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Texto 01 - A fotografia já tem história [SENAC]

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A fotografia já tem história
Uma das formas de contar a his​tória da fotografia é descrever o seu aperfeiçoamento técnico através dos tempos, desde as primeiras experiências, que hoje consideramos muito simples, até as inovações tecnológicas atuais, que possibilitam inserir imagens virtuais em páginas da internet. Neste anexo, você vai se deparar com uma série de nomes e datas que talvez o deixem zonzo, mas nosso objetivo é aguçar a sua curiosidade para um assunto que não se esgota aqui. Se você se interessar por algum tópico, não se acanhe em correr atrás de mais informação. Conversas com professores ou profissionais mais experientes, pesquisas e leituras são ótimas estratégias para ampliar o conhecimento.
Uma história de muitos inventores
É possível observar pelos re​gistros históricos que, mais ou menos ao mesmo tempo e em diferentes lugares, estudiosos tra​balharam isoladamente conceben​do soluções para juntar numa só máquina os conhecimentos de duas áreas do saber: a óptica e a química. Procuravam, enfim, criar um mecanismo que reproduzisse a realidade e registrasse a sua ima​gem. Esses pesquisadores mal podiam imaginar os benefícios que tal mecanismo traria para todas as ciências e artes.
No século X, um árabe chamado Aihazen descreveu em manuscritos como observar um eclipse solar no interior de uma câmara escura. Na mesma época, na China, eram desenvolvidas técnicas de gravura que se adaptavam bem à impressão dos ideogramas da língua chinesa.
Ao longo do tempo o homem tem usado diversos suportes para registrar o conhecimento: rocha de cavernas, couro, tabuinha, argila, seda, pergaminho, papiro, papel e, mais recentemente, a tela do computador. O nascimento da fotografia está estreitamente ligado às tentativas de aperfeiçoamento dos métodos de impressão sobre papel, e os chineses foram pioneiros nisso. Tradicionalmente, se atribui a invenção do papel a um cortesão chinês, Cai Lun, em 105 d.C. A China já conhecia a imprensa, no século II, através de gravações em blocos de madeira, técnica que o Ocidente veio a descobrir por volta de 1450 com a invenção de Johann Gutemberg, que ficou na história como o inventor da imprensa. Na verdade, Gutemberg inventou a impressão com tipos móveis.
Câmaras escuras
No Renascimento (séculos XV e XVI), a câmara escura passou a ser utilizada por grandes artistas – Leonardo da Vinci, por exemplo – como recurso para melhor reproduzirem a realidade em seus desenhos e na pintura. A propósito, o pensador Aristóteles já havia demonstrado o princípio da câmara escura três séculos antes de Cristo.
A câmara escura era formada originalmente por um quarto sem nenhuma luz, com um orifício numa das paredes que permitia projetar, na parede oposta, uma determinada imagem na posição invertida (ver ilustração na p. ao lado).
O quarto foi substituído por uma caixa portátil, e o orifício, por lentes simples, num esquema que serviu de modelo para as primeiras câmeras fotográficas. Costuma-se também denominar os laboratórios atuais de "câmara escura".
O princípio do negativo
Nessa época só era possível ver as imagens através câmara escura, pois ainda não se conseguia fixá-las em nenhum suporte – papel, vidro etc. Foi em 1604 que o cientista italiano Angelo Sala percebeu que o nitrato de prata ficava negro quando exposto ao sol. Apenas em 1725, Johan Heindrich Schulze, um pro​fessor de medicina de Aldorf, na Alemanha, concluiu que era a luz do sol – e não o calor, como pensava Sala – que transformava os cristais de prata em prata metálica negra. Ele captou as primeiras imagens desse método, mas ainda sem conseguir inter​romper o processo. Ou seja, quando as imagens saíam da câmara escura, continuavam enegrecendo até sumirem completamente.
É por essas e outras desco​bertas que não se fala em um ú​nico inventor da fotografia, pois em diferentes lugares, quase simul​taneamente, vários pesquisadores chegaram a resultados parecidos em seus experimentos. No entan​to, a primeira imagem que per​maneceu fixa por mais tempo foi feita pelo litógrafo francês Joseph Nicéphore Niépce, em 1826.
Niépce chamou a técnica de heliografia, isto é, "escrita com luz solar". Ele obteve a primeira imagem permanente ao expor, na câmara escura, uma placa metáli​ca recoberta com verniz de asfalto (ou betume da Judéia). Nesse processo eram necessárias até oito horas de exposição. Nas partes da placa não afetadas pela luz, o be​tume era retirado com uma so​lução de essência de alfazema.
Logo depois, Niépce pro​duziu seus primeiros negativos, ainda de baixa densidade, mas que, expostos sobre o papel trata​do com cloreto de prata e fixado com ácido nítrico, apresentavam resultados bem melhores.
A daguerreotipia
Em 1839, o pintor de paisagens e desenhista de cenários para teatro, Louis-Jacques Mandé Daguerre, deixou sua principal contribuição para a fotografia: o daguerreótipo. Ele descobriu, alguns dizem que acidentalmente, um processo químico na revelação da imagem que diminuía radicalmente o tempo de exposição, tornando o processo fotográfico mais sim​ples. O daguerreótipo – vendido depois ao governo francês por uma pensão vitalícia de 6 mil francos – pa​dronizava os processos químicos de revelação e fixação da imagem.
A daguerreotipia aparentava-se conceitualmente à pintura por seu caráter de imagem única. Por isso não é de se estranhar que o daguerreótipo tenha obti​do sucesso notável junto à burguesia emergente da época, ávida por símbolo de status capaz de apro​ximá-la da nobreza, dona do privilégio de ter seus retratos únicos eternizados pelos pintores.
Na onda das descobertas, também na década de 1830, o matemático húngaro Josef Petzval fabricou uma nova lente dupla, trinta vezes mais rápida que as anteriores, conhecida como Chevalier, diminuindo ainda mais o tempo de exposição à luz.
A calotipia
Mas foi a calotipia que transformou a fotografia em um verdadeiro "veículo de comunicação". O inglês Fox Talbot inventou o primeiro sistema sim​ples para a produção de um número indeterminado de cópias, a partir de uma mesma chapa. Patenteou sua invenção em 1841. Diferentemente da invenção de Daguerre, a calotipia obedecia à natureza intrínseca da fotografia como a entendemos hoje: a reprodutibilidade. Aí estava o grande salto de Talbot.
À semelhança de Daguerre, Fox Talbot permitia que apenas os cientistas e poucos amadores usassem livremente seu processo e exigia dos profissionais uma autorização paga.
A Academia Francesa de Ciências comunicou oficialmente a invenção da fotografia em 1839.
Em 1852, o fotógrafo londrino Laroche venceu uma ação judicial contra Fox Talbot, alegando que os processos químicos do calótipo (a invenção de Talbot) e o seu novo sistema à colódio úmido eram, na essência, iguais. Os tribunais ingleses confirmaram o ineditismo para a iniciativa de Laroche. Mas, na verdade, o sistema de colódio unido tinha sido inventado em 1851 por Frederick Scott Archer que, pouco precavido, não patenteou a idéia.
Embora o sistema de coló​dio fosse pouco flexível e com​plexo demais, acabou produzin​do excelentes resultados. Foi o responsável pelo surgimento da fotografia temática, especialidade que se destacou Roger Fenton, com suas fotos durante a Guerra da Criméia, em 1855.
A diferença fundamental entre daguerreotipia e calotipia é que a primeira gera apenas uma única imagem sobre placa de cobre revestida de prata polida, e a segunda produz um número ilimitado de cópias sobre papel. A calotipia, portanto, obedece à natureza intrínseca da fotografia, que é a reprodução.
Adeus, chapa úmida!
Em 1871, o médico inglês Richards Leach Maldox inventou a primeira chapa manipulável. Já não havia necessidade de untá-las antes da exposição, nem de as revelar imediatamente. A chapa seca, além de ter simplificado a técnica fotográfica, promoveu uma ver​dadeira revolução no desenho das câmeras, reduzindo o tamanho do equipamento. Ademais, o novo material era rápido o suficiente para cenas em movimento, desdeque as máquinas fossem providas de um obtu​rador instantâneo. Em 1877, o fotógrafo inglês-ameri​cano Eadweard Muybridge usou uma bateria de 24 máquinas para registrar ciclos de movimentos.
Filme flexível: o início de lançamentos sucessivos
No mesmo ano, o americano George Eastman popularizou de vez a fotografia com a criação do filme flexível, que tinha o nome de american film. Podemos dizer que até então a fotografia era de domínio exclu​sivo de profissionais. Foi com a introdução da máquina fotográfica de filme de rolo flexível que a fotografia tornou-se um tanto mais barata.
Em 1888, depois do relativo sucesso obtido por sua invenção, Eastman lança a empresa Kodak (nome escolhido para que fosse pronunciado facilmente em qualquer país do mundo) com o histórico slogan: "Aperte o botão, nós faremos o resto". Seu primeiro produto tratava-se de uma câmera pequena (9,2 x 7,9 x 16,5 cm), em que o chassi completo comportava um rolo de filme com 6,35 cm de largura, com base de papel e coberto com emulsão fotossensível, com o qual se obtinham cem exposições.
Eastman e a Kodak iriam ainda muito longe e deixariam marcas importantes na história da fotografia. No ano de 1900, lan​çaram a Brownie. O objetivo era atingir milhões de pessoas de bai​xo poder aquisitivo que até então não tinham acesso às máquinas fotográficas. Com o nome de um personagem de história em qua​drinhos famoso na época, a Brownie foi a máquina fotográfi​ca mais célebre da história, vendi​da por apenas 1 dólar. "Agora qualquer moleque tem uma Brownie", lastimou-se o fotógrafo Alvin Lagdon Coburn.
O salto para a cor
É claro que a reprodução em cores foi uma aspiração simultânea ao aparecimento da fotografia, levando muitos a colorir daguer​reótipos. O primeiro pesquisador bem-sucedido nesse propósito foi o sobrinho do inventor da heliografia: Niépce de Saint​Victor, responsável pela obtenção de daguerreótipos com leve coloração. Em 1869, os franceses Louis Ducos du Haron e Charles Cros chegaram simultaneamente a resultado idêntico na produção de imagens coloridas, e sem co​nhecimento prévio das pesquisas um do outro. Trinta e oito anos depois, em 1907, surgiu o primeiro processo industrial de produção de fotografias coloridas, o Autochrome Lumière.
Mudanças cada vez mais rápidas
Em 1924 é a vez da Ermanox, com negativos de vidro de pequeno formato, e da Leica, empregando filme flexível de cinema de 35 mm. Com a câmera Ermanox, o alemão Erich Salomon pôde captar deta​lhes das reuniões de cúpula dos dirigentes europeus, inaugurando um inusitado estilo de comentário político na imprensa. A Leica, por sua vez, por ser uma máquina silenciosa e discreta, permitiu que o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson criasse uma nova escola fotográfica, baseada na habilidade de pre​ver o desdobramento de uma ação e de registrá-la rapidamente sem chamar a atenção do fotografado, o chamado instante decisivo.
Em 1935 surge o Kodachro​me, pioneiro dos modernos fil​mes coloridos, concebido pelos alemães Leopold Manner e Leopold Godowsky, que produz slides de primeira qualidade. Seis anos mais tarde, a Kodak intro​duz o processo negativo-positivo na fotografia em cores, e já quase nos anos 50 lança o Ektacolor, filme que podia ser revelado pelo próprio fotógrafo. Isso coloca fotografia definitivamente ao alcance de todos.
Uma novidade considerada espetacular foi a Polaroid, inventada por Edwin Land em 1947. Ela possibilitava a fotografia instantânea: como num passe de mágica, o usuário podia ver em poucos minutos sua fotografia. Assim estava fechado um ciclo importante iniciado com a daguerreo​tipia, que também permitia a revelação imediata. Essa vantagem ressurgiria, mais sofisticada, na segunda metade do século XX com a fotografia digital.
O mundo digital
Reforçando a idéia de que o homem tem o poder de exceder limites através de inventos, a máquina fotográfica digital veio revolucionar o processo fotográfico. ​Como vimos, a ausência de filme é a principal característica da fotografia digital. A imagem é registrada em disquete com grande capacidade de armazenamento, ou mesmo na memória da máquina, e depois é transportada para um software específico de tratamento de imagem instalado no computador, onde a foto pode sofrer diferentes ​tipos de intervenção.
Graças ao desenvolvimento da informática, à difusão maciça do computador e à populariza​cão em proporções geométricas da internet, a fotografia digital vem ganhando espaço e se apresenta co​mo a grande vedete dos próximos anos.
A fotografia no Brasil
Logo depois de ter sido novidade na Europa, a notícia da invenção do daguerreótipo chega ao Brasil pelo jornal Diário do Commercio, do Rio de Janeiro, em 1 de maio de 1839. Mas, na verdade, nosso país aparece na história da fotografia como palco de experiências seis anos antes, em 1833. O francês Hércules Florence, que morava por aqui, dedicou-se a uma série de inven​tos, em sua maioria métodos de reprodução de imagens, como a poligrafia e a impressão pela luz solar. Chegou a reproduzir rótu​los de farmácias e diplomas de maçonaria, mas, quando soube da nova invenção vinda da Eu​ropa, "resolveu dar por encerra​dos seus trabalhos nessa área" (CURSO completo de fotogra​fia, 1981).
O primeiro contato propria​mente dito com a fotografia em terras brasileiras acontece em janeiro de 1840, quando o abade francês Louis Compte produz com um daguerreótipo três ima​gens nas proximidades do Paço Imperial, localizado na atual praça XV de Novembro, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Fasci​nado pelo invento, o imperador Pedro II, então com 14 anos, compra um equipamento de daguerreotipia dois meses depois e torna-se o primeiro fotógrafo nacional.
Dom Pedro II foi uma espécie de patrono da fotografia. Atribuía títulos e honrarias aos seus daguerreotipistas preferidos. Os Buvelot & Prat foram os primeiros. Tiveram o privilégio de usar as Armas Imperiais na fachada de seu estúdio fotográfico, em 1851.
Se comparado com os EUA e a Europa, o desen​volvimento da fotografia no Brasil foi bastante lento. Essa diferença deve-se principalmente à distância que nos separa de tais países. Para se ter uma idéia, basta checar o número de fotógrafos profissionais em cada país. Em 1847, no Brasil havia três fotógrafos. Dez anos depois esse número subiu para 11, atingindo 30 em 1864. Em Londres havia 284 estúdios em 1866, e nos EUA já trabalhavam 3154 fotógrafos na mesma época.
Durante o século XIX, o Rio de Janeiro, beneficiado por sua ​condição de sede da corte portuguesa, foi também a capital da fotografia no Brasil. Os fran​ceses Florêncio Varella e o casal Hippolyte Lavenue destacaram-se entre os muitos fotógrafos que atua​vam na cidade. A senhora Lavenue, uma das primeiras fotógrafas do mundo, chegou a expor, em 1942, seus daguerreótipos lado a lado com pinturas famosas da época.
Em 1854, o fotógrafo e pintor português Joaquim Insley Pacheco chega ao Rio, onde se torna um dos mais conhecidos retratistas. Em 1861, a po​pular casa Leuzinger passa a oferecer serviços de fotografia com o auxílio do alemão Franz Keller e seu aprendiz, Marc Ferrez, que mais tarde, em 1881, pro​duziria as maiores chapas gelatinosas panorâmicas do mundo (40 cm x 120 cm), retratando paisagens brasileiras (leia sobre Marc Ferrez na p. 166).
No ano de 1887, o fotógrafo Militão Augusto de Azevedo lança o primeiro álbum comparativo da evolução de uma cidade brasileira, retratando São Paulo num período de 25 anos consecutivos (leia sobre Militão na p. 168). Em 1900, a Revista da Semana é a primeira publicação nacional a estampar fotos em suas páginas. No ano seguinte, o comer​ciante Castro Moura lança o primeiro cartão-postal no Brasil.
Seis anos antes de as pri​meiras máquinas Kodak chega​rem ao Brasil, em 1904, o fotó​grafo Valério Vieira é premiado na Feira Internacional de Saint Louis (EUA), com a primeira fotomontagem brasileira: Os 30 Valérios. Em 1922, traz outro prêmio importante para a foto​grafia brasileira.Ele recebe, na mesma feira americana, uma medalha de ouro pela maior im​pressão fotográfica do mundo.
A fotografia no Brasil segue sua trajetória de afirmação, esti​mulada principalmente por clu​bes de fotografia (Photo Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, e o Foto Clube Bandeirante, em São Paulo) que organizam exposições, incluindo o Primeiro Salão Na​cional de Fotografia, em 1942.
Em 1950, o fotojornalismo recebe grande impulso com a re​vista O Cruzeiro e o Jornal do Brasil, no mesmo ano em que a fotografia é declarada "utilidade pública" em São Paulo. Dez anos depois, as revistas Reali​dade e Bondinho e o Jornal da Tarde estampam praticamente todas as matérias com fotos em suas páginas.
A partir daí, a fotografia no Brasil se desenvolve bem. Cur​sos e equipamentos chegam ao país em maior quantidade, colocando os profissionais na​cionais em contato com o mer​cado externo. Até despontarem nomes como Sebastião Salgado, Evandro Teixeira, Walter Firmo, Cristiano Mascaro e tantos ou​tros que hoje são reconhecidos internacionalmente.
Marc Ferrez
Filho de franceses, nascido em 1843 no Rio de Janeiro, Marc Ferrez faz sua primeira exposição ainda aos 12 anos, na França, onde foi morar após a morte de seus pais. Quando volta ao Brasil, trabalha cinco anos na casa Leuzinger, de 1860 a 1865, para finalmente inaugurar seu próprio estabelecimento fotográfico, em 1867, mesmo ano em que as vistas e panorâmicas do Rio, feitas pelo suíço George Leuzinger, recebem menção honrosa na Exposição Internacional de Paris.
Em 1870, Ferrez fotografa a construção de um Arco do Triunfo e os festejos públicos no Templo da Vitória, monumentos erguidos no Campo da Aclamação (atual Campo do Santana), no Rio de Janeiro, para comemorar o término da Guerra do Paraguai. Dois anos depois, registra as festas comemorativas da volta da família real de longa viagem ao exterior e, por encomenda da comissão organizadora da Terceira Exposição Nacional, Ferrez fotografa a sede do evento.
Em 1873, acontecem dois fatos marcantes na vida do fotógrafo brasileiro. Em agosto, casa-se com a jovem francesa Marie Léfebvre; três meses depois, um incêndio de grandes proporções destrói completa​mente o edifício da rua São José onde Ferrez man​tinha seus equipamentos e arquivos dos primeiros anos de trabalho.
Ajudado por amigos, Ferrez vai à França e adquire novos equipamentos. Na viagem conhece Alphée Dubois, que havia recebido do Institute de France uma encomenda para realizar medalhas comemorativas. Dom Pedro II receberia três dessas medalhas das mãos de Marc Ferrez no seu retorno ao Brasil. Desse encontro resultou o convite para o tra​balho na Comissão Geológica do Império.
Em 1876, o fotógrafo faz parte de uma expe​dição pelo Nordeste do Brasil e fotografa pela primeira vez os índios da tribo Botocudos na Bahia, registros que foram vistos em diversas exposições no Brasil, França e EUA.
A Exposição Nacional de Belas Artes da Academia Imperial cria uma seção dedicada excl​usivamente à fotografia em 1879. Nessa época, Ferrez, já especialista em fotos panorâmi​cas, conclui o trabalho Paisagens do Brasil presenteado à Societé Française de Photographie. E realiza, pela primeira vez no Brasil, fotos utilizando flash de magnésio na Mina da Passagem, em Minas Gerais.
Depois do nascimento de seu primeiro filho, em 1881, Marc Ferrez intensifica suas atividades e participa ainda mais ativamente história da fotografia no Brasil, ao registrar as grandes obras da época e as belas paisagens brasileiras. Ganha prêmios, faz exposições e palestras.
Alguns trabalhos seus merecem maior destaque a partir desse período: as fotos da construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em 1882; a série de retratos Costumes de chefes indígenas, as panorâmicas do Rio de Janeiro, de Santos, Petrópolis e outros lugares do interior do Brasil; o registro, em 1894, durante o governo do Marechal Floriano Peixoto, da Revolta Armada no Rio de Janeiro; e o álbum Avenida Central: 8 de março de 1903 a 15 de novembro de 1906.
Em 1913, seus filhos Júlio e Luciano criam a Companhia Cinematográfica Brasileira, ano em que uma ressaca na praia do Flamengo inunda a casa dos Ferrez, destruindo os exemplares do álbum Avenida Central estocados no porão. Um ano depois morre sua mulher.
Viúvo, Ferrez viaja a Paris onde "estuda a fotografia das cores naturais, tendo obtido resultados surpreendentes e, em carta redigida a seus filhos, conta a sua alegria por haver tomado parte da Academia de Ciências na recepção ao seu velho amigo Lumière e no banquete que as sumidades do mundo cinematográfi​co, dias depois, ofereceram ao ilustre cientista francês" (Palcos e Telas, Rio de Janeiro, 8 de abril de 1920). Doente, ele volta ao Brasil, pouco antes de morrer, em 12 de janeiro de 1923.
Militão Augusto de Azevedo
São Paulo acolhe os primeiros daguerreo​tipistas no início da década de 1850, mas só em 1862 a fotografia toma rumos mais interessantes por ali, quando Militão Augusto de Azevedo começa a empreender a documentação da cidade.
Estabelecido na rua da Imperatriz, número 58, em sua loja chamada Fotografia Americana, o por​tuguês Militão nos deixou fotos muito importantes de São Paulo, feitas entre 1860 e 1887. Elas resul​taram no Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887.
Até hoje essas fotos continuam sendo de grande valor para os estudos de desenvolvimento e urbaniza​ção da cidade, porque retratam fielmente o aspecto de província que a capital paulista tinha na época, dando ainda uma visão do progresso vertiginoso que sofreu. Além disso, vários estudos de reconstituição da São Paulo antiga são possíveis graças ao trabalho de Militão. Existem exemplares dessas fotos no Museu Paulista, na Biblioteca Municipal da cidade e em mãos de colecionadores.
O prestígio do trabalho de Militão Augusto de Azevedo ofuscou outra qualidade sua, de exímio retratista. Foi autor de mais de 10 mil retratos durante sua vida profissional, de Dom Pedro I, pas​sando pelas personalidades das artes de São Paulo, até os mais modestos clientes.
FOCO NAS CURIOSIDADES
No início do século XX, o estabelecimento comercial de Marc Ferrez, na rua São José, é o único do ramo, e suas fotos de tipos ur​banos ilustram os primeiros car​tões-postais da cidade do Rio de Janeiro. Em 1905, em novo ende​reço, a Casa Marc Ferrez tem todos os equipamentos e apetrechos ne​cessários a profissionais e amadores da fotografia e continuaria crescen​do, ampliando instalações e servi​ços até se tornar, em 1912, repre​sentante das chapas dos irmãos Lumière no Brasil. Os irmãos pre​cursores do cinema.
“... O Cruzeiro passou a ser a etapa final do jornalismo no Brasil, o sonho dourado das pessoas. Um fotógrafo da revista era tão famoso quanto é hoje um galã da Globo. Aonde íamos tinha gente esperando para nos badalar. Cheguei até a dar autó​grafos na rua.” José Medeiros, em A fotografia mo​derna no Brasil.
O fotógrafo alemão Albert Frisch produziu um dos primeiros registros de índios do Alto Amazonas e do rio Negro por volta de 1865.
“A paisagem foi um tema secundário na fotografia praticada no Brasil durante o século passado (XIX), quando a subsistência da maioria dos fotógraf​os era assegurada quase que exclusivamente pelos retratos produzidos em estúdios." (Pedro Vasquez, em O século XIX na fotografia brasileira)
O Instituto Moreira Salles conta atualmente com um acervo fotográfico de mais de 100 mil ima​gens sobre o Brasil nos séculos XIX e XX: Albert Frisch, Marc Ferrez, Militão Augusto de Azevedo, Augusto Riedel, Felipe Augusto Fidanza, George Leuzinger e Augusto Stahl, Claude Lévi-Strauss, Vincenzo Pastore, Madalena Schwartz, Marcel Gautherot, Madalena Schwartz, Hildegard Rosenthal e Juca Martins, entre outros. Para abrigar essa valiosa coleção, o IMS cons​truiu uma Reserva Técnica projetada de acordo com os padrões internacionais de conservação para acervos fotográficos históricos e contemporâneos. As imagens estarão gradualmente disponíveispara pesquisa nos Centros Culturais da instituição (em Poços de Caldas, São Paulo, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro), através de terminais de consulta. Para​lelamente, o IMS desenvolve um intenso trabalho de difusão através de exposições e publicações dedicadas à fotografia brasileira. Vale a pena conhecer esses centros culturais!
TEXTO EXTRAÍDO DE: 
SENAC.DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. /Rose Zuanetti, Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2002, p.157-169.
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