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Aula 1 e 4 Teoria da Literatura

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Aula de teoria da educação Aula 1 O que é Literatura
Certa vez, o poeta Manuel Bandeira afirmou: “A Literatura é a arte da palavra”. 
A afirmativa cheia de lirismo abre espaço para questionamentos. A partir dela, podemos perguntar: o que pode ser considerado como a arte da palavra? Haveria algum modo de definirmos o quão artístico um texto pode ser? Seria possível traçar uma conceituação estável e segura acerca do que seria Literatura? 
Observe as obras a seguir: Obra poética de Fernando Pessoa, Iracema Jose de Alencar, Poesia completa de Carlos Drumond de Andrade, Dom Casmurro Machado de Assis.
Como afirmou o crítico literário Terry Eagleton, em seu livro Teoria da Literatura: uma introdução, uma das primeiras respostas dadas à pergunta “O que é literatura?” conecta o conceito de literatura ao ficcional, ou seja, à escrita imaginativa. Estaríamos, assim, em um caminho tranquilo para acharmos uma definição sobre o literário: todo texto considerado como ficção.
Se refletirmos mais um pouco sobre essa definição, veremos a tranquilidade dissolver-se. Os quatro livros apresentados anteriormente são ficcionais e são considerados como literários. Entretanto, a ficção não se configura como regra para a definição do literário sempre. Isso porque existem determinadas obras que, apesar de não ficcionais, podem ser consideradas como literárias.
O que consideramos como Literatura pode abarcar não apenas obras consideradas ficcionais, mas ensaios, sermões, autobiografias, entre outros tipos de textos. 
Por exemplo, a obra Os sertões, de Euclides da Cunha, não surgiu como obra de ficção. O escritor, jornalista e engenheiro Euclides foi escolhido para cobrir uma expedição a Canudos. Escreveu o livro em duas partes. A primeira realiza o mapeamento da geografia física e humana de Canudos, em uma linguagem objetiva e com tom científico. A segunda reporta os episódios da Guerra de Canudos, em uma dicção épica, com uma linguagem diferente da primeira, mais refinada e ornada, mas que, entretanto, não se pretendeu classificá-la como ficção.
E, ainda que não tenha se  assumido como literatura imaginativa, Os sertões é considerado como manifestação literária, por conta de sua linguagem e de sua importância documental e filosófica.   
Um dado válido de se pensar a categorização de textos não ficcionais como literários é a própria distinção entre a ideia de fato e a ideia de ficção, que inexistia, pelo menos, até o século XVII. Isso significa que, em muitos textos, ainda não havia uma diferença clara entre o que seria ficcional e o que seria factual.
A Carta a El-Rey Dom Manuel, de Pero Vaz de Caminha, é bom exemplo do que foi dito anteriormente. Caminha era escrivão oficial do rei de Portugal e escreveu a carta com a pretensão de cumprir o seu dever: informar ao rei notícias da terra encontrada, durante a viagem empreendida pelos navegadores portugueses, a caminho da Índia. 
Escreveu o seu relato ao rei em obediência às convenções de sua época e da literatura de informação. Não escrevia ficção, ao menos de modo consciente: a diferença entre o factual e o fictício não era concebida como em nossos dias, como já dissemos.  
Tampouco sonhava com a importância a ser obtida posteriormente por seu relato, considerado, a partir da visão dos românticos do século XIX, como uma certidão de nascimento do Brasil.
Entretanto, a Carta de Caminha é considerada uma manifestação da Literatura Brasileira. Como dito, não se trata de literatura ficcional, mas de literatura de informação. Considera-se a carta como manifestação literária, principalmente por seu valor histórico.
Em contrapartida, podemos pensar que existem textos ficcionais considerados como não literários. É o caso, por exemplo, de muitas histórias em quadrinhos: A turma da Mônica e Tio Patinhas são textos ficcionais, mas dificilmente seriam considerados como literários.
Se o critério ficcional não se mostra adequado para uma conceituação fixa do literário, qual outro critério poderia ser usado para tentarmos definir de modo objetivo o conceito de Literatura? 6/24
Podemos continuar a busca por uma resposta a partir das propostas de um grupo de linguistas: os formalistas russos. No começo do século XX, esse grupo propôs-se a construir uma Ciência da Literatura e tiveram como uma preocupação fundamental determinar o que denominavam Literariedade: é a qualidade inerente ao texto literário.
Os formalistas russos relacionaram a Literariedade ao tipo de linguagem empregado nos textos. O texto portador de Literariedade e, consequentemente, literário é aquele cuja linguagem difere radicalmente da fala utilizada em nosso cotidiano: possui linguagem literária, também denominada linguagem poética.
A linguagem literária é um desvio da fala comum. Roman Jakobson, pesquisador formalista, afirmou ser a linguagem poética uma violência contra a fala comum, tamanha a sua diferença em relação ao emprego de nossa linguagem diária.
A linguagem poética opõe-se de modo tão intenso à fala comum por várias razões: por ser experimental e plurissignificativa, por colocar a linguagem em primeiro plano, podendo ser ornada e conotativa, empregar figuras de linguagem e apresentar paralelismos, musicalidade, ritmo, rimas, desvios da norma e neologismo.
Segundo os critérios citados, poderíamos considerar o poema a seguir, de Vinícius de Moraes, como um texto literário, por organizar-se em torno da combinação das características referidas, como a experimentação da linguagem, a conotação e a plurissignificância,  presença de ritmo e o emprego da assonância, da aliteração, de linguagem metafórica e antitética:
aparente tranquilidade advinda da proposta formalista para definir a condição do literário esbarra em alguns questionamentos, entretanto, podemos pensar em como a ideia de uma “fala comum” é uma convenção. Uma linguagem considerada cotidiana em uma dada região e/ou em certo grupo pode soar absolutamente estranha para outras pessoas e/ou em um local diverso. Brother,
Que lugar maneiro este! A linguagem utilizada por universitários cariocas, provavelmente, soaria estranha à população ribeirinha, às margens do Amazonas e vice-versa. 10/24
Do mesmo modo, um texto escrito há trezentos anos pode empregar uma linguagem da época, considerada como cotidiana, embora, por conta da lacuna temporal, hoje soe como elaborado, poético e sofisticado. O afastamento da linguagem comum e o estranhamento causado pela linguagem do texto literário são, portanto, elementos relativos.
Outro ponto a problematizar é a presença de elementos associados à linguagem literária em textos que dificilmente seriam considerados como literários. Um hino de torcida de futebol pode apresentar ritmo, musicalidade e linguagem conotativa, repleta de metáforas, por exemplo, e não ser considerado como manifestação literária. 11/24
Em contraposição, um texto não necessariamente tão afastado da linguagem cotidiana pode vir a ser considerado como literário, como podemos perceber ao lermos boa parte dos romances da chamada segunda fase modernista, a “Geração de 30”. São textos literários elaborados em torno de uma linguagem literária propositalmente próxima à cotidiana. Essa opção foi proposital e estava em consonância com a percepção da obra literária como um elemento de reflexão social e denúncia das fraturas da sociedade.   s próprios formalistas russos estavam cientes das limitações acerca da definição da literariedade.  Em nenhum momento desejaram definir o que fosse a Literatura, mas os mecanismos capazes de tornar um texto literário, configuradores da Literariedade. Mesmo esse conceito revelou-se lábil, como o próprio Roman Jakobson assumiria algumas décadas mais tarde, ao comparar a definição da linguagem poética à instabilidade das fronteiras chinesas.
Esses juízos de valores revelam determinadas concepções sobre a Arte, que tendem a valorizar obras que vão ao encontro de tais percepções. Destaquemos, aqui, a ideia de valor como: Tudo aquilo que é considerado como valioso por certas pessoas específicas,de acordo com critérios específicos e à luz de determinados objetivos. Portanto, os valores são mutáveis, de acordo com o grupo, com os critérios e os objetivos que os envolvam. Logo, o valor de literário atribuído a um texto pode ser modificado ao longo dos anos, o que explica a dimensão histórica e dinâmica do conceito de Literatura. Na verdade, a leitura de uma obra em tempos e/ou espaços diversos imprime também apreensões variadas de seus significados. 12/24
ara ilustrar o que dissemos, podemos apontar o caso da obra do escritor Coelho Neto, hoje praticamente no ostracismo, mas considerada como literatura de altíssima qualidade, durante a virada do século XIX para o século XX. O mesmo grupo social que incensava a obra desse autor não valorizou tanto a obra de Lima Barreto, pois, à época, esta não se adequava aos códigos e discursos vigentes acerca do literário. 15/24
Atualmente, a obra de Lima Barreto é vista como de extrema qualidade literária. Mas, como os juízos de valores elaborados pelos grupos sociais são dinâmicos, nada nos garante a permanência desse olhar valorativo sobre ela, pois um autor pouco valorizado em nosso tempo  pode vir a ser percebido como um produtor de alta literatura, posteriormente.15/24
modo como uma sociedade julga o valor de uma obra dinamiza um processo seletivo: a formação do cânone : Cânone literário é o conjunto de obras literárias consideradas como de alta relevância e qualidade por um grupo social. 16/24
A formação do cânone implica em um processo de inclusão e de exclusão,  pautado nas percepções estéticas de determinados grupos e instituições vistos como canais competentes, como associações literárias, escolas, universidades, conselhos de premiação, a crítica especializada e a própria mídia. Trata-se de um processo dinâmico, em permanente reconstrução.
O conceito de clássico dialoga com a ideia de cânone. Um texto clássico é considerado como de excelência reconhecida. Para o escritor Ítalo Calvino, autor de Por que ler os clássicos, “os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram”.
Definição de clássico: Relativo à arte, à literatura ou à cultura dos antigos gregos e romanos. 
Que segue, em matéria de artes, letras, cultura, o padrão desses povos.
Da mais alta qualidade; modelar, exemplar.
Cujo valor foi posto à prova do tempo; tradicional; antigo. 
Que segue ou está de acordo com os cânones ou usos estabelecidos ou que é conforme com um ideal; tradicional. Famoso por se repetir ao longo do tempo; tradicional. 
Usado nas aulas ou classes.
Diz-se da obra ou autor que, pela originalidade, pureza de língua e forma perfeita, se tornou modelo digno de imitação.17/24
O clássico remete à ideia de classe, de sala de aula. Em sua dinâmica, o cânone literário possui como instrumento potente de validação o estudo, a recomendação e a discussão dos seus textos pelas instituições de educação formal.
Podemos citar Machado de Assis, Graciliano Ramos e João Cabral de Melo Neto como autores de obras clássicas e consideradas como parte do cânone literário brasileiro. Vale lembrar que escritores não considerados canônicos, em certa época, podem ser integrados ao cânone literário muito tempo depois, como ocorreu com a obra do poeta seiscentista Gregório de Matos: recuperada pelos românticos brasileiros e considerada, até os nossos dias, clássico.
Podemos citar Machado de Assis, Graciliano Ramos e João Cabral de Melo Neto como autores de obras clássicas e consideradas como parte do cânone literário brasileiro. Vale lembrar que escritores não considerados canônicos, em certa época, podem ser integrados ao cânone literário muito tempo depois, como ocorreu com a obra do poeta seiscentista Gregório de Matos: recuperada pelos românticos brasileiros e considerada, até os nossos dias, clássic0
Conceito literário de MIMESI : diz respeito como o texto literário representa a realidade. 20/24
AULA 02 – TEORIA DA LITERATURA
O que é Teoria da Literatura? Vimos NA AULA PASSADA O CONCEITO DE LITERATURA que se trata de um conceito complexo, funcional e dinâmico, pois é elaborado a partir de juízos de valores presentes em certos contextos sociais e históricos.
Nesta aula, convidamos você a pensar sobre a nossa disciplina, que  toma como objeto de estudo privilegiado o fenômeno literário. Do que se trata a Teoria da Literatura?  E qual a sua função?  
Geralmente, esse termo designa um palpite, uma hipótese, uma ideia, que pode ser ou não confirmada.Veja abaixo um bom exemplo: 4/18
Em seu livro Teoria Literária: uma introdução, Jonathan Culler defende que o sentido dado pelo senso comum à ideia de teoria não se sustenta, pois: - A teoria é uma especulação: demonstrar a falsidade ou a verdade de uma ideia teórica é difícil. Ao contrário, a noção empregada pelo senso comum é a de uma hipótese que pode ser ou não confirmada. a teoria é mais do que uma hipótese: não é óbvia e envolve um considerável grau de complexidade. Portanto, o que estamos chamando de teoria não envolve o sentido dado pelo senso comum e que costumamos ouvir em nosso cotidiano. O que chamamos de teoria é um conhecimento especializado, consistente e profundo. O conhecimento teórico modifica o sujeito, pois redimensiona a visão de mundo daquele que o procura, já que é instigante e provocador.
CONCEITO DE TEORIA : Como vimos, a teoria não pode ser confundida com o senso comum, pois é um saber questionador, sistemático e complexo e de forma contrária, problematiza e põe em xeque o conhecimento gerado pelo senso comum. O discurso da teoria tem como objetivo questionar as ideias tomadas como verdades e trazer à tona as  suas  contradições e lacunas. Após as nossas reflexões, podemos inferir que a Teoria da Literatura é reflexiva, sistemática, interdisciplinar, analítica e questionadora do senso comum. Além desses elementos, volta-se para um objeto específico: o fenômeno literário. abe ressaltar o fato do caráter interdisciplinar da Teoria da Literatura não significar a sua dependência de outras áreas. Se há a possibilidade dos estudos de Teoria da Literatura abrangerem o diálogo com campos disciplinares como a Linguística, a Filosofia, a Psicanálise e a Antropologia, dentre outros, a sua autonomia permanece, mesmo porque o diálogo não pressupõe a dependência, mas a conservação da diferença. A Teoria da Literatura  pode ser percebida, portanto, como a organização de reflexões, conceitos e metodologias acerca da natureza do literário, empregada na interpretação, nos questionamentos e nas análises de seus objetos
CONCEITO DE SENSO COMUM: O senso comum tende a tomar como verdade construções artificiais: por vezes, uma ideia torna-se tão recorrente que as pessoas tendem a não percebê-la como um pensamento construído, mas como algo “natural” e “inquestionável”. EXEMPLOS DE SENSO COMUM : Homem não chora”; “Longe dos olhos, longe do coração”; “A mulher nasce para ser mãe”; “A primeira impressão é a que fica”; “Quem é bom nasce pronto”. 7/18
A TEORIA E O ESTUDO DA LITERATURA 8/18
omo crítica ao senso comum, a teoria investiga nos estudos de literatura uma série de considerações. Culler cita algumas em seu referido livro: A teoria, portanto, duvida de qualquer afirmação tranquila e tomada como verdadeira. Se voltarmos a uma das perguntas elencadas por Culler, “o que é um autor?”, por exemplo, perceberemos como os estudos de teoria podem desestabilizar convicções e respostas padronizadas. No lugar de uma  resposta ingênua, como “O autor é o sujeito que escreveu a obra”, os estudos teóricos forneceram elementos a diversos pensadorese críticos para uma problematização mais complexa.  9/18
Assistimos, no início do século XX, à emergência de correntes da crítica literária que esvaziaram o papel preponderante do autor nos processos de significação e análise da obra: as correntes formalistas. Elas propunham uma análise imanente do  texto literário:desprezavam os elementos externos às obras em seus estudos e, consequentemente, esvaziavam a figura do autor.
onheça um pouco sobre as primeiras correntes formalistas da crítica literária, na primeira metade do século XX, que propuseram a análise imanente da obra literária, ou seja, a análise crítica literária apenas dos elementos internos do texto. Os principais grupos foram:
FORMALISMO RUSSO
Formado por pesquisadores de Linguística e surgido na década de 10 do século XX, na Rússia. Objetivaram a criação de uma Ciência da Literatura. Não se interessavam pela Literatura, mas pela literariedade, a característica inerente ao texto literário. O elemento definidor da literariedade era o modo como a linguagem era empregada em um texto, e quando possuía essa característica, era designado como possuidor de uma linguagem radicalmente diferente da fala comum: a linguagem poética.
O NEW CRITICISM (NOVA CRÍTICA)
Corrente americana surgida durante as décadas de 20 e 30. Exigia uma postura profissional do crítico, a partir do banimento da crítica biográfica e impressionista. Orientava para a análise particularizada, minuciosa e imanente da obra literária, através da close reading (leitura microscópica). Postulou a independência do trabalho do crítico literário através da “falácia intencional”, orientação metodológica que afirmava a legitimidade da leitura da obra, independente do desejo ou da orientação impressa pelo autor em relação aos seus sentidos. 11/18
Na segunda metade do século XX, o Estruturalismo e o Pós- Estruturalismo reafirmaram a  falta de importância da figura autoral. FOLHA 5 12/18 AULA DE LITERATURA
Saiba um pouco mais sobre o Estruturalismo e o Pós-Estruturalismo: o Estruturalismo foi um movimento surgido na Europa entre as décadas de cinquenta e sessenta do século XX, a partir da abordagem proposta por Ferdinand de Saussure, de uma linguística estrutural.
No campo dos estudos literários, o Estruturalismo toma a obra como uma estrutura e interessa-se pela análise das relações de seus elementos internos e dos consequentes modos de produção de sentidos advindos de tais relações.
O Pós-Estruturalismo questionou a abordagem estável do Estruturalismo, a partir da problematização do conceito de linguagem, vista pelos pós-estruturalistas como oblíqua e instável. Trabalharam sobre a desconstrução de discursos e conceitos considerados como centrais, questionando noções como a subjetividade, a família, o Estado, Deus, a vida, a morte, o feminino e o masculino.
O crítico Roland Barthes defendeu em seu artigo “A morte do autor”, do livro O rumor da língua, o desaparecimento do autor, frente à autonomia do texto compreendido como potência significativa, para
além do desejo autoral. Para o autor, a escritura seria a destruição de toda voz e origem. Ao fim do processo de escritura, toda marca de pertencimento é rasurada e o apagamento do autor abre caminho para o nascimento  do leitor.
O discurso teórico, portanto, não age como um instrumento de solidificação de saberes ou como um semeador de certezas. Ao contrário,  funciona como uma via de incessante questionamento.
Muitas vezes, a teoria tem como característica a interdisciplinaridade, isto é, a teoria dialoga com outras áreas do saber e, assim, instaura uma abordagem relativa, capaz de trazer à tona novos objetos e elementos de análise. Ela é autoreflexiva e metareflexiva, pois pensa sobre si mesma, mas em diálogo com outros campos de  questionamento. É inquietante, pois está fundada em uma indagação incessante.13/18
Os primeiros questionamentos sobre os fatos literários datam dos séculos V e VI a. C., na Grécia Antiga. Platão já escreveu sobre a poesia, em A República e, depois, Aristóteles redigiu as suas obras Arte Retórica e Arte Poética, nas quais sistematizou suas reflexões sobre o objeto literário. Posteriormente, com base nas reflexões aristotélicas, Horácio também criou a sua obra Arte Poética. 15/18
A perspectiva clássica e o respeito às convenções poéticas da Antiguidade, de modo geral, permaneceram até o século XIX, com a refutação dos ideais universais clássicos em prol da reivindicação da liberdade subjetiva e das especificidades nacionais. Um momento inovador surgiu a partir do século XX nos estudos teóricos de literatura, sob  a perspectiva da tessitura de um repertório conceitual e reflexivo específico para o objeto literário e da autonomia e sistematização de uma ciência da literatura.Sobre a fundamentação de uma teoria da literatura, Vítor Manuel de Aguiar estabelece uma reflexão interessante, que leremos agora: Acreditamos, pois, que é possível fundamentar uma teoria da literatura, uma poética ou ciência geral da literatura que estude as  estruturas genéricas da obra literária, as categorias estético-literárias que condicionam a obra e permitem a sua compreensão, que estabeleça um conjunto de métodos suscetível de assegurar a análise rigorosa do fenômeno literário. Negar a possibilidade de instaurar este saber no mundo profuso e desbordante da literatura equivale a transformar os estudos literários em desconexos esforços que jamais podem adquirir o caráter de conhecimento sistematizado. 
A TEORIA DA LITERATURA E OS DEMAIS CAMPOS DOS ESTUDOS LITERÁRIOS
A teoria da literatura,  ao eleger como seu objeto principal a reflexão sobre o fato literário, dialoga com as duas outras áreas dos estudos literários.
As três áreas dos estudos literários, a Teoria da Literatura, a Crítica Literária e a História da Literatura são interdependentes, porém, possuem características específicas. 
Como visto, a Teoria da Literatura reflete sobre a natureza do literário. Não se preocupa, de um modo profundo e específico, com o significado de uma obra determinada, mas com os pressupostos que podem levar a questionamentos sobre o fato literário, sobre a compreensão da Literatura.
A Crítica Literária tem como objeto a análise específica da obra literária. Com o arcabouço reflexivo permitido pela Teoria da Literatura, constrói-se a atividade  crítica cujas modulações analíticas ocorrem de forma plural. Não há verdades em Crítica Literária, mas visões válidas, apoiadas em elementos teóricos consistentes e desenvolvidas com  coerência. 17/18
O ato de interpretação, muitas vezes, integra os três campos de estudo. Podemos mesmo afirmar que não há possibilidade de uma crítica literária séria sem embasamento teórico, assim como para analisar o fato literário, é necessário ao teórico da área de Literatura ler o trabalho do crítico.
AULA 03 Morfologia dos Gêneros Literários: a Visão Clássica I LITERATURA 1
O QUE SÃO GENÊROS LITERARIOS ? SÃO OS MODOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS LITERÁRIOS.
 ORGANIZAÇÃO A organização dos modos pelos quais os gêneros literários são sistematizados liga-se às formas pelas quais as obras representam a realidade e às suas semelhanças estruturais.
SISTEMATIZAÇÃO As primeiras tentativas de sistematização dos gêneros literários remontam à idade antiga e estão presentes nos discursos dos filósofos gregos e romanos
ORIGEM A denominação de gêneros literários, para os diferentes grupamentos das obras literárias, fica mais clara se lembrarmos que gênero (do latim genus-eris) significa tempo de nascimento, origem, classe, espécie, geração. E o que se vem fazendo, através dos tempos, é filiar cada obra literária a uma classe ou espécie ou ainda,  é mostrar como certo tempo de nascimento e certa origem geram uma nova modalidade literária.
Na aula de hoje, começaremos os nossos estudos sobre a morfologia dos gêneros literários. Em uma perspectiva diacrônica, partiremos da análise em torno das discussões estabelecidas sobre o assunto, na obra do filósofo grego Platão. A vida de Platão transcorreu, portanto, entre a fase áurea da democracia ateniense e o final do período helênico: sua obra filosófica representará, em vários aspectos, a expansão de um pensamento alimentado pelo clima de liberdade e de apogeu político. Filho de Ariston e de Perictione, Platão pertencia a tradicionais famílias de Atenas e estavaligado, sobretudo, pelo lado materno, a figuras eminentes do mundo político. Sua mãe descendia de Sólon, o grande legislador, e era irmã de Cármides e prima de Crítias, dois dos trinta tiranos que dominaram a cidade durante algum tempo. A lém disso, em segundas núpcias, Perictione casara-se com Pirilampo, personagem de destaque na época de Péricles. Desse modo, se Platão em geral manifesta desapreço pelos políticos de seu tempo, ele o faz como alguém que viveu nos bastidores das encenações políticas desde a infância. Suas críticas à democracia ateniense pressupunham um conhecimento direto das manobras políticas e de seus verdadeiros motivos. O grande acontecimento da mocidade de Platão foi o encontro com Sócrates. Na época da oligarquia dos Trinta (entre os quais estavam Cármides e Crítias), os governantes haviam tentado fazer de Sócrates cúmplice na execução de Leon de Salamina cujos bens desejavam confiscar. Sócrates recusou-se a participar da trama indigna e, evidentemente, deixou de ser visto com simpatia pelos tiranos. Mais tarde, já reinstaurado o regime democrático em Atenas, Sócrates foi acusado de corromper a juventude, por difundir ideias contrárias à religião tradicional e condenado a morrer bebendo cicuta.
Platão, que seguira os debates de Sócrates e que o considerava — como escreverá no Fédon — "o mais sábio e o mais justo dos homens", pôde acompanhar de perto o tratamento que seu mestre recebera de ambas as facções políticas. Parecia não existir em Atenas um partido no qual um homem que não quisesse abrir mão de princípios éticos pudesse se integrar Diante da injustiça sofrida por Sócrates,
profunda-se o desencanto de Platão com aquela política e com aquela democracia: "Vendo isso e vendo os homens que conduziam a política, quanto mais considerava as leis e os costumes, quanto mais avançava em idade, tanto mais difícil me pareceu administrar os negócios de Estado" (Carta VII).
A ideia de mimese foi fundamental para a percepção de Platão acerca do fenômeno da poesia, concebido pelo filósofo como um fato moralizante.
Mas, para entendermos o posicionamento de Platão acerca dos fenômenos literários, é importante, em primeiro lugar, compreendermos a visão de mundo postulada por seu discurso filosófico, pois será perante ela que se dará a sua concepção sobre a poesia mimética.
O mito da caverna refere-se à visão de mundo platônica: cindido em um mundo inteligível, ideal e acessível pela razão e um mundo de aparências, sensível, perceptível através de nossos sentidos. O mundo apreendido através de nossos sentidos seria, na verdade, uma cópia, uma imitação do mundo ideal.
Platão cria na narrativa do mito da caverna uma analogia entre esses homens e as personagens acorrentadas em uma caverna subterrânea, desde o nascimento.
As personagens tomam como reais as sombras dos objetos que se movem em cima de um muro no lado externo, carregado por pessoas. Observe uma ilustração sobre o mito da caverna: Presos, realmente, às correntes e, metaforicamente, à sua ignorância, os homens da caverna tomam por realidade a ilusão, a aparência da realidade. 9/24
Quando liberto, o sujeito que passou toda a vida a reconhecer nas sombras a realidade fica confuso, não consegue enxergar frente à claridade e é incapaz de compreender, em um primeiro momento, o que ocorre.   Veja como Platão, pela fala de Sócrates, retrata esse momento, na narrativa do mito.
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um desses cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.
Podemos, então, conceber as seguintes relações análogas no mito da caverna: 11/24
Sombras projetadas na parede da caverna, MUNDO SENSÍVEL Reflexos das ideias do mundo inteligível (assim como os prisioneiros da caverna tomam como verdade as sombras, o homem preso ao mundo sensível toma como verdade a aparência.)
A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. AULA 3 LITERATURA 1 12/24
O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do Ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna é o diálogo filosófico.
O mito da caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos a luz das ideias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para ensinar aos que permaneceram na caverna como sair dela. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para a matemática e desta para a intuição intelectual e à ciência; e o de descensão (a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até a essência e a ideia.
O prisioneiro, ao libertar-se, retorna à caverna para esclarecer os seus companheiros. O sujeito que se liberta da caverna e volta para ensinar aos seus companheiros é o filósofo; ele acredita ser a razão o instrumento de acesso à verdade.
O mito da caverna tornou-se uma alegoria seminal no pensamento ocidental. Há várias releituras atuais. O documentário “Janela da Alma”, de João Jardim, por exemplo, discute a questão do olhar a partir da metáfora da ilusão imagética.
Para Platão, a mimese é um conceito primordial. Não se trata de uma mera imitação da realidade. Platão não  toma a realidade aparente como verdade, mas como uma aparência, uma imitação dos conceitos presentes no mundo ideal. Logo, ao imitar a realidade aparente, ou seja, imitar o que já seria uma imitação, a poesia afastaria três graus  da ideia pura, da verdade.
Platão, apesar de condenar a arte poética, legou o primeiro texto que chegou até o nosso tempo sobre os gêneros literários. Com argumentação consistente, aponta distinções entre o drama, a poesia ditirâmbica e a épica.

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