Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 2 PROCESSOS ENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO HélioMonteiroPenha 1.Introdução No planetaTerra,asforçasgeodinâmicasexternaseinternas interagemparaproduzirdistintastopografias. A interaçãoda litosferamóvelterrestrecomos fluidos da ~osfe~e 1}idros~~guiaaformaçãodeumavariadapaisagem, unicano sistemasolar.Nessacondição,asforçase~~enªse~.!!: 4Qggné!sderivadasdediferentesfontesdeenergiamodelamasu- perfíciedo planeta,numac.2..nstanteJ?!:!~~_~de~º,il~~que já montamaisdeguat:r:<:>_!?l!-~sd~an2§.: Facea suapeculiaridadegeodinâmicaemtermosdeplane- tologiacomparativa,o planetaTerraé o queapresentaas mais varia~Jor~dg relevoe ~eis to.PQ8!Aficosconhecidos, tornandoseusestudosgeomorfológicosfascinanteseintimamente ajustadosà suaevoluçãogeológica. Seapenasos~~ntesg)(-!e!l!Qê.atuassemsobreasuasuperfície sólida,casoinexistisseumadinâmicainterna,ter-se-iao planeta 51 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO cobertopor um únicooceanocujaprofundidadedeveriaserde aproximadamente2,6km.Na realidade,os oceanoscobrem712ó dasuperticie_do!!}undo,detal formaqueaprofundidadeébem maior do que 2,6km;3,8km,em ~~ Essa profundidadeé, contudo,muito irregular,sendoa maior,de 11.033mna fossa ~~, nasMarianasa sudoestedo P-.acífico. ~- Osremanescentes29%dasuperfíciedoplanetasãoocupados por terraemersa,commédiade 840macimado nível do mar e com8.848mno pontomaiselevado(PicoEverest,no Himalaia). Assim,a maiordiferençaaltimétricaregistradano planeta,entre opontomaisaltoeomaisprofundoestáemtornode20km.Vênus, o planetamaissemelhanteàTerra,temrelevodeapenas13km. Grandepartedatopografiaterrestreéo resultadodeproces- sosde diferenciaçãoqueproduzemcrostaoceânicae continental respectivamente,sendomaisde65%dasuperfíciesólidadaTerra formadaporcrostaoceânicacomidadesinferioresa200milhõesde anos.Isso indicasera crostaoceânicaextremamentejovemcom respeitoaotempogeológicoe,portanto,continuamenterenovada. Por outrolado,idadessuperioresa trêsbilhõesdeanossãoencon- tradasemalgunscontinentes. Todasasatividadesqueenvolvemmovimentosouvariações químicase físicasdas rochas,no interior da Terra, são deno- minadasprocessosinternos.A energiaqueosinduzprovémbasi- camentedo calorinternoda Terra,em grandeparteproduzido atravésdodecaimentoradioativodeisótoposinstáveis.É aenergia derivada de reaçõesnuclearesque propicia a formaçãodos grandesrelevosterrestres,comoosAlpes,osAndes,asRochosas, oHimalaia,ascordilheirasmesa-oceânicaseasfossas.Tambémo magmatismoque produz plútonse vulcões,os terremotos,os dobramentosefraturamentosdacrosta,eamobilidadedasplacas litosféricasa elaestãorelacionados. Por outro lado,o relevonãoécriadoinstantaneamente,e tampoucosuasvariaçõesdimensionaissãoconstantes.Milhões deanossãonecessáriosparaqueasmontanhassejamerguidas ao passoqueempoucosminutosseformammarcasde ondas na areiada praia.Da mesmaforma,a magnitudeespacialdos principais componentes do relevo terrestre varia signifi- cativamenteem escalasegundo suas dimensões,estandoos 52 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO maisrepresentativosassociadosaosfenômenosendógenos.É delesquetrataremosa seguir. 2.ProcessosGeodinâmicosInternos 2.1.NaturezaeCaracterísticas Os processosgeológicosqueagemno interiorda Terrae, portanto,dependemda energiado seu interior para o desen- volvimento, são denominadosprocessosendogenéticosou geodinâmicosinternos. A movimentaçãode matériado interiorparao exteriordo planetaevice-versaécontínuaeconstituiociclodasrochas,onde massasrochosasimpulsionadaspara a superfícieacentuamo relevoeimpedemo aplainamentogeneralizadoproduzidopelas força:;;exógenas. Osprocessosgeodinâmicosinternos,queenvolvemmovimen- tosetransformaçõesquímicasefísicasdamatériaexistentedentro doplaneta,serãoexaminadossobtrêsaspectos:o magmático,que tratadomagma,suaformaçãoemovimentaçãonointerioreextE;ri- ar da crosta;o metamórfico,dastransformaçõesmineralógicase estruturaisderochaspreexistentes,no interiordacrosta;eo tectô- nico,dosdiversostiposdeesforçosinternos,queasrochassãosub- metidas,issoé,da deformaçãodacrostaterrestree resultadoses- truturaiscaracterísticos,como,porexemplo,asmontanhas. Relacionam-seentãoà geodinâmicainterna,os fenômenos magmáticosvulcânicoseplutônicos,osterremotos,osdobramen- tos,os falhamentos,a orogênesee a epirogênese,a derivaconti- nentalea tectônicadeplacas. 53 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 2.2.OrigemeTransferênciadeCalor Interno À exceçãodo calor recebidodo Sol, o fluxo de calor do interioré a maisimportantefontede energiaterrestre.Cerc::ade 2 x 1010calorias de energia, por ano, atingem a superfície, provenientedasprofundezasdo planeta.Ela é mil vezesmaior do que a energia requerida para erguer 1cm as Montanhas Rochosaserepresenta10vezestodaaquelajáusadapelohomem. Por isso, à medida que penetramosa crosta,há incremento contínuode temperatura(gl'adientegeotél'mico),cujamédiaé de 1°C a cada33mdependendodaregião. Umavezreconhecidanointeriordoplanetaapresençadessa energiapelaqualosfenômenosendógenossãoacionados,oques- tionamentoé imediato:de ondeprovéme comoétransferidana Terra?Tendoemvistaqueo cursoevolutivoinicial da Terrafoi semelhantea dos demais planetasinteriores, o processode acresção planetária se constituiu em importante fator de aquecimentodo protoplaneta,gerandotemperaturasiniciais próximasa1.000°C.Entretanto,sãoaradioatividadeeaconversão de energiagravitacionalemtérmica,coma formaçãodo núcleo há maisde quatrobilhõesde anos,asprincipaisfontesdo calor interno.Algumaenergiacalorífica,derivadadosprocessosiniciais de formaçãoda Terra,restou,emparte,porqueastemperaturas internassãomantidaspelastransformaçõesradioativasdeisótopos instáveis. Nãoconsiderandoosradioelementosdevidacurta,presentes nos primórdiosda históriado planeta,o calorproduzido pela desintegraçãodo urânio238e235,dotório232edo potássio40é responsávelpelamanutençãodeumadinâmicainternaatéospre- sentesdias.A radioatividadelibertacalorque,por suavez, se transformaemtrabalho,gerandoforçasquemovimentamplacas litosféricase erguemimensascordilheiras. Já queasrochassãopéssimascondutorasdecalor,eageofí- sicaindicaapresençadematériacapazdefluir sobextremascon- diçõesdetemperaturaepressãono interiordo planeta(mantoe núcleo),otransportedecaloréfeitoporconvecção.Sendoomanto convectivosemcondiçõesde armazenargrandequantidadede calorpor períodostão longos,temosde admitirque-onúcleoé 54 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO umaimportantefontedecalor(± 6.000°C),transmitindo-oparaa litosfera,na formade célulasconvectivas"ou plumastérmicas, atravésdo manto.Esse,por suavez, acha-seempobrecidode elementosradioativosemsuaporçãosuperior,pois, depletados geoquimicamente,enriquecemacrostacontinentalemdiferentes episódios magmáticos.Tem-se,com essemodelo, o núcleo influenciandoacirculaçãodematéria,nomantoinferioresuperior e,conseqüentemente,promovendoa tectônicadeplacas. 2.3.EstruturaInternadaTen'a A maiorpartedoconhecimentodointeriordoplanetaéfor- necidaatravésdeestudosgeofísicos,principalmente,comoauxílio dasismologia(estudodosterremotos).Sãodadosobtidosdeforma indireta,já queas observaçõesdiretassãorealizadasa poucos quilômetrosda superfície,emminasprofundasou emfurosde sondagem(omaisextensoatingiu10kmno interiordaTerra,ao nortedaRússia). .Comoasondassísmicas,longitudinais(P)etransversais(5), dediferentescaracterísticasfísicas,percorremo interiordaTerra, sendoaondaP, maisveloz,capazdeatravessaro núcleo,asvari- açõesencontradasduranteo trajetonosoferecemuma imagem de suaestruturainterna.Com tais registros,é possívelcalcular comoas propriedadesvariame ondeestãoos limitesabruptos entrecamadasdediferentes.características. A Figura2.1apresentaa constituiçãointernada Terraem funçãodasdescontinuidadesverificadasnavelocidadedasondas sísmicasacimado mantoinferior. Atravésdasismologia,umaregiãodomantosuperior,entre 100e 350kmdeprofundidade,comcaracterísticasplásticaseca- paz de fluir, foi descoberta- a astenosfera,cuja existência viabilizou a teoriada derivacontinentale, por extensão,a da tectônicadeplacas.Estabeleceu-setambémumnovoconceitode litosfera,queé a regiãorígidaacimada astenosfera,e,portanto, incluindoa crostaeporçãoexternado mantosuperior.A crosta não é homogênea,variandoem composiçãoe espessura,tendo nos continentescomposiçãograníticae 50km,em média, de 55 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 400 2.4.Mobilização daMatéria doInteriorparaa Supelfície Figura2.1- Perfil esquemáticodalitosfera.Densidadesmédiasnos parêntesis. Havendomobilidadenomaterialsubjacenteàlitosferasólida erígida,transferên~ianãoapenasdecalorematériaéassinalada, mas,também,esforçostensionaisearrastesfA conjugaçãodesses fenômenosendógenos,presentesdurantetodaahistóriaevolutiva do planeta,promovea dinâmicaà litosferae,conseqüentemente, o aparecimentodecadeiasmontanhosas,fossasoceânicas,deslo- camentode porçõescontiJ)entaise atividadesmagmáticaspor largasextensõesda crost~." Emzonastracionadasporcorrentesconvectivasascendentes, a crostaoceânicaé formadapor sucessivasinjeçõesde magma básico, dorsais são estruturadas, e o assoalhosubmarino é arrastado,simetricamente,para fora da cordilheiraoceânica, ComaGeologiaisotópicaverifica-se,emalgumasregiões,a presençaderochasderivadasdemagmasque,dealgumaforma, receberamcontribuiçãoatémantélica,demonstrandoheteroge- neidadesgeoquímicasno mantosuperior. Sendoo mantoconvectivo,o transportedecalordo interior paraa superfícieé feitoatravésdas correntesconvectivas,que promovemosmovimentosdasplacaslitosféricas.Conjuntamente, porçõesdematériasãoextraídasdessasregiõeseadicionadasna crosta,soba formadeinjeçõesmagmáticas. Osmagmas,assimderivados,misturam-se,emmaioroume- norgrau,comomaterialcrustalsiálico,gerandoEt~t()I1s(por~ões magmáticascristalizadasno interiordacrosta)ou processosvul- cânicosde naturezabásicaou básica/andesítica,segundoo ambientegeotectônicoenvolvido.Fenômenosmagmáticos,em regiõesoceânicasou emcinturõesorogênicos,atestam,através deinvestigaçõespetrogenéticas,assinaturasisotópicasmantélicas nasrochasderivadas. Admite-se,também,apresençadeplumastérmicasmantélicas oupontosquentes(hot-spots)g~~a~~~fo_ç()stérmicose,conseqüente- mente,mobilidadedematériadõinteriorparaasuperfície,expres- sados,geologicamente,por vulcõesintraplacas,como,por exem- plo,asilhashavaianas,noPacífico. 2.5.DinâmicadaLitosfera 'l \ CROSTA OCEÂNICA _J (basalto, gabro)(3.0) CROSTA CONTINENTAL Já foi constatado,através de estudos petrológicos em produtos magmáticos,que a matéria,oriunda de diferentes profundidades,chegaà superfícieterrestre,eváriossãoosmeca- nismossugeridosparaexplicaressamobilidade. : ::::: :: .:.::::::: ::::.::::::: :::: :::::: ::;.; ..:.."-' .. .:.:... ..;.:. ",-•..:.; . .:.;. "-'. ....;.:.:.:..0 ."-'..:.:..:. .":':"i:'JOO ~:.:.~.:.:::~'.'.::.~:..;.~.;.;.~~:..:.:.~.:.::::::";:.::~:'.:>:'~'~'.>~~';7 •••••••• 0.0 ••••••••••••••••••••••• /................................, ::L);~LjZ~LE·;~=;:;.:,; MANTO SUPERIOR espessura.Nos oceanos,tem composiçãobasálticae, aproxi- madamente,8kmdeespessura.Elaéseparadadomantosuperior pela descontinuidadede Mohorovicic (moho).O termoplacas litosféricasaparece,então,representandouma camadarígida capazde semovimentarsobrea astenosferaplásticae geradora defusõesmagmáticas. O manto,por suavez,representa82%do volumee68%da massada Terra,e admite-seser composto,principalmente,por silicatosdeferroemagnésio.Seucontatoa5.150km,comonúcleo externolíquido,faz-sedeformairregular,comodemonstramima- genstridimensionaisobtidaspor tomografiasísmica. 56 57 PROCESSOSENDOGENÉ'é'ICOSNA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO Há váriostiposdemagmas,diferenciadostantoemorigem (mantélicos,crustais,derivados)comoemcomposição(ácidos,bá- sicos,ultrabásicos,intermediários)e,por conseguinte,originando diferentestiposderochasígneas,taiscomogranitos,gabros,peri- dotitos,sienitos,granodioritos,dioritose outros,quesãotiposin- trusivos,ou,então,riolitos,basaltos,fonolitos,traquitos,andesitos eoutros,quesãotiposextrusivos.Poroutrolado,omagmasedife- rencia,nocursodesuacristalização,propiciandoaumúnicomagma darorigema diferentesrochasígneas.A sílicaéo principalconsti- tuintedomagma,e,dessaforma,omagmaéumamisturasilicatada, comalgunscristaisdisseminadose gases(principalmentevapor d'água)dissolvidosnamassa,originadospelaocorrênciadefusões, nomantoenacrosta.Podemsermuitoviscosos,comonosmagmas ácidos(graníticos),ou fluidos,comonosmagmasbásicos(basálti- cos),comtemperaturavariandode600" C a1.400" C.Seureservató- rio,dentrodalitosfera,é denominado"câmaramagmática"e ten- demasubir,emdireçãoàsuperfície,pormeiodoprocessodeintru- sionamento. A ascensãodomagma,nalitosfera,podesernaformaativa, originandocorposintrusivosde aspectoglobular,queforçame deformamas rochasenvolventes,possibilitandoa formaçãode corpos circunscritoscom característicadômica (ex.:plútons graníticosanelares);ou, então,dar-sede forma passiva,sem deformarou arquearasrochasencaixantes.~videntemente,tais condiçõesde intrusionamentopodeminfluenCiaras formasdo relevo,sejapela erosãodiferencial,sejapela deformaçãodas formaçõesrochosasenvolventes,quandoessescorposmagmáticos ficamexpostosnasuperfíciepor meiodadenudação. ASCENSÃO DE MAGMA • HIPOCENTRO DE TERREMOTOS " VULCÕES MAGMA PLACA L1TOSFÉRICA MERGULHANDO NO MANTO ZONA DE SUBDUCÇÃO MONTANHAS CROSTA OCEÂNICA CAOEIA MESO-QCEÁNICA FOSSA OCEÀN1C~ CROSTA CONTINENTAL Figura2.2- Seçãonacrostaterrestreindicandozonasdeconstruçãoe destruiçãodeplacaslitosféricasefeiçõesgeológicasassociadas. 3. FenômenosGeológicosAssociadosà GeodinâmicaInterna levandoconsigoporçõescontinentaismais levese de natureza siálica. Em zonascompressivas,presumivelmentegeradaspor cor- rentesconvectivasdescendentes,cordilheirassãoformadasfavo- recendoo aparecimentode cinturõesorogenéticos,zonas de subducçãoe,conseqüentemente,arcosdeilhasefossasoceânicas. Colisões de crostaoceânica/crostaoceânica,crostaoceânica/ crostacontinentalecontinente/continentesão,então,visualizadas nessascondições.Assim,intensasmovimentaçõestectônicassão encontradas,produzindodobramentose falhamentosda crosta emlargaescala,alémdegrandeatividadesísmica(terremotos)e magmática(vulcanismoeplutonismo)(Fig.2.2). 3.1.FenômenosMagmáticos Sãoaquelesrelacionadosà gênese,evoluçãoe solidificação do materialem fusão,existenteno interior da Terra e que dá origem às rochasígneas,intrusivas ou plutônicas,quando o magmaseconsolidanacrosta,eextrusivasouvulcânicas,quando o materialemfusãoextravasana superfície. 3.2.FenômenosMetamólficos Rochasmetamórficassãoformadasquandorochasígneas,se- dimentaresoumesmometamórficassãorecristalizadasaaltastem- peraturase/oupressõesousãodeformadaspelamovimentaçãode placastectônicas,{Qprocessosedesenvolvecomomaterialemesta- do sólido,mudandoLconseqüentemente,suascaracterísticasmine- ralógicase texturais.' 58 59 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO ometam0rfism?P?deserdec()~tat(),issoé,devidoàstrans- formaçõesdarochaencàixante,~pelocaloremitidodeumcorpoÍgneo intrusivo;PQQg~~I~âmi~,devidoàpressãoecisalliamentosobre material rochoso a grandes profundidades, dando origem a milonitos;oU,S,utãQ"serregiQ~ªL,ondeasnovascondiçõesdepres- sãoe temperatura,geralmentesobrematerialcrustal,emzonasde subducção,originamamplasvariedadesderochasmetamórncas, taiscomo:ardósias,filitos,micaxistosegnaisses,segundograucres- centedascondiçõesdemetamornsmo. A importânciadometamorfismoregional,comofenõmenoplu- tônico,reveste-senofatodequevastasporçõesdacrostapodemser afetadas,originandotiposrochososcomunsnosescudospré-cam- brianos,comoo escudobrasileiroouo canadense. As rochasvariamemcomposiçãoe graude cristalinidade, sendoo maiorparaos gnaisses,ondealgunsmineraischegama ser centimétricosede grandeinfluênciano relevode terrenos muitoantigos,comoo denominadoComplexoCristalino.Eviden- temente,umgnaissefacoidal(gnaissericoemcristaiscentimétricos defeldspatopotássico)daráumarespostadiferenteaosprocessos morfodinâmicos,quandocomparadoafilitosoumicaxistos,mais débeisesusceptíveisàerosão.O quartzito,umarochametamórfica derivadadearenitos,quandoexpostonasuperfície,tendesempre aformarrelevopositivoecristas,nemsempreocorrentesemare- nitos. 3.3.FenômenosTedônicos Comoa dinâmicaterrestrelevaà incidênciade tensõesde diferentestiposeordensdeesforçossobreo materialrochosoda litosfera,amplasdeformaçõesemovimentossãoproduzidosem largaescala,estabelecendo,dessaforma,a configuraçãoarquite- tônica do exterior da Terra. Tais estudosdenominam-sede tectônica,onde a movimentaçãode placas,o falhamentoe o dobramentorevestem-seda maior importância.Tambémestão assodadasà tectônica,a orogênesee a epirogênese. Evidentemente,aordemdosfenômenosrelacionadosà tec- tônicadeplacas,àorogênesee,decertaforma,àepirogêneseéde 60 ,rj PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO nívelmundialou regional,já queseusefeitossãoverificadosem grandesextensõesda superfíciedo planeta,a pontode conside- rarmos uma tectônicaglobal. No caso do falhamento e do dobramento,fenômenosintimamenterelacionadosàtectônicade placase suasconseqüências,a ordem de avaliaçãopode ser efetuadadesdeonívelregionalaolocale,deformaindependente, quandotratadosisoladamente. O fatodeo materialrochoso,quandosubmetidoaesforços, fraturaroudobrardeve-seaotipoderespostaqueeleapresentará àstensões,issoé,sequebrando(fraturando,falhando),indicando regimerúptil dedeformação,ou,sedobrando,indicandoregime plásticodedeformação.Essesregimesfísicosexistemno interior doplanetasegundoaprofundidade,podendo-seestabelecerque, aprofundidadesinferioresa20kmemmédia,predominaoregime rúptileparaalém,oregimedúctil,faceàscondiçõesdepressãoe temperatura. Deveficarentendidoquetantoo dobramentocomoo falha- mentosãofenômenosendógenos,processadosnointeriordacrosta enãonasuperfície,comoaparentamser.Evidentemente,taises- truturàsgeológicas,quandoaflorandoe submetidasà açãodos agentesexógenos,apresentam-seexpressase realçadas na paisagem,o quefacilitaa suadetecção. Dessaforma,estratosde rocha,queforamdeformadoshá umbilhãodeanos,porexemplo,agora,noCenozóico,équeestão aflorandoecontribuindoemmaioroumenorgrauparaasformas dorelevoqueestamosvendo.Daí aafirmativadequeaidadedas rochasoudasdeformaçõesnelasexistentesnãoénecessariamente a mesmadasformasnelasesculpidas.De igual modo,é válido admitirqueosprincipaistraçosdo relevoquetemosdiantedos nossosolhos foram delineadosem temposgeológicosmuito recentes,emgrandeparteduranteo Terciário. 3.4.Orogênesee Epirogjne:ii,e Entende-secomoorogeniaos processostectônicospelos quaisvastasregiõesda crostasãodeformadase elevadas,para formaros grandescinturõesmontanhosos,taiscomoos Andes, 61 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO os Alpes, o Himalaiae outros.É termoantigo,usadoantesdo conhecimentoda tectônicadê placas,em que o dobramento figuravacomouma dasprincipaiscaracterísticase cujascausas eramdesconhecidas.O termotambémrefere-se,atéhoje,aos processosde construçãode montanhascontinentaise envolve também atividades associadas, tais como dobramento e falhamentodasrochas,terremotos,erupçôesvulcânicas,intrusões deplútonsemetamorfismo. Um orógenoou faixaorogênicaéumalongaerelativamente estreitaregiãopróximaa umamargemcontinentalativa(zonade colisãode placas),onde existemmuitosou todosos processos formadoresdemontanhas.Assimenunciado,umafaixaorogênica (arogenicbelt)éumaregiãoalongadadacrosta,intensamentedobrada efalhadaduranteosprocessosdeformaçãodemontanhas.As oro- geniasdiferememidade,história,tamanhoe origem;entretanto, todasforamumavezterrenosmontanhosos. Hoje,apenasasorogeniasmaisjovenssãoterrenosmonta- nhosos,enquantoasantigasestãoprofundamenteerodidas,e sua presençaehistóriasãoreveladaspelostiposderochasedeformações existentes.Os Apalaches,porexemplo,foram,no Paleozóico,uma grandecordilheira,comoo Himalaiaou os Alpesdehoje,embora seapresentemcomomorrariasdestituídasdoesplendordasgrandes cadeiasmontanhosas. Outracategoriadediastrofismo,termogenéricoparatodos osmovimentoslentosdacrosta,produzidospor forçasterrestres, é a epirogênese,quesecaracterizapor movimentosverticaisde vastasáreascontinentais,semperturbar,significativamente,a disposiçãoeestruturageológicadasformaçõesrochosasafetadas. Diferedaorogênese,ondeosesforçossãotangenciais,porproduzir grandesarqueamentosou rebaixamentosda crosta,localmente conjugadoscomsistemasdefalhas,devidoa esforçostensionais.· Variaçãodo nível do mar emtrechosde costa,avançodo marsobreporçõescontinentais,mudançasnaconfiguraçãodadre- nagem,variaçãodo nível de basede erosão,aparecimentode planos de erosão em vários níveis separadospor degraus, terraceamentodosvalesfluviaissãoalgumasdasconseqüências da movimentaçãoepirogenética,na modelagemda superfície terrestre.Um produto típico de movimentodescendenteou 62 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO epirogenéticonegativoé a bacia,umadepressãogeralmentede expressãoregional,preenchidapor sedimentos,comoasbacias sedimentaresintracratônicas.Pilhas de rochassedimentares, muitasvezestotalizandováriosquilômetrosdeespessura,sãoaí encontradas,como,porexemplo,abaciadeMichigan,nosEstados Unidos,ouadoParnaíba,noBrasil.Nosmovimentosascendentes, encontramosplatôs e soerguimentoscontinentais,como,por exemplo,o Platôdo Colorado,ou algumasformasmarcantesdo relevobrasileiro,comoa Serrado Mar, na concepçãode alguns geólogos. . A origemdofenômenoérelacionadaadistensõesnacrosta, promovidaspor variaçõestérmicasou devolumeno mantosu- perior.Tambémemalgumasregiões,comonaEuropaocidental, tais movimentossãointerpretadoscomoreajustesisostáticos, devido ao degelode massasglaciais,anteriormenteexistentes sobreo continente. 3.5.DimensãoTemporaleEspacialdosFenômenos Há umaamplavariação,tantodeordemtemporalcomoes- pacial,defenômenosgeológicosassociadosàgeodinâmicainterna; algunssemanifestamporlargoespaçodetempogeológico,como asorogenias,outrosserevelamemperíodosmuitocurtos,aténa escalade tempohumana,comoos terremotosou os processos vulcânicos.A instauraçãode umacordilheirapodeprocessar-se durantelongotempogeológico,por dezenasdemilhõesdeanos (M.A.).A cordilheiraandina,cujaformaçãoseiniciouháaproxi- madamente140M.A., temlevantamentocontínuodesdeo fim do Cretáceo,eo Himalaia,quecomeçouaserformadoháaproxima- damente80 M.A., apresentahoje, descontadaa erosão,uma ascensãodecercade1cm/ano.Evidentementeháfasesemquea taxade elevaçãoé superiorà de erosãoe outraemqueisso se inverte.Entretanto,ovulcãoParicutin,noMéxico,atingiuaaltura de330mpoucosmesesdepoisdoseunascimento.Ilhasvulcânicas oceânicassurgemsobreo mare desaparecememalgunsanos,e umsegmentádafalhadeSantoAndré,naCalifórnia,sedeslocou cercade4,3memapenas133anos.Os fenômenosvulcânicoseos 63 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO sismossãorelacionadosàgeodinâmicainternaeseprocessamna escalahumanadetempo. 3.6.EpisódiosTectomagmáticosMarcantesna Geo-História Durantea históriageológicado planetaTerra,iniciadahá 3,8bilhõesdeanos(idadedosregistrosgeológicosmaisantigos), vários episódios tectônicose magmáticosde grande trans- cendêncianaconfiguraçãodasuperfícieterrestreocorrerameestão documentadosnasrochasem todosos continentes.Como tais fenômenosproduziram grandesvariaçõesambientais,quase sempreacompanhadasdetransformaçõesimportantesnosseres vivos já existentes,incluindo episódiosde extinçãoem massa, conseqüentementeproduziramvariaçõessignificativasnomaterial geológicoarquivadonacrostae,posteriormente,decifradopelos geólogos. Através de dataçõesgeocronológicas,em materialmag- máticoamplamentedistribuído em algumasregiõesda Terra, constata-seapresençadeepisódiosbemdelimitadosno tempoe no espaço,de intensa deformaçãocrustal e forte atividademetamórficae ígnea,que incorporamnovo materialà litosfera. Taisfenômenossãodenominadosciclosorogênicosougeológicos e caracterizamas denominadasfaixasmóveis(mobilebelts)que, decertaforma,constituemasprópriasfaixasorogênicas. A compilaçãodeinúmerasidadesgeocronológicasobtidasno mundosugerequetaisepisódiostectomagmáticosouorogeniasapre- sentempicosglobais,notadamenteentre2.800e2.600M.A., 1.900e 1.600M.A., 1.150e900M.A., 650e500M.A. e 180M.A..Osdados geocronológicostambémsugeremqueindividualmenteasorogeni- asapresentamduraçãovariandode175a250M.A., separadaspor intervalosde"calmaria"quevariamde350a500M.A. emmédia. Evidentemente,quantomaisantigoo evento,maisdifícil é a sua avaliação,aliadoao fatode quenãoé possívelobterresoluções melhoresdo que25-30M.A. no pré-cambriano,nãoobstanteoco- nhecimentodequedadosfanerozóicossugeremquealgumas01'0- geniassãoseparadaspor intervalosdetempoinferioresa30M.A.. 64 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 3.7.FaixasMóveiseC"átons Entende-secomofaixamóvelumalongae estreitaregião crustalquesofreu,ouestáaindaexperimentandointensaatividade tectônica,comaformaçãoderochasedeformaçãoemlargaescala. Cinturõesorogênicosforamfaixasmóveisduranteseusestágios formativos,e a maioriadelesproduziusistemasmontanhososjá destruídospelaerosão.Deve-seatentarquesomenteasfaixasmó- veisdoCenozóicorecenteapresentamÍntimacorrelaçãodospro- cessosdeformacionaiscomo relevo. No Brasil,destacam-seosseguintesciclosorogênicos:Jequié entre2.700-2.600M.A., Transamazônicoentre2.200-1.800M.A., Brasilianoentre700-450M.A., omaisrecenteconhecidoemnosso paíse do qualsãoencontradasrochasmetamórficasemdiferen- tesgraus,intensoplutonismograníticoe deformaçõesvariadas. Localmentesãoidentificadosos ciclosUruaçuano(± 1.150 M.A.),Uatumã(1.700-1.900M.A.),Parguazense(1.500-1.600M.A.), Rondoniense(1.000-1.300M.A.) e o Guriense(3.000-3.400M.A.). Como exposto,verifica-seque,no Brasil,o últimoepisódio geodinâmicogeradordegrandesdeformaçõesdacrosta,atravésde dobramentosedefalhamentosconjuntamentee,emconseqüência, cordilheirascontinentais,ocorreunofinaldopré-cambrianoeinício doPaleozóico.Omaterialgeológicoresultante,hojeexpostoemsuas raízes,podeatéformarrelevosmontanhosos,devidoa fenômenos geodinâmicosposterioresesemnenhumaconotaçãocomaorogê- nese,como,por exemplo,a reativaçãodeantigaslinhasdefalhas. As faixasmóveissão,portanto,identificadaspelomaterialgeológico produzidoenãopelaconfiguraçãomorfológicadotipocordilheira, que,certamente,existiramnasdiferentesépocasemqueo fenôme- no,orogênese,estavaativo. Poroutrolado,todososcontinentestêmumnúcleodecrosta continentalestável,totalou amplamenteformadopor rochaspré- cambrianascomestruturascomplexas,normalmentegnáissicas,e xistosaseinjetadasporbatólitosgraníticos.Duranteaevoluçãodos ciclosorogênicos,essasáreascomportam-secomoblocosrígidos comasfaixasmóveisdesenvolvendo-seemsuaperiferia.Quando expostoesubmetidoaosagenteserosivos,o crátonpassaa serde- 65 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO nominadoescudo.Assimenunciado,escudoéumcrátonaflorando e,conseqüentemente,caracteriza-sepelapresençaderochasmeta- mórficasdealtograu(gnaisses)egranitosdiversosdeidadesmuito antigas. No Brasil,dois grandescrátonspré-brasilianospodemser identificados:o crátonamazônico,cujosextensosafloramentos foramdivididosemdoisescudos,dasGuianaseBrasilCentral;e o crátondo SãoFrancisco.Áreascratônicasmenoressãotambém assinaladasemterritóriobrasileiro,comoo crátondeSãoLuís, o crátonLuís Alves e o crátondo Rio da Prata.Idadesarqueanas sãoaí encontradas,algumassuperioresa 3.000M.A .. Quandopartesdo crátonestãocobertaspor formaçõesnão- deformadas,dá-seo nomede plataformaa tal superfície.Várias coberturasfanerozóicasformamaplataformabrasileira,identificadas principalmentepelasbaciasintracratônicasdo Amazonas,Parnaí- baeParaná. Como nasáreasdos escudosencontramosa exposiçãode rochasmetamórficas,normalmentegnaissese ígneasgraníticas, o relevo esculpidoé geralmentesuavee resultadoda erosão seletivaaolongodelinhasdefraqueza,relacionadascomfraturas, juntas,dobrasourochasdébeisqueformamdepressões,ou,então, derochasduras,quetendema originaráreaselevadas. 4. TectônicaGlobaleasPrincipaisFormasde RelevoTerrestre 4.1.PlacasLitosférieaseDerivaContinental DerivaContinentaléumateoriapropostanoiníciodoséculo por Alfred Wegener,segundoa qual os continentessemoviam sobreasuperfíciedaTerra,algumasvezesquebrando-seemvárias porções,outrasvezescolidindo.A teoriada derivacontinentalé similar à teoriada tectônicade placas,pois ambasenvolvem movimentaçãode massascontinentais;porém,Wegenernunca postulouaexistênciadeplacaslitosféricasnemalgumaramificação 66 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO dateoriadetectônicadeplacas.Elaapareceudepois,emmeados do século,fruto do trabalhodepesquisadevárioscientistasem diversasregiõesdo planeta,principalmentenasáreasoceânicas, com o adventode sofisticadosequipamentosde Geofísicae sondagenssubmarinas,nofinaldadécadade50eduranteadécada de 60.Historicamente,logo apósa SegundaGuerraMundial, geocientistasiniciaram a exploraçãosistemáticado assoalho oceânico,inicialmentepor razõesmilitarese econômicas,com trabalhosde mapeamentodo fundo submarinoque levaramà descobertadaCadeiado Meio-Atlântico(amaisamplaeextensa cadeiademontanhasdaTerra). Concomitanteaomapeamentodo relevosubmarino,inúme- rasdescobertasforamfeitas,destacando-se:ainexistênciadeespes- sospacotesdesedimentosnofundodosoceanos,deidadesempre inferiora 200M.A. do materialsedimentarencontrado;o aspecto zebradodeformasimétricaàcordilheiraoceânica,expressadopela variaçãodepaleopolaridademagnéticadasrochas,deidadecada vezmaisantigadasrochasdo substratorochosodosoceanospara ambososladosa partirdacordilheiraea revelaçãodaastenosfera pelasismologia.Essesestudoslevaramà formulaçãoda teoriada expansãodoassoalhooceânicoedaí,àpropostadeummodelogeral paraaorigemdetodaacrostaoceânicae,conseqüentemente,àbase parao desenvolvimentodateoriadetectôrucadeplacas. Essateoriaé um modeloparaa Terra,em quea litosfera rígidae fria "flutua" sobreumaastenosferaplásticae quente.A litosferaé segmentadapor fraturas,formandoum mosaicocom setegrandesplacasealgumasoutrasmenores,quedeslizamho- rizontalmente,arrastandooscontinentesporcimadaastenosfera. São as seguintesas principais placas litosféricas: africana, americana,eurasiana,pacífica,indo-australiana,antárticaenazca, quesemovemcomvelocidadesquevariamde 1,3a 18,3cmpor ano. A velocidade absoluta da placa sul-americana é de aproximadamente4cm/anoparaoeste(Fig.2.3).Por outrolado, asplacassãogeradasjuntoàsdor~aisoceânicas,coma formação do assoalhooceânicobasáltico,e são destruídas nas fossas oceânicas,ditascomozonasde subducção,ondemergulhamno manto.Nessasregiões,somenteaspartesoceânicassãodigeridas, conquantooscontinentes,maisleves,nãosãosubmergíveis. 67 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO Figura2.3-Mapa- múndiapresentandoasprincipaisplacaslitosféricas. ••••. direção de movimentação 60° 30° 0° 30° 60° ~ limitedivergente ~ limiteconvergente limitetransformante /"' Rifl-Continental desubducção,ondeumaplaca(maisdensa)mergulhasoba outraparaserconsumidano manto,como,por exemplo,a placadeNazcasubdudandosoba placasul-americanano Pacífico(nodecursodesseprocesso,aspartesoceânicasdas placassãoconsumidas,eacadeiamontanhosaé formada); c) colisionalou sutura,sãotambémregiõesdeconvergência, porém,semconsumodeplacas,como,porexemplo,acadeia do Himalaia,formadapelacolisãodaplacaindianacoma placaeurasiana; d)conservativa,formadaaolongodeumafalhatransformante, ondeo movimentorelativodaplacaéhorizontaleparalelo aoseulimite,como,por exemplo,a falhade SantoAndré, naCalifórnia,ondeoladodoPacíficodesloca-separaonorte, comrelaçãoaoblococontinentalaeste. Importantesfenômenosgeológicose estruturasgeomorfo- lógicasdeordemmaiorsãodesenvolvidos,segundoumououtroquadrogeotectônicodosacimareferenciados,destacando-se,além dascordilheiras,tantocontinentais(placasconvergentes)como oceânieas(placasdivergentes),o intensomagmatismo(plutônico e vulcânico)associadoa placasconvergentese divergentes,a excepcionaldeformaçãono ambientecolisional,o rifteamento continentalem ambientedistancional,nos limites de placas divergentescontinentaiscomoo grande6ftafricanoeosarcosde ilhas naszonasde convergênciade placasoceânicas,comono Pacíficoocidental(Tabela2.1). 4.2. Limites de Placas e Eventos Geológicos Relacionados Existemquatroprincipaistiposdelimitesdeplacas: a) construtivaou divergente,quandoduasplacasestãosemo- vendoseparadamenteumadaoutraeemsentidocontrário, apartirdacadeiamesoceânica,ondenovacrostaéformada; b) destrutivaouconvergente,quandoduasplacasestãosemo- vendomutuamenteumaemdireçãoàoutra.Fossasoceânicas sãoformadasnessessítiosdecolisão,originandoumazona 68 4.3.MargensContinentaisAtivas ePassivas Margenscontinentaissãoregiõesondea crostacontinental encontraa crostaoceânica.Existemdoisprincipaistiposdemar- genscontinentais: a) MargemContinentalPassivaécaracterizadaporumafirme conexãoentreacrostaoceânicaeacontinental.Pequenaati- vidadetectônicaocorrenos limitesentreos dois tipos de crosta,geralmentepercebidapor algunssismosde baixa intensidade,devidoa fenômenoslocaisdefraturamentoou 69 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO ~u t=:'" ';;: ~ ~~ <:u '"~'0V !il •... ~ '" ~ s: ~ Ci ~ :E ::;, "" M <: ..J~ ~ ~ <: (j) O ~ ~ (j) ~ l:)'o ..Jo t5 (j) ~z g: w <: ti:: ;:i l:)o ~ (j) <:(j)u<: :3e~> w..J00 (j» ~tií E=: ~ Cl o ~ ou "" c:: ,," o;:: 6 'li) e .g .$ <u 11u ô"3 .~ > <~ .§ ~,~ '"0..0 o:5 '" '" '" e lS ~~~ i@ E õ o <u e "O "O <u o o t:: Ice 1('\$ Q) li! li! ~, (!3 QJ ID ~ ~ '8w '" .ê C:: •.• (tt:: eu ~ l::l '? Siou ~~ ê~ ~ :~ :=0< 1: eo ou u o c:: § ~ ;ã 13o <u 'E <u e.o <u .~o g e ~'" ~ <>::: <u -g lS l:) .;; rn <u <u ~:§ c:: ;:l ',= :> c:: ",' 8 e <u bQ "O '" o e l~ ~ ~ 1: o Õ <u ,'" 6 ti li! <u ?f ~ E ~ ~~ ~ ~ ~ <>::: <u ç: <u ,5 <:: o 'i ~ :goU <u ~ ",' JS] <: ",' ~6 '" Ei e <u , v t: 7ti"O <u _ o -, :g Ice ti) "" if! ,§ ~ ~ ~ le, '" <u '" Ô -g ã l~ (lj oU""'~u <u <u ::::l 10 ""Cl "O u , .g~2(j) ~ ~ <u ~ <u "O ê <: o ;ã 13 qo c:: §o 70 g)~] ~$ ~ ~~'"o u '" 'l:: - <u ~ eu '" ~ ~ ~,i,§ '" § ~ Ei o e <u ~ Q. "O <u '" 0"0.2 1C'j d) o í!J 8 e (U "J:l Q) ~ '~ E o' -g -" l(lj (lj ru 1f '" ~ ;:l .:g >-; "O u u .g :3 .g (j) :> U" ,,i, <u g ~ ..8 <u] ;ã <:: ~ ~ 'S <u <:: .5 <:: ~ ~ ~ 2 c:: ~ ~oU [ ::;:: .S '* ,s :r: ~o g '" "t.g Ei c:: 7J'~ 1ii ~ 2 '"u .2 o o 'e. 6 '" l':: E 1i:io -~ ô ~ 6 ~ j <u <:: ~ § ~ ~ '§u ~ ~ ~ lS~ .9 ~ ~ ~ ~ "O o '" ,~ e <u .~ o c:: ~ <~ ~~ 'E ~ <u >-; e 'li) "'..c:: g:= 1J]o u ~ qo c::'" 13 O <u ~ .E í!J ~ '<U .g <: ~ (j) <u "tl ~~ ~ 2: J2 { <u "O o 'e.'" ã -.8 00 <u oo ~ ,'" ,.•.. '" '" '" "tl'§o '" ~<:: ..8 ~ o '" ~ 2! .'" <u U" ;:l '" O" E ~ ..9 ed' <u ..c::0- <u 'E <u ,S <::ol ',= c::oU acomodaçãodepilhasdesedimentosembaciasmarginaise presençadeplataformacontinental.Asmargenscontinentais do OceanoAtlântico,nas Américas,África e Europa,são exemplos,e suaformaçãodeve-seà seqüênciade eventos queacompanhamorifteamentodecrostacontinental,como aconteceuno supercontinentePangeaháaproximadamente 200M.A., paraformaruma novabaciaoceânicalimitada por margenscontinentaispassivas. Tais margens são tambémdenominadasdo tipo atlântico. b) MargemContinentalAtiva, é caracterizadapela presença de uma subducção,ondeuma placaoceânicacolidecom umaplacacontinental,mergulhandosoba mesma.Nessas regiõesencontramosuma estreitadepressãodo assoalho oceânico, denominada fossa, ausência de plataforma continentalbemestendida,comonamargempassiva,eforte atividadetectânica,caracterizadapor intensasismicidade, significativaatividadevulcânicae plutânica,formaçãode montanhas,metamorfismo,etc.A costaoesteandina,da .Américado Sul, é um bom exemplodessasmargens,que tambémsãodenominadasdo tipopacífico,naliteraturage- ológica. 4.4.ArcosdeIlhas eCordilheirasOceânicas Em muitaspartesdo OceanoPacífico,placasoceânicascoli- dem,ondeumasubductasobaoutraformamumafossaoceânicae umarcodeilhasadjacente.A placaoceânica,basáltica,quemergu- lhanomanto,éaquecidaapontodeformarfusõesmagmáticas,que ascendeme geramerupçõesno assoalhooceânico,configurando cadeiasdevulcõessubmarinos,próximasà fossa,e queeventual- mentecrescemparaformarumacadeiadeilhasbasálticasouande- síticas,denominadasarcodeilhas.Assim,um arcodeilhaséuma cadeiadeilhasvulcânicas(estrato-vulcões),paralelaà fossae dela separadaporumadistânciaquenormalmentevariade150a300km. As ilhasAleutianas,formadaspelasubducçãodaplacadoPacífico Norte,soba placanorte-americanae asilhasjaponesassãobons 71 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO exemplosdearcodeilhas.Muitosoutrosarcosdeilhassãoencon- tradosno sudoestedoPacífico. Por outrolado,ascordilheirasoceânicassãocadeiasmonta~ nhosasquerodeiamoglobocomoacosturadeumaboladebeise- bol e o maiorsistemamontanhosoda Terra,queseestendepor 80.000km,commaisde1.500kmdelargura,emalgunslocais.Ge- ralmenteseelevamemtornode3kmsobreo assoalhosubmarino adjacentee vão desdeo OceanoÁrtico ao Pólo Sul, atravésda cadeiameso-atlântica,ondeinfleteparaeste,no OceanoÍndico, cruzaoPacíficoSulesedesviaparaonorte,paradentrodoGolfo da Califórnia,e, depois,continuandona costade Oregon,nos EstadosUnidos.Essacadeiamontanhosaéamaisimpressionante feiçãodasuperfíciedoplanetaqueseriavistadoespaço,casonão existissemos oceanos,e é diferentedas cadeiascontinentais, formadasdebasaltosisentosde deformaçãoe geradosno limite deplacasdivergentes. 4.5.SoerguimentodeMontanhase EvoluçãodoRelevoTe17"estre Grandepartedaatividadetectônicaterrestreocorrenolimite de placaslitosféricas,emcontrastecomo interiordelas,normal- menteinativotectonicamente.Comoresultado,praticamentetodas asmontanhase ascadeiasmontanhosas,na Terra,sãoformadas noslimitesdeplacas,e,por isso,suaevoluçãoécomumenteacom- panhadadedobramentosefalhamentosderochas,terremotos,erup- çõesvulcânicas,intrusõesde plútonse metamorfismo,principal- mentenaszonasdesubducçãodemargenscontinentaisativas,já referendadas. Os esforçoscompressivos,geradosnaszonasde colisãode placasconvergentes,associadosao intensomagmatismoque introduzcorposígneosnomaterialcrustalafetado,edificamvulcões na superfície,criamascondiçõesnecessáriasparao enrugamento da"pele"doplanetaporvastasárease,emdetern1inadosperíodos detempo,járeferenciadosanteriormente,orogênesenasfaixasmó- veis.Montanhassão,então,formadaspeloenvolvÍmentode uma sériedeagentesinternos.Por isso,asmontanhasquasesemprese 72 \ ~ 1'I" PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO apresentamcomocadeiasou cordilheiras,porqueasforçasqueas criaramoperavamporvastasregiõesdacrostaterrestre,associadas afenômenosdegrandetranscendênciageodinâmicainterna,sejam montanhasvulcânicas,deblocosfalhadosoudedobramentoeem- purrão,comoosAlpeseo Himalaia. Comocoroláriodessasituaçãoplanetária,o relevoterrestre, emseusgrandestraços,estáintimamenteligadoaosepisódiosde grandemobilidadecrustal,queconfereinúmerosaspectosmor- fológicos à superfície da Terra, durante o passar do tempo geológico. Vivemos sobreum território mutante,palco de enfren- tamento de forças geológicas de diferentes origens, mas inequivocamenteacionadopelageodinâmicainternaetodaagama de fenômenosrelacionados.E, acompanhandoa históriadas cadeiasmontanhosas,reconhecemosqueelanãoterminacomo paroxismoorogenético,ondeos fenômenosderivadosda geo- dinâmicainternaatingiramoseuclímax,masaerosãoeaisostasia continuam, de forma combinada,a modificar o relevo das episódicasfaixasdemaiormobilidadecrustal. 5.AtividadeÍgneaeRelevoDerivado 5.1.TiposdeIntrusão,ComposiçãoeEstrutura Interna,dosPlútons Emboramaisde90%dovolumedacrostasejamconstituídos por rochasígneasemetamórficas,ossedimentoseasrochassedi- mentaresrecobremcercade 66%da superfíciedos continentes. Entretanto,mesmonessasáreas,em grandepartecobertaspor finapelículasedimentar,asestruturasexistentesnoembasamento subjacentese refletemna cobertura,controlandoem maior ou menorgrauamodelagemdasuperfície. Comovastasextensõesterritoriais,empaísescomooBrasil, sãoconstituídaspor domíniosgeológicoscaracterísticosdos es- cudoseantigasfaixasmóveisperiféricas,oconhecimentodosubs- 73 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO trato,formadopor complexosmetamórficos/magmáticos,é de grande importância na investigaçãogeomorfológicadessas regiões.E sãonessesambientesqueencontramososplútonsígneos, que são grandesmassasde rochamagmáticacristalizadaem profundidade,nacrosta,equandoafloramconstituemosbatólitos (>lOOkm2)ou stocks«lOOkm2). Tambémos diques,lacólitose facólitossãoformasgeométricasdeplútonsígneos. Essescorposintrusivostêm,portanto,maiorexpressãonos batólitos,geralmenteformadospor rochasgraníticasou granodio- ríticas,degranulaçãomédiaagrosseira,comapresençaemalguns exemplosdemegacristais(>5cm),defeldspatopotássico(ortoc1ásio ou microclina)queoferecemum aspectoporfiríticoàrocha.Faceà composiçãogranítica,elessão,mineralogicamente,constituídosde quartzo,feldspato,micae acessóriose,normalmente,apresentam descontinuidadesinternas,muitasvezesortogonais,dadaspelasjun- tase diáclasesqueorientama redede drenagemimplantadaem suasuperfície. Tridimensionalmente,os plútonsbatolíticostêma formade um globoachatadonaporçãosuperiore,quandoseccionadospela superfície,têmseusperímetrosdeafloramentoemformascircula- resou ovaladas,ouatéalongadaspordezenasou centenasdequi- lômetros,comoosplútonsandinosou dasRochosas. Variaçõesda composiçãomineralógica(fácies)sãoencontra- das,bemcomofragmentosdarochaenvolvente(xenólitos),dedi- versostamanhos,quesedisseminamnasporçõesmaisperiféricas doplútonintrusivo(bordaoucontato)ouentãoestruturasinternas, comofoliaçãodefluxomagmático,gnaissificaçãodeborda,zonas hidrotermalizadas,comalteraçãoendógenademineraise o fratu- ramentointernorelacionadoaoresfriamentoecinéticadaintrusão. Tambémfaixascisalhadasoubrechificadaspoderãoserencontra- dasnointeriordosplútonsbatolíticos.Todosessesaspectossãonor- malmenteencontradosnosbatólitos,stockseoutrostiposdeintrusão, independentementedesuaidadegeológica,formaecomposição. 74 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 5.2.RelevodeMassasPlutônicas Atravésdadenudaçãodeantigasáreasorogênicasou cratô- nicas,corposplutônicossãoexpostosnasuperfíciee trabalhados por diferentesagenteserosivos,conjuntamentecomasunidades .geológicasenvolventes.Havendocontrastecomposicional,tex- turaleestruturaldasmassasintrusivascomasencaixantes,o que normalmenteocorremesmoentreaquelascomomesmograude cristalinidade,talvariaçãoérefletidanorelevoencontradonessas regiõese,logicamente,emigualcondiçãoclimática.Dessaforma, asmassasplutônicasficamindividualizadasmorfologicamente, facilitandosuaidentificação. Tratando-sedecorposbatolíticos,cujaexposiçãodeve,pela própriadefinição,sersuperioralOOkm2,oefeitodointemperismo diferencialentreelese as encaixantes,e mesmodentroda área plutônica,produz diferençastopográficasrelevantes,principal- mentepelofatodequea maioriadessescorposéconstituídapor rochasgraníticas,ricasemmineraisgeoquimicamentedenomi- nadosresistatos,comooquartzo,e,portanto,originandolitologias maisresistentesàmeteorizaçãoe,por extensão,à erosão. Daíatendênciadeformaremmacro-relevospositivos,desta- cadosnapaisagem,como,porexemplo,váriosmaciçosgraníticos do sudesteou centro-oestebrasileiro. Feiçõesdenominadas dômicase/ouanelaressãoassinaladasnessaescaladeobservação e sãofreqüentesnosgranitose granodioritosintrusivosque,em algunscasos,deformamas rochasencaixantesna periferiado plúton. É interessanteressaltarquetaiscontrastesocorremindepen- dentementedodomíniofisiográficomaior,como,porexemplo,os maciçosgraníticosSuruí,Caju e PedraBranca,na planícielito- râneadenominadaBaixadaFluminense,ouosmaciçosgraníticos de Nova Friburgo,Fradese SantaMaria Madalena,na região serrana(planaltointeriorano)doEstadodoRiodeJaneiro(Fig.2.4). Em todosos casos,asencaixantessãoformaçõesgnáissicaspré- cambrianasda faixamóvel Ribeira.No interior dos batólitos graníticospodemserencontradasvariações,associadasàestrutura internadoplúton,ondeasfaixasfraturadasoudiac1asadas,zonas hidrotermalizadas,estruturasplanarese lineares(foliaçãode 75 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO I NE Valede Falha PedraBonita <í' 5 I> VJj 5' )))f J J5 ff5~5 > [fi/ir fI sw Figura2.5- ConjuntoPedradaGávea,PedraBonita,RI, formadopor gnaisses encimadospor cornijas granítieas de um dique sub- horízontalizadoparcialmenteerodido. por rochasquartzosas,comocertostiposdegnaissesou mesmo derochasgraníticasplutônicasmaisantigas.Umnotávelexemplo é a estruturaanelar,semelhantea umacraterade impacto,com aproximadamente8km de diâmetro, em Baixo-Guandu, no EspíritoSanto.Seuinteriordepressivoé constituídopor gabros, maissusceptíveisao intemperismodo queos gnaissesregionais envolventes. Outrostiposplutônicos,comoos diques,dependendoda suaconstituiçãopetrográfica,podemformarrelevosdeprimidos ousalientes,quesedestacamnapaisagemeorientamadrenagem. Diquesbásicostendema originar formasdeprimidas,onde a drenagemseadapta,aoinversodospegmatitos,que,emalguns casos,fonnamverdadeirasmuralhassalientesnapaisagem,que se estendempor dezenasde quilômetros,comose observaem algumasregiõesdo nordestebrasileiro,ondesãodenominados altos.Diquesgraníticostendema formarcornijasprotetorasaos agenteserosivos,comoseobservaemalgunsmorrosda cidade do Rio de Janeiro,ondea Pedrada Gáveaé o melhorexemplo (Fig.2.5). r:.-I .di" ~ --- ~ Teresópolis 1 \\ SERRA DOS ÓRGÃOS -"'"......•......•.r'I I"\. No nordestebrasileiro,váriosinselberguessãoformadosno interiordeummesmoplúton,aocontrárioderepresentarcorpos geológicosindependentes,comoaparentementedemonstram. Plútonsdenaturezaalcalina,comoosmaciçossieníticos,tam- bémtendemaformarrelevospositivos,porémsemascaracterísticas morfológicasinterioranasdosmaciçosgraníticos,já quenormal- menteapresentammenorproporçãodedescontinuidadesinternas, atravésdo diaclasamentoou de estruturasplanolineares.Como exemplos,podemsercitadosos maciçosGericinó-Mendanha,na BaixadaFluminense,ouo deItatiaia,naMantiqueira.Daíanotável variaçãoentrea densidadededrenagemdosmaciçosgraníticose osalcalinos. Por outrolado,plútonsbásicos,constituídospor rochasga- bróides,tendemaformarrelevosrebaixados,quandoenvolvidos fluxo),etc.,por seremmaissusceptíveisa meteorização,tendem a formar setoresrebaixados,em contrastecom as áreascons- tituídaspor rochasmaciças,comrarasdescontinuidadese,por- tanto,maiselevadas. Figura2.4- Vista da Serra dos Órgãos,RI, formadapor granito gnaissifieadoediquedezranitointrusivoinclinadoparaeste,originando pontõesescalonados(Orgãos). c:=:J Granito lntrusivo 76 77 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 5.3.VulcanismoeTiposdeErupção Figura2.6- Maciço graníticodestacando-sena paisagempor erosão diferencial.Vista deTeresópolis,RI, na direçãoENE. Nela,o topoéformadoporrestosdeumdiquegraníticosub- horizontalizado,destacando-sedognaissesubjacentedaseqüência regional.Ou, então,comoplacasmergulhantesembutidasemro- chasrelativamentemaisantigasque,quandoexpostasàcornijapro- tetora,inclinadaefraturada,tendemaformarpontõesescalonados,comoo observadona Serrados Órgãos,no Rio de Janeiro,cuja notávelfeiçãomorfológicaéderivadadeumaespessalâminagraní- ticafraturadanosgnaissesregionais(Fig.2.6). Paraseestimara importânciadaatividadevulcânicanadi- nâmicaterrestre,bastaconsideraro volumederochaproduzido. Mais dedoisterçosdasuperfíciedaTerra- o assoalhooceânico _ são inteiramenteformadospor Tachasderivadasde lavas, duranteos últimos200milhõesde anos.Ele é tambémo mais significativo processona construção de arcos de ilhas e é expressivoemmuitascadeiasde montanhas,pois tal atividade estáintimamenteassociadacomo movimentodalitosfera,esuas característicasdependemdo tipo delimitedeplacas. Quandoplotamosemummapatectônicoalocalizaçãodevul- cõesativosou recentementeativos(quetiveramerupçãonosúlti- mos10.000anos),verificamosqueelesseconcentramaolongodos limitesdeplacas,tantoconvergentescomodivergentes,sendoos maisnotáveislocalizadosaolongodaszonasdesubducçãoe inti- mamenterelacionadoscomaintensasismicidadeaíexistente.Vul- canismosintraplacassãotambémconhecidoseestãorelacionadosà existênciadepontosquentes(hotspots),comoasilhasHavaianas, ou,então,naestruturaçãoderifts continentais. O mais espetacularcinturão de vulcõesativos é o que circundao Pacífico,conhecidocomocinturãodo fogo ou linha andesítica,dadasuacomposição.Outrafaixasimilarseestende atravésdaEuropameridionalparao meio-este,noMediterrâneo, e seassociaàmargemconvergentedaplacaafricana. Vulcanismoassociadoa placasdivergentes,ondeo magma basálticoé geradoparaformaro assoalhooceânico,seencontra aolongodascadeiassubmarinas,portodoomundo,ou,emmenor escala,emsistemasderifts continentais,comoo do lesteafricano. Episódiosdeintensaatividadevulcânicaocorreramdurantea históriadaTerra,eseusprodutos,hoje,sãoencontradosemdiver- soscontinentes.Osgrandesderramesdelavasbásicasidentificados nabaciadoParaná(umdosmaioresdomundo),naÁfricadoSule noplanaltodeDeccan,naÍndia,deidadeMesozóica,exemplificam episódiosdegrandeatividademagmáticaedeescalaglobal. Osprincipaistiposdeerupçãoestãointimamenteassociados à característicacomposicionaldo magmaqueas confere,isto é, aquelasderivadasdemagmasácidosou intermediáriosmaisvis- cosose aquelasderivadasdemagmasbásicosmaisfluidos.Tais situações refletem, na realidade, o ambiente geotectônico ----. Granito Nova Friburgo J '" .J\. Gnaisses 1"' Gnaisses 1 .- --.-- ....---. -""""'\--..'--"'""",,,\~ Otermovulcanismoabrangetodososprocessoseeventosque permitemeprovocamaascensãodematerialmagmáticodointerior à superfícieda Terra.O fenômenonãoé limitadoapenasà Terra, poisjá foi constatadoemalgunsplanetase luasdo nossosistema solar,estandoemMarteo maiorvulcãoconhecido(MonteOlym- pus).Suapresençaindicaa existênciadeprocessosgeodinâmicos internos,e,referindo-seapenasaotempohistórico,hámaisde700 registrosdevulcõesativosnaTerra,oquenadarepresentaseconsi- derarmosaextensãodotempogeológico. 78 79 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO envolvido, pois o magmatismo básico deriva de material mantélico,naszonasde placasdivergentes,ou pontosquentes, ao passoque os outrostipos,riolítico ou andesítico,requerem envolvimentodematerialcrustal,tantoemzonasde subducção pericontinentaisou em rifts intraplaca continentais.São os seguintesos principaistiposde erupçõesvulcânicas: a) Havaianaou lagosde lava,ondeaslàvasbasálticasfluidas sãoregularmenteexpelidase corremcomorios a partirda crateradegrandesdimensõesecomumlagodelavaemseu interior - seusrepresentantessão os vulcõesKilauea e MaunaLoa,na ilha Havaí; b) Estrombolianaé notávelpelaregularidadee freqüênciade erupçõesbasálticas,commoderadosepisódiosexplosivos, onde blocose bombasde lava são lançadas para cima e voltama cairdentroda cratera; c) Vulcanianoouvesuviano,denominaçãodevidaàilhadeVul- cano,nasilhasliparianas,caracteriza-sepelaalternânciade períodosdeinatividadeou deemissãodegasescomespo- rádicasemissõesde lavasbasálticasou andesíticase fases explosivas com a formaçãode nuvens ardentes-- são comunsnosvulcõesdo Mediterrâneo; d) Pliniana,éaltamenteexplosivacomdensasnuvensdegáse materialpiroclásticoejetadodezenasde quilômetrosna at- mosfera- a explosãochegaa destruirparteda estrutura vulcânica,comoocorreuno Vesúvio,no início daeracristã equearrasoua cidadedePompéia; e) Linearou fissuralébemdifundidanaTerra,poisocorreao longodascadeiasoceânicaseexpelemlavasbasálticas. 5.4.RelevosVulcânicos Estãodiretamenterelacionadoscomos própriostiposvul- cânicos.Suafiliaçãomagmáticaeaestruturadoaparelhovulcânico sãonormalmenteformadaspor lavae materialpiroclástico. Os vulcõessãofeiçõesmorfológicasaltamentesusceptíveis àaçãodosagentesgeodinâmicosexternos,esuapresençanapai- sagem,em geral, indica processosmagmáticosrelativamente 80 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO recentesnotempogeológico.Entretanto,osindíciosdeatividade vulcânica,explicitadosparticularmentepelo materialexpelido, como as lavas e materiaispiroclásticos,podem permanecer registradosdurantetodoo tempogeológico,desdeo Arqueano atéo Quaternário. Osprincipaistipossão: a) Escudovulcânico,ondeo coneéconstruídopor sucessivas corridasde lavasbásicas,produzindoamplaestruturaem formadeescudo,comdezenasdequilômetrosdecircunfe- rência- emaisdeIkm dealtura.A ilhaHavaíécomposta porcincovulcõesdotipoescudo,sobrepostos,sendoosmais amplososMaunaLoa e o MaunaKea,queseelevammais deIO.OOOmsobreo assoalhooceânico.É o maiordaTerra. b) Estrato-vulcõesouconescompostossãoasmaiscomunsfor- masde grandesvulcões,especialmenteos de composição andesítica.Elestendema expelirumacombinaçãode lava viscosae materialpiroclásticoou fragmentosqueedificam ummorrocônicoeescarpado,encimadoporumacratera.O Vêsúvio,o SantaHelena,o Etna,o Fujiyama,o Stromboli,o Kilimanjarosãovulcõesdessetipo. c) Conedepiroclásticaoudecinzaséumpequenovulcãocom- postoquaseexclusivamentepor cinzasepó acumuladosao redorda chaminévulcânica. d) Caldeirassãoenormesestruturasformadaspelocolapsodo tetodacâmaramagmáticaquealimentaovulcãoouvulcões nasuperfície.Podematingirdezenasdequilômetrosdediâ- metroe formamdepressõesbemassinaladasna paisagem, como,por exemplo,a deNgorongoro,naÁfricaorientalou a dePoçosdeCaldas,nosudestebrasileiro. As formasdos vulcõespodemvariar, inclusive durante seuperíodo de atividade,comojá assinaladono Vesúvio e no SantaHelena,easalturasatingidasgeralmentesãosuperiores a 3.000m,embora,por ocasiãodas fasesexplosivas,o edifí- cio vulcânico seja muitas vezes destruído parcialmente, mudandosuaformae reduzindo seutamanho. 81 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 6.TectônicaeFormasEstruturais 6.1.FormasControladasporFalhas Emtermosgeológicos,falhaéumafraturanacrostaterrestre comdeslocamentorelativo,perceptívelentreos ladoscontíguos eaolongodoplanodefratura,O fenômenodefalhamentopode serobservadoemdiferentesescalasdeobservação,desdeamicro (microfalhas)à macro(falhasregionais)e,namaioriadasvezes, sãoidentificadasno campo,atravésdeumazonadefalha,onde ocorremindíciosdo materialmecanicamentefragmentadoe/ou triturado(brechadefalha).Osprincipaistiposdefalhassãofalha normalou de gravidade,formadapor forçastracionais;falhade empurrãoou inversa,formadapor forçascompressivas;e falha horizontaloudirecional,formadapor forçascisalhantes(Fig.2.7). O tipo de falhaestádiretamenterelacionadocomo regime geotectônicoqueocorreuou aindasedesenvolveemdeterminada regiãodaTerra,e,geralmente,asfeiçõeslinearesdo fraturamento da crostasãofacilmenteidentificadasna superfície,por meiode fotografiasaéreasouimagensdesatélites,muitasvezespromovendo variaçõesbruscasdalitologiaqueserefletemnorelevo.Assim,de- pendendodaamplitudeeidadedo falhamento,aconfiguraçãodo terrenoseráafetadaemmaioroumenorgrau,nãoobstanteseressa influênciaquasesempreindiretae provocadapor processoserosi- vos na áreaafetadaou por fenômenosde reativaçãotectônicaao longodeantigaslinhasdefratura. Asprincipaisfeiçõesmorfológicas,associadasaofalhamento,identificadas a uma escalaprovinciale regionalde ob~ervação sãoasseguintes: 82 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO ~ (a) F~L~~NORMALÁir~~ ~ (b).~~éLHAINVERSA ~ ~ (e) FALHA HORIZONTALOUc=JII..L-V TRANSCORRENTE ~..2-= Figura2.7- Tiposdefalhaserelevosassociados. 6.1.1.Escarpasde falha Sãogeradasexclusivamentepelamovimentaçãoverticale recentedeblocosfalhados,ondea declividade,formadasobreo blocoascendente,coincidecomoplanodefalhamento.Entretanto, é muito raro uma encostaser a superfíciede falhamento,e o desnívelsero deslocamentorelativodeblocosfalhados(rejeito), pois,mesmoa falhaestandoaindaativa,o trabalhoda erosão tendea aplainaro desnivelamentoe mascararna superfícieos ressaltosproduzidospelalentamovimentaçãodosblocosfalhados. Também,emáreastectonicamenteativas,aerosãovigorosa na frenteda escarpadáorigema valesestreitose paralelos,que proporcionam,emalgunscasos,o aparecimentodefeiçõestrian- gularesnosinterflúviosescarpados. 83 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO 6.1.2.Escarpasde linha defalha orecuoda escarpade falhapeloprocessoerosivoou pela exumaçãodeantigaslinhasdefalha,ondeumanovaescarpaége- radanãomaispelodeslocamentooriginal,maspelavariaçãode resistênciaàmeteorizaçãodaslitologiasadjacentesaoplanodefalha, propiciao aparecimentodeumaescarpadelinhadefalha. Essafeiçãomorfológicanãomaiscorrespondeao planode falha,eadeclividadeformadapodesituar-seaquilômetrosdolocal ondeefetivamenteseprod~iu odeslocamentoe,portanto,aprópria falha.Tampouco,aparteelevadacorresponderá,necessariamente, aoblocoquesubiuduranteo falhamento,poisaerosãodiferencial entreas litologias adjacentesao plano de falha pode originar escarpamentono blocorebaixado,casosejaelemaisresistenteà meteorização.Nessascondições,umaescarpadelinhadefalhapode serdesenvolvidaapartirdeumafalhanormal,inversaou mesmo transcorrente,desdequeo rejeito,no casohorizontal,coloquelado aladolitologiasquerespondam,diferentemente,aosmesmosagentes erosivos. A Serrado Mar, no sudestebrasileiro,é tidacomoumaes- carpade falha recuadapela erosãoremontante,cuja formação iniciadanofinaldoCretáceosevemdesenvolvendodurantetodo o Cenozóico. 6.1.3.Graben,Horst e Rift-Valley Sãosistemasdeblocosfalhadosresultantesdeperturbações tectônicasqueafetamumaregião,produzindoumasériede fa- lhamentosparalelosentresiouoblíquos.Apresentam-seemzonas de distensãoda crosta,onde os esforçostracionaisgeramum sistemade falhasnormaisescalonadas,que,por sua vez, dão origem a regiõesdepressivas,denominadasgraben (ou fossa tectônica),ouelevadas,designadashorst(muralhaoupilar- Fig. 2.8).Exemplosde formasestruturaisdessestipossãocitadosna literaturageológica,comoo vale do Rio Reno,que correnum graben,limitadopelacadeiados Vosgese o maciçoda Floresta Negra,ou abaciado RecôncavoBaiano,no nordestebrasileiro. 84 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO ESCARPA DE FALHA BLOCO BASCULADO HORST ESCARPA DE FALHA MONOCLlNAL GRABEN Figura2.8- Sistemadefalhas. Quandoessasfossastectônicascoincidemcomovaledeum rio, comono casodo altorio Nilo, recebemo nomede rift-valley (Fig.2.9).O sistemade rift-valleyda Áfricaorientaléo maiorco- nhecidoeseestendepor maisde2.400km,desdea depressãode Danak.il,na Etiópia, atéo lago Manjara, na Tanzânia,com a presençade vários lagosalinhados,comoo Natron, Turkana, Stefanie,Abaya,Ziwayeoutros.Essegrandevaledeafundamento tambémépalcode atividadesísmicae vulcânica,evidenciando queo seudesenvolvimentoaindaestáemcurso. Figura2.9- Rift-valleys. No Brasil,é interessanteassinalara possibilidadedadepres- sãodaGuanabara,entrea Serrado Mar eo OceanoAtlântico,ser umrift emdesenvolvimento(rift daGuanabara),segundorecentes pesquisasgeológicas. 85 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO Uma ressalvadeveserfeitaà luz da tectônicade placas,o termorifi passaa terconotaçãogenéticae nãoapenasdescritiva paracertostiposdegrabens,comriosencaixadosemseuinterior, referenciadosna literaturageológicaclássica.Como novoenun- ciado,rifi é umazona de separaçãode placaslitosféricas,num limitedeplacasdivergentes.Rifi-valley (valedeafundamento)é, então, redefinido como uma depressão alongada que se desenvolvenoslimitesdeplacasdivergentes,incluindotantoos rifi-valleyscontinentais,comoosencontradosaolongodascadeias oceânicas. Outrosefeitosmorfológicos,produzidospelo falhamento, podemserreferenciados,taiscomoo aparecimentodeseqüência de morros alinhados, corredeiras, cachoeiras, lagos, vales encaixados,vales suspensose formaçãode fontesalinhadas, drenagenssuperimpostase capturas. 6.2.FormasControladaspor Dobras Convencionalmente,adesignaçãodedobratectônicaérestri- taàsrochasjáconsolidadas,quesofreramumadeformaçãoplástica nointeriordacrostaterrestre.Assim,faceàcondiçãofísicanecessá- ria paraqueo dobramentoocorra,característicado regimedúctil dedeformação,asdobrasnãosãogeradasnasuperfíciedaTerrae, sim,emprofundidade,nacrosta,ondeastemperaturase aspres- sõeselevadaspropiciamplasticidadeàsrochas.Entretanto,quando expostasna superfície,podemcontrolaro relevo,particularmente quandogeradasemseqüênciasderochasacamadas,dediferentes composiçõese,conseqüentemente,comresistênciadiferencialàero- são(Fig.2.10). 6.2.1.Sindinais e anticlinais Os dois principais tipos de dobrassão:antiformal,queé umadobraconvexaparacima,naqual ascamadasseinclinam de maneiradivergente,a partir de um eixo.Sãodenominadas anticlinais quando a estratigrafia é conhecida, estando as camadasmais antigasna sua parte interna.Sinformal é uma dobra côncavapara cima,na qual as camadasse inclinam de 86 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO forma convergente.São denominadassinc1inais.quando a estratigrafiaé conhecidae possuemas camadasmais jovens na suaparteinterna. ROCHA DÉBIL Figura2.10- Formascontroladaspelomergulhodeestratosresistentes deformados. 6.2.2.Relevode dobraserodidas De um modogeral,asseqüênciasderochasdobradasmos- tram,nasuperfície,sulcosou cristasparalelas,coma ressalvaque nemsempreasformasdeprimidascoincidemcomossinclinaisou ascristascomosanticlinais,poisa erosão,atuandonasrochasde- formadase expostas,podeoriginarrelevospositivosnaregiãodo sinclinale,inversamente,nadoanticlinal(Fig.2.10).Assim,quando observamosestruturassinclinaleanticlinalexpressasnorelevo,não estamosconstatandoum controletectônicooriginalna paisagem, masoresultadodaerosãoquedespojouespessospacotesderochas, pararevelarcamadasresistentesdobradasanteriormente. Umrelevoesculpidoemantigasformaçõesdobradas,exuma- daspeladenudação,podedarorigemacristasgeradasnosestratos maisresistentes,alinhadaseparalelisadasavalesformadosnoses- tratosmenosresistentes,conhecidasna literaturageológicacomo do tipo Apalachiano,razãodo observadonosMontesApalaches, naAméricadoNorte,nomenclaturaàsvezesaplicada,erroneamente, nadescriçãodealgumasformasderelevo,como,nocaso,o relevo 87 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO do sudestebrasileiroou, emparticular,asmontanhasdo Rio de Janeiro. Flancosdedobrasaflorandodãoorigemacristasouhomocli- nale,quandoaestruturainclinadaapresentamergulhossuperiores a30",tem-seohogback,emformadecristaproporcionadaporlitolo- giasmaisresistentesà erosão(Fig.2.11). Emregiõesdeantigasfaixasorogênicas,o padrãodedrena- gem pode estabelecer-seantes de as formaçõesgeológicas dobradasafloraremnasuperfície.Umavezexpostas,apresentam drenagenssuperimpostas,comapresençaderiosantecedentese capturas. EstratosResistentes Figura2.11- Formasderelevoemáreasdobradas. 7. FormasControladaspelaFoliação Metamó1fiea 7.1.Metam01fisrnoeLitologiasDerivadas Metamorfismoéumfenômenoplutônicoquelevaàmodifi- caçãomineralógicaetexturaldeumarochapreexistente,pelava- riaçãodetemperatura,pressãoe açãoquímicadefluidos.O me- tamorfismopode serclassificadocomode contato,dinâmicoe regional,eseulimiteéa fusãodasrochasafetadas.As principais litologiasderivadassãoardósias,filitos,micaxistosegnaisses,parao metamorfismoregionalprogressivo;milonito,parao dinâmico; e cornubianito,no casodemetamorfismodecontato. Nas regiôesde escudoe de antigasfaixasmóveis,o meta- 88 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO morfismoregionaléomaisextensoeresponsávelporgrandeparte daslitologiasaí encontradas. 7.2.EstruturasPlanareseLineares Alémdatransformaçãomineralógicaefetuadanarochame- tamorfizada,a texturaresultantemaiscomumé a orientadaou xistosa,caracterizadapeloarranjodetodosoudealgunsminerais, segundoplanos paralelosque caracterizamuma foliação. O micaxistoéumarochametamórficaqueapresentafoliaçãoxistosa, enquantoo gnaisseéumarochametamórfica,emquea foliação resultada alternânciade camadasde composiçãomineralógica distintas(acamamentognáissico).Outrasnãosãofoliadas,como, por exemplo,o quartzitoou o mármore. A lineaçãoé dadapelaorientaçãopreferencialdeminerais prismáticos,taiscomoo piroxênioou o anfibólio,ou peloalinha- mentoparaleloou subparalelodeelementoslinearesnocorpoda rocha,como,por exemplo,acrenulação.Normalmente,asrochas metamórficasapresentam,conjuntamente,foliaçãoe lineação,e expressama recristalizaçãoemambientecompressivoregional. 7.3.InfluênciadaEstruturaçãoMetamólfiea naEsculturaçãodoRelevoTel1'estre Considerandoqueo ambientegeotectânico,geradordecin- turõesmetamórficos,correspondeaosdeformaçãodasgrandes cadeiasmontanhosas,as rochasmetamórficascriadasno seu interiorsão,peladenudação,expostasà superfíciee sujeitasao intemperismoe à erosão. Comoemoutrassituaçõesjátratadas,ascaracterísticasmine- ralógicas,texturaiseestruturaisdosconjuntosmetamórficosexpos- tos,queresponderãodiferentementeaosprocessosexógenos,se- gundosuaslitologias,acarretarão,conseqüentemente,influências significativasnorelevonelasesculpido.Nesseaspectodeve-secon- siderarque,noambientemetamórfico,diferenteslitologiassãopro- duzidasfacea naturezado materialoriginale àscondiçõesfísicas existentesduranteastransformações.Um pacotede rochassedi- mentares,transformadasemrochasmetamárficas,podeoriginar, 89 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÁO DO RELEVO porexemplo,quartzitos,aoladodemármores.Ou,então,gnaisses quartzo-feldspáticos,aolado degnaissesmicáceos.Um quartzito, evidentemente,secomportarádeformabemdiferentedomármore perantea meteorizaçãoe,por extensão,a erosão.O mesmoseob- servaparaosgnaissescitados. Tomando-seumaregiãoondeestãoexpostaslitologiasderi- vadasdo metamorfismoregionalprogressivo,onderochascom menor grau metamórfico,filitos, por exemplo,encontram-se adjacentesa rochasde graumetamórficomaiselevado,comoos gnaisses,variaçõesderelevoserãocertamenteidentificadas.Não apenaso grau de cristalinidade,mas tambéma composição mineralógicae asdescontinuidadesinternas,dadaspelosplanos de foliação,controlam,de certaforma,a esculturaçãodo relevo nelasinstalado. Serrasdequartzitos,emcomplexosmetamórficosaflorantes, no escudobrasileiro,sãocomuns,bemcomoelevaçõesresiduais gnáissicas,emáreasmetamórficasaplainadas.Gnaissesfacoidais, quandoassociadosa outrostiposgnáissicos,tendema formarele- vaçõessalientes,comencostasíngremese paredõesquandonum ambientefisiográficomontanhoso,no sudestedo país.Um bom exemplosãoosmaciçoslitorâneosdaregiãocentraldo Estadodo RiodeJaneiro.Encrustadosemdomíniometarnórficopré-cambriano, apresentam-secomdiferenteslitologias,como,porexemplo,naSerra daPalha,granitosporfiríticos;naSerradoMendanha-Gericinó,sie- nitos;naSerradaPedraBranca,granodioritos;e,naSerradaTijuca, gnaisses.Sematentarparaaorigemdessaspequenasmontanhas,a variaçãomorfológicaentreelasé notávele verificada na simples observaçãodecampo. O MaciçodaTijuca,nacidadedo Rio deJaneiro,constituído predominantementepordiferentestiposdegnaisses,cujasfoliações exibemvariaçõesemdireçãoemergulho,apresentarelevoaciden- tado,comencostase valesadaptadosà estruturaçãointernadas rochas,particularmenteà foliaçãognáissicaou ao fraturamento,e compontõese pirâmidesde gnaisseporfiroblástico(facoidal),da seqüênciametamórfica.Evidentemente,nãosetratadeum relevo apalachianoclássico,comofreqüentementeéapresentadonalitera- turageográfica. Relevosmontanhososobservadosemformaçõesmetamór- 90 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO ficas,ondeháfortecontrolelitológico-estrutural,sãoconhecidos emdiversasregiõesdoplaneta,independentementedacondição climáticaexistente.Montanhasgranítico-gnáissicas,emcontraste morfológicocomas unidadesenvolventes,sãoencontradasem áreasdesérticasdaLíbia,enquantooutrasosão,comoalgunsdos exemplosjá citados,nos trópicosúmidos da Américado Sul. Relevosgraniticossedestacamnapaisagememrelaçãoàsardósias e aosmicaxistosda seqüênciametamórficaregionalna Meseta Ibérica.Itabiritosehematitas(minériodeferro)associadosformam serrasem Mato Grosso(Urucum),QuadriláteroFerrífero,em Minas Gerais,e Carajás,no sul do Pará. São,portanto,bons exemplosdainfluêncialitoestruturaldeconjuntosmetamórficos naformaçãodo relevo. 8.Conclusão Peloexpostonestecapítulo,ficoupatenteaimportânciados fenômenosendogenéticósnaformaçãodorelevoterrestre,desde umaescalaglobalaonívelprovincialdeobservação. Assim,oestudodageodinâmicainternanãoestádissociado da Geomorfologia,no momentoemquetentamosentendercor- retamenteaorigemeaevoluçãodasformasexistentesnasuperfície do nossoplaneta,poisinequivocamentesãoosagentesinternos, por meio dos fenômenosgeológicosque elespropiciam,seus principaiscondutores. 9.Bibliografia ALLEGRE, C. J. A Espumada Terra.Lisboa,Gradiva,1988,399p. ALLEGRE, C. J. etalli. "Structureandevolutionof theHimalaya- Tibetorogenicbelt".Nature,1984.307:17-22. BROWN, G. & MUSSETT, A. The InaccessibleEarth. Londres, GeorgeAllen eUnwin, 1985,235p. 91 PROCESSOSENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO CATTERlv10LE,P.&MOORE, P.TheStoryDftheEarth.Cambridge, CambridgeUniversityPress,1985,224p. CHORLEY, R. J., SCHUMM, S. A. & SUGDEN, D. E. Geornor- phology.Londres,Methuen,1984. CONDIE, K. Plate Teetonics and Crustal Evolution. Oxford, PergamonPress,3'ed.,1989,476p DAVIS, G. Struetural Geologyof Rodesand Regions.Nova York, Wiley, 1984,492p. DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL- MME-BRASIL- GeologiadoBrasil.Brasília,DNPM, 1984,501p. GANSSER,A. TheMorphogenicPhaseof MountainBuilding.In: KennethHSÜ (ed.) Mountain Building Processes,London, AeademicPress,1983,pp. 221-228. GREEN,J. &SHORT,N. N. VuleanieLandforrnsandSurfaceFeatures. NovaYork, Spring-Verlag,1971. GUERRA, A. T. DicionárioGeológico-Geornorfológico.8ªed.,Rio de Janeiro,IBGE, 1993,446p. HAMBLIN, W.K. Earth'sDynarnieSysterns.NovaYork,Macmillan, 6'ed.,1992,647p. LEINZ, V. & AMARAL, S. GeologiaGeral.SãoPaulo,Companhia EditoraNacional,7ªed.,1978,397p PRESS,F. &SIEVER,R. Earth.SanFrancisco,Freeman,1978,649p. SCIENTlFIC AMERICAN READLl\TGS.DerivaContinentaly Teetoniea dePlacas.2ªed.,BlumeEdiciones,Madri,1976,271p SELBY, M. J. Earth's Changing Surfaee. An lntroduetion to Geornorphology.Oxford,OxfordUniversityPress,1985,606p. SKlNNER, B. & PORTER, S. PhysiealGeology.Nova York, Wiley, 1987,750p. .THOMPSON, G. & TURK, J. Modern Physieal Geology.OrIando, SaundersCollegePublishing,1991,608p WEGENER, A. The Origin DfContinentsand Oceans.John Biram, traduçãode 1929,reedição.Nova York, Dover Publications, 1966. WINDLEY,B.TheEvolvingContinents.NovaYork,Wiley,1984,399p. 92
Compartilhar