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Smola, Arnaldo
Associação Psicanalítica Argentina
Profª Denise C. Hausen.
Tradução: Aluna Raquel de O. Vieira. 
Transferência e Contratransferência em análise de crianças
Por alguma razão, transferência e contratransferência, chegam à análise de crianças com considerável atraso. Sabemos bem como, em analise de adultos, a transferência tem sido uma historia feliz, no sentido de sua popularidade e aceitação quase unanime por parte dos analistas, e ainda, pelos analisados. A contratransferência tem mais recente a sua aparição (que é da década de 40, os trabalhos de Paula Heimann e Enrique Racker); Apesar disso, esta última noção tenha conhecido seus declives, seja por um “rush” generalizador, pelo cruzamento com outras teorias, ou pela dificuldade de brindar exemplos comunicáveis.
A legitimidade que buscamos em Freud para o desenvolvimento de toda a linha analítica mostra-se esquiva com a análise de crianças. Apesar do caso “Joãozinho”, o comentário freudiano inserido na história do “Homem dos Lobos”. (Porém, haveremos de prestar às crianças muitas palavras...) Há levantado a bandeira, há retumbado como atemática, ameaçando deslocá-lo para um lugar, bem menos nobre aos olhos das psicoterapias.
Filho, pois, de duas mães, sem pai, a análise de crianças foi se desenvolvendo a través de uma áspera polêmica, uma disputa que não deu a cabo a nenhuma solução salomônica: Melaine Klein aparece triunfante - e acreditamos que se fosse derrotada, não ficaria sabendo- e seu impulso mostra-a dotada de uma fogosa inspiração e uma imaginação que a acompanha até o mais profundo dos infernos. Sim, é este o lugar da criança, ninguém lhe criticará a tentativa de resgate, e mais, a ninguém deverá ser pedida a permissão. Anna Freud, logo de quarenta anos de investigações, inclina-se pela analise da transferência; mais prudente que Ulisses, faz movimento com a análise como uma criança ajuizada frente a uma maquina complicada, sempre se perguntando o que falhou no desenvolvimento desta criança, originalmente prometida a um destino edênico.
A pesar dos êxitos e do entusiasmo que impulsionou o fenômeno conhecido de que muitos núcleos de analistas de crianças se reuniram para discutir seus achados como grupo a parte, deveria estar conectado com o insuficiente reconhecimento paternal. Isto deve haver influenciado na inserção e na deserção dos analistas da atividade e, em todo caso, complicar algum setor de sua contratransferência.
Acredito que há suficiente experiência como para que possa abordar hoje, o tema com todos os interrogantes que nos é apresentado. 
Durante muitos anos, os critérios da escola norte americana e inglesa, lideradas por essas duas mães. A psicanálise infantil teve por sustentação duas linhas muito diferentes e produziram desenvolvimentos também distintos, no que se refere ao tema da transferência e contratransferência; a síntese Winnicottiana, que da continuação e se nutre delas, é muito pessoal. Com o advento da escola francesa, novos e inquietantes pontos de vista aparecerão em cena.
Os desenvolvimentos da escola norte americana, norteada por Anna Freud, tomam para si a concepção dinâmica da transferência. A incompletude do aparelho de repressão, sua consequência, a não internalização do conflito e a conseguinte falta do superego fazem com que seja dificilmente concebível, para eles, a transferência nas crianças, principalmente em idade escolar. É notável a quantidade de cuidados que Anna Freud descreve em seus trabalhos clínicos (principalmente nos primeiros), o penoso de seu avanço, em função do temor que produz nela a ideia de uma real incursão dos conteúdos do Id, do Ego e da motricidade. Apesar de ser um caminho semeado de dificuldades e problemas, a psicoanalise de crianças seguiu adiante para eles também, exigindo-lhes um trabalhoso retoque de cada um de seus conceitos e afins, uma grande necessidade de discriminar o que é e o que não é transferência, uma semiologia do desenvolvimento e do Ego, etc. Muitas vezes nos perguntamos se a parcimônia na interpretação de fantasias transferenciais provém de seus temores a uma estrutura incompleta (A ênfase estava situada primeiramente à ausência ou a um Superego incompleto e posteriormente, nos anos 50 no desenvolvimento do Ego), ou do desconhecimento destas fantasias. As precauções requeridas ancoradas à realidade produziram os recursos técnicos da aliança de trabalho, o período prévio (pedagógico) ao uso do material lúdico, para cuidar o que considerou como débil transferência positiva sublimada. Se por bem muitos destes aspectos tem sido suficientemente debatidos, se inscrevem dentro de um item sobre o qual nos veremos conduzidos, a partir de outros itens e a intervenção do analista na realidade e desenvolvimento da transferência . O Analista de crianças se vê frequentemente solicitado a ter intervenções reais: Entrevistas com os pais podem ter um aspecto de colocar a conversa em dia com as notícias, decisões sobre questões escolares, férias, medicação, etc. De que maneira influencia o manejo destas demandas, por parte do analista, demandas formuladas pelos pais ou pela própria criança, no estabelecimento da transferência? Até que ponto devem ser levadas ao mínimo estas intervenções no campo da sessão analítica? Neste terreno temos suficientes experiências como para discutir critérios. Já no fornecimento de brinquedos está intervindo nossa figuração real: Trata-se precisamente de uma gratificação, toda a sua vida a criança recebeu brinquedos para ser acalmada ou gratificada. A reação a esta gratificação pode ser confundida com a aliança de trabalho.
Por outro lado, e com frequência não obedecendo a uma solicitação externa, senão como parte de nossa avaliação, decidimos sobre o sexo do analista, em nossas derivações. E não somente sobre o sexo do analista, decidimos também a idade, a personalidade, etc. 
Prática corrente, ainda que não debatida entre nós, supõe esperar uma atividade terapêutica por sua própria presença, uma atividade não interpretativa (quase seguramente um aporte identificatório?).
Entendo que isto tem haver com outro problema, que é a importância que reveste o fato de que o analista da criança seja escolhido por seus pais.
São amplamente conhecidas por todos nós as conquistas de Klein no terreno da transferência; se desprende de seus escritos um alento de vitoriosa convicção que deve ser fomentado o habito discipular de seus seguidores. Os quais se viram de golpe beneficiados com a doação de uma série de conceitos e critérios. Não que Melanie Klein o houvesse proposto explicitamente, porém sua linha continuou para uma generalização ampliada das aparições da transferência, até chegar a abranger a totalidade da relação analista-paciente . 
Agora, a bem desta consideração, não implicaria supor uma característica de toda a relação humana, a qual, desde a originária triangulação, consistiria em uma busca de objeto para paliativamente, também a originária, perda do objeto maternal primário?
A transferência perde assim a especificidade, tanto quanto ganha em amplitude, como perdem também importância na analise, os fatores que advém da história do sujeito. Claramente esta linha que teve a virtude de nos ensinar, entre muitas outras coisas, a importância da clivagem precoce do objeto e do Ego, e sua continuação defensiva, a identificação projetiva, nos conduziu também a certo triunfante achatamento das dificuldades. A figura de Melanie Klein e suas lutas institucionais, sua trajetória, deve haver imposto este estilo, além disso, à ênfase que a teoria propôs. Sem apoio paterno, sua figura deveria engrandecer vicariamente, pela necessidade de obter respostas completas. Em sua crítica à Anna Freud, Klein advertiu-nos sobre os perigos das variantes técnicas de psicanálise: a técnica subalterna da teoria somente demonstrará o que previamente havia sido postulado. Há um grau de independência que a técnica requer sem o qual é impossível que aporte à teoria elementos que comprovem a descoberta. Ao aplicarmos amesma técnica Kleniana, para comprovar que a neutralidade é difícil: a sessão com o analista sério, silencioso ou omnisciente produz tédio, hostilização, idealização e melancolia, como artifício da técnica, o resultado é um incremento na necessidade de interpretar a transparência negativa, rejeições, e um analista tomado como Ego entre duas alianças: a teoria idealizada e a criança com raiva e distante.
Tal cenário eis que surge Donald Winnicott; aparentemente não alienado e que pode, consequentemente sustentar pontos de vista intermediários. Tomando tudo aquilo que lhe parece bem, com uma caracterização de boa mãe e uma incitação à ternura, aproximando mais a fantasia que orientou vocacionalmente o analista de crianças em meio a sua novela familiar.
A linha psicanalítica francesa de crianças, a nós introduzidas por Dolto e Mannoni, enfatiza o desejo parental como fator patogênico, reivindicando para o analista de crianças o lugar de uma operação libertadora. Para tanto, a transferência não passará somente pelo binômio analista – criança, mas convocará obrigatoriamente a transferência dos pais.
Então vemos que os diferentes modelos teórico-clínicos apresentam diferentes utilizações e eventualmente concepções do fenômeno transferencial. Acredito que não é fácil, e que não corresponde ao tema confrontar, mas considerar suas contribuições.
Resumindo algumas questões atuais, respeito a transferência: 
Pensamos que seria este o recurso fundamental em análise infantil?
Acontece com frequência mensurável uma verdadeira neurose de transferência?
As intervenções do analista sobre a realidade modificam o desenvolvimento e / ou aparições da transferência? Dito de outro modo, que grau de neutralidade é necessário?
Que lugar damos, atualmente, à transferência dos pais na analise infantil e como lidamos com ela? Conseguir e manter seu apoio ao tratamento? Analisar aos pais incluindo-lhes de maneira mais ativa nas sessões?
As transferências dos pais influenciam na constituição da própria transferência da criança?
Respeito à contratransferência, são poucos os trabalhos explícitos sobre o tema, em crianças. Geralmente as propostas que aparecem são as de um uso restritivo. Ainda que algumas fantasias deva haver exercido uma influência geral nos meios vinculados a análise infantil. O que acima havia descrito sobre as considerações de Freud sobre a análise de crianças e a figura de Klein são exemplos destas influências. Também uma série de fantasias universais deve ressaltar no tratamento de certos problemas.
Por exemplo: Se o analista pode ser a figura substituta dos pais no investimento erótico da criança, a possibilidade de abdução deste já se fez presente. Como de costume, os pais tem uma maior tolerância à vinculação agressiva que à erótica. Se sempre lembramos o crime de Édipo, convém neste ponto evocar o de Layo, que o precede e é causador da famosa maldição.
Não sendo ainda o rei, e acolhido na corte de Pelops, este lhe confia o cuidado e a ilustração de seu filho. Layo enlouquece de paixão pelo rapaz e o rapta, sendo maldito por ele.
Acredito que a prudência em aceitar a transferência em crianças, seu atraso pode haver sido influenciado, além das boas razões desta fantasia ilustrativa, da transferência inconsciente e recíproca entre pais e analista.
Neste sentido também, e como parte do atraso em assumir tanto a realidade das transferências infantis como as contratransferências do analista, os argumentos passarão pela ênfase de que as análises foram apresentando sobre as produções pré-genitais e os mecanismos de dissociação. Se a transferência passa de ser somente o reprimido a ser o dissociado, os elementos constitutivos serão os mais arcaicos e remitirão ao analista, os domínios do objeto parcial e a bissexualidade. Todo jogo complexo, simultâneo e alternante de relações de objetos e identificações, que seguirão retrospectivamente a pista das modificações maturacionais implicarão a exigir-lhe algum grau de revivência e por se tratar de uma criança, o caráter destas aparições estará marcado, com frequência, pela atitude.
A estruturação de nossa vida psíquica tem sido cumprida, com diversificada sorte, fugindo da ameaça da tempestade pré-genital, aonde os objetos parciais adquirem toda a sua onipotência, aonde os personagens míticos desfilam, ideais ou monstruosos em uma procissão somente às vezes organizada sob a primazia genital. Tanto a destruição como o abandono, e ainda o próprio amor, apresentam no campo vivencial emoções extremas que sempre dominam o sujeito. Esta vida psíquica dos adultos, já estruturada, esta paz já encontrada, uma vez límpida – sempre incompletamente – o compromisso da bissexualidade e ainda o Édipo, deve ser abandonada, ainda que momentaneamente. A análise de crianças converte-se assim, em um redescobridor de si mesmo em o outro, com a obrigação de funcionar no duplo registro do objeto parcial e objeto total, e neste terreno, atualizar suas fantasias primarias a traves de seu paciente. 
Proporia para sua discussão, os seguintes problemas:
A discussão no que diz respeito ao uso ampliado ou restringido do término.
Isto sempre há de ser benéfico porque às vezes, conceitos de muita utilidade e expressivos são abandonados a consequência de uma falta de delimitação. 
A descrição dos mecanismos especiais do processo contratransferencial. Acredito em sua importância, pois abrange o amplo tema da comunicação inconsciente, e talvez se conecte com algumas hipóteses psicopatológicas, como por exemplo, a da influencia do desejo inconsciente dos pais.
Seguindo a linha dos dois itens anteriores; haveria uma semiologia da contratransferência? Pode-se ler, em alguns autores, a ideia de uma reação emocional não justificada pelo conteúdo expressado pelo paciente, uma apresentação que surpreende ao analista, em todo caso precedendo à reflexão, seu desaparecimento com a interpretação, seja esta verbalizada ao paciente ou não.
Em todo caso, a intervenção da simbolização, no sentido de, em se tratando de elementos fragilmente simbolizados, portadores de uma modalidade muito primitiva de expressão, que lembra as da etapa simbiótica do desenvolvimento.
É importante destacar que seria a contratransferência o meio para recapturar tais elementos inconscientes, para que seu conteúdo possa ser conduzido ao nível pré-consciente.

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