Buscar

MEDRESUMO - MICROBIOLOGIA - COMPLETA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
MED RESUMOS 2008
NETTO, Arlindo Ugulino.
MICROBIOLOGIA
INTRODUÇÃO
(Profª Socorro Vieira)
A microbiologia (Mikros = pequeno + Bio = vida + logos = ci€ncia)  o ramo da biologia que estuda os 
microrganismos, incluindo eucariontes unicelulares e procariontes, como as bactrias, fungos e v‚rus. 
Atualmente, a maioria dos trabalhos em microbiologia  feita com mtodos de bioqu‚mica e gentica. Tambm 
 relacionada com a patologia, jƒ que muitos organismos s„o patogenicos.
Microbiologistas t€m feito muitas contribui…†es ‡ biologia, especialmente nos campos da bioqu‚mica, 
gentica, e biologia celular. Micrˆbios possuem caracter‚sticas que os tornam os modelos de organismos
ideais. Foi descoberta a origem das bactrias, tendo sido anterior a origem de outros corpos, tais como 
protozoƒrios, eucariotes e v‚rus. Dentre os citados, o ‰ltimo a se desenvolver foram os protozoƒrios, por tratar-
se de seres com uma complexidade maior.
 S„o muito pequenos, ent„o eles n„o consomem muitos recursos 
 Alguns possuem ciclos de vida bastante curtos (aprox. 30 minutos para E. coli, desde que esteja na 
presen…a das condi…†es ˆtimas de crescimento) 
 Clulas podem sobreviver facilmente em isolamento das outras clulas 
 Eles podem-se reproduzir por divis„o mitˆtica, permitindo a propaga…„o de clones id€nticos em 
popula…†es 
 Eles podem ser congelados por longos per‚odos de tempo. Mesmo se 90% das clulas s„o mortas 
pelo processo de congelamento, hƒ milh†es de clulas em um mililitro da cultura l‚quida. 
Estes tra…os permitiram que Joshua e Esther Lederberg pudessem dirigir um elegante experimento em 
1951 demonstrando que adapta…†es evolutivas surgem melhor da preadapta…„o do que da muta…„o dirigida. 
Para isto, eles inventaram a replica…„o em placa, que permitiu que eles transferissem numerosas colŠnias de 
bactrias para locais espec‚ficos de uma placa de petri preenchida com ‹gar-ƒgar para regi†es anƒlogas em 
diversas outras placas de petri. Apˆs a replica…„o de uma placa com E. coli, eles expuseram cada uma das 
placas a fagos. Eles observaram que colŠnias resistentes aos fagos estavam presentes em partes anƒlogas de 
cada placa, possibilitando-os concluir que os tra…os de resist€ncia aos fagos existiam na colonia original, que 
nunca havia sido exposta aos fagos, ao invs de surgirem apˆs as bactrias terem sido expostas aos v‚rus.
A extensiva caracteriza…„o dos micrˆbios tem nos permitido o uso deles como ferramentas em outras linhas da 
biologia:
 Bactrias (especialmente Escherichia coli) podem ser usadas para reduplicar DNA na forma de um (
plasm‚deo). Este DNA  frequentemente modificado quimicamente in vitro e ent„o inserido em 
bactrias para selecionar tra…os desejados e isolar o produto desejado de derivados da rea…„o. Apˆs o 
crescimento da bactria e deste modo a replica…„o do DNA, o DNA pode ser adicionalmente 
modificado e inserido em outros organismos. 
 Bactrias podem tambm ser usadas para a produ…„o de grandes quantidades de prote‚nas usando 
genes codificados em um plasm‚deo. 
 Genes bacteriais tem sido inseridos em outros organismos como genes repˆrteres. 
 O sistema de hibrida…„o em levedura combina genes de bactrias com genes de outros organismos jƒ 
estudados e os insere em uma clula de levedura para estudar intera…†es proticas em um ambiente 
celular.
Histrico
Esta ƒrea do conhecimento teve seu in‚cio com os relatos de 
Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek, no sculo XVII, que 
desenvolveram microscˆpios que possibilitaram as primeiras 
observa…†es de bactrias e outros microrganismos, alm de diversos 
espcimes biolˆgicos. Leeuwenhoek descobriu por acidente uma 
maneira de observar seres microscˆpicos no leite: lustrando lentes no 
local onde trabalhava, observou que, associando algumas delas, era 
poss‚vel observar elementos min‰sculos, como os microorganismos. 
Nesse momento, acontecia a descoberta do mundo microbiano, ou 
seja, o mundo de “pequeninos animƒlculos” (bactrias, fungos, 
protozoƒrios), chamados assim por ele.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Embora van Leeuwenhoek seja considerado o "pai" da microbiologia, os relatos de Hooke, 
descrevendo a estrutura de um bolor, foram publicados anteriormente aos de Leeuwenhoek. Assim, embora 
Leeuwnhoek tenha fornecido importantes informações sobre a morfologia bacteriana, estes dois pesquisadores 
devem ser considerados como pioneiros nesta ciência. Recentemente foi publicado um artigo discutindo a 
importância de Robert Hooke para o desenvolvimento da Microbiologia.
TEORIA DA ABIOGÊNESE
Cerca de 2 mil anos atrás, surgiu a idéia de que a vida poderia se originar espontaneamente da matéria 
inanimada. Aristóteles e outros sábios da época acreditavam que larvas poderiam surgir "espontaneamente" do 
lixo, assim como outros seres poderiam aparecer na terra, da lama e de outros materiais. Aristóteles admitia 
que, para um ser vivo se originar da matéria bruta bastava apresentar o que ele chamou de "princípio ativo", 
que faria uma pedra se transformar num peixe, desde que as condições fossem favoráveis. Entretanto, nunca 
ocorreu aos pesquisadores isolar sua experiência para que os microorganismos não pudessem "entrar" no 
recipiente que continha os ingredientes. Assim, tal experimento sofria abertamente a interferência externa. A 
teoria da abiogênese começou a desmoronar quando essa possibilidade foi testada.
TEORIA DA BIOGÊNESE
A vida só se origina de outra forma pré-existente e não de um "Principio ativo" 
que segundo Aristóteles, poderia ser um objeto inanimado. As experiências do médico 
e biólogo italiano Francesco Redi e Louis Pasteur sepultaram definitivamente a teoria 
da abiogênese.
Francesco Redi (1668), cientista italiano, foi um dos primeiros biogenistas a 
questionar a teoria da geração espontânea. Em seu experimento, Redi colocou 
pedaços de carne em dois frascos abertos, cobrindo um deles com uma fina camada 
de gaze. Após instantes da preparação, analisou que os dois frascos ficaram rodeados 
por moscas, mas elas só podiam pousar no pedaço de carne contida no frasco 
descoberto. Transcorridos alguns dias, com a matéria orgânica decomposta, notou o 
surgimento de larvas apenas no frasco aberto, concluindo então que as larvas 
surgiram do desenvolvimento de ovos colocados pelas moscas, e não da carne em 
putrefação, dotada de fonte de vida. Mas que a carne somente contribuía com um meio 
propício para atração de moscas, deposição de ovos e eclosão de larvas. Com este 
teste provou que a vida não surge espontaneamente em qualquer circunstância, mas 
atestando que a vida somente se origina de outro ser vivente.
Em meados do século XVII, o holandês Antonie van Leeuwenhoek com um microscópio descobriu o 
mundo dos microorganismos, os micróbios. Os abiogenitas acreditaram ainda mais na sua tese, afirmando que 
seres tão pequenos não se reproduzia e sim surgiam espontaneamente.
O cientista inglês John Needham (1713-1481) realizou seus 
experimentos para provar que os micróbios surgiam de geração 
espontânea. Diversos frascos contendo um caldo nutritivo foram 
submetidos à fervura por 30 minutos. Depois Needham lacrava os 
frascos com rolhas e os deixava por repouso por alguns dias. Depois 
desse repouso ele examinou o caldo com a ajuda de um microscópio 
e notou a presença de microorganismos. A explicação dada foi que a 
fervura tinha matado todos os seres eventualmente presentes no 
caldo e nenhum microorganismo poderia entrar no frasco após de ter 
sido lacrado com rolhas. Portanto, só havia uma explicação: os 
microorganismos surgiram por geração espontânea ou abiogênese.
Após alguns anos o padre e pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799) repetiu os 
experimentos de Needham com algumasmodificações. Spallanzani colocou caldo nutritivo em balões de vidro 
e fechou-os hermeticamente esses balões eram então colocados em caldeirões e fervidos por cerca de uma 
hora. Dias depois ele examinou os caldos e obteve resultados completamente diferentes aos de Needham: o 
caldo estava livre de microorganismos.
Spallanzani explicou que Needham submeteu a solução à fervura por um tempo curto de mais para 
esterilizar o caldo. Needham respondeu às críticas afirmando que o tempo longo usado pelo cientista destruía a 
força vital ou princípio ativo que dava vida à matéria, e ainda tornava o ar desfavorável ao aparecimento da 
vida. Em fins do século XVII pôde-se entender porque o ar se tornava desfavorável ao aparecimento da vida. 
Descobriu-se que o oxigênio é essencial à vida. Segundo abiogenistas o aquecimento prolongado e a vedação 
hermética excluíam o oxigênio tornando impossível a sobrevivência de qualquer forma de vida.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Foi por volta de 1860 que um grande cientista franc€s conseguiu provar definitivamente que seres 
vivos sˆ podem se originar de outros seres vivos. Louis Pasteur (1822-1895) preparou um caldo de carne –
excelente meio de cultura para micrˆbios – colocou ent„o, esse caldo em um frasco com pesco…o de cisne e 
submeteu o l‚quido contido dentro desse frasco ‡ fervura para a esteriliza…„o. Apˆs a fervura a medida que o 
l‚quido resfriava, got‚culas de ƒgua se acumulavam no pesco…o do frasco agindo como uma espcie de filtro 
retendo os micrˆbios contidos no ar que penetrava no bal„o, impedindo a contamina…„o do caldo. Esse 
experimento mostrou que n„o era a falta de ar fresco que impedia a forma…„o de microorganismos no caldo. 
Pateur provou tambm que n„o havia nenhuma ‘’ for…a vital’’ que era destru‚da apˆs a fervura, pois se aquele 
mesmo caldo esterilizado fosse submetido ao ar sem a filtragem que o bal„o pesco…o de cisne proporcionava, 
surgiriam sim microorganismos que advinham de contamina…„o. Com esse espetacular experimento Pasteur 
recebeu um pr€mio compensador da Academia Francesa de Ci€ncias e derrubou de uma vez por todas a 
hipˆtese da gera…„o espont‘nea ou abiog€nese.
OBS: Spallanzani durante seus experimentos submeteu seus caldos ‡ veda…„o hermtica, isto , livre de 
gazes. Um confeiteiro parisiense Fran…ois Appert aproveitou as experi€ncias de Spallanzani, notando que 
alimentos cozidos podiam ser guardados sob veda…„o hermtica sem se estragar, inventou a industria de 
enlatados.
OBS²: Pasteur submeteu seus caldos a uma cuidadosa tcnica de esteriliza…„o, com aquecimentos e 
resfriamentos bruscos. Hoje, essa tcnica  conhecida como pasteuriza…„o.
A partir destas descobertas e experi€ncias que o mundo se viu voltado para um novo ramo da ci€ncia. 
Lister (1867), por exemplo, viu-se preocupado em proteger as cirurgias desses seres microscˆpicos, 
desenvolvendo, assim, a cir‰rgia antissptica. Robert Koch (1876) e Pasteur se interessaram em estudar as 
poss‚veis rela…†es desses seres com algumas doen…as que acometiam popula…†es nesse tempo. Foi da‚ que o 
primeiro observou bactrias no sangue de carneiro: bactrias causadoras da cˆlera e tuberculose. Louis 
Pasteur foi requisitado para investigar a doen…a do bicho-da-seda e durante seis anos tentou provar que um 
protozoƒrio causava a doen…a. Tambm estudou o papel dos microrganismos nas doen…as dos seres humanos
e dos animais. Em 1880 ele descobriu o que bactrias atenuadas conferiram prote…„o contra a cˆlera aviƒria e 
em 1884, relatou que os v‚rus atenuados protegiam contra a raiva. Pasteur com a finalidade de matar esporos, 
iniciou a prƒtica de esterilizar as infus†es empregando o vapor sob press„o (15 libras a 121oC), enquanto que 
materiais estƒveis eram esterilizados em fornos com calor seco na temperatura de 160’C.
Robert Koch provou que as bactrias eram responsƒveis pela 
doen…a do carb‰nculo. Foi o primeiro a provar que um tipo espec‚fico de 
micrˆbio causa um tipo definido de doen…a. Em 1877 foi o primeiro a utilizar 
o cristal violeta com sucesso para a colora…„o do antraz, Paul Ehrlich 
utilizou o azul de metileno e F Ziehl e F. Neelsen desenvolveram a 
colora…„o pelo ƒcido, permitindo que Koch observasse mais tarde o bacilo 
da tuberculose. Introduziu tambm o meio contendo ƒgar, identificou o
bacilo da tuberculose e foi o primeiro a isolar as bactrias causadoras do 
antraz e da cˆlera asiƒtica. Koch, por volta de 1880, organizou postulados 
baseado em quatro critrios necessƒrios para provar que um micrˆbio 
espec‚fico causa uma doen…a particular.
OBS: Postulados de Koch:
 Um microrganismo espec‚fico deve sempre estar associado a uma 
doen…a.
 O microrganismo deve ser isolado e cultivado em cultura pura, em 
condi…†es laboratoriais.
 A cultura pura do microrganismo produzirƒ a doen…a quando 
inoculada em animal suscept‚vel.
 “ poss‚vel recuperar o microrganismo inoculado do animal infectado
experimentalmente.
O ramo da imunologia desenvolveu-se dos estudos iniciais da bacteriologia. Porm os chineses, persas 
e brahmins jƒ praticavam a variolização, tcnica consistida da exposi…„o de um indiv‚duo s„o ‡s crostas secas 
de um indiv‚duo que se recuperava da doen…a. Em 1776, Edward Jenner, introduziu a prƒtica de imuniza…„o 
ativa, expondo indiv‚duos a ant‚genos da var‚ola humana mais branda, protegendo-os da forma mais agressiva.
Pasteur, apˆs 100 anos, estendeu o conceito de imuniza…„o ativa, quando observou que a cˆlera 
aviƒria podia ser evitada inoculando cultura velha de bacilos, com a sua virul€ncia reduzida. Em seguida ele 
aplicou este princ‚pio de imuniza…„o na preven…„o do carb‰nculo, denominando as culturas avirulentas de 
vacinas (do latim vacca, vaca) e o processo de imuniza…„o, com tais culturas, de vacina‚ƒo. Ele desenvolveu 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
este mtodo atravs da utiliza…„o de organismos atenuados e preparou vacinas protetoras contra o antraz, a 
erisipela su‚na e contra a raiva.
Koch iniciou estudos sobre as rela…†es celulares do hospedeiro ‡s infec…†es, o clƒssico de imunidade 
mediada por clulas foi a observa…„o, que o mesmo fez, quando injetou um ant‚geno derivado do organismo 
causador da tuberculose, ocasionando rea…†es inflamatˆrias tardias em seres humanos e animais quando 
expostos.
Alexander Fleming (1881 – 1955) trabalhou como mdico microbiologista no Hospital St. Mary de 
Londres at o come…o da Primeira Guerra Mundial. Durante a guerra foi mdico militar nas frentes de batalha 
da Fran…a e ficou impressionado pela grande mortalidade nos hospitais de campanha causada pelas feridas de 
arma de fogo que resultavam em gangrena gasosa. Finalizada a guerra, regressou ao Hospital St. Mary onde 
buscou intensamente um novo anti-sptico que evitasse a dura agonia provocada pelas infec…†es durante a 
guerra. Os dois descobrimentos de Fleming ocorreram nos anos 20 e ainda que tenham sido acidentais 
demonstram a grande capacidade de observa…„o e intui…„o deste mdico brit‘nico. O descobrimento da 
lisozima ocorreu depois que o muco de seu nariz, procedente de um espirro, ca‚sse sobre uma placa de cultura 
onde cresciam colŠnias bacterianas. Alguns dias mais tarde notou que as bactrias haviam sido destru‚das no 
local onde se havia depositado o fluido nasal. O laboratˆrio de Fleming estava habitualmente bagun…ado, o que 
resultou em uma grande vantagem para sua segunda importante descoberta. Em Setembro de 1928, Fleming 
estava realizando vƒrios experimentos em seu laboratˆrio e ao inspecionar suas culturas antigas antes de 
destru‚-las notou que a colŠnia de um fungo havia crescido espontaneamente, como um contaminante, numa 
das placas de Petri semeadas com Staphylococcus aureus. Fleming observou outras placas e comprovou que 
as colŠnias bacterianas que se encontravam ao redor do fungo (mais tarde identificado como Penicillium 
notatum)eram transparentes devido a uma lise bacteriana. A lise significava a morte das bactrias, e no caso, 
das bactrias patog€nicas (Staphylococcus aureus) crescidas na placa.
Classifica‚ƒo Geral dos Seres Vivos
At a metade do sculo XX, os seres vivos s„o classificados em apenas duas categorias: reino animal 
e reino vegetal. Com o progresso da biologia, a classifica…„o se amplia para incluir organismos primitivos que 
n„o t€m caracter‚sticas espec‚ficas sˆ de animais ou de vegetais. 
A partir da dcada de 60, o critrio internacionalmente aceito divide os organismos em cinco reinos:
 Moneras – Seres unicelulares (formados por 
uma ‰nica clula) procariontes (clulas sem 
n‰cleo organizado). O material hereditƒrio  
constitu‚do por ƒcido nuclico no citoplasma. 
S„o as bactrias e as cianˆfitas (algas azuis), 
antes consideradas vegetais primitivos. 
 Protistas – Seres unicelulares ou 
pluricelulares eucariontes (que possuem 
n‰cleo individualizado). Seu material gentico 
estƒ organizado nos cromossomos, dentro do 
n‰cleo. Representados por protozoƒrios, 
como a ameba, o tripanossomo (causador do 
mal de Chagas) o plasmˆdio (agente da 
malƒria), que at a metade do sculo XX 
eram considerados animais primitivos e algas 
unicelulares e pluricelulares. 
 Fungos – Seres eucariontes uni e 
pluricelulares como as leveduras, o mofo e os 
cogumelos. Jƒ foram classificados como 
vegetais, mas sua membrana possui quitina, 
molcula t‚pica dos insetos e que n„o se 
encontra entre as plantas. S„o heterˆtrofos 
(n„o produzem seu prˆprio alimento), por n„o possu‚rem clorofila. 
 Animais – S„o organismos multicelulares e heterˆtrofos (n„o produzem seu prˆprio alimento). 
Englobam desde as esponjas marinhas at o homem, cujo nome cient‚fico  Homo sapiens. 
 Plantas – Caracterizam-se por ter as clulas revestidas por uma membrana de celulose e por serem 
autˆtrofas (sintetizam seu prˆprio alimento pela fotoss‚ntese). Existem cerca de 400 mil espcies de 
vegetais classificados.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Principais doen‚as causadas por bact„rias 
 Tuberculose: causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis.
 Hanseníase (lepra): transmitida pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium lepra).
 Difteria: provocada pelo bacilo diftérico.
 Coqueluche: causada pela bactéria Bordetella pertussis.
 Pneumonia bacteriana: provocada pela bactéria Streptococcus pneumoniae.
 Escarlatina: provocada pelo Streptococcus pyogenes.
 Tétano: causado pelo bacilo do tétano (Clostridium tetani).
 Leptospirose: causada pela Leptospira interrogans.
 Tracoma: provocada pela Chlamydia trachomatis.
 Gonorréia ou blenorragia: causada por uma bactéria, o gonococo (Neisseria
gonorrhoeae).
 Sífilis: provocada pela bactéria Treponema pallidum.
 Meningite meningocócica: causada por uma bactéria chamada de meningococo.
 Cólera: doença causada pela bactéria Vibrio cholerae , o vibrião colérico.
 Febre tifóide: causada pela Salmonella typhi.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
MED RESUMOS 2008
NETTO, Arlindo Ugulino.
MICROBIOLOGIA
CÉLULA BACTERIANA
(Profª Socorro Vieira)
Bactérias (do grego bakteria, bastão) são organismos
unicelulares, procariontes, que podem ser encontrados na 
forma isolada ou em colônias e pertencem ao Reino Monera. 
São microorganismos constituídos por uma célula, sem 
núcleo celular nem organelas membranares.
A célula bacteriana apresenta várias estruturas, algumas 
das quais estão presentes apenas em determinadas 
espécies, enquanto outras são essenciais e, portanto, 
encontradas em todas as bactérias.
Compara‚ƒo entre as c„lulas eucariticas e procariticas
As células bacterianas são pequenas e medidas em micrômetros (µm), 1µm equivale 0,001mm. A 
menor bactéria tem 0,2 µm (Chlamydia), há células de Spirochaeta com 250 µm de comprimento. A maior 
bactéria conhecida é a Epulopiscium fishelsoni que foi encontrada no Mar Vermelho e na costa da Austrália no 
intestino de um peixe com mais de 600 µm de comprimento. Na maioria das vezes o tamanho médio de uma 
bactéria é de 1-10 µm.
Os procariotos não possuem núcleo organizado nem organelas celulares envoltas por membranas. A 
maior parte de seu material genético está incorporada em uma única molécula circular de DNA de fita dupla, 
freqüentemente, fragmentos adicionas de DNA circular, conhecidos como plasmídeos, também estão 
presentes. 
No citoplasma, além de sais minerais, aminoácidos, pequenas moléculas, proteínas, açúcares ainda 
são encontradas partículas de ribossomos, grânulos de material de reserva (amido, glicogênio, lipídeos ou 
fosfatos). 
Exceto os micoplasmas, todos os procariotos têm paredes celulares rígidas. Nas Bacteria, esta parede 
celular é composta principalmente de peptidioglicanos. As bactérias Gram-negativas, com parede celular que 
não fixa o corante cristal-violeta, possuem uma camada externa de lipopolissacarídeos e proteínas, sobre a 
camada de peptideoglicano, denominada cápsula, encontrada principalmente nas bactérias patogênicas, 
protegendo-as contra a fagocitose. 
As células procarióticas não apresentam vacúolos, porém podem acumular substâncias de reserva sob 
a forma de grânulos constituídos de polímeros insolúveis. São comuns polímeros de glicose (amido e 
glicogênio), ácido-hidroxibutírico e fosfato.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Forma e Arranjo
A forma bacteriana é uma característica genética própria de cada uma, ou seja, a bactéria nasce com 
uma forma definida e morre com a mesma.
As bactérias classificam-se morfologicamente de acordo com a forma da célula e com o grau de 
agregação:
 Quanto a forma
o Coco: De forma esférica ou 
subesférica (do género Coccus)
o Bacilo: Em forma de bastonete (do 
género Bacillus). Podem apresentar 
extremidades em ângulo reto 
(Bacillus anthracis)
o Vibrião: Em forma de vírgula (do 
género Vibrio)
o Espirilo: de forma espiral/ondulada 
(do género Spirillum)
o Espiroqueta: Em forma acentuada 
de espiral.
 Quanto ao grau de agregação 
(Apenas os Bacilos e os cocos formam 
colônias).
o Diplococo: De forma esférica ou 
subesférica e agrupadas aos pares 
(do género Diplococcus)
o Estreptococos: Assemelha-se a 
um "colar de cocos"
o Estafilococos: Uma forma desorganizada de agrupamento
o Sarcina: De forma cúbica, formado por 4 ou 8 cocos simetricamente postos.
o Diplobacilos: Bacilos reunidos dois a dois.
o Estreptobacilos: Bacilos alinhados em cadeia.
Estruturas Bacterianas e Fun‚…es
A estrutura da célula bacteriana é a de uma célula procariótica, sem organelas ligados à membrana 
celular, tais como mitocôndrias ou plastos, sem um núcleo rodeado por uma cariomembrana e sem DNA
organizado em verdadeiros cromossomas, como os das células eucariotas.
Estruturas da célula procariota:
NUCLEÓIDE
O nucleóide não é um verdadeiro núcleo, já que não está delimitado do resto da célula por membrana 
lipídica própria. O nucleóide consiste em uma única grande molécula de DNA com proteínas associadas. O seu 
tamanho varia de espécie para espécie. Na Escherichia coli, uma bactéria típica, o genoma tem quase 5 
milhões de pares de bases e vários milhares de genes
codificando mais de 4000 proteínas (o genoma humano tem 
3 mil milhões de pares de bases e cerca de 40.000 
proteínas). Tem como função carregar informações 
genéticas da bactéria. 
PLASMÍDEOS
Os plasmídeos circulares são pequenas moléculas de 
DNA que coexistem com o nucleóide, ou seja, é um DNA 
extra-cromossômico situado no citoplasma da bactéria. São 
comumente trocadas na reprodução sexuada. Os plasmideos 
têm genes, incluindo frequentemente aqueles que protegem 
a célula contra os antibióticos.
Estes elementos são capazes de autoduplicação independente da replicaçãocromossômica e podem 
existir em número variável. Ex de plasmídios: fatores sexuais (fator-F), fatores de resistência a antibióticos 
(fator-R), plasmídio de fixação de N2, etc.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
HIALOPLASMA
O hialoplasma é um liquido com consistência de gel, semelhante ao dos eucariotas, com sais, glicose e 
outros açúcares, proteínas funcionais e várias outras moléculas orgânicas. Contém também RNA da 
transcrição génica, e cerca de 20 mil ribossomas. Os ribossomas procariotas são bastante diferentes dos 
eucariotas (essas diferenças foram usadas para desenvolver antibióticos usados para só afectar os ribossomas 
das bactérias). 
MEMBRANA CELULAR
A membrana celular é uma dupla camada de fosfolípidos, com proteínas importantes (na permeabilidade 
a nutrientes e outras substâncias, defesa, e na cadeia respiratória e produção de energia). É composta de 60% 
de proteínas imersas em uma bicamada lipídica (40%). Além das interações hidrofóbicas e pontes de 
hidrogênio, cátions como Mg2+ e Ca2+ são responsáveis pela manutenção da integridade da membrana. Tem 
como funções:
 Transporte de solutos: a membrana plasmática atua como uma barreira altamente seletiva (mecanismo 
de difusão facilitada e transporte ativo), impedindo a passagem livre de moléculas e íons. Moléculas 
hidrofílicas polares como ácidos orgânicos, aminoácidos e sais minerias não conseguem passar 
livremente pela membrana e, por isso, devem ser especificamente transportadas.
 Produção de energia por transporte de elétrons e fosforilação oxidativa: a presença de citocromos e de 
enzimas da cadeia de transporte de elétrons na membrana plasmática lhe confere uma função análoga 
à da membrana interna das mitocondrias em células eucarióticas.
 Biossíntese: as enzimas de síntese de lipídios da membrana e de várias classes de macromoléculas 
componentes de outras estruturas externas à membrana (peptidoglicano, ácidos teicóicos, 
lipopolissacarídios e polissacarídios extracelulares) estão ligadas à membrana citoplasmática.
 Duplicação do DNA: algumas das proteínas do complexo de duplicação de DNA estão localizadas na 
membrana plasmática.
 Secreção: macromoléculas como toxinas, bacteriocinas, penicilinases podem também ser secretadas 
através da membrana plasmática.
OBS: Algumas espécies de bactérias têm uma camada de polissacarídeos que protege contra desidratação e 
reconhecimento pelo sineide, chamada de cápsula. 
MESOSSOMO
A membrana citoplasmática bacteriana pode apresentar invaginações 
multiplas que formam estruturas especializadas denominadas de mesossomos. 
Existem dois tipos:
 Septal: desempenha papel importante na divisão celular, pois, após a 
duplicação do DNA, ao qual se encontra ligado, atua como o fuso no 
processo de divisão na célula eucariótica, separando os dois 
cromossomos e conduzindo-os para os pólos da célula.
 Lateral: encontrado em determinadas bactérias e parece ter como 
função concentrar enzimas envolvidas no transporte eletrônico, 
conferindo à célula maior atividade respiratória ou fotossintética.
PAREDE CELULAR
A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere 
forma às bactérias. É uma estrutura complexa composta por peptidoglicanos, polímeros de carboidratos ligados 
a proteínas como a mureína, com funções protetoras. A parede celular é o alvo de muitos antibióticos. Ela 
contém em algumas espécies infecciosas a endotóxina lipopolissacarídeo (LPS) uma substância que leva a 
reação excessiva do sistema imunitário, podendo causar morte no hóspede devido a choque séptico.
É por meio da parede celular e da Técnica de Coloração Gram (nome em homenagem a Christian 
Gram) que se pode classificar o tipo de bactéria. As paredes de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas 
apresentam diferenças marcantes. Bactérias Gram-negativas possuem uma parede composta de várias 
camadas que diferem na sua composição quimica e, consequentemente, é mais complexa que a parede das 
Gram-positivas que, apesar de ser mais espessa, apresenta predominantemente um unico tipo de 
macromolécula. O conhecimento das diferenças entre as paredes de bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas é da mais alta relevancia para o estudo dos mecanismos de ação dos quimioterápicos, de 
patogenicidade e de outros tantos assuntos que estarão relacionados diretamente à composição quimica e 
estrutura da parede bacteriana.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Na maioria das bactrias, a parede celular 
deve a sua rigidez a uma camada composta por uma 
subst‘ncia somente encontrada em procariotos e que 
recebe diferentes denomina…†es como: mure‚na, 
mucopeptídeo, mucocomplexo, peptidoglicano ou 
glicopept‚deo. O peptidioglicano representa a maior 
parte da parede das bactrias Gram-positivas, 
atingindo de 15% a 50% da massa seca da bactria, 
ao passo que nas Gram-negativas n„o ultrapassa 5%. 
Trata-se de uma macromolcula formada por um 
arcabou…o composto de uma altern‘ncia de N-acetil-
glicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico 
(NAM). A este ultimo, encontram-se ligadas, 
covalentemente, cadeias laterais de tetrapept‚deos (L-
alanina, D-glutamato, mesodiaminopimelato e D-
alanina). O n‰mero de interliga…†es entre as cadeias 
laterais de tetrapept‚deos em bactrias Gram-positivas 
 bem superior ao encontrado em bactrias Gram-
negativas. Embora as liga…†es glicos‚dicas entre NAG 
e NAM sejam liga…†es fortes, apenas estas cadeias 
n„o s„o capazes de prover toda a rigidez que esta 
estrutura proporciona. A total rigidez do peptidoglicano 
 atingida quando estas cadeias s„o interligadas pelos 
aminoƒcidos. A forma de cada clula  determinada pelo comprimento das cadeias de peptidoglicano e pela 
quantidade de interliga…†es existentes entre essas cadeias.
Em contrapartida, a Gram-negativa apresenta uma dupla camada externa de lipopolissacar‚deos 
(fosfolip‚dios e prote‚nas), ao passo que as Gram-positivas apresentam apenas uma fina camada de 
lipopolissacar‚deos envolvendo a sua espessa camada de mucopept‚deo.
Tendo conhecimento das estruturas da parede celular de cada tipo de bactria, pode-se fazer uso da 
Tcnica Gram de Colora…„o. Faz-se uso de substancias na seguinte ordem: violeta (corante roxo) e lugol 
(juntos, formam o “complexo iodopararronilina” ou “complexo violeta-iodo”); trata-se a l‘mina com alcool; em 
seguida, aplica a fucsina (corante avermelhado). As clulas Gram-positivas e Gram-negativas absorvem o 
complexo iodopararronilina, devido a liga…„o iŠnica entre os grupos bƒsicos do corante e os grupos ƒcidos 
constituintes da parede celular. O iodo, em solu…„o, penetra nos dois tipos de clulas e forma com o corante 
um complexo violeta-iodo. Ao fazer uso do alcool como subst‘ncia descorante, nas clulas Gram-negativas, o 
mesmo dissolve o complexo corante-iodo (assim como as camadas externas de lipopolissacar‚deos), elimina-o 
e deixa a clula incolor, a qual, ao ser corada com a fucsina, adiquir a colora…„o avermelhada. Jƒ nas clulas 
Gram-positivas, o alcool penetra com dificuldade na espessa camada de mucopept‚deo. A maior parte do 
complexo violeta-iodo permanece na clula, que retm assim, a sua colora…„o azulada.
 Bactrias Gram-positivas (parede celular espessa)  Violeta + Lugol + Alcool + Fucsina 
Coloração Azulada
 Bactrias Gram-negativas (parede celular fina)  Violeta + Lugol + Acool + Fucsina 
Coloração Avermelhada
OBS: A lisozima (enzima presente na lƒgrima e secre…†es lubrificantes do olho) quebra a ponte de liga…„o 
entre a NAG e a NAM, apresentando a…„o bactericida, quebrando a parede celular.
CÁPSULA
O termo cƒpsula  restrito a uma camAda que 
fica ligada ‡ parede celular como um revestimento 
externo da exten…„olimitada e estrutura definida. Nem 
toda bactria apresenta cƒpsula, mas as que 
apresentam, usam-na para as seguintes fun…†es: 
 Reservatˆrio de ƒgua e nutrientes: visto serem 
formadas por macromolculas muito hidratadas, 
servem como prote…„o contra desseca…„o do 
meio e podem ser fonte de nutrientes.
 Aumento da capacidade invasiva de bactrias 
patog€nicas: as bactrias encapsuladas s„o 
escorregadias e escapam ‡ a…„o dos fagˆcitos.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
 Ader€ncia: as cƒpsulas possuem receptores que servem como s‚tios de liga…„o com outras superf‚cies. 
Ex: bactrias formadoras de cƒries (Streptococcus mutans) produzem um polissacar‚dio extracelular 
que se liga ao esmalte do dente e promove o ac‰mulo de outro microorganismos. Quanto maior o 
n‰mero de bactrias aderidas, maior a produ…„o de ƒcido pela fermenta…„o microbiana da sacarose, 
resultanto na desmineraliza…„o do esmalte do dente. Ex²: Forma…„o de biofilmes: bactrias podem 
produzir o chamado biofilme capaz de aderir a diferentes superf‚cies, inclusive tubula…†es, que podem 
trazer preju‚zos adversos ‡s ind‰strias por causa de vazamentos por perfura…„o.
PILI OU FÍMBRIAS
Os pili s„o microfibrilas proteicas que se estendem da parede celular em muitas espcies Gram-
negativas. T€m fun…†es de ancoramento da bactria ao seu meio e s„o importantes na patognese. Um tipo 
especial de pilus  o pilus sexual, estrutura oca que serve para ligar duas bactrias, de modo a trocarem 
plasm‚deos. (Pilus vem do Latim, que significa p€lo, cabelo. Pili - Plural; Pilus - Singular).
Muitas bactrias Gram-negativas s„o dotadas desses ap€ndices 
filamentosos proticos que n„o podem ser confundidos com flagelos. 
Tais ap€ndices – as f‚mbrias (pili ou pelo) – s„o menores, mais curtos e 
mais numerosos que os flagelos e n„o formam ondas regulares. Suas 
fun…†es s„o:
 N„o desempenham papel relativo a mobilidade
 F‚mbria sexual: serve como porta de entrada de material 
gentico durante a conjuga…„o bacteriana.
 Outros tipos funcionam como s‚tios receptores de 
bacteriˆfagos
 Servem como estruturas de ader€ncia ‡s clulas de 
mam‚feros e a outras superf‚cies. 
FLAGELO
O flagelo  uma estrutura proteica que roda como uma 
hlice. Muitas espcies de bactrias movem-se com o aux‚lio de 
flagelos. Os flagelos bacterianos s„o muito simples e 
completamente diferentes dos flagelos dos eucariotas (como, 
no homem, os dos espermatozˆides). Nem toda bactria possui 
flagelo.
O flagelo bacteriano confere movimento ‡ celula e  
formado de uma estrutura basal, um gancho e um longo 
filamento externo ‡ membrana, sendo formado, 
predominantemente, pela prote‚na flagelina. Suas fun…†es 
est„o relacionadas com:
 Movimenta…„o da clula: o movimeno que algumas bactrias realizam, estimuladas por fatores 
f‚sicos ou quimicos,  chamada taxia (fototaxia: estimulado pela luz; quimiotaxia: estimulado por 
agente qu‚mico).
 Classifica…„o de acordo com a quantidade de flagelos. 
Componentes Citoplasm†ticos
O citoplasma da clula bacteriana  uma solu…„o aquosa limitada pela membrana plasmƒtica. Imersas 
no citoplasma existem part‚culas insol‰veis, algumas essenciais (ribossomos e nucleˆide) e outras encontradas 
apenas em alguns grupos de bactrias, nos quais exercem fun…†es especializadas como os granulos e 
vac‰olos gasosos.
RIBOSSOMOS
Part‚culas citoplasmƒticas responsƒveis pela s‚ntese protica, 
compostas de RNA (60%) e prote‚na (40%). Em procariotos, possuem 
coeficiente de sedimenta…„o de 70S e s„o compostos de duas 
subunidades: uma maior (50S) e outra menos (30S) 
ESPOROS BACTERIANOS
Algumas bactrias podem enquistar, formando um esporo, com um invˆlucro de polissacƒridos mais 
espesso e ficando em estado de vida latente quando as condi…†es ambientais foram desfavorƒveis. 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Os endosporos são estruturas formadas por algumas espécies de bactérias Gram-positivas, sobretudo 
dos gêneros Clostridium e Bacillus, quando o meio se torna carente de água ou de nutrientes essenciais. 
Assim, a formação do esporo em procariotos é um tipo de diferenciação celular que ocorre como resposta a 
uma situação desfavorável do meio ambiente.
O processo de formação do esporo dentro de uma célula vegetativa é chamado esporogênese. O pré-
esporo desidratado (forma de esporo nos primeiros estágios da esporogênese, já com a maior parte da água 
do citoplasma eliminada) contém apenas DNA, RNA, ribossomos, enzimas e algumas quantidades de ácido 
dipícolínico, junto com grandes quantidades de íons cálcio.
OBS: Os vacúolos não são verdadeiros vacúolos já que não são delimitados por dupla membrana lipídica 
como os das plantas. São antes grânulos de substâncias de reserva, como açúcares complexos. 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
MED RESUMOS 2008
NETTO, Arlindo Ugulino.
MICROBIOLOGIA
GENOMA BACTERIANO – MECANISMO GENTICOS DA RESIST‚NCIA 
(Profª Socorro Vieira)
Para se discutir os mecanismos genƒticos da resist„ncia antimicrobiana, deve-se antes conhecer o 
genoma bacteriano, uma vez que a multiresistência de uma bactéria está ligado à genes cromossomais da 
mesma. O genoma representa o conjunto do material genético que uma célula apresenta. 
A organização genômica das bactérias é dinâmica e 
composta por diferentes modalidades de moléculas de DNA: 
cromossomo, plasmídios, transposons e bacteriófagos. O 
cromossomo bacteriano contém todos os genes requeridos para 
o metabolismo e ciclo vital da bactéria. Plasmídios, transposons 
e bacteriófagos são entidades moleculares independentes que 
ocorrem indistintamente em diferentes grupos bacterianos e que 
funcionam como elementos genéticos acessórios. Os genes que 
transportam não são essenciais à sobrevivência da bactéria, mas 
podem condicionar características tais como fatores de 
virulência, resistência a agentes antimicrobianos, bacteriocinas, 
toxinas, fixação de nitrogênio e utilização de fontes não usuais de 
carbono. Tais características adicionais podem ter importância 
adaptativa em determinadas situações. Todo material genético 
de uma bactéria, seja constitutivo ou acessório, está em contato 
direto com o citoplasma. Em processos de divisão (a cada 20 
minutos), uma bactéria copia totalmente seus genes para a nova 
bactéria, o que explica a dificuldade de se controlar processos 
infecciosos.
Cromossomos e plasmídios constituem replicons, ou seja, unidades moleculares capazes de replicação 
autônoma. Transposons e bacteriófagos não são capazes de replicação autônoma e precisam estar inseridos 
em um replicon para se duplicarem.
A figura acima mostra um mapa gênico de uma célula procariótica. A célula bacteriana tem cerca de 2400 
genes codificantes de proteínas necessárias para sua sobrevivência.
C„lula Procaritica x C„lula Eucaritica
Enquanto a célula eucariótica apresenta todo seu genoma organizado e compartimentalizado por um 
núcleo (lembrando, é claro, do material genético mitocondrial), o cromossomo bacteriano existe na forma de 
uma molécula circular única de DNA de cadeia dupla, altamente enovelada e livre no citoplasma.
Células Procarióticas Células Eucarióticas
1. Contém apenas um cromossomo (único e 
circular)
2. Consiste de uma única molécula de DNA de 
fita dupla na forma circular 
3. Não possui membrana nuclear: o 
cromossomo se localiza em uma região 
denominada nucleóide (em que o 
cromossomo se associa a proteínas).
4. É enrolado, espiralado e de forma altamente 
compacta - é cerca de 1200 vezes maior que 
o tamanho da célula 
5. É rara a presença íntrons
1. Há mais do que um cromossomo por célula 
2. Cada cromossomo consiste em uma única 
molécula longa de DNA de fita dupla enrolado 
em agregados de proteínas histonas em 
intervalos regulares 
3.Possui membrana nuclear 
4. Apresenta forma linear, e a molécula de DNA 
é cerca de 10 vezes mais longa 
5. Presença marcante de íntrons
6. Mitocondrias e cloroplastos apresentam 
material genético.
Além do cromossomo uma célula bacteriana pode conter uma ou mais estrutura de DNA chamados 
plasmídios - moléculas de DNA de fita dupla menores que os cromossomos e que podem replicar-se 
independentemente destes.
Outra diferença é o cromossomo da célula eucariótica, que é predominantemente constituído por íntons 
(sequencias não codificadoras) do que por éxons (sequencia codificadora). Já o cromossomo bacteriano 
apresenta uma grande maioria de exons em relação aos introns (que são quase raros).
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
As bactérias, como já foi dito e será discutido, possuem, além do seu cromossomo único e circular 
imerso no citoplasma, os seguintes elementos: plasmídos, vírus e transposons.
PROCARIOTOS
O Reino Monera reúne os organismos procariontes, unicelulares, coloniais ou não, de vida livre ou 
parasita, autótrofos (fotossintetizantes ou quimiossintetizantes) ou heterotróficos que se alimentam por 
absorção.
Mesmo possuindo uma estrutura e organização celular rudimentar, uma tendência evolutiva desde o 
primórdio dos seres vivos, essas demonstram um grande potencial biológico, coexistindo em todos os tipos de 
ambientes, seja terrestre, aéreo ou aquático. 
Esse Reino compreende as bactérias e algas azuis (atualmente denominadas de cianobactérias). 
Devido à contribuição da Biologia molecular esse Reino passou a ser classificado em dois sub-reinos de 
organismos procarióticos bem diferentes: Eubactérias e Arqueas (Archaeobactérias).
As arqueobactérias são muito semelhantes às eubactérias e só foram diferenciadas destas há poucas 
décadas, graças ao desenvolvimento das técnicas de análise molecular. Uma dirença importante entre arqueas 
e bactérias é quanto a constituição química da parede célular. As arqueas não apresentam, em sua parede 
celular, o peptidoglicano, constituinte típico das bactérias. As arqueobactérias podem ser dos seguintes tipos:
 Arqueobactérias metanogênicas
 Termófilas extremas: vivem em condições extremas de temperatura (600ºC)
 Halófilas extremas: vivem em condições extremas de salinilidade (NaCl a 25%).
Plasm‡dios
São moléculas extracromossomais circulares de DNA autoreplicativo encontradas em muitas espécies 
bacterianas e em algumas espécies de eucariotos (ex: o anel de 2-micra em Saccharomyces cereviesiae). São 
geralmente moléculas de DNA de fita dupla em forma de círculos fechados e passam às células-filha durante a 
divisão celular. Quando o plasmídio está integrado ao cromossomo, recebe outro nome: epíssomo.
OBS: Os epissomas são plasmídeos que conseguem se integrar no DNA cromossómico do hospedeiro Por 
esta razão, podem permanecer intactos durante muito tempo, ser duplicados em cada divisão celular do 
hospedeiro, e transformar-se numa parte básica da sua constituição genética.
A maioria das bactérias conhecidas transporta um ou mais tipos de plasmídios. Os genes que 
transportam não são essenciais à sobrevivência da bactéria, mas podem condicionar características adicionais 
tais como fatores de virulência, resistência a agentes antimicrobianos, bacteriocinas, toxinas, fixação de 
nitrogênio e utilização de fontes não usuais de carbono. Muitas das características condicionadas por genes 
plasmidianos contribuem para a adaptabilidade da bactéria em condições especiais. As bactérias não 
constroem seus próprios plasmídios, mas os adquirem através do fenômeno da conjugação bacteriana, na qual 
uma bactéria transportando um plasmídio o transfere para uma outra bactéria, mantendo para si uma cópia 
deste.
REPLICAÇÃO DO PLASMÍDIO
A replicação dos plasmídios pode ser de dois tipos: por replicação de entidades independentes ou por
replicação de epíssomo integrado.
A replicação do plasmídio também pode ocorrer em dois momentos: (1) quando a célula bacteriana se 
divide, o DNA plasmidal também se divide, assegurando que cada célula filha receba uma cópia deste; (2) 
durante o processo de conjugação, a molécula de DNA replicada pode entrar na célula receptora.
TIPOS DE PLASMÍDIO
Existem dois grupos básicos de plasmídeos: os conjuntivos e os não-conjuntivos. Os plasmídeos 
conjuntivos contém um gene chamado tra-gene, que pode iniciar a conjugação, isto é, a troca sexual de 
plasmídeos com outra bactéria. Os plasmídeos não-conjuntivos são incapazes de iniciar a conjugação e, por 
esse motivo, o seu movimento para outra bactéria, mas podem ser transferidos com plasmídeos conjuntivos 
durante a conjugação.
 Plasmídios de Fertilidade (F): contém apenas tra-genes. A sua única função é a iniciação da 
conjugação bacteriana. A bactéria que apresenta o plasmídio F (chamada de F+ ou macho) tem a 
capacidade de produzir fímbrias associadas na reprodução sexuada com outras bactérias. A bactéria 
receptora é denominada F-.
 Plasmídios de Resistência (R): contém genes que os tornam resistentes a antibióticos ou venenos, 
ou seja, é responsável pela resistência da bactéria a antimicrobianos.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
 Plasmídios Col: contm plasm‚deos que codificam (determinam a produ…„o de) colicinas, prote‚nas
que podem matar outras bactrias, inibindo o crescimento de outras clulas que n„o possuem esse 
plasm‚dio.
 Plasmídios Degradativos: permitem a digest„o de subst‘ncias pouco habituais, como o toluole ou o 
ƒcido salic‚lico, ou at mesmo derivados do petrˆleo (sendo usados para limpar polui…†es causadas 
por vasamento destes produtos).
 Plasmídios de Virulência: transformam a bactria num agente patognico, estando associado ent„o, 
a patogenicidade da bactria. Como por exemplo o plasm‚deo Ti, da bactria Agrobacterium 
tumefaciens, que  usado atualmente na gentica para a produ…„o de plantas transg€nicas.
Transposons
Transposons s„o fragmentos de DNA linear. Os transposons s„o 
elementos genticos mˆveis capazes de se inserirem em diferentes pontos do 
cromossomo bacteriano. Apˆs inserir-se em um determinado s‚tio do 
cromossomo, o transposon pode deixar uma cˆpia neste s‚tio e inserir-se em 
outro ponto do cromossomo, um fenŠmeno denominado transposi…„o. 
A transposi…„o ocorre devido ‡ presen…a, no transposon, de seq”€ncias espec‚ficas de DNA 
denominadas seq”€ncias de inser…„o (IS). As IS s„o pequenas seq”€ncias de DNA que codificam a enzima 
transposase, responsƒvel pela transposi…„o. Quando o transposon se liga ao cromossomo da bactria, isso a 
confere uma maior mutagenicidade (por induzir muta…†es) bem como o isolamento de parte de seu material 
gentico (“DNA ego‚sta”). 
Os transposons codificam uma ou mais prote‚nas que conferem caracter‚sticas como resist€ncia a 
drogas antimicrobianas, enterotoxinas e enzimas degradativas. Os transposons possuem genes de 
resist€ncias, como por exemplo, a TN1AMP (resistente ‡ ampicilina).
Recombina‚ƒo: Transferˆncia Gˆnica Bacteriana
A maioria das bactrias possui uma ‰nica cadeia de DNA circular. As bactrias, por serem organismos 
assexuados, herdam cˆpias id€nticas do genes de suas progenitoras (ou seja, elas s„o clonais).
Algumas bactrias tambm transferem material gentico entre as clulas. A transfer€ncia de genes  
particularmente importante na resist€ncia ‡ antibiˆticos. A resist€ncia a antibiˆticos acontece devido ‡ 
"coloca…„o" de um plasm‚dio que vai dar essa resist€ncia ao antibiˆtico.
A maioria das batrias n„o apresentam reprodu…„o sexuada, mas podem ocorrer misturas de genes
entre indiv‚duos diferentes, o que  chamado de recombinação genética. Esse processo leva ‡ forma…„o de 
novos indiv‚duos com caracter‚stias genticas diferentes, resultando na mistura de material gentico. Uma 
bactria pode adquirir genes de outra bactria e mistura-la aos seusde tr€s maneiras diversas:
TRANSFORMAÇÃO BACTERIANA
Ocorre pela absor…„o de molculas ou 
fragmentos de molculas de DNA que estejam 
dipostos no ambiente, proveniente de bactrias 
mortas e decompostas; a clula bacteriana 
transformada (receptora) passa a apresentar 
novas caracter‚sticas hereditƒrias, 
condicionadas pelo DNA incorporado. Este n„o 
precisa ser de bactrias da mesma espcie; em princ‚pio, qualquer tipo de DNA pode ser capturado se as 
condi…†es forem adequadas. Entretanto, um DNA capturado sˆ serƒ introduzido no cromossomo bacteriano se 
for semelhante ao DNA da bactria receptora.
TRANSDUÇÃO BACTERIANA
Consiste na transfer€ncia de 
segmentos de molculas de DNA de uma 
bactria para outra. Isso ocorre porque, ao 
formar-se no interior das clulas hospedeiras, 
os bateriˆfagos (v‚rus) podem eventualmente 
incorporar peda…os do DNA bacteriano. 
Depois de ser liberados a infectar outra 
bactria, os bacteriˆfagos podem transmitir a 
ela os genes bacterianos que transportavam. A bactria infectada eventualmente incorpora em seu 
cromossomo os genes recebido do fago. Se este n„o destruir a bactria, ela pode multiplicar-se e originar uma 
linhagem "transduzida" com novas caracter‚sticas, adquiridas de outras bactrias via fago.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
CONJUGAÇÃO BACTERIANA
Consiste na transfer€ncia de 
DNA diretamente de uma bactria 
doadora para uma receptora atravs de 
um tubo de prote‚na denominado pêlo 
sexual ou pili, que conecta duas 
bactrias. Os pili est„o presentes 
apenas em bactrias doadoras de 
DNA.
Quando a recombina…„o gentica foi descoberta pelo biˆlogo Joshua Lederberg, pensou-se que se 
tratava de um processo sexual comparƒvel ao dos seres eucariontes . Por isso, na poca, as bactrias 
doadoras de DNA foram denominados machos e as receptoras, f€meas. A continuidade dos estudos mostrou 
que a capacidade de doar DNA estƒ ligada ‡ presen…a de um plasm‚dio denominado F (de fertilidade); 
bactrias portadoras do plasm‚dio F, denominadas F+, atuam como doadoras de DNA e as que n„o possuem o 
plasm‚dio F atuam como receptoras, sendo chamadas de F-. Hoje sabe-se que o DNA transferido de uma 
bactria para outra, na conjuga…„o,  quase sempre o plasm‚dio F. Algumas vezes, porm, um pequeno 
peda…o de DNA cromossŠmico une-se ao plasm‚dio e  transferido junto com ele na conjuga…„o. Na bactria 
receptora pode ocorrer recombina…„o gentica entre o cromossomo e o fragmento de DNA unido ao plasm‚dio 
recebido da bactria doadora.
Aspectos Gen„ticos da Resistˆncia Bacteriana a Drogas
O genoma procarioto e sua fun…„o determina um dos maiores problemas de sa‰de p‰blica atual: 
mecanismo de resist€ncia ‡ antibiˆtico. Para isso, devemos iniciar definindo os seguintes termos: 
quimioterƒpicos e antibiˆticos.
 Quimioterápico: subst‘ncia com a…„o antimicrobiana produzida por s‚ntese em laboratˆrio.
 Antibiótico: subst‘ncia de a…„o antimicrobiana produzida naturalmente por fungos e pelas prˆprias 
bactrias. Ex:
 Penicillium  Penicilinas
 Cephalosporium  Cefalosporina
 Streptomyces  Estreptomicina, neomicina, canamicina, tobramicina, eritromicina, etc.
 Micromonospora  Gentamicina, sisomicina
 Bacilus  Polimixinas, bacitracina
 Chromobacterium  Aztreonam
OBS: O “cheiro de chuva” que predomina na terra apˆs a chuva  fruto de geoprodutos liberados pelas 
bactrias Streptomyces.
AÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
 Bacteriostática: inibe o processo de multiplica…„o do microorganismo.
 Bactericida: inibe o crescimento do microorganismo.
HISTÓRICO
Como se sabe, antibiótico  uma subst‘ncia que tem capacidade de interagir com microorganismos
unicelulares ou pluricelulares que causam infec…†es no organismo. Os antibiˆticos interferem com estes 
microorganismos, matando-os ou inibindo seu metabolismo e ou sua reprodu…„o, permitindo ao sistema 
imunolˆgico combat€-los com maior eficƒcia.
O primeiro antibiˆtico fabricado pelo homem foi a penicilina. Alexander Fleming, bacteriologista do St. 
Mary's Hospital, de Londres, jƒ vinha havia algum tempo pesquisando subst‘ncias capazes de matar ou 
impedir o crescimento de bactrias nas feridas infectadas, pesquisa justificada pela experi€ncia adquirida na 
Primeira Grande Guerra 1914-1918, na qual muitos combatentes morreram em conseq”€ncia da infec…„o em 
ferimentos profundos e mal-tratados por falta de tratamento adequado. No ano de 1922 Fleming descobre uma 
subst‘ncia antibacteriana na lƒgrima e na saliva, a qual dera o nome de lisozima. E em 1928 Fleming 
desenvolveu pesquisas sobre estafilococos, quando descobriu a penicilina. A descoberta da penicilina deu-se 
em condi…†es peculiar‚ssimas, gra…as a uma seq”€ncia de acontecimentos imprevistos e surpreendentes. No 
m€s de agosto de 1928 Fleming tirou frias e, por esquecimento, deixou algumas placas com culturas de 
estafilococos sobre a mesa, em lugar de guardƒ-las na geladeira ou inutilizƒ-las, como seria natural, ao retornar 
ao trabalho, em setembro do mesmo ano, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo, 
fato este relativamente freq”ente. Colocou-as ent„o, em uma bandeja para limpeza e esteriliza…„o com lisol. 
Neste exato momento entrou no laboratˆrio um seu colega, Dr. Pryce, e lhe perguntou como iam suas 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
pesquisas. Fleming apanhou novamente as placas para explicar alguns detalhes ao seu colega sobre as 
culturas de estafilococos que estava realizando, quando notou que havia, em uma das placas, um halo 
transparente em torno do mofo contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma subst‘ncia 
bactericida. O assunto foi discutido entre ambos e Fleming decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo 
posterior. O fungo foi identificado como pertencente ao g€nero Penicilium, de onde deriva o nome da penicilina 
dado ‡ subst‘ncia por ele produzida. Fleming passou a empregƒ-lo em seu laboratˆrio para selecionar 
determinadas bactrias, eliminando das culturas as espcies sens‚veis ‡ sua a…„o. A descoberta de Fleming 
n„o despertou inicialmente maior interesse e n„o houve a preocupa…„o em utilizƒ-la para fins terap€uticos em 
casos de infec…„o humana at a eclos„o da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Nesse ano e em decorr€ncia 
do prˆprio conflito, a fim de evitarem-se baixas desnecessƒrias, foram ent„o ampliadas as pesquisas a respeito 
da penicilina e seu uso humano.
Em 1935, Gerhard Domark cria em laboratˆrio a sufa, subst‘ncia com atividade antimicrobiana.
Em 1940, Sir Howard Florey e Ernst Chain, da Universidade de Oxford, retomaram as pesquisas de 
Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terap€uticos em escala industrial, inaugurando uma nova 
era para a medicina denominada a era dos antibiˆticos. Para a II Guerra Mundial, os antibiˆticos eram vistos 
como “Balas Mƒgicas”. Ainda nesse per‚odo, menos que 1% dos S. aureus estudados eram resistentes a 
penicilina. Em 1946, 60% dos S. áureos jƒ se apresentavam resistentes ‡ penicilina: apresentavam genes 
produtores de penicilinases, enzimas que quebram o anel β-lactamico da penicilina (responsƒvel por matar a 
bactria).
RESISTÊNCIA BACTERIANA A DROGAS
A resist€ncia bacteriana pode ser dar por duas formas: resistência natural (toda a espcie bacteriana 
 naturalmente resistente a um certo antibiˆtico. Ex: Escherichia coli n„o pode ser tratada com benzilpenicilina 
por ser resistente ‡ essa droga) e resistência adquirida (ao longo de seu desenvolvimento, adquire 
resist€ncia devido a processos de conjuga…„o, transforma…„o, etc.). O antibiˆtico n„o induz resist€ncia. A 
resist€ncia adquirida  um fenŠmeno espont‘neo da bactria, sendo os antimicrobianos apenas agentes 
seletores de amostras resistentes. Isso demonstra que antibiˆticos devem ser administradoda maneira e 
intervalos corretos.
CAUSAS DA RESISTÊNCIA
A capacidade de adapta…„o ao novo ambiente garante ‡ bactria variabilidade gentica gerada por 
muta…„o e mecanismos de transfer€ncia. As condi…†es que favorecem a sele…„o e dissemina…„o de genes de 
resist€ncia aos antibiˆticos s„o:
 Uso abusivo dos antimicrobianos nos hospitais
 Venda livre/Aquisi…„o direta pelo doente (Automedica…„o)
 Indica…„o indiscriminada por mdicos
 Uso como aditivo em ra…„o animal
 A tecnologia do DNA recombinante, que gera organismos transg€nicos, pode criar vetores plasm‚dios 
resistentes
 Press„o seletiva natural de muitos antibiˆticos (fungos e bactrias)
 Exposi…„o a outros agentes seletivos como merc‰rio
 Fatores atuais: Maior imunodepress„o (decorrente da AIDS, quimioterapia antic‘ncer e maior 
freq”€ncia de transplantes)
 Modernos meios de transportes, o que facilita o transporte de pessoas ao redor do mundo, carregando 
consigo bactrias de variados meios de resist€ncia.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
OBS: Mecanismo de Resistência:
Versatilidade Genética  Aquisição de Novo Dna  Mutação e Recombinação  Mecanismos ee 
Tranferência do Material Genético
COMO SALVAR OS ANTIMICROBIANOS
Para evitar cada vez mais a resistência dos 
micróbios aos medicamentos, deve-se tomar algumas 
medidas, tais como:
 A busca de novos antimicrobianos
 Modificar ou rejuvenescer drogas já existentes
 Obtenção de Vacinas por Técnicas Convencionais 
ou Moleculares
 Admitir que a resistência bacteriana é sério problema 
de saúde pública (Fenótipo=Genótipo + Ambiente)
 Adotar ações que reduzam o uso dos 
antimicrobianos: Só usá-los se indispensável 
(Diagnóstico); Realizar antibiogramas; Programas de 
vigilância hospitalar e comunitária; Usar vacinas que 
aumentem as defesas do organismo e reduzam as 
necessidades de drogas.
ANTIBIOGRAMA
Um antibiograma é um ensaio que mede a susceptibilidade/resistência de uma bactéria a um ou mais 
agentes antimicrobianos. Seu objetivo é tanto a análise do espectro de sensibilidade/resistência a drogas de 
uma bactéria quanto a determinação da concentração mínima inibitória.
O Ágar de Mueller Hinton é recomendado pelo U.S. Food and Drug Administration (FDA) e pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS) para o teste de sensibilidade/resistência a antibióticos de bactérias 
Gram positivas e Gram negativas, aeróbicas ou anaeróbicas facultativas, comumente encontradas em 
alimentos e espécimes clínicos. O teste, denominado antibiograma, é feito utilizando-se discos de difusão 
antibióticos depositados sobre a superfície do meio onde se inoculou, por espalhamento, uma amostra de uma 
cultura bacteriana previamente crescida em meio líquido.
Material: Pipetador com volume fixo de 100 µl, ponteiras esterilizadas, alça de Drigalski esterilizada, 
placas de Petri contendo meio Mueller Hinton, discos de difusão de antibióticos, cultura bacteriana em Caldo 
Nutriente ou meio LB. 
Procedimento : Semear, por espalhamento com alça de Drigalski ou com uma zaragatoa esterilizada, 
uma alíquota de 100 µl da cultura bacteriana em uma placa de Petri contendo meio Ágar de Mueller Hinton. Em 
seguida, depositar discos de papel filtro impregnados, separadamente, com quantidades determinadas de um 
antibiótico específico sobre a superfície do meio em disposição ordenada. Incubar a placa, invertidas, a 37ºC 
por cerca de 24 horas.
Resultados: A formação de um halo transparente sobre a superfície do meio, ao redor de um disco de 
antibiótico, indica uma região com ausência de crescimento bacteriano, revelando a ação inibitória do agente 
antimicrobiano sobre a bactéria ensaiada.
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
MED RESUMOS 2008
NETTO, Arlindo Ugulino.
MICROBIOLOGIA
INTERAÇÕES PARASITA x HOSPEDEIRO
(Profª Socorro Vieira)
Doença (do latim doleoincia, padecimento) é o estado 
resultante da consciência da perda da homeostasia de um 
organismo vivo, total ou parcial, estado este que pode cursar devido 
a infecções, inflamações, isquémias, modificações genéticas, 
sequelas de trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções 
orgânicas. A maioria das causas de uma donça se dá por 
interações complexas de binômios como: parasita x hospedeiro; 
infecção x resistência; etc. Para este capítulo, serão elaborados 
conceitos e explanações de termos de grande importância no dia-a-
dia médico.
 Infecção: é a penetração, crescimento e a multiplicação de 
microorganismos (bactéria, vírus, fungos, príons) em um 
hospedeiro. A infecção representa um mecanismo de 
agressão. Infecção, por tanto, é a colonização de um 
organismo hospedeiro por uma espécie estranha. Em uma 
infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos 
do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos 
para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patógeno, 
interfere na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a 
diversas conseqüências. A resposta do hospedeiro é a 
inflamação. Existem dois tipos de infecções bacterianas:
 Infecção exógena: que acontece de fora para dentro, ou seja, produzidas por bactérias 
existentes no meio ambiente. A bactéria que produz esse tipo de infecção é chamada de 
primária. Ex: infecção por Salmonella.
 Infecção endógena: é produzida por microorganismos existentes nos tecidos do hospedeiro. 
Ex: O Staphylococcus saprophyticus é uma bactéria existente na região perianal. Quando 
ocorre uma diminuição da imunidade (estresse, virose, etc), essa bactéria migra da região 
perianal para as vias urinárias, representando a segunda maior causa de infecções urinárias, 
sendo classificada então de bactérias oportunistas.
 Infestação: é a penetração, crescimento e multiplicação de macroorganismos em hospedeiros, 
como: pulgas, piolho, verme, carrapato, etc. Diretamente, o macroorganismo não causa infecção, mas 
de um modo indireto:
 A febre tifóide é causada pela bactéria Salmonella tiphi, que se multiplica na corrente 
saguínea e pode ser veiculado para outro indivíduo por meio do piolho.
 A peste bulbônica, causada pela bactéria Yersina pestis, pode ser disseminada utilizando a pulga 
como veículo.
 Parasitismo: Parasitas são organismos que vivem em associação com outros aos quais retiram os 
meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo 
conhecido por parasitismo. O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser mínimo, sem lhe afectar 
as funções vitais, como é o caso dos piolhos, até poder causar a sua morte, como é o caso de muitos 
vírus e bactérias patogénicas.
 Resistência: Como resposta ao ataque desses microorganismos, tem-
se o mecanismo de defesa do corpo, chamada, de um modo geral, de 
resistência. Tem-se dois tipos de respostas imune: uma resposta inata 
ou natural (mecanismo inespecífico e imediato de defesa que acontece 
sem que seja necessário um contato préveo com o agente invasor) e 
uma resposta adquirida ou adaptativa (resposta específica realizada 
por células especializadas como os linfócitos B e linfócitos T, sendo 
necessário um contato préveo com o agente infeccioso).
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
OBS: Pr‚ons s„o part‚culas proticas de natureza infecciosa que estƒ ligado a uma classe de doen…a 
chamadas de priŠnicas, como a vaca louca. Pode se propagar de maneira horizontal (transmitindo-se de um 
ser contaminado para outro) ou vertical (hereditariamente). Esses pr‚ons t€m afinidade pelo SNC, deixando o 
crebo com carater esponjoso (encefalopatia esponjiforme).
 Patógenos: organismos infecciosos que causam doen…as. Ex: Bactérias (Staphylococcus aureus, 
gram-positiva que produz les†es como fur‰nculo, ter…ol, osteomielite, endocardite, meningite), vírus
(influenza que causa HIV), Fungos (Candida albicans),Protozoários (Leishimania donovani) e 
Vermes (Ascaris lumbricoides e Shistosoma mansoni).
 Patogenicidade: capacidade do microorganismo produzir a doen…a ou uma les„o progressiva.
 Virulência: introduz um conceito de grau – a medida da patogenicidade – que estƒ associada, 
geralmente, ‡ letalidade (morte). 
Ex: o v‚rus da poliomielite (Enterovirus poliovirus)  altamente patog€nico, capaz de deixar seq”elas graves. 
Jƒ o v‚rus da raiva (Lyssavirus rhabdoviridae)  altamente virulento, pois  capaz de levar um portador ao ˆbito 
facilmente em poucas horas.
Mecanismo das Doen‚as Causadas por Microorganismos
Serƒ discutido agora o modo de como os microorganismos provocam a doen…a. Em primeiro lugar, eles 
precisam entrar em contato com as clulas do hospedeiro, causando a morte destas como consequencia. A 
partir da‚, hƒ a libera…„o de endotoxinas ou exotoxinas, que s„o capazes de induzir respostas celulares, como 
a prˆpria inflama…„o, supura…†es, forma…„o de cicatrizes ou rea…†es de hipersensibilidade.
Mecanismos da Infec‚ƒo
As principais etapas para que ocorra a infec…„o s„o as seguintes:
1. Penetração do microorganismos nos tecidos. Essa penetra…„o pode ser dada pela via respiratˆria 
(inala…„o de microorganismos), via digestiva (atravs da ƒgua e de alimentos contaminados), pela pele 
e mucosas (quando lesadas representam uma solu…„o de continuidade para a penetra…„o dos 
microorganismos). As bactrias podem penetrar na pele utilizando enzimas chamadas invasinas.
2. Estabelecimento ou aderência dos microorganismos por meio de estruturas como adesinas 
(constitu‚das de glicoprote‚nas ou glicolip‚deos que precisam de receptores na clula hospedeira), 
f‚mbrias, glicocƒlices, fibrilas, etc.
Ex: O Streptococcus mutans faz parte da mucosa oral, que  rica por natureza de vƒrias bactrias (S. 
mitis, S. sanguis, Candide, Lactobacillus). A base de uma dieta cariog€nica e de uma mƒ higiene bucal, 
hƒ um ac‰mulo de restos de alimentos ao esmalte do dente. As bactrias ent„o se aderem por meio de 
seu glicocƒlix aos res‚duos de alimento (constitu‚do de carboidrato), fermentando seus componentes. 
Quando essas bactrias se aderem aos res‚duos, elas formam o chamado biofilme dental (placa 
bacteriana). Da fermenta…„o dos carboidratos, hƒ a produ…„o de ƒcidos, responsƒveis pela 
desmineraliza…„o do esmalte do dente, causando as cáries dentais.
3. Multiplicação do microorganismo nos tecidos do hospedeiro. A partir da porta de entrada, hƒ uma 
dissemina…„o atravs dos tecidos ou canais linfƒticos, que por sua vez desembocam na corrente 
sangu‚nea. Da‚, alm de poderem se multiplicar na corrente (septicemia, causando infec…„o 
generalizada), s„o repassadas para demais tecidos.
Flora Normal do Corpo Humano (Microbiota)
No corpo humano hƒ uma grande variedade de bactrias que s„o habitantes normais de determinados 
s‚tios anatŠmicos, desempenhando fun…†es benficas para o organismo. Estas bactrias s„o chamadas de 
bactérias da microbiota normal. Todo ser humano nasce sem microrganismos. A microbiota normal humana 
desenvolve-se por sucess†es, desde o nascimento at as diversas fases da vida adulta, resultando em 
comunidades bacterianas estƒveis. 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
As diversas partes do corpo humano apresentam condições ambientais diversas que oferecem certas 
vantagens e desvantagens para a vida microbiana. Diferentes espécies de microrganismos adaptam-se aos 
distintos ambientes do corpo. Os fatores que controlam a composição da microbiota em uma dada região do 
corpo estão relacionados com a natureza do ambiente local, tais como temperatura, pH, água, oxigenação, 
nutrientes e fatores mais complexos como a ação de componentes do sistema imunológico. 
Os microrganismos membros da microbiota humana podem existir como (1) mutualistas, quando 
protegem o hospedeiro competindo por micro-ambientes de forma mais eficiente que patógenos comuns 
(resistência à colonização), produzindo nutrientes importantes e contribuindo para o desenvolvimento do 
sistema imunológico; (2) comensais, quando mantêm associações aparentemente neutras sem benefícios ou 
malefícios detectáveis e (3) oportunistas, quando causam doenças em indivíduos imunocomprometidos devido 
à infecção pelo vírus HIV, terapia imunossupressora de transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer, 
queimaduras extensas ou perfurações das mucosas. 
A microbiota humana constitui um dos mecanismos de defesa contra a patogênese bacteriana, mas 
ainda que a maioria dos componentes da microbiota normal seja inofensiva a indivíduos sadios, esta pode 
constituir um reservatório de bactérias potencialmente patogênicas. Muitas bactérias da microbiota normal 
podem agir como oportunistas. Nestas condições a microbiota residente pode ser incapaz de suprimir 
patógenos transitórios, ou mesmo, alguns membros da microbiota podem invadir os tecidos do hospedeiro 
causando doenças muitas vezes graves. Em indivíduos sadios, algumas espécies de bactérias da microbiota 
oral causam cáries em 80% da população. Microrganismos essencialmente parasitas não são considerados 
como membros da microbiota normal uma vez que unicamente prejudicam o hospedeiro. 
MICROBIOTA DA PELE 
A superfície da pele apresenta diversos tipos de micro-ambientes, em áreas mais secas ou mais 
úmidas, que apresentam populações bacterianas mais esparsas ou mais densas, respectivamente. Nas 
regiões mais úmidas, como axilas, virilhas, espaço entre os dedos dos pés, genitália e períneo, predominam 
organismos Gram-positivos como Staphylococcus aureus e Corinebacterium sp. Nessas áreas, condições 
como umidade, maior temperatura corporal e maior concentração de lipídios cutâneos de superfície favorecem 
o crescimento bacteriano. Nas áreas secas predominam as bactérias Staphylococcus epidermidis e 
Propionibacterium acnes. 
De modo geral, organismos Gram-positivos são os membros predominantes da superfície corporal. Um 
alto grau de especificidade está envolvido na aderência de bactérias nas superfícies epiteliais. Nem todas as 
bactérias são capazes de se aderirem à pele. 
MICROBIOTA DA CONJUNTIVA 
Por causa de sua constante exposição ao meio externo, a conjuntiva está sujeita a intensa 
contaminação microbiana. Contudo, a conjuntiva apresenta um sistema de proteção bastante eficaz. A ação 
enxaguatória da lágrima através dos movimentos das pálpebras remove a sujeira e os microrganismos que
entram em contato com a conjuntiva. 
Em adição ao fato de a lágrima ser um meio de cultura pobre, na sua composição encontram-se 
imunoglobulinas, lactoferrina e lisozima. As imunoglobulinas (IgG) inativam inúmeras bactérias, a lactoferrina 
atua como seqüestrante de ferro que é um nutriente mineral essencial para o metabolismo bacteriano e a 
lisozima é uma enzima que impede a formação de paredes celulares bacterianas
Quando algum fator rompe o equilíbrio entre a microbiota residente e a transitória, pode haver o 
desenvolvimento de doenças. Dentre estes fatores encontram-se o desequilíbrio imunológico, o uso 
indiscriminado de colírios contendo agentes antimicrobianos ou corticóides. 
MICROBIOTA DA CAVIDADE ORAL
As características ambientais da cavidade oral, tais como alta umidade, temperatura relativamente 
constante (34 a 36°C), pH próximo da neutralidade e disponibilidade de nutrientes, permitem o estabelecimento 
de uma microbiota altamente complexa composta por cerca de 500 grupos bacterianos que habitam as 
diversas áreas da boca. Muitas dessas bactérias estão associadas à formação da placa bacteriana sobre a 
superfície dos dentes com conseqüente formação de cáries e ocorrência de doenças periodontais.
A composição da microbiota oral varia com a idade, hábitos alimentares, hormônios, fluxo salivar, 
condições imunológicas e outros fatores como higienização e alcoolismo. 
MICROBIOTA DA NASOFARINGE 
A faringe aprisionaa maioria das bactérias que são inaladas. O trato respiratório superior é a porta de 
entrada para a colonização inicial por muitos patógenos já o trato respiratório inferior (brônquios e alvéolos), 
são normalmente estéreis porque partículas do tamanho de bactérias não os atingem prontamente. 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
MICROBIOTA DO ESÔFAGO
O esôfago sadio e anatomicamente normal é um órgão praticamente estéril e bactérias se presentes 
são apenas transitórias. Contudo, condições patológicas podem alterar a anatomia do esôfago e predispor o 
órgão ao estabelecimento de uma microbiota residente, constituída de microrganismos potencialmente 
patogênicos. 
MICROBIOTA DO ESTÔMAGO
No estômago os microrganismos são geralmente transitórios e sua densidade populacional é mantida 
baixa devido às severas condições ambientais. A quantidade de bactérias logo após as refeições, é estimada 
em cerca de 103 a 106 bactérias por grama de conteúdo estomacal, sendo praticamente indetectável após a 
digestão.
MICROBIOTA DO TRATO INTESTINAL
A quantidade de bactérias e o número de espécies presentes em dado segmento do trato 
gastrointestinal são afetados pelo pH e tempo de retenção de seu conteúdo. O baixo pH do conteúdo 
estomacal e o fluxo rápido de conteúdo do intestino delgado tende a inibir o crescimento de muitas bactérias. 
Por outro lado, o pH relativamente neutro e a prolongada retenção de conteúdo no intestino grosso permitem o 
desenvolvimento de comunidades microbianas complexas compostas por centenas de distintas espécies de 
bactérias. 
As bactérias residentes do trato gastrintestinal contribuem para a dieta fermentando carboidratos 
indigeríveis como a celulose em ácidos graxos que são fontes de energia para as células do epitélio intestinal e 
facilitam a absorção de sódio e água, além de sintetizarem proteínas e vitaminas do complexo B.
MICROBIOTA DA VAGINA 
As comunidades bacterianas que colonizam a vagina consistem de uma mistura complexa, multi-
específica, de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, com predominância de espécies anaeróbicas. A 
composição da microbiota vaginal varia de pessoa a pessoa, com a idade, pH do trato vaginal e níveis 
hormonais. As maiores alterações ocorrem nas infecções bacterianas da vagina. 
No primeiro mês de vida, bactérias do gênero Lactobacillus predominam, o que mantém o pH vaginal em torno 
de 5. A partir do primeiro mês até a puberdade predominam S. epidermidis, Streptococcus spp e E. coli e pH 
vaginal eleva-se em torno de 7. Entre a puberdade e a menopausa, devido à ação do estrogênio, ocorre 
secreção de glicogênio no trato reprodutivo feminino e os membros predominantes da microbiota passam a ser 
membros dos gêneros Lactobacillus, Corinebacterium, Staphylococcus, Streptococcus e Bacteroides. Devido à 
prevalência da espécie Lactobacillus acidophilus, o pH do trato vaginal decresce e se estabiliza em torno de 5. 
Após a menopausa, com a diminuição da produção de estrogênio, a secreção de glicogênio diminui, o 
pH vaginal se eleva em torno de 7 e a composição da microbiota volta a ser aquela característica da pré-
puberdade.
EFEITO PROTETOR DA MICROBIOTA
 Microbiota das vias aéreas superiores: As vias aéreas superiores são protegidos por uma microbiota 
residente que evita a colonização destas áreas por patógenos. Cocos Gram-positivos são 
componentes proeminentes, mas muitos outros tipos de bactérias são também encontrados nestes 
sítios.
 Microbiota intestinal: O trato intestinal é protegido de patógenos de várias formas. O ambiente ácido 
do estômago, e as enzimas proteolíticas secretadas pelas células gástricas matam muitas das 
bactérias que são ingeridas. A microbiota do cólon é um ecossistema complexo com a importante 
função de controlar populações de muitos microrganismos patogênicos. Em humanos, a 
antibioticoterapia pode suprimir a microbiota residente e permitir que determinados anaeróbios tornem-
se predominantes e causem doenças. Apesar dessa função protetora, muitos dos membros dessa 
microbiota podem causar doenças. Os anaeróbios do trato intestinal são agentes primários de 
abscessos intra-abdominais e peritonites. Perfurações no intestino causadas por apendicites, câncer, 
cirurgias e ferimentos quase sempre contaminam a cavidade peritonial e órgãos adjacentes.
 Microbiota vaginal: Existem evidências de que a microbiota bacteriana do trato vaginal reduz a 
probabilidade de que patógenos tais como bactérias, protozoários parasitas, leveduras ou vírus se 
estabeleçam na vagina. Os lactobacilos vaginais produzem ácidos láticos que mantém baixo o pH das 
secreções vaginais, inibindo o crescimento de muitas bactérias, competem por receptores de 
aderência, no epitélio vaginal, produzem substâncias antimicrobianas como peróxido de hidrogênio e 
bacteriocinas, se co-agregam com outras bactérias e estimulam o sistema imune vaginal superficial 
incrementando os mecanismos de defesa locais contra bactérias não-residentes. A importância da 
microbiota vaginal normal na proteção contra patógenos pode ser evidenciada no fato de que a terapia 
Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
com antibiˆticos pode predispor mulheres ‡ aquisi…„o de infec…†es genito-urinƒrias, como as causadas 
por fungos do g€nero Candida.
Atributos dos Microrganismos que os Capacitam a causar Doen‚as
Tem-se dois tipos de atributos: fatores de colonização e fatores de lesão.
 Fator de colonização: s„o fatores que auxiliam a resist€ncia e amplia…„o das colŠnias bacterianas. 
S„o exemplos desses fatores:
 Cƒpsula: prote…„o contra fagocitose;
 Adesina: responsƒveis pela ader€ncia ou estabelecimento da bactria
 Invasinas: enzimas responsƒveis pela penetra…„o da bactria nos tecidos.
 Evasinas: enzimas responsƒveis pela difus„o das bactrias nos tecidos.
 Fatores nutricionais: vitaminas, prote‚nas e ferro presentes no hospedeiro que servem como 
elementos essenciais no crescimento das bactrias.
 Fatores de lesão: fatores que ampliam o poder de patogenicidade da bactria.
 Toxinas (do latim, veneno): s„o dividias em dois grupos: endotoxinas (prote‚nas tˆxicas 
presentes dentro da bactria) e exotoxinas (prote‚nas tˆxicas produzidas por microorganismos e 
que s„o liberadas no meio ambiente). Ex: O Staphylococcus aureus, bactria que tem afinidade 
por NaCl, produz uma enterotoxina que  termoestƒvel, ou seja,  capaz de resistir a uma 
temperatura de 100’ por 30min.
 Enzimas hidrol‚ticas: quebram o ƒcido hialurŠnico (constituinte do tecido conjuntivo) por meio 
da enzima hialuronidase, deixando o tecido amolecido.
 Produ…„o de superant‚genos
Sintomatologia da Infec‚ƒo
As infec…†es s„o caracterizadas por tr€s per‚dos:
 Período de incubação: per‚odo compreendido entre a penetra…„o do microorganismo e o 
aparecimento dos primeiros sintomas. Ex: O v‚rus Influenza, causador da gripe, tem um per‚odo de 
incuba…„o extremamente curto (quest„o de horas). Ex²: O Mycobacterium leprae, bactria causadora 
da hansen‚ase, tem um per‚odo de incuba…„o que dura cerca de 2 a 10 anos.
 Período de doença:  o per‚odo de aparecimento dos sintomas em geral, geralmente, acompanhado 
por febre. 
 Período de convalescença: per‚odo de recupera…„o do indiv‚duo. Ocorre o desaparecimento dos 
sintomas.
TIPOS DE INFECÇÕES
 Infecções sem sintomas (subclínicas): s„o dividias em dois grupos:
 Infec…„o latente: indiv‚duo abriga o microorganismo nos tecidos mas n„o apresenta nenhum 
sintoma. Ex: Herpes em per‚odo de lat€ncia.
 Infec…„o inaparente: indiv‚duo abriga o microorganismo (portadores de germes) do tecido, este 
realiza todo o seu ciclo infeccioso e n„o apresenta nenhum sintoma.
 Infecções secundárias: Hƒ germes específicos para determinadas doen…as, como o Mycobacterium 
tuberculosis, causador da tuberculose e a Salmonella typhi, causadora

Outros materiais