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Direito das Coisas

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Direito das Coisas / Ações Possessórias – Pablo
Aula 1 – Rio, 06.03.12
-Bibliografia: Orlando Gomes – “Direitos Reais”, Nelson Rosevald.
-Introdução -> Direitos reais; propriedade; posse; direitos reais -> fruição; direitos reais -> aquisitivos; direitos reais -> de garantia. 
-Propriedade-> é o único direito real sobre coisa própria (coisa minha) – ideia de que algo me pertence.
-Posse -> um instrumento/ instituto jurídico de exercício da propriedade.
-Direitos reais: fruição, aquisitivos e de garantia -> podemos reunir esses direitos reais em oposição à propriedade, pois são direitos reais sobre coisa alheia. – eu tenho usufruto sobre essa casa, mas ele não é dono daquela casa -> se alguém é titular sobre coisa alheia, ele tem um direito real sobre coisa de terceiro. 
Esses direitos reais são, em oposição à propriedade, direitos reais limitados. Todos os direitos reais sobre coisa alheia tem conteúdo menor (poderes atribuído ao titular) do que o conteúdo que a propriedade pode ter. A propriedade atribui ao dono a disposição, a fruição e o gozo à coisa – o proprietário reúne essas três propriedades num sentido mais pleno. Já que tem o direito sobre coisa alheia não terá esses três propriedades de forma plena, será sempre sob medida.
INTRODUÇÃO – DIREITOS REAIS
-A categoria dos direitos reais já foi uma categoria fundamental do direito civil. A classificação mais importante para o direito civil era a classificação entre direitos pessoais e direitos reais. Atualmente, sobrou da categoria dos direitos reais -> vivemos uma fase problemática, pois já se reconhece que essa categoria não tem mais a relevância que se pensou ter, não é fundamental, já se fala na possibilidade de reunir direitos pessoais e reais em uma única categoria, é uma categoria muito criticada, porém ainda não conseguimos deixa-la de lado e não se sabe se será possível abandonar essa categoria. CC, art. 1225-> são direitos reais (12 incisos – lei conhece 12 direitos reais – a lei fala em direitos reais, mas não se usa mais?); vamos ver aqui o que esse direito significa.
-O nosso sistema de transmissão da propriedade pressupõe uma contraposição de efeitos: efeitos obrigacionais de um lado, e de outro, efeitos reais – nenhum direito real é constituído ou extinto a não ser pelas partes praticantes.
Por que um direito obrigacional não é um direito real? Os critérios clássicos de distinção entre esses direitos são: 
.Direito subjetivo -> poder atribuído pela ordem ao titular de direito – a partir disso, podemos pensar a distinção entre direito de crédito e direto obrigacional -> o direito de crédito atribui ao titular uma pretensão para exigir um determinado comportamento do devedor; o direito real se contrapõe a esse direito de crédito, porque o direito real atribui ao titular o poder real diretamente sobre uma coisa. Exemplo: Vou comprar a bicicleta do Rodrigo – Rodrigo tem a obrigação de entregar a bicicleta dele e eu como devedor posso exigir a entrega da bicicleta. O Rodrigo é dono dessa bicicleta, então ele pode exercer os poderes econômicos e jurídicos sobre essa coisa (reivindicar, proteger o bem) -> ele (proprietário) tem poder direto sobre a coisa, se aproveita diretamente da coisa. O direito real tem a capacidade de satisfazer diretamente o direito, a pessoa se satisfaz diretamente da coisa, só basta o direito e a coisa para que o poder subjetivo seja exercido, não precisa de cooperação. Pro direito de crédito não, o direito de exigir a coisa, depende do comportamento do devedor -> só posso me satisfazer com o meu direito a partir da cooperação do outro. -> Teoria clássica do direito real.
Teoria personalista do direito real -> não olham para o conteúdo do direito subjetivo, na verdade, parte do pressuposto que não dá pra examinar o poder subjetivo a partir do seu conteúdo, porque não seria uma dimensão jurídica, mas sim econômica. O enfoque dessa teoria é dado a forma, à tutela jurídica. A partir dessa teoria, no direito de crédito, o deve jurídico só é exigível de uma única parte: do devedor. Já no direito real, teria um dever decorrente do direito real que é exigível de todos os membros da coletividade – o direito de crédito é tutelado contra o devedor; o direito real é tutelado contra qualquer pessoa -> porque qualquer pessoa pode invadir a minha casa, deteriorar o meu bem, e eu vou me defender dessa pessoa que esteja violando o meu direito real. Na primeira, há um sujeito determinado e na outra é um sujeito passivo, indeterminado. Costuma-se fala de diversas eficácias do direito subjetivo. O direito de crédito tem uma eficácia relativa, e o direito real tem uma eficácia absoluta, porque gera deveres para qualquer pessoa da coletividade.
└> maneiras de diferenciar direitos de crédito e direito real – têm autores que utilizam ambas as diferenciações.
Hoje, temos que esses critérios foram formulados tendo em vista uma realidade do século XIX. 1º critério: no direito real tem poder direto sobre a coisa -> quem pensou nesse critério, só se preocupou com o direito de propriedade. Exemplo: Hipoteca – a pessoa que vai procurar um financiamento, o credor vai exigir uma garantia, uma das garantias que pode contratar é a hipoteca -> um imóvel, normalmente, de propriedade do devedor, fica reservado para o pagamento da dívida – se o devedor ficar inadimplente, o credor pode satisfazer com o valor do imóvel o que lhe era devido. Quando o devedor dá a sua coisa em hipoteca, o devedor continua na posse do imóvel, mas passa a ter um ônus sobre a sua propriedade – o poder imediato do credor hipotecado: não se sabe. -> só a hipoteca já mostra que é difícil ter um poder real direto sobre a coisa. Coloca essa teoria clássica em xeque então.
2º critério: também foi bastante massacrado, porque se entendeu que ele era um pouco fantasioso – todos tem que respeitar o direito? Até quem não sabe quem eu sou tem um dever comigo? -> até que ponto isso se torna um exagero -> professor concorda com essa crítica, porém parece para ele que ainda, por essa perspectiva, é possível diferenciar o direito de crédito e o direito real – por conta disso, ainda é um bom critério. Não se está pensando em todo mundo, está pensando em qualquer um que possa ter alguma pretensão sobre aquela coisa; então o direito real é aquele direito subjetivo superior a qualquer outra pretensão sobre aquele direito, que queria ter algum direito sobre aquele mesmo bem. Sempre que tiver mais de uma pessoa querendo um direito sobre um mesmo bem, vamos ter que vem se tem alguém com direito real sobre aquela coisa, se tiver, ela vai ter o direito sobre aquela coisa, vai ter a preferência. O direito real gera um dever jurídico sobre qualquer pessoa que entre em contato com aquela coisa – qualquer um que entra em contato com o bem, tem que respeitar o meu direito real. 
O direito real é um direito que acaba tendo uma superioridade sobre o direito de crédito e um conflito de pretensões sobre um bem. Direito real-> oponibilidade a qualquer terceiro que venha entrar em contato com o bem, e não poder imediato, só essa pretensão contra qualquer pessoa que venha entrar em contato com o bem -> o que não se verifica com o direito de crédito.
-Características do direito real:
.O direito real só é capaz de gerar um dever negativo, enquanto que o direito de crédito é capaz de geral um dever positivo e um conteúdo negativo (não parece ser uma distinção muito boa, uma vez que ambos possuem uma mesma característica). O proprietário gera para os outros o dever de praticar algo contra o seu bem – é um conteúdo negativo -> direitos reais gera um dever negativo.Direito real aquisitivo-> direito real do promitente comprador – dever de declarar uma vontade -> direito de fazer – direito real que gera um dever positivo -> então a doutrina está maluca porque ela fala coisas que não bate com o que está no código.> no século XIX não existia nenhum direito real que fosse positivo – então esse critério faz sentido de acordo com o aspecto histórico.
.Sequela-> latim – verbo “seguir” -> direitosreais são direitos dotados de sequela, porque o titular pode seguir a coisa na mão de qualquer pessoa. Tutela que a ordem me dar de perseguir a coisa independe de com quem esteja e aonde esteja a coisa – não importa na mão de quem essa coisa esteja, o meu direito de propriedade me autoriza a deter a coisa. -> o direito segue a coisa. A sequela é uma característica dos direitos reais, porque é a manifestação processual dessa oponibilidade a qualquer pessoa -> qualquer pessoa tem que respeitar o meu direito de propriedade, porque existe sequela.
.Inerência/aderência -> direito real é inerente à coisa, o direito real adere à coisa – expressões para realçar que o direito real passa a ser uma parte integrante à coisa. O direito real, ao contrário do direito de crédito, gera um vínculo estreito com a coisa e um vínculo que não se desfaz obstante a circulação do bem – o bem pode mudar de mãos, mas o direito real segue a coisa, independente de quem esteja com o bem, o direito real passa a ser uma qualidade daquela coisa. -> é mais um conceito que explica o direito real ser tutelado perante qualquer pessoa.
.Publicidade -> todo direito real é submetido a um regime de publicidade – se é um direito capaz de gerar dever para qualquer pessoa, é bom que eu saiba que tem um dever que eu tenha que respeitar, então parece ser uma ideia muito razoável. E como é essa publicidade organizada? Ai depende da natureza do bem – os bens imóveis seguem um determinado regime de publicidade, e os bens móveis seguem outro regime de publicidade. Bens móveis-> é organizada pela posse, você sabe que alguém é dono de alguma coisa pela posse – quando você vende uma bicicleta para alguém, a propriedade do bem vai ser transmitida com a tradição do bem, com a entrega do bem, e assim será dada a publicidade. -> isso pode ser traiçoeiro, pois a pessoa pode apenas ter emprestado a bicicleta, mas é o que temos. Bens imóveis -> é adm. pública que mantém a publicidade dos direitos reais: registro. Os dois sistemas são falhos.
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Aula 2- Rio,08.03.12
-Regra da especialidade do dir. real-> dir. real tem como objeto uma coisa determinada. Os poderes atribuídos pelo dir. real são exercidos tendo como referência uma coisa determinada, ñ existe um direito real que seja exercido sobre coisas indeterminadas, ao contrário do que ocorre no campo das obrigações. Temos obrigações de dar coisa genérica (obrigação de dar sacra de café – prestação humana -> entrega/ de uma sacra de café – gênero, não é determinada). O dir. real atribui o poder ao titula, é necessário que esse poder tenha por referência uma determinada coisa, se fosse uma coisa em gênero não se saberia sobre qual coisa particular o titular estaria exercendo o seu direito real. O direito real pode fazer menção a um bem futuro – isso ñ é um problema, pois o direito real só irá se constituir quando existir a coisa real determinada.-> no momento em que o negocio é constituído ainda não há direito real, só há quando o objeto a ser entregue ao credo passa a ser visualizado. O importante é que o direito real tenha como referência uma coisa determinada.
Existe algo importante que é a sub-rogação real (≠ sub-rogação pessoal)-> substituição do objeto da relação jurídica. O bem originariamente objeto do direito real é substituído por outro que seja capaz e idôneo a realizar aquela relação jurídica. Não pode ser qualquer outro bem, existe um limite funcional, o bem deve ser idôneo e capaz de realizar a relação jurídica – tem que ter um valor equivalente ao do primeiro bem. Não há novação – não se extingue o direito real para surgimento de outro.
-Preferência temporal-> ñ é um atributo, é um critério de resolução entre conflitos de diversos direitos reais sobre um mesmo bem. Como esses direitos coexistirão?-> meio de ordem de prioridade: o direito prioritário poderá ser exercido sem prejuízo dos demais direitos – o critério que estabelece essa prioridade entre os direitos reais é o critério temporal (primeiro no tempo, primeiro no direito).
-Princípios do numerus clausus-> podem particulares criar direitos reais ou só utilizar os já previamente criados, atípicos, não denominados na lei? Alguns países admitem a liberdade das partes para criar direitos reais atípicos, mas a maioria dos países não admite essa liberdade, ou seja, prevalece o princípio do numerus clausus (número fechado) , as partes não podem criar outros direitos reais além dos previstos em lei -> isso vale para o Brasil também. O outro sistema é o princípio do numerus apertuos (número aberto).
Obs.1:Dizer que as partes não tem liberdade para criar outros direitos reais, não quer dizer que o legislador não posso criar mais direitos reais para constarem em lei.
Obs.2:O art. 1225 traz uma lista, agora o numerus clausus não quer dizer que seja uma lista completa, pode ser que o artigo 1225 tenha deixado de incluir algum direito real que esteja em alguma outra, não quer dizer que só existem os previstos no art. 1225. A doutrina controverte sobre outros direitos reais que não estejam nesse artigo.
Mas por que temos esse princípio? Esse princípio não está escrito em lugar nenhum -> foi ordem da doutrina e da jurisprudência – pensando nas codificações do século XIX, feitas em uma ideologia liberal, em primeiro lugar, essa ideia foi defendida em proteção do proprietário, defendendo a propriedade em sua plenitude, surge essa ideia do numerus clausus. Desde o final do século XIX até hoje, temos outra justificativa para os numerus clausus-> como o direito real gera um dever para um número indistinto de pessoas, por conta da sua oponibilidade, é preciso um controle para os tipos de direitos reais que podem ser criados.
Qual é o espaço que sobre então para os particulares no âmbito dos direitos reais? Eles podem criar todos os previstos em lei, só não podem criar os não previstos em lei. Isso traz a questão da tipicidade dos direitos reais – dentro de cada um dos tipos de direito real, qual é a liberdade que tem os particulares para alterar o conteúdo de cada um desses tipos? Vai surgir a diferença entre tipicidade fechada e tipicidade aberta – chegou-se a um consenso de que os tipo reais são tipos abertos -> dentro de cada um existem regras essenciais que definem os tipos e há outras regras acessórias que podem ser alteradas ou afastadas pelas partes de acordo com a sua conveniência, sem que isso deturpe/desqualifique aquele tipo real. -> exemplo: um condomínio ordinário é quando várias pessoas são donas de um mesmo bem – existe uma regra no CC que diz que todo condomínio é divisível, cada um dos condôminos a qualquer tempo pode exigir a divisão do bem – podemos estabelecer no máximo uma prazo de 5 anos de indivisão e depois disso qualquer um pode pedir a divisão -> o bem que é de todos não é de ninguém, condomínio se revela uma fonte de brigas e de desperdícios de riquezas porque acaba sendo não cuidado então o legislador quer incentivar a extinção dos condomínios. -> teriam os condôminos liberdade para colocar a divisão como indissolúvel, afastando a regra legal? Essa é uma regra essencial, e as partes não podem pactuar de maneira diversa. Existe outra regra do condomínio que diz que nenhum dos condôminos pode excluir o outro condômino do uso do bem, da posse do bem – será que os condôminos podem fazer um acordo dizendo que de janeiro a março só um fica na casa, de abril a junho só um outro que fica, e etc.? Nesse caso, a doutrina entende que nada impede as partes de estabelecer uma divisão temporal do uso, pois isso até torna mais racional o uso do bem. Algumas regras são essenciais e não podem ser alteradas pelas partes e outras regras por serem acessórias podem ser alteradas de acordo com a vontade das partes.
Os tipos reais são abertos e dentro deles as partes podem alterar os conteúdos acessórios, mas não podem alterar o conteúdo essencial sob pena de ineficácia do acordo.
DIREITO DE PROPRIEDADE
-Apresentado examinando a estrutura da propriedade – os poderes do proprietário. A estruturado direito de propriedade é estudada em duas partes: um conteúdo econômico e um conteúdo jurídico. 
O conteúdo econômico da propriedade corresponde aos poderes que são atribuídos ao proprietário para o aproveitamento econômico da coisa. Esse conjunto de conteúdo econômico recebe o nome de senhoria, porque são os poderes que manifestam de que maneira o proprietário é senhor de seu bem. Esses poderes são: o uso, o gozo/fruição e a disposição. O uso é a faculdade que tem o proprietário de utilizar o bem para a imediata satisfação das suas necessidades (você está usando uma roupa – é a forma mais imediata de aproveitamento do bem); o gozo/fruição é a faculdade que tem o proprietário de se apropriar dos frutos gerados pela coisa – é uma faculdade atributiva de propriedade, porque atribui a propriedade dos frutos da coisa ao proprietário (o que é cultivado na fazenda e rendido de maneira periódica são os frutos/ tem os frutos que não são naturais -> os alugueis decorrentes da locação pertencem ao proprietário por conta da sua propriedade de gozo); faculdade de disposição pode ser apreendida por duas acepções: disposição física da coisa e disposição jurídica da coisa – a disposição física da coisa significa o poder que o proprietário tem de transformar a coisa ou destruir a coisa (se eu tenho uma casa, posso reformar a casa ou colocar a casa abaixo); a disposição jurídica significa o poder que o proprietário tem de alienar a sua coisa (pode vender a sua casa).-> essas três faculdade econômicas de domínio formam a senhoria, é o conteúdo econômico da propriedade.
O conteúdo jurídico da propriedade são os poderes atribuídos ao proprietário para tutelar os seus direitos perante terceiros. A principal ação de domínio é a ação reivindicatória-> proprietário pode reaver o bem de quem o possua. Ação negatória-> poder de declarar que seu bem está livre de qualquer ônus real.
└> CC, art.1228
Grande pergunta que até hoje se faz: esses poderes todos que o proprietário tem devem ser exercidos para o quê? Com que finalidade esses poderes devem ser exercidos?Os bens elementares ainda estão num espaço de arbítrio. Mas com a industrialização da sociedade, com a riqueza na mão de algumas pessoas, a pergunta da função da propriedade surge porque formas de propriedade que eram extremamente relevantes, como a propriedade dos meios de produção, eram disciplinados com a mesma estrutura de um dono de sapatos. -> a partir dessa reflexão, acabamos tendo ao lado da análise estrutural da propriedade, o surgimento da análise funcional da propriedade. Esse movimento de análise funcional da sociedade coincide com o movimento de positivismo sociológico – centro da propriedade não no indivíduo, mas no grupo, no coletivo, pois antes do indivíduo há uma coletividade, que tem que saber usar de maneira racional e pensando na coletividade os bens. -> Análise estrutural x Análise funcional. Análise funcional -> Escola do Institucionalismo – Duguit -> propriedade não é um direito subjetivo, por isso não é um direito que deve ser exercido em favor do proprietário, mas sim em favor do grupo ao qual você pertence.
Ao final da II Guerra Mundial, temos o maior momento de crise do direito civil, porque as ideias anteriores, que estavam em voga num período pré-guerra são muito criticadas porque deram espaço para a guerra, mas por outro lado os juristas sabiam que não era possível voltar ao marco anterior. É nesse momento que surge como proposta, especialmente na Alemanha e na Itália, um direito civil constitucional. O direito civil-constitucional coloca que a propriedade deve ser funcionalizada, mas não para o produtivismo, para que haja a máxima produção daquele país, para aumentar o bem-estar coletivo, mas sim para a promoção dos valores constitucionais, que estão centrados na dignidade da pessoa humana – pode parecer um pouco retórico, se não percebemos que essa funcionalização deve ser necessariamente acompanhada por uma analise concreta do direito de propriedade-> se olharmos a propriedade existe uma variedade de modelos jurídicos de propriedade (propriedade urbana, propriedade pessoal-> coisas de consumo direto, arbítrio maior), propriedade está sujeita a diversos regimes, com valores patrimoniais e existenciais – a propriedade deve ser pensada em diversos modelos de propriedade (grandes empresas, pequenas empresas, etc.). Hoje, se olharmos para a nossa constituição de 88 temos uma concepção de propriedade privada funcionalizada, mas uma funcionalização não à luz do produtivismo, mas uma funcionalização à luz dos valores da constituição vigente. 
Enfim, proprietário exerce seu poder em seu favor ou para terceiros? A concepção que prevalece, no direito brasileiro, é que a cada casa concreto é preciso fazer uma síntese dos interesses envolvidos, a propriedade deve ser levada em conta de acordo com o interesse do proprietário e do interesse de terceiros que tenham interesse naquela conjuntura.
Quatro grandes ideias que sintetizam essa evolução: 
1)passagem de evolução estrutural para uma evolução que combina análise estrutural e funcional;
2)passagem tutela da propriedade focada na vontade do proprietário, para uma tutela focada no interesse dos outros;
3) passagem de uma visão abstrata da disciplina da propriedade para uma visão concreta e variada da propriedade, reconhecendo que há diversas manifestações da propriedade e cada uma dessas manifestações vai chamar uma disciplina própria; 
4)método de interpretação das normas da propriedade: século XIX tinha uma doutrina com método lógico-racional, o método que prevalece hoje é o teleológico e axiológico.
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Aula 3 – Rio, 13.03.12
-Atributos do direito de propriedade no direito brasileiro:
Esses atributos são no total 5 atributos:
1)Exclusividade-> uma coisa só poder ser objeto de um único direito de propriedade. Não é possível a sobreposição de propriedades sobre um mesmo bem. Isso é uma característica da propriedade moderna, pois na Id. Média a regra era diferente: era possível uma pluralidade de propriedades sobre o mesmo bem e era um direito de propriedade com conteúdos muito diferenciados -> nessa concepção medieval, havia uma cumulação de propriedades sobre um mesmo bem e não existia um conteúdo específico. A concepção moderna de propriedade é uma propriedade com conteúdo específico e sobre um determinado bem só pode recair uma única propriedade. A propriedade é o único direito real sobre coisa própria admitido em direito. 
Temos o condomínio -> situação em que várias pessoas são proprietárias de um mesmo bem – admitida no nosso CC – é uma exceção, porém alguns não enxergam que isso seja uma exceção.
2)Plenitude-> no direito moderno, direito de propriedade é o único direito real/subjetivo capaz de atribuir ao titular a plenitude dos poderes econômicos sobre o bem. Os poderes econômicos que formam a senhoria são 3, o direito de propriedade é o único capaz de reunir esses três poderes da maneira mais ampla.
3)Elasticidade-> imagina-se algo maleável, moldável, que pode mudar de conteúdo, que assume diversos formas. O direito de propriedade é maleável com o seu conteúdo, e essa variação de conteúdo não desfigura o seu direito. Pode ser limitado, em determinados momentos a propriedade é limitada, não se encontrará em determinado momento todas as faculdades inerentes à senhoria -> Conteúdo do direito vai ser comprimido. Exemplo: usufruto – deixa de ter as faculdades de uso e gozo -> ele é proprietário, continua tendo a disposição da coisa, enquanto durar o usufruto a propriedade está limitada, não é mais plena. Quando o usufruto termina, as três faculdades voltam a ser plenas. Alguns direitos reais limitados são construídos por força de lei, nem sempre é por ato voluntário do proprietário, mas em ambos os casos a propriedade pode assumir diversos conteúdos, mas isso não desconfigura o direito.
4)Relatividade-> não era afirmada no inicio do direito moderno, mas surge em função das transformações do direito de propriedade ao longo dodireito moderno. No CC francês há uma definição de propriedade muito parecida com o art. 1228 CC brasileiro, mas com uma pequena diferença: quando o código francês fala dessas faculdades acrescenta “da maneira mais absoluta possível”, passando a dizer que o direito de propriedade é um direito absoluto, encontrando limites apenas nas regras previstas na constituição – haveria em favor do proprietário um espaço de arbítrio, de plena liberdade para o proprietário. A importante evolução é que o direito de propriedade não encontra como limitação as leis, mas também tem como limite a ideia de que este direito deve ser exercido de acordo com a sua função social-> proprietário não pode cometer o abuso.O abuso corresponde a uma atividade ilícita, irregular -> o direito de propriedade é relativo, além de encontrar limites na legislação, encontra também um limite interno, isto é, a função social da propriedade, o direito de propriedade deve ser exercido com as finalidades sociais. Finalidade social -> tem que ser analisada de acordo com o caso concreto. Art. 1228, §1º-> noção de relatividade. Titular está sempre comprimido a exercer seu direito de maneira legítima.
§2º-> enuncia a teoria dos atos emulativos, uma teoria embrionária do abuso de direito – é um primeiro passo que se deu em direção ao abuso de direito, em que este ainda não existia -> seria defeso ao proprietário exercer sua liberdade quando não animado para prejudicar terceiros ou que faça algo para sua comodidade/utilidade -> é uma teoria muito calcada numa avaliação subjetiva do proprietário, pois o ato é apenas defeso quando se verifica o ânimo de prejudicar o direito de outro. Essa teoria foi depois superada por teorias mais modernas do abuso direito, porque esse caráter subjetivo torna a sua aplicação muito restrita, tendo que ter a prova de que o proprietário teve o ânimo de prejudicar terceiros -> o abuso de direito não exige a prova de que teve o ânimo de prejudicar, só necessário para configurar abuso de direito que não se tenha agido conforme a boa-fé objetiva e sem cumprir a finalidade social -> art. 187. O §2º nasce quase como letra morta no direito brasileiro, pois vamos procurar fundamentar nosso direito no §1º, em que há mais facilidade de provas. Professor acha que esse §2º poderia ser riscado, pois é algo ultrapassado.
5)Complexidade-> se a gente olhar como era o direito de propriedade no séc. XIX era visto como uma posição jurídica exclusivamente ativa, a propriedade geraria bônus. Hoje, o proprietário tem vantagens e desvantagens que decorrem de direito. O proprietário tem alguns ônus, alguns deveres, a posição do proprietário não é feita só de vantagens. Isso é importante no Brasil por conta do problema social do mau aproveitamento dos imóveis – o não uso também é uma forma de usar a propriedade-> pode usar seu direito de propriedade não usando a propriedade, é uma forma legítima, tradicional. Quando se afirma a complexidade do direito de propriedade, que o proprietário tem deveres com a coletividade, isso traz problemas, pois faz com que o proprietário tenha a obrigação de dar uma função à sua propriedade, não usar o bem seria uma forma ilegítima de exercício do direito de propriedade -> arts. 182 e 183, CRFB: formam o capítulo da política urbana -> art.182,§4º o poder público pode exigir da propriedade não usada, o seu adequado aproveitamento – há um comando claro para o aproveitamento das propriedades – há uma série de sanções para quem não cumpre isso. A propriedade não é apenas ativa, mas também complexa.
-Objeto do direito de propriedade: 
Há três requisitos para que um objeto possa ser suscetível, para que um bem possa ser objeto de propriedade. 
1º)Corpóreo, tangível -> é controverso. O bem não poderia ser imaterial, incorpóreo. É um requisito controvertido, porque o pensamento hegemônico sobre a propriedade diz que o objeto de propriedade deveria ser corpóreo, não se pode ter direito de propriedade sobre um direito, tem que ser algo que materialize a riqueza – bens móveis, mercadorias comercializadas. Com o tempo, vemos novos surgimentos de bens, que não são corpóreos-> ações. Hoje, assistimos uma transformação da riqueza – grande parte da riqueza atual é incorpórea. Além de ações temos as patentes, as marcas -> grande parte da riqueza é incorpórea. E sobre esses bens recai propriedade? Então ninguém é dono, tecnicamente, de uma ação? Professor não sabe responder isso, há pouco estudo sobre isso – parece que nosso legislador aceita propriedade sobre bens incorpóreos, mas não podemos confiar só nisso, até porque a doutrina diverge. É uma questão em aberto. Propriedade intelectual-> doutrina: além do nome, essa propriedade pouco tem a ver com o tipo de propriedade colocado no CC -> não se deve confundir propriedade com titularidade – entende-se que não uma propriedade sobre patentes, obras artísticas, mas sim uma titularidade regida sobre lei. S2
2º)Individuação/especialização do bem-> ninguém é proprietário de bens genéricos, abstratos. A exigência de uma especialização não se confunde com a ideia de infungibilidade.
3º)Bem apropriável-> como a propriedade é um direito patrimonial, que disciplina as relações econômicas, é natural que esse direito recai sobre coisas que possam ser apropriados. Ninguém pode se apropriar do ar, ninguém pode ser dono dos bens públicos. Só pode haver propriedade sobre bens que possam ser apropriados. 
-Extensão e limites ao direito de propriedade:
Há quatro ordens ao direito de limite de propriedade: limites objetivos, de ordem pública, do interessa da vizinhança e voluntários.
1º)objetivo-> relacionado ao objeto. A dimensão do objeto é o primeiro limite. Se eu tenho direito de propriedade de uma bicicleta, a extensão do meu direito se dá apenas na bicicleta. A extensão de um bem é simples de se ver em bens móveis. O bem imóvel é difícil de ver a extensão-> temos que pensar nos limites horizontais e nos verticais. Limites horizontais> olha o registro, é dado pela adm. pública; limites verticais: 1)as partes integrantes do imóvel: tudo aquilo que é incorporado ao solo (natural ou superficialmente) é parte integrante do imóvel-> art. 79, CC-> acessão natural (incorporado ao solo por força da natureza) e acessão artificial (incorporado ao solo por força do trabalho humano). 2) até onde vai o limite para cima e para baixo - art.1229-> extensão vertical da propriedade: não encontra um limite específico, é um limite que tem dois critérios: a utilidade e o interesse legítimo do proprietário -> se refere ao conteúdo econômico da propriedade (uso, gozo, disposição), limitado verticalmente pela utilidade; na segunda parte trata do conteúdo jurídico da propriedade, trata de uma tutela para não excluir terceiros, está limitado ao interesse legítimo de terceiros – limite de conteúdo econômico e de conteúdo jurídico. 3)art. 1230-> bens autônomos que integram a propriedade que é da união.
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Aula 4 – Rio, 15.03.12
-Limites ao exercício do direito de propriedade estabelecido pelas normas cogentes em vigor. Entre essas normas cogentes temos que diferenciar os limites externos e os limites internos.
Os limites externos são as limitações expressas em regras jurídicas que cerceiam a liberdade do proprietário – exemplo: as normas urbanísticas -> qualquer pessoa que for construir um prédio no perímetro urbano deve construir de acordo com ss leis e as normas adm. estabelecidas – o direito de propriedade vau até onde houver um limite de ordem pública. É um outro direito que vem se contrapor com o direito de propriedade estabelecendo um limite além do qual o direito de propriedade não pode ser exercido.
 Os limites internos são exercidos por conta da função social. O direito de propriedade deve ser exercido de acordo com a sua função social. Não se trata de uma regra, uma lei, o próprio direito de propriedade já vem limitado pela sua função social, é um limite inerente ao direito de propriedade. A razão de ser do direito de propriedade é a sua limitaçãointerna.
-Limites estabelecidos no interesse da vizinhança-> são limitações que se justificam na necessidade de assegurar uma convivência harmoniosa entre os vizinhos que coabitam em determinada localidade. Numa vizinha, é inevitável que o exercício de propriedade dos vizinhos não interfira na maneira que o outro exerce o seu direito de propriedade – um quer ouvir música alta, o outro que silêncio, um é fumante, o outro não. A legislação, CC, estabelece diversas limitações a forma que o proprietário pode exercer seu direito de propriedade para obter um convívio harmonioso. Exemplo: se você tem dois terrenos contíguos cada proprietário ao erguer sua construção deve respeitar um espaço mínimo entre as construções, para preservar a privacidade do vizinho, não pode construir colado. Tem que haver um respeito mútuo entre os interesses de cada vizinho.
-Limites voluntário ao direito de propriedade-> consentir com a constituição de direitos reais sobre a coisa. Art. 1231, CC-> aquela pessoa que alega ter o direito real sobre um bem, essa pessoa tem que provar a existência do seu direito – não é proprietário que tem que provar, mas o titular. Bens móveis-> prova baseada no registro; bens imóveis-> prova é a posse.
SISTEMA BRASILEIRO DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
-Taxatividade dos modos de aquisição da propriedade-> significa que a propriedade só se transmite de acordo com determinadas modalidades de transmissão as quais estão previstas em lei. As partes não podem criar ou pretender adquirir a propriedade de um bem de maneira diversa, por um meio diverso, daqueles previstos em lei – por isso que é taxativo-> só aqueles previstos em lei. 
-Os modos de aquisição da propriedade podem ser classificados segundo uma grande variável: se o bem é móvel ou imóvel. É muito comum o estudo das modalidades de aquisição da propriedade em três grupos: modalidades comuns a todos os bens, as específicas do imóveis e as específicas dos móveis.
.Modalidade específica de aquisição dos imóveis-> o registro do título aquisitivo do imóvel. 
.Modalidade específica de aquisição dos bens móveis-> tradição; ocupação: alguém se apoderar do bem que não era de ninguém (exemplo: pessoa vai na praia, acha uma concha e pega essa concha, que não era de ninguém, e se torna proprietário da concha). Todos os bens imóveis no Brasil pertencem a alguém – bens dos particulares e todos os outros bens que não eram de ninguém são do Estado (terras devolutas); especificação: quando alguém trabalhando em matéria-prima de outrem, cria uma espécie nova e essa matéria nova lhe pertence – exemplo> pego o bloco de pedra de outra pessoa e talho a pedra, fazendo dela uma escultura - > pelo valor econômico novo que é criado se torna um novo bem, e quem talhou se torna o proprietário da escultura, mesmo que a matéria-prima fosse de outra pessoa.
.Modalidade específica de aquisição comum a todos os bens-> exemplos: usucapião (tantos bens móveis ou imóveis); sucessão – causa mortis – são transmitidos tanto bens móveis quanto imóveis; acessão -> bens móveis e imóveis se misturam, então é preciso saber quem é o proprietário do que.
-Distinção entre aquisição originária e aquisição derivada-> tem várias maneiras de definir essa distinção, não existe uma uniformidade de opiniões.
.Aquisição originária se dá quando a pessoa adquire um bem sem a vontade de outra pessoa, sem a vontade do alienante. Não há relação jurídica de transmissão. Exemplo: usucapião; ocupação.
.Aquisição derivada-> são as mais importantes. Quando alguém adquire um imóvel pelo registro. Quando alguém adquire um bem móvel pela tradição. As aquisições são sempre modalidades derivadas, porque você tem uma relação jurídica entre alienante e adquirente.
A relevância dessa distinção é que na aquisição originária como o bem adquirido sem o fenômeno de transmissão a propriedade surge no patrimônio do adquirente de maneira plena, sem nenhum ônus, surge de maneira originária. Na aquisição derivada, o adquirente adquire a propriedade com todas as qualidades que ela já tinha quando estava no patrimônio do alienante – exemplo: alguém que adquiriu imóvel por usucapião e alguém que adquiriu imóvel por registro.
Obs.:Esse principio é muito controvertido em relação ao usucapião ordinário.
-Distinção entre a transmissão a título singular ou a título universal
.Transmissão a título singular: é em relação a um grupo determinado de bens. 
.Transmissão a título universal-> não se transfere determinado grupo de bens, mas um patrimônio ou uma fração de patrimônio. Exemplo: herança – quando tem 3 filhos: cada um recebe 1/3. 
A relevância dessa distinção é que a transmissão universal é normalmente acompanhada por uma transmissão dos débitos – junto com os direitos transmitidos aos herdeiros, estes também vão ter que responder pelos débitos deixados.
-Aquisição por atos inter vivos e aquisição por atos causa mortis: 
.Aquisição Inter vivos-> aquisição por força de um negócio jurídico bilateral – compra e venda; construção e sociedade.
.Aquisição Causa mortis-> tem por causa o falecimento de uma pessoa.
Tem um principio muito importante na aquisição causa mortis que é a expressão “droet de soisine”-> quando uma pessoa falece ela transmite os sues bens aos herdeiros automaticamente, por força da lei. Adquire os bens no instante do falecimento.
-Transmissão da propriedade por ato inter vivos-> o nosso direito obedece ao regime do título e do modo de transmissão. Existe aí uma questão fundamental cuja resposta varia bastante de um país pra outro: a propriedade se transfere apenas com título (contrato entre as partes) ou além do contrato é preciso também a prática de um outro ato? 
Transmissão que depende apenas de um contrato ou que depende do contrato e de um outro ato. No direito francês e italiano basta o contrato, então se alguém faz um contrato de compra e venda, por força do contrato, a parte compradora se torna dona daqueles bens por apenas força do contrato, sem precisar de um outro ato para que ocorra a transmissão da propriedade – a vantagem é que é um sistema prático, é muito flexível; a desvantagem é que é um sistema que facilita muito questionamentos sobre a transmissão da propriedade, porque se a transmissão opera apenas por força do contrato, se o contrato se tornar nulo ou for ineficaz, a transmissão da propriedade vai também ser ineficaz, e isso para o comércio pode se rum problema. Outro problema que esse sistema coloca é a questão da venda de bens futuros, porque se é o contrato que opera a transmissão da propriedade, como você organiza contratualmente a veda de um bem futuro, um bem que não existe no contrato? Ai terá que ser uma venda por condição. 
Tem os países que exigem para a transmissão da propriedade um modo para a aquisição, além do título -> Alemanha, Espanha, Áustria, Países Baixos. No Brasil, temos esse sistema. Em relação aos bens móveis é preciso o título e o modo que é a tradição e para os bens imóveis além do título é necessário o registro.
Tem uma outra subdivisão dos que exigem título e modo que é a do sistemas causalistas e dos sistemas abstratos:
.Sistemas Abstratos->a eventual ineficácia, invalidade do título não repercute na eventual eficácia e validade do modo - não há relação de causa entre o modo aquisitivo e o título aquisitivo. O modo tem uma independência muito grande do título. É o que acontece na Alemanha. O acordo de vontades no contrato do titulo não influencia o modo. Vantagem: segurança para quem está comprando.
.Sistemas Causalistas-> eventual ineficácia do título aquisitivo repercute na eficácia do modo de aquisição. Exemplo: se faz a compra e venda e o registro e posteriormente o negócio jurídico é anulado, o registro é anulado e a transmissão desfeita. É o sistema do Brasil. Desvantagem: admite com muita facilidade questionamentos jurídicos – nosso sistema, procura criar exceções para diminuir esse efeito negativo.
Cada um desses sistemas apresentam uma resposta para essa questão, e não existe uma resposta melhor ou pior. O nosso sistema,protege muito o proprietário e pouco o terceiro adquirente de boa-fé. Tem que ponderar, é uma questão legislativa mesmo. Art. 1268-> fala da exceção ao regime causalista.
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Aula 5 – Rio, 20.03.12
-Modos de aquisição da propriedade imobiliária:
.Pelo registro do título aquisitivo-> princípios fundamentais que regem o registro de imóveis: 
1)Princípio da inscrição-> para que a propriedade do bem imóvel seja transmitida é necessário o título de modo que o título translativo da propriedade não é o bastante, para que a transmissão ocorra é necessário que o título seja levado ao registro de imóveis, não sendo suficiente apenas o título. O registro do título de imóveis tem uma eficácia constitutiva, porque é o registro que efetivamente opera a transmissão da propriedade. Enquanto o modo (o registro) não for praticado o alienante é o proprietário, a transmissão só ocorre com o registro. Registro tem eficácia constitutiva. Em outros países, não temos o princípio da inscrição, o registro não tem eficácia constitutiva, o registro serve para dar publicidade – a transmissão opera-se no momento da celebração do contrato.
Exceções de que a propriedade só se transmite com o registro: 
->transmissão causa mortis: se opera com força de lei – quando a pessoa falece, os herdeiros se tornam proprietários dos bens deixados pelo falecido. 
->usucapião: modalidade de aquisição da propriedade pelo exercício da posse por um certo tempo – tempo previsto em lei. Quando há usucapião opera a transmissão da propriedade independentemente de um ato junto ao registro de imóveis, a propriedade se transmite ao usucapiente automaticamente depois de certo tempo usando a propriedade.
Inscrição mitigada: porque admite exceções, que não dependem da prática do ato do registro de imóveis.
2)Princípio da publicidade->não são apenas os atos de transmissão da propriedade que são relevantes, há outros atos praticados que são relevantes e que devem ser conhecidos. De acordo com esse princípio, todo e qualquer ato relevante ao imóvel deve ser registrado e averbado no registro de imóveis para que sejam dotados de publicidade, oponíveis a terceiros. Qualquer ato que altere a situação do imóvel deve ser levado a registro.
3)Princípio da continuidade do registro de imóveis-> o oficial do registro de imóveis deve zelar para manter a coerência e a completude dos atos registrados relativos a um imóvel. Sempre que alguém apresenta mais um ato para registro o oficial deve verificar a coerência desse ato com os outros que já foram registrados e caso não tenha coerência o oficial deve indeferir o registro, pois ele deve preservar aquela coerência. Exemplo: alguém leva registro um titulo aquisitivo em que diz que ele comprou de João aquela casa – oficial verifica se João é o proprietário, porem o atual proprietário e José, então há uma incoerência e não há uma completude, ele não pode aceitar esse ato.
A importância desse princípio: o objetivo do registro é conferir segurança, se o registro não agisse com essa continuidade e coerência as pessoas ficariam inseguras. Então é importante para que os particulares possam praticar atos com segurança.
4)Consentimento formal-> o registro é um procedimento administrativo que vai resultar no registro do ato, então a palavra registro é dúbia, tem mais de um significado. Significa o ato do registro, inscreve aquele ato no registro de imóveis e também designa o procedimento administrativo que esse ato será praticado. Temos que entender esse procedimento administrativo. Poderíamos pensar em 3 soluções: 1ª) em relação a inauguração do procedimento-> solução do consentimento material: o procedimento do registro só pode ser deflagrado por um acordo das partes contratantes – iniciativa conjunta das partes. Esse é o sistema alemão. Acabamos tendo dois negócios jurídicos para que a propriedade seja transmitida. Oficial do registro deve verificar o consentimento das suas partes para a realização do registro. 2ª) sistema ex officio: o procedimento seria iniciado por ex officio, independente das partes, pois o Estado zela pela coerência. Estado toma a iniciativa, independentemente das partes. Problema: quando o Estado sabe que alguém celebrou um contrato que precisa de registro? É um sistema que não é adotado. O procedimento administrativo é sempre deflagrado pela iniciativa das partes. 3ª)sistema do consentimento formal: o procedimento adm. é iniciado por qualquer uma das partes, não é necessário uma formação de consentimento entre as partes para que o registro seja deflagrado. É o sistema do Brasil. Consentimento formal-> a pessoa que fez o titulo aquisitivo já consentiu que esse titulo precisa ser levado a registro.
5)Princípio da legalidade formal-> a atividade do registro não é uma atividade administrativa discricionária, é uma atividade vinculada – a decisão deferir ou não deferir o registro solicitado essa decisão é tomada de acordo com determinados critérios legais. Se o pedido preenche esses requisitos deve ser deferido, se não preenche, não deve ser deferido.
O oficial não realiza um exame aprofundado da validade e legalidade do titulo aquisitivo, ele faz um exame formal de legalidade, ou seja, um exame mais superficial, verifica se o titulo aquisitivo preenche determinados critérios legais, mas não vai investigar qualquer causa de nulidade, ineficácia. Os requisitos de legalidade que ele tem que verificar para deferir o registro: ver se o pedido encontra-se instruído com a documentação exigida em lei; deve analisar se o titulo apresenta algum vicio de nulidade (não de anulação) – exemplo: verifica se as partes são capazes, se a parte for incapaz, é nulo, verificar a forma, licitude do objeto; verifica se há descontinuidade entre os títulos apresentados e os apresentados antes.Caso ao final dessa analise o oficial conclua que não há nenhuma dessas três irregularidades, ele deve conferir o registro; e se encontrar alguma dessas irregularidades ele deve formular uma exigência ou negar o pedido. O exame de legalidade se atem a esses três pontos, por isso é chamado de exame formal.
Esse procedimento administrativo se dá em duas etapas: O oficial do registro faz uma inspeção preliminar do titulo, ao final desse exame ele pode tomar duas decisões: deferir o registro ou ele pode formular uma exigência para que a parte que ingressou com o pedido supra alguma irregularidade. Nesse caso, a parte pode acatar a exigência e cumprir, e ai o registro será deferido, ou então a parte pode contestar a exigência, aí dá a início a uma segunda fase: fase contenciosa, que só existe se o particular contestar uma exigência. Quando o oficial do registro recebe a contestação ele pode se convencer que o particular está correto e aquela exigência não era procedente, altera sua posição e exclui aquela exigência que interfere o registro, e ai esta resolvido. Ou se o oficial não concordar com os argumentos, ele suscita uma dúvida ao juiz da vara de registros públicos, e ai o juiz decide de a contestação é procedente ou não (na prática, isso é pouco comum).
-Princípios da eficácia do registro de imóveis (do título aquisitivo):
1º) Eficácia constitutiva-> é o registro que opera a transmissão da propriedade. Art. 1245,CC. O titulo aquisitivo gera apenas efeitos obrigacionais – essa obrigação é cumprida quando a escritura é levada a registro, operando a transmissão da propriedade.
2)Princípio da prioridade -> art. 1246, CC– registro não é o ato final, mas é um procedimento, é uma sucessão de atos e é importante saber em que instante se deu a transmissão, saber qual é o ato que marca a transmissão de propriedade. O ato que marca seria o ato final, mas o artigo fala que o ato que marca a transmissão da propriedade no tempo é a prenotação, é o ato de anotação no protocolo que marca o momento de transmissão, ou seja, esse aritgo esta prevendo ume feito retroativo do registro, porque o registro ainda não foi deferido, ao final do procedimento, irá retroagir. Não é o deferimento do registro quemarca, porque essa regra é importante quando há conflito entre vários títulos aquisitivos – pode acontecer de um mesmo proprietário ter celebrado compras e vendas com diversas pessoas, com registros públicos em diversos cartórios, várias pessoas vão procurar deferir um mesmo imóvel e só uma delas será preferida. Quando essas pessoas apresentarem o seu titulo, como o cartório vai decidir qual adquirente terá prioridade para adquirir o imóvel? O que protocolou primeiro, então faz diferente se é dado o protocolo ou o deferimento do registro. Os dois critérios não coincide. CC colocou o critério que apenas depende da inciativa das parte, quem foi que chegou na frente que foi mais rápido. No nosso sistema, isso não esta nas mãos do registro, quem chegou primeiro será o proprietário. 
Essa regra um dos princípios fundamentais dos direitos reais que é o princípio da preferência.
Art. 192 da lei de registro público-> se dois títulos conflitantes forem levados no mesmo dia no protocolo é preciso verificar o horário de lavratura (a escritura).
3)Princípio da presunção relativa-> o ato de registro do titulo aquisitivo pode ser impugnado, pode ser cancelado ou uma vez praticado o registro esse ato tem uma validade inatacável? Podemos ter os dois sistemas. No direito alemão predomina o presunção absoluta, sendo inatacável, já no Brasil vigora o da presunção relativa – é possível cancelar o ato do registro, mas essa impugnação deve ser promovida por ação própria judicial -> art. 1245, §2º, CC. Por conta desse sistema, vemos que a fé publica do registro é relativa. Em algum momento é possível impugnar, invalidar o registro. 
Se admite a impugnação do registro pela via judicial, que pode apontar para vícios intrínsecos ou vícios extrínsecos. Um vicio extrínseco é um vicio que diz respeito ao procedimento de registro, mas não diz respeito ao titulo aquisitivo. Exemplo: o registro foi efetuado pela cartório incompetente que não era da circunscrição do imóvel, então há uma incompetência do cartório, isso não invalida o titulo aquisitivo, isso invalida o registro, mas isso apenas diz respeito ao procedimento de registro, mantendo integro o titulo aquisitivo. Os vícios intrínsecos é uma impugnação com base num requisito de validade do titulo aquisitivo – nesse caso a impugnação judicial caso seja procedente gera a invalidade do ato de registro mas o próprio negocio que foi levado ao registro. É importante saber qual é o vicio por causa das consequências que se geram. Vicio intrínseco há invalidação do negocio e do registro, porque o nosso sistema é causal - a ineficácia do título aquisitivo repercute no registro. 
Art. 1247, CC-> retificação do registro de imóveis: correção de erros materiais. Pode ser feito por procedimento administrativo, porque quer apenas consertar um erro material.
No Brasil prevalece o princípio da presunção relativa -> aquele que tiver seu titulo registado é proprietário do imóvel, podendo praticar todos os atos que vem desse direito. Enquanto a pessoa figurar como proprietário do imóvel no registro ele pode praticar todos os atos que vem desse direito. 
O verdadeiro proprietário pode por via judicial anular o registro e obter o cancelamento, se houver alguma causa de invalidação do registro. Uma vez cancelado o registro, o verdadeiro proprietário que volta a constar no registro ele pode reivindicar o imóvel.
Essa solução do nosso CC pode dar espaço há situações um pouco dramáticas. Imagina que A está interessado em adquirir o imóvel – vai querer se certificar de que está negociando com a pessoa que é realmente dona do imóvel -> vai no cartório e vê que B é o dono do imóvel, então A celebra e registra e se torna o dono, aparece C, que fala que foi vitima de uma fraude, porque de acordo com o registro eu teria vendido meu imóvel para B, mas eu nunca vendi. A escritura publica foi feita por uma procuração falsa, então fingiram que eu estava consentindo com essa venda, mas eu nunca consenti, então eu continuo sendo o verdadeiro proprietário, então A também não é. Então de acordo com C, A adquiriu uma propriedade de acordo com uma venda a non domino (venda de quem não é dono de alguma coisa). C entra com uma ação na justiça para provar os fatos alegados, e obter a anulação do registro fraudulento feito por B e da compra e venda feita com A, pois ninguém pode ter um direito que não tem. C pode impugnar o registro? Sim, porque predomina a impugnação relativo. Há fundamentos para impugnar a primeira venda feita por B? Sim, porque nunca houve consentimento do vendedor, é uma venda nula, e nosso sistema é causal, então o registro também é nulo. E a venda de B para A? É nula? Anulável? Causas de nulidade no direito brasileiro: capacidade das partes, objeto ilícito, não observância da forma prevista em lei. Qual é a causa de nulidade? Não tem. Há causa de anulabilidade? Erro, dolo? Não. É um caso de ineficácia, porque nela falta um dos pressupostos de eficácia: que o vendedor seja o dono. Mas não é nula. B pode fazer um acordo com C, pagando e adquirindo a propriedade. Nesse momento, a venda de B com A se torna eficaz- pós-eficacização da venda.
Discute-se no direito brasileiro se A não deveria ser protegido, pois é um terceiro adquirente de boa-fé. Quem deve ser mais protegido o terceiro adquirente que confia no registro ou o proprietário que foi fraudado? No direito alemão prevalece a proteção ao adquirente, porque isso é mais importante para o comércio. No Brasil, muitos defendem a proteção ao terceiro adquirente de boa-fé em situações de onerosidade.
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Aula 6 – Rio, 22.03.12
Soriano Neto ->Critica doutrinadores que defendem a proteção do terceiro adquirente de boa-fé, pois se deixaram levar pela similitude entre o direito brasileiro e o direito alemão – acabaram transportando esse solução para o direito brasileiro. No direito brasileiro, o registro pode ser cancelado ainda que em detrimento de um terceiro de boa-fé. Nosso sistema é causalista, sempre que houver um vício de eficácia repercutirá na validade do registro. O problema do título repercute no registro.
Soriano Neto teve uma influência marcante no nosso direito, e depois de sua publicação passaram a decidir a favor do verdadeiro proprietário e contra o terceiro adquirente. O nosso direito adota um sistema causalista e tem a vantagem de proteger o verdadeiro proprietário contra eventuais fraudes – nosso sistema é o mais coerente com a tutela da propriedade -> art. 1247, parágrafo único. No direito brasileiro não há tutela do terceiro adquirente de boa-fé de bens imóveis – o verdadeiro proprietário tem direito à tutela.
-Aquisição da propriedade imobiliária pela acessão-> acessão significa um fenômeno de expansão dos bens imóveis – são bens imóveis o solo e tudo aquilo que se incorporar ao solo natural e artificialmente -> art. 79 – adere ao solo e passa a ser pare integrante do bem, expandido a propriedade. 
Como esse fenômeno pode ser também um fenômeno de aquisição da propriedade? Isso ocorre em situações em que essa incorporação natural o artificial ao solo envolve bens pertencentes a pessoas distintas. Formará um único bem. De acordo com o principio da universalidade ou unicidade domínio, quando diversas coisas pertencetes a pessoas diversas são unidas de maneira indissolúvel, passando a forma um único bem do ponto de vista jurídico, sobre esse bem só pode existir um único direito de propriedade sobre a coisa toda. É preciso decidir quais dos proprietários poderá ficar com a coisa toda e qual será os direitos dos outros proprietários requeridos. 
.Hipóteses de acessão natural -> coisas pertencentes a pessoas diversas são unidas de maneira indissolúvel e formam um único bem por forças naturais e não por força do homem 
Art. 1248-> acessão provocada por força natural. 
1) Formação de ilhas: é quando se tem duas propriedades divididas por um rio e por algum fenômeno natural o rio diminui de nível ou há um desvio do rio e nesse rio forma-se uma ilha – quem é o dono da ilha?Há uma divisão da ilha entre os dois proprietários. 
2)Aluvião-> art. 1250 – você tem um rio e rio quando passa arrasta partículas dos terrenos ribeirinhos e vão sedimentar em outro lugar – é algo imperceptível – um terreno perde matéria e outro cresce, há uma transferência de propriedade -> o terreno que recebendo o aluvião adquire esse porção de terra? Sim e não deve indenizar o terreno que está perdendo, porque é um fenômeno natural. 
3)Avulsão-> art. 1251 – por força natural violenta uma porção de um prédio se junta a outro –onde se tem vulcão e terremoto tem atividade sísmica muito importante e tem mais movimentos de terra, a topografia do local é alterada -> o proprietário que recebeu aquela porção de terra pode ficar com essa porção de terra? Pode, indenizando o outro pela terra transferida ou se após 1 ano o proprietário prejudicado não reclamar -> há uma prazo decadencial para que se exija a indenização. Se a pessoa exige uma indenização e a pessoa se nega a pagar? O dono que recebeu aquela porção deve permitir a remoção da terra para a devolução ao terreno original.
4) Álveo abandonado-> quando você tem uma alteração no curso de um rio – por algum fenômeno há um desvio do rio de tal maneira que o rio passa a ter um outro percurso. Esse álveo vai secar e secar não vai ter mais rio, então quem vai ser dono desse pedaço de terra que passava água e agora não passa mais? Vai haver uma divisão dessas terras.
.Hipóteses artificiais -> art. 1248, V -> acessão por esforço do homem. Temos que identificar três possíveis atores: dono do terreno, o responsável pelo trabalho de construção ou plantação, que é o possuidor do terreno e tem a mão de obra, e temos o dono da matéria-prima (dono do material de construção ou das sementes) – o conflito deverá compor o interesse desses três atores. Define quem tem direito a ser proprietário do todo e quais são os direitos que vão ser reconhecidos aos demais.
Podemos identificar quatro situações problemáticas: 
1)alguém constrói ou planta em terreno próprio usando matéria-prima de outra pessoa -> quem vai ser dono do todo e qual direito será reconhecido ao outro envolvido?
Art. 1254, CC-> o dono do terreno sempre terá direito a se tornar proprietário pelo material utilizado. O dono do terreno que se tornará proprietário do todo. Ao dono do material terá uma tutela compensatória e caso houvesse má-fé, pode pleitear indenização de que o material dele foi utilizado. Essa indenização seria o valor do material utilizado, mas em caso de má-fé pode demonstrar outros danos e obter uma compensação (má-fé-> dono do terreno usou o material sabendo que era de outra pessoa).
2)alguém constrói e cultiva no terreno alheio com material próprio – quem vai ser dono do todo e qual direito será reconhecido ao outro?
Muitas vezes faz isso de boa-fé, com base no registro. E depois com uma venda, esta é anulada e o registro também.
Art. 1255, CC-> caput prevê as hipóteses em que o dono do terreno tem o direito de ficar com a propriedade todo. E o parágrafo único prevê as hipóteses de acessão invertida.
Parágrafo único->Dono da plantação tem a prerrogativa de ficar com o imóvel considerado como todo, se estiver de boa-fé – plantou, construiu ignorando que o terreno era de terceiro e se valor da construção ou da plantação excede consideravelmente o valor do terreno. O que exceder consideravelmente? Não se sabe – é muito vago. Dono da plantação tem o direito de adquirir o terreno, indenizando o dono do terreno. Quando não houver boa-fé ou o valor da plantação não exceder o valor do terreno, não há acessão invertida.
Caput-> O dono do terreno tem o direito de ser o proprietário do todo e deve indenizar o construtor ou plantador se esse estiver de boa-fé.
Art. 1256-> se ambos estiverem de má-fé volta a ter o direito de indenização em favor do construtor. Exemplo: dono do terreno vê que tem um construtor construindo no seu terreno, e este sabe que o terreno não é dele, mas mesmo assim constrói. Isso é feito para que o construtor seja indenizado pelo trabalho realizado – não é um enriquecimento sem causa.
3)alguém constrói em terreno alheio com material alheio – quem será o proprietário do todo e quais os direitos aos demais envolvidos?
Art. 1257, CC-> Tem o dono do terreno, aquele que realizou a construção e o dono do material utilizado ou das sementes. É o caso mais complexo.
a)Dono do terreno e quem realizou a construção-> aplica-se a regra do arts. 1255 e 1256. 
b)Dono da matéria-prima-> art. 1257 – tem direito a uma compensação em face do construtor que utilizou o material daquele. Se o construtor ou plantador estava de má-fé, além da compensação pelo valor do material, caberá perdas e danos se o dono do material mostrar que teve outras perdas.
Parágrafo único-> o dono do material ou das sementes pode ser compensado em face do produtor ou construtor, mas esse parágrafo prevê que essa pretensão do dono do material será perante o dono do terreno. Pela forma como o artigo está redigido vemos que a responsabilidade do terreno é subsidiária – caso o dono do material não consiga ser compensado perante o construtor ou plantador, ele exerce essa pretensão perante o dono do terreno.
4)alguém constrói em terreno próprio, mas invade o terreno vizinho 
Art. 1258 e 1259, CC.
Casos de invasão -> orientação do legislador em favor da permanência da construção. Olhando esses artigos reconhecemos três situações:
a)art. 1258-> uma invasão de uma parcela pequena do terreno invadido. O invasor-construtor está de boa-fé (construí ignorando que estava invadindo). O valor da construção excede o valor da parcela invadida. -> nesse caso, o construtor tem direito a adquirir a parcela invadida indenizando o dono dessa parcela – é uma indenização que leva em consideração o valor da área invadida e também a desvalorização que a subtração dessa parcela pode causar ao terreno – a indenização vai ser a mais ampla possível.
b)art. 1258, parágrafo único->é uma invasão de pequena proporção. Diferença da situação anterior: construtor está de má-fé, sabe que invadiu o terreno vizinho – nesse caso, o direito do construtor de adquirir a parcela invadida depende de requisitos adicionais -> o valor da construção deve receber consideravelmente superiorao valor da parcela invadida. Mas o que seria consideravelmente? Não se sabe. Nesse caso, para que o construtor tenha direito a parcela invadida, a porção invasora não possa ser destruída, demolida sem grave consequência para a construção toda. Isso é para não incentivar a atitude de má-fé, colocam-se situações mais restritivas. Tem que pagar uma indenização multiplicada por 10.
c)art. 1259-> diferença: o tamanho da invasão – é uma invasão considerável. Construtor só tem direito ao terreno invadido se ele estiver de boa-fé, e terá que indenizar. É curioso, porque não fala de valores. A indenização inclui o valor da parcela perdida, a desvalorização da área remanescente e o valor que a invasão acresceu. Se estiver de má-fé tem que demolir tudo e pagar a indenização em dobro.
->No CC de 16 essas soluções eram simples e muito rígidas. Em todas as situações o CC resolvia o conflito em favor do proprietário do terreno e ao outro se reconhecia apenas um direito de indenização. A pessoa que constrói em terreno alheio -> como o acessório segue o principal o dono do terreno será dono da construção, o dono do imóvel fica com o todo; ao construtor era reconhecido um valor de indenização pela construção, caso estivesse de boa-fé.
Depois isso passou a ser criticado, e a crítica tinha dois pontos principais: 1)constatação de que a riqueza havia evoluído de maneira significativa, o CC de 16 partia da ideia de que o valor da terra era superior ao valor da casa que se tinha construído sobre aquele terreno, mas isso não é mais verdade, hoje o valor do prédio é mais importante que o do terreno -> CC 16 partia de um pressuposto que não era mais verdadeiro. 2)direcionada aos problemas de invasão de terreno -> nem sempre há uma sinalização clara de divisão entre os terrenos.A solução do CC 16 era ineficaz porque gerava um custo social muito grande (se você invadiu 1m do terreno vizinho, o vizinho poderia exigir a demolição do prédio todo – havia uma chantagem: vizinho exigia uma indenização muito grande ou então dava a sugestão de demolir -> isso era abuso de direito). 
Hoje, temos um novo CC que traz outras regras, temos uma solução muito mais complexa e sofisticada, mas são regras que procuram sempre a solução do menor custo social. São regras que procuram conservar a riqueza construída. CC admite hipóteses de acessão invertida -> dono da construção terá direito a ficar com o terreno, indenizando o dono do terreno. Soluções que procuram evitar destruição de riqueza, demolir prédios já construídos, evitar custo social muito grande.
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Aula 7 – Rio, 27.03.12
Art. 1228, §4º e §5º-> criou uma nova hipótese de aquisição da propriedade. Perceber a dificuldade que esse dispositivo apresenta, pois tem muitos conceitos indefinidos. Fala de uma extensa área, mas não define, fala de um grupo de pessoas, mas também não define, e fala de um terreno que pessoas tenham construído obras e serviços relevantes e de interesse econômico, que também não são definidos. Há muitos conceitos que tornam a aplicação desse preceito inseguro – não é fácil prever quando esse dispositivo vai ser aplicado no caso concreto. 
Além disso, quem deve pagar a indenização? No §5º o juiz irá determinar a indenização para o proprietário que perde o terreno -> a quem cabe pagar essa indenização ao proprietário?
1ª opinião) quem tem que pagar é o Estado – se esse mecanismo procura assentar moradores irregulares, que encontram-se em um local em que foi realizado obra, é complicado achar que essas pessoas deveriam arcar com essa indenização, pois são pessoas com poucos recursos. Cabe ao Estado indenizar o proprietário dentro de uma politica pública de regularização fidiária. Essa tese tem diversas dificuldades. 
2ª opinião) quem tem que pagar são os próprios beneficiários – condição para a moradia é ter que indenizar o proprietário.
Como calcular essa indenização? Qual o valor de mercado de um terreno invadido? É difícil encontrar alguém interessado, então é um valor reduzido. Essa indenização será pequena. Ou então a indenização tem que levar em consideração o bem em si, desconsiderando a invasão nele existente. 
Sobre essas questões procurou-se classificar qual era a natureza desse instituto, porque ai terá uma disciplina jurídica aplicável, tirando essas dúvidas. Sobre a natureza desse instituto novo surgiram duas teses:
1ª)caso de desapropriação -> significa que o responsável pelo pagamento da indenização é o Estado. E nesse caso, teríamos uma desapropriação realizada pelo judiciário. Mas se olharmos bem para essa maneira de desapropriar, ela contradiz características de desapropriação – quem realiza é adm. pública e não judiciário; desapropriação depende de dotação orçamentária (uma previsão de orçamento); haveria muitas dificuldades processuais – estamos falando de uma ação reivindicatória, e o Estado não é parte desse processo, então como ele pode ser responsável por essa indenização? A tese da desapropriação casa mal com o que está previsto nesse dispositivo.
2ª)modalidade de usucapião -> tem mais fragilidades ainda, porque usucapião é modalidade não onerosa de aquisição da propriedade, quem adquire por força de usucapião não deve indenizar o proprietário que perdeu o bem. Daí se chegou a falar que seria uma modalidade de usucapião onerosa, mas para o professor isso só mostra que não é usucapião.
Uma terceira tese foi formulada em relação a esse assunto: Seria mais uma modalidade de aquisição por acessão invertida. -> há pessoas que fizeram construção sobre um terreno alheio – os construtores que realizaram as obras tem o direito de adquirir a propriedade do terreno, indenizando o proprietário, mas isso na hipótese prevista pelo §4º (estão na posse do terreno há 5 anos, é um grupo considerável de pessoas, é uma extensa área, as obras realizadas foram relevantes, quando construíram estavam de boa-fé, não sabendo que o terreno já tinha uma proprietário), para assim adquirir a propriedade do proprietário, por meio de indenização. Mas em vez de ser acessão invertida sobre uma análise econômica dos bens, aqui é uma análise socioeconômica -> não se verifica se o valor das obras é maior do que o valor do terreno, abre espaço para que o juiz entenda que um grupo de moradia, embora sejam moradias humildes de valor reduzido, do ponto de vista social essas construções têm uma importância relevante, e, portanto, seria admitida uma acessão invertida no caso desses moradores. -> Acessão invertida socioeconômica. Ao admitir isso, podemos tirar as outras dúvidas: quem tem que pagar a indenização são os próprios beneficiários; a indenização é calculada tomando por base o terreno isoladamente (desconsiderando todas as construções irregulares nele existentes – o grupo de pessoas só está adquirindo o terreno isoladamente, a construção foi realizada por eles). 
Esse §5º nunca foi aplicado, e o professor tem dúvidas de que um dia venha a ser aplicado. Quando o CC entrou em vigor, esse dispositivo chamou muita atenção da doutrina, porque era valoritário e porque parecia um instituto de vanguarda, que promoveria uma justiça social, mas ele nunca fui utilizado e tem uma utilização tão difícil que provavelmente não vai ser utilizado, porque tem que verificar todos os requisitos e porque temos a modalidade usucapião coletiva. Usucapião coletiva-> grupo se torna proprietário sem ter que indenizar. Se puder aplicar essa modalidade, é melhor do que ter que a aplicar as hipóteses do §5º.
No caso desse dispositivo se verificar na prática, se formará um condomínio em favor desses moradores -> o que também causa problemas, porque são muitas pessoas.
.Aquisição por usucapião (será tratada após estudarmos a posse) e aquisição ? (será dada em outro período)
MODALIDADES DE AQUISIÇÃO DOS BENS MÓVEIS
.Modalidade da Ocupação-> art. 1263 – a ocupação é aquisição da propriedade um bem móvel sem dono por meio do seu apossamento. Ou seja, quando há um bem móvel sem dono (só os bens móveis podem não ter dono) alguém pode adquirir a propriedade, adquirir a sua posse. Se você encontra algo na lixeira, você pode adquirir as coisas que ali estão, porque não tem dono – pode se apoderar da coisa que se encontra na lixeira, tornando-se proprietário. Torna-se proprietário imediatamente – efeito imediato. 
A ocupação depende de quatro requisitos: 
1)apreensão da coisa – quando há aquisição da posse da coisa
2)quem se apodera da coisa tem discernimento sobre o ato realizado
3)a coisa não está no domínio de outra pessoa – essa coisa ou é uma res nullios (coisa que nunca teve dono) ou é uma res derelicta(coisas cujo proprietário abdicou da propriedade, coisas abandonadas – renúncia tácita)
4)aquisição do bem tem que ser admitida em lei.
O importante é distinguir a ocupação da descoberta-> é quando a pessoa encontra um bem perdido pelo seu proprietário. Uma diferença fundamental entre alguém se apoderar de um bem sem dono ou se apoderar de um bem que foi perdido pelo proprietário. Quem encontra um bem perdido tem o dever de restituir o bem ao proprietário - Art.1233->esse dispositiva cria uma obrigação legal. Ninguém tem a obrigação de recolher a coisa, você pode ver uma coisa perdida e seguir em frente, mas a partir do momento que você se apropria da coisa, você tem a obrigação de restituir a coisa ao proprietário.
Descoberta é o termo cunhado pelo código de 2002, até então essa situação recebia o nome de invenção, que é a palavra em latim adequada para essa situação.
Mas a questão que se coloca em seguida é: e se não souber quem é o dono? Art. 1233, parágrafo único-> deve procurar o proprietário. Não se exige que o descobridor faça uma investigação sobre o proprietário, deve fazer uma investigação simples. Se não encontrar o proprietário, deve entregar a coisa à autoridade competente (políciae departamento de achados e perdidos do lugar onde o bem foi encontrado). O descobridor que consegue cumprir o seu dever (encontrar o proprietário) tem direito a uma recompensa de no mínimo de 5% do valor da coisa e de uma compensação. Essa recompensa só é devida a pessoa que sem nenhuma obrigação pegou a coisa e restitui o proprietário (não está incluído aí o policial, o vigia do local), é só para quem recolhe a coisa de maneira espontânea. O proprietário da coisa pode evitar o pagamento da recompensa e da despesa de compensação abandonando a coisa.
Art. 1235-> responsabilidade do descobridor pela guarda da coisa – a regra geral de reponsabilidade é de uma responsabilidade por culpa, o dispositivo diz que a reponsabilidade do descobridor só ocorre em caso de dolo, pessoa deliberadamente quis destruir a coisa -> o legislador restringiu ao caso de dolo tendo em vista a situação especial do descobridor, que está fazendo isso espontaneamente, é uma atividade gratuita e espontânea, o legislador traçou uma responsabilidade mais branda.
Quando a coisa é entregue à modalidade policial -> art. 1236 e 1237. Art. 1236-> policial deve dar publicidade, para que o proprietário possa saber que estão com o seu bem. Art. 1237-> haverá após 60 dias da divulgação do caso pela imprensa, irá se leiloar a coisa perdida, e esta será adquirida pelo maior lance. Art. 1237, parágrafo único-> depois que a divulgação da imprensa da coisa perdida, o município pode avaliar se oportuno proceder ao leilão, o que gera custos – talvez esses custos fossem superiores ao valor do bem, então não teria porque gastar com a ata pública, e o município poderia achar o proprietário.
Achado de tesouro-> hipótese em que alguém descobre um depósito antigo de coisas preciosas que até então estava oculto. Por que o CC ainda fala disso? Não faz o menor sentido o CC ainda se remeter a isso. Depende de três requisitos para se configurar:
1º)são coisas preciosas que podem ser apropriadas 
2º)as coisas estavam ocultadas, escondidas, enterradas seja em um bem móvel ou em um bem imóvel
3º)Cujo dono não haja memória
Art. 1265-> o tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele ou quando a coisa for encontrada por alguém sob ordem do proprietário e quando terceiro está vasculhando tesouro sem autorização do proprietário. Caso em que o tesouro é repartido -> art. 1264 – única hipótese em que o tesouro não pertence inteiramente ao proprietário: terceiro encontra casualmente e assim terá direito à metade do tesouro.
Dá trabalho ao juristas, porque se discute se de fato é uma modalidade, se é uma hipótese de acessão, se é uma descoberta – discussão sobre a natureza desse instituto.
.Tradição-> art.1267 – nosso sistema pressupõe sempre além do título a realização de um modo de transmissão da propriedade. O título não transfere a propriedade por si só. 
Tradição é entrega da coisa que alguém faz a outrem com o ânimo de transmitir o domínio. -> observamos a importância da posse para os bens móveis. A transmissão de um bem móvel ocorre com a entrega da coisa, que é um fenômeno possessório – a posse sai do alienante e entra na posse do adquirente. É uma forma de execução, pagamento. 
A tradição se decompõe em dois elementos: um elemento objetivo, que é a entrega da coisa – tradens (aquele que entrega) ao occipiens (aquele que recebe a coisa por força da tradição) e tem também o elemento subjetivo, que é uma intenção por parte do tradens de transmitir a propriedade – animus tradendi. Nem sempre na entrega há transmissão da propriedade. O fato da tradição depender de um elemento subjetivo não significa que vamos fazer uma análise psicológica das pessoas, isso será feito por meio de aspectos objetivos, o principal aspecto objetivo é o título (compra e venda transferimos o título, diferente do comodato, locação). Porém, muitas vezes falamos em comodato e locação e dizemos que há a tradição, mas a tradição em sentido estrito significa entregar a coisa com o ânimo de transmitir o domínio, para não ocorrer esse equívoco a doutrina fala em: tradição e tradição nua (intenção só de transmitir a posse).
Modalidades de tradição: 
É um ato que exige uma certa formalidade. Transmissão da propriedade móvel flexibilizando o formalismo negocial.
1ª)Modalidade histórica-> tradição in manu – tradição na sua acepção tradicional de quem entrega a coisa de mãos em mãos. Também chamada de tradição real. Mas ao lado dela foram admitidas tradições fictas (muitas modalidades usadas no passado já não existem mais): tradição simbólica (em vez de entregar a coisa, o tradens entrega ao occipiens algo que simboliza a coisa – exemplo: documentos de uma mercadoria); tradição breve manu (nenhum ato material é praticado, a coisa transmitida já se encontrava na posse do occipiens – há o comodato da coisa que estava na mão do occipiens e depois haverá a transmissão-> nesse caso não faria sentido que a coisa fosse devolvida ao tradens para que depois tivesse que entregar de novo, como a coisa já está na mão de quem vai assumir a propriedade, a tradição será então subentendida – com o momento da realização do contrato a propriedade será transmitida -> despensa a dupla entrega da coisa);constituto possessório (cláusula que se rediz num negócio translativo quando se quer que tradens continue com a detenção da posse – é preciso que haja uma cláusula no contrato prevendo o constituto possessório); cessão do direito de reaver a coisa (direito está na posse de terceiro, então a tradição será subentendida com a cessão ao que comprou do direito de reaver a coisa) -> art. 1267.
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Aula 8 – Rio, 10.04.12
-Efeitos da tradição:
O efeito da tradição é a transmissão da propriedade dos bens móveis. Um ponto importante é lembrar que o nosso sistema de transmissão da propriedade é o causalista, porque a eficácia da tradição depende da eficácia do titulo translativo da propriedade – vício no titulo contamina a eficácia da tradição. A tradição não terá efeitos se decorrer de um título sem eficácia. -> art. 1268, §2º - não transfere a propriedade a tradição quando tiver por título um negócio jurídico nulo. Esse raciocínio vale para os negócios nulos, anuláveis e também para os negócios a non dominus.
Exceção: art. 1268, caput (2ª parte) -> consagração de uma hipótese de tutela do 3º adquirente de boa-fé, no caso de um proprietário aparente – não era o proprietário, mas aparentava ser. E de outro lado você tem o terceiro de boa-fé: pessoa que celebrou de boa-fé com esse proprietário aparente, ignorando que poderia estar negociando com uma pessoa que não era o verdadeiro proprietário do bem. Nesse caso, a tradição opera a transmissão da propriedade, apesar da venda ter sido a non domino. A tradição terá efeitos. Requisitos: boa-fé e aparência de propriedade (requisitos subjetivos); em leilão ou estabelecimento comercial (requisito objetivo) – somente produto oferecido em público em leilão ou estabelecimento comercial – hipótese bastante restritiva.
Art. 1268, §1º -> solução para sanar algumas vendas irregulares -> maneira para regularizar isso: pode ser sanado caso o alienante, após realizar a tradição, regularizar a sua situação perante o proprietário – aquisição superveniente regulariza a tradição efetuada no início. É uma situação de pós-eficacização. É um efeito retroativo – retroage ao tempo da tradição para sanar essa tradição e regularizar essa situação. -> A pega bicicleta de B e vende para C – depois disso, A faz um acordo com B e diz que dá 70% dos lucros da venda da bicicleta e fica com 30%, regularizando, fazendo A se tornar proprietário do bem. -> tem um efeito retroativo, que vai sanar a irregularidade da tradição efetuada, pois a partir do momento superveniente que A se torna proprietário, a situação se regulariza.
2ª) Modalidade de Acessão de Bens Móveis->Acessão é quando duas coisas separadas unem-se de maneira indissolúvel formando uma única coisa, esta coisa que resulta da acessão pertencerá a um único proprietário.

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