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Cuidado à pessoa portadora de Feridas Profa. MsC. Amanda Figueiroa A pele A pele é o maior órgão do corpo humano. Principais funções: proteção contra infecções, lesões ou traumas, raios solares e possui importante função no controle da temperatura corpórea. Funções da Pele : 3 Absorção de drogas Excreção Hemorregulação Percepção Secreção Proteção Estética Composição da Pele A pele é composta de três camadas : 4 Epiderme Hipoderme ou subcutâneo Derme O Que é Uma Ferida? É qualquer lesão que leve à quebra da continuidade da pele; Ou uma interrupção do tecido em maior ou menor extensão que pode afetar pele,mucosa ou órgão. Fases da cicatrização 1 D 3 D 1 sem 6 sem 8 sem Hemostasia Inflamatória Proliferativa Reparadora/ manutenção Coágulo de fibrina, deposição de plaquetas Regressão dos vasos, remodelamento do colágeno Reepitelização, angiogênese, fibrogênese PMN, macrófagos, linfócitos Fase Inflamatória: Caracterizada pelos sinais típicos do processo inflamatório localizado como dor, rubor (hiperemia), calor, tumor(edema) e, frequentemente, perda da função local, começa o momento em que ocorre a lesão tecidual e se estende por um período de 3 a 6 dias. Rubor, edema, perda da função local Fase Proliferativa: Assim denominada porque a atividade predominante neste período é a mitose celular, e se estende por aproximadamente 2 a 3 semanas. A característica básica desta fase é o desenvolvimento do tecido de granulação composto por capilares e a reconstituição da matriz extracelular, com a deposição de outros componentes proteicos. Tec. granulação Fase Reparadora: Tem início por volta da terceira semana após a ocorrência da ferida e se estende por até dois anos, dependendo do grau, extensão e local da lesão. Ocorre a diminuição progressiva da vascularização, dos fibroblastos, o aumento da força tênsil e reorientação das fibras do colágeno tornando a ferida plana e clara. Quais os Tipos de Feridas? Quanto a etiologia: Cirúrgicas, Patológicas,Traumáticas Quanto ao conteúdo bacteriano: Limpas e Contaminadas Quanto ao Nível de Tecido Atingido: Superficial e Profunda Quanto às características das bordas: Fechada ou Aberta Quanto ao tempo que leva para cicatrizar: Crônicas e Agudas Incisas ou cortantes - provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas, etc.; bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas.. QUANTO AO AGENTE CAUSAL Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do traumatismo é que causa a penetração do instrumento. QUANTO AO AGENTE CAUSAL Perfurante são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na importância deste órgão. Empalamento QUANTO AO AGENTE CAUSAL Pérfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios, o de entrada e o de saída. QUANTO AO AGENTE CAUSAL Lácero-contusas - Os mecanismos mais frequentes são a compressão: a pele é esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo clássico as mordidas de cão. QUANTO AO AGENTE CAUSAL Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro- cortantes que possuem gume e ponta, por exemplo um punhal. QUANTO AO AGENTE CAUSAL Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da pele. QUANTO AO AGENTE CAUSAL Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma uma cavidade. QUANTO AO AGENTE CAUSAL São classificadas em 4 estágios: Estágio I: pele íntegra com sinais de hiperemia, descoloração ou endurecimento. Estágio II: Perda parcial de tecido envolvendo a epiderme ou derme, ulceração superficial com presença de bolhas ou cratera rasa. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS QUANTO AO GRAU DE COMPROMETIMENTO TECIDUAL Estágio III: perda total do tecido cutâneo, necrose do tecido subcutâneo até a fáscia muscular. Estágio IV: grande destruição tecidual, com necrose, atingindo músculos, tendões e ossos. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS QUANTO AO GRAU DE COMPROMETIMENTO TECIDUAL Fatores que interferem na cicatrização Locais Sistemicos Fatores que interferem na cicatrização Sistêmicos Má nutrição Desidratação Doenças Crônicas Tabagismo Imunodepressão Septicemia Idade Sexo Medicação/radioterapia/quimio Neoplasia maligna Estados de choque 22 Fatores que interferem na cicatrização Locais Infecção Isquemia Necrose Hipotermia Pressão Força de cisalhamento Corpos estranhos Ressecamento Agentes Citotóxicos Extensão Déficit de higiene Incontinência 23 Quais os tipos de cicatrização? Cicatrização por primeira intenção ou primária; Cicatrização por segunda intenção ou secundária; Cicatrização por terceira intenção ou retardada Cicatrização – 1ª Intenção Feridas Estreitas Feridas com bordas que podem ser aproximadas Feridas Superficiais Cicatrização – 2ª Intenção Não pode ser suturada Perda de substância Infecção Cicatrização – 3ª Intenção Feridas que não foram suturadas Drenos Ostomias Infecções Suturadas após o controle do fator retardante da cicatrização Evolução boa = 1ª intenção Cicatrização retardada União de duas superfícies de granulação. Utilizada quando se deseja a drenagem ou a vigilância de algum processo infeccioso. Maior perda tecidual. Dificuldade cicatricial devido ao processo inflamatório; É programada a união primaria assim que cessa o problema Como avaliar uma ferida ??? AVALIANDO A FERIDA Qual o tamanho ? Qual a localização ? Há quanto tempo existe ? É infectada? Necessita desbridamento ? De que tipo ? Que curativo usar ? Está em qual fase da cicatrização ? Como está a pele ao redor ?Tem odor ? Tem exsudato ? Avaliação do Estado da Ferida Mensuração Extensão do tecido envolvido Presença de espaço morto Localização anatômica Tipo de tecido no leito da ferida Cor da ferida Exsudato Borda da ferida Infecção Mensuração Medida Linear (comprimento e largura) Decalque Fotografia Identificando condições locais Slough Necrose seca Maceração de bordas Dermatite Descamação da pele TIPO DE TECIDO NO LEITO DA FERIDA Tecidos viáveis: Granulação e epitelização Tecidos inviáveis: Fibrina desvitalizada, tecidos necróticos COR DO TECIDO Granulação: Rosa, vermelho pálido, vermelho vivo Fibrina: Amarelo, marrom Necrose: Cinza, marrom, negra red yellow black EXSUDATO Volume Odor Cor Consistência Pode ser: seroso, serosanguinolento, sanguinolento e purulento Tratamento das feridas com necrose A remoção do tecido necrosado do leito da ferida, é considerado o mais importante objetivo da implementação do tratamento inicial. O que é necrose? É a perda irreversível das atividades celulares. Incapacidade de manutenção de seus mecanismos de homeostase. “Morte de uma célula ou de parte de um tecido em um organismo vivo". A aderência, a consistência e acor Podem definir o nível de morte celular. Mudam conforme a necrose vai sendo estabelecido micro ou macroscopicamente durante o desenvolvimento da úlcera. Quanto maior agressão mais profunda a necrose mais aderida no leito. Quanto mais desidratado mais escuro. Denominações da Necrose Tec.necrótico Tec.necrosado Tec.morto Tec.inviável Tec.não viável Tec.desvitalizado CORES DO TECIDO NECRÓTICO PRETO VERDE PALHAMARRON DOURADO AMARELO CLARO Lesão Necrótica NECROSE UMIDA SECA Branca / Amarela Marron / Preta Aparência da lesão ESCARA CAPA PRETA DURA E SECA ESFACELOS MOLE ÚMIDA EXEMPLOS DE ESFACELOS Trauma em Terço Inferior da Perna Úlcera em Região Sacra Desbridamento É o processo de remoção dos tecidos desvitalizados aderidos e/ou de corpos/partículas estranhas do leito da ferida, usando técnicas mecânicas e/ou químicas. 45 Objetivos Limpar a ferida deixando em condições adequadas para cura Reduzir conteúdo bacteriano impedindo a proliferação dos mesmos Preparação para intervenção cirúrgica 46 Beneficios Remoção de bactérias. Diminuição da incidência de infecção. Remoção de toxinas. Permitir a ação de leucócitos. Redução do odor. Eliminação do obstáculo da cicatrização. 47 Tipos de Desbridamento Métodos AutolíticoMecânico: • Fricção • Gazes úmidas a secas • Instrumental cortante Químico/Enzimático: • Colagenase • Estreptoquinase • Papaína Cirúrgico TIPOS DE DESBRIDAMENTO Cirúrgico Químico 49 Escarotomia Escarectomia 2º dia pós desbridamento cirúrgico 6º dia de Papaína gel 10% + uréia 10% Desbridamento cirúrgico e Papaína FOTO: CARVALHO,E.S.S., HGCA, 2003 Desbridamento cirúrgico Desbridamento autolitico Curativo ideal Limpar a ferida; Absorver exsudato. Proteger o novo tecido de traumatismos mecânicos, contra contaminação e infecção. Proporcionar ambiente úmido adequado á cicatrização. Promover hemostasia, conforto físico e mental ao paciente. 53 Como Proceder com um curativo? A lavagem das mãos deve ser rigorosa. Material sempre estéril. Retirar curativo primário sem lesar o tecido Observar tipo de exsudato no curativo secundário. Fazer limpeza da área menos contaminada para a mais contaminada Como Proceder com um curativo? Fazer irrigação com SF 0,9 % a uma temperatura próxima da corporal e a jato; Manter pele adjacente úmida; Procurar ter bom senso no momento do curativo, usar apenas o que realmente fará evoluir a ferida. Técnica de curativo A BANDEJA DE CURATIVO Pacote de curativo estéril; Luvas de procedimento; Soro Fisiológico aquecido; Solução antisséptica ; Pacotes de gazes estéreis; Esparadrapo antialérgico; Cuba rim; Saco plástico; Produtos utilizados para cicatrização; Ataduras; Lâminas de bisturi. Máscara descartável. Agulhas 40x12. Pacote estéril de curativo: 1 pinça anatômica, 1 pinça dente-de-rato e 1 pinça kelly; PROCEDIMENTO Lavar as mãos; Arrumar o material; Explicar ao paciente o procedimento, finalidade e sua importância; Fechar a porta e colocar biombos; Descobrir apenas a área do curativo, não expondo o paciente; Colocar impermeável sobre o leito para não molhar; Adequar o paciente a uma posição confortável e prática ao curativo; Calçar as luvas; Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica; Colocar as pinças (pean, anatômica com dente ou dente de rato e sem dente e espátula), com cabos voltados para a borda do campo; Arrumar as gazes de forma que se ganhe espaço no campo estéril; Retirar ataduras do paciente com lâminas de bisturi. Se não tiver usar a técnica do desenrolar; Remover o curativo antigo com a pinça dente de rato, desprezando-a na cuba rim, que deve estar protegida com saco plástico; Montar pinça Pean, com gaze, fazendo uma “boneca”, umedecer com soro fisiológico; Iniciar a limpeza da lesão da área menos contaminada para a mais contaminada (fora para dentro); Irrigar o leito da ferida com o soro fisiológico a jato; Não passar gazes no leito da ferida para não haver destruição do tecido quando já granulada ou epitelizada; Secar apenas a região adjacente ao leito da ferida ou não secar; Repetir o procedimento quantas vezes achar necessário; Umedecer área adjacente da lesão com óleo de girassol (AGE); Colocar pomada na gaze e cobrir o leito da lesão tomando cuidado para não ultrapassar as bordas da ferida, pois pode haver maceração; Cobrir as gazes que é o curativo primário com esparadrapo que é o curativo secundário; Retirar as luvas Colocar data e assinar; Arrumar a unidade; Colocar material contaminado em recipiente adequado e depois encaminhá-lo à CME; Lavar as mãos. Registrar procedimento em prontuário. Os antissépticos utilizados devem ser de acordo c0m as normas da CCIH da instituição Técnica de irrigação Perfuração do frasco de soro com agulha 40X12 O Que Devemos Utilizar nas Feridas? Não existe o melhor produto ou aquele que possa ser utilizado durante todo o processo cicatricial. Devemos conhecer todos, pois cada um apresenta indicações e contra indicações, vantagens e desvantagens... Produtos Utilizados em Feridas Solução Fisiológica Colagenase; Papaína; Sulfadiazina de prata; Ácidos Graxos Essenciais; Ácido Linoléico; Ácido ricinoléico Alginatos; Carvão ativado; Hidrocolóides Outros Porque Não Usar Povidine Tópico? Provocam o ressecamento da pele, Penetra na parede celular alterando sua síntese, (citotoxicidade); É citolítico (retarda a cicatrização); É neutralizado rapidamente na presença de matéria orgânica e necrose. Indicado apenas para anti-sepsia da pele íntegra e de mucosas, com a finalidade de prevenir a colonização. Solução fisiológica Solução a 0,9% Aquecido PVPI e clorexidina Para pele integra Curativos de drenos e cateteres Reaplicar a cada 24h PVPI Pode causar irritação e alergia PVPI é sensível á luz Ação em 15 seg Ação em 2min INDICAÇÃO -Todos os tipos de lesões. -Estimular a quimiotaxia, angiogenese e a cicatrização. -Proteção da pele. -OBSERVAÇÕES -Aplicar a solução na ferida. -Aplicar a gaze embebida com solução fisiológica por toda área comprometida. -Realizar curativo oclusivo; -Trocar a cada 12h Ácidos graxos essenciais Ácidos graxos essenciais Colagenase (sem antibiótico) Sulfadiazina de Prata 1% -Queimaduras -Ação bacteriostatica -Troca a cada 12h -Retirar completamente Papaína -enzima proteolíticas -Ação bacteriostática e bactericida -desbridamento químico -Troca a cada 24h Concentrações : ferida necrótica 10%; com exsudato purulento 2% HIDROCOLÓIDES - TROCA: 3 A 7 DIAS Feridas abertas, não infectadas com leve a moderada exudação. Hidrocolóide INDICAÇÃO celulose-pectina-gelatina. Feridas superficiais em granulação e com baixa exsudação. Ou em áreas integras para proteção. -OBSERVAÇÕES -Adequar o curativo ao tamanho da ferida. -O lado adesivo do curativo não deve ser tocado durante a aplicação. -Adaptar ao leito da ferida. -Trocar a cada 7 dias ou ao saturar ALGINATO DE CALCIO Feridas abertas, sangrantes, altamente exsudativas com ou sem infecção, até a redução do exsudato. Alginato de CálcioINDICAÇÃO -Fibras com cálcio e sódio , ácidos glicuronico e manuronico. -Feridas exsudativas. Preencher cavidade -OBSERVAÇÕES -Adequar o curativo ao tamanho da ferida. -Adaptar ao leito da ferida (modelar). -Cobrir com gaze e micropore. -Trocas em 24 a 48h HIDROGEL Composto por agua + CMC+ propilenoglicol.Feridas superficiais, com moderada ou baixa exsudação. Remover as crostas, fibrinas, tecidos desvitalizados ou necrosados das superficiais - Trocar 24h feridas infectadas - 72h necrosadas - Limpas em 7 dias ALGINATO GEL+ Hidrogel (PURILON) MECANISMO DE AÇÃO: Desbridamento autolítico com risco mínimo de maceração, mantém o meio úmido, estimula a liberação de exsudato. INDICAÇÕES: Remover tecidos desvitalizados de feridas abertas, desbridamento em tecido necrosado. CONTRA INDICAÇÕES: Incisão cirúrgica fechada PERIODICIDADE DE TROCA: feridas infectadas a cada 24h e necrose pode ficar por até 72 horas.. Carvão Ativado com Prata INDICAÇÃO -Feridas infectadas - exsudativas. -OBSERVAÇÕES -Não cortar o curativo, adaptá-la sobre a lesão. Colocar curativo secundário. Não entrar em contato com a pele íntegra CARVÃO ATIVADO Feridas fétidas, infectadas e exsudativas, trocas a cada 48 ou 72h Não aderente estéril INDICAÇÃO -Tela de acetato de celulose e petrolato -Queimaduras e leões superficiais ( escoriações) -OBSERVAÇÕES -Trocar a cada 24 h ou se aderir a pele CURATIVO A VÁCUO Feridas agudas e crônicas, extensas e/ou de difícil resolução. Sobre enxertos cutâneos. Filme Transparente É um material estéril com possibilidade de uso como cobertura primária ou secundária, indicado principalmente para oclusão de lesões planas pouco exsudativas. Proporciona ambiente úmido favorecendo a cicatrização Bota de Unna Tratamento de feridas que depende da avaliação especializada e prescrição médica por ser de uso específico para úlceras venosas de perna e edema linfático. Facilita a circulação e o retorno venoso BOTA DE UNNA OU TERAPIA DE COMPRESSÃO O registro ...... Importante para acompanhar a evolução e deve conter: Estágio da ferida Presença de exsudato, coloração, quantidade, odor Coloração Condições da pele ao redor da ferida Tipos de tecidos encontrados ou fase de cicatrização Procedimento realizado e produtos utilizados Reações do paciente A Ética e o Tratamento de Feridas Todas as atividades, sejam elas ligadas ou não a uma profissão, são ditadas, direta ou indiretamente, por regras e regidas por um código moral, ético e penal. Existem leis genéricas e leis especificas, que diferenciam aquilo que podemos daquilo que devemos fazer, determinando nossos direitos e deveres... Para cuidarmos de pessoas com feridas ainda temos um grande caminho a percorrer ..... Cuidado à pessoa portadora de Feridas Profa. MsC. Amanda Figueiroa
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