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CONTEÚDO DO PLANO DE AÇÃO DE EMRGÊNCIA

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Comitê Brasileiro de Barragens
XXVI Seminário Nacional de Grandes Barragens
Goiânia – GO, 11 a 15 de Abril de 2005
T.95 A01
A IMPORTÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE PLANOS EMERGENCIAIS PARA AS BARRAGENS A MONTANTE DE CENTROS URBANOS
João Francisco Alves SILVEIRA
Consultor – SBB Engenharia Ltda.
José Augusto de A. MACHADO
Consultor – J A Machado Eng. de Projetos Ltda.
RESUMO
Apresenta-se neste trabalho algumas considerações sobre a implementação de um PAE – Plano de Ação Emergencial, particularmente para as barragens localizadas a montante de centros urbanos ou de áreas densamente povoadas. Trata-se de planos emergenciais que seriam acionados quando da ocorrência de cheias excepcionais ou, eventualmente, quando da ocorrência de um evento mais sério com a barragem, que possa implicar em sua ruptura. Analisam-se as etapas básicas de um PAE, a saber, a detecção de uma condição de alerta, a tomada de decisão, a notificação, o acionamento de alerta a jusante e finalmente a evacuação das pessoas sob risco. A implementação de um PAE nem sempre pode garantir a prevenção de perda de vidas ou dos danos materiais, mas pode minimizá-las de modo significativo. 
ABSTRACT
There are many types of emergency events that could affect dams and pose a safety risk to populations living downstream. Emergency action plans - EAP must address both hydrologic and non-hydrologic emergency events. Hydrologic emergency events are defined as any flood induced emergency event. Non-hydrologic emergency events are defined as all emergency events that are not flood-induced, including such examples as piping, or earthquake. Both categories are addressed in this paper. An EAP cannot guarantee the prevention of loss of life or property damage, but it can minimize or reduce the effects of a dam failure or other incidents. While the implementation of the EAP is relatively usual in many developed countries, João Leite dam, owned by SANEAGO, on the outskirts of Goiânia, is the first one to have a detailed study and implementation of a risk analysis and EAP carried through. With the recent failure of the Camará dam, at the Paraíba State, killing some people and causing great damage in the cities of Alagoa Grande and Mulungu, the application of such an emergency action plan was pointed out.
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INTRODUÇÃO
O propósito primário de um PAE - plano de ação emergencial é o de assistir no gerenciamento e dar suporte ao pessoal responsável pela operação da barragem em termos de, primeiramente, salvaguardar as vidas sob risco e as propriedades no caso da inundação causada pelo vertimento de uma cheia excepcional ou pela ruptura da barragem. Um PAE deve também ser concebido objetivando preparar o pessoal responsável pela tomada de decisões e pela implementação de ações preventivas, visando salvaguardar as estruturas da barramento e as populações residentes na área de inundação a jusante.
As rupturas históricas de barragens têm revelado que antes de romperem-se as mesmas dão quase sempre sinais que algo não anda bem, permitindo que um sistema de aviso e alerta possa ter um papel de suma importância no salvamento das populações sob risco. Se se pensar, por exemplo, nas rupturas por galgamento, pode-se afirmar que o primeiro sinal de alerta é dado pela ocorrência de uma chuva excepcional. Nas bacias mais importantes a subida da água se dá, de modo geral, de forma lenta, para que o alerta seja dado em tempo útil.
Alguns acidentes envolvendo a ruptura de barragens têm revelado que as conseqüências a jusante são das mais severas, até cerca de 20 a 30 km a jusante. Cita-se, por exemplo, a ruptura da barragem de Southern Mississippi [1] em 12 de março de 2004, com um volume de 13,2 x 106 m3 de água que verteu para jusante, através de uma brecha aberta no aterro da barragem, causando grande destruição que se estendeu até 28 km a jusante da barragem. Pelo menos 48 casas foram destruídas e 53 outras danificadas, assim como duas igrejas, três instalações industriais, um corpo de bombeiros e numerosas outras instalações. A ruptura recente com a barragem de Camará, no Estado da Paraíba, quando o reservatório acumulava 17,2 x 106 m3 de água, ou seja, 65% da capacidade máxima, veio provocar grandes danos e 7 pessoas mortas (além de 20 desaparecidos), nas cidades de Alagoa Grande (29.000 habitantes) e Mulungu (9.000 habitantes), localizadas cerca de 5 e 22 km a jusante da barragem, respectivamente. Nestas duas cidades foram contabilizadas 3.300 pessoas desabrigadas. A altura da lâmina d’água atingiu cerca de 10 m na região mais atingida da cidade de Alagoa Grande, onde cerca de 200 casas foram destruídas e outras 600 foram inundadas. Os danos nesta cidade atingiram também o comércio local, onde muitos comerciantes tiveram perda total de suas mercadorias. Estas duas cidades ficaram sem meios de comunicação telefônica, abastecimento de água e energia elétrica, estimando-se em 15 dias o tempo para o restabelecimento destes sistemas de abastecimento e comunicação.
A IMPORTÂNCIA DE UM PAE PARA BARRAGENS LOCALIZADAS PRÓXIMAS A CENTROS URBANOS
As barragens construídas a montante de centros urbanos, muitos já densamente povoados, representam uma ameaça real para as populações residentes ao longo do vale do rio, seja quando do vertimento de grandes vazões, seja quando de uma eventual ruptura da barragem. Nos países mais desenvolvidos já está se tornando rotina a implementação de um PAE – Plano de Ação Emergencial, para barragens em tais situações ou que apresentam um maior potencial de risco. No Brasil, a �
implementação de planos emergenciais começa a merecer algumas aplicações, devendo-se concentrar nesta fase inicial justamente sobre as barragens a montante de centros urbanos.
Em decorrência do aumento irreversível de ocupação das áreas a jusante das barragens, a implementação dos PAE’s torna-se cada vez mais premente. Uma comprovação do que tenderá a ocorrer no Brasil, nos próximos anos e décadas, já está a ocorrer em alguns países como, por exemplo, a Coréia do Sul, onde acaba de se realizar a 72ª Reunião Anual do ICOLD, em Seul. Com área de 222.135 km², que é do mesmo tamanho do Reino Unido, Nova Zelândia, e, ligeiramente inferior ao Estado de São Paulo, com população de 47 milhões de pessoas e 70% do país com relevo montanhoso, onde se observa uma intensa ocupação populacional e agrícola dos vales em geral, inclusive imediatamente a jusante de algumas barragens, conforme pode se observar nas Figuras 1 e 2.
	 
FIGURA 1: Vista Geral da Barragem 		FIGURA 2: Vista geral da Barragem
de GWANGJU, na Coréia do Sul.		de SEONAM, na Coréia do Sul.
Uma das ferramentas que se dispõem para atenuação de riscos a jusante de uma barragem é o PAE – Plano de Ação Emergencial, que tem por objetivo essencial permitir a detecção antecipada de uma eventual cheia ou de uma possibilidade de acidente com a barragem, de modo a permitir o estabelecimento de um alerta e remoção das pessoas sob risco na área de inundação.
O PAE constitui, portanto, uma medida não estrutural para a atenuação de risco, pois reduz as conseqüências do acidente e não a probabilidade do mesmo ocorrer. Evidentemente que, em função dos recursos disponíveis, deve-se atenuar os riscos impostos pela barragem, através de medidas estruturais e não estruturais.
IMPORTÂNCIA DO PAE NO PROGRAMA DE SEGURANÇA DA BARRAGEM
O PAE tem a finalidade de preparar o Proprietário, através de um sistema organizado de seu quadro gerencial e operativo (pessoal), para sua atuação em situações de emergência, que possam representar ameaça à vida e à integridade das populações situadas a jusante. O PAE é um importante e necessário item em um programa de segurança de barragem, particularmente quando envolve grandes populações residentes a jusante, podendo ser representado graficamente em termos de uma tríade, conforme indicado na Figura 3.
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FIGURA 3: Tríade sobre a Segurança de uma Barragem – Corso [2]
Desta forma,um programa efetivo de segurança de barragens requer o envolvimento do proprietário, do projetista, e também do governo e de outras partes, no sentido de trabalharem juntos no estabelecimento de critérios comuns, procurando desenvolver um projeto satisfatório e garantir uma construção com qualidade. Uma vez construída e em operação, uma barragem requer inspeções periódicas, a análise periódica da instrumentação, assim como uma manutenção e vigilância permanente. Finalmente, para estarem preparadas para eventos imprevistos ou de antecipação difícil, as grandes barragens devem ser dotadas de um PAE.
Enquanto que um PAE não pode assegurar a prevenção da perda de vidas e de danos às propriedades, ele pode minimizar ou reduzir as conseqüências de uma ruptura ou de outros acidentes. Atualmente, há muita discussão e pesquisa sobre a avaliação de riscos. Enquanto que estas análises podem fornecer informações valiosas no processo de tomada de decisão, não há um substituto adequado para um sistema de alerta antecipado, no sentido de minimizar o impacto de um acidente ou ruptura da barragem.
A implementação de um PAE tem se mostrado extremamente valiosa, de modo que, principalmente as barragens localizadas nas proximidades de áreas urbanas, onde sua ruptura ou a passagem de cheias excepcionais pode causar a perda de vidas humanas ou grandes danos materiais, não podem prescindir de um plano desta natureza.
CONTEÚDO DE UM PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL – PAE
O PAE é um documento formal que identifica as condições emergenciais em potencial da barragem e estabelece as ações pré-planejadas a serem seguidas, para minimizar a perda de vidas humanas e os danos materiais a jusante. O PAE especifica as ações que o proprietário da barragem deve tomar para mitigar os problemas decorrentes de sua eventual ruptura. Ele também contém os procedimentos e as informações, incluindo mapas de inundação, para auxiliar o proprietário no estabelecimento de planos da alerta e mensagens de notificação, para as entidades responsáveis, a serem seguidas em situações de emergência. Estas podem decorrer de duas situações básicas:
A situação atual ou evolutiva da ruptura da barragem;
A condição, de uma cheia excepcional, quando a barragem não estiver sob risco. Neste caso, o proprietário da barragem, quando do vertimento de grandes vazões, pode acionar uma condição de alerta para a comunidade a jusante, devido às sérias implicações para os residentes nas proximidades da calha do rio.
As informações contidas em um mapa de inundação são utilizadas para a preparação das entidades e agências (incluindo o proprietário), no sentido de agilizar o tempo de evacuação das áreas a jusante, ou para a tomada de ações apropriadas a jusante da barragem.
O estabelecimento de um PAE deve ser realizado por engenheiros ou firmas de engenharia familiarizadas com a segurança da barragem, com especialistas em hidrologia, hidráulica, geotecnia e monitoração de barragens. O sistema a ser estabelecido deve contemplar 5 (cinco) atividades básicas, a saber:
Detecção – O processo de detecção da anomalia é de suma importância, baseando-se em equipamentos e instrumentos necessários para a coleta de dados que possam vir a ameaçar as condições de segurança da barragem ou implicar no vertimento de grandes vazões. Quanto mais eficiente e automatizado este sistema de detecção, maior a possibilidade de sucesso do PAE;
Tomada de Decisão – Consiste nos procedimentos, meios de comunicação e métodos de análise necessários para traduzir os dados obtidos acerca de um evento ameaçador, para o acionamento de alerta para a população sob risco;
Notificação – O terceiro elemento consiste no acionamento na comunicação de alertas e iminência de perigo, devido à uma condição emergencial de risco, até os organismos oficiais competentes, para a tomada das ações apropriadas;
Alerta – O quarto elemento integrante do PAE consiste nos componentes do processo de comunicação (incluindo a mídia) e dos equipamentos necessários para tornar o público alertado sobre uma condição de risco em potencial, provável ou iminente, devido à barragem. Um alerta deve ser estabelecido, para colocar as populações sob risco, a par das ações adequadas de proteção;
Evacuação – O quinto elemento do PAE consiste no estabelecimento de planos de remoção das pessoas, equipamentos e materiais sob risco, através de meios de transporte adequados. Envolve a tomada de ações de proteção no sentido se afastar da área de risco, as pessoas ameaçadas, até que o evento tenha passado e a área esteja segura para o seu retorno.
As responsabilidades dos envolvidos nas tarefas de um PAE - Plano de Ação Emergencial são de capital importância, devendo ser estabelecidas com o máximo cuidado. O proprietário é o responsável pelo estabelecimento, manutenção e implementação do PAE. As organizações de emergência locais devem ser as responsáveis pelo alerta e evacuação das pessoas nas áreas de inundação. O PAE deve especificar claramente as responsabilidades do proprietário, para assegurar a eficiência do plano e das ações a serem tomadas, quando da ocorrência de uma situação de emergência.
As ações que podem implicar na atenuação de risco em uma barragem podem ser classificadas em duas partes:
Medidas de intervenção Técnica;
Medidas de intervenção Humana.
As medidas de intervenção técnica correspondem às soluções relacionadas com os sistemas envolvendo tecnologia e equipamentos, como, por exemplo, o sistema de auscultação de uma barragem ou o sistema de previsão de cheias, implantado na região da bacia de contribuição.
De modo complementar, medidas de conscientização, educação e treinamento são muito importantes para a eficiência de um PAE. Já foi verificado, na prática, que mesmo sistemas extremamente eficientes, não apresentaram o retorno esperado, justamente pela falta de treinamento, implementação ou uso adequado. 
O recente acidente com a ruptura da barragem de Camará, com a inundação parcial da cidade de Alagoa Grande a jusante, veio ilustrar bem a importância de programas de treinamento, onde deve-se envolver inclusive as populações residentes na área de risco. O proprietário de um engenho, localizado nas proximidades da barragem acidentada, e que teve seus bens destruídos pela onda de inundação que se seguiu à ruptura, teve tempo de ligar para Alagoa Grande, avisando alguns conhecidos sobre a grande cheia que se deslocava para a cidade, no sentido de que os mesmos se afastassem da calha do rio. Seu alerta não teve maiores conseqüências, pois ninguém acreditou em sua mensagem, pensando provavelmente se tratar de um trote. Isto vem mostrar bem a importância do treinamento e a preparação psicológica das pessoas sob ameaça, para que um plano emergencial seja realmente eficiente.
5.	PLANOS PREVENTIVOS DE DEFESA CIVIL
Os planos preventivos visam permitir a implantação de medidas anteriores à ocorrência de acidentes com a barragem, reduzindo a possibilidade de serem registradas perdas de vidas humanas e criando condições para a convivência em situações de risco, com níveis relativamente seguros para a população ameaçada. Os planos preventivos caracterizam-se por agirem diretamente sobre as conseqüências a serem geradas, quando do registro de acidentes com a barragem, e não por impedirem a ocorrência do evento, através de medidas reconhecidamente não estruturais.
De acordo com os critérios técnicos definidos para cada evento de risco, é possível analisar a iminência de ocorrência de acidentes e, neste caso, promover a remoção para locais seguros, da população residente nas áreas de risco a jusante. Passada a fase emergencial, ou seja, descaracterizada a iminência de ocorrência de acidentes, decide-se sobre a possibilidade de retorno da população preventivamente removida, para a área evacuada.
A fase de elaboração é constituída pela reunião das informações técnico-científicas indispensáveis à formulação do PAE, englobando:estudo dos condicionantes hidrológicos, geológico-geotécnicos e sócio econômicos;
identificação das áreas de risco;
análise de risco (graus de risco e priorização);
caracterização dos organismos e entidades envolvidas;
definição dos critérios técnicos de deflagração das ações preventivas;
estabelecimento do sistema de acompanhamento de parâmetros técnicos;
definição do conjunto de ações e medidas preventivas a serem implementadas;
definição de ações correspondentes aos atendimentos de emergências.
A fase de implantação caracteriza-se pela definição do sistema operacional dos planos preventivos, correspondendo às seguintes atividades:
estabelecimento dos procedimentos operacionais;
definição das atribuições e responsabilidades;
definição do sistema de comunicação;
definição do sistema de informação e da participação da população;
treinamento e divulgação.
A fase de operação e acompanhamento engloba a operação e o acompanhamento técnico dos planos preventivos, caracterizando-se pela efetiva implementação das ações preestabelecidas. O momento adequado para a implantação de cada ação preventiva é determinado pelo contínuo acompanhamento e pela análise dos parâmetros técnicos, anteriormente definidos em função das características particulares de cada cenário de risco.
A título de exemplo, destaca-se que um PAE, específico para escorregamentos nas encostas da Serra do Mar, elaborado pelo IPT-IG/SMA e coordenado pela Defesa Civil Estadual, está implantado desde 1988, nos municípios paulistas da Baixada Santista e do Litoral Norte [3]. Este plano, operado por equipes técnicas municipais especificamente treinadas, vem apresentando resultados significativos em termos de redução de perda de vidas humanas, decorrentes de escorregamentos em encostas ocupadas. Eventos pluviométricos muito intensos, similares àqueles que provocaram inúmeros escorregamentos nos municípios paulistas onde o plano preventivo é operado, não tem chegado a resultar em um número significativo de mortes, como ocorria no período anterior a 1988, em razão das populações terem sido preventivamente removidas das áreas de risco.
6.	INFORMAÇÕES PÚBLICAS E TREINAMENTO
A adoção de um PAE somente apresenta resultados satisfatórios com a efetivação de ações de informações públicas e treinamento. Esta etapa envolve diferentes formas de disseminação de informações, tanto para a comunidade técnico-científica como para interessados não-especializados em Engenharia de Barragens (administradores públicos, equipes de Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, da prefeitura municipal e da população diretamente afetada).
Porém, mesmo com sua reconhecida importância ainda não é comum, no Brasil, a elaboração de instrumentos destinados a disseminar as informações disponíveis para além da comunidade técnico-científica especializada.
O oferecimento de cursos de treinamento para as equipes de Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e da Prefeitura municipal, pode proporcionar a obtenção de resultados mais satisfatórios para os atendimentos emergenciais. A elaboração e distribuição de manuais técnicos (destinados às equipes executivas) e de cartilhas de orientação (destinadas à população) são mecanismos de comprovada eficiência.
TESTE DO PAE E PROGRAMAÇÃO DE EXERCÍCIOS
Um PAE deve ser testado antes de sua implementação, e, periodicamente atualizado, para assegurar sua adequação e efetividade. Por envolver não apenas a ação do proprietário da barragem, mas de vários outros organismos públicos ou, eventualmente, privados, a realização de exercícios periódicos é importante para o entrosamento das equipes, para corrigir falhas, mostrar a necessidade de medidas corretivas e melhorar a eficiência global do plano.
Dentre os tipos de exercícios mais empregados nos Estados Unidos, o Federal Emergency Management Agency – FEMA, que é responsável pela coordenação na área federal e responsável pelos desastres e fornecimento das diretrizes Federais para o estabelecimento de planos de emergência, estabeleceu cinco tipos de exercícios a seguir apresentados, como importantes para o aprimoramento e efetividade do PAE.
Seminário de Orientação. Este exercício consiste em um seminário que procura colocar juntos aqueles que estão participando do PAE, a saber, Proprietário, Consultores, Governo e Agências de Emergência locais, para discutir o PAE e planejar um exercício em profundidade. Este seminário não inclui um teste atual do PAE, mas sim um encontro para permitir que cada participante esteja familiarizado com o PAE e com as funções, responsabilidades e procedimentos a serem seguidos por todos os envolvidos;
Exercício Regular (“Drill”). Este corresponde a um exercício de treinamento leve, que envolve um teste atual. Este teste desenvolve ou mantém os participantes em um procedimento de emergência simples. Um exercício usual e realizado anualmente pelo proprietário, para verificar os números de telefone e celulares, assim como os meios de comunicação existentes, consistem um Exercício Regular;
Exercício Preliminar. O exercício preliminar constitui a próxima etapa de treinamento, envolvendo uma reunião entre o proprietário os participantes do PAE, em um ambiente de auditório para conferência. O formato é usualmente informal, com o mínimo de ambiente de tensão (“stress”). A reunião começa com a descrição de uma simulação de emergência, prosseguindo com discussões entre os participantes para a avaliação do PAE e dos procedimentos inerentes, assim como para resolver questões relacionadas à coordenação e às responsabilidades em jogo;
Exercício Funcional. O exercício funcional constitui o teste de nível superior, que não requerendo a ativação e mobilização total do proprietário e das agências de gerenciamento emergencial, envolve o pessoal dos vários níveis, do proprietário e das agências emergenciais. A reunião geralmente tem lugar em uma grande sala de conferência, com cada entidade sentada em uma mesa separada, para simular seu escritório ou o ambiente de um centro de operação emergencial. Os exercícios funcionais são realizados em um ambiente de tensão induzida e de tempo limitado, envolvendo a simulação de um determinado modo de ruptura da barragem ou de ocorrência de uma cheia excepcional. Este exercício é realizado para avaliar tanto a capacidade e o tempo de resposta do proprietário, quanto das agências emergenciais, no caso de um evento em particular, incluindo a necessária coordenação entre o proprietário e as várias agências envolvidas;
Exercício a Plena Escala. O exercício a plena escala constitui o teste de nível máximo. Ele avalia a capacidade de ambos, proprietário e agências locais, em um ambiente o mais realista possível, com toda a tensão inerente ao processo real. Compreende a ativação total e a mobilização dos centros de operação emergenciais, e, o movimento do pessoal de campo e dos recursos disponíveis. Os participantes devem desenvolver seu “papel” em um ambiente dinâmico, que forneça um alto grau de realismo para o evento simulado.
O Exercício a Plena Escala constitui o teste ideal para avaliar o conhecimento e o desempenho de cada participante, assim como suas reações a uma ruptura da barragem e implementação do PAE. Entretanto, considerações práticas, incluindo a complexidade e o custo total de um exercício a plena escala, restringem sua aplicação em muitos dos casos reais. O Exercício Funcional oferece muito dos benefícios do teste, sem as restrições do alto nível de complexidade e alto custo. Ele também fornece a oportunidade de avaliação do PAE, para um determinado tipo de evento catastrófico, em um ambiente de tensão induzida e de tempo limitado. Entretanto, como um mínimo, o enfoque de um proprietário deve ser no sentido de periodicamente conduzir um Exercício Funcional no PAE. Estes exercícios devem ser conduzidos a cada 5 anos no mínimo, conforme recomendado por Corso [2].
O propósito fundamental de uma programação deexercícios é melhorar sua eficiência operacional. Como suporte à esta tarefa, os exercícios objetivam:
Revelar fraquezas no plano;
Revelar falta de recursos;
Melhorar a coordenação;
Esclarecer os papéis e as responsabilidades;
Ganhar reconhecimento público do programa de planejamento emergencial;
Motivar o envolvimento dos órgãos públicos, para dar suporte ao plano emergencial;
Estruturar a confiança dos profissionais de emergência;
Motivar a eficiência, confiança e performance dos participantes;
Avaliar os planos e sistemas em situações reais;
Desenvolver a capacidade de comunicação para o gerenciamento emergencial;
Aprimorar a cooperação entre as agências governamentais e as fontes do setor privado;
Demonstrar a utilização do processo de gerenciamento emergencial (o uso dos recursos de ação emergencial, a necessidade de operações centralizadas, etc.);
Aumentar o relacionamento e o gerenciamento emergencial à nível Federal-Estadual-Local.
O proprietário deve considerar a possibilidade de divulgação, para o público, das datas dos exercícios e o fornecimento de informações para a mídia. Simultaneamente, o proprietário pode convidar outros proprietários de barragens, para acompanhar ou participar dos exercícios. A publicação de um PAE pode ser vista como uma matéria delicada para divulgação, entretanto, a experiência tem revelado que a informação das partes que podem ser afetadas apresenta pouca probabilidade de ser negativa, uma vez que o proprietário está procurando, da melhor forma possível, prever e atenuar os problemas decorrentes de um eventual acidente.
SANEAGO – IMPLEMENTAÇÃO DO PAE À BARRAGEM JOÃO LEITE
A implementação de um PAE de modo eficiente e racional constitui uma tarefa relativamente complexa, por envolver várias entidades e agências governamentais, devendo ser cuidadosamente implementada e testada periodicamente.
Na Figura 4 apresenta-se a estrutura que foi proposta para a SANEAGO, para ser adotada na implementação de um plano emergencial para a barragem de João Leite, localizada nas proximidades de Goiânia, tendo por base a experiência do Bureau of Reclamation, nos Estados Unidos, que vem lidando com a matéria há cerca de duas décadas. Neste quadro verifica-se que o PAE deve ser cuidado por um Coordenador Geral, diretamente assessorado por dois auxiliares, um para assuntos jurídicos e outro para contatos com a imprensa, além de um Coordenador de Operações. Este ficaria responsável pelos Grupos de Apoio Local e Externo.
FIGURA 4: Fluxograma proposto à SANEAGO para a implementação de um PAE.
O Grupo de Apoio Local deveria cuidar das seguintes equipes:
Equipe de operação dos equipamentos de vertimento e descarga;
Equipe de monitoração e combate à infiltrações elevadas nas fundações ou na interface concreto-solo nos abraços;
Equipe de apoio local, para a região imediatamente a jusante da barragem (até 6,5 km).
O Grupo de Apoio Externo deveria cuidar das seguintes equipes:
Equipe de comunicação;
Equipe de vigilância e evacuação;
Equipe de alojamento e manutenção;
Equipe de recuperação das vias urbanas;
Equipe de recuperação das habitações;
Equipe de reassentamento.
Destaca-se que, na implementação do PAE pela SANEAGO, a mesma deverá contar com a colaboração do Ministério da Integração Nacional, que cuida dentre outras atividades, das condições de segurança de nossas barragens, tendo iniciado recentemente o “Cadastramento das Barragens no País”.
Destaca-se, que compete à Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC) o seguinte:
Formular e conduzir a Política Nacional de Defesa Civil;
Contribuir para a formulação da política de desenvolvimento nacional integrada;
Estabelecer estratégias e diretrizes para orientar as ações de redução de desastres, em especial planejar e promover a defesa permanente contra secas e inundações, em âmbito nacional;
Coordenar e promover, em articulação com os Estados, Municípios e o Distrito Federal, a implementação de ações conjuntas dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC;
Instruir processos para o reconhecimento, pelo Ministro de Estado da Integração Nacional, de situações de emergência e de estado de calamidade pública;
Participar de órgãos de colegiado que tratem da execução de medidas relacionadas com a proteção da população, preventivas e em caso de desastres, inclusive acidente nuclear;
Promover o intercâmbio técnico entre organismos governamentais internacionais de proteção e defesa civil, participando como membro representante da Defesa Civil Brasileira; e
Exercer as Atividades de secretaria-executiva do Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC).
Aos “Departamento de Resposta aos Desastres e Reconstrução” e “Departamento de Minimização de Desastres” competem várias atividades relacionadas ao PAE.
Dentre as publicações já editadas pelo Ministério da Integração Nacional destacam-se as seguintes, que deveriam ser adquiridas pela SANEAGO, para subsidiar a implementação do PAE à barragem João Leite:
Manual de Situação de Emergência e de Estado de Calamidade Pública – Vol. I, 1999;
Manual de Situação de Emergência e de Estado de Calamidade Pública – Vol. II, 1999;
Apostila sobre Implantação e Operacionalização do Conselho Nacional de Defesa Civil – COMDEC, 1999.
CONCLUSÕES
Destacam-se como principais conclusões das considerações aqui apresentadas, referentes à implementação de um Plano de Ação Emergencial – PAE, as seguintes:
O propósito primário de um PAE é o de assistir no gerenciamento e dar suporte ao pessoal responsável pela operação da barragem, em termos de, primeiramente salvaguardar as vidas sob risco e as propriedades, no caso da inundação causada pelo vertimento de uma cheia excepcional ou pela ruptura da barragem propriamente dita; 
As rupturas históricas de barragens têm revelado que antes de romperem-se as mesmas dão, quase sempre, sinais de que algo não anda bem, permitindo que um sistema de aviso e alerta possa ter um papel de suma importância no salvamento das populações sob risco;
As barragens construídas a montante de centros urbanos, muitos já densamente povoados, representam uma ameaça real para as populações residentes ao longo do vale do rio, seja quando do vertimento de grandes vazões, seja quando de uma eventual ruptura da barragem. Nos países mais desenvolvidos já está se tornando rotina a implementação de um PAE – Plano de Ação Emergencial, para barragens em tais situações ou que apresentam um maior potencial de risco. No Brasil a implementação de planos emergenciais começa a merecer algumas aplicações, devendo-se concentrar nesta fase inicial justamente sobre as barragens a montante de centros urbanos;
O PAE constitui uma medida não estrutural, para a atenuação de risco, pois reduz as conseqüências do acidente e não a probabilidade do mesmo ocorrer. Evidentemente que, em função dos recursos disponíveis, deve-se atenuar os riscos impostos pela barragem, através de medidas estruturais e não estruturais;
Enquanto que um PAE não pode assegurar a prevenção da perda de vidas e de danos às propriedades, ele pode minimizar ou reduzir as conseqüências de uma ruptura ou de outros acidentes. Atualmente, há muita discussão e pesquisa sobre a avaliação de riscos. Enquanto que estas análises podem fornecer informações valiosas no processo de tomada de decisão, não há um substituto adequado para um sistema de alerta antecipado, no sentido de minimizar o impacto de um acidente ou ruptura da barragem;
A adoção de um PAE somente apresenta resultados satisfatórios com a efetivação de ações de informações públicas e de treinamento. Esta etapa envolve diferentes formas de disseminação das informações, tanto para a comunidade técnico-científica como para interessados não-especializados em Engenharia de Barragens (administradores públicos, equipes de Defesa Civil,do Corpo de Bombeiros, da prefeitura municipal e a população em geral);
Um PAE deve ser testado antes de sua implementação, e, periodicamente atualizado, para assegurar sua adequação e efetividade. Por envolver não apenas a ação do proprietário da barragem, mas de vários outros organismos públicos ou, eventualmente, privados, a realização de exercícios periódicos é importante para o entrosamento das equipes, para corrigir falhas, mostrar a necessidade de medidas corretivas e melhorar a eficiência global do plano.
10.	AGRADECIMENTOS
Os autores vêm expressar os seus agradecimentos à SANEAGO – Companhia de Saneamento de Goiás S/A a possibilidade de realização destes estudos referentes à análise de risco da barragem de João Leite, assim como a autorização para a divulgação dos dados referentes ao PAE – Plano de Ação Emergencial aplicado à esta barragem.
PALAVRAS-CHAVE
PAE, plano de ação emergencial, segurança de barragens, ruptura de barragens
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ASDSO (2004) – “Devastating Property Losses Result from Southern Mississippi Dam Failure”, ASDSO – Association of State Dam Safety Officials Newsletter, April 2004;
[2] CORSO, R.A. (1997) - “Testing Emergency Action Plans for Large Dams”, Anais ICOLD 19o Congress, Florença, Itália;
 
[3] CERRI, L.E.S. e AMARAL, C.P. (1998) - “Riscos Geológicos”, Capítulo 18 do livro “Geologia de Engenharia”, editado pela ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia.
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