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AÇÕES COLETIVAS

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AÇÕES COLETIVAS – ISABELLA FRANCO GUERRA
Aula 1 – Rio, 11.02.14
APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA
-Processo coletivo é muito influenciado pela questão do acesso à justiça e também junto com o surgimento de novas demandas, questão da proteção ao meio ambiente, defesa do consumidor, bem como a efetividade dos direitos sociais. Nesse cenário, direito busca mecanismo para responder esses novos reclames. O processo civil individual já não era mais capaz de trazer respostas a estas questões novas. 
-Demandas que vão atingir nº indeterminado de pessoas. Direitos indisponíveis e de realidade difusa.
-Um instrumento importante será a lei da ação popular que é um instituto inovador que traz mecanismo de defesa do patrimônio público e traz soluções novas com relação aos efeitos da decisão e da coisa julgada. Permitiu a possibilidade do cidadão participar do controle, mas por outro lado em um período em que a concretização desse poder não se fazia viável.
Em 85 surge a ação civil pública que é instrumento que realmente ganhe efetividade e apresenta novas respostas. A ação popular já trazia uma viabilidade de resposta, mas a ação civil público expandiu mais isso.
-Necessidade de um código de processo coletivo, mas esse projeto foi arquivado. Porém, ainda temos a lei. 
-O grande instrumento ainda é a ação civil pública.
-Vemos, por exemplo, no ECA partes referentes ao processo coletivo. E o mesmo ocorre nos grupos vulneráveis, como os idosos, entre outros. 
-Vamos analisar como os direitos fundamentais repercutem no processo coletivo. 
“Teoria do Acesso à Justiça” -> Cappelletti – trabalho fundamental para as discussões brasileiras. Nossos mecanismos de processo coletivo, em especial a ação coletiva, surgem de debates acadêmicos e nasce das necessidades de ordem prática (exemplo: trabalho do MP). Discussão do processo por um aspecto democrático. Cappelletti fala das ondas: a primeira onda é a pessoa ter acesso ao advogado, estar representado judicialmente; segunda onda é a questão de acesso aos direitos; na terceira onda é a solução de controvérsia sem ter que buscar o tribunal – buscar meios alternativos. Também há preocupação de não precisar judicializar no processo coletivo. 
Não significa que não possa acontecer na esfera judicial – exemplo: caso da Chevron. 
-Vamos analisar também o papel do MP, como facilita a proposição da demanda. Como possui poderes especiais que facilitam a ação coletiva. Tem o poder de requisição: requisitar diretamente – mas temos que ver qual é o limite desse último poder.
-Paralelo do que são os direitos individuais, transindividuais, difusos. Situações que podem lesar ao mesmo tempo um direito homogêneo e um difuso.
-Processo coletivo como processo de interesse público.
-Paralelo entre ação popular e ação civil pública. 
......................................................................
INTRODUÇÃO
AÇÕES COLETIVAS
São os instrumentos para reconhecer as novas demandas. Novos direitos que trazem necessidade de que o processo tenha novos mecanismos para responder isso – processo tradicional foi construído para responder demandas individuais apenas. 
Contexto: reconhecimento jurídico de novos direitos; ampliação da positivação dos direitos humanos fundamentais; ampliação dos espaços de participação; democratização do processo; acesso à justiça; sociedade de massa; conflituosidade de massa; tratamento molecular dos conflitos.
Como reparar os danos quando não se sabe o nº determinado de pessoas atingidas?
Ampliação dos direitos fundamentais. Constitucionalização e reconhecimento dos novíssimos direitos. 
Busca ampliar meios como a mediação. Mecanismos para evitar a judicialização. Outras questões envolvendo tecnologias -> necessidade de resolver por arbitragem em função do grau de especialização da matéria. Mas se envolve direitos indisponíveis teria uma questão que dificulta aplicar esses mecanismos alternativos de controvérsias. Porém, no âmbito coletivo existem sim meios de resolver os conflitos sem precisar chegar no processo judicial. 
Mas tem que ter um instrumento que dê efetividade a esses direitos, que permita o juiz conhecer essa demanda – quem pode representar adequadamente a sociedade, quem tem legitimidade adequada; quem é o legitimado? Quem pode ir no judiciário buscar a tutela de um direito indisponível? Então tem essa via dupla: evitar judicializar, mas ao mesmo tempo tem que ter instrumento capaz de suprir essas demandas.
Tem que pensar no objeto de litigio, nas novas formas de lesão, na presença do interesse público, no acesso à justiça e na economia processual.
Economia processual: Se eu tenho um conflito de massa, a sociedade como um todo será atingido como o judiciário vai suportar aquela avalanche de ações? Se tem multiplicidade de demandas também tem risco de decisões controvérsias, então tem que pensar no processo coletivo como mecanismo que dará decisão isonômica, evitando decisões conflitantes. 
.................................................................
Aula 2 – Rio, 13.02.14
-Peculiaridade: Não temos um código de tutela coletiva, mas temos leis esparsas – vamos combinar dispositivos legais de determinados ramos para responder questões relativas ao processo coletivo. 
- Contexto
Instrumentos para dar efetividade aos denominados novos direitos que requerem soluções novas e que a ordem jurídica tradicional processo civil, construído para lidar com as lides em que os titulares são determinados não conseguia mais responder.
Esses novos direitos trazem na sua essência a nota da indivisibilidade, a titularidade difusa ou coletivo – direitos que vão atingir a toda a coletividade, interessar a todos. Como com um processo responde um gênero uniforme para diversas pessoas? Quem poderia mover uma ação desse tipo? Quem poderia representar todo mundo? É possível que todos concorram juntos? Quem pode iniciar uma ação em nome de uma classe, de um grupo da sociedade? Como a decisão vai atingir a todos e evitar que milhares de lide surjam? 
Nesse contexto tem o reconhecimento de novos direitos. E também um processo de ampliação da positivação dos direitos fundamentais, surge, também, os direitos de 3ª geração, há a proteção dos grupos vulneráveis (proteção à infância, aos idosos, proteção de igualdade de gênero, dos bens culturais*). 
*Referência ao direito arquitetônico/urbanístico: se eu falo na manutenção de um bem que tem valor cultural (bens importantes para a memória da sociedade), se o próprio direito estabelece que as características dele devem ser mantidas, podemos precisar muitas vezes que esses bens sejam mantidos, não sejam alterados. Há interesse público.
Seria uma ação a ser iniciada pelo MP? Seria o caso de postulação de uma ação popular? Seria o caso de um indivíduo particular iniciar a ação, mas sendo essa questão de interesse público?
A vida judicial é o meio adequado? Qual é o papel do juiz nessas causas de interesse público? 
A CRFB traz a proteção de direitos humanos não só de primeira geração, mas também de outros direitos sociais, direitos de 3ª geração. Há uma gama de direitos constitucionais reconhecidos. Através do processo teríamos uma forma de dar efetividade a esses direitos e ainda ter a chance de participação do cidadão pelo processo (ampliação dos espaços de participação). 
A discussão da ampliação do processo de participação ganha força no período de redemocratização. Há a necessidade de um instrumento de defesa do consumidor, uma legislação ambiental – levaram a necessidade de se pensar em mecanismos para responder as lesões coletivas provocadas aos consumidores, os danos supraindividuais e então surge a preocupação com um espaço de participação e de um processo de participação. 
Na segunda onda dos direitos fundamentais, já tem a amplitude de direitos fundamentais, mas como protegê-los? Esses novos direitos, geralmente, quando afetados, afetam toda a sociedade. Exemplo: contaminação das águas de um rio; comercialização de um produto que traga risco à saúde do consumidor (lesão da saúde da massa);questões envolvendo o equilíbrio da ordem econômico (atos de concentração, atos de abuso econômico, quando determinadas praticam preções abusivos) – isso tudo é uma lide de massa. No processo de redemocratização é ter esses espaços e dar a possibilidade da própria sociedade se organizar e buscar seus direitos.
Esse contexto leva à busca do tratamento molecular de conflitos – produto distribuído nacionalmente traz lesão aos consumidores: produto que faz parte da cesta básica e o produto indica uma quantidade, mas o produto vendido tem uma quantidade menor -> abuso do poder econômico. Mas se pensarmos nessa lesão passiva quem vai ingressar em juízo? Se pensarmos em apenas uma pessoa sendo lesionada, talvez esta empresa apenas estaria tendo um lucro de um real a mais, mas se pensarmos que são um real de várias pessoas, então essa empresa realmente está lucrando injustamente. O tratamento molecular de conflitos possibilita uma coletividade de defesa. 
No processos coletivo temos uma sociedade com conflitos novos, conflitos de massa e precisamos de mecanismos novos e que o processo cumpra a expectativa de uma solução para o conflito. 
-Considerações que devem ser feitas:
Então temos que considerar o objeto do litígio, novas formas de lesão, a matéria discutida no processo (relacionada a “novos direitos”); a presença do interesse público; acesso à justiça; economia processual. 
Temos a titularidade difusa – presença de direitos transindividuais e novos conflitos, que surgem dessa lesão de massa. 
-Preocupação:
Uniformização de decisões (evitar decisões contraditórias); redução de custo na prestação jurisdicional (se através de uma ação coletiva eu resolvo o conflito, vou evitar que várias pessoas tenham que ingressar e contratar um advogado – forma de buscar redução de custo).
Também será uma preocupação que os custos judiciais não sejam barreiras de acesso à justiça – por isso que na ação popular, na ação civil pública o autor não tem que adiantar as custas, as despesas. 
-Superação da ótica tradicional do CPC (preparado para responder às lesões de direitos subjetivos individuais)
Exemplo art. 6º, CPC: “ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”. 
Temos que construir de agentes intermediários representando a sociedade. No caso da ação popular: um cidadão entra na defesa de um direito que é dele, mas é também de toda a sociedade – superação da questão de que não se poderia pleitear em nome próprio direito que não fosse exclusivamente seu. 
Exemplo: não havia a provisão de instrumentos para a tutela coletiva de direitos transindividuais. 
-Instrumentos legais
Surgimento da tutela processual coletiva
I – Lei 4.717/65: Ação Popular;
II – Artigo 14, §1º, da Lei 6938/81; - MP entraria com ação para defesa do meio ambiente – mas que ação? Só em 85 surge a Ação Civil Pública. 
III – Lei 7.347/85: Ação Civil Pública; 
CRFB/88:
IV – Art. 5º, XXXV (efetividade do processo coletivo);
V - Art. 5º, LXXIII (Ação popular) – ampliação do objeto. Foi a CRFB que colocou como objeto da ação popular a anulação do ato administrativo que viesse a trazer risco de lesão ao meio ambiente;
VI - Art. 5º, LXXI (Mandado de Segurança Coletivo) – continua a prever o mandado de segurança individual para coibir o abuso de poder das autoridades, mas reconhece o mandado de segurança coletivo;
VII – Art. 129, III (Ação Civil Pública) – no inciso III fala que a atribuição do MP é promover Ação civil pública e com isso foi ampliado o objeto desse tipo de ação (“e outros tipos de direitos coletivos”).
 Logo depois veio a aprovação do CDC, que vai trazer de uma parte de tutela coletiva, prevendo mecanismos processuais para a defesa do consumidor – também ampliando a ação civil pública, viabilizando os direitos individuais homogêneos (ampliação do objeto e da tutela coletiva). 
VIII - Lei 8.078/90 (CDC: Título III: A defesa do consumidor em juízo)
IX - Lei 8.492 (Improbidade Administrativa)
X - Lei 12.016/2009 (Mandado de Segurança Coletivo)
XI - Estatuto do Idoso
XII - ECA 
XIII - Lei 8884/98 (lei que estruturou o CADE – ação de responsabilização por danos morais coletivos). -> essa lei já foi reformada. E tem também uma Nova Lei da Concorrência (mecanismos para defesa pela tutela coletiva na ordem econômica). Lei do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (antiga lei nº 8884/94 revogada pela Lei nº 12.529/2012) – para que determinados atos de concorrência não gerem prejuízo aos consumidores. Tem o papel importante do CADE. Também tratou de questões que envolvem a tutela coletiva e é importante porque essa lei trouxe mudança na lei da ação civil pública – fala que a ação civil pública é uma ação de responsabilização por danos materiais e morais RECONHECIMENTO DO DANO MORAL – posso ter uma visão de natureza extrapatrimonial difusa. Reconhecimento de que outros tipos de lesões podem repercutir não só na esfera patrimonial, mas também na extrapatrimonial difusa. 
Pode afetar direitos difusos essas lesões à concorrência, porque existem atos de fusão que levam empresas á posições dominantes, não permitindo que outras empresas surjam, por exemplo (venda casada também é exemplo de prática capaz de lesar). Questão forte na ordem econômica e proteção aos consumidores. 
XIV - Estatuto da Igualdade Racial Lei nº 12.288/2012
Quando fazemos referência a este arcabouço coletivo vai nos fazer falar da existência de um micro sistema de tutela coletiva, apesar de não termos um código. 
Direito difuso -> “direito de não respirar ar poluído” -> sujeitos indeterminados; objeto indivisível – difuso porque pertence a todos e porque não tem como dividir o ar em pedacinhos para cada um. E não há nenhum tipo de relação jurídica básica unindo os titulares, há apenas os titulares.
Direito coletivo em sentido estrito sensu -> direito de natureza indivisível, os titulares são indeterminados, mas posso vir a determiná-los, porque pode surgir relação jurídica básica que permite com que eu identifique o associado e pode até ter uma alteração abusiva que prejudique a todos – exemplo: caso de um consórcio; sindicato de trabalhadores (lesão que afete aquela categoria – não afeta toda a sociedade, mas aquela categoria)
Direitos individuais homogêneos -> são aqueles de origem comum – lesão comum a diversas pessoas, então há uma origem comum naquele interesse, mas não há uma relação jurídica básica e o direito, num primeiro momento, pode ser indivisível, mas em um segundo momento, com a decisão, posso torna-lo divisível, daí alguns autores vão falar que os direitos individuais homogêneos são acidentalmente coletivos. Para evitar pluralidade de demandas vou viabilizar a tutela coletiva desses direitos, que na origem são individuais, mas pelo grau da lesão e como afeta um nº significativo de pessoas o tratamento passa a ser coletivo. Exemplo: uma propagando enganosa – lesão de massa e difusa porque um nº de pessoas assistiu, mas nem todos compraram aquele produto, mas algumas pessoas compraram (pessoas que não se conhecem, sem relação jurídica básica), mas tem um fato comum que justifica uma demanda coletiva e então teríamos um direito individual homogêneo. 
-Resumo: Processo Coletivo -> respostas às demandas sociais relativas à tutela jurisdicionais de direitos metaindividuais (transindividuais) em uma sociedade pluralista e considerando a democracia deliberativa; o processo como instrumento de defesa social considerando o princípio da inafastabilidade da jurisdição (universalidade da jurisdição). 
Processo instrumentalizado para a defesa em juízo de direitos transindividuais, de forma que é reconhecida a legitimidade ativa a quem detenha a representatividade adequada dos titulares do direito, provocando uma decisão que recairá sobre todos os titulares do direito.
-Peculiaridades:
Tutela de direitos transindividuais (titularidade indeterminada – caso dos direitos difusos; direitos coletivos).
Legitimado: substituo processual – alguém que ingressa em nome próprio, mas em defesa de umdireito que é de todos. 
Especial regime da coisa julgada das decisões, sentenças que têm eficácia erga omnes.
-Cenário do Processo Coletivo:
Acesso à justiça;
Judicialização dos conflitos;
Meios processuais de tutela dos direitos transindividuais que configuram a garantia do mínimo existencial;
Nova visão sobre separação dos poderes;
Poder dever de agir da Administração Pública;
Políticas públicas e discricionariedades vistas no âmbito dos tribunais;
ACP como via eleita para a promoção da efetividade das políticas públicas socioambientais. 
..................................................................
Aula 3 – Rio, 18.02.14
-Processo de Interesse Coletivo: 
Há a proteção de hipossuficientes; 
Proteção de grupos vulneráveis; 
Proteção de minorias; 
Interesse público primário (complexo de interesses que prevalecem na sociedade); 
Proteção e realização dos valores e objetivos constitucionais; 
Controle e realização de políticas públicas pelo processo (exemplo: caso de surto de dengue – processo movido pela defensoria pública da união do RJ para que a população tivesse acesso ao atendimento médico). 
Embora não tenhamos a codificação, não tenhamos um código de processo coletivo, temos apenas leis específicas sobre determinados temas e outras leis voltadas para a proteção de determinados grupos, concluímos que temos um arcabouço legislativo, há sim uma legislação – temos o instrumental.
Mas também vamos encontrar a necessidade de solucionar algumas lacunas, pois ainda temos muitas questões abertas. 
Ao fazer referência a essas várias leis temos que considerar a existência de um micro sistema, mesmo não tendo uma codificação de um código coletivo, temos esses vários instrumentos e devemos ter um olhar sistêmico sobre isso. Mesmo sem codificação, temos um sistema – temos o arcabouço legislativo e diversos institutos. Buscamos nessa legislação aplicar um olhar sistêmico – instrumentalizar o processo com esse olhar, buscando soluções dessa forma.
-Tutela Coletiva:
É relevante identificar a natureza jurídica do bem jurídico tutelado 
Quando falo dos direitos difusos, se os titulares são indeterminados a decisão para sutrir efeito deve atingir a todos – extensão era omnes. 
Se o direito for coletivo, em que restringe a uma categoria ou grupo, podemos ter uma situação que não atinge a sociedade inteira, mas apenas esse grupo, e a solução de um não será a mesma para todos, tendo um objeto divisível. Então a própria natureza do bem jurídico tutelado nos impõe novas decisões e a extensão dessa decisão.
Tem certas questões no momento em que a lide é instaurada em que o emprego de novas tecnologias não nos permite demonstrar a lesão/o dano naquele momento – se temos a decisão produzindo os seus efeitos e a coisa julgada material eu posso mais tarde identificar que aquela atividade produziu uma lesão em massa, não podendo mais responsabilizar aquele que provocou a lesão. Ainda não sabemos qual será a extensão do dano -> exemplo: Caso da Chevron que causou o derramamento – qual será o efeito do óleo impregnado nas rochas? Como as espécies marinhas vão reagir? Como será a recuperação do ambiente? Tem que continuar os estudos – tem o levantamento de um dano inicial, mas pode ser que mais tarde se descubram mais e novos danos. Isso traz a necessidade de novos desenvolvimentos do processo. Outro caso de ver isso: pode ser que aquela prática dominante não permitiu que outras empresas ingressassem no mercado – mesmo havendo a produção de provas, se naquele momento o juiz entender que não tem elementos suficientes, mas entender que tem dano, pode julgar improcedente isso ocorre por causa da peculiaridade do bem jurídico tutelado. Grande diferença do processo coletivo do individual: POSSIBILIDADE DO PEDIDO NÃO SER ACOLHIDO, MAS NÃO TER A COISA JULGADA MATERIAL. E desde que tenha nova prova pode mover novamente ação coletiva em face de tal fato. 
Características da lesão 
Além de ter caráter patrimonial, pode ter a extrapatrimonial difusa (dano moral)
Elevado nº de pessoas atingidas 
Tem que evitar decisões conflitantes e buscar um meio que permita que alguém ingresse em nome de todos na defesa de um direito
PROCESSO COMO INSTRUMENTO DE DEFESA SOCIAL 
Prestação do serviço público de qualidade
Poder judiciário 
Pensa no judiciário como instância organizada para permear esses conflitos. 
-Perguntas a serem feitas no âmbito do processo coletivo:
Qual é a natureza do objeto tutelado?
Lide de interesse público
Quem pode requerer a tutela judicial desses interesses? Adequada representividade (representação de direitos alheios)
Através de que meio acionar jurisdição? Não são só instrumentos coercitivos para a reparação do dano. É um processo de responsabilização pelos danos materiais e morais, mas também tem a possibilidade da tutela preventiva - viabilizar no judiciário evitar que a ameaça se configure como uma lesão. Tanto na ação civil pública como na ação popular. Buscar a finalidade do instrumento.
Quem e em que grau será atingido pela tutela coletiva? (extensão da coisa julgada a terceiros; imutabilidade e indiscutibilidade aderente à sentença). 
-Atuações do Processo Coletivo:
Questões que envolvam questão de ordem pública e social
Demandas envolvendo: acesso à creches públicas; ao ensino superior; igualdade material/substancial; defesa da Ordem Econômica; proteção à saúde/fornecimento de medicamentos; 
Discussão do devido processo legal -> acesso à informação; publicização da sentença coletiva, para ter o aproveitamento coletivo e também o individual posteriormente; se noticiar também pela mídia a existência do processo coletivo. 
Podemos resumir nesses elementos para identificar a ação coletiva: 
LEGITIMIDADE PARA AGIR
OBJETO DO PROCESSO
COISA JULGADA – extensão da coisa julgada e questão da decisão julgada improcedente sem formar coisa julgada
Esta é a base do nosso processo coletivo.
Quando se fala na extensão da decisão tem que falar na impraticabilidade de reunir um número excessivo de litisconsortes, pois isso prejudicaria a demanda.
Tem que identificar direitos comuns aos membros do grupo. E há a questão da representatividade. 
-Mauro Cappelletti:
A principal foi a segunda onda: tutela dos direitos transindividuais
-Direitos difusos:
Quando temos um direito difuso não somos os únicos a fruir desse direito – e a fruição de um não pode impedir a dos demais. Então tem esse aspecto de fruição, aspecto difuso. 
Situação fática afetando a todos – um fato que acaba unindo os titulares e as pessoas sequer imaginam que um e outros existam – não tem relação jurídica base.
Nos direitos difusos há intrínseca conflituosidade: exemplo de situação envolvendo o direito ao meio ambiente equilibrado; direito à prestação de serviços públicos essenciais; proteção do patrimônio cultural; crescimento econômico; produção de energia.
Outro tipo de intensa conflituosidade, mas em outro sentido: Em momentos atuais temos o caso de necessidade de maior produção de energia, então há a necessidade de grandes hidrelétricas que atingem áreas indígenas – a forma como as políticas são colocadas em práticas, em vez de beneficiar a todos, pode gerar prejuízos apenas para determinados grupos. 
-Lei nº 8078/90, art. 81
I – interesses ou direitos difusos – transindividuais
II – interesses ou direitos coletivos – transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
Posso ter uma questão que vai fazer aquele efeito dominó, afetando a todos ao mesmo tempo, deixando de ser uma situação capaz de dividir. 
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
A lei fala pouco deste último.
Lesão de natureza difusa acarretando lesão difusão e também lesão que configure direito patrimonial homogêneo (exemplo: propaganda enganosa – toda população é atingida pela propaganda – princípio da boa-fé, da clareza e da veracidade dasinformações. Mas também pode ter apenas um pequeno grupo atingido e ainda sim ter um direito individual homogêneo). 
-Questão da destinação dos recursos a partir das decisões dadas:
Se o direito é indivisível quando tenho decisão de direitos coletivos e difusos e a condenação for em dinheiro a destinação será para desenvolver meios de reduzir esses efeitos que lesionam a todos (consumidor ou meio ambiente, sendo o objeto indivisível). 
TEXTOS NA PASTA: Discutindo os conceitos dos direitos difusos e coletivos – José Luiz Bolzan de Moraes; início do livro do Didier; Mauro Cappelletti: segunda onda do acesso à justiça.
Os autores que falam do processo coletivo, quando falam de legitimidade e comentam a representatividade adequada, utilizam a nomenclatura que os autores italianos já utilizavam (como o Cappelletti, por exemplo).
.................................................................
Aula 4 – Rio, 20.02.14
PRINCÍPIOS DO PROCESSO COLETIVO
Por conta da conflituosidade na sociedade, podem ter lesões massivas até a direitos individuais, trazendo a necessidade de um tratamento coletivo. Tem uma origem comum, uma lesão comum que pode ferir a todos, por isso mesmo que seja objeto divisível é possível dar esse tratamento coletivo a estes direitos individuais homogêneos. 
Para buscar perceber melhor esses direitos individuais homogêneos um exemplo seria o seguinte exemplo de lesão: no plano econômico afetando correntistas, temos pessoas que não tem nenhuma relação jurídica base, tem valores diferentes, situações diferentes em relação ao tempo que cada uma dessas pessoas é correntista daquela agência, mas teríamos uma origem comum, uma lesão provocada pelo mesmo fato. Cada um poderia entrar com a sua própria ação, mas isso causaria um afogamento no judiciário, então daí esse tipo de questão merecer um tratamento coletivo.
Identificamos que o CDC quando fala da tutela coletiva dos novos direitos não fala se são direitos coletivos ou transindividuais, mas também inclui os individuais homogêneos, pois merecem esse tratamento de transindividualidade ou coletivo. 
Na legislação não temos muitos aspectos dos direitos individuais homogêneos, a lei fala muito pouco deles, não diz um nº determinado de pessoas e nem nada. O que temos que ter em mente em relação a esses direitos é: a origem comum da lesão e a partir disso buscamos algumas questões sociais e situações que demandem esse tratamento coletivo.
A sentença coletiva traz decisão com uniformidade e depois permite que o processo de execução cada um dos lesados demonstre o seu crédito e aproveita aquela lesão coletiva, e aí tem a possibilidade de divisão nesse processo coletivo.
Existe uma série de diplomas legais que trazem a defesa desses direitos de natureza supraindividual.
Temos no Brasil a Ação Popular – participação do cidadão e controle no âmbito da administração pública – com a CRFB de 88 amplia-se o objeto desse tipo de ação. 
Há também a Lei Civil Pública; depois o CDC amplia mais ainda o objeto desse tipo de ação; Há também a ampliação dos legitimados com a criação da Defensoria Pública. 
A CRFB 88 inclui o mandato de segurança coletivo como mecanismo de defesas desses direitos também.
E há também leis que vão cuidar de matérias específicas e trazem essa proteção também. ECA, Estatuto do Idoso, entre outros. Então temos um arcabouço legal bastante amplo, mas não temos código de processo coletivo e temos um processo com certas peculiaridades por conta dos direitos coletivo transindividuais homogêneos. Para dar efetividade a esses mecanismos de tutela utilizamos bastante os princípios da tutela coletiva.
Os princípios são importantes para a integração. Vão impulsionar a produção de normas, indicam valores a serem seguidos na solução de casos concretos, auxiliam os institutos jurídicos. E como temos questões muito abertas, os princípios são importantes para identificarmos a autonomia de uma área do direito. E também serão essenciais na construção e na busca de uma legislação coletiva.
Princípio do Microssistema de Tutela Coletiva
Com isso, temos o Princípio do Microssistema de Tutela Coletiva. Ter um olhar sistêmico é fundamental para a proteção desses direitos. 
Temos a construção do direito processual para atender a peculiaridade de determinadas demandas. Esse princípio nos indica que temos leis específicas regulando essas ações, mas o CPC vai ser também um subsídio para também ter o seguimento do processo. Então não colocamos de lado o CPC, mas naquilo que o processo tradicional não entrar em colisão com as normas específicas da tutela coletiva ele será aplicado. Para algumas questões aplicaremos o CPC, porque as normas da tutela coletiva não são sempre tão detalhadas. 
O que esse princípio significa, portanto, é o seguinte: Embora não tenhamos essa matéria reunida e codificada em um único documento, aplicamos essa legislação e sabendo que em algumas situações uma poderá auxiliar a outra e o CPC poderá ter função subsidiária quando não colidir com as regras do processo coletivo. 
Há regras e princípios próprios da tutela coletiva; o CPC só será aplicado residualmente (quando não conflitar com as regras específicas do processo coletivo), assim, o intérprete buscará em primeiro lugar diversas normas contempladas nas leis que cuidam de instrumentalizar as ações coletivas (por exemplo: Lei nº 4717; Lei nº 7347/85 do CDC), pois esse conjunto legislativo compõe um microssistema.
Exemplos: 
Defesa de pessoas portadoras de necessidades especiais (Lei nº 7853/89 e nº 10.098/00) -> nesta lei diz que se deve proceder por meio de ação civil pública para proteger esses direitos.
Defesa dos investidores no mercado de valores mobiliários (Lei nº 7913/89)
Defesa da criança e do adolescente (lei nº 8069/90)
Princípio da Continuidade da Demanda da Ação Coletiva e Princípio da Indisponibilidade da Tutela Coletiva
Existe um padrão para dar continuidade à demanda: se quem entrou não tinha legitimidade, pede-se para o MP assumir a demanda. 
Vemos que nesse princípio da continuidade na ação popular o MP não tem legitimidade para impulsionar uma ação popular, mas o MP fala obrigatoriamente numa ação popular como custos legis. Se houver o abandono da ação pelo autor, pela indisponibilidade do interesse/ do objeto, o MP passa a ser o polo ativo. Então a peculiaridade é: só o indivíduo pode entrar com ação popular, mas se o autor abandona o MP pode figurar como polo ativo, pois há a presença de interesse coletivo. Por isso que o MP atua como fiscal da lei e, além disso, o MP pode assumir o polo ativo. Ou ainda na situação do pedido da ação popular ser julgado procedente e o autor não prossegue, fazendo o MP assumir por conta da indisponibilidade do objeto. 
Princípio da Publicidade
Se o legitimado entra com ação representando interesse de um nº expressivo de pessoas é preciso que se dê a publicidade para que se torne possível depois o aproveitamento da sentença coletiva para a execução individual.
Princípio da Reparação Integral do Dano
Considerando o objeto de tutela como, por exemplo, o meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito dos consumidores, podemos ter a extensão do dano, em algumas situações, um dano que afete não só gerações presentes (dano que afete meio ambiente – direito difuso/ transindividual) e a reparação desses danos
Com essas lesões podemos afetar direitos fundamentais e vemos o caráter extrapatrimonial da lesão e exige-se que se considere toda a extensão do dano, não só o aspecto patrimonial, mas também o extra, buscando a reparação integral do dano.
No art. 3º da lei 3447 o texto da lei diz que o autor poderá pedir obrigação de fazer ou não fazer ou de indenizar – um pedido ou outro – mas se estamos falando da reparação integral do dano para certas questões ambientais se estivermos apenas falando da reparação de lesão material eu posso estar deixando de considerar que para tentar voltar ao status quo ante não será de um dia para o outro, mas o que se faz com o tempo que aquela comunidade permanecerá semaquela qualidade ambiental, por exemplo? A lesão não fica circunscrita à lesão patrimonial muitas vezes e dessa forma não estaremos dando efetividade a esse princípio.
Então tem se interpretado da seguinte forma: uma ação coletiva requerendo a condenação do réu numa obrigação de não fazer (não desmatar), obrigação de fazer (reflorestar) e indenizar (a sociedade que fica sem aquela qualidade ambiental). 
Princípio da boa-fé processual e Princípio da Cooperação entre as Partes
Que as partes estejam de boa-fé e para que contribuem para o deslinde das questões. Há aqui também a questão de cooperação entre as partes do processo. 
Princípio do Ativismo Judicial
Não só nas questões individuais, mas para verificar a efetividade das decisões ainda que não tenha sido requerido pelo autor, se ele não pede pode há multa diária pela demora, o juiz pode determinar de ofício. Atraso de um não cumprimento de uma decisão – surgiu primeiro no processo coletivo (na lei da ação civil pública) e surgiu essa possibilidade também para a tutela individual. 
O juiz tomando ciência de um fato que possa indicar lesão a direitos transindividuais pode oficiar o MP para que este tome as medidas necessárias.
Na questão da execução, o juiz pode adotar algumas medidas de ofício para garantir o próprio resultado da execução.
Então verificamos a atuação do juiz a própria lei já prevendo a iniciativa do magistrado.
Nas ações coletivas há a possibilidade de requerer medidas de políticas públicas também. 
Princípio da Tutela Coletiva
Todos os meios instrumentais processuais serão relevantes para dar a instrumentalidade da tutela coletiva. 
Também é importante se buscar cada vez mais a cooperação entre os órgãos públicos para a efetividade da tutela coletiva. 
Princípio da Representividade Adequada
Princípio do Acesso à Justiça
Princípio da Carga Dinâmica da Prova
Encontramos também um projeto de lei com a proposta de código coletivo – se inicia com uma base principiológica, pois teria nele a autonomia do processo coletivo e os mecanismos para as nossas situações. 
Nem todos os autores de processo coletivo fazem a analise desses princípios e outros dão maior ênfase para alguns princípios em detrimento de outros. 
Princípios têm papel essencial na construção do processo coletivo. 
Didier fala de alguns desses processos e o Ricardo de Barros Leonel também. 
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Aula 5 – Rio, 25.02.14
PASTA CAEL: C235 – os textos estão em plásticos e com referências: 1ª parte do curso; 1ª aula; 2ª aula – autores explicando os conceitos de direitos transindividuais, tratando a diferença entre os direitos difusos, individuais e homogêneos. 
Texto do Luis Bouzan de Moraes: fala especificamente sobre a proteção de direitos transindividuais – explicita a diferenciação entre os direitos coletivos. Texto do Ricardo Barros Leonel: fala dos direitos também. Texto do Didier: parte inicial e princípios. Texto do Cappelletti. Texto do Euclidio: sobre princípios.
PRINCÍPIOS DA TUTELA COLETIVA
IMPORTÂNCIA E FUNÇÃO DOS PRINCÍPIOS
Temos o reconhecimento na teoria geral do direito da importância dos princípios – normas de utilização do sistema que desempenham funções relevantes no ordenamento:
Tem a função de induzir a produção de normas. 
Tem função inibidora: inibir a realização de atos contrários aos valores. 
Tem também função axiológica ou valorativa: apontam o valor daquele sistema de normas. 
Tem função finalística ou teleológica. 
Função integradora: integrar as normas do ordenamento.
Os princípios da tutela coletiva apontam a autonomia da nossa disciplina – o primeiro indicador é quando indicamos princípios próprios orientando o nosso processo coletivo.
Na aplicação dos princípios podemos ter a aplicação integrada de vários princípios, e com a colisão de princípios vemos na casuística qual é o princípio que se mostra mais forte para resolver aquele conflito.
Princípio do acesso à justiça (acesso à ordem jurídica justa) 
Surgem mecanismos que viabilizem a defesa desses novos direitos que não são mais direitos individuais, mas sim supra individuais ou transindividuais (direitos difusos e coletivos), englobando direitos indivisíveis, é preciso ter um tratamento em que se consiga solucionar questões que envolvem direitos que não são exclusivos de uma pessoa, pois pertence a um grupo ou categoria ou até mesmo para a sociedade como um todo. A solução que envolve conflito de direito difuso faz com que a prestação jurisdicional vincule a toda a sociedade (erga omnes). Efeito da extensão da decisão. Quando falamos no processo coletivo pensamos em instrumentos que permitam concretizar novos direitos, proteção de direitos fundamentais, direitos que identificamos como transindividuais, mas também a indisponibilidade de certos direitos. Então temos que usar a ideia de que o direito coletivo deve ser aplicado considerando a ótica das chamadas ondas renovatórias do acesso à justiça, buscando o acesso à ordem jurídica justa. 
Tem que ter mecanismo de processo que faça com que essas novas questões cheguem ao judiciário e que se tenham mecanismos efetivos para atuar frente a essas novas questões.
Há também a discussão de políticas públicas: cidadão poder exigir o cumprimento da própria lei – fundamentos constitucionais regulando – por exemplo: ação popular que discute se o princípio da razoabilidade está sendo observado, se os serviços públicos estão sendo prestados da melhor forma – isso também é um mecanismo para dar efetividade aos direitos, garantindo o acesso à ordem jurídica justa.
Significa ter um meio de levar a demanda ao conhecimento do judiciário.
Princípio da Universalidade da Jurisdição 
Se é possível dar um tratamento coletivo àquela matéria, se tem questão envolvendo direitos individuais homogêneos, que podem estar fluidos num primeiro momento, pode impor a necessidade de ter um tratamento coletivo, para evitar o excesso de demandas, a partir de um tratamento coletivo daquela matéria. Facilita também a economia processual. Então tem a lógica: se tem situação que envolva conflito de massa, ou a situação que envolve direito coletivo busca-se a primazia de dar tratamento coletivo àquela questão, evitando a multiplicidade de demandas.
Primazia do conhecimento do mérito
Instrumentalidade das formas, permitir que o órgão jurisdicional seja mais flexível quanto aos requisitos de admissibilidade da demanda judicial para chegar à análise do mérito do processo coletivo. 
Buscar que os requisitos de admissibilidade da demanda judicial sejam mais flexíveis para que o processo coletivo consiga obter o conhecimento do mérito. 
Exemplo: se discutiu bastante se o MP poderia ingressar para defesa de direitos individuais homogêneos, e se entendeu que sim, pois tem forte presença de direitos sociais. 
Se o cidadão tem legitimidade para ingressar com ação popular, por que não reconhecer a legitimidade desses entes para ingressar com ação civil pública para proteger esses direitos? Se por meio da ação civil pública há proteção de todos os direitos coletivos, não tem porque apenas o MP tenha essa legitimidade, mas outros entes também, como por exemplo a defensoria pública (como ficou decidido em um julgado do STJ do Rio Grande do Sul). 
Se é possível achar mecanismo para ultrapassar barreira e se chegar ao mérito, esta deve ser a forma de se atuar no processo coletivo.
Princípio da Representividade Adequada
A propositura da demanda coletiva tem que ser feita por quem tenha a real condição de bem representar em juízo a coletividade e implementar a defesa dos direitos transindividuais. 
Se eu tenho nas lides coletivas a presença de direitos que apresente nº indeterminado de pessoas e com objetivo indivisível, ou ainda que seja direito individual homogêneo (sujeitos indeterminados, mas há lesão comum atingindo determinado grupo de pessoas), precisando de tratamento coletivo, precisa-se saber quem tem legitimidade para ingressar com as ações competentes para tais questões.Temos na nossa tradição que a lei já aponta quem tem legitimidade, diferente dos EUA – lá o primeiro modelo de tutela desses novos direitos é recente, e coloca que o é juiz quem deve analisar casuisticamente. 
Aqui não temos o “class action” como lá (um instituto próprio), mas sim a existência de ações próprias, como por exemplo a ação civil pública, e alguns diplomas legais. Temos também que o MP não tem legitimidade para ingressar com ação popular, por exemplo.
E o cidadão seria um legitimado adequado ou identificaríamos uma posição de hipossuficiência em face do próprio Estado? Teria ele condições de levar a frente uma lide dessa dimensão? Devemos incluir o cidadão como legitimado? Por enquanto isso ainda não ocorreu.
A legitimidade da defensoria pública como legitimada causou grande polêmica – argumento de que estaria havendo confusão das atribuições do MP e da DP – mas temos visto a aceitação dos tribunais, permitindo que a DP entre com ação civil pública – e também tem esse aceite na doutrina. 
Hoje, a lei e a CRFB identificam os legitimados com a lei da ação civil pública, identificando os legitimados – presunção na lei de quem tem essa representatividade adequada.
Princípio da Indisponibilidade da Tutela Coletiva. 
Em razão do objeto tutelado (defesa dos portadores de deficiências especiais, proteção dos idosos) – defesa de um direito indisponível da coletividade – não podemos deixar desconsiderar a necessidade da continuidade da demanda e da sua indisponibilidade.
O MP não tem faculdade se propõe ou não a demanda, tem o dever de ingressar. 
Se houver desistência infundada de quem ingressou com a ação, o MP tem a obrigação de assumir o polo ativo, em caso de ação popular (quando tem abandono da lide pelo autor popular). Não pode deixar naufragar a lide coletiva por causa da indisponibilidade do objeto. 
MP tem elementos que levam à propositura da demanda coletiva, não podendo decidir se vai ou não ingressar, tem o dever de ingressar, quando necessário decidir lide coletiva. 
Se o juiz entende que não há elementos suficientes para julgar, ele vai poder julgar improcedente por insuficiência de provas, podendo nesse caso renovar a demanda com base em novas provas, por conta da indisponibilidade do objeto do processo coletivo. 
Princípio da Continuidade de Ação Coletiva
Princípio do Microssistema de Tutela Coletiva
Aplicação integrada dos diplomas legais. Está disposto na lei de ação popular o reexame necessário se o pedido for julgado improcedente ou se houver decisão de encerrar o processo coletivo há a necessidade de duplo grau da ação popular. 
Combina a ação popular com a ação civil para responsabilização de improbidades.
Ou seja, buscam-se soluções dentro da própria temática do direito coletivo. Se não tem solução de um determinado instituto especializado, busca-se solução antes na própria sistemática do direito coletivo; o CPC se aplica subsidiariamente apenas naquilo que não colidir com o processo coletivo. 
Há regras e princípios próprios da tutela coletiva; o CPC só será aplicado residualmente (quando não conflitar com as regras específicas do processo coletivo), assim, o intérprete buscará em primeiro lugar as diversas normas contempladas nas leis que cuidam de instrumentalizar as ações coletivas (por exemplo: Lei nº 4717/65; Lei nº 7347/85; CDC), pois esse conjunto legislativo compõe um microssistema. 
Existe um diálogo das fontes. Como reconhecemos vários diplomas legais para a proteção de direitos transindividuais, buscamos por uma intepretação finalística e integradora ter esse olhar sistêmico e buscar quando surge questão que traz uma dúvida no próprio diploma de processo coletivo a solução.
Reforçando essa questão de integração, o próprio CPC dispôs que o título 3 se aplica para ação civil pública, havendo ampliação desse tipo de ação. 
Podemos falar na aplicação intercambiante desses diplomas legais que permitiram mecanismos de defesa de direitos coletivos, tendo a defesa desses novos direitos. Diálogo das fontes. 
Também há existência de uma estrutura que é peculiar ao processo coletivo; preservação de valores comuns adaptados aos novos rumos do processo, instrumentalizando-o de forma coerente para alcançar a proteção dos direitos transindividuais; é preciso integrar as normas existentes no CDC, na lei de Ação Popular, da Ação Civil Pública; do Mandado de Segurança Coletivo, da Lei de Responsabilidade por Atos de Improbidade. 
Reunião intercomunicante de várias normas. 
Princípio da Atipicidade ou Não Taxatividade
Para o processo coletivo vamos usar todo o instrumental que nos é acessível para defender esses novos direitos. 
Trata da máxima amplitude do processo coletivo, assim, todos os meios processuais válidos poderão ser utilizados para obter a tutela dos direitos transindividuais, quaisquer formas de tutela serão admitidas para a defesa de direitos metaindividuais, havendo, inclusive, a possibilidade de cumulação de pedidos (fazer; não fazer; indenizar), podendo ser a tutela preventiva ou repressiva. Exemplo: art. 83 do CDC. 
Princípio da boa-fé e da cooperação entre as partes
Princípio que pressupõe a lealdade processual e a cooperação das partes para o deslinde. 
Princípio da cooperação dos órgãos públicos na produção de provas
Princípio do Ativismo Judicial
Possibilidade do juiz ingressar com a ação. Importante para a concretização de políticas públicas.
Ou então quando a lei já prevê posição mais proativa do juiz. O art. 7º da lei 7347 não diz que o juiz deve impulsionar a demanda, mas tendo o conhecimento de algo que possa afetar o coletivo, faria encaminhamento dessas questões para o MP, para que este tomasse as providências necessárias. 
Princípio da Ampla Publicidade
Ampla divulgação sobre a existência da tutela coletiva. 
Princípio da Reparação Integral do Dano
Significa a reparação do dano em toda a sua possível extensão, dos danos materiais e extrapatrimoniais difusos.
Necessidade de conseguir a tutela de todos os efeitos que aquela solução traz. 
Analisando o art. 1º da lei da ação civil pública vemos a identificação da lesão de ordem material, bem como extrapatrimonial – temos decisões com indenizações de danos materiais e também de danos morais coletivos (exemplo: coletivo – envolvendo idosos). Exemplo: caso do anticoncepcional que foi produzido com algum problema e fez as mulheres que o consumiram engravidas, não atendendo o seu propósito – caso de dano moral coletivo. 
Princípio da Carga Dinâmica da Prova
Vai tratar da distribuição do ônus da prova: aquele que tem a melhor chance de produzir a prova é quem deve ter o ônus da prova. Atribuição da produção da prova àquele que tem as melhores condições de produzi-la.
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Aula 6 – Rio, 27.02.14
Caso dos “Yellows Cab” -> O modelo dos EUA vai ser o “Class Action”: instrumento que permite a tutela coletiva de direitos e permite que um dos integrantes do grupo ingresse em juízo em defesa do seu direito e dos demais – possibilidade de tratamento coletivo à matéria- , mas para garantir o princípio legal tem que dar uma notícia ao grupo para se quiserem não abrangidos e não terem os efeitos da decisão, podendo ter a sua própria lide ou então com a notificação decidirem que querem participar da demanda (podendo ser com o seu próprio advogado) ou ser abrangido pela demanda. Esse mecanismo encontrado nos EUA é que possibilitou a tutela coletiva com relação aos consumidores envolvendo os direitos individuais homogêneos.
E também quando há uma condenação de natureza indenizatória há um mecanismo para destinação.
No Brasil, não há cópia de um instituto como esse, até porque nossa família é diferente. O instituto dos EUA foi apenas um referencial para pensarmos no modelo que adotaríamos aqui. Aqui temos a Ação Civil Pública na defesa dos direitos individuais homogêneos. Para comparar os institutos tem que levar em consideração todas as variantes entre um sistema e o outro. Não tem como simplesmente fazer uma justaposição.No Brasil não temos essa questão da notificação individual dos lesionados, mas temos um fundo para o caso de haver condenação em dinheiro, seja para ação civil pública no caso de direitos difusos ou coletivos. Nesses últimos casos não tem como dividir esse dinheiro entre os titulares, pois o objeto é indivisível, mas no caso de direitos individuais homogêneos sim. No outro caso, passado 1 ano e tiver um valor residual (se parte da indenização tiver ficado como um resíduo – valor residual que ficou ali fluido, que ninguém se interessou em buscar) esse fundo vai para o fundo de defesa dos direitos difusos (art. 13 da lei da ação civil pública). Essa foi a solução que encontramos para ter a condenação e depois não se efetivar. É uma solução específica para o processo coletivo brasileiro.
Temos a regulação do fundo federal pela lei 9.008 e os estados tem as suas próprias leis regulando os fundos estaduais. Além disso, temos o princípio da publicidade: necessidade de maior visibilidade para a gestão desse fundo. No âmbito federal será gestado por ministérios do meio ambiente, ministério da justiça, representante do MP (em função do interesse público e da própria natureza desse fundo) de forma que a destinação desses valores passa pela apreciação desse conselho e os interessados em utilizar essas receitas deverão apresentar projetos, os quais terão que ter relação com os direitos difusos. 
Mesmo tendo todos os meios eletrônicos a nossa disposição, acaba que a população não tem muita informação ou conhece pouco sobre esse fundo e como tem sido a destinação desses recursos. Uma questão que sempre se levanta é que é preciso ampliar a visibilizada e a informação desse fundo e da gestão. Mas a solução que encontramos vem com base nessa experiência dos EUA com as “class actions”.
Quando falamos da representatividade adequada, enquanto no modelo da “class action” um membro lesionado do grupo pode entrar em nome próprio no interesse de todos, essa pessoa que move a ação terá que demonstrar para o juiz da causa as condições de representar bem o grupo, representar adequadamente. Então tem que demonstrar as condições de levar adiante aquela lide. No modelo brasileiro não é assim, pois a lei já indica quem são os legitimados; na ação popular a CRFB já diz quem são os legitimados. Na tradição brasileira já se tem quem pode propor a demanda em nome da coletividade, então já temos a legitimidade presumida.
Algumas questões que vão surgir tem novidades como a DP com legitimidade para entrar com ação civil pública – haveria subtração da função do MP? Segundo o entendimento doutrinário, essa inclusão da DP no rol de legitimados guarda relação com o próprio papel que a CRFB dá à DP na defesa dos hipossuficientes. 
Por outro lado, em relação ao MP a questão que se abriu é que o MP pode mover uma ação civil pública para a defesa dos direitos coletivos e difusos (art. 129); o CDC ampliou o objeto da ação civil pública e aí surgiu a questão se o MP poderia tutelar direitos individuais homogêneos, que podem ter tratamento individual, mas pela sua natureza a lógica recomenda o tratamento coletivo – teria que se identificar a presença de um interesse social ou qualquer situação poderia ter a atuação do MP? Exemplo: veículo automotor de alto custo que fosse adquirido apenas por pequena faixa da população, que pelas suas condições econômicas, e por isso estaria presumindo as condições de advogado - considerando que a CRFB estabelece a atuação do MP, poderia o MP atuar, ingressando com ações para pessoas que teriam condições escolares e econômicas para ingressar no judiciário? Essa foi uma questão que se abriu. E nas questões que tivéssemos o interesse de pessoas suficientes e hipossuficientes? Nesses casos se observa a existência de um interesse social. Um interesse social forte, justificando a atuação do MP, embora fosse a típica ação adequada para outros grupos como as associações (por exemplo: associações de consumidores), pois não se discute a hipersuficiência ou hipossuficiência, mas sim grupos, coletivos que merecem essa atuação. 
Na ação popular só temos a legitimidade do cidadão, mas muitas vezes nos deparamos com o cidadão hipossuficiente. Na solução brasileira, não há o adiantamento das custas, pois quem ingressa em nome de todos deve ser incentivado para que continue com esse interesse/ânimo. 
Observamos que na nossa legislação tem o destaque para o MP com legitimado e intermediário e algumas condições especiais a lei até dá para o MP para que ele ingresse com a ação. 
Se por um lado o individuo teria uma posição de hipossuficiência, por estar entrando contra o Estado, a sociedade daria as condições necessárias para uma sociedade civil organizada (associações). O problema é que nem todas as associações criadas para entrar com um litígio coletivo. Exemplo de associações: Greenpeace – pode ter associação entre MP e essas associações. A associação tem que ter 1 ano de existência para mover uma ação civil pública e antes de tudo precisa estar regularmente constituída (precisa existir para o mundo do direito: ter personalidade) e na sua finalidade tem que ter a defesa do respectivo direito que se quer tutelar pela ação civil pública. 
Tem que ter esse prazo de existência há pelo menos 1 ano para ter certeza que não se terá ali um legitimado que será abandonado pela associação ou para ter certeza de que ela não irá se desconstituir. Seria um referencial de segurança, porque não estamos falando da tutela de qualquer direito. Também havia preocupação de eventual conluio: surgir associação de um dia para a noite para, na verdade, prejudicar a defesa de um direito. Vemos aqui porque é importante a atuação do MP como fiscal da lei. Caso a associação não consiga se manter, quem assumirá a ação, se esta já tiver iniciado, será o MP, por causa do princípio da continuidade da ação civil pública. 
O juiz tem o poder de ver no caso concreto a responsabilidade de um dos requisitos do surgimento da associação – mas isso só pode ser para o aspecto temporal. 
Temos ações muito importantes movidas por associações, mas a maior parte e as mais importantes foram promovidas pelo MP. Agora temos algumas também movidas pela DP.
Por que se esperava tanto das associações e ainda sim não temos tantas ações promovidas por elas, mas sim muito mais pelo MP? Essa mobilização social e vem aumentado, mas criar uma associação envolve as custas que se tem, a necessidade de um advogado para que ela venha existir, como fazer a gestão dos recursos, onde será a sua sede, a contratação de um advogado especializado (petição inicial tem que ter pedido bem formulado – saber exatamente o que está sendo discutido e qual é o pedido correto), necessidade de conhecimento de área técnica (por exemplo: engenharia – para saber o que se pedir em determinado caso não depende só do advogado – exemplo: construção em uma área de risco) – tudo isso dificulta. Já o MP pode oficiar diretamente diversas instituições, tem o poder de requisição de documentos para obter informações e tem uma previsão orçamentária, além de ter investimento em um corpo técnico já pronto para auxiliar (além de ter cooperação de comunidades científicas, quando se tem grande interesse público).
Embora já tenhamos fechado o rol de legitimados, temos discussões em torno dessa natureza de legitimidade. Se identificamos uma legitimidade ordinária (alguém ingressando em nome próprio por um direito que também é seu), e se existem direito difuso (objeto indivisível) e direito coletivo (possibilidade de determinar titulares), seria incabível falar em legitimidade ordinária? Deveríamos falar em legitimidade extraordinária? A doutrina diverge e ainda tem Nelson Neri Jr e Maria Rosa falando em legitimidade autônoma (alguns não concordam, pois este é um instituto do direito alemão) – falam isso (legitimidade autônoma) porque o autor não é o exclusivo titular do direito, além de poder ter os entes como MP, DP que não são titulares do direito. O STJ em várias decisões fala em legitimidade extraordinária,pois o autor ingressa em nome próprio para proteção de direitos individuais, havendo a substituição da legitimidade ordinária. 
Essa opção pelo entendimento da legitimidade como extraordinária acaba tendo consequências importantes: quando pensamos na indisponibilidade da ação coletiva, afinal quem ingressa em juízo está representando o direito de todos, poderia então haver transação? A lei já disse que não. Mas e nas questões consumeristas? E no caso de ajustamento de conduta (não seria caso de transação?)? E se quem está movendo a ação é um representante da sociedade, ainda que tenha o respaldo constitucional, qual seria o limite, ainda mais tendo o princípio da reparação integral? Então, transação, no sentido clássico, é um mecanismo para por fim num conflito de natureza privada, e na transação cada um abre mão de um direito que possui – como vou falar em abrir mão quando há aqui direitos indisponíveis? Embora tenha parte da doutrina falando em ajustamento de conduta, jamais se pode falar que se abre mão do direito. 
Quando olhamos para a ação popular é só o cidadão, mas quando olhamos para a ação civil pública vemos no art. 5º os entes, MP, DP, associações, então são vários os legitimados previstos – então temos legitimados concorrentes e essa legitimidade é concorrente pois todos tem legitimidade para ingressar e disjuntivas, pois eles não tem que entrar todos juntos. Então pela lei observamos que cada um desses entes tem a legitimidade e a representatividade na lei. E se tiver litisconsorte, este será facultativo, podendo o juiz limitar a atuação deles, pois pode ser que o litisconsórcio prejudique a demanda. Pode ter uma ação civil pública movida apenas pelo MP, ou por uma associação ou pela DP, não sendo obrigatória que eles atuem em conjunto, tendo, cada um, autonomia para mover a demanda ou não. 
Observamos que muitas vezes é comum que em vez da associação mover a ação pública, esta provoca o MP, apresentando informações e pede providências ao MP, e aí o MP investiga se aqueles fatos são verdadeiros. Em alguns casos a associação poderia ingressar com a ação, mas não o faz pela falta de recursos. Aqui se vê a importância da inclusão da DP, pois há até mesmo defensores especializados na parte de tutela coletiva, e este órgão apresenta maior estrutura e condições de mover a ação pública. 
Então, quanto mais legitimados mais chance de proteção desses direitos. 
EXERCÍCIOS:
Explique o que se entende por direitos individuais homogêneos.
Na concepção de Mauro Cappelletti e Bryant Garph como pode ser explicada a segunda onda do acesso à justiça? 
Mauro Cappelletti organizou estudo sobre diversas tentativas de se atribuir à população o acesso à justiça. Ele chamou tais tentativas de “ondas renovatórias” e as dividiu em 3 ondas. A primeira trata da assistência judiciária gratuita, especialmente voltada para os pobres. A segunda enfatiza a representação dos interesses difusos. A terceira prioriza uma reforma interna do processo (entendido aqui como procedimento), na busca da efetividade da tutela jurisdicional. 
A segunda onda renovatória tem como foco principal a representação dos interesses difusos e de grupos, pois a concepção tradicional do processo civil (cunho eminentemente individualista) não deixava espaço para a proteção dos direitos difusos. Foram criados, então, mecanismos de viabilização dos direitos difusos, de forma que o processo acompanhasse uma tendência de coletivização da tutela, a partir de demandas-moleculares, ou seja, que envolvem uma gama maior de sujeitos tutelados numa mesma ação. 
Quais as características do processo coletivo? 
O que se entende por entes intermediários da sociedade? 
Como pode ser explicado o princípio da representatividade adequada? 
Em relação à legitimidade ativa para propositura da ação civil pública é possível vislumbrar com base no art. 5º da lei 7347/85 que temos aí uma legitimidade que pode ser caracterizada como concorrente e disjuntiva. Explique o que significa falar na legitimidade concorrente e disjuntiva. 
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Aula 7 – Rio, 11.03.14
TUTELA COLETIVA
LEGITIMIDADE ATIVA
A questão da legitimidade adequada que tem nos EUA, com a “class action”, em que há analise de se quem está representando a demanda pode conseguir suportar a demanda de ação coletiva, não ocorre no direito brasileiro. 
No direito brasileiro, os legitimados já estão definidos no próprio ordenamento (ação civil pública, ação popular, MP). Por força do CDC temos a tutela dos direitos individuais homogêneos em que a interpretação é de que a tutela é feito pelo MP. O MP é legitimado para entrar com ação civil pública em caso de direitos individuais homogêneos, desde que o direito seja indisponível ou que haja interesse social naquela lide.
Qual é natureza dessa legitimidade? Para alguns seria legitimidade ordinária; outros questionam essa primeira afirmação, porque dizem que como tem os entes intermediários não cabe legitimidade ordinária, mas sim a extraordinária. 
A natureza seria de legitimidade extraordinária, pois tem entes representativos da sociedade entrando com ação na defesa de direitos muitas vezes indisponíveis e indivisíveis, sendo mais adequado falar que há uma substituição processual. 
Mas há quem sustente que essa legitimidade tem mais um gênero (Nelson Nery Jr. e Rosa Maria): não poderia falar em legitimidade ordinária, pois os entes intermediários não são os titulares do direito, mas sim apenas representantes daquele direito; também não caberia falar em substituição processual, pois aí só estariam atuando, sendo mais adequado falar em uma legitimidade autônoma concedida pela lei, pois se entende que os entes seriam os representantes adequados, porém não há essa previsão de legitimidade autônoma no nosso ordenamento (isso foi retirado do direito alemão) - ressaltam que a substituição exigiria a identificação dos substituídos. 
Nas decisões do STJ se fala em legitimidade extraordinária e a maioria da doutrina assim se coloca também, ou seja, os entes intermediários são substitutos processuais (exemplo: Mazzilli: entende tratar-se de legitimidade extraordinária – substituição processual).
Temos a questão da legitimidade do MP previstas nos arts. 127 e 129 da CRFB e art. 1º, IV da lei n. 7347/85. 
O cabimento de ação civil pública não impede a propositura de ação popular: Cabe ressaltar que o cabimento da ação civil pública não prejudica a propositura da ação popular, nos termos mesmo do caput do art. 1º da lei n. 7347. Ambas convivem no sistema pátrio, diferindo-se, basicamente, quanto à legitimidade ativa (na ação civil pública o cidadão não pode mover ação), porquanto, quanto ao objeto, tutelam praticamente os mesmos interesses, sendo a popular apenas mais restrita que a civil pública. 
Diferença entre ação civil pública e ação popular com relação ao polo passivo das ações: O polo passivo da ação civil pública é mais amplo do que da ação popular. Na ação popular não há possibilidade de promovê-la se a pessoa que causa o dano ao meio ambiente ou ao patrimônio não tem uma relação – ou seja, é feita em face dos agentes da administração que foram responsáveis pelo ato administrativo que causou a lesão ou em face de algum terceiro que tenha se beneficiado, enquanto que na ação civil pública qualquer pessoa (de direito público ou privado, pessoa física ou pessoa jurídica, etc.) que concorra para trazer a ameaça de lesão a um direito difuso, coletivo ou individual homogêneo poderá participar do polo passivo. 
Diferença entre ação civil pública e ação popular com relação ao objeto das ações: E quanto ao objeto é que o da ação civil pública é muito mais amplo – para defesa de qualquer direito difuso ou individual homogêneo; na ação popular é para anular ato administrativo lesivo. A característica da ação civil pública está exatamente no seu objeto difuso que viabiliza multifária legitimação, dentre outas, a do MP, intermediário entre o Estado e o cidadão. 
O MP tem alguns instrumentos quepodem viabilizar mais facilmente a defesa em juízo da ação civil pública, e tem mecanismos para buscar informações e elementos que são importantes para serem utilizados como meios de prova. Pode se utilizar do seu poder de requisição, sendo o único intermediário capaz disso. Com esse poder pode oficiar diretamente, assinalar prazo para que sejam prestadas informações e apresentados documentos, não precisando promover pela via judicial, pedindo que o juiz oficie – o MP pode diretamente fazer. A recusa da parte de não atender o MP configura crime de desobediência. 
Em relação às associações, elas são legitimadas, mas tem que preencher alguns requisitos legais: estarem constituídas há pelo menos 1 ano e ter como objetivo a defesa de determinado direito. Se existe uma associação criada para defesa do meio ambiente e há questão envolvendo abuso de interesse econômico, não haveria relação entre finalidade e objeto do processo – ou seja, deve haver relação temática. Não caberia defesa desse direito por esta associação, pois não haveria relação temática, nesse caso. Isso existe em relação aos entes da administração pública indireta.
Com relação à DP, entende-se que esta tem a legitimidade para defesa dos direitos humanos, mesmo que seja de direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos de pessoas hipossuficientes. Mas e se no grupo não haver apenas hipossuficientes? Deveria excluir a atuação da DP? Não, pois o que está acima é o interesse público, nesses casos – e além do mais, sendo defesa de direitos individuais homogêneos, há a possibilidade de não ser indivisível a tutela. 
Poderia ter ação civil pública para responsabilização dos administradores pela omissão? E buscar pela ação civil pública a concretização e efetivação de políticas públicas? 
Exemplo: Seria pertinente ação civil pública para que certo município fizesse tratamento adequado de resíduos e de retirada do lixo – como o administrador iria aplicar a sua receita. 
Como esse caso tem questão envolvendo saúde pública e interesse local. Alguns autores colocam que se poderia promover ação civil pública com pedido de obrigação de não fazer (figuraria como parte ré e o pedido seria não lançar resíduos sem tratamento nas águas dos rios – seria uma forma de evitar a discussão); hoje temos lei de tratamento de resíduos sólidos, então podemos falar de ação civil pública para concretizar a CRFB e o que a lei determinou, devendo ser promovido pelo administrador. 
Temos alguns casos em que houve condenação do município por não ter feito determinada fiscalização, por ter se omitido na defesa do meio ambiente e da qualidade ambiental (meio ambiente adequado e equilibrado é direito fundamental), permitindo construção em áreas protegidas, por exemplo. A proibição de construção nesse espaço tem relação com interesse público. Se o município deveria ter evitado construção, quando a lei não permitia, há descumprimento imediato da lei, devendo aqueles que foram responsáveis pela construção responderam pela lesão, bem como o município que se omitiu do seu dever de fiscalizar. Há litisconsórcio passivo do município com o particular. 
“Na realização de obras e loteamentos, é o municípios responsável solidário pelos danos ambientais que possam advir do empreendimento, juntamente com o dono do imóvel” -> STJ, 2ª Turma, RESP n 295797/SP.
Em relação ao MP, se ele não for autor da ação civil pública, será fiscal da lei, é custo legis. Pode apresentar documentos e temos aqui a aplicação do CPC naquilo que não contraria o processo coletivo (CPC diz que MP pode apresentar provas). MP atua cuidando da regularidade do processo coletivo quando é custo legis. 
A CRFB diz que o MP poderá impetrar inquérito civil. O inquérito civil é um procedimento administrativo, não faz parte do processo judicial, mas não é obrigatório, é uma faculdade do MP. Nenhum outro legitimado pode se utilizar desse instituto, trata-se de mero procedimento administrativo, logo se nenhum outro ente pode se utilizar dele, se justifica porque não é obrigatório. Então, a natureza do inquérito civil é de instrumento administrativo. E a sua finalidade é de instrumento para mostrar informações, documentos, provas. Instaura-se inquérito civil para apurar fatos. Não há contraditório no inquérito civil, pois não há o que se falar em processo administrativo; é apenas um procedimento.
Considerando a indisponibilidade da ação civil pública, havendo alguma lesão, se tiver inquérito civil e o promotor ver que não tem elementos para ingressar com a ação, pede o arquivamento para um conselho superior, mas se este conselho superior entender que tem base sim para se entrar com ação civil público, outro promotor deverá ser determinado para ingressar com ação.
Quando será instaurado o inquérito civil e qual a sua finalidade? 
Se houver o arquivamento do inquérito civil, poderá ou não outro legitimado propor uma ação civil pública com o mesmo objeto do inquérito civil?
Por que não há contraditório no inquérito civil?
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Aula 8 – Rio, 13.03.14
INQUÉRITO CIVIL
O MP é um legitimado que tem alguns instrumentos importantes que vão auxiliar a colher informações e vamos notar porque é um dos legitimados que mais tem utilizado a ação civil pública para proteger os direitos coletivos. 
A lei 7347 no art. 8º e a lei complementar 75/93 coloca quais são esses instrumentos do MP – a previsão da instalação do inquérito civil é constitucional – na lei civil pública também há essa previsão e há dispositivo semelhante na lei complementar.
A própria legislação explica que o inquérito civil é um procedimento administrativo. Se não tem elementos suficientes para ingressar com ação civil, pode instaurar esse inquérito. 
Não tem um prazo de duração do inquérito civil, só sabemos que quem instaura e preside e o MP. A lei também fala que pode ter caso de arquivamento desse inquérito – rito do art. 9º da lei 7374. 
-Requisitos formais:
A lei não diz, não fixa. Mas se o objetivo é colher informações e provas, teremos a documentação dessas informações. Então, se o MP convidar pessoas para comparecer, contribuir com informações, identificar elementos que contribuam para a demanda, o MP irá circunstanciar essa oitiva. Se houver a vistoria, também vai documentar com fotos, por exemplo. É importante esse registro, essa documentação.
Não tem prazo fixado para durar – é o prazo necessário para colher informações. 
Art. 8º -> inciso II: poder de requisição do MP – também previsto na lei de ação civil pública. Com esse poder, pode oficiar diretamente algum órgão para apresentação de documentos, por exemplo. Se não atender esse poder, se configura crime de desobediência (§3º). 
Pode não só requisitar informações, mas também perícias. Isso é muito comum na área ambiental. Mas muitas vezes os órgãos da administração pública tem uma limitação, e por isso temos visto o MP muitas vezes tendo um próprio técnico capaz de analisar essas questões. 
MP pode requisitar diretamente: da administração pública informações, técnicos e instrumentos para colher certas informações; documentos a entidades privadas (exemplo: requisitar fita de uma matéria determinada de uma emissora de televisão); pode realizar inspeções; pode averiguar casos em locais privados; pode expedir notificações e intimações relativas a procedimentos e instaurar inquérito. 
MP pode ter acesso a banco de dados – e a questão que paira é: e a questão envolvendo a obtenção de dados de instituições privadas – qual o limite para esse poder de requisição? É possível quebra de sigilo bancário? Se tratar de sigilo de comunicações telefônicas, por haver proteção constitucional ao sigilo de comunicação pessoal, só se tiver autorização judicial, tendo que analisar caso a caso.
Tendo elementos suficientes, propõe a demanda, e não depende de aval. Só se convencer que não tem fundamento para propor a demanda, considerando a relevância dos bens jurídicos sociais tutelados, o MP tem que enviar o pedido de arquivamento para o conselhosuperior. Se o conselho concordar, será arquivado; mas o fato de haver arquivamento não impede que outros legitimados venham a promover a ação civil pública, pois a legitimidade e disjuntiva e concorrente. Além disso, havendo arquivamento, e surgindo novas provas, nada impede que ocorra o desarquivamento do inquérito civil. 
LEI 7347 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Art. 1º da lei 7347, vemos que o objeto da ação civil pública é ação e responsabilidade pelos danos materiais e morais e traz uma lista representativa de matérias tuteladas pela ação civil pública. A disposição já fala expressamente em responsabilização pelo dano material e moral, não sendo excludente: posso ter ação tanto com pedido de dano material e moral. Mas a dúvida é: que tipo de dano moral é esse? Traz à tona a possibilidade de natureza jurídica extrapatrimonial, de um bem que uma vez lesionado pode não só configurar dano material, mas também incidir numa lesão de natureza extrapatrimonial difusa. O STJ reconheceu que além de dano material, havia dano moral numa questão ambiental, por conta da demora que seria para regenerar a região, causando dano a toda coletividade. Há outras decisões nesse sentido, mas sobre direito dos idosos, direito dos consumidores, ações civis públicas trabalhistas com lesão a trabalhadores e situações que ensejaram dano moral coletivo. 
A lei começa falando “sem prejuízo da ação popular” -> os legitimados de cada ação são diferentes, mas há também pontos de toque, pois a ação popular tutela o meio ambiente, patrimônio cultural e a ação civil pública também tutela esses direitos e outros – pode ter ação popular e ação civil pública com mesmo fundamento e mesmo pedido, pois uma não exclui a outra. 
Art. 1º, inciso I: defesa do meio ambiente – toda lógica ambiental é de prevenção, pois há dificuldade para estabelecer status quo ante no meio ambiente. Então, não precisa esperar a lesão ocorrer para tutelar, pois há a ideia de prevenção. Pode ter ação civil pública buscando a tutela inibitória, ou seja, para que o dano não ocorra.
Sobre o meio ambiente, tem que fazer a relação com art. 225 da CRFB: dever de conservar e preservá-lo para gerações futuras. É direito humano fundamental. Meio ambiente saudável e equilibrado para que se tenha vida digna. STF decidiu que o meio ambiente é direito fundamental, de 3ª dimensão e traz os laços de solidariedade, e que as atividades econômicas devem ser realizadas levando em conta esse direito como direito fundamental, possibilitando acesso saudável e equilibrado para as outras gerações. 
Em relação à ação coletiva e civil pública sobre o meio ambiente, há a nota da imprescritibilidade, pois é direito fundamental, configura direito de toda a coletividade, é direito difuso (de todos), guarda relação com direito à vida, então temos direito de natureza imprescritível. Não se discute prescrição. 
Apesar de direito difuso, pode vir a configurar lesão a um direito individual e a tutela coletiva não impede a tutela individual, pois os objetos são distintos. 
Exemplo: Área rural tem contaminação de um rio e um proprietário rural tem terras sofrendo lesão; se tem comunidade perto do rio que -> pode ter ações civis públicas distintas: para punir quem poluiu e indenizar – tutela do meio ambiente como direito difuso; mas também pode ter o pescador que dependia daquela água, então entra com ação individual (direito individual homogêneo). 
Outro exemplo: pode ter propaganda que induz consumidor a erro – na defesa de toda a sociedade tem o pedido de retirar aquela propaganda do ar; pode ser que pessoa que tenha adquirido aquele produto motivado por propaganda enganosa, mova a sua ação individual.
Inciso III: preservação da cultura de um povo, proteção de patrimônio histórico e cultural. Há possibilidade de tombamento para proteger bens históricos e culturais. Pode ser protegido por ação civil pública prédio que tenha sido tombado, e quer impedir o demolição; pode ter também proteção de bens materiais e morais – exemplo: manter determinado local, não pelas características arquitetônicas, mas é importante por ser referência de cultura de uma região (exemplo: cantigas, danças populares, festa populares) – o patrimônio imaterial também pode ser protegido pela ação civil pública. 
Inciso IV: Pode por meio de ação civil pública declarar o valor cultural de um bem e ser requerido também uma obrigação de fazer, de manter uma proteção para aquele bem? Sim, pode ter natureza declaratória – ação civil pública declarando o valor cultural de um bem e promover o tombamento do bem para ter a sua proteção. Vemos com isso a amplitude do nosso objeto. 
Inciso V: Um dos papeis do Estado na ordem econômica é normatizar e também fiscalizar, incentivar e fiscalizar. Estado tendo papel de controle, tem poder para coibir o abuso da concorrência econômica. Lei 12529/11: Nova Lei da Concorrência – a ampliação da ação civil pública para incluir a reparação dos danos morais e mantem-se no objeto a responsabilização pelo dano moral.
Inciso VI: A cidade tem que cumprir a sua função social – temos estatuto da cidade que diz que deve manter o bem estar do território urbano – direito difuso de boa gestão dos territórios, pois isso implica na qualidade de vida. O espaço urbano é importante e temos a proteção da ordem urbanística, que configura direito difuso da coletividade. 
Inciso VII: Proteção de portadores de necessidades especiais; para grupos minoritários; -> ação civil pública cuidando de questão de gênero, para responsabilizar preconceito em relação ao gênero. 
Inciso VIII: Pode ter ação civil pública para improbidade administrativa – temos a lei configurando legitimidade ao MP e aos entes da administração pública que tenham sido lesionados ou estejam na eminência de sofrer lesão. Lei 8429: previsão expressa da legitimidade do MP e de entidade da administração pública que tenha sofrido a lesão para entrar com ação civil pública. A lei da improbidade estabelece prazo prescricional de 5 anos para propositura da demanda.
Se o ato de improbidade tiver configurado lesão ao erário – art. 37, §5º da CRFB – a reparação de dano ao erário é imprescritível. Pode ser condenado a ressarcir o erário. 
-Reparação de dano moral coletivo:
Em relação, à reparação do dano moral tem muita discussão e para as questões ambientais teve uma primeira decisão em que prevaleceu entendimento de que para lesão ambiental não se poderia falar em dano moral, pois o dano moral tem natureza individual, não sendo possível pensar em um sofrimento coletivo. Mas o ministro Fux disse que há caráter extrapatrimonial do meio ambiente – o equilíbrio ambiental é direito de gerações presentes, mas também das futuras; tem caráter extrapatrimonial de proteção da vida e começou a ter discussão sobre isso. 
Nessa decisão o STJ não reconheceu dano moral coletivo. Mas em outras turmas e outras matérias do STJ encontramos decisões que afirmam ocorrer dano moral coletivo. E não apenas sobre a questão do meio ambiente, mas também sobre consumidores, etc. 
RESP 598281/MG.
A lei da ação civil pública no seu art. 1º fala de reparação de dano moral. Tutela direito ao meio ambiente equilibrado, proteção da infância, proteção dos idosos, proteção de portadores de necessidades especiais, proteção de patrimônio público – então como vai restringir o objeto e dizer que o dano moral é para defesa de direitos individuais homogêneos (na fase de liquidação e execução) apenas? A lógica da ação civil pública é a proteção de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (defesa coletiva de direitos que tem natureza social e a própria logica de buscar economia processual justifica o tratamento coletivo), não podendo restringir o objeto ao dano moral individual. Porém, há quem não enxergue essa lesão de dano moral coletivo. O encaminhamento atual é no sentido de ter a possibilidade de pedido de condenação por dano moral coletivo, apesar dessa questão ainda ser muito discutida. 
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Aula 9 – Rio, 18.03.14

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