se encontra a fabricação. No caso da indústria automotiva, o Follow Sourcing alcançou uma importância estratégica no processo de produção, porque a transferência dos fornecedores de componentes, onde se instalaram as montadoras, reduziu o custo de produção e assegurou uma maior agilidade no seu processo. Tal procedimento objetivou fornecer esses componentes com a mesma qualidade e tecnologia. Outro aspecto da questão, relaciona-se com a necessidade de novos investimentos por parte dos fornecedores. Se esses não alcançarem um patamar significativo de demanda, o Follow Sourcing pode não se tornar viável. III - SINGLE, SOLE E MULTI SOURCING No tocante a definição da base, as empresas podem optar, por três estratégias clássicas: a) Fornecedor único (single sourcing) - o cliente possui mais de um fornecedor qualificado a sua disposição, porém em função de alguns critérios de escolha, abastece-se com apenas um desses. b) Fornecedores exclusivos (sole sourcing) - o cliente possui apenas um fornecedor qualificado e exclusivo c) Fornecedores múltiplos (multi-sourcing) - o cliente mantem e utiliza diversos fornecedores para cada item. 5 Essas estratégias possibilitam a formação de uma matriz de decisão que propõe o cruzamento dessas três opções de relacionamentos anteriores, aliadas à forma de atuação dos fornecedores, ou seja, loca l , g loba l , f o l l ow sourc ing X so l e , s ing le, m ut i sourc ing . A.2 - REESTRUTURAÇÃO NA BASE DOS CLIENTES O processo de reestruturação busca estreitar o relacionamento com um grupo de clientes, com o intuito de aumentar o nível de serviço e potencializar os ganhos mútuos. Em se tratanto da base de clientes, a idéia de uma reestruturação tende a ser mais complexa na maioria das empresas, haja vista que traz consigo a sensação de “estar perdendo algo”. Assim sendo, a empresa deve ter clareza do retorno proporcionado por cada um dos seus clientes (Lei de pareto:80%/20%), ter consciência das limitações e recursos para atendê-los e, ter a percepção que, muitas vezes é necessario definir prioridades. Dessa forma, diversas empresas tem redefinido sua base de clientes em função da rentabilidade e do retorno que os clientes proporcionam. B) DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES Em determinadas indústrias, os gastos com fornecedores respondem cerca de 50% do custo anual de produção, fato esse que reforça a necessidade de integração com esses parceiros. Felizmente, as relações entre clientes e fornecedores têm evoluído nos últimos anos, acompanhando todo crescimento do setor de Compras na conquista do seu posicionamento estratégico nas organizações. Dessa forma, um dos principais objetivos do setor de Compras é manter uma rede de fornecedores capacitados. Isso significa que a habilidade de uma empresa em produzir produtos de qualidade, a um preço razoável, no tempo certo é um fator fortemente influenciado pela capacidade dos fornecedores. Quando um fornecedor é incapaz de corresponder às necessidades do comprador, esse comprador tem algumas opções: a) Verticalizar o item que estava sendo produzido pelo fornecedor externo. b) Mudar para um fornecedor mais capaz; c) Ajudar a melhorar a capacidade dos fornecedores atuais ou realizar uma combinação dessas três alternativas. 6 Devido às incertezas de encontrar uma fonte melhor de fornecimento e ao alto custo para pesquisar e avaliar novos fornecedores, uma opção viável para as empresas é trabalhar com os fornecedores atuais visando melhorar o seu desempenho. Nesse sentido, tendo em vista a alternativa de ajudar o fornecedor a melhorar suas competências, a prática de Desenvolvimento de Fornecedores (DF) é a atividade que uma empresa-cliente realiza com o intuito de melhorar o desempenho e/ou capacidade (competências) do fornecedor. Em termos gerais, essa atividade pode variar de uma simples avaliação informal das operações do fornecedor, até a criação de programas de investimento conjunto, em treinamento, melhorias de processo e produto, etc. O DF demanda de ambos os lados (clientes e fornecedores) o comprometimento de capital, recursos humanos e o compartilhamento adequado de informações, bem como a criação de um mecanismo adequado para se medir o desempenho. Os casos de sucesso reforçam a afirmação de que o DF deve sempre ser tratado sob uma perspectiva estratégica de médio e longo prazo, a partir da implantação de um processo de cinco etapas, a saber: 1 – Identificar os itens mais críticos: Nem todas as empresas-cliente necessitam desenvolver fornecedores, visto que algumas são abastecidas por fornecedores de classe mundial. Entretanto, todos os itens de fornecimento devem ser analisados e classificados no tocante a sua importância estratégica. Dessa forma, a atenção maior deve estar focada nos itens considerados “estratégicos”, os quais são de alto valor agregado e de difícil substituição. 2 – Identificar os fornecedores críticos: Consiste em avaliar o desempenho dos fornecedores dos itens classificados como estratégicos. São justamente os fornecedores desse grupo, os potencias candidatos ao plano de desenvolvimento conjunto. 3 – Formar equipe, alinhar objetivos e definir projetos-chaves: Consiste na criação de uma equipe multifuncional, antes mesmo de iniciar os trabalhos com os fornecedores. Os objetivos da empresa-cliente e as regras de condução do processo de DF devem estar claramente definidos. O próximo passo é contactar, discutir e alinhar estrategicamente os objetivos com o fornecedor, definindo quais são os projetos-chaves a ser desenvolvidos. 4 – Definir detalhes do contrato: Após a identificação de um potencial projeto de melhoria, ambas as empresas necessitam definir as métricas especificas para monitorar seu 7 sucesso. Essas métricas devem incluir o potencial de melhoria de qualidade a ser obtido, o potencial de redução de custos a ser obtido, o taxa de entregas no prazo a ser obtida, etc. O acordo deve também especificar as datas dos eventos importantes e prazos finais do processo de melhoria, bem como o papel a ser desempenhado por cada das empresas dentro do processo. 5 – Monitorar o DF e modificar estratégias: O processo de DF deve ser constantemente monitorado (por meio de KPIs) e o plano inicial dever ser reajustado sempre que for necessário. C) VMI (Vendor Managed Inventory) No modelo de CMI (Customer Managed Inventory) os clientes gerenciam seus próprios níveis de estoque com pouco foco na colaboração, de forma oposta ao VMI. Dessa forma, o CMI não é apontado como uma iniciativa de colaboração. Existem na literatura, muitas definições para a prática de VMI, muitas dessas semelhantes. Alguns autores afirmam que VMI (Vendor Managed Inventory) é uma prática onde o fornecedor tem a responsabilidade de gerenciar o seu estoque no cliente, incluindo o processo de reposição. Nesse sentido, o VMI pode ser entendido como uma “nova versão” ou como uma “evolução” da prática de estoque consignado, porém agora inserida no contexto de um ambiente de negócios com maior nível de colaboração e utilização da TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação). Alguns autores avaliam que a implantação e a operacionalização de um VMI só fazem sentido se estiverem baseadas em uma relação de parceria, com um compartilhamento extensivo de informações. Seu efetivo funcionamento requer significativa integração de informações e de coordenação de processos entre as empresas da cadeia envolvida. Dessa forma, com o VMI é o fornecedor o responsável por todas as decisões relacionadas ao estoque de produto do cliente e como resultado, o controle das decisões de ressuprimento muda para o fornecedor, ao invés do cliente. Para tal, a prática do VMI requer que o cliente compartilhe com o fornecedor informações sobre sua demanda para permitir que esse tome as decisões necessárias para o ressuprimento. Além disso, o VMI também auxilia na melhoria da previsão de produção do fornecedor, pois essa produção está diretamente ligada à demanda dos clientes. 8 Sendo assim, o VMI inverte a lógica comumente utilizada entre clientes e fornecedores para a reposição de mercadorias, onde é o cliente quem decide quando e quanto comprar do seu fornecedor. No VMI esse controle é do fornecedor e as decisões são balizadas em políticas e regras de ressuprimento e de manutenção de estoques definidas de forma conjunta entre as partes. Para que a visibilidade, a integração e as regras de ressuprimento proporcionadas pela lógica do VMI ocorram com sucesso é fundamental a utilização de TIC que automatizem os procedimentos de cálculo, bem como apresentem, de forma simples e integrada, a situação das vendas e dos estoques de cada elo participante do processo. 9 D) CPFR (COLLABORATIVE PLANNING, FORECASTING, AND REPLENISHMENT) O CPFR é uma prática comercial que combina a inteligência de múltiplos parceiros no planejamento e atendimento da demanda do cliente. Nesse sentido, o CPFR se apresenta como uma forte integração entre os elos de uma cadeia de suprimentos. Nesse sentido, os parceiros passam a colaborarem nas previsões da demanda e ordens de pedido, atualizando seus planos regularmente, com base na troca de informações via Eletronic Data Interchange (EDI) e conduzindo os estoques do cliente a níveis ótimos, reduzindo os estoque do fornecedor e reduzindo o índice de ruptura de gôndola no varejo. Além disso, esse planejamento colaborativo permite ainda, o melhor planejamento da produção e da distribuição de forma a otimizar o equilíbrioentre o melhor custo e a melhor taxa de serviço e, consequentemente, aumento nas vendas. Sendo assim, o objetivo central do CPFR é o de obter, por meio de um planejamento compartilhado, uma maior precisão nas previsões de vendas e nos planos de ressuprimento. Como resultado, torna-se possível a minimização dos estoques ao longo da cadeia de suprimentos e a obtenção de altos níveis de serviço, o que por sua vez tende resultar em um aumento nas vendas. 10 E) ESI (Early Supplier Involvement) Com origem na indústria automobilística, o ESI (Early Supplier Involvement), trata-se da prática que aborda o envolvimento dos fornecedores, desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos produtos dos seus clientes. Diferentemente de um processo tradicional de desenvolvimento de novos produtos, onde o fornecedor é selecionado durante ou depois da fase de engenharia, com o ESI o fornecedor é escolhido logo no início do projeto e participa de todas as fases do desenvolvimento do produto. Dessa forma, o fornecedor colabora com sua competência e know-how no desenvolvido do produto, resultando em maior rapidez, menor custo e melhor qualidade. Os fatores que têm levado muitos setores industriais a adotarem a prática do ESI são explorados por alguns autores, os quais os dividem em três grupos principais: as pressões advindas do ambiente externo, as regras sociais e industriais vigentes e as opções da empresa. Esses autores propõem cinco níveis de envolvimento do fornecedor na parceria. 1º Nível (design supplier - desenvolvimento conforme o projeto): o fornecedor recebe do cliente as necessidades técnicas (em termos de produto e processo) e fornece no padrão do subcontrato tradicional. 2º Nível (design shared – projeto compartilhado): o fornecedor leva alguns inputs e feedback ao cliente em termos de projeto, incluindo melhorias em custo e qualidade. 3º Nível: o fornecedor participa significativamente na concepção do produto com base nas especificações técnicas da empresa-cliente. 4º Nível: com base em especificações funcionais e estudos de viabilidade, o fornecedor assume a responsabilidade pelo projeto do componente desde a concepção até a manufatura. Os direitos de propriedade do desenvolvimento podem ficar tanto com o fornecedor como com o cliente. 5º Nível (design source): com base em especificações funcionais, o fornecedor assume total responsabilidade pelo projeto do componente desde a concepção até a manufatura. Nesse caso o direito de propriedade pelo desenvolvimento fica de posse do fornecedor. 11 F) IPR (In Plant Representatives) Para se entender o processo de IPR é necessário inicialmente se abordar os níveis de integração de trabalho entre empresas. Nesse sentido, são identificados quatro níveis de integração das empresas com seus fornecedores, partindo-se da menor para a maior responsabilidade do fornecedor: 1) Nenhuma (no box) - O fornecedor não é envolvido no projeto. Os materiais e as submontagens são fornecidos de acordo com as especificações e projeto do cliente. 2) Caixa Branca (white box) - Este nível de integração é informal. O comprador "consulta" o fornecedor informalmente, quando está projetando os produtos e as especificações, embora não exista nenhuma colaboração formal. 3) Caixa Cinza (grey box). Esse nível representa a integração formal do fornecedor. Equipes colaboradoras são formadas entre os engenheiros do comprador e do fornecedor e o desenvolvimento ocorre em conjunto. 4) Caixa Preta (black box). Nesse nível, o comprador passa ao fornecedor um conjunto de exigências e o fornecedor projeta e desenvolve o componente requisitado de forma independente O IPR é definido como a introdução de um representante da empresa, trabalhando em tempo integral dentro da empresa cliente, ou mesmo dentro de uma empresa fornecedora. Essa prática surgiu nos EUA, em meio a uma onda de insatisfação de importantes empresas norte-americanas, que começaram a buscar alternativas para atender de forma mais efetiva às necessidades de suprimentos. Uma das grandes vantagens dessa prática está associada à questão das competências de cada integrante da SCM, porque passa a contar com o know how de seu fornecedor, favorecendo muito o desenvolvimento de novos produtos e o aprimoramento dos existentes. O trabalho de representantes em tempo integral em uma empresa fornecedora ou cliente cria um canal de comunicação dinâmico e colaborativa na relação entre as empresas envolvidas. No geral, a prática elimina ou atenua as eventuais relações conflituosas entre as empresas, criando uma relação com ganhos mútuos. 12 A situação mais comum é ter representantes do fornecedor junto ao cliente. Sob a perspectiva da empresa cliente, pelo menos dois fatores estimulam na prática: Primeiro, é concenso que ninguem conhece melhor determinado produto ou componente do que seu próprio fornecedor e que a empresas cliente pode e deve aproveitar bem esse conhecimeto. Segundo, com o representante do fornecedor posicionado dentro das empresas clientes existe maior velocidade nas soluções de eventuais problemas, agilizando o esclarecimento de dúvidas e negociações. Já sob a perspectiva da empresa fornecedora, um representante trabalhando junto a um grande cliente pode garantir uma melhora significativa no nível de serviço prestado, com consequente criação de uma grande barreira para entrada de eventuais concorrentes. Assim sendo, em muitas situações o fornecedor pode caminhar no sentido de um “fornecedor de soluções” dentro do território do cliente. G) POSTPONED MANUFACTURING (MANUFATURA POSTERGADA) A manufatura postergada consiste em atrasar a montagem final do produto até o momento do recebimento das ordens dos clientes. Os principais componentes do produto são pré-manufaturados em módulos, armazenados em um local específico e agrupados a outros itens posteriormente, conforme a especificação do pedido. Alguns autores salientam que a manufatura postergada é uma combinação específica de três tipos genéricos de postergação: forma, tempo e lugar: a) Formato - A postergação da forma se refere ao adiamento da montagem final ou de atividades de processos. b) Tempo - A postergação do tempo implica movimentar as mercadorias, apenas após o recebimento dos pedidos dos clientes. c) Lugar - Já a postergação de lugar, refere-se a posicionar os estoques em operações centralizadas de manufatura ou distribuição, a fim de postergar movimentações de mercadorias para os clientes. 13 Certos autores afirmam que a postergação é um meio de reduzir o risco de uma estratégia de antecipação. Uma estratégia de antecipação, comum em organizações tradicionais, visa executar as operações de produção e distribuição de forma antecipada às demandas futuras. Caso a demanda não ocorra, uma série de produtos ficarão armazenados ao longo dos canais de distribuição. À medida que for possível se postergar a produção ou a distribuição, o risco de produção incorreta ou o acúmulo de estoque pode ser minimizado ou até eliminado. Outra vantagem apresentada pela estratégia de postergação é que essa procura aproveitar o máximo possível das vantagens da produção em massa, postergando o processo de configuração final dos produtos para a etapa da cadeia produtiva mais próxima do cliente final. H) MILK RUN O Milk Run é baseado em uma antiga prática da Logística de Abastecimento (inbound) com origem atribuída aos tradicionais sistemas de abastecimentos das usinas pasteurizadoras e beneficiadoras de leite. A lógica é ter um sistema de abastecimento com roteirose horários predefinidos para as coletas de materiais junto aos fornecedores. O objetivo principal é reduzir os custos logísticos de abastecimento via economias de escala e racionalização das rotas, bem como aumentar a confiabilidade do processo como um todo. A princípio, o processo pode ser realizado pela empresa cliente, mas a tendência é que seja feito por um operador logístico especializado e com maior potencial para ganhos em escala. O sistema também pode operar com diversas frequências de tempo, dependendo de fatores como, o setor industrial, o 14 produto, o volume de produção e a proximidades com os fornecedores. Em casos mais extremos, como nos limites físicos dos atuais condomínios industriais da indústria automobilística, costuma haver uma frequência na faixa de duas a três horas. Em resumo, a idéia é promover uma coleta colaborativa, onde um único veículo passa coletando cargas de vários fornecedores para um único destino, propiciando a redução de custo, rateado entre vários fornecedores, buscando a maior ocupação do veículo. Contudo, sua implantação necessita de muita atenção das empresas envolvidas visando não causar atrasos no processo. Para que essa o processo de implantação não seja prejudicado existem uma série de cuidados a serem tomados, tais como: o uso de embalagens padronizadas, monitoramento de todo o ciclo da carga, como documentos, localização e entregas, etc. 15 I) CROSS DOCKING Essa prática tem origem no modal marítimo e no ferroviário e se iniciou quando grandes navios passaram a descarregar suas cargas “over to dock”, ou seja, passaram a descarregar diretamente em outros pequenos navios, barcos e vagões ferroviários. De forma simples, pode-se definir Cross-Docking como a prática que visa evitar armazenagens desnecessárias nos Centros de Distribuição. O foco central da mesma está na transposição da carga, em detrimento da armazenagem. As operações de Cross Docking requerem grandes estágios, onde os materiais são classificados, consolidados e armazenados por pouco tempo ou não armazenados. Após esses estágios os produtos estarão prontos para distribuição. As instalações que operam com o Cross Docking recebem carretas de cargas completas FTL (Full Truck Load) de diversos fornecedores e realizam, dentro das instalações o processo de picking dos pedidos, por meio da movimentação e combinação das cargas, diretamente da área de recebimento para a área de expedição. A grande diferença entre o modelo tradicional e o Cross Docking é que no modelo tradicional as mercadorias chegam e são armazenadas no CD até que sejam solicitadas pelos clientes, ou seja, a produção é realizada para stock e empurrada para o cliente. No Cross Docking as mercadorias chegam (Just in Time), na medida em que o cliente já as solicitou, e então são imediatamente processadas e enviadas, eliminando assim a necessidade de armazenagem, ou seja, não há estoques. 16 J) TRANSIT POINT O Transit Point pode ser considerado como um prática racional visando otimizar a efetividade de um sistema de distribuição, sem necessariamente de se ter que incorrer em custos logísticos adicionais, especialmente custos com armazéns. O objetivo dessa é atender, (por meio de uma instalação física ou de um processo de distribuição) a uma determinado mercado distante da fonte de abastecimento (fábrica, armazém, centro de distribuição, etc), ou de difícil acesso, a partir do envio de cargas consolidadas, em um veículo maior (como uma carreta FTL), que serão repassadas em um local pré-determinado para veículos menores (VUCKs), os quais operam localmente. Nesse caso, as cargas já são despachadas com a identificação de seus destinos no momento do fracionamento. Uma característica básica dessa prática é que os produtos já têm os destinos definidos, ou seja, já estão pré-alocados aos clientes e podem ser imediatamente expedidos para entrega. Isso facilita e agiliza o processo de transferência para veículos menores, o que pode ocorrer em locais como galpões, postos de gasolina ou terrenos comuns, que possuem bem menos recursos de movimentação de materiais do que armazéns e centros de distribuição. As instalações do tipo Transit Point são estruturalmente simples, necessitando de baixo investimento. Seu gerenciamento é facilitado, pois não são executadas atividades de estocagem. Todavia, essa operação depende da existência de volume suficiente para viabilizar o transporte e distribuição de cargas consolidadas com frequência regular. 17 L) MERGE IN TRANSIT Merge in Transit é uma prática que é considerada como uma extensão do conceito de Cross Docking combinado aos sistemas JIT e Postponement, sendo aplicado ao transporte e distribuição de produtos de alto valor agregado, formado por multicomponentes, os quais têm são fabricados em diferentes plantas especializadas. Sendo assim, essa prática busca coordenar o processo de distribuição de tal forma que, macrocomponentes do produto final, oriundos de diversos fornecedores, possam ser consolidados em instalações mais próximas possíveis do cliente final, no momento de sua necessidade, sem implicar em estoques intermediários. A mesma procura assim eliminar a movimentação e transporte redundantes, alto custo de estoque e obsolescência dos produtos de alta tecnologia. Um exemplo da aplicação dessa prática é a fabricação de computadores: basicamente formado por CPU, monitor, teclado, etc, um computador é a junção de diversos macrocomponentes, os quais chegam de fornecedores diversos e podem ser consolidados diretamente em um CD devidamente preparado para tal atividade. Nesse sentido, se uma fábrica produz computadores e o monitor vem de um fornecedor terceirizado, esse monitor não necessita passar por essa fábrica, mas sim, poderá ser entregue diretamente no CD, o qual no ato do atendimento ao pedido fará a devida consolidação desse componente junto aos demais componentes necessários (teclado, mouse, etc), entregando o produto final diretamente ao cliente. 18 M) JIS (Just in Sequence) O JIS trata-se de uma prática voltada para o processo de logística inbound que pode ser considerada uma evolução do proceso de abastecimento dentro da lógica JIT (Just in Time), a qual prega a necessidade de entregar ao cliente, o produto certo, na quantidade certa, no momento certo. Dessa forma, o JIS acrescenta a essas três necessidades básicas, também a questão da sequência de entrega certa solicitada pelo cliente. Em termos de implantação, adicionalmente aos requisitos de entregas no padrão JIT, o JIS exige que o fornecedor conheça previamente (geralmente, poucas horas antes) a sequência de entrega que é solicitada pelo cliente. Para se chegar a esse ponto, empresas parceiras devem compartilhar anteriormente informações a respeito do planejamento da produção, especialmente com referência à definição dos PMPs. As entregas JIS, geralmente envolvem itens de alto valor agregado e que são entregues diretos e/ou ao lado de linhas de montagem finais. O elevado custo fixo na produção dos componentes pode ser um dos obstáculos para a instalação de uma empresa dedicada em um Condomínio Industrial, levando muitos fornecedores, a instalarem apenas depósitos, ao invés de fábricas para garantir a entrega seqüenciada.
Compartilhar