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Resenha Teoria do Conto (Nádia Battella Gotlib) Katryne

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GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto. 10. ed. São Paulo: Ática, 2004.
Teoria do Conto
	No decorrer dos anos muitas teorias sobre o conto foram formuladas por diversos autores, conhecidos principalmente por suas obras literárias, como Edgar Allan Poe, Júlio Cortázar, Horácio Quiroga, Mario de Andrade, Machado de Assis, Charles Perrault, Giovanni Boccaccio, André Jolles, Boris Eikhenbaum, Olivier Henry. No entanto, era muito difícil definir o conto e suas particularidades. Nesta obra, Nádia Battella visa mostrar algumas dessas teorias relacionando-as e mostrando suas características, dividindo assim em cinco capítulos.
	Em seu livro Nádia fala sobre a história da estória, dizendo que “a estória é bem mais antiga que a necessidade de a explicar”. Desde o começo as estórias eram contadas a partir de coisas que se ouviam e serviam para transmitir os ritos das tribos ou mitos de muitos séculos. O modo de contar histórias vem evoluindo, desde de antes dos relatos escritos; os contos egípcios por exemplo vêm sendo contados desde antes de Cristo, por isso é tão difícil definir as fases da evolução do conto; não somente os egípcios, mas os textos literários do mundo greco-latino, do Oriente (VI a.C.), dos árabes (VII d.C.), da Pérsia (século X) e muitos outros. Somente a partir do século XIV os contos começam a ter suas características estéticas mais bem definidas.
	Gotlib cita ainda o livro, feito a partir da discussão entre os que acreditavam haver uma teoria do conto e os que não acreditavam, What is the short story? de E. Current-García e W. R. Patrick, que traz ensaios sobre contos; o livro foi dividido em textos que propõem “definições e a procura da forma” e os que manifestam “revolta contra regras e definições prescritivas”. A autora cita ainda sobre as acepções da palavra conto, que Júlio Cortázar utiliza no seu estudo sobre Edgar Allan Poe, como relato de um acontecimento, narração oral ou escrita de um acontecimento falso e fábula que se conta às crianças para diverti-las; apresenta, ainda, os três itens que toda narrativa possui, a saber, uma sucessão de acontecimentos, de interesse humano e tudo “na unidade de uma mesma ação”. Há duas perguntas colocadas em discussão: “O conto: relato de acontecimentos? Falso ou Verdadeiro?”; discorrendo assim, qual realidade o conto descreve, a cotidiana ou a fantasiada, pois, um conto não é um documento, mas sim literatura. A autora fala sobre conto literário, sobre como a escrita se difere da fala, discorrendo, ainda, que há um modo de contar e seus detalhes como a entonação da voz, gestos e olhares; qualquer mudança, mesmo que seja pequena, irá interferir no conjunto da narrativa; por fim, introduz uma breve história colocando os variados modos de narrativas.
 	Nádia explana também sobre o conto de acordo com a 3ª acepção de Júlio Casáres, conto maravilhoso, exemplificando com histórias de autores como Grimm, Perrault, Boccaccio e de acordo com o teórico André Jolles. Para Propp, o conto maravilhoso se explica através de unidades estruturais; quando examinou contos russos identificou cerca de 150 elementos que compõe um conto e 31 funções constantes; Propp ainda fala sobre as transformações que podem ocorrer nos elementos do conto fantástico, contando ainda sobre as duas fases da evolução do conto sendo a primeira, sua pré-história e a segunda, a história mesmo do conto. A partir da obra de Propp alguns outros autores estudaram seus aspectos e aplicaram em narrativas gerais, novelas e romances. A. L. Bardel (1945) propõe uma proposta discutível sobre a evolução da narrativa do conto, que há na “história” uma mudança da técnica e não uma mudança na estrutura do conto.
	No terceiro capítulo, fala-se sobre a teoria de Poe, em relação à extensão do conto e o que causa no leitor; se for muito longo pode não prender o leitor; o ideal seria aquela em que o leitor pudesse ler em uma sentada só, como um poema. Há também o efeito que essa leitura causa, como uma “excitação” literária ou uma “exaltação da alma”. Júlio Cortázar não fica somente na teoria de Poe, ele vai além, lê seus contos e com isso identifica o acontecimento que é o mais importante para o leitor. Utilizando um conto de Poe, “Os crimes da Rua Mounge”, Cortázar, Boris Eikhenbaum e O. Henry, chegaram a conclusões semelhantes reconhecendo três características do conto nas produções norte-americanas: a unidade de construção, o efeito principal da narração e o forte acento final. Ao decorrer dos anos muitos autores procuravam Tchekhov, através de cartas, pedindo aconselhamentos para escreverem seus contos; descobriu-se que em alguns pontos suas teorias também se pareciam com as de Poe, como a brevidade, força, clareza e compacto em relação aos elementos. Quando se pergunta do momento especial que ocorre no conto surgem muitas dúvidas, principalmente quanto a muitos autores dizerem que é necessário ocorrer ação ou, segundo a teoria de Theodore A. Stround, mudanças de caráter moral, atitudes ou destinos dos personagens; outro questionamento que ocorre é quanto ao problema em relação ao tempo em que é representado, ou seja, se é simétrico e lógico na sucessão do início/meio/fim; segundo Aristóteles sim, mas nos contos de Tchekhov ele enfatiza o meio do conto, e não ocorre assim uma evolução dos personagens ou alguma mudança de comportamento. 
Olga de Sá analisa o conto “Amor” de Clarice Lispector, e conclui que, embora a epifania seja uma característica de uma linha da literatura moderna, ela não explica os contos de Clarice; seus contos têm a combinação de vários recursos como os de tradição e dos tempos modernos. Os critérios apontados por autores como Elizabeth Bowen (a completude, espontaneidade, capacidade de situar o homem na sua solidão, na consciência de ocupar um lugar sozinho na realidade), Frank O’Connor (solidão do homem, a sua voz solitária) há também os defensores do conto de atmosfera, conto mercenário e o conto fragmentário; se atentam para o ‘Assunto’ do conto (o mistério, a solidão), mas um conto não se faz só com assunto. Brander Mattheus afirma que um conto não precisa do tema do amor, como o romance; ele se baseia ainda no princípio da singularidade dos elementos que compõe o conto. Horácio Quiroga dá algumas dicas de como escrever um conto, como o conto deve ter uma ação concentrada, uma tensão narrativa, uma linguagem adequada para que fique na mente do leitor “saltitante”.
	Nádia afirma, sobre o enredo que consistem os contos de Machado de Assis, exemplificando com a “Missa do Galo” e “A Cartomante”, que são alguns de seus vários contos em que a história fica com o “dito pelo não dito”, não se sabe ao certo o que ele quer dizer; diz ainda que Machado tem o dom de fisgar o leitor através da intriga, com questões não resolvidas.
	O conto tem um compromisso com a sua origem, a da história; e também o modo como se conta, uma forma breve. Os contos sendo construídos assim causam uma unidade de efeito e ainda flagram momentos especiais da vida. O contar histórias é ligado à tradição antiga e as desdobram em tantos quanto os contos que se contam, comparando com a história de Mil e uma noites. Finaliza dizendo que cada conto é um caso... teórico.
UNIR – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS
CAMPUS VILHENA
Teoria da Literatura I – Letras XXIV
Teoria do Conto.
De Nádia Batella Gotilb
Acadêmica: Katryne Victória Ribas do Nascimento
Vilhena/Rondônia
01 de abril de 2016

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