Buscar

processos endogenéticos na formação do relevo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CAPÍTULO 2
PROCESSOS ENDOGENÉTICOS
NA FORMAÇÃO DO RELEVO
HélioMonteiroPenha
1.Introdução
No planetaTerra,asforçasgeodinâmicasexternaseinternas
interagemparaproduzirdistintastopografias.
A interaçãoda litosferamóvelterrestrecomos fluidos da
~osfe~e 1}idros~~guiaaformaçãodeumavariadapaisagem,
unicano sistemasolar.Nessacondição,asforçase~~enªse~.!!:
4Qggné!sderivadasdediferentesfontesdeenergiamodelamasu-
perfíciedo planeta,numac.2..nstanteJ?!:!~~_~de~º,il~~que já
montamaisdeguat:r:<:>_!?l!-~sd~an2§.:
Facea suapeculiaridadegeodinâmicaemtermosdeplane-
tologiacomparativa,o planetaTerraé o queapresentaas mais
varia~Jor~dg relevoe ~eis to.PQ8!Aficosconhecidos,
tornandoseusestudosgeomorfológicosfascinanteseintimamente
ajustadosà suaevoluçãogeológica.
Seapenasos~~ntesg)(-!e!l!Qê.atuassemsobreasuasuperfície
sólida,casoinexistisseumadinâmicainterna,ter-se-iao planeta
51
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
cobertopor um únicooceanocujaprofundidadedeveriaserde
aproximadamente2,6km.Na realidade,os oceanoscobrem712ó
dasuperticie_do!!}undo,detal formaqueaprofundidadeébem
maior do que 2,6km;3,8km,em ~~ Essa profundidadeé,
contudo,muito irregular,sendoa maior,de 11.033mna fossa
~~, nasMarianasa sudoestedo P-.acífico. ~-
Osremanescentes29%dasuperfíciedoplanetasãoocupados
por terraemersa,commédiade 840macimado nível do mar e
com8.848mno pontomaiselevado(PicoEverest,no Himalaia).
Assim,a maiordiferençaaltimétricaregistradano planeta,entre
opontomaisaltoeomaisprofundoestáemtornode20km.Vênus,
o planetamaissemelhanteàTerra,temrelevodeapenas13km.
Grandepartedatopografiaterrestreéo resultadodeproces-
sosde diferenciaçãoqueproduzemcrostaoceânicae continental
respectivamente,sendomaisde65%dasuperfíciesólidadaTerra
formadaporcrostaoceânicacomidadesinferioresa200milhõesde
anos.Isso indicasera crostaoceânicaextremamentejovemcom
respeitoaotempogeológicoe,portanto,continuamenterenovada.
Por outrolado,idadessuperioresa trêsbilhõesdeanossãoencon-
tradasemalgunscontinentes.
Todasasatividadesqueenvolvemmovimentosouvariações
químicase físicasdas rochas,no interior da Terra, são deno-
minadasprocessosinternos.A energiaqueosinduzprovémbasi-
camentedo calorinternoda Terra,em grandeparteproduzido
atravésdodecaimentoradioativodeisótoposinstáveis.É aenergia
derivada de reaçõesnuclearesque propicia a formaçãodos
grandesrelevosterrestres,comoosAlpes,osAndes,asRochosas,
oHimalaia,ascordilheirasmesa-oceânicaseasfossas.Tambémo
magmatismoque produz plútonse vulcões,os terremotos,os
dobramentosefraturamentosdacrosta,eamobilidadedasplacas
litosféricasa elaestãorelacionados.
Por outro lado,o relevonãoécriadoinstantaneamente,e
tampoucosuasvariaçõesdimensionaissãoconstantes.Milhões
deanossãonecessáriosparaqueasmontanhassejamerguidas
ao passoqueempoucosminutosseformammarcasde ondas
na areiada praia.Da mesmaforma,a magnitudeespacialdos
principais componentes do relevo terrestre varia signifi-
cativamenteem escalasegundo suas dimensões,estandoos
52
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
maisrepresentativosassociadosaosfenômenosendógenos.É
delesquetrataremosa seguir.
2.ProcessosGeodinâmicosInternos
2.1.NaturezaeCaracterísticas
Os processosgeológicosqueagemno interiorda Terrae,
portanto,dependemda energiado seu interior para o desen-
volvimento, são denominadosprocessosendogenéticosou
geodinâmicosinternos.
A movimentaçãode matériado interiorparao exteriordo
planetaevice-versaécontínuaeconstituiociclodasrochas,onde
massasrochosasimpulsionadaspara a superfícieacentuamo
relevoeimpedemo aplainamentogeneralizadoproduzidopelas
força:;;exógenas.
Osprocessosgeodinâmicosinternos,queenvolvemmovimen-
tosetransformaçõesquímicasefísicasdamatériaexistentedentro
doplaneta,serãoexaminadossobtrêsaspectos:o magmático,que
tratadomagma,suaformaçãoemovimentaçãonointerioreextE;ri-
ar da crosta;o metamórfico,dastransformaçõesmineralógicase
estruturaisderochaspreexistentes,no interiordacrosta;eo tectô-
nico,dosdiversostiposdeesforçosinternos,queasrochassãosub-
metidas,issoé,da deformaçãodacrostaterrestree resultadoses-
truturaiscaracterísticos,como,porexemplo,asmontanhas.
Relacionam-seentãoà geodinâmicainterna,os fenômenos
magmáticosvulcânicoseplutônicos,osterremotos,osdobramen-
tos,os falhamentos,a orogênesee a epirogênese,a derivaconti-
nentalea tectônicadeplacas.
53
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
2.2.OrigemeTransferênciadeCalor Interno
À exceçãodo calor recebidodo Sol, o fluxo de calor do
interioré a maisimportantefontede energiaterrestre.Cerc::ade
2 x 1010calorias de energia, por ano, atingem a superfície,
provenientedasprofundezasdo planeta.Ela é mil vezesmaior
do que a energia requerida para erguer 1cm as Montanhas
Rochosaserepresenta10vezestodaaquelajáusadapelohomem.
Por isso, à medida que penetramosa crosta,há incremento
contínuode temperatura(gl'adientegeotél'mico),cujamédiaé de
1°C a cada33mdependendodaregião.
Umavezreconhecidanointeriordoplanetaapresençadessa
energiapelaqualosfenômenosendógenossãoacionados,oques-
tionamentoé imediato:de ondeprovéme comoétransferidana
Terra?Tendoemvistaqueo cursoevolutivoinicial da Terrafoi
semelhantea dos demais planetasinteriores, o processode
acresção planetária se constituiu em importante fator de
aquecimentodo protoplaneta,gerandotemperaturasiniciais
próximasa1.000°C.Entretanto,sãoaradioatividadeeaconversão
de energiagravitacionalemtérmica,coma formaçãodo núcleo
há maisde quatrobilhõesde anos,asprincipaisfontesdo calor
interno.Algumaenergiacalorífica,derivadadosprocessosiniciais
de formaçãoda Terra,restou,emparte,porqueastemperaturas
internassãomantidaspelastransformaçõesradioativasdeisótopos
instáveis.
Nãoconsiderandoosradioelementosdevidacurta,presentes
nos primórdiosda históriado planeta,o calorproduzido pela
desintegraçãodo urânio238e235,dotório232edo potássio40é
responsávelpelamanutençãodeumadinâmicainternaatéospre-
sentesdias.A radioatividadelibertacalorque,por suavez, se
transformaemtrabalho,gerandoforçasquemovimentamplacas
litosféricase erguemimensascordilheiras.
Já queasrochassãopéssimascondutorasdecalor,eageofí-
sicaindicaapresençadematériacapazdefluir sobextremascon-
diçõesdetemperaturaepressãono interiordo planeta(mantoe
núcleo),otransportedecaloréfeitoporconvecção.Sendoomanto
convectivosemcondiçõesde armazenargrandequantidadede
calorpor períodostão longos,temosde admitirque-onúcleoé
54
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
umaimportantefontedecalor(± 6.000°C),transmitindo-oparaa
litosfera,na formade célulasconvectivas"ou plumastérmicas,
atravésdo manto.Esse,por suavez, acha-seempobrecidode
elementosradioativosemsuaporçãosuperior,pois, depletados
geoquimicamente,enriquecemacrostacontinentalemdiferentes
episódios magmáticos.Tem-se,com essemodelo, o núcleo
influenciandoacirculaçãodematéria,nomantoinferioresuperior
e,conseqüentemente,promovendoa tectônicadeplacas.
2.3.EstruturaInternadaTen'a
A maiorpartedoconhecimentodointeriordoplanetaéfor-
necidaatravésdeestudosgeofísicos,principalmente,comoauxílio
dasismologia(estudodosterremotos).Sãodadosobtidosdeforma
indireta,já queas observaçõesdiretassãorealizadasa poucos
quilômetrosda superfície,emminasprofundasou emfurosde
sondagem(omaisextensoatingiu10kmno interiordaTerra,ao
nortedaRússia).
.Comoasondassísmicas,longitudinais(P)etransversais(5),
dediferentescaracterísticasfísicas,percorremo interiordaTerra,
sendoaondaP, maisveloz,capazdeatravessaro núcleo,asvari-
açõesencontradasduranteo trajetonosoferecemuma imagem
de suaestruturainterna.Com tais registros,é possívelcalcular
comoas propriedadesvariame ondeestãoos limitesabruptos
entrecamadasdediferentes.características.
A Figura2.1apresentaa constituiçãointernada Terraem
funçãodasdescontinuidadesverificadasnavelocidadedasondas
sísmicasacimado mantoinferior.
Atravésdasismologia,umaregiãodomantosuperior,entre
100e 350kmdeprofundidade,comcaracterísticasplásticaseca-
paz de fluir, foi descoberta- a astenosfera,cuja existência
viabilizou a teoriada derivacontinentale, por extensão,a da
tectônicadeplacas.Estabeleceu-setambémumnovoconceitode
litosfera,queé a regiãorígidaacimada astenosfera,e,portanto,
incluindoa crostaeporçãoexternado mantosuperior.A crosta
não é homogênea,variandoem composiçãoe espessura,tendo
nos continentescomposiçãograníticae 50km,em média, de
55
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
400
2.4.Mobilização daMatéria doInteriorparaa Supelfície
Figura2.1- Perfil esquemáticodalitosfera.Densidadesmédiasnos
parêntesis.
Havendomobilidadenomaterialsubjacenteàlitosferasólida
erígida,transferên~ianãoapenasdecalorematériaéassinalada,
mas,também,esforçostensionaisearrastesfA conjugaçãodesses
fenômenosendógenos,presentesdurantetodaahistóriaevolutiva
do planeta,promovea dinâmicaà litosferae,conseqüentemente,
o aparecimentodecadeiasmontanhosas,fossasoceânicas,deslo-
camentode porçõescontiJ)entaise atividadesmagmáticaspor
largasextensõesda crost~."
Emzonastracionadasporcorrentesconvectivasascendentes,
a crostaoceânicaé formadapor sucessivasinjeçõesde magma
básico, dorsais são estruturadas, e o assoalhosubmarino é
arrastado,simetricamente,para fora da cordilheiraoceânica,
ComaGeologiaisotópicaverifica-se,emalgumasregiões,a
presençaderochasderivadasdemagmasque,dealgumaforma,
receberamcontribuiçãoatémantélica,demonstrandoheteroge-
neidadesgeoquímicasno mantosuperior.
Sendoo mantoconvectivo,o transportedecalordo interior
paraa superfícieé feitoatravésdas correntesconvectivas,que
promovemosmovimentosdasplacaslitosféricas.Conjuntamente,
porçõesdematériasãoextraídasdessasregiõeseadicionadasna
crosta,soba formadeinjeçõesmagmáticas.
Osmagmas,assimderivados,misturam-se,emmaioroume-
norgrau,comomaterialcrustalsiálico,gerandoEt~t()I1s(por~ões
magmáticascristalizadasno interiordacrosta)ou processosvul-
cânicosde naturezabásicaou básica/andesítica,segundoo
ambientegeotectônicoenvolvido.Fenômenosmagmáticos,em
regiõesoceânicasou emcinturõesorogênicos,atestam,através
deinvestigaçõespetrogenéticas,assinaturasisotópicasmantélicas
nasrochasderivadas.
Admite-se,também,apresençadeplumastérmicasmantélicas
oupontosquentes(hot-spots)g~~a~~~fo_ç()stérmicose,conseqüente-
mente,mobilidadedematériadõinteriorparaasuperfície,expres-
sados,geologicamente,por vulcõesintraplacas,como,por exem-
plo,asilhashavaianas,noPacífico.
2.5.DinâmicadaLitosfera
'l
\
CROSTA OCEÂNICA
_J
(basalto, gabro)(3.0)
CROSTA CONTINENTAL
Já foi constatado,através de estudos petrológicos em
produtos magmáticos,que a matéria,oriunda de diferentes
profundidades,chegaà superfícieterrestre,eváriossãoosmeca-
nismossugeridosparaexplicaressamobilidade.
: ::::: :: .:.::::::: ::::.::::::: :::: :::::: ::;.; ..:.."-' .. .:.:... ..;.:. ",-•..:.; . .:.;. "-'. ....;.:.:.:..0 ."-'..:.:..:. .":':"i:'JOO
~:.:.~.:.:::~'.'.::.~:..;.~.;.;.~~:..:.:.~.:.::::::";:.::~:'.:>:'~'~'.>~~';7
•••••••• 0.0 ••••••••••••••••••••••• /................................,
::L);~LjZ~LE·;~=;:;.:,; MANTO SUPERIOR
espessura.Nos oceanos,tem composiçãobasálticae, aproxi-
madamente,8kmdeespessura.Elaéseparadadomantosuperior
pela descontinuidadede Mohorovicic (moho).O termoplacas
litosféricasaparece,então,representandouma camadarígida
capazde semovimentarsobrea astenosferaplásticae geradora
defusõesmagmáticas.
O manto,por suavez,representa82%do volumee68%da
massada Terra,e admite-seser composto,principalmente,por
silicatosdeferroemagnésio.Seucontatoa5.150km,comonúcleo
externolíquido,faz-sedeformairregular,comodemonstramima-
genstridimensionaisobtidaspor tomografiasísmica.
56 57
PROCESSOSENDOGENÉ'é'ICOSNA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
Há váriostiposdemagmas,diferenciadostantoemorigem
(mantélicos,crustais,derivados)comoemcomposição(ácidos,bá-
sicos,ultrabásicos,intermediários)e,por conseguinte,originando
diferentestiposderochasígneas,taiscomogranitos,gabros,peri-
dotitos,sienitos,granodioritos,dioritose outros,quesãotiposin-
trusivos,ou,então,riolitos,basaltos,fonolitos,traquitos,andesitos
eoutros,quesãotiposextrusivos.Poroutrolado,omagmasedife-
rencia,nocursodesuacristalização,propiciandoaumúnicomagma
darorigema diferentesrochasígneas.A sílicaéo principalconsti-
tuintedomagma,e,dessaforma,omagmaéumamisturasilicatada,
comalgunscristaisdisseminadose gases(principalmentevapor
d'água)dissolvidosnamassa,originadospelaocorrênciadefusões,
nomantoenacrosta.Podemsermuitoviscosos,comonosmagmas
ácidos(graníticos),ou fluidos,comonosmagmasbásicos(basálti-
cos),comtemperaturavariandode600" C a1.400" C.Seureservató-
rio,dentrodalitosfera,é denominado"câmaramagmática"e ten-
demasubir,emdireçãoàsuperfície,pormeiodoprocessodeintru-
sionamento.
A ascensãodomagma,nalitosfera,podesernaformaativa,
originandocorposintrusivosde aspectoglobular,queforçame
deformamas rochasenvolventes,possibilitandoa formaçãode
corpos circunscritoscom característicadômica (ex.:plútons
graníticosanelares);ou, então,dar-sede forma passiva,sem
deformarou arquearasrochasencaixantes.~videntemente,tais
condiçõesde intrusionamentopodeminfluenCiaras formasdo
relevo,sejapela erosãodiferencial,sejapela deformaçãodas
formaçõesrochosasenvolventes,quandoessescorposmagmáticos
ficamexpostosnasuperfíciepor meiodadenudação.
ASCENSÃO DE MAGMA
• HIPOCENTRO DE TERREMOTOS
" VULCÕES
MAGMA PLACA L1TOSFÉRICA
MERGULHANDO NO
MANTO
ZONA DE
SUBDUCÇÃO
MONTANHAS
CROSTA OCEÂNICA CAOEIA MESO-QCEÁNICA FOSSA OCEÀN1C~ CROSTA CONTINENTAL
Figura2.2- Seçãonacrostaterrestreindicandozonasdeconstruçãoe
destruiçãodeplacaslitosféricasefeiçõesgeológicasassociadas.
3. FenômenosGeológicosAssociadosà
GeodinâmicaInterna
levandoconsigoporçõescontinentaismais levese de natureza
siálica.
Em zonascompressivas,presumivelmentegeradaspor cor-
rentesconvectivasdescendentes,cordilheirassãoformadasfavo-
recendoo aparecimentode cinturõesorogenéticos,zonas de
subducçãoe,conseqüentemente,arcosdeilhasefossasoceânicas.
Colisões de crostaoceânica/crostaoceânica,crostaoceânica/
crostacontinentalecontinente/continentesão,então,visualizadas
nessascondições.Assim,intensasmovimentaçõestectônicassão
encontradas,produzindodobramentose falhamentosda crosta
emlargaescala,alémdegrandeatividadesísmica(terremotos)e
magmática(vulcanismoeplutonismo)(Fig.2.2).
3.1.FenômenosMagmáticos
Sãoaquelesrelacionadosà gênese,evoluçãoe solidificação
do materialem fusão,existenteno interior da Terra e que dá
origem às rochasígneas,intrusivas ou plutônicas,quando o
magmaseconsolidanacrosta,eextrusivasouvulcânicas,quando
o materialemfusãoextravasana superfície.
3.2.FenômenosMetamólficos
Rochasmetamórficassãoformadasquandorochasígneas,se-
dimentaresoumesmometamórficassãorecristalizadasaaltastem-
peraturase/oupressõesousãodeformadaspelamovimentaçãode
placastectônicas,{Qprocessosedesenvolvecomomaterialemesta-
do sólido,mudandoLconseqüentemente,suascaracterísticasmine-
ralógicase texturais.'
58 59
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
ometam0rfism?P?deserdec()~tat(),issoé,devidoàstrans-
formaçõesdarochaencàixante,~pelocaloremitidodeumcorpoÍgneo
intrusivo;PQQg~~I~âmi~,devidoàpressãoecisalliamentosobre
material rochoso a grandes profundidades, dando origem a
milonitos;oU,S,utãQ"serregiQ~ªL,ondeasnovascondiçõesdepres-
sãoe temperatura,geralmentesobrematerialcrustal,emzonasde
subducção,originamamplasvariedadesderochasmetamórncas,
taiscomo:ardósias,filitos,micaxistosegnaisses,segundograucres-
centedascondiçõesdemetamornsmo.
A importânciadometamorfismoregional,comofenõmenoplu-
tônico,reveste-senofatodequevastasporçõesdacrostapodemser
afetadas,originandotiposrochososcomunsnosescudospré-cam-
brianos,comoo escudobrasileiroouo canadense.
As rochasvariamemcomposiçãoe graude cristalinidade,
sendoo maiorparaos gnaisses,ondealgunsmineraischegama
ser centimétricosede grandeinfluênciano relevode terrenos
muitoantigos,comoo denominadoComplexoCristalino.Eviden-
temente,umgnaissefacoidal(gnaissericoemcristaiscentimétricos
defeldspatopotássico)daráumarespostadiferenteaosprocessos
morfodinâmicos,quandocomparadoafilitosoumicaxistos,mais
débeisesusceptíveisàerosão.O quartzito,umarochametamórfica
derivadadearenitos,quandoexpostonasuperfície,tendesempre
aformarrelevopositivoecristas,nemsempreocorrentesemare-
nitos.
3.3.FenômenosTedônicos
Comoa dinâmicaterrestrelevaà incidênciade tensõesde
diferentestiposeordensdeesforçossobreo materialrochosoda
litosfera,amplasdeformaçõesemovimentossãoproduzidosem
largaescala,estabelecendo,dessaforma,a configuraçãoarquite-
tônica do exterior da Terra. Tais estudosdenominam-sede
tectônica,onde a movimentaçãode placas,o falhamentoe o
dobramentorevestem-seda maior importância.Tambémestão
assodadasà tectônica,a orogênesee a epirogênese.
Evidentemente,aordemdosfenômenosrelacionadosà tec-
tônicadeplacas,àorogênesee,decertaforma,àepirogêneseéde
60
,rj
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
nívelmundialou regional,já queseusefeitossãoverificadosem
grandesextensõesda superfíciedo planeta,a pontode conside-
rarmos uma tectônicaglobal. No caso do falhamento e do
dobramento,fenômenosintimamenterelacionadosàtectônicade
placase suasconseqüências,a ordem de avaliaçãopode ser
efetuadadesdeonívelregionalaolocale,deformaindependente,
quandotratadosisoladamente.
O fatodeo materialrochoso,quandosubmetidoaesforços,
fraturaroudobrardeve-seaotipoderespostaqueeleapresentará
àstensões,issoé,sequebrando(fraturando,falhando),indicando
regimerúptil dedeformação,ou,sedobrando,indicandoregime
plásticodedeformação.Essesregimesfísicosexistemno interior
doplanetasegundoaprofundidade,podendo-seestabelecerque,
aprofundidadesinferioresa20kmemmédia,predominaoregime
rúptileparaalém,oregimedúctil,faceàscondiçõesdepressãoe
temperatura.
Deveficarentendidoquetantoo dobramentocomoo falha-
mentosãofenômenosendógenos,processadosnointeriordacrosta
enãonasuperfície,comoaparentamser.Evidentemente,taises-
truturàsgeológicas,quandoaflorandoe submetidasà açãodos
agentesexógenos,apresentam-seexpressase realçadas na
paisagem,o quefacilitaa suadetecção.
Dessaforma,estratosde rocha,queforamdeformadoshá
umbilhãodeanos,porexemplo,agora,noCenozóico,équeestão
aflorandoecontribuindoemmaioroumenorgrauparaasformas
dorelevoqueestamosvendo.Daí aafirmativadequeaidadedas
rochasoudasdeformaçõesnelasexistentesnãoénecessariamente
a mesmadasformasnelasesculpidas.De igual modo,é válido
admitirqueosprincipaistraçosdo relevoquetemosdiantedos
nossosolhos foram delineadosem temposgeológicosmuito
recentes,emgrandeparteduranteo Terciário.
3.4.Orogênesee Epirogjne:ii,e
Entende-secomoorogeniaos processostectônicospelos
quaisvastasregiõesda crostasãodeformadase elevadas,para
formaros grandescinturõesmontanhosos,taiscomoos Andes,
61
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO
os Alpes, o Himalaiae outros.É termoantigo,usadoantesdo
conhecimentoda tectônicadê placas,em que o dobramento
figuravacomouma dasprincipaiscaracterísticase cujascausas
eramdesconhecidas.O termotambémrefere-se,atéhoje,aos
processosde construçãode montanhascontinentaise envolve
também atividades associadas, tais como dobramento e
falhamentodasrochas,terremotos,erupçôesvulcânicas,intrusões
deplútonsemetamorfismo.
Um orógenoou faixaorogênicaéumalongaerelativamente
estreitaregiãopróximaa umamargemcontinentalativa(zonade
colisãode placas),onde existemmuitosou todosos processos
formadoresdemontanhas.Assimenunciado,umafaixaorogênica
(arogenicbelt)éumaregiãoalongadadacrosta,intensamentedobrada
efalhadaduranteosprocessosdeformaçãodemontanhas.As oro-
geniasdiferememidade,história,tamanhoe origem;entretanto,
todasforamumavezterrenosmontanhosos.
Hoje,apenasasorogeniasmaisjovenssãoterrenosmonta-
nhosos,enquantoasantigasestãoprofundamenteerodidas,e sua
presençaehistóriasãoreveladaspelostiposderochasedeformações
existentes.Os Apalaches,porexemplo,foram,no Paleozóico,uma
grandecordilheira,comoo Himalaiaou os Alpesdehoje,embora
seapresentemcomomorrariasdestituídasdoesplendordasgrandes
cadeiasmontanhosas.
Outracategoriadediastrofismo,termogenéricoparatodos
osmovimentoslentosdacrosta,produzidospor forçasterrestres,
é a epirogênese,quesecaracterizapor movimentosverticaisde
vastasáreascontinentais,semperturbar,significativamente,a
disposiçãoeestruturageológicadasformaçõesrochosasafetadas.
Diferedaorogênese,ondeosesforçossãotangenciais,porproduzir
grandesarqueamentosou rebaixamentosda crosta,localmente
conjugadoscomsistemasdefalhas,devidoa esforçostensionais.·
Variaçãodo nível do mar emtrechosde costa,avançodo
marsobreporçõescontinentais,mudançasnaconfiguraçãodadre-
nagem,variaçãodo nível de basede erosão,aparecimentode
planos de erosão em vários níveis separadospor degraus,
terraceamentodosvalesfluviaissãoalgumasdasconseqüências
da movimentaçãoepirogenética,na modelagemda superfície
terrestre.Um produto típico de movimentodescendenteou
62
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO
epirogenéticonegativoé a bacia,umadepressãogeralmentede
expressãoregional,preenchidapor sedimentos,comoasbacias
sedimentaresintracratônicas.Pilhas de rochassedimentares,
muitasvezestotalizandováriosquilômetrosdeespessura,sãoaí
encontradas,como,porexemplo,abaciadeMichigan,nosEstados
Unidos,ouadoParnaíba,noBrasil.Nosmovimentosascendentes,
encontramosplatôs e soerguimentoscontinentais,como,por
exemplo,o Platôdo Colorado,ou algumasformasmarcantesdo
relevobrasileiro,comoa Serrado Mar, na concepçãode alguns
geólogos. .
A origemdofenômenoérelacionadaadistensõesnacrosta,
promovidaspor variaçõestérmicasou devolumeno mantosu-
perior.Tambémemalgumasregiões,comonaEuropaocidental,
tais movimentossãointerpretadoscomoreajustesisostáticos,
devido ao degelode massasglaciais,anteriormenteexistentes
sobreo continente.
3.5.DimensãoTemporaleEspacialdosFenômenos
Há umaamplavariação,tantodeordemtemporalcomoes-
pacial,defenômenosgeológicosassociadosàgeodinâmicainterna;
algunssemanifestamporlargoespaçodetempogeológico,como
asorogenias,outrosserevelamemperíodosmuitocurtos,aténa
escalade tempohumana,comoos terremotosou os processos
vulcânicos.A instauraçãode umacordilheirapodeprocessar-se
durantelongotempogeológico,por dezenasdemilhõesdeanos
(M.A.).A cordilheiraandina,cujaformaçãoseiniciouháaproxi-
madamente140M.A., temlevantamentocontínuodesdeo fim do
Cretáceo,eo Himalaia,quecomeçouaserformadoháaproxima-
damente80 M.A., apresentahoje, descontadaa erosão,uma
ascensãodecercade1cm/ano.Evidentementeháfasesemquea
taxade elevaçãoé superiorà de erosãoe outraemqueisso se
inverte.Entretanto,ovulcãoParicutin,noMéxico,atingiuaaltura
de330mpoucosmesesdepoisdoseunascimento.Ilhasvulcânicas
oceânicassurgemsobreo mare desaparecememalgunsanos,e
umsegmentádafalhadeSantoAndré,naCalifórnia,sedeslocou
cercade4,3memapenas133anos.Os fenômenosvulcânicoseos
63
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
sismossãorelacionadosàgeodinâmicainternaeseprocessamna
escalahumanadetempo.
3.6.EpisódiosTectomagmáticosMarcantesna Geo-História
Durantea históriageológicado planetaTerra,iniciadahá
3,8bilhõesdeanos(idadedosregistrosgeológicosmaisantigos),
vários episódios tectônicose magmáticosde grande trans-
cendêncianaconfiguraçãodasuperfícieterrestreocorrerameestão
documentadosnasrochasem todosos continentes.Como tais
fenômenosproduziram grandesvariaçõesambientais,quase
sempreacompanhadasdetransformaçõesimportantesnosseres
vivos já existentes,incluindo episódiosde extinçãoem massa,
conseqüentementeproduziramvariaçõessignificativasnomaterial
geológicoarquivadonacrostae,posteriormente,decifradopelos
geólogos.
Através de dataçõesgeocronológicas,em materialmag-
máticoamplamentedistribuído em algumasregiõesda Terra,
constata-seapresençadeepisódiosbemdelimitadosno tempoe
no espaço,de intensa deformaçãocrustal e forte atividademetamórficae ígnea,que incorporamnovo materialà litosfera.
Taisfenômenossãodenominadosciclosorogênicosougeológicos
e caracterizamas denominadasfaixasmóveis(mobilebelts)que,
decertaforma,constituemasprópriasfaixasorogênicas.
A compilaçãodeinúmerasidadesgeocronológicasobtidasno
mundosugerequetaisepisódiostectomagmáticosouorogeniasapre-
sentempicosglobais,notadamenteentre2.800e2.600M.A., 1.900e
1.600M.A., 1.150e900M.A., 650e500M.A. e 180M.A..Osdados
geocronológicostambémsugeremqueindividualmenteasorogeni-
asapresentamduraçãovariandode175a250M.A., separadaspor
intervalosde"calmaria"quevariamde350a500M.A. emmédia.
Evidentemente,quantomaisantigoo evento,maisdifícil é a sua
avaliação,aliadoao fatode quenãoé possívelobterresoluções
melhoresdo que25-30M.A. no pré-cambriano,nãoobstanteoco-
nhecimentodequedadosfanerozóicossugeremquealgumas01'0-
geniassãoseparadaspor intervalosdetempoinferioresa30M.A..
64
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
3.7.FaixasMóveiseC"átons
Entende-secomofaixamóvelumalongae estreitaregião
crustalquesofreu,ouestáaindaexperimentandointensaatividade
tectônica,comaformaçãoderochasedeformaçãoemlargaescala.
Cinturõesorogênicosforamfaixasmóveisduranteseusestágios
formativos,e a maioriadelesproduziusistemasmontanhososjá
destruídospelaerosão.Deve-seatentarquesomenteasfaixasmó-
veisdoCenozóicorecenteapresentamÍntimacorrelaçãodospro-
cessosdeformacionaiscomo relevo.
No Brasil,destacam-seosseguintesciclosorogênicos:Jequié
entre2.700-2.600M.A., Transamazônicoentre2.200-1.800M.A.,
Brasilianoentre700-450M.A., omaisrecenteconhecidoemnosso
paíse do qualsãoencontradasrochasmetamórficasemdiferen-
tesgraus,intensoplutonismograníticoe deformaçõesvariadas.
Localmentesãoidentificadosos ciclosUruaçuano(± 1.150
M.A.),Uatumã(1.700-1.900M.A.),Parguazense(1.500-1.600M.A.),
Rondoniense(1.000-1.300M.A.) e o Guriense(3.000-3.400M.A.).
Como exposto,verifica-seque,no Brasil,o últimoepisódio
geodinâmicogeradordegrandesdeformaçõesdacrosta,atravésde
dobramentosedefalhamentosconjuntamentee,emconseqüência,
cordilheirascontinentais,ocorreunofinaldopré-cambrianoeinício
doPaleozóico.Omaterialgeológicoresultante,hojeexpostoemsuas
raízes,podeatéformarrelevosmontanhosos,devidoa fenômenos
geodinâmicosposterioresesemnenhumaconotaçãocomaorogê-
nese,como,por exemplo,a reativaçãodeantigaslinhasdefalhas.
As faixasmóveissão,portanto,identificadaspelomaterialgeológico
produzidoenãopelaconfiguraçãomorfológicadotipocordilheira,
que,certamente,existiramnasdiferentesépocasemqueo fenôme-
no,orogênese,estavaativo.
Poroutrolado,todososcontinentestêmumnúcleodecrosta
continentalestável,totalou amplamenteformadopor rochaspré-
cambrianascomestruturascomplexas,normalmentegnáissicas,e
xistosaseinjetadasporbatólitosgraníticos.Duranteaevoluçãodos
ciclosorogênicos,essasáreascomportam-secomoblocosrígidos
comasfaixasmóveisdesenvolvendo-seemsuaperiferia.Quando
expostoesubmetidoaosagenteserosivos,o crátonpassaa serde-
65
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
nominadoescudo.Assimenunciado,escudoéumcrátonaflorando
e,conseqüentemente,caracteriza-sepelapresençaderochasmeta-
mórficasdealtograu(gnaisses)egranitosdiversosdeidadesmuito
antigas.
No Brasil,dois grandescrátonspré-brasilianospodemser
identificados:o crátonamazônico,cujosextensosafloramentos
foramdivididosemdoisescudos,dasGuianaseBrasilCentral;e
o crátondo SãoFrancisco.Áreascratônicasmenoressãotambém
assinaladasemterritóriobrasileiro,comoo crátondeSãoLuís, o
crátonLuís Alves e o crátondo Rio da Prata.Idadesarqueanas
sãoaí encontradas,algumassuperioresa 3.000M.A ..
Quandopartesdo crátonestãocobertaspor formaçõesnão-
deformadas,dá-seo nomede plataformaa tal superfície.Várias
coberturasfanerozóicasformamaplataformabrasileira,identificadas
principalmentepelasbaciasintracratônicasdo Amazonas,Parnaí-
baeParaná.
Como nasáreasdos escudosencontramosa exposiçãode
rochasmetamórficas,normalmentegnaissese ígneasgraníticas,
o relevo esculpidoé geralmentesuavee resultadoda erosão
seletivaaolongodelinhasdefraqueza,relacionadascomfraturas,
juntas,dobrasourochasdébeisqueformamdepressões,ou,então,
derochasduras,quetendema originaráreaselevadas.
4. TectônicaGlobaleasPrincipaisFormasde
RelevoTerrestre
4.1.PlacasLitosférieaseDerivaContinental
DerivaContinentaléumateoriapropostanoiníciodoséculo
por Alfred Wegener,segundoa qual os continentessemoviam
sobreasuperfíciedaTerra,algumasvezesquebrando-seemvárias
porções,outrasvezescolidindo.A teoriada derivacontinentalé
similar à teoriada tectônicade placas,pois ambasenvolvem
movimentaçãode massascontinentais;porém,Wegenernunca
postulouaexistênciadeplacaslitosféricasnemalgumaramificação
66
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
dateoriadetectônicadeplacas.Elaapareceudepois,emmeados
do século,fruto do trabalhodepesquisadevárioscientistasem
diversasregiõesdo planeta,principalmentenasáreasoceânicas,
com o adventode sofisticadosequipamentosde Geofísicae
sondagenssubmarinas,nofinaldadécadade50eduranteadécada
de 60.Historicamente,logo apósa SegundaGuerraMundial,
geocientistasiniciaram a exploraçãosistemáticado assoalho
oceânico,inicialmentepor razõesmilitarese econômicas,com
trabalhosde mapeamentodo fundo submarinoque levaramà
descobertadaCadeiado Meio-Atlântico(amaisamplaeextensa
cadeiademontanhasdaTerra).
Concomitanteaomapeamentodo relevosubmarino,inúme-
rasdescobertasforamfeitas,destacando-se:ainexistênciadeespes-
sospacotesdesedimentosnofundodosoceanos,deidadesempre
inferiora 200M.A. do materialsedimentarencontrado;o aspecto
zebradodeformasimétricaàcordilheiraoceânica,expressadopela
variaçãodepaleopolaridademagnéticadasrochas,deidadecada
vezmaisantigadasrochasdo substratorochosodosoceanospara
ambososladosa partirdacordilheiraea revelaçãodaastenosfera
pelasismologia.Essesestudoslevaramà formulaçãoda teoriada
expansãodoassoalhooceânicoedaí,àpropostadeummodelogeral
paraaorigemdetodaacrostaoceânicae,conseqüentemente,àbase
parao desenvolvimentodateoriadetectôrucadeplacas.
Essateoriaé um modeloparaa Terra,em quea litosfera
rígidae fria "flutua" sobreumaastenosferaplásticae quente.A
litosferaé segmentadapor fraturas,formandoum mosaicocom
setegrandesplacasealgumasoutrasmenores,quedeslizamho-
rizontalmente,arrastandooscontinentesporcimadaastenosfera.
São as seguintesas principais placas litosféricas: africana,
americana,eurasiana,pacífica,indo-australiana,antárticaenazca,
quesemovemcomvelocidadesquevariamde 1,3a 18,3cmpor
ano. A velocidade absoluta da placa sul-americana é de
aproximadamente4cm/anoparaoeste(Fig.2.3).Por outrolado,
asplacassãogeradasjuntoàsdor~aisoceânicas,coma formação
do assoalhooceânicobasáltico,e são destruídas nas fossas
oceânicas,ditascomozonasde subducção,ondemergulhamno
manto.Nessasregiões,somenteaspartesoceânicassãodigeridas,
conquantooscontinentes,maisleves,nãosãosubmergíveis.
67
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
Figura2.3-Mapa- múndiapresentandoasprincipaisplacaslitosféricas.
••••. direção de movimentação
60°
30°
0°
30°
60°
~ limitedivergente ~ limiteconvergente limitetransformante /"' Rifl-Continental
desubducção,ondeumaplaca(maisdensa)mergulhasoba
outraparaserconsumidano manto,como,por exemplo,a
placadeNazcasubdudandosoba placasul-americanano
Pacífico(nodecursodesseprocesso,aspartesoceânicasdas
placassãoconsumidas,eacadeiamontanhosaé formada);
c) colisionalou sutura,sãotambémregiõesdeconvergência,
porém,semconsumodeplacas,como,porexemplo,acadeia
do Himalaia,formadapelacolisãodaplacaindianacoma
placaeurasiana;
d)conservativa,formadaaolongodeumafalhatransformante,
ondeo movimentorelativodaplacaéhorizontaleparalelo
aoseulimite,como,por exemplo,a falhade SantoAndré,
naCalifórnia,ondeoladodoPacíficodesloca-separaonorte,
comrelaçãoaoblococontinentalaeste.
Importantesfenômenosgeológicose estruturasgeomorfo-
lógicasdeordemmaiorsãodesenvolvidos,segundoumououtroquadrogeotectônicodosacimareferenciados,destacando-se,além
dascordilheiras,tantocontinentais(placasconvergentes)como
oceânieas(placasdivergentes),o intensomagmatismo(plutônico
e vulcânico)associadoa placasconvergentese divergentes,a
excepcionaldeformaçãono ambientecolisional,o rifteamento
continentalem ambientedistancional,nos limites de placas
divergentescontinentaiscomoo grande6ftafricanoeosarcosde
ilhas naszonasde convergênciade placasoceânicas,comono
Pacíficoocidental(Tabela2.1).
4.2. Limites de Placas e Eventos Geológicos Relacionados
Existemquatroprincipaistiposdelimitesdeplacas:
a) construtivaou divergente,quandoduasplacasestãosemo-
vendoseparadamenteumadaoutraeemsentidocontrário,
apartirdacadeiamesoceânica,ondenovacrostaéformada;
b) destrutivaouconvergente,quandoduasplacasestãosemo-
vendomutuamenteumaemdireçãoàoutra.Fossasoceânicas
sãoformadasnessessítiosdecolisão,originandoumazona
68
4.3.MargensContinentaisAtivas ePassivas
Margenscontinentaissãoregiõesondea crostacontinental
encontraa crostaoceânica.Existemdoisprincipaistiposdemar-
genscontinentais:
a) MargemContinentalPassivaécaracterizadaporumafirme
conexãoentreacrostaoceânicaeacontinental.Pequenaati-
vidadetectônicaocorrenos limitesentreos dois tipos de
crosta,geralmentepercebidapor algunssismosde baixa
intensidade,devidoa fenômenoslocaisdefraturamentoou
69
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
~u
t=:'"
';;:
~
~~
<:u
'"~'0V
!il
•...
~
'"
~
s:
~
Ci
~
:E
::;,
""
M
<:
..J~
~
~
<:
(j)
O
~
~
(j)
~
l:)'o
..Jo
t5
(j)
~z
g:
w
<:
ti::
;:i
l:)o
~
(j)
<:(j)u<:
:3e~>
w..J00
(j»
~tií
E=:
~
Cl
o
~
ou
""
c::
,,"
o;::
6
'li)
e
.g
.$
<u
11u
ô"3
.~ >
<~ .§
~,~ '"0..0 o:5 '" '"
'" e lS
~~~
i@ E õ
o <u e
"O "O <u
o o t::
Ice 1('\$ Q)
li! li! ~,
(!3 QJ ID
~ ~ '8w '"
.ê
C:: •.•
(tt:: eu
~ l::l
'? Siou
~~
ê~
~ :~
:=0<
1: eo ou u
o
c::
§
~
;ã
13o
<u
'E
<u
e.o
<u
.~o
g
e
~'"
~
<>:::
<u
-g
lS
l:)
.;; rn
<u <u
~:§
c:: ;:l
',= :>
c:: ",'
8 e
<u bQ
"O '"
o e
l~ ~ ~
1: o Õ
<u ,'" 6
ti li! <u
?f ~ E
~ ~~
~
~
~
<>:::
<u
ç:
<u
,5
<::
o
'i
~
:goU
<u
~
",'
JS]
<:
",'
~6
'" Ei
e <u ,
v t: 7ti"O <u _
o -, :g
Ice ti) ""
if! ,§ ~
~ ~ le,
'" <u '"
Ô -g ã
l~ (lj oU""'~u <u <u
::::l 10 ""Cl
"O u ,
.g~2(j)
~
~
<u
~
<u
"O
ê
<:
o
;ã
13
qo
c::
§o
70
g)~]
~$
~ ~~'"o u
'" 'l::
- <u
~ eu '"
~ ~
~,i,§
'" § ~
Ei o e
<u ~ Q.
"O <u '"
0"0.2
1C'j d) o
í!J 8 e
(U "J:l Q)
~ '~ E
o' -g -"
l(lj (lj ru
1f '" ~
;:l .:g >-;
"O u u
.g :3 .g
(j) :> U"
,,i,
<u
g
~
..8
<u]
;ã
<:: ~
~ 'S
<u
<::
.5
<::
~
~
~
2
c::
~
~oU
[
::;::
.S
'*
,s
:r:
~o
g '"
"t.g
Ei c::
7J'~
1ii ~
2 '"u .2
o o
'e. 6
'" l'::
E 1i:io -~ ô
~ 6
~
j
<u
<::
~
§
~
~
'§u
~
~
~
lS~
.9
~
~
~
~
"O
o '"
,~ e
<u .~
o c::
~ <~
~~
'E ~
<u >-;
e 'li)
"'..c::
g:=
1J]o u
~
qo
c::'"
13
O
<u
~
.E
í!J
~
'<U
.g
<:
~
(j)
<u
"tl
~~
~
2:
J2
{
<u
"O
o
'e.'"
ã
-.8 00
<u oo ~
,'" ,.•.. '"
'" '"
"tl'§o '"
~<::
..8 ~
o '"
~ 2!
.'" <u
U" ;:l
'" O"
E ~
..9 ed'
<u ..c::0-
<u
'E
<u
,S
<::ol
',=
c::oU
acomodaçãodepilhasdesedimentosembaciasmarginaise
presençadeplataformacontinental.Asmargenscontinentais
do OceanoAtlântico,nas Américas,África e Europa,são
exemplos,e suaformaçãodeve-seà seqüênciade eventos
queacompanhamorifteamentodecrostacontinental,como
aconteceuno supercontinentePangeaháaproximadamente
200M.A., paraformaruma novabaciaoceânicalimitada
por margenscontinentaispassivas. Tais margens são
tambémdenominadasdo tipo atlântico.
b) MargemContinentalAtiva, é caracterizadapela presença
de uma subducção,ondeuma placaoceânicacolidecom
umaplacacontinental,mergulhandosoba mesma.Nessas
regiõesencontramosuma estreitadepressãodo assoalho
oceânico, denominada fossa, ausência de plataforma
continentalbemestendida,comonamargempassiva,eforte
atividadetectânica,caracterizadapor intensasismicidade,
significativaatividadevulcânicae plutânica,formaçãode
montanhas,metamorfismo,etc.A costaoesteandina,da
.Américado Sul, é um bom exemplodessasmargens,que
tambémsãodenominadasdo tipopacífico,naliteraturage-
ológica.
4.4.ArcosdeIlhas eCordilheirasOceânicas
Em muitaspartesdo OceanoPacífico,placasoceânicascoli-
dem,ondeumasubductasobaoutraformamumafossaoceânicae
umarcodeilhasadjacente.A placaoceânica,basáltica,quemergu-
lhanomanto,éaquecidaapontodeformarfusõesmagmáticas,que
ascendeme geramerupçõesno assoalhooceânico,configurando
cadeiasdevulcõessubmarinos,próximasà fossa,e queeventual-
mentecrescemparaformarumacadeiadeilhasbasálticasouande-
síticas,denominadasarcodeilhas.Assim,um arcodeilhaséuma
cadeiadeilhasvulcânicas(estrato-vulcões),paralelaà fossae dela
separadaporumadistânciaquenormalmentevariade150a300km.
As ilhasAleutianas,formadaspelasubducçãodaplacadoPacífico
Norte,soba placanorte-americanae asilhasjaponesassãobons
71
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
exemplosdearcodeilhas.Muitosoutrosarcosdeilhassãoencon-
tradosno sudoestedoPacífico.
Por outrolado,ascordilheirasoceânicassãocadeiasmonta~
nhosasquerodeiamoglobocomoacosturadeumaboladebeise-
bol e o maiorsistemamontanhosoda Terra,queseestendepor
80.000km,commaisde1.500kmdelargura,emalgunslocais.Ge-
ralmenteseelevamemtornode3kmsobreo assoalhosubmarino
adjacentee vão desdeo OceanoÁrtico ao Pólo Sul, atravésda
cadeiameso-atlântica,ondeinfleteparaeste,no OceanoÍndico,
cruzaoPacíficoSulesedesviaparaonorte,paradentrodoGolfo
da Califórnia,e, depois,continuandona costade Oregon,nos
EstadosUnidos.Essacadeiamontanhosaéamaisimpressionante
feiçãodasuperfíciedoplanetaqueseriavistadoespaço,casonão
existissemos oceanos,e é diferentedas cadeiascontinentais,
formadasdebasaltosisentosde deformaçãoe geradosno limite
deplacasdivergentes.
4.5.SoerguimentodeMontanhase
EvoluçãodoRelevoTe17"estre
Grandepartedaatividadetectônicaterrestreocorrenolimite
de placaslitosféricas,emcontrastecomo interiordelas,normal-
menteinativotectonicamente.Comoresultado,praticamentetodas
asmontanhase ascadeiasmontanhosas,na Terra,sãoformadas
noslimitesdeplacas,e,por isso,suaevoluçãoécomumenteacom-
panhadadedobramentosefalhamentosderochas,terremotos,erup-
çõesvulcânicas,intrusõesde plútonse metamorfismo,principal-
mentenaszonasdesubducçãodemargenscontinentaisativas,já
referendadas.
Os esforçoscompressivos,geradosnaszonasde colisãode
placasconvergentes,associadosao intensomagmatismoque
introduzcorposígneosnomaterialcrustalafetado,edificamvulcões
na superfície,criamascondiçõesnecessáriasparao enrugamento
da"pele"doplanetaporvastasárease,emdetern1inadosperíodos
detempo,járeferenciadosanteriormente,orogênesenasfaixasmó-
veis.Montanhassão,então,formadaspeloenvolvÍmentode uma
sériedeagentesinternos.Por isso,asmontanhasquasesemprese
72
\
~
1'I"
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
apresentamcomocadeiasou cordilheiras,porqueasforçasqueas
criaramoperavamporvastasregiõesdacrostaterrestre,associadas
afenômenosdegrandetranscendênciageodinâmicainterna,sejam
montanhasvulcânicas,deblocosfalhadosoudedobramentoeem-
purrão,comoosAlpeseo Himalaia.
Comocoroláriodessasituaçãoplanetária,o relevoterrestre,
emseusgrandestraços,estáintimamenteligadoaosepisódiosde
grandemobilidadecrustal,queconfereinúmerosaspectosmor-
fológicos à superfície da Terra, durante o passar do tempo
geológico.
Vivemos sobreum território mutante,palco de enfren-
tamento de forças geológicas de diferentes origens, mas
inequivocamenteacionadopelageodinâmicainternaetodaagama
de fenômenosrelacionados.E, acompanhandoa históriadas
cadeiasmontanhosas,reconhecemosqueelanãoterminacomo
paroxismoorogenético,ondeos fenômenosderivadosda geo-
dinâmicainternaatingiramoseuclímax,masaerosãoeaisostasia
continuam, de forma combinada,a modificar o relevo das
episódicasfaixasdemaiormobilidadecrustal.
5.AtividadeÍgneaeRelevoDerivado
5.1.TiposdeIntrusão,ComposiçãoeEstrutura
Interna,dosPlútons
Emboramaisde90%dovolumedacrostasejamconstituídos
por rochasígneasemetamórficas,ossedimentoseasrochassedi-
mentaresrecobremcercade 66%da superfíciedos continentes.
Entretanto,mesmonessasáreas,em grandepartecobertaspor
finapelículasedimentar,asestruturasexistentesnoembasamento
subjacentese refletemna cobertura,controlandoem maior ou
menorgrauamodelagemdasuperfície.
Comovastasextensõesterritoriais,empaísescomooBrasil,
sãoconstituídaspor domíniosgeológicoscaracterísticosdos es-
cudoseantigasfaixasmóveisperiféricas,oconhecimentodosubs-
73
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
trato,formadopor complexosmetamórficos/magmáticos,é de
grande importância na investigaçãogeomorfológicadessas
regiões.E sãonessesambientesqueencontramososplútonsígneos,
que são grandesmassasde rochamagmáticacristalizadaem
profundidade,nacrosta,equandoafloramconstituemosbatólitos
(>lOOkm2)ou stocks«lOOkm2). Tambémos diques,lacólitose
facólitossãoformasgeométricasdeplútonsígneos.
Essescorposintrusivostêm,portanto,maiorexpressãonos
batólitos,geralmenteformadospor rochasgraníticasou granodio-
ríticas,degranulaçãomédiaagrosseira,comapresençaemalguns
exemplosdemegacristais(>5cm),defeldspatopotássico(ortoc1ásio
ou microclina)queoferecemum aspectoporfiríticoàrocha.Faceà
composiçãogranítica,elessão,mineralogicamente,constituídosde
quartzo,feldspato,micae acessóriose,normalmente,apresentam
descontinuidadesinternas,muitasvezesortogonais,dadaspelasjun-
tase diáclasesqueorientama redede drenagemimplantadaem
suasuperfície.
Tridimensionalmente,os plútonsbatolíticostêma formade
um globoachatadonaporçãosuperiore,quandoseccionadospela
superfície,têmseusperímetrosdeafloramentoemformascircula-
resou ovaladas,ouatéalongadaspordezenasou centenasdequi-
lômetros,comoosplútonsandinosou dasRochosas.
Variaçõesda composiçãomineralógica(fácies)sãoencontra-
das,bemcomofragmentosdarochaenvolvente(xenólitos),dedi-
versostamanhos,quesedisseminamnasporçõesmaisperiféricas
doplútonintrusivo(bordaoucontato)ouentãoestruturasinternas,
comofoliaçãodefluxomagmático,gnaissificaçãodeborda,zonas
hidrotermalizadas,comalteraçãoendógenademineraise o fratu-
ramentointernorelacionadoaoresfriamentoecinéticadaintrusão.
Tambémfaixascisalhadasoubrechificadaspoderãoserencontra-
dasnointeriordosplútonsbatolíticos.Todosessesaspectossãonor-
malmenteencontradosnosbatólitos,stockseoutrostiposdeintrusão,
independentementedesuaidadegeológica,formaecomposição.
74
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
5.2.RelevodeMassasPlutônicas
Atravésdadenudaçãodeantigasáreasorogênicasou cratô-
nicas,corposplutônicossãoexpostosnasuperfíciee trabalhados
por diferentesagenteserosivos,conjuntamentecomasunidades
.geológicasenvolventes.Havendocontrastecomposicional,tex-
turaleestruturaldasmassasintrusivascomasencaixantes,o que
normalmenteocorremesmoentreaquelascomomesmograude
cristalinidade,talvariaçãoérefletidanorelevoencontradonessas
regiõese,logicamente,emigualcondiçãoclimática.Dessaforma,
asmassasplutônicasficamindividualizadasmorfologicamente,
facilitandosuaidentificação.
Tratando-sedecorposbatolíticos,cujaexposiçãodeve,pela
própriadefinição,sersuperioralOOkm2,oefeitodointemperismo
diferencialentreelese as encaixantes,e mesmodentroda área
plutônica,produz diferençastopográficasrelevantes,principal-
mentepelofatodequea maioriadessescorposéconstituídapor
rochasgraníticas,ricasemmineraisgeoquimicamentedenomi-
nadosresistatos,comooquartzo,e,portanto,originandolitologias
maisresistentesàmeteorizaçãoe,por extensão,à erosão.
Daíatendênciadeformaremmacro-relevospositivos,desta-
cadosnapaisagem,como,porexemplo,váriosmaciçosgraníticos
do sudesteou centro-oestebrasileiro. Feiçõesdenominadas
dômicase/ouanelaressãoassinaladasnessaescaladeobservação
e sãofreqüentesnosgranitose granodioritosintrusivosque,em
algunscasos,deformamas rochasencaixantesna periferiado
plúton.
É interessanteressaltarquetaiscontrastesocorremindepen-
dentementedodomíniofisiográficomaior,como,porexemplo,os
maciçosgraníticosSuruí,Caju e PedraBranca,na planícielito-
râneadenominadaBaixadaFluminense,ouosmaciçosgraníticos
de Nova Friburgo,Fradese SantaMaria Madalena,na região
serrana(planaltointeriorano)doEstadodoRiodeJaneiro(Fig.2.4).
Em todosos casos,asencaixantessãoformaçõesgnáissicaspré-
cambrianasda faixamóvel Ribeira.No interior dos batólitos
graníticospodemserencontradasvariações,associadasàestrutura
internadoplúton,ondeasfaixasfraturadasoudiac1asadas,zonas
hidrotermalizadas,estruturasplanarese lineares(foliaçãode
75
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO
I
NE
Valede Falha PedraBonita
<í' 5
I> VJj 5' )))f
J J5 ff5~5
> [fi/ir fI
sw
Figura2.5- ConjuntoPedradaGávea,PedraBonita,RI, formadopor
gnaisses encimadospor cornijas granítieas de um dique sub-
horízontalizadoparcialmenteerodido.
por rochasquartzosas,comocertostiposdegnaissesou mesmo
derochasgraníticasplutônicasmaisantigas.Umnotávelexemplo
é a estruturaanelar,semelhantea umacraterade impacto,com
aproximadamente8km de diâmetro, em Baixo-Guandu, no
EspíritoSanto.Seuinteriordepressivoé constituídopor gabros,
maissusceptíveisao intemperismodo queos gnaissesregionais
envolventes.
Outrostiposplutônicos,comoos diques,dependendoda
suaconstituiçãopetrográfica,podemformarrelevosdeprimidos
ousalientes,quesedestacamnapaisagemeorientamadrenagem.
Diquesbásicostendema originar formasdeprimidas,onde a
drenagemseadapta,aoinversodospegmatitos,que,emalguns
casos,fonnamverdadeirasmuralhassalientesnapaisagem,que
se estendempor dezenasde quilômetros,comose observaem
algumasregiõesdo nordestebrasileiro,ondesãodenominados
altos.Diquesgraníticostendema formarcornijasprotetorasaos
agenteserosivos,comoseobservaemalgunsmorrosda cidade
do Rio de Janeiro,ondea Pedrada Gáveaé o melhorexemplo
(Fig.2.5).
r:.-I
.di"
~
--- ~
Teresópolis
1
\\
SERRA DOS ÓRGÃOS
-"'"......•......•.r'I I"\.
No nordestebrasileiro,váriosinselberguessãoformadosno
interiordeummesmoplúton,aocontrárioderepresentarcorpos
geológicosindependentes,comoaparentementedemonstram.
Plútonsdenaturezaalcalina,comoosmaciçossieníticos,tam-
bémtendemaformarrelevospositivos,porémsemascaracterísticas
morfológicasinterioranasdosmaciçosgraníticos,já quenormal-
menteapresentammenorproporçãodedescontinuidadesinternas,
atravésdo diaclasamentoou de estruturasplanolineares.Como
exemplos,podemsercitadosos maciçosGericinó-Mendanha,na
BaixadaFluminense,ouo deItatiaia,naMantiqueira.Daíanotável
variaçãoentrea densidadededrenagemdosmaciçosgraníticose
osalcalinos.
Por outrolado,plútonsbásicos,constituídospor rochasga-
bróides,tendemaformarrelevosrebaixados,quandoenvolvidos
fluxo),etc.,por seremmaissusceptíveisa meteorização,tendem
a formar setoresrebaixados,em contrastecom as áreascons-
tituídaspor rochasmaciças,comrarasdescontinuidadese,por-
tanto,maiselevadas.
Figura2.4- Vista da Serra dos Órgãos,RI, formadapor granito
gnaissifieadoediquedezranitointrusivoinclinadoparaeste,originando
pontõesescalonados(Orgãos).
c:=:J Granito lntrusivo
76 77
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
5.3.VulcanismoeTiposdeErupção
Figura2.6- Maciço graníticodestacando-sena paisagempor erosão
diferencial.Vista deTeresópolis,RI, na direçãoENE.
Nela,o topoéformadoporrestosdeumdiquegraníticosub-
horizontalizado,destacando-sedognaissesubjacentedaseqüência
regional.Ou, então,comoplacasmergulhantesembutidasemro-
chasrelativamentemaisantigasque,quandoexpostasàcornijapro-
tetora,inclinadaefraturada,tendemaformarpontõesescalonados,comoo observadona Serrados Órgãos,no Rio de Janeiro,cuja
notávelfeiçãomorfológicaéderivadadeumaespessalâminagraní-
ticafraturadanosgnaissesregionais(Fig.2.6).
Paraseestimara importânciadaatividadevulcânicanadi-
nâmicaterrestre,bastaconsideraro volumederochaproduzido.
Mais dedoisterçosdasuperfíciedaTerra- o assoalhooceânico
_ são inteiramenteformadospor Tachasderivadasde lavas,
duranteos últimos200milhõesde anos.Ele é tambémo mais
significativo processona construção de arcos de ilhas e é
expressivoemmuitascadeiasde montanhas,pois tal atividade
estáintimamenteassociadacomo movimentodalitosfera,esuas
característicasdependemdo tipo delimitedeplacas.
Quandoplotamosemummapatectônicoalocalizaçãodevul-
cõesativosou recentementeativos(quetiveramerupçãonosúlti-
mos10.000anos),verificamosqueelesseconcentramaolongodos
limitesdeplacas,tantoconvergentescomodivergentes,sendoos
maisnotáveislocalizadosaolongodaszonasdesubducçãoe inti-
mamenterelacionadoscomaintensasismicidadeaíexistente.Vul-
canismosintraplacassãotambémconhecidoseestãorelacionadosà
existênciadepontosquentes(hotspots),comoasilhasHavaianas,
ou,então,naestruturaçãoderifts continentais.
O mais espetacularcinturão de vulcõesativos é o que
circundao Pacífico,conhecidocomocinturãodo fogo ou linha
andesítica,dadasuacomposição.Outrafaixasimilarseestende
atravésdaEuropameridionalparao meio-este,noMediterrâneo,
e seassociaàmargemconvergentedaplacaafricana.
Vulcanismoassociadoa placasdivergentes,ondeo magma
basálticoé geradoparaformaro assoalhooceânico,seencontra
aolongodascadeiassubmarinas,portodoomundo,ou,emmenor
escala,emsistemasderifts continentais,comoo do lesteafricano.
Episódiosdeintensaatividadevulcânicaocorreramdurantea
históriadaTerra,eseusprodutos,hoje,sãoencontradosemdiver-
soscontinentes.Osgrandesderramesdelavasbásicasidentificados
nabaciadoParaná(umdosmaioresdomundo),naÁfricadoSule
noplanaltodeDeccan,naÍndia,deidadeMesozóica,exemplificam
episódiosdegrandeatividademagmáticaedeescalaglobal.
Osprincipaistiposdeerupçãoestãointimamenteassociados
à característicacomposicionaldo magmaqueas confere,isto é,
aquelasderivadasdemagmasácidosou intermediáriosmaisvis-
cosose aquelasderivadasdemagmasbásicosmaisfluidos.Tais
situações refletem, na realidade, o ambiente geotectônico
----.
Granito Nova Friburgo
J '" .J\. Gnaisses
1"'
Gnaisses
1
.- --.-- ....---.
-""""'\--..'--"'""",,,\~
Otermovulcanismoabrangetodososprocessoseeventosque
permitemeprovocamaascensãodematerialmagmáticodointerior
à superfícieda Terra.O fenômenonãoé limitadoapenasà Terra,
poisjá foi constatadoemalgunsplanetase luasdo nossosistema
solar,estandoemMarteo maiorvulcãoconhecido(MonteOlym-
pus).Suapresençaindicaa existênciadeprocessosgeodinâmicos
internos,e,referindo-seapenasaotempohistórico,hámaisde700
registrosdevulcõesativosnaTerra,oquenadarepresentaseconsi-
derarmosaextensãodotempogeológico.
78 79
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
envolvido, pois o magmatismo básico deriva de material
mantélico,naszonasde placasdivergentes,ou pontosquentes,
ao passoque os outrostipos,riolítico ou andesítico,requerem
envolvimentodematerialcrustal,tantoemzonasde subducção
pericontinentaisou em rifts intraplaca continentais.São os
seguintesos principaistiposde erupçõesvulcânicas:
a) Havaianaou lagosde lava,ondeaslàvasbasálticasfluidas
sãoregularmenteexpelidase corremcomorios a partirda
crateradegrandesdimensõesecomumlagodelavaemseu
interior - seusrepresentantessão os vulcõesKilauea e
MaunaLoa,na ilha Havaí;
b) Estrombolianaé notávelpelaregularidadee freqüênciade
erupçõesbasálticas,commoderadosepisódiosexplosivos,
onde blocose bombasde lava são lançadas para cima e
voltama cairdentroda cratera;
c) Vulcanianoouvesuviano,denominaçãodevidaàilhadeVul-
cano,nasilhasliparianas,caracteriza-sepelaalternânciade
períodosdeinatividadeou deemissãodegasescomespo-
rádicasemissõesde lavasbasálticasou andesíticase fases
explosivas com a formaçãode nuvens ardentes-- são
comunsnosvulcõesdo Mediterrâneo;
d) Pliniana,éaltamenteexplosivacomdensasnuvensdegáse
materialpiroclásticoejetadodezenasde quilômetrosna at-
mosfera- a explosãochegaa destruirparteda estrutura
vulcânica,comoocorreuno Vesúvio,no início daeracristã
equearrasoua cidadedePompéia;
e) Linearou fissuralébemdifundidanaTerra,poisocorreao
longodascadeiasoceânicaseexpelemlavasbasálticas.
5.4.RelevosVulcânicos
Estãodiretamenterelacionadoscomos própriostiposvul-
cânicos.Suafiliaçãomagmáticaeaestruturadoaparelhovulcânico
sãonormalmenteformadaspor lavae materialpiroclástico.
Os vulcõessãofeiçõesmorfológicasaltamentesusceptíveis
àaçãodosagentesgeodinâmicosexternos,esuapresençanapai-
sagem,em geral, indica processosmagmáticosrelativamente
80
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
recentesnotempogeológico.Entretanto,osindíciosdeatividade
vulcânica,explicitadosparticularmentepelo materialexpelido,
como as lavas e materiaispiroclásticos,podem permanecer
registradosdurantetodoo tempogeológico,desdeo Arqueano
atéo Quaternário.
Osprincipaistipossão:
a) Escudovulcânico,ondeo coneéconstruídopor sucessivas
corridasde lavasbásicas,produzindoamplaestruturaem
formadeescudo,comdezenasdequilômetrosdecircunfe-
rência- emaisdeIkm dealtura.A ilhaHavaíécomposta
porcincovulcõesdotipoescudo,sobrepostos,sendoosmais
amplososMaunaLoa e o MaunaKea,queseelevammais
deIO.OOOmsobreo assoalhooceânico.É o maiordaTerra.
b) Estrato-vulcõesouconescompostossãoasmaiscomunsfor-
masde grandesvulcões,especialmenteos de composição
andesítica.Elestendema expelirumacombinaçãode lava
viscosae materialpiroclásticoou fragmentosqueedificam
ummorrocônicoeescarpado,encimadoporumacratera.O
Vêsúvio,o SantaHelena,o Etna,o Fujiyama,o Stromboli,o
Kilimanjarosãovulcõesdessetipo.
c) Conedepiroclásticaoudecinzaséumpequenovulcãocom-
postoquaseexclusivamentepor cinzasepó acumuladosao
redorda chaminévulcânica.
d) Caldeirassãoenormesestruturasformadaspelocolapsodo
tetodacâmaramagmáticaquealimentaovulcãoouvulcões
nasuperfície.Podematingirdezenasdequilômetrosdediâ-
metroe formamdepressõesbemassinaladasna paisagem,
como,por exemplo,a deNgorongoro,naÁfricaorientalou
a dePoçosdeCaldas,nosudestebrasileiro.
As formasdos vulcõespodemvariar, inclusive durante
seuperíodo de atividade,comojá assinaladono Vesúvio e no
SantaHelena,easalturasatingidasgeralmentesãosuperiores
a 3.000m,embora,por ocasiãodas fasesexplosivas,o edifí-
cio vulcânico seja muitas vezes destruído parcialmente,
mudandosuaformae reduzindo seutamanho.
81
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
6.TectônicaeFormasEstruturais
6.1.FormasControladasporFalhas
Emtermosgeológicos,falhaéumafraturanacrostaterrestre
comdeslocamentorelativo,perceptívelentreos ladoscontíguos
eaolongodoplanodefratura,O fenômenodefalhamentopode
serobservadoemdiferentesescalasdeobservação,desdeamicro
(microfalhas)à macro(falhasregionais)e,namaioriadasvezes,
sãoidentificadasno campo,atravésdeumazonadefalha,onde
ocorremindíciosdo materialmecanicamentefragmentadoe/ou
triturado(brechadefalha).Osprincipaistiposdefalhassãofalha
normalou de gravidade,formadapor forçastracionais;falhade
empurrãoou inversa,formadapor forçascompressivas;e falha
horizontaloudirecional,formadapor forçascisalhantes(Fig.2.7).
O tipo de falhaestádiretamenterelacionadocomo regime
geotectônicoqueocorreuou aindasedesenvolveemdeterminada
regiãodaTerra,e,geralmente,asfeiçõeslinearesdo fraturamento
da crostasãofacilmenteidentificadasna superfície,por meiode
fotografiasaéreasouimagensdesatélites,muitasvezespromovendo
variaçõesbruscasdalitologiaqueserefletemnorelevo.Assim,de-
pendendodaamplitudeeidadedo falhamento,aconfiguraçãodo
terrenoseráafetadaemmaioroumenorgrau,nãoobstanteseressa
influênciaquasesempreindiretae provocadapor processoserosi-
vos na áreaafetadaou por fenômenosde reativaçãotectônicaao
longodeantigaslinhasdefratura.
Asprincipaisfeiçõesmorfológicas,associadasaofalhamento,identificadas a uma escalaprovinciale regionalde ob~ervação
sãoasseguintes:
82
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
~ (a) F~L~~NORMALÁir~~
~ (b).~~éLHAINVERSA
~
~ (e) FALHA HORIZONTALOUc=JII..L-V TRANSCORRENTE
~..2-=
Figura2.7- Tiposdefalhaserelevosassociados.
6.1.1.Escarpasde falha
Sãogeradasexclusivamentepelamovimentaçãoverticale
recentedeblocosfalhados,ondea declividade,formadasobreo
blocoascendente,coincidecomoplanodefalhamento.Entretanto,
é muito raro uma encostaser a superfíciede falhamento,e o
desnívelsero deslocamentorelativodeblocosfalhados(rejeito),
pois,mesmoa falhaestandoaindaativa,o trabalhoda erosão
tendea aplainaro desnivelamentoe mascararna superfícieos
ressaltosproduzidospelalentamovimentaçãodosblocosfalhados.
Também,emáreastectonicamenteativas,aerosãovigorosa
na frenteda escarpadáorigema valesestreitose paralelos,que
proporcionam,emalgunscasos,o aparecimentodefeiçõestrian-
gularesnosinterflúviosescarpados.
83
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
6.1.2.Escarpasde linha defalha
orecuoda escarpade falhapeloprocessoerosivoou pela
exumaçãodeantigaslinhasdefalha,ondeumanovaescarpaége-
radanãomaispelodeslocamentooriginal,maspelavariaçãode
resistênciaàmeteorizaçãodaslitologiasadjacentesaoplanodefalha,
propiciao aparecimentodeumaescarpadelinhadefalha.
Essafeiçãomorfológicanãomaiscorrespondeao planode
falha,eadeclividadeformadapodesituar-seaquilômetrosdolocal
ondeefetivamenteseprod~iu odeslocamentoe,portanto,aprópria
falha.Tampouco,aparteelevadacorresponderá,necessariamente,
aoblocoquesubiuduranteo falhamento,poisaerosãodiferencial
entreas litologias adjacentesao plano de falha pode originar
escarpamentono blocorebaixado,casosejaelemaisresistenteà
meteorização.Nessascondições,umaescarpadelinhadefalhapode
serdesenvolvidaapartirdeumafalhanormal,inversaou mesmo
transcorrente,desdequeo rejeito,no casohorizontal,coloquelado
aladolitologiasquerespondam,diferentemente,aosmesmosagentes
erosivos.
A Serrado Mar, no sudestebrasileiro,é tidacomoumaes-
carpade falha recuadapela erosãoremontante,cuja formação
iniciadanofinaldoCretáceosevemdesenvolvendodurantetodo
o Cenozóico.
6.1.3.Graben,Horst e Rift-Valley
Sãosistemasdeblocosfalhadosresultantesdeperturbações
tectônicasqueafetamumaregião,produzindoumasériede fa-
lhamentosparalelosentresiouoblíquos.Apresentam-seemzonas
de distensãoda crosta,onde os esforçostracionaisgeramum
sistemade falhasnormaisescalonadas,que,por sua vez, dão
origem a regiõesdepressivas,denominadasgraben (ou fossa
tectônica),ouelevadas,designadashorst(muralhaoupilar- Fig.
2.8).Exemplosde formasestruturaisdessestipossãocitadosna
literaturageológica,comoo vale do Rio Reno,que correnum
graben,limitadopelacadeiados Vosgese o maciçoda Floresta
Negra,ou abaciado RecôncavoBaiano,no nordestebrasileiro.
84
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
ESCARPA DE FALHA
BLOCO BASCULADO
HORST ESCARPA DE FALHA MONOCLlNAL
GRABEN
Figura2.8- Sistemadefalhas.
Quandoessasfossastectônicascoincidemcomovaledeum
rio, comono casodo altorio Nilo, recebemo nomede rift-valley
(Fig.2.9).O sistemade rift-valleyda Áfricaorientaléo maiorco-
nhecidoeseestendepor maisde2.400km,desdea depressãode
Danak.il,na Etiópia, atéo lago Manjara, na Tanzânia,com a
presençade vários lagosalinhados,comoo Natron, Turkana,
Stefanie,Abaya,Ziwayeoutros.Essegrandevaledeafundamento
tambémépalcode atividadesísmicae vulcânica,evidenciando
queo seudesenvolvimentoaindaestáemcurso.
Figura2.9- Rift-valleys.
No Brasil,é interessanteassinalara possibilidadedadepres-
sãodaGuanabara,entrea Serrado Mar eo OceanoAtlântico,ser
umrift emdesenvolvimento(rift daGuanabara),segundorecentes
pesquisasgeológicas.
85
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
Uma ressalvadeveserfeitaà luz da tectônicade placas,o
termorifi passaa terconotaçãogenéticae nãoapenasdescritiva
paracertostiposdegrabens,comriosencaixadosemseuinterior,
referenciadosna literaturageológicaclássica.Como novoenun-
ciado,rifi é umazona de separaçãode placaslitosféricas,num
limitedeplacasdivergentes.Rifi-valley (valedeafundamento)é,
então, redefinido como uma depressão alongada que se
desenvolvenoslimitesdeplacasdivergentes,incluindotantoos
rifi-valleyscontinentais,comoosencontradosaolongodascadeias
oceânicas.
Outrosefeitosmorfológicos,produzidospelo falhamento,
podemserreferenciados,taiscomoo aparecimentodeseqüência
de morros alinhados, corredeiras, cachoeiras, lagos, vales
encaixados,vales suspensose formaçãode fontesalinhadas,
drenagenssuperimpostase capturas.
6.2.FormasControladaspor Dobras
Convencionalmente,adesignaçãodedobratectônicaérestri-
taàsrochasjáconsolidadas,quesofreramumadeformaçãoplástica
nointeriordacrostaterrestre.Assim,faceàcondiçãofísicanecessá-
ria paraqueo dobramentoocorra,característicado regimedúctil
dedeformação,asdobrasnãosãogeradasnasuperfíciedaTerrae,
sim,emprofundidade,nacrosta,ondeastemperaturase aspres-
sõeselevadaspropiciamplasticidadeàsrochas.Entretanto,quando
expostasna superfície,podemcontrolaro relevo,particularmente
quandogeradasemseqüênciasderochasacamadas,dediferentes
composiçõese,conseqüentemente,comresistênciadiferencialàero-
são(Fig.2.10).
6.2.1.Sindinais e anticlinais
Os dois principais tipos de dobrassão:antiformal,queé
umadobraconvexaparacima,naqual ascamadasseinclinam
de maneiradivergente,a partir de um eixo.Sãodenominadas
anticlinais quando a estratigrafia é conhecida, estando as
camadasmais antigasna sua parte interna.Sinformal é uma
dobra côncavapara cima,na qual as camadasse inclinam de
86
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
forma convergente.São denominadassinc1inais.quando a
estratigrafiaé conhecidae possuemas camadasmais jovens
na suaparteinterna.
ROCHA DÉBIL
Figura2.10- Formascontroladaspelomergulhodeestratosresistentes
deformados.
6.2.2.Relevode dobraserodidas
De um modogeral,asseqüênciasderochasdobradasmos-
tram,nasuperfície,sulcosou cristasparalelas,coma ressalvaque
nemsempreasformasdeprimidascoincidemcomossinclinaisou
ascristascomosanticlinais,poisa erosão,atuandonasrochasde-
formadase expostas,podeoriginarrelevospositivosnaregiãodo
sinclinale,inversamente,nadoanticlinal(Fig.2.10).Assim,quando
observamosestruturassinclinaleanticlinalexpressasnorelevo,não
estamosconstatandoum controletectônicooriginalna paisagem,
masoresultadodaerosãoquedespojouespessospacotesderochas,
pararevelarcamadasresistentesdobradasanteriormente.
Umrelevoesculpidoemantigasformaçõesdobradas,exuma-
daspeladenudação,podedarorigemacristasgeradasnosestratos
maisresistentes,alinhadaseparalelisadasavalesformadosnoses-
tratosmenosresistentes,conhecidasna literaturageológicacomo
do tipo Apalachiano,razãodo observadonosMontesApalaches,
naAméricadoNorte,nomenclaturaàsvezesaplicada,erroneamente,
nadescriçãodealgumasformasderelevo,como,nocaso,o relevo
87
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
do sudestebrasileiroou, emparticular,asmontanhasdo Rio de
Janeiro.
Flancosdedobrasaflorandodãoorigemacristasouhomocli-
nale,quandoaestruturainclinadaapresentamergulhossuperiores
a30",tem-seohogback,emformadecristaproporcionadaporlitolo-
giasmaisresistentesà erosão(Fig.2.11).
Emregiõesdeantigasfaixasorogênicas,o padrãodedrena-
gem pode estabelecer-seantes de as formaçõesgeológicas
dobradasafloraremnasuperfície.Umavezexpostas,apresentam
drenagenssuperimpostas,comapresençaderiosantecedentese
capturas.
EstratosResistentes
Figura2.11- Formasderelevoemáreasdobradas.
7. FormasControladaspelaFoliação
Metamó1fiea
7.1.Metam01fisrnoeLitologiasDerivadas
Metamorfismoéumfenômenoplutônicoquelevaàmodifi-
caçãomineralógicaetexturaldeumarochapreexistente,pelava-
riaçãodetemperatura,pressãoe açãoquímicadefluidos.O me-
tamorfismopode serclassificadocomode contato,dinâmicoe
regional,eseulimiteéa fusãodasrochasafetadas.As principais
litologiasderivadassãoardósias,filitos,micaxistosegnaisses,parao metamorfismoregionalprogressivo;milonito,parao dinâmico;
e cornubianito,no casodemetamorfismodecontato.
Nas regiôesde escudoe de antigasfaixasmóveis,o meta-
88
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
morfismoregionaléomaisextensoeresponsávelporgrandeparte
daslitologiasaí encontradas.
7.2.EstruturasPlanareseLineares
Alémdatransformaçãomineralógicaefetuadanarochame-
tamorfizada,a texturaresultantemaiscomumé a orientadaou
xistosa,caracterizadapeloarranjodetodosoudealgunsminerais,
segundoplanos paralelosque caracterizamuma foliação. O
micaxistoéumarochametamórficaqueapresentafoliaçãoxistosa,
enquantoo gnaisseéumarochametamórfica,emquea foliação
resultada alternânciade camadasde composiçãomineralógica
distintas(acamamentognáissico).Outrasnãosãofoliadas,como,
por exemplo,o quartzitoou o mármore.
A lineaçãoé dadapelaorientaçãopreferencialdeminerais
prismáticos,taiscomoo piroxênioou o anfibólio,ou peloalinha-
mentoparaleloou subparalelodeelementoslinearesnocorpoda
rocha,como,por exemplo,acrenulação.Normalmente,asrochas
metamórficasapresentam,conjuntamente,foliaçãoe lineação,e
expressama recristalizaçãoemambientecompressivoregional.
7.3.InfluênciadaEstruturaçãoMetamólfiea
naEsculturaçãodoRelevoTel1'estre
Considerandoqueo ambientegeotectânico,geradordecin-
turõesmetamórficos,correspondeaosdeformaçãodasgrandes
cadeiasmontanhosas,as rochasmetamórficascriadasno seu
interiorsão,peladenudação,expostasà superfíciee sujeitasao
intemperismoe à erosão.
Comoemoutrassituaçõesjátratadas,ascaracterísticasmine-
ralógicas,texturaiseestruturaisdosconjuntosmetamórficosexpos-
tos,queresponderãodiferentementeaosprocessosexógenos,se-
gundosuaslitologias,acarretarão,conseqüentemente,influências
significativasnorelevonelasesculpido.Nesseaspectodeve-secon-
siderarque,noambientemetamórfico,diferenteslitologiassãopro-
duzidasfacea naturezado materialoriginale àscondiçõesfísicas
existentesduranteastransformações.Um pacotede rochassedi-
mentares,transformadasemrochasmetamárficas,podeoriginar,
89
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO
porexemplo,quartzitos,aoladodemármores.Ou,então,gnaisses
quartzo-feldspáticos,aolado degnaissesmicáceos.Um quartzito,
evidentemente,secomportarádeformabemdiferentedomármore
perantea meteorizaçãoe,por extensão,a erosão.O mesmoseob-
servaparaosgnaissescitados.
Tomando-seumaregiãoondeestãoexpostaslitologiasderi-
vadasdo metamorfismoregionalprogressivo,onderochascom
menor grau metamórfico,filitos, por exemplo,encontram-se
adjacentesa rochasde graumetamórficomaiselevado,comoos
gnaisses,variaçõesderelevoserãocertamenteidentificadas.Não
apenaso grau de cristalinidade,mas tambéma composição
mineralógicae asdescontinuidadesinternas,dadaspelosplanos
de foliação,controlam,de certaforma,a esculturaçãodo relevo
nelasinstalado.
Serrasdequartzitos,emcomplexosmetamórficosaflorantes,
no escudobrasileiro,sãocomuns,bemcomoelevaçõesresiduais
gnáissicas,emáreasmetamórficasaplainadas.Gnaissesfacoidais,
quandoassociadosa outrostiposgnáissicos,tendema formarele-
vaçõessalientes,comencostasíngremese paredõesquandonum
ambientefisiográficomontanhoso,no sudestedo país.Um bom
exemplosãoosmaciçoslitorâneosdaregiãocentraldo Estadodo
RiodeJaneiro.Encrustadosemdomíniometarnórficopré-cambriano,
apresentam-secomdiferenteslitologias,como,porexemplo,naSerra
daPalha,granitosporfiríticos;naSerradoMendanha-Gericinó,sie-
nitos;naSerradaPedraBranca,granodioritos;e,naSerradaTijuca,
gnaisses.Sematentarparaaorigemdessaspequenasmontanhas,a
variaçãomorfológicaentreelasé notávele verificada na simples
observaçãodecampo.
O MaciçodaTijuca,nacidadedo Rio deJaneiro,constituído
predominantementepordiferentestiposdegnaisses,cujasfoliações
exibemvariaçõesemdireçãoemergulho,apresentarelevoaciden-
tado,comencostase valesadaptadosà estruturaçãointernadas
rochas,particularmenteà foliaçãognáissicaou ao fraturamento,e
compontõese pirâmidesde gnaisseporfiroblástico(facoidal),da
seqüênciametamórfica.Evidentemente,nãosetratadeum relevo
apalachianoclássico,comofreqüentementeéapresentadonalitera-
turageográfica.
Relevosmontanhososobservadosemformaçõesmetamór-
90
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
ficas,ondeháfortecontrolelitológico-estrutural,sãoconhecidos
emdiversasregiõesdoplaneta,independentementedacondição
climáticaexistente.Montanhasgranítico-gnáissicas,emcontraste
morfológicocomas unidadesenvolventes,sãoencontradasem
áreasdesérticasdaLíbia,enquantooutrasosão,comoalgunsdos
exemplosjá citados,nos trópicosúmidos da Américado Sul.
Relevosgraniticossedestacamnapaisagememrelaçãoàsardósias
e aosmicaxistosda seqüênciametamórficaregionalna Meseta
Ibérica.Itabiritosehematitas(minériodeferro)associadosformam
serrasem Mato Grosso(Urucum),QuadriláteroFerrífero,em
Minas Gerais,e Carajás,no sul do Pará. São,portanto,bons
exemplosdainfluêncialitoestruturaldeconjuntosmetamórficos
naformaçãodo relevo.
8.Conclusão
Peloexpostonestecapítulo,ficoupatenteaimportânciados
fenômenosendogenéticósnaformaçãodorelevoterrestre,desde
umaescalaglobalaonívelprovincialdeobservação.
Assim,oestudodageodinâmicainternanãoestádissociado
da Geomorfologia,no momentoemquetentamosentendercor-
retamenteaorigemeaevoluçãodasformasexistentesnasuperfície
do nossoplaneta,poisinequivocamentesãoosagentesinternos,
por meio dos fenômenosgeológicosque elespropiciam,seus
principaiscondutores.
9.Bibliografia
ALLEGRE, C. J. A Espumada Terra.Lisboa,Gradiva,1988,399p.
ALLEGRE, C. J. etalli. "Structureandevolutionof theHimalaya-
Tibetorogenicbelt".Nature,1984.307:17-22.
BROWN, G. & MUSSETT, A. The InaccessibleEarth. Londres,
GeorgeAllen eUnwin, 1985,235p.
91
PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
CATTERlv10LE,P.&MOORE, P.TheStoryDftheEarth.Cambridge,
CambridgeUniversityPress,1985,224p.
CHORLEY, R. J., SCHUMM, S. A. & SUGDEN, D. E. Geornor-
phology.Londres,Methuen,1984.
CONDIE, K. Plate Teetonics and Crustal Evolution. Oxford,
PergamonPress,3'ed.,1989,476p
DAVIS, G. Struetural Geologyof Rodesand Regions.Nova York,
Wiley, 1984,492p.
DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL-
MME-BRASIL- GeologiadoBrasil.Brasília,DNPM, 1984,501p.
GANSSER,A. TheMorphogenicPhaseof MountainBuilding.In:
KennethHSÜ (ed.) Mountain Building Processes,London,
AeademicPress,1983,pp. 221-228.
GREEN,J. &SHORT,N. N. VuleanieLandforrnsandSurfaceFeatures.
NovaYork, Spring-Verlag,1971.
GUERRA, A. T. DicionárioGeológico-Geornorfológico.8ªed.,Rio de
Janeiro,IBGE, 1993,446p.
HAMBLIN, W.K. Earth'sDynarnieSysterns.NovaYork,Macmillan,
6'ed.,1992,647p.
LEINZ, V. & AMARAL, S. GeologiaGeral.SãoPaulo,Companhia
EditoraNacional,7ªed.,1978,397p
PRESS,F. &SIEVER,R. Earth.SanFrancisco,Freeman,1978,649p.
SCIENTlFIC AMERICAN READLl\TGS.DerivaContinentaly Teetoniea
dePlacas.2ªed.,BlumeEdiciones,Madri,1976,271p
SELBY, M. J. Earth's Changing Surfaee. An lntroduetion to
Geornorphology.Oxford,OxfordUniversityPress,1985,606p.
SKlNNER, B. & PORTER, S. PhysiealGeology.Nova York, Wiley,
1987,750p.
.THOMPSON, G. & TURK, J. Modern Physieal Geology.OrIando,
SaundersCollegePublishing,1991,608p
WEGENER, A. The Origin DfContinentsand Oceans.John Biram,
traduçãode 1929,reedição.Nova York, Dover Publications,
1966.
WINDLEY,B.TheEvolvingContinents.NovaYork,Wiley,1984,399p.
92

Outros materiais