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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS G1 NÃO ATUALIZADO PELO NCPC

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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – BRUNO GARCIA REDONDO
Aula 1 – Rio, 13.08.14
Procedimentos especiais são os procedimentos que o legislador prevê com determinadas alterações. 
Já estudamos o procedimento comum, mas estas espécies aqui são diferentes. A primeira espécie se subdivide em três: 
Ordinário – regra geral do CPC – art. 282 em diante – petição inicial, contestação em 15 dias, reconvenção, recursos, audiências com testemunhas e peritos. 
 
Sumário – é regulado do art. 275 ao art. 281 – pouquíssimas alterações com relação ao ordinário. O sumário segue nas omissões do ordinário. 
No ordinário, na petição inicial e na contestação já é obrigatório apresentar rol de testemunhas, indicar assistente técnico e formular quesitos, sob pena de preclusão. Entretanto, no sumário não tem que apresentar quesitos, o juiz nomeia o perito, logo não preclui. 
No ordinário, o réu é citado para apresentar resposta em 15 dias (contestação), enquanto que no sumário o réu é citado para comparecer à audiência de conciliação e só se não tiver conciliação é que na audiência ele apresenta contestação, que pode ser escrita ou oral. 
Outra diferença é quanto ao cabimento. O sumário só cabe no que diz o art. 275. Se for uma causa que se enquadre nessas hipóteses é obrigatório que se siga o rito sumário. São hipóteses especificas de cabimento, que se presentes tornam o sumário obrigatório. 
Inciso I diz que são para causas até 60 salários mínimos – critério de valor da causa.
Inciso II – critério em razão da matéria – ou seja, independe do valor da causa. 
Mas ainda que sejam diferentes, tanto o ordinário como o sumário são considerados procedimentos comuns. 
Sumaríssimo – as três leis de juizado. É comum, mas não está regulado no CPC, mas sim em legislação extravagante.
Há polêmica se é sumaríssimo ou se já é procedimento especial. 
-Da onde vêm os procedimentos especiais
Estão no livro IV do CPC e tem duas nomenclaturas: Procedimento especial de jurisdição contenciosa; Procedimento especial de jurisdição voluntária.
E existem procedimentos especiais em legislação especial – como é o caso dos juizados e várias outras ações que têm o rito em uma lei diferente (exemplo: mandado de segurança – lei de 51 que foi reformada por uma lei de 2009; 4 ações locatícias – despejo, renovatória, revisional; ações coletivas – lei de ação civil pública, ação popular, improbidade administrativa; alienação fiduciária e garantia; usucapião de terras rurais). Logo, o CPC é a regra geral, trazendo o procedimento comum. 
Procedimento especial consiste em alterações do procedimento padrão, com relação ao procedimento comum. Não dá pra seguir pelo art. 282. 
-A doutrina tenta ver o que leva o legislador a fazer essas alterações:
Pode ser em razão do sujeito – critério subjetivo. Exemplo: interdição – procedimento especial voluntário. Sujeito que tem que ter uma proteção especial. Fazenda Pública – procedimento voluntário
Pode ser para direitos com diferentes graus de relevância – por exemplo: direito de posse tem maior relevância que direito de crédito, pois tem maior relevância social. Dependendo do tipo de direito, o legislador dá um rito diferenciado para aquele direito. 
Pode ser para o tipo de direito que se prova de determinada forma – tem que ter procedimento adaptado para aquele tipo de prova. Exemplo: ação monitória – não precisa entrar com processo de conhecimento, o sujeito tem um título, mas não pode entrar com execução, mas sim com ação monitória. 
-Quais são as mudanças práticas? 
Procedimento especial pode conter alteração de qualquer espécie.
Existe uma ação em que existe um processo com duas fases de conhecimento – procedimento bifásico de conhecimento;
Alguns procedimentos têm um rito mais célere. De um determinado momento para frente tem que seguir o rito sumário ou cautelar, por exemplo;
Em outros casos o legislador prevê expressamente liminares e inaudita altera partis; 
Diferentes prazos de resposta – procedimentos especiais chegam a prever quatro prazos de resposta diferentes dependendo do rito. 
-Flexibilização do procedimento
Temos três espécies de flexibilização:
Pela lei – a própria lei traz mudanças sobre o procedimento padrão – o próprio legislador pode de antemão flexibilizar. Normalmente ocorre quando a necessidade de mudança é muito frequente -> a sociedade muda e então a lei tem que se adequar (dá muito problema no prazo de defesa, então surge a mudança no prazo de defesa). O legislador é incapaz de prever todas as peculiaridades do caso concreto e por isso entram as outras duas espécies de flexibilização;
Pelo juiz – o juiz pode mudar o procedimento? Se divide em duas espécies:
a)Típicas -> Há prévia indicação da modificação. O próprio legislador diz o que pode ser modificado – “o juiz pode fazer a modificação ‘x’”. O juiz pode converter o critério sumário para ordinário – art. 277; art. 6º, inciso VIII do CDC diz que juiz pode modificar o ônus da prova do art. 333 do CPC; juiz pode determinar a suspensão do processo; art. 557 do CPC: poderes do relator do recurso.
b)Atípicas -> Além da flexibilização típica, o juiz poderia fazer flexibilização atípica, isto é, sem previsão na lei? A lei diz que o juiz só pode ampliar prazos dilatórios (FELXIBILIZAÇÃO TÍPICA) – Mas poderia o juiz modificar prazos que não são dilatórios, como por exemplo o prazo de contestação? Poderia o juiz modificar o nº máximo de 10 testemunhas? O juiz poderia modificar o prazo para impugnar laudo técnico de perito? Não tem nenhum artigo que dê esses poderes ao juiz. 
No anteprojeto do novo CPC tinha um artigo que dava amplos poderes atípicos para o juiz – de acordo com as peculiaridades do caso, que justificasse determinada alteração e observado o contraditório. Esta redação está no Código de CPC desde 1996; na Inglaterra e nos EUA tem a mesma regra, podendo o juiz modificar o procedimento. 
Acontece que dar esse amplo poder ao juiz brasileiro, causa receio. O Senado fez uma restrição dos poderes do juiz: o juiz só pode ampliar prazos e mexer em provas. Tal redação foi também aprovada pela Câmara. 
Pode-se falar que existe princípio implícito que daria ao juiz poderes maiores do que apenas esse, tendo o juiz amplos poderes de gestão de flexibilização? Há autores que acreditam no princípio da adequação judicial/flexibilização procedimental (Humberto Ávila; Fredie Didier Jr.; Alexandre Câmara; Fernando Gajarnone; José Roberto Bedaque): juiz adequando o procedimento -> se disse que existe esse princípio, reconhece-se que o juiz tem amplos poderes de flexibilização, isto é, o juiz tem poderes atípicos. 
Pelas partes – as partes podem de comum acordo promover alterações no procedimento? Se divide em duas espécies:
a)Típicas -> Há prévia indicação da modificação. O próprio legislador diz o que pode ser modificado – “as partes podem fazer a modificação ‘x’”. As partes podem fazer cláusula de eleição de foro – as partes escolhem a competência (mesmo que relativa); as partes podem convencionar sobre o ônus da prova como prevê o art. 333, parágrafo único do CPC; as partes podem escolher o tipo de execução. 
b)Atípicas -> Além da flexibilização típica, as partes poderiam fazer flexibilização atípica, isto é, sem previsão na lei? O código atual é total omisso sobre o poder das partes alterarem o procedimento de forma atípica.
Com relação ao novo projeto de CPC, a Comissão de Juristas não trouxe cláusula geral de atipicidade, ou seja, autorização genérica de poderes atípicos. A versão do Senado também é omissa nesse sentido. Na Câmara foi inserido um artigo que traz cláusula geral de atipicidade pelas partes – esse artigo permitiu a celebração de acordo de procedimento/convenções processuais (Barbosa Moreira) – negócio jurídico sobre regras de processo, promovendo mudanças no procedimento. As partes capazes, de comum acordo, podem promover mudanças no procedimento, mas não diz quais (art. 191 da versão da Câmara), e, além disso, as partes podem convencionar sobre seus direitos, deveres, faculdades e ônus. O Senadomantém esse artigo. E provavelmente será essa a versão aprovada. Tais mudanças não precisariam de homologação judicial, valendo, portanto, tais cláusulas de imediato, tendo as partes que seguir aquilo – o judiciário poderia fazer apenas um controle a posteriori. 
O professor acha que o art. 158 do CPC já diz isso: os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais. A diferença do código atual para o projeto é que o código atual fala de forma concisa e o projeto terá dois artigos e dirá expressamente que as partes podem fazer essas modificações. 
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Aula 2 – Rio, 20.08.14
PROCEDIMENTO ESPECIAL PROPRIAMENTE DITO
Dividem-se em procedimentos especiais de jurisdição contenciosa ou jurisdição voluntária. 
A VOLUNTÁRIA não quer dizer a ausência de lide, não quer dizer consenso (no caso de interdição pode ser que haja briga para ver quem será o curador; ou então o interditando não quer ser interditado), mas a voluntária busca uma integração do negócio jurídico – exemplo: interdição; separação e divórcio consensuais. A integração é no sentido de se buscar uma decisão judicial que conceda validade e eficácia ao negócio jurídico. Ou seja, as partes só podem ter isso com a chancela do judiciário.
A CONTENCIOSA o pedido não é de validade e eficácia da vontade das partes, então o pedido não é de integração do negócio jurídico. É pedido declaratório ou extintivo.
-Procedimentos em espécie
1) AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Arts. 890 a 900 do CPC.
Em direito civil é uma modalidade de extinção do negócio jurídico. A sentença declara que ocorreu a extinção desde o pagamento. O pagamento não é feito ao credor, mas sim a terceiro, que no caso é o juiz.
-CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Arts. 890, §1º a §3º - passou a permitir a consignação extrajudicial. 
Só pode ser de dinheiro. 
É feita em banco – instituição bancária.
Devedor tem que ir ao banco e abrir uma conta para fazer o pagamento, mas o banco envia uma carta para o credor, avisando que o devedor depositou a quantia. O credor tem que ser comunicado com correspondência com aviso de recebimento. O credor tem 10 dias para manifestar a recusa. 
 
Havendo recusa em 10 dias, o depositante (devedor) passa a ter um prazo de 30 dias para entrar com a consignação judicial. Se o devedor entrar nesses dias mantém a eficácia do depósito, ou seja, é considerado pago desde o dia do depósito – o processo vai demorar 10 anos e o juiz vai ver que o devedor tinha razão, que pagou a quantia certa na data certa e entrou com a ação no prazo correto, então mesmo que se tenham passado 10 anos o devedor não terá que pagar com juros e nem incidirá correção monetária. 
O aceite do credor extingue a obrigação na totalidade. 
-CONSIGNAÇÃO JUDICIAL 
É um processo de conhecimento.
O objetivo principal é obter a declaração de adimplemento.
Competência -> o juízo competente está no art. 891: local onde a obrigação tenha que ser cumprida – tem que analisar no contrato (domicílio do devedor ou do credor – quesível ou portável) 
Legitimidade ativa -> arts. 304 e 305 do CC – devedor e terceiro podem fazer consignação em pagamento. A dúvida que existe é se é consignação em pagamento no plano de direito material ou se é na ação civil? Terceiro poderia ser autor da ação de consignação em pagamento? Há um choque na doutrina e não há majoritário e minoritário:
1ª Corrente) Humberto Teodoro -> fala que terceiro independentemente de interesse jurídico pode consignar, pois é o que consta no código civil. É uma exceção à regra geral processual civil. 
2ª Corrente) Carlos Alberto Marcato -> só o terceiro com interesse jurídico pode consignar.
Legitimidade passiva 
Será réu da consignação em pagamento o credor. 
CC fala que poderá haver consignação quando a recusa do credor for ilegítima.
Mas também fala que pode ocorrer quando tiver dúvida a quem se deve pagar. Então se o fundamento da ação for dúvida a quem pagar, terá que haver, processualmente, um litisconsórcio passivo necessário entre todos os possíveis credores, sob pena da sentença ser ineficaz (caso não ocorra o litisconsórcio passivo necessário). 
Procedimento 
1)Petição inicial -> requisitos gerais de qualquer inicial + art. 893 (requisito específico): o autor tem que requerer o deferimento do depósito em 5 dias -(pede que o juiz receba a inicial, mostra que o credor não quer receber) e antes da citação o juiz dá o prazo de 5 dias para que o autor faça o depósito (depois da inicial e antes da citação). Só se depositar em 5 dias é que o réu será citado. 
Se não depositar em 5 dias, o processo é extinto sem resolução de mérito. 
Realizado o depósito em 5 dias (ou tendo sido feito antes o depósito bancário anterior – extrajudicial), o réu é citado para:
Oferecer resposta -> instaura-se a fase litigiosa;
Analisar se aceita o depósito -> requerer o levantamento no momento inicial (concordância) – significa processualmente o reconhecimento da procedência do pedido (art. 269, inciso II) – reconhece que o autor tem razão, sendo o réu condenado em custas e honorários;
Ficar inerte -> consequência: revelia – gera uma presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. É a ausência de resposta, que gera presunção relativa de veracidade dos fatos alegados pelo autor (art. 319 do CPC). O juiz julga procedente o pedido, liberando o autor do dever de pagamento (da obrigação). Mas isso é criticado, pois há quem diga que a presunção de veracidade é meramente relativa, não tendo que obrigatoriamente o pedido ser julgado procedente. 
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Aula 3 – Rio, 22.08.14
2)Espécies de resposta 
Quando o réu apresenta resposta - quais são as respostas possíveis? Podem ser apresentadas contestações, exceções, impugnações e de reconvenção. 
Exceção e impugnação não têm polêmica. A reconvenção é reconhecida na maioria das hipóteses, com exceção quando o réu credor quiser alegar insuficiência do depósito. Se o réu credor quiser fazer isso, ele quer a condenação dessa parte faltante, mas, no procedimento especial, é um procedimento dúplice, onde o réu pode fazer pedido dentro da contestação, mas precisa criar uma reconvenção. Aí há a condenação. Outros pedidos podem ser por reconvenção. Agora, a contestação do CPC, ART 896, que somente pode versar sobre alguns assuntos – mas é rol taxativo? É taxativo apenas em relação ao direito material, mas podem vir outras matérias, como processuais, na contestação. Em relação ao mérito, só do ART 896.
No CPC, ART 896, quando se fala de insuficiência do depósito, deve haver declaração o montante devido para essa alegação ser levada em conta. O CPC, ART 899 diz que o juiz vai intimar o autor para complementar. Mas tem uma quantia incontroversa, pois réu e credor não chegam a um consenso, o processo segue apenas para ver se tem diferença, ou seja, há o levantamento do depósito inicial. O que ocorre se o autor devedor complementa nos 10 dias nos moldes que o réu credor indicou? A obrigação estará extinta. A consignação tem que ser julgada procedente. É uma sentença que julga procedência autor, mas o ônus de sucumbência é do autor, pois ele deu causa ao litígio, ele depositou menos e fez o réu contratar advogado para se defender.
Se achar que não deve aquilo, o autor impugna o pedido de insuficiência, há instrução processual sobre aquilo, provas, alegações finais, dentre outros fatores. O juiz vai ter que analisar que, se não era insuficiente, o réu credor é condenado nas custas e honorários. Se o juiz achar que houve insuficiência, a sentença terá dois capítulos – primeiro lugar, o juiz julga parcialmente procedente o pedido de consignação e, em segundo lugar, condena o autor ao pagamento da diferença e o autor é condenado em custas e honorários.
É possível que a obrigação seja de prestação periódica. O alimentar por exemplo. O processo de consignação demora e precisade novos depósitos ao longo do processo. CPC, ART 892 – é faculdade de o autor pagar as parcelas que vão se vencendo. A vantagem de pagar é se livrar dos ônus da mora. Pode pagar até cinco dias depois do vencimento. Não pode depositar depois da sentença, pois se consigna até a sentença, a próxima que vencer não pode consignar na fase de recursos e, assim, deve entrar com outra ação de consignação.
3)Matérias alegáveis na contestação
Art. 896 do CPC – traz um rol de matérias. A doutrina diz que esse rol é taxativo apenas em relação ao mérito, pois além de mérito o réu pode alegar outras matérias (apesar de não estarem nesse rol, podem ser alegadas). 
1)Pode alegar que não há mora
2)O réu credor pode alegar que a recusa foi legítima 
3)O depósito não foi realizado no prazo do pagamento – o réu credor pode alegar que, na verdade, quem está mora é o autor devedor
4)Pode alegar que o depósito não é integral (é a hipótese mais comum). Parágrafo único -> se o réu credor alegar essa última hipótese, terá que indicar qual é montante devido. 
Art. 899 do CPC -> autor deve ser intimado para complementar em 10 dias, se o réu credor diz ser o depósito insuficiente. Nessa hipótese, há um valor incontroverso. Então o §1º vai falar que o réu credor pode levantar a quantia depositada – enquanto se debate se tem que ser depositada a diferença ou não, a quantia depositada pode ser levantada pelo réu.
Se for complementado em 10 dias, o pedido da consignação é julgado procedente, porém o autor é condenado em custas e honorários. 
Se não complementar em 10 dias e quiser rebater, temos a fase de instrução probatória da consignação em pagamento, com perícia contábil. O valor incontroverso é levantado, estão debatendo sobre o restante e aí vem decisão:
Se o juiz concluir que o depósito foi suficiente (que o autor devedor já tinha pago integralmente), o juiz julga procedente o pedido e condena o réu em custas e honorários, porque o autor devedor estava certo. 
Se o juiz concluir que o depósito foi insuficiente, a sentença vai condenar o autor na diferença.
Por isso não cabe reconvenção, pois o juiz já condena a ser paga a diferença, caso o depósito tenha sido insuficiente. Essa sentença vale como título.
4)Prestações periódicas
Art. 892 do CPC – se o credor se recusou a receber a primeira parcela, no mês seguinte irá fazer a mesma coisa com a segunda, com a terceira. Diante disso, teve que se bolar um processo para evitar esse problema. Teria que se entrar com milhares consignações em pagamentos para cada mês? O próximo debate poderia ser insuficiente. Para resolver isso, esse artigo fala que essas prestações devem ser depositadas na mesma consignação em pagamento, no mesmo processo. Inicia o processo e deposita a primeira; não tem sentença ainda, paga as outras parcelas no mesmo processo.
O CPC fala que as prestações têm que ser depositadas em até 5 dias depois do vencimento (isso vale da segunda em diante). Esse sujeito não estará sendo considerado em mora. A lei diz que está dentro do prazo o depósito consignado 5 dias depois. 
Só se consigna até a sentença – vai consignando no curso do processo todas as prestações que vão vencendo, mas só até a sentença, porque:
Para evitar uma confusão procedimental – para evitar problema de guia em tribunal 
A sentença é declaratória (olha sempre para trás) – se ocorre erro depois da sentença, como o juiz poderia ver isso? Não poderia corrigir isso. A apelação só olha para a sentença, então o marco temporal é a sentença. O juiz só declara os depósitos que foram feitos até a sentença.
Depois da sentença, pode ser que vença a próxima prestação, então esta deverá ser consignada em um próximo processo de consignação. 
5)Sentença
A sentença vai variar conforme tenha sido realizado ou não complementação do depósito.
Se o autor deposita e o réu concorda -> sentença de procedência com condenação do réu em custas e honorários. O réu está concordando que estava recusando indevidamente. SENTENÇA MERAMENTE DECLARATÓRIA -> declara que a obrigação foi extinta no momento correto (no momento do vencimento e não no momento da sentença. Considera-se a data do pagamento retroagindo para a data da petição inicial). 
Se tiver tido consignação extrajudicial, a data do depósito considera-se a data do depósito no banco (retroage mais ainda). 
Se o autor consigna, réu alega insuficiência (réu discorda) e o autor complementa -> procedência do pedido com condenação do réu em custas e honorários. SENTENÇA MERAMENTE DECLARATÓRIA -> declara que a obrigação foi satisfeita NA DATA DA COMPLEMENTAÇÃO. 
Se o autor deposita, réu alega insuficiência e não há complementação -> o juiz chega à conclusão de que o depósito era insuficiente. SENTENÇA CONDENATÓRIA AO PAGAMENTO DA DIFERENÇA. O juiz não pode declarar que a obrigação estava extinta, porque senão não teria o que cobrar depois. Ele fala que falta uma parte. 
Tem que julgar, então, o pedido procedente parcial ou improcedente? A doutrina diz que o correto seria julgar o pedido improcedente, porque o autor devedor não está certo por pagar uma parte, mas está errado por não ter pago a integralidade. Então seria uma improcedência com condenação do autor pagar a diferença. Isso vale como título executivo.
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Aula 4 – Rio, 27.08.14
2)AÇÃO DE DEPÓSITO
Arts. 901 a 906 do CPC.
-Espécie de bem que pode ser objeto de depósito
Art. 627 do CC fala que cabe depósito de bem móvel. 
Alexandre Câmara fala que cabe depósito de imóvel nas hipóteses de arresto e sequestro.
E de forma mais ampliativa do que Câmara, o Humberto Thedoro fala que pode ser objeto de depósito tantos bens móveis quanto imóveis, pois o diploma que o rege não é apenas o CC, uma vez que existem vários decretos e outras legislações que falam de depósito de bem imóvel (legislações extravagantes). 
Isso gera consequências para a ação de depósito. 
-Espécies de depósito propriamente dito
A doutrina classifica:
Depósito regular -> depósito de bem infungível, porque não pode ser substituído por outro de mesma qualidade e quantidade. 
Depósito irregular -> depósito de bem fungível – devolve uma coisa semelhante, com as mesmas características.
A ação depósito busca obrigar o depositário a devolver o bem. A dúvida é: cabe ação de depósito para ambos os tipos de depósitos acima? O STJ diz que só cabe ação de depósito nos casos de depósito regular (bens infungíveis). 
Mas a doutrina diz que também deve caber ação de depósito, no caso de depósito irregular, quando houver uma cláusula proibindo o uso e o consumo da coisa. Porque apesar do bem ser fungível, assemelha-se ao depósito regular, aproximando-se de bem infungível.
-Legitimidade
Ativa -> pode ser autor de ação de depósito: é o depositante, isto é, quem deu o bem em depósito. Quem tem a posse do bem.
OBS.: Não é necessário que o depositante seja o dono da coisa. O depositante é quem deu a posse do bem em depósito. 
Passiva -> pode ser o réu da ação de depósito: é o depositário, isto é, quem recebeu o bem em depósito. Tem que ser um depositário infiel, ou seja, que tenha se recusado a devolver a coisa. 
Dúvidas quanto à legitimidade passiva que surgiram:
Herdeiros ou sucessores podem ser réus da ação de depósito? 
O majoritário é que sim, pois se entende que a relação de depósito não é personalíssima, podendo ser transmitida aos herdeiros.
Pode nomear PJ como depositário? 
O entendimento dominante é que sim. Logo, pode ser réu de ação de depósito também. 
A polêmica é que cabia prisão. 
-Competência
O CPC no Livro IV não traz regras diferenciadas de competência, então vale o art. 94 do CPC, que fala das ações não reais, e que o competente é o foro do domicílio do réu. Onde o depositário tiver domicílio é aonde a ação deve ser proposta. 
O art. 94 é critério relativo de competência, ou seja, tem que ser domicílio do réu, mas se entrar em outro local, cabe ao réu entrar com alegação de incompetência. Caso o réu não entre com exceção de incompetência, o localescolhido pelo autor torna-se competente. 
-Procedimento:
1) Petição inicial -> art. 282, 283 e 39, inciso I + requisitos específicos: 
Prova escrita do depósito – art. 902 do CPC – a petição inicial deve ser acompanhada da prova escrita, ou seja, comprovação literal do depósito. O depósito pode ser verbal ou escrito, mas para caber ação, tem que ser escrito.
Estimativa do valor do bem -> porque se o bem não for devolvido, terá que haver uma condenação no equivalente com perdas e danos. 
Pedido de prisão civil -> art. 902, inciso I – por no máximo 01 ano. É diferente da prisão civil do devedor de alimentos (3 meses ou 60 dias). O depositário infiel fica preso por 01 ano pelo prazo do CPC. 
Havia a polêmica de saber se cabia decretação de prisão por ofício ou se era requisito da petição inicial a doutrina se posicionava da seguinte forma: 
Câmara entendia que é essencial o pedido da parte ao interpretar o art. 902, inciso I do CPC.
Humberto Teodoro Jr. -> cabe a determinação da prisão de ofício, então o juiz pode mandar prender, mas fala que a expedição do mandado é essencial o requerimento da parte, ou seja, para cumprir precisa de pedido. 
O majoritário é que pode ser de ofício, pois este é o rito da lei. 
Pedido de fixação de medida de apoio -> exemplo: entrega em 5 dias sob pena de multa. Art. 461 do CPC – para embasar a ordem devolução, a fixação de multa. 
2)Citação do réu -> Recebida a petição inicial, o réu será citado. O prazo para ser citado é de 5 dias do recebimento da inicial. Em 05 dias o réu pode adotar diversas condutas:
Entregar a coisa -> Entrega em direito civil é adimplemento. Se o réu entrega, ele cumpre a obrigação. Significa processualmente em reconhecimento do pedido – art. 269, inciso II. Logo, o processo é extinto, com condenação do réu em custas e honorários, pois este reconheceu que estava em mora. 
Depositar a coisa -> O depósito não é adimplemento, logo não é entrega. Ao fazer isso não está concordando com o autor. O réu faz isso para se livrar da expedição de mandado – não quer mandados de busca e apreensão de emissão da posse, evitando a aplicação de multa e prisão civil – mas isso só ocorre quando a coisa não “aparece”, quando não é apresentada. 
O réu pode consignar o equivalente em dinheiro -> diz o valor atualizado da coisa e aí o réu pode não entregar ou devolver e deposita o equivalente em dinheiro. Com isso, tem que justificar a impossibilidade material de apresentação da coisa. É a última das soluções possíveis, pois é a indenização. 
O autor tem a chance de discordar na réplica, não só falando que o valor não é equivalente, como ainda pode pedir a coisa, pois não está convencido que a coisa pereceu ou se desfez, por exemplo. 
Contestar a ação -> você não contesta a ação e sim o pedido. Se o réu quiser apresentar reconvenção? Também valem os 5 dias ou é só para contestação? O CPC não é certeiro, mas é possível inferir, sem dúvidas, que vale para todas as respostas.
Há um rol de matéria de contestação, ou seja, pode alegar outras matérias civis segundo o parágrafo 2º do ART 902.
Além da contestação, o réu pode apresentar reconvenção, exceções e impugnações. Se o réu contestar, observar-se-á o procedimento ordinário, segundo o ART 903. Por que a ação de depósito é procedimento especial? O legislador só quis mudar o início (petição inicial, contestação, dentre outros), mas, a partir da resposta, rito comum.
Art. 903 -> a partir da resposta, o procedimento se torna o ordinário. Então qual foi a mudança do procedimento comum para o especial? Requisitos especiais, diminuir prazo para a resposta, possibilidade de prisão, possibilidade do equivalente em dinheiro. 
3)Sentença 
Se julgar o pedido procedente, o juiz tem que determinar a expedição de mandado de entrega da coisa ou o equivalente em dinheiro, se ao longo da instrução mostrar que a coisa não pode mais ser entregue, em 24 horas. Mas o prazo de 24h não começa a correr da sentença, mas sim de quando começa a execução. 
Se passarem 24h da execução sem a entrega da coisa ou depósito equivalente, terá a expedição de mandado de busca e apreensão, se for bem móvel, e imissão na posse, se for bem imóvel. Além disso, quando cabível, o juiz podia expedir mandado de prisão, em paralelo. 
Também há possibilidade de penhora -> a coisa apareceu 20 dias depois, tendo 15 dias mora, surgindo multa. Na execução, penhora para cobrir a multa.
-Questão da prisão civil: 
Art. 5º, inciso LXVII da CRFB. 
Além disso, o CPC permite a prisão do depositário infiel no art. 666,§3º (depositário infiel judicial – da execução); 
Arts. 902,§2º, 904, parágrafo único – depositário infiel contratual; 
Súmula 619 do STF: dizia que cabia prisão do depositário por mera decisão interlocutória – mas isso não se aplica mais, porque a EC 45/2004 inseriu o §3º no art. 5º, que fala de tratados internacionais que ampliarem garantias e forem provados com quórum qualificado, entram com status de EC. E aí a pior polêmica não eram dos tratados novos, pois estes entram com força de emenda, mas como ficavam os tratados aprovados até 2004? O STF começou a analisar essa questão e existem dois tratados anteriores que não permitem a prisão civil do depositário infiel: Pacto de San José da Costa Rica e Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – um deles só menciona prisão de depositário infiel no caso de devedor de alimentos e o outro fala que não cabe prisão civil de depositário infiel. 
Diante disso, revogaram a Súmula 619. E editaram a súmula vinculante nº 25: é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito (judicial ou contratual).
O STJ editou uma súmula no mesmo sentido – Súmula 419 do STJ: descabe a prisão civil de depositário judicial infiel (esqueceram de mencionar a modalidade contratual. Mas STJ não precisa ter sumulado, pois o STF já o tinha feito). 
Professor acha isso ruim, pois a prisão é a técnica mais efetiva de fazer a coisa em depósito aparecer.
Alexandre Câmara diz que a súmula está errada, porque o art. 5º§3º da CRFB diz que entra com status de emenda tratado que amplia garantias, mas não é o caso aqui, pois não amplia a garantia de quem está certo (o credor), mas amplia a garantia do devedor, diminuindo a técnica mais efetiva que o credor tinha para garantir a devolução do bem. 
3)AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS
Arts. 914 a 919 do CPC
Existem duas ações de prestação de contas – pode ser pelo autor ou pelo réu:
Ação de oferecer ou prestar contas -> é a do devedor das contas (que é o autor da ação de prestação de contas).
Ação de exigir contas -> é a ação do credor das contas – ele alega que pediu contas, mas o devedor das contas não as prestou. 
Em ambas as ações não têm como objetivo declarar apenas se a conta prestada foi no valor correto. Porque sempre se chega a três possíveis resultados: um saldo credor, um saldo devedor ou um saldo zero. É uma ação que busca além de pagar a diferença devida.
-Cabimento
Art. 914 do CPC, inciso I: exigir contas; inciso II: oferecer contas.
-Forma de prestação das contas
Art. 917: as contas têm que ser prestadas de forma mercantil, ou seja, sob forma contábil – significa que tem que haver duas colunas (crédito e débito), tem que discriminar cada valor, parcela e ato, tem que indicar o saldo final, indicar quem está devendo para quem, e tem que apresentar os comprovantes de créditos e débitos. 
O objetivo do CPC decidir essa forma contábil: permitir o contraditório e a ampla defesa e facilitar a condenação pelo juiz em eventual saldo – forma prestada de conta mais clara facilita contraditório e ampla defesa, a perícia contábil e um saldo mais preciso. 
Sendo no final apurado eventual saldo, a sentença já deve condenar ao pagamento. 
Essa condenação (pagar o saldo) pode ser do autor ou do réu. Independentemente da prestação estar correta. 
Exemplo: ação de oferecer contas – devedor é o autor (quero prestar contas e o credor não quer) -> julgado procedente o pedido, isto é, o sujeito era devedormesmo, prestou da forma correta, mas ainda assim não ofereceu todo o valor que tinha que pagar, então será condenado a prestar a diferença mesmo assim. 
-Pedido contraposto ou reconvenção
Esta ação tem procedimento dúplice. 
Se o réu pede para autor pagar, isto é pedido na contestação, não cabendo reconvenção.
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
É a do credor da prestação de contas – sujeito tem direito de ter satisfação do que foi feito com o dinheiro dele. É procedimento especial, porque aqui temos duas fases de conhecimento:
Analisa se há o dever de prestação de contas -> pode ser que o sujeito nunca tenha contratado nada com ele;
Só existe se a primeira fase for procedente, isto é, de que se deve prestar contas. Primeira fase de conhecimento: para apresentar as contas. Segunda fase de conhecimento: para apurar eventual saldo. 
1)Petição inicial -> autor alega o dever do réu de prestar contas e ele pode, unilateralmente, já apresentar sua versão da prestação de contas.
2)Réu é citado – é citado para em 5 dias apresentar as contas ou oferecer resposta. Se apresentar as contas, acaba a primeira fase de conhecimento, reconhecendo o dever de prestar contas. Juiz dá sentença de procedência. A segunda fase se inicia, então, automaticamente. 
Porém, o réu pode apresentar as contas e oferecer contestação, a fim de falar que não estava em mora na prestação de contas, para que o pedido seja improcedente – reconhece que é devedor, mas diz que não está em mora para não ser condenado em custas e honorários. 
Pode o réu não prestar contas e apresentar apenas contestação – diante disso, diz que não tem o dever de prestar contas. 
3)A partir da resposta do réu se desenvolve com o procedimento ordinário.
4)Sentença
Da primeira fase -> se a sentença julgar o pedido improcedente, significa que o réu não tem que prestar contas, encerrando-se a ação.
Porém, se o pedido for julgado procedente, reconhece-se que o réu tem que prestar contas, iniciando-se a segunda fase
Da segunda fase -> relacionado à prestação das contas. Art. 915,§2º -> fala que a sentença de procedência da primeira fase tem que condenar o réu a prestar contas em 48 horas. 
Alguns autores falam que esse prazo é muito curto. Mas a partir de quando começa a correr esse prazo? A partir da intimação sobre o início da execução – logo, tem muito tempo para juntar toda essa documentação. 
Prestadas as contas em 48h, o autor tem que se manifestar em 05 dias (impugnação em 5 dias) – segue rito ordinário (perícia e etc.).
Se não presta em 48h, o autor passar a ter 10 dias para apresentar as suas contas. CPC fala que o réu não tem o direito de impugnar estas contas.
A sentença dessa segunda fase declara qual é a conta certa; vai declarar eventual saldo credor ou devedor; e finalmente, condena ao pagamento do saldo. 
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Aula 5 – Rio, 10.09.14 
AÇÃO DE OFERECER OU DAR CONTAS
É um procedimento de única fase, porque já está reconhecido o dever da prestação de contas – já está superada a primeira fase da outra ação, pois o próprio autor já reconhece que tem o dever de oferecer contas. Vai apenas apurar a correção contas e o eventual saldo. 
1)Petição inicial
Requisito específico: apresentação das contas de forma contábil em anexo. Se o autor não apresentar as contas em anexo o juiz tem que determinar a emenda da petição inicial, que vem no art. 284 do CPC. Se esgotar o prazo para emenda e as contas não forem apresentadas, o juiz deve indeferir a petição inicial. E aí o processo acaba.
Se tiver a petição inicial com a apresentação de contas, o réu é citado para adotar algumas providências, todas elas no prazo de 05 dias:
Inércia -> Se o réu ficar inerte, ocorre revelia e o juiz pode determinar o julgamento imediato da lide. O julgamento imediato é com base no art. 330, inciso II do CPC, que fala que o juiz pode fazer o julgamento antecipado da lide, quando houver revelia. A doutrina fala que apesar do juiz ter essa possibilidade, isso não é uma providência obrigatória, pois apesar da revelia do réu, o juiz pode determinar a produção de provas (base de instrução probatória).
O réu pode apresentar respostas -> cabem em 05 dias as exceções (incompetência, suspeição e impedimento), impugnações, contestação e formulação de pedido contraposto (entende-se que não cabe reconvenção, mas sim formulação de pedido contraposto na contestação – entendimento majoritário). 
Contestação:
Pode invocar qualquer matéria processual e matérias de mérito, desde que essas não sejam a impugnação das contas. Tem que apresentar defesa de mérito não relacionada às contas – vai poder contestar que não tem que prestar contas ou que a outra parte não tem nada a perceber. Se o réu quiser impugnar contas não faz isso em contestação, mas sim numa ação específica: ação de impugnação das contas. 
Na Impugnação de Contas o réu pode impugnar tanto o conteúdo quanto as formas de prestação (não prestou de forma correta, utilizou uma forma contábil errada). Se o réu impugnar as contas no aspecto formal, o juiz deve analisar a alegação do vício e dar prazo para o autor prestar as contas de forma correta. Se o juiz concordar em dar esse novo prazo para o autor prestar as contas de forma correta, e o autor assim agir, o juiz concede novo prazo de 05 dias para réu impugnar as contas. 
Reconhecer as contas -> ou seja, aceitar as contas. Se o réu aceita as contas, significa reconhecimento da procedência do pedido. Reconheceu que tinha que receber as contas e que o valor está correto.
2)Sentenças:
Se ao final o juiz der sentença de improcedência, significa que não havia o dever de prestação de contas. 
Se ao final o juiz der sentença de procedência do pedido – tem que ser remetida em dois capítulos:
O primeiro capítulo é declaratório do dever de prestar contas. O dever de prestar contas já existia, tanto que o autor entrou com a ação, e aí ao final o juiz declara que tinha que prestar.
O segundo capítulo será condenatório ao pagamento do eventual saldo. Havendo saldo em favor do credor ou do réu, a execução ocorre como mera fase seguinte do cumprimento do saldo. 
4)AÇÕES POSSESSÓRIAS
-Distinguir juízo possessório e juízo petitório
O juízo possessório significa o processo cuja causa de pedir seja a posse e o pedido é a posse. 
No juízo petitório, o pedido é posse, mas a causa de pedir é a propriedade. 
Isso gera reflexo na defesa nas ações possessórias. 
Hoje podemos ter possessórias puras e impuras. As puras são de juízo possessório, e não cabe debate sobre propriedade – não cabe exceção de domínio, ou seja, não cabe defesa que invoque propriedade. O réu de ação possessória pura não pode falar que é o dono como defesa. Exemplo: imóvel em locação – tem a posse, mas não tem a propriedade -> não necessariamente quem tem a propriedade, tem o direito de propriedade. 
As impuras são aquelas em que o autor além de invocar posse, também invoca propriedade. Não se debate apenas posse, mas também propriedade. O réu pode invocar propriedade em defesa. 
As possessórias começam no art. 920 ao art. 925, que trazem as disposições gerais das três ações possessórias.
Do art. 926 ao art. 931 vêm reguladas duas ações possessórias em espécie: a manutenção e a reintegração de posse. Do art. 932 ao art. 933 tem o interdito proibitório
-Teorias sobre posse
1) Teoria subjetiva da posse (Savigny) -> posse era identificada por dois aspectos: aspecto objetivo e o subjetivo. O aspecto objetivo é o corpus, isto é, contato com a coisa e o aspecto subjetivo era o chamado animus domini, que queria dizer a vontade de se tornar o dono. 
2) Teoria objetiva da posse (adotada hoje – Jhieryng) -> também dividia a posse em aspectos objetivo e subjetivo. Falava do mesmo elemento objetivo que o Savigny (contato com a coisa, poder físico com a coisa), mas falava que o elemento subjetivo de quem tem posse não era o animus domini, mas sim o afectio tenendi, que significa agir como o proprietário, independentemente de vontade de se tornar dono (masnão tem o poder de disposição da coisa). 
No direito brasileiro, a teoria do Savigny não foi adotada para posse, mas foi adotada para usucapião. 
O CC de 2002 conceitua possuidor no art. 11196 -> sujeito que tem o uso e a fruição. 
-Natureza jurídica da posse
Alguns autores falam que a posse seria um fato (Fábio A. Fabrício) e não um direito – olha para o aspecto fático.
Já o entendimento majoritário é o entendimento de que a posse seria um direito. O problema é: qual direito? Art. 1225 traz o rol de direitos reais e a posse não vem expressamente nesse rol. E há uma polêmica para saber se esse rol é exemplificativo ou taxativo – o entendimento majoritário entre os civilistas é de que a posse é um direito real, mas não é um entendimento tranquilo. Pouquíssimos autores classificavam a posse como direito subjetivo e não real (Pontes de Miranda).
Hoje se diz que a posse também tem função social. O art. 5ª, inciso XXIII da CRFB fala da função social da propriedade, mas se entende, hoje, que a posse também tem função social. E às vezes a função social da posse prevalece sobre a função social da propriedade. 
-Espécies de ações possessórias
Interdito Proibitório
É quando a violação à posse está na fase da ameaça, que leva a doutrina a dizer que essa ação é na verdade uma ação de tutela preventiva, ou seja, antes da concretização do dano. 
Quando um sujeito ganha essa ação (sentença de procedência), o mandado que o juiz pede é o de proibição – juiz proíbe aquele sujeito ou comunidade invasora de concretizar a invasão, ou seja, é obrigação de não fazer.
Ação de Manutenção de Posse
É quando existe o vício chamado turbação, que é a violação parcial da posse. A tutela já é repressiva, ou seja, o dano já começou a concretizar-se (já teve invasão) e o mandado que o juiz expede contra os invasores é o de manutenção, determinando que o autor seja mantido no posse e determina que se retire da posse os invasores.
Ação de Reintegração de Posse 
Também é tutela repressiva e destinada a coibir o vício chamado esbulho, o qual consiste na perda integral da posse e o mandado que o juiz expede é o de reintegração da posse. 
Obs.: Existe uma ação que é parecida com as ações possessórias, mas que não é possessória, mas sim petitória -> Ação de Imissão de Posse: para que entre na posse quem nunca teve posse – exemplo: quando se torna o proprietário (comprei um aparamento, nunca tive posse, me tornei proprietário, mas o antigo dono não sai do apartamento). 
O CPC adota a fungibilidade entre as possessórias – art. 920 do CPC. Ou seja, o autor pode entrar com uma possessória de uma espécie e o juiz pode expedir um mandado cabível em outra espécie de possessória. O fundamento para isso:
Pode ser difícil determinar se está na fase de ameaça ou se já está na fase de turbação – dificuldade de identificar o vício no caso concreto. Exemplo: derrubou o portão
Esse vício é mutável – então no plano dos fatos, o vício pode mudar e o autor não poderia ficar na mão do réu (o juiz expediria o mandado de manutenção, então o réu invadiria, aí o autor teria que emendar a petição para que se expedisse o mandado correto). 
Processualmente, a fungibilidade:
A fungibilidade consagra uma exceção ao princípio da correlação entre pedido e decisão – art. 128 -> autorização para uma violação a esse pedido, ou seja, juiz poderia dar uma decisão sem ser ultra ou extra petita – considera que o juiz está dando algo que não foi pedido.
Considerar que o juiz está dando o que foi pedido – se interpretar que o pedido do autor é a proteção possessória, seja com manutenção, impedimento ou reintegração -> ou seja, considera-se que o pedido é genérico e não específico.
-Espécies de posse tutelável por ação possessória 
Entende-se que para possessória a posse tem que ser justa (entendimento majoritário). A posse injusta é a obtida com a violação ao ordenamento. 
Diz-se que a posse tem que ser pública e contínua. 
-Espécie de bem que pode ser objeto de possessória
Para bens móveis ou bens imóveis. Além disso, cabe possessória para qualquer bem corpóreo e para tutelar direitos reais. Entende-se, atualmente, que alguns direitos podem ser suscetíveis de posse.
-Natureza jurídica da ação possessória
Como o majoritário é o entendimento de que a posse é um direito , consideração a ação possessória como uma ação real, e não uma ação pessoa. A ação possessória vem no art. 95, que fala das ações reais imobiliárias 
-Procedimento
1) Competência 
Sobre bem móvel ou semovente -> Art. 94 do CPC: competência do foro do domicílio do réu. Se não for no domicílio do réu, o réu tem prazo para entrar com exceção de competência. Caso não faça isso, este se tornará o domicílio competente (competência relativa). 
Sobre bem imóvel -> A possessória sobre bem imóvel segue o art. 95 do CPC e, assim, é uma competência absoluta – é o local da coisa. Reconhecida a competência absoluta, anulam-se todas as decisões e ocorre a remessa para o juízo competente.
2)Legitimidade
Legitimidade ativa -> pode entrar com possessória quem for possuidor – tanto possuidor direto como o indireto. Há uma corrente muito minoritário que apenas o direto poderia entrar com esta ação. 
O proprietário não deixa de ser possuidor, pois é possuidor indireto. Mas tem que ser possuidor – significa que duas pessoas não podem ser a legitimidade ativa: detentor (caseiro) e o fâmulo da posse. O detentor usa o bem por tolerância ou permissão; o fâmulo da posse está em contato com a coisa sobre hierarquia, dependência ou comando de outrem. Eles não têm posse, mas apenas contato com a coisa. 
Legitimidade passiva -> é o agente molestador da posse, ou seja, é o agente que viola a posse. É quem comete a ameaça, turbação ou esbulho. 
O sujeito que comete esses vícios tem que agir em nome próprio, ou seja, tem que ter poder de mando, cometendo esses vícios por vontade própria, é quem determina esses vícios e não, necessariamente, quem está praticando esses vícios. Por isso que cabe intervenção de terceiro nessa ação, cabendo correção do pólo passivo por denunciação da lide ou ? 
Há ainda o caso do réu desconhecido ou incerto -> é possível que haja essa figura – exemplo: quando tem comunidade invasora e você não consegue precisar o nº e as identidades. Hipótese de não conseguir qualificar o réu – nesse caso, se faz uma citação genérica por edital. Ou seja, esses réus não são citados por oficial de justiça. 
-Participação do cônjuge sobre possessórias imóveis
Aplica-se o art. 10, §2º do CPC: é essencial a participação de cônjuge quando houver composse (os dois cônjuges com posse) ou quando o ato for praticado por ambos – violam a posse.
No caso de cônjuges como autores -> não existe no direito brasileiro a figura do litisconsórcio ativo necessário – no caso de cônjuges no pólo ativo, os dois são autores, se houver consenso; se não houver consenso entre eles, pode apenas um entrar como autor, mas o outro cônjuge tem que participar do processo – duas opções:
Pode se pedir um suprimento judicial de outorgar – o juiz dá uma autorização em nome do cônjuge; ou
Inclui-se o cônjuge como réu
No caso de cônjuges no pólo passivo -> há exigência de litisconsórcio passivo necessário. Quem praticou o ato violador da posse for casado e o outro praticar junto, ambos tem que ser indicados como réus, sob pena de ineficácia da sentença. Ou os dois participam ou o processo será inútil, pois a sentença será ineficaz.
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Aula 6 – Rio, 17.09.14
-Procedimento
A inicial de possessória tem requisitos específicos -> art. 927 do CPC: o autor tem que especificar a sua posse, duração e o objeto. Além de qualificar a própria posse, o autor tem que especificar qual é a espécie de lesão: esbulho, turbação ou ameaça. E finalmente, tem que dizer a data da lesão à posse, porque as possessória podem ter dois ritos:
Possessória de força nova -> protocolada dentro de 01 ano e 1 dia
Possessória de força velha -> protocolada depois de 01 ano e dia
E aí terá diferençade rito. 
O valor da causa em ação possessória, segundo o entendimento predominante, que é do STJ, é que é o valor do benefício patrimonial pretendido. 
Rito da possessória de força nova – livro IV do CPC
É a possessória protocolada dentro de 1 ano e 1 dia. A doutrina fala que se o sujeito entrar nesse 1 dia, ainda será força nova. Só vira força velha se for 1 ano e 2 dias. 
As duas principais diferenças entre a de força nova e a velha:
A nova traz a liminar de forma expressa 
A nova permite a audiência de justificação 
Os pedidos que podem ser formulados e cumulados:
O pedido principal de toda possessória é o de proteção possessória. Mas o art. 921 do CPC permite a cumulação de pedidos.
A razão de falar quais pedidos podem ser cumulados -> na cumulação de pedidos, deveríamos seguir o art. 292, se não existisse o art. 921 do CPC. O art. 292 fala que quando se cumulam pedidos de ritos diferentes, a cumulação segue o ordinário. O art. 921 diz quais pedidos podem ser cumulados, mantendo o rito especial, ou seja, mantendo a possessória de força nova do rito do livro IV. Então posso cumular a possessória com indenização, e se manterá o procedimento especial. 
Posso fazer um quinto pedido que não esteja no art. 921, mas aí não estarei mais no rito do procedimento especial, pois estarei cumulando com o art. 292, então seguirei o rito ordinário. 
Pedidos que posso fazer mantendo o rito especial:
Indenização por perdas e danos (danos emergentes, materiais, morais, lucros cessantes)
Cominação de pena em caso de nova violação (exemplo: multa – saia em 5 dias, sob pena de multa)
Desfazimento de construção e plantação e reconstrução
Protocolada a petição inicial, o ato seguinte é o juiz determinar o cite-se, mas antes vai ver se vai deferir ou não a liminar. Para deferir a liminar, o juiz tem que considerar preenchidos dois requisitos:
Requisito temporal -> tem que entender presente a janela de 01 ano e 01 dia, ou seja, que se está dentro de uma possessória de força nova
Requisito cognitivo -> análise da aparência do direito – doutrina costuma falar que o juiz não analisa risco de dano. Na possessória de força nova não tem que analisar risco de dano, mas sim se há aparência de direito: juiz entende que o sujeito tinha direito de posse que foi violado. O risco de dano estaria implícito no primeiro requisito. O juiz só analisa se tenho razão na minha argumentação. Não preciso provar que sofrerei um prejuízo enorme.
Presentes estes requisitos, o juiz está obrigado a deferir a liminar. 
Se o juiz tiver dúvidas sobre a concessão da liminar, antes de indeferir e antes de citar o réu para resposta, o juiz deve marcar uma audiência de justificação. Esta é uma audiência destinada a ouvir testemunhas apenas do autor. O réu não pode arrolar testemunhas aqui. Vai ouvir testemunhas do autor para buscar a comprovação de um dos dois requisitos acima citados. Mas tem que ter contraditório e ampla defesa, então o réu tem que ser intimado para comparecer a esta audiência (mas ele não pode arrolar testemunhas) – é intimado apenas para fiscalizar as testemunhas do autor (ver se não tem contradita, por exemplo). O STJ entende que o réu pode formular perguntas às testemunhas do autor. Realizada a audiência, o juiz analisa se vai deferir ou não a liminar. Deferindo ou indeferindo, cita o réu. 
O prazo de resposta do réu corre de sua intimação até a decisão da liminar. Se essa decisão tiver sido no início, dando liminar sem audiência de justificação, começa a correr desde então. Mas se tiver audiência, o réu é intimado dessa audiência e aí começa a correr o prazo para o réu apresentar resposta. 
Obs.: Art. 928, parágrafo único -> quando o réu da possessória for fazenda pública, não cabe liminar antes da contestação da fazenda - inaudita altera partis. 
O recurso contra a decisão que se manifesta contra liminar é agravo de instrumento. O AI cabe contra decisão que concede, quanto à decisão que nega a liminar (é o recurso cabível para decisão interlocutória). 
O juiz pode conceder liminar e depois voltar atrás? A liminar é uma decisão provisória, com isso, pode ser revista. Vindo a contestação, o juiz pode achar que o autor não tem mais razão, ou então o contrário (pode não ter dado liminar, mas depois se convencer). Então o juiz pode modificá-la a qualquer momento – tem um requisito para que o juiz modifique sua decisão: tem que ter surgido um elemento novo nos autos, ou seja, sempre que houver ampliação de cognição. O errado é o juiz mudar a decisão sem aumento da cognição. 
Manifestando-se o juiz sobre a liminar, da intimação do réu para a liminar começa a correr o prazo para resposta, que é de 15 dias. Não há esse prazo no livro IV, então se não tem um prazo especial, utiliza-se o prazo geral, que são de 15 dias – aplica-se na parte especial a parte geral. 
Rito da possessória de força velha 
É aquela protocolada a partir de 01 ano e 02 dias em diante contado da lesão à posse. Segue-se o rito/procedimento comum -> tem que ver o valor da causa para ver se será rito ordinário, sumário ou sumaríssimo. 
Não cabe audiência de justificação, porque o procedimento comum não fala de justificação. Então, a princípio na de força velha o juiz não dá essa chance para o autor; se o juiz estiver em dúvida, ele vai indeferir a liminar. 
A dúvida é: cabe liminar? Com base no art. 273 do CPC?
1ª Corrente) Joel Dias Figueira Jr. -> na possessória de força velha só cabe tutela antecipada com base no inciso II do art. 273, CPC.
O art. 273 fala que cabe tutela antecipada quando tiver aparência de direito - é requisito comum para todas as tutelas. O inciso I fala de risco de dano e o inciso II fala de quando tiver abuso do direito de defesa, não precisando demonstrar risco de dano - será a tutela antecipada punitiva ou sancionatória.
Joel fala que cabe tutela antecipada não com risco de dano (se o sujeito demorou mais de 01 ano e 01 dia para entrar, não cabe falar em risco de dano). Mas para ele cabe tutela antecipada pelo inciso II (o réu começa a adotar incidente protelatório, abusando da defesa da possessória). 
2ª Corrente) Alexandre Câmara -> sempre cabe tutela antecipada do inciso II (concorda com o Joel). E fala que excepcionalmente caberia tutela antecipada do inciso I do art. 273 se o risco de dano for novo – se o sujeito demorou 01 ano e 01 dia para alegar risco de dano, isso não pode ser deferido; mas se surge um fato novo e diferente (exemplo: alguém quer comprar minha propriedade e ela está invadida – estaria perdendo oportunidade de um negócio; começaram a destruir minha propriedade), aí pode ser deferida liminar com esse fundamento. 
3ª Corrente) Entendimento majoritário – STJ -> Cabe tutela antecipada com base no inciso I ou no inciso II. Cabe liminar para tudo – tanto no procedimento comum, como no especial. Se na possessória velha não posso pedir com base no procedimento especial, então posso pedir por qualquer hipótese do art. 273 do CPC. 
Pontos comuns entre possessórias de força nova e de força velha
Sobre as respostas -> contam-se 15 dias para apresentar resposta.
Contestação
Sobre exceção de domínio (réu alegando propriedade) -> só deveria ser debatida a posse e não a propriedade (possessória pura). Pode o réu, então, invocar propriedade, transformando em posse impura? 
O CC de 16 tinha artigo 505 que regulava a matéria: falava que não impedia a proteção possessória a alegação de propriedade – o autor pode ganhar a posse, ainda que o réu alegue a propriedade. Não se deve entretanto julgar a posse em favor daquele que evidentemente não pertencer o domínio se interpretava da seguinte forma: o réu só poderia alegar propriedade se o autor invocasse propriedade (o réu só pode invocar propriedade em defesa se for uma possessória impura. Ou seja, o autor pede a posse com base na propriedade, o réu poderia falar que tem direito à posse, porque a propriedade é dele). 
O STJ em 69 fez Súmula 487 consagrando este entendimento: será deferida a posse a quem tiver domínio, se com base neste ela for disputada-> o réu pode invocar posse/propriedade, se o autor debater propriedade. Se o autor não debater propriedade, o réu não pode invocar propriedade como defesa.
CPC em 73: art. 923 -> falava que proibia a ação petitória durante o curso de ação possessória – então não cabe ação sobre propriedade, enquanto tramitar possessória. E, além disso, este artigo permitia a alegação de propriedade, cabendo exceção de domínio.
Em 80, o art. 923 sofre alteração de redação: não cabe ação sobre propriedade (ação petitória) durante o curso de possessória. Foi excluída a parte final que dizia que o réu podia alegar propriedade em defesa. 
CC de 2002: art. 1210, §2º -> não obsta a manutenção de posse a alegação de propriedade ou outro direito -> não impede a vitória na possessória, a alegação de propriedade. Então, o CC de 2002 proíbe a alegação de propriedade em defesa. Fala que vai ganhar posse mesmo quem não tiver a propriedade. 
Então tanto pelo CPC quando pelo CC, não cabe alegação de propriedade em defesa. E pelo CPC não cabe ação de propriedade (petitória) durante o curso de possessória.
Na prática, o entendimento predominante é o da Súmula 487 do STF: não proíbe totalmente a alegação de propriedade em defesa, se com base nela o autor tiver pedido a proteção possessória, que será uma possessória impura. 
Obs.: Súmula 237 do STF -> o usucapião pode ser argüido em defesa, se for em ação petitória ou em possessória impura. Não permite a alegação de propriedade em defesa em ação possessória pura. (!!!) Essa súmula surgiu porque pensava em ações petitórias e tinha dúvidas se podia alegar usucapião ou ainda tinha que entrar com ação de usucapião? Não precisava entrar com ação de usucapião – a ação de usucapião é meramente declaratória, então na verdade já se tem o direito de propriedade antes da ação de usucapião, pois esta se prova com o decurso do tempo e no final a sentença apenas declara. O mero decurso do tempo a parte adquire a propriedade, então se adquiriu a propriedade com usucapião pode alegar isso em defesa. 
Há alguns autores que consideram abusiva essa proibição de alegação de propriedade. Essa vedação à alegação de propriedade é inconstitucional – tem que esperar perder a possessória, para poder invocar a propriedade. Mas isso não acontece na prática. 
Ainda na contestação, o pedido é dúplice, então o réu pode pedir o pedido contraposto. O réu pode fazer os mesmo pedidos do art. 921, ou seja, os mesmos pedidos que o autor pode fazer – se o réu tiver certo, ele tem que poder pedir esses mesmos pedidos e pedir mandado contra o autor. Pede em contestação com pedido contraposto, não precisando entrar com reconvenção (ação autônoma) para isso. 
Exceções contra o juiz e o juízo
Impugnações ao valor da causa e à gratuidade de justiça 
A partir daí tem o desenvolvimento da fase probatória, tanto na nova quanto na velha. E finalmente vem a sentença, que tem que ser redigida em capítulos, se tiver mais de um pedido. O primeiro capítulo é sobre a proteção possessória. O segundo capítulo vai analisar se condena o sujeito a construir ou demolir. O outro capítulo vai analisar se cabe indenização.
Finalmente, a execução da sentença: o primeiro capítulo que é sempre executado é o da proteção possessória, cuja execução se dá através de expedição de mandado (de proibição). Depois de executado a proteção possessória é que se executam os outros capítulos, caso eles existam (construção, indenização, etc.).

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