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A EUTANÁSIA E O DIREITO A VIDA

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A EUTANÁSIA E O DIREITO A VIDA
Eliane Jung1
elijung10@gmail.com
Resumo
A Eutanásia é um assunto bastante polêmico e que rende muitas discussões, o tema traz a tona inúmerasquestões sobre diversos valores como a qualidade de vida, o envelhecimento, religiosidade, liberdade do direito de ou viver ou morrer entre outros. AnomenclaturaEutanásiavem sendo utilizada como a ação médica que tem por finalidade abreviar a vida de pessoas que se encontra em grave sofrimento decorrente de doença sem perspectiva de melhora. Eutanásia, propriamente dita, é a abreviação do óbito através da ação ou omissãodo médico que emprega, ouomitemeio eficiente para produzir a morte em paciente incurável e em estado de grave sofrimento, abreviando-lhe a vida.Considerando o tema proposto,este trabalho visa analisar a Eutanásia como uma incorreção baseada No livroA coisa certa a fazer,capitulo 35,de James Rachels e Stuart Rachels.
Palavras-chave: Eutanásia. Direito a vida.Morte assistida.
INTRODUÇÃO
	A Eutanásia é um tema controverso e de grande impacto na sociedade contemporânea, que vive em profundastransformações, estamos defronte a uma análise ética, moral, religiosa, política e jurídica.
[...] independentemente de crenças religiosas ou de convicções filosóficas ou políticas, a vida é um valor ético. Na convivência necessária com outros seres humanos cada pessoa é condicionada por esse valor e pelo dever de respeitá-lo, tenha ou não consciência do mesmo [...]. DALLARI, Dalmo de Abreu.Bioética e direitos humanos n.32.Brasília: Conselho Federal de Medicina,1998,p.231-241.
	Pode alguém decidir por outra pessoa se ela vai viver ou morrer? Mesmo em caso de grave doença, estado físico ou emocional?
C:\Users\eliane.jung\Desktop\Suicidio-assistido-e1427294308598.jpg
	
CONCEITOS:
	A eutanásia trata, em sua origem etimológica, da boa morte, ou seja, aquela que não prolonga o sofrimento e a dor. Existem duas formas:
Eutanásia passiva:o indivíduo é cuidado em suas necessidades básicas, com o mínimo de drogas e com o controle de analgésicos, muitas vezes permanecendo torporoso (sem estímulo algum) ou inconsciente;
Eutanásia ativa:na qual existe o desejo de se abreviar a vida, dispensando qualquer tratamento que favoreça as atividades metabólicas do indivíduo, como a suspensão de aparelhos respiradores ou marca-passo, dietas por acesso central, antibióticos e quimioterápicos.
Eutanásia:dogrego “eu” = boa e “thanatos” = morte. A tradução literalpor “boa morte”,morte suave, sem sofrimentos. É a ação de se interromper a vida do paciente, priorizando sua dignidade, ao tentar reduzir seu sofrimento, em detrimento de sua longanimidade.
Distanásia:do grego “dis” = mal e “thanatos”= morte. É a “obstinação terapêutica”, isto é, utilização de processos terapêuticos cujo efeito é mais nocivo do que os efeitos do mal a curar, ou inútil, porque a cura é impossível. Obsessão de manter a vida biológica a qualquer custo. Seria a manutenção da vida em prejuízo do conforto do paciente.
Ortotanásia:do grego“orthos” = correta e “thanatos” = morte. Seria a morte digna e humanitária, na hora certa. É o nome dado à conduta que os médicos tomam quando, ao ver que o estado clínico do paciente é irreversível e que sua morte é certa, permitem que o paciente morra, a fim de poupar-lhe mais sofrimento.
	Adistanásiabusca manter a vida a qualquer custo, lançando mão de todos os recursos disponíveis, não levando em conta questões como: qualidade de vida,desejo deescolha do paciente ou familiares.
Aortotanásiaé o ato de cessar o uso de recursos que possam prolongar a vida do paciente, quando não houver chance de sobrevivência, desde que autorizado pela família e anotado no prontuário. A ortotanásia tem a função de evitar a distanásia. Em vez de prolongar artificialmente o processo de morte (distanásia), deixa-se que este se desenvolva.
Amistanásiaé um termo pouco utilizado, mas representa a morte miserável, antes da hora, conhecida como eutanásia social. Pode ocorrer em casos de omissão de socorro, erro médico, negligência, imprudência e imperícia.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA:
Artigo 66 veda ao médico “utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal”.
Artigo 57 proíbe também ao médico “deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento ao seu alcance em favor do paciente”.
No parágrafo 2º do Artigo 61 (que “proíbe ao médico abandonar o paciente sob osseus cuidados”), reza que “salvo por justa causa, não pode abandonar o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo ainda que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico”.
DIREITO A VIDA:
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (ONU):
Artigo 3° - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 (ONU):
Artigo 6° -O direito à vida é inerente à pessoa humana.Este direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá serarbitrariamente privado da vida.
Constituição Federal Brasileira 1988:
Artigo 5º -Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, àigualdade, à segurança e à propriedade.
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO:
O atual Código Penal (1940) não cuida explicitamente da conduta por piedade. As alterações introduzidas pelasLeis 6.416/77 e 7.209/84 não trataram do assunto em questão. Não fala em eutanásia explicitamente, mas em "homicídio privilegiado".No caso de um médico realizar eutanásia (ativa), o profissional pode ser condenado por crime de homicídio (art. 121) – compena de prisão de 12 a 30 anos – ou auxílio ao suicídio – prisão de dois aseis anos. (art. 122).
A eutanásia passiva está atualmente tipificada como crime previsto no artigo 135, intitulado omissão de socorro.
Art. 135.Deixar de prestar assistência, quando possível faze-lo sem risco, à criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave eeminente perigo; ou não pedirnesses casos socorro da autoridade pública: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se da omissão resultar lesão corporal de natureza grave, e triplica, se resulta a morte.
A Incorreção da Eutanásia
No livroA coisa certa a fazer,capítulo 35, o autor apresenta várias objeções á Eutanásia alegando que vai contra osinstintos naturaisdo ser humano, viola a dignidade humana, impede a possibilidade de curas milagrosas; que doentes crônicos poderiam facilmente desistir da vida se a Eutanásia fosse uma opção e que a legalização poderia levar a abusos terríveis. 
Segundo o autor, todo ser humano tem inclinação natural a viver e a Eutanásia viola este sentido central da vida pois o médico pode dar um diagnóstico equivocado ou poderia impedir uma cura espontânea como já houve em vários casos como, por exemplo, no caso deJordon Harden, de 3 anos, que foi diagnosticado com leucemia que após dois anos de luta contra a doença os médicos lhe deram algumas semanas de vida. Os pais de Jordon programaram uma viagem á Disney como uma forma de despedida do filho quando pouco antes de partirem receberam uma ligação do hospital informando que os últimos exames realizados pelo menino apontaram que a doença havia milagrosamente desaparecido por completo.	Outro caso bastante conhecido na mídia é oCaso Karen Ann Quinlan.
Karen Ann Quinlan, tinha 22 anos de idade. Em 15/04/75 entrou na emergência do Newton Memorial Hospital, de New Jersey/EEUU, em estado de coma, de etiologia nunca esclarecida. Dez dias após, foi transferida para o Hospital St. Clair de New Jersey. Os pais adotivos, Joseph e Julia Quinlan, tendo as informações da irreversibilidade do caso e após conversarem com seu pároco, Pe. Trapasso, solicitaram, em 01/08/75, a retirada do respirador. O Dr. Morse, que erao médico assistente, após ter concordado com a solicitação no primeiro momento, se negou, no dia seguinte, alegando problemas morais e profissionais.
A família foi à justiça solicitar a autorização para suspender todas as medidas extraordinárias, alegando que a paciente havia manifestado, anteriormente, que não gostaria de ficar viva,mantida por aparelhos. O juiz Juiz Muir, responsável pelo caso, em 10/11/75, não autorizou a retirada dos aparelhos. O juiz baseou a sua negativa no fato da paciente ter dado esta declaração fora do contexto real, ora vigente.
A família apelou para a Suprema Corte de New Jersey, que designou o Comitê de Ética do Hospital St. Clair como responsável para estabelecer o prognóstico da paciente e assegurar que a mesma nunca seria capaz de retornar a um "estado cognitivo sapiente".O Comitê não existia, até então. O juiz presumiu, erradamente, que a maioria dos hospitais americanos possuíam comitês de ética. Baseou-se para tal no artigo da Dra. Karen Teel. O Comitê foi criado e deu parecer de irreversibilidade. Em 31/03/76, a Suprema Corte de New Jersey concedeu, por sete votos a zero, o direito da família em solicitar o desligamento dos equipamentos de suporte extraordinários. Após isto, a paciente sobreviveu mais 9 anos, sem o uso de respirador e sem qualquer melhora no seu estado neurológico.
C:\Users\eliane.jung\Desktop\Karen Ann.jpg
Rothman D. Strangers at the bedside. New York: Basicbooks, 1991:222-5.
Mccarrick PM.Ethics committees in hospitals. Kennedy Institute of Ethics Journal 1992;2(3):285-306.
CONCLUSÃO
	
Todo ser humano tem o direito de morrer dignamente o que não deve ser confundido com direito à morte. O direito de morrer dignamente é a reivindicação por vários direitos e situações jurídicas, como a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a autonomia, a consciência, os direitos de personalidade. Refere-se ao desejo de se teruma morte natural, humanizada, sem o prolongamento da agonia por parte de um tratamento inútil. Este tem sido reivindicado como sinônimo de eutanásia ou de auxílio a suicídio, que são intervenções que causam a morte. Morrer é faz parte da vida, tão natural e previsível quanto nascer e todo ser humano está sujeito a doenças e sofrimentos, porém, tem uma inclinação natural a lutar pela vida mesmo quando a recuperação de algum trauma ou doença possa não ser total. Seguindo a linha de raciocínio de J. Gay Williams, o ser humano tem respostas comportamentais lutando para a continuidade da vida, neste caso, a Eutanásia vai contra a natureza humana além de violar o direito a dignidade sendo assim inerentemente errada.
“Tudo tem seu tempo, o momento oportuno para todo propósito debaixo do sol. Tempo de nascer, tempo de morrer”.(Eclesiastes 3, 1 e 2).
Referências Bibliográficas
MORAIS, Alexandre. Constituição da Republica Federativa do Brasil, 34ª Edição, São Paulo, 2011 Ed.Atlas
Schramm FM 1999. Caso clínico (comentário). Bioética (Conselho Federal de Medicina). Disponível emhttp://www.cfm.org.br/revista/bio2v6/casoclinico.htm
Batista, S. R.Eutanásia: pelas veredas da morte e da autonomia.Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/csc/v9n1/19821.pdf>
RACHELS, James, RACHELS, Stuart. A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. [Trad. Delamar José Volpato Dutra: The Right Thing to Do]. Porto Alegre, AMGH, 2014
1Graduandada quarta fase do curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal de Santa Catarina.

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