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Delegado Civil Diurno CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Penal Geral Professor: André Estefam Aulas: 05 e 06| Data: 14/08/15 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. História do Direito Penal Positivo Brasileiro (continuação) 2. Escolas Penais 3. Aplicação da Lei Penal – artigo 1º a 12 CP. 1830 – Código Criminal do Império (um dos Códigos mais elogiados). Características: Recebeu forte influência do pensamento iluminista; Foi elaborado com rigor técnico, divido em parte geral e parte especial; Estipulava a responsabilidade sucessiva nos crimes de imprensa; Criou o sistema do dia-multa (calculava com base na gravidade do fato + condição econômica); Manteve a pena de morte em tempo de paz 1889 – Proclamação da República. 1890 – Primeiro Código Penal Republicano (em 1891 surge uma nova CF) Características: Continha uma série de falhas; Previu responsabilidade solidária nos crimes de imprensa; Previa a multa na parte geral, mas não a cominava a nenhum crime na parte especial; Aboliu a pena de morte em tempo de paz Houve uma série de alterações pontuais para tentar corrigir este código. 1932 – Consolidação das Leis Penais. Não se trata de novo código, mas sim o código de 1890 com as alterações subsequentes. 1940 – Código Penal Atual – Dec Lei 2848, de 07 de dezembro de 1940. 1969 – Houve a elaboração de um novo CP, porém foi revogado em 1978 durante o período de vacância. 1984 – Nova Parte Geral. Além disso, houve a elaboração da Lei de Execuções Penais, em vigor até hoje. 2. Escolas Penais Conceito Trata-se de um conjunto relativamente harmônico de doutrinas acerca das principais questões penais, tais como o conceito de crime, o fundamento do direito de punir e a finalidade da pena, por meio de um método científico semelhante. As principais, do ponto de vista histórico, foram a Escola Clássica, a Escola Positiva e a (Terceira Escola ou Escola Eclética). Página 2 de 3 Escola Clássica Seu ponto de partida corresponde às ideias lançadas por Beccaria (faz parte do período humanitário), autor do livro “Dos Delitos e Das Penas”. Sua obra foi o primeiro texto que refletiu as ideias iluministas do direito penal. Varias ideias do autor foram transpostas no código do império de 1830. O grande teórico da escola clássica, na verdade, foi Francesco Carrara (período cientifico). Dizia que a finalidade da pena era de cunho retributivo (resposta do Estado ao delito praticado) e, por isso, deveria ser proporcional. Já Beccaria dizia que a pena teria que ser um fator que funcionasse na cabeça do agente como inibição da prática do delito. Escola Clássica Escola Positiva Terceira Escola Método Dedutivo (do geral para o particular) Indutivo (do particular para o geral) Dedutivo (adotado na dogmática penal – doutrina) e o indutivo (ciências auxiliares) Crime Ente jurídico Ente de fato Ente de fato disciplinado juridicamente Fundamento da Pena Culpa moral – livre arbítrio Determinismo O imputável tem livre arbítrio e o inimputável determinismo Finalidade da Pena Retributiva Preventiva Mista – retributiva e preventiva Escola Positiva Conforme já falado, a Escola Clássica surgiu em um momento em que o direito penal era irracional, para quase todos os crimes aplicava-se a pena de morte. A ideia era a limitação do poder estatal, de modo que o direito penal havia de ser justo, racional e humanitário. Posteriormente, surge a Escola Positiva. Não se via mais o antigo absolutismo do Estado, carregado de arbítrio, violência injustiça. A maior preocupação na segunda metade do século XIX era a contenção da criminalidade. Temia-se, agora, o criminoso. Principais Representantes: Ferri; Garófalo; Lombroso – O Homem Delinquente. Toda analise da cena do crime e perfil do criminoso surgiu do método inovado por ele (método empírico). Considerado o pai da criminologia. 3. Aplicação da Lei Penal – artigo 1º ao 12 do Código Penal. Artigo 1º: traz o principio da legalidade. Artigo 2º - Princípio da Retroatividade Benéfica – (artigo 5º, XL da Constituição Federal). A lei penal não retroage, salvo em beneficio do réu. Mas o que é lei penal? Lei Penal Lei Processual Lei Mista ou hibrida É aquela que disciplina o exercício Regula a persecução penal. Regula a persecução penal, mas Página 3 de 3 do direito de punir. disciplina indiretamente o exercício do direito de punir. Com relação à lei penal, retroagirá se benéfica, e atinge até mesmo a coisa julgada. Já a lei processual penal tem aplicação imediata, pouco importa se benéfica ou prejudicial. Por fim, a lei mista ou hibrida também retroage se benéfica, mas não atinge a coisa julgada. Conflito de Leis Penais no Tempo. Dão-se quando duas ou mais leis penais, que tratam do mesmo assunto de modo distinto, sucedem-se. O conflito ocorrerá somente quando a lei nova entra em vigor (exaurimento do período de vacância). I. Leis benéficas (lex mitior) Retroagem, atingindo até a coisa julgada. Espécies de leis benéficas: a) Abolitio criminis: nova lei que descriminaliza condutas. Produz efeitos distintos: com relação aos fatos posteriores, exclui a tipicidade; Com relação aos fatos anteriores, extingue a punibilidade (artigo 107, III Código Penal). b) Novatio Legis in Mellius: mantem o caráter criminoso, mas lhe confere tratamento mais brando – exemplo: artigo 28 da Lei antidrogas (a doutrina chama de despenalização – mantém o caráter criminoso, sem impor pena privativa de liberdade). II. Leis Gravosas (Lex Gavior) São irretroativas. a) Novatio Legis Incriminadora: criminaliza condutas. Exemplos: 135-A, 154-A, 288-A Código Penal. b) Novatio Legis in pejus: é a nova lei que mantém o caráter criminoso, mas dá ao fato tratamento mais severo – Exemplo: Lei 13.104/15 e Lei 13.142/12 ATENÇÃO! Importante lembrar-se de dois conceitos: Crime permanente: delito único cuja consumação se prolonga no tempo – exemplo: 159 CP. Crime continuado: dois ou mais delitos praticados em continuidade delitiva. → Se a Lei Penal gravosa entrar em vigor durante a permanência ou continuidade delitiva, terá aplicação ao crime permanente e ou continuado? R – (próxima aula). Em relação a estes dois institutos, a lei gravosa se aplica se entrar em vigor durante a permanência ou continuidade delitiva – Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.
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