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Apostila de patologia clínica (1)

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Apostila de patologia clínica 
Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho 
Rubens Antônio Carneiro 
 
 
 
 
Índice 
Fundamentos de hematologia 
Composição do sangue 
 
Volume sangüíneo 
 
Sistema hematopoiético/lítico 
 
Hematopoiese 
 
Eritropoiese 
 
Exigências Nutricionais da Hematopoiese 
 
Eritropoiese ineficaz 
 
Eritropoiese anormal 
 
Anticoagulantes 
 
Colheita de sangue 
 
Colheita de material e exame da medula óssea 
 
Bibliografia 
 
Literatura Recomendada 
 
 
Estudo do eritron 
Introdução 
 
Eritrograma 
 
Contagem total de eritrócitos 
 
Dosagem total de hemoglobina 
 
Hematócrito (Hc) ou volume globular (VG) 
 
Índices hematimétricos ou valores globulares médios 
 
Bibliografia 
 
Literatura recomendada 
 
 
Avaliação das anemias 
Introdução 
 
Sintomatologia clínica 
 
Colheirta 
 
Classificação das anemias 
 
Hemoparasitas 
 
Intensidade da anemia 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
 
 
Avaliação das policitemias 
Introdução 
 
Sintomatologia Clínica 
 
Classificação das policitemias 
 
Avaliação laboratorial 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
 
 
Os leucóticos 
Leucopoiese / compartimentos 
 
Características dos leucócitos 
 
Formas de atuação dos leucócitos 
 
Os leucócitos e a inflamação 
 
Referências bibliográficas 
 
 
Interpretação clínica das alterações no número dos leucócitos 
Alterações no número de leucócitos na circulação 
 
Respostas leucocitárias nos ruminantes 
 
Contagens leucocitárias absolutas e relativas 
 
Interpretação do leucograma 
 
Referências bibliográficas 
 
 
Hemostasia 
Introdução 
 
Sintomatologia clínica 
 
Fatores envolvidos 
 
Hemostasia primária 
 
Hemostasia secundária 
 
Fibrinólise 
 
Avaliação laboratorial 
 
Esquema diagnóstico 
 
Anormalidades de hemostasia 
 
Nomenclatura internacional dos fatores de coagulação do sangue 
 
 
Avaliação laboratorial do líquido céfalo raquidiano 
Introdução 
 
Produção / circulação 
 
Funções 
 
Colheita 
 
Riscos e contra indicações 
 
Técnica de colheita 
 
Análise laboratorial 
 
Bibliografia e literatura recomendada 
 
 
Aspectos laboratoriais das afecções de pele 
Introdução 
 
Colheita 
 
Artrópodes 
 
Helmintos 
 
Fungos 
 
 
Avaliação laboratorial do sistema renal 
Sistema renal 
 
Formação da urina 
 
Concentração e diluição da urina 
 
Rim, órgão endócrino 
 
Avaliação e interpretação do exame de urina 
 
Características da química urinária (Elementos anormais) 
 
Bibliografia 
 
Literatura recomendada 
 
 
Avaliação laboratorial das doenças hepáticas 
Introdução 
 
Anatomia 
 
Circulação hepática 
 
Sistema biliar e produção de bile 
 
Funções hepáticas 
 
Causas de doenças hepáticas 
 
Sinais clínicos 
 
Mecanismo da lesão 
 
Avaliação 
 
Mecanismo da lesão 
 
Testes indicativos de lesões hepatocelulares 
 
Testes relacionados com captação, conjugação, e secreção 
 
Testes relacionados com clareamento portal 
 
Testes relacionados com a síntese hepática 
 
 
Exame de fezes 
Introdução 
 
Colheita 
 
Conservação 
 
Exame físico 
 
Elementos anormais 
 
Exame químico 
 
Exame microscópico 
 
Métodos de pesquisa de parasitas 
 
Tabelas 
 
 
Avaliação laboratorial das efusões corporais 
Introdução 
 
Diagnóstico das efusões 
 
Exame laboratorial dos fluídos corporais 
Fundamentos de hematologia 
Índice 
Composição do sangue 
 
Volume sangüíneo 
 
Sistema hematopoiético/lítico 
 
Hematopoiese 
 
Eritropoiese 
 
Exigências Nutricionais da Hematopoiese 
 
Eritropoiese ineficaz 
 
Eritropoiese anormal 
 
Anticoagulantes 
 
Colheita de sangue 
 
Colheita de material e exame da medula óssea 
 
Bibliografia 
 
Literatura Recomendada 
 
Composição do sangue 
O sangue é um tecido formado por três tipos de células: os glóbulos vermelhos, também 
conhecidos como hemácias ou eritrócitos; os glóbulos brancos ou leucócitos e ainda as 
plaquetas, que são fragmentos de citoplasma dos megacariócitos e por um meio intercelular, 
denominado plasma, que por sua vez é composto de 91,5% de água, 7,5% de sólidos 
orgânicos. Proteínas, tais como albumina, globulinas e o fibrinogênio e demais fatores de 
coagulação respondem por 7% dos sólidos orgânicos do plasma, os 0,5% restantes são um 
conjunto de substâncias nitrogenadas, gorduras neutras, colesterol, fosfolipídeos, glicose, 
enzimas e hormônios. A parte restante compõe-se de sólidos inorgânicos, os minerais como 
Na, K, Mg, Cu, e HCO3. 
 
Volume sangüíneo 
O sangue é responsável por cerca de 7,5% do peso de um animal. Esse valor mantém-se 
estável, pela passagem de líquidos intersticiais para o meio vascular e vice e versa. Mas 
alguns fatores, como a ingestão de líquidos, a produção de água metabólica e perda de água 
corporal podem determinar variações neste percentual. 
 
Sistema hematopoiético/lítico 
Sabemos que as células do sangue possuem natureza temporária, ou seja, apresentam um 
período de vida curto e limitado. Portanto, para que se mantenha uma quantidade estável 
destas células na circulação é necessária a existência de um conjunto de órgãos e tecidos 
chamados de sistema hematopoiético/lítico, que tem a função de produzir e destruir glóbulos 
do sangue e plaquetas, de modo a manter a população sempre constante. 
Medula óssea 
É o tecido existente no interior das cavidades ósseas, podendo ser divido em dois meios, o 
intravascular e o extravascular, sendo que neste último são produzidos os glóbulos brancos, 
vermelhos e plaquetas. 
Sistema monocítico fagocitário (S.M.F.) 
É um conjunto de células com poder fagocitário que destrói os eritrócitos velhos ou 
anormais, desmembra a hemoglobina em globina e bilirrubina livre e armazena o ferro. O 
S.M.F. encontra-se espalhado por todo o organismo, mas sua maior concentração é nos 
órgãos linfáticos, principalmente o baço. 
Baço e linfonodos 
Produzem linfócitos T e B, além de serem os locais de maior concentração do S.M.F. Mantém 
a sua capacidade hematopoiética embrionária por toda a vida adulta, que pode ser acionada 
nos casos de anemias regenerativas. O baço é ainda um importante local de reserva de 
eritrócitos. 
Fígado 
É o local de reserva de vitamina B12, ácido fólico e ferro, elementos necessários à 
hematopoiese e à síntese de hemoglobina. É o local predominante de produção de 
eritropoietina no feto. Nos animais adultos, produz ainda uma pequena quantidade desta 
glicoproteína, exceto no cão. Também mantém sua capacidade embrionária de 
hematopoiese. 
Mucosa estomacal 
Produz ácido clorídrico, que libera o ferro das moléculas complexas e o fator intrínseco, que 
facilita a absorção da vitamina B12. 
Mucosa intestinal 
Absorve vitamina B12, folatos e ferro e ainda elimina boa parte da bilirrubina. 
Rim 
Produz eritropoietina e trombopoietina e elimina uma parte da bilirrubina. 
 
Hematopoiese 
Pode ser definida como a produção de células do sangue, compreendendo então a 
eritropoiese, a leucopoiese e a trombocitopoiese. Pode ser dividida em duas fases, a 
hematopoiese pré-natal e a hematopoiese pós natal. 
Os primeiros indícios da hematopoiese são extra-embrionários. Esta fase se inicia em torno 
do décimo dia de gestação. São observados, no saco vitelínico, as primeiras ilhas de células 
eritropoiéticas, juntamente com os primeiros precursores dos leucócitos. Logo a seguir vem 
a hematopoiese embrionária, que começa no final do primeiro terço de gestação e é 
composta por três fases. A primeira é hepática, quando a eritropoiese predomina no fígado e 
a leucopoiese se torna mais evidente.Em seguida vem a fase esplênica/linfática, quando 
estes acontecimentos têm lugar também no baço e linfonodos. A última fase, que é a 
medular começa aproximadamente na metade da gestação e perdura por toda a vida.. 
A hematopoiese pós-natal limita-se exclusivamente a medula óssea e pode ser dividida em 
duas fases: a infantil, que envolve a medula óssea de todos os ossos e a adulta, quando a 
atividade a hematopoiética se limita aos ossos chatos a às extremidades dos ossos longos. 
Nesta fase, as demais medulas ósseas são tomadas por tecido adiposo e se tornam 
amarelas. Porém, em casos de necessidade a medula amarela volta a ser vermelha, ou seja, 
recupera sua atividade hematopoiética, o que pode ocorrer com os demais órgãos que 
desempenharam funções a hematopoiéticas na vida pré-natal. 
Formação das células do sangue 
Atualmente, a teoria mais aceita é que exista na medula óssea uma célula pluripotencial 
indiferenciada. Ao se dividir, esta célula dá origem a duas células: uma igual a si própria, 
destinada a manter a população constante e a uma outra célula chamada Unidade 
Formadora de Colônias (UFC). A UFC pode ser uma UFCe, formadora de linhagem 
eritrocítica; uma UFCmg, formadora de linhagem megacariocítica ou uma UFCmm, 
formadora de linhagem mielomonocítica, que por sua vez da origem a duas linhagens, a 
mielocítica ou granulocítica e a monocítica. A célula tronco provavelmente dá também 
origem a célula que originará os linfócitos. Após formadas, as UFCs seguem um processo de 
amadurecimento, com várias divisões, dando origem a um clone de células de seu grupo. 
 
Eritropoiese 
Fator estimulante 
O fator estimulante para a produção de eritrócitos é a eritropoietina. Este hormônio atua 
sobre a célula tronco da medula óssea, determinando a sua divisão e a produção da UFCe. O 
amadurecimento da células tronco e precursora ocorrem sob o estímulo de grandes 
concentrações de eritropoietina. As quatro divisões que ocorrem (de rubroblasto até 
metarubrócito) são mitóticas, e acontecem paralelamente com a maturação das células. 
Estes dois processos são caracterizados pelos seguintes eventos: perda dos nucléolos, 
diminuição do tamanho da célula e do núcleo, aumento na condensação da cromatina 
nuclear, diminuição da basofilia nuclear e aumento na policromasia, seguida então de 
normocromasia e síntese de hemoglobina. Ocorre, por fim, perda da capacidade mitótica. 
Tanto as divisões como a maturação dos eritrócitos ocorrem sob o estímulo de concentrações 
basais de eritropoietina. 
Em situações normais, o nível basal de eritropoietina fornece estímulos necessários para a 
reposição de eritrócitos perdidos, mantendo a massa normal destas células. Quando há 
transporte insuficiente de O2 para os tecidos, sensores renais localizados no aparelho 
justaglomerular dos rins sinalizam para que haja aumento na secreção de eritropoietina. A 
eritropoietina possui duas origens: é produzida na medula renal tanto na forma de 
eritropoietina ativa como de pró-eritropoietina, que é ativada por um fator sérico no 
momento da liberação e nas células de Kupfer, as produzem uma molécula precursora, que é 
ativada por uma fator renal para produzir eritropoietina ativa. O rim é a única fonte de 
eritropoietina no cão, ao contrário das outras espécies. 
UFCe 
Como foi visto anteriormente, a célula tronco se divide em duas, uma igual a si e outra que 
dará origem à Unidade Formadora de Colônias da linha eritrocítica ou UFCe. 
Rubroblasto 
É a célula que vem em seguida a UFCe, também chamado de proeritoblasto. É uma célula 
três vezes maior que o eritrócito maduro, tem núcleo geralmente central, que ocupa quase 
toda a área da célula e é formado por cromatina de aspecto delicado, onde pode-se ver dois 
ou até três nucléolos. Apresenta DNA e RNA em atividade, além da síntese proteíca, mas não 
sintetiza hemoglobina. 
Pró-rubrócito 
O rubroblasto se divide em duas células chamadas de pró-rubrócito ou eritroblasto. É um 
pouco menor que o rubroblasto, a cromatina é um pouco mais grosseira e os nucléolos 
menos evidentes. Nesta fase inicia-se a síntese de hemoglobina, que persiste até a fase de 
reticulócitos. 
Rubrócito basófilo 
O pró-rubrócito divide-se em dois rubrócitos basófilos ou eritroblasto basófilo. Nesta fase, o 
citoplasma já se torna um pouco acidófilo, devido ao acúmulo de hemoglobina já nele 
produzida. Ocorre diminuição da síntese de ácidos. É uma célula bem menor que a anterior, 
o núcleo já não apresenta nucléolos e a cromatina é bem mais compacta. 
Rubrócito policromático 
O rubrócito basófilo se divide em dois rubrócitos policromáticos ou eritroblastos 
policromatófilos. Nesta fase, ocorre a finalização da síntese de DNA, que por sua vez é 
controlada pelo aumento da síntese de hemoglobina. 
Metarubrócito 
O rubrócito policromático se divide em dois metarubrócitos. É a menor célula dos precursores 
nucleados dos eritrócitos e neste estágio o núcleo é apenas uma mancha de cromatina 
compacta. Neste estágio está o auge da produção de hemoglobina. 
Reticulócito 
O metarubrócito não se divide mais, apenas amadurece, perde o núcleo e passa a se chamar 
reticulócito. A substância basófila dessas células é o RNA, pode se apresentar em formas de 
grânulos. Quando corados pelo novo azul de metileno ou outro corante vital, esta substância 
basófila precipita-se em forma de retículos, daí o nome reticulócito. Quando corados pelos 
métodos usuais, os reticulócitos são vistos como células não nucleadas, um pouco maiores 
que os eritrócitos adultos, apresentando certa policromatofilia. Essas células não são achadas 
normalmente na circulação de cavalos e ruminantes sadios, pois toda a maturação 
eritrocitária nestas espécies ocorre dentro da medula óssea. Em suínos sadios são 
observados cerca de 2% de reticulócitos na circulação. Já em cães e gatos normais podem 
ser encontrados em percentuais que variam de 0,5-1,5; sendo que nestes últimos animais se 
apresentam em duas formas: os reticulócitos agregados e ponteados e refletem diferenças 
significativas no estádio de maturação e tempo de vida no sangue. Os reticulócitos 
agregados apresentam a substância basófila de forma linear e se maturam em ponteados, 
que apresentam apenas pequenos pontos de retículo, sem formações lineares. A contagem 
de reticulócitos pode ser usada na avaliação da resposta individual a uma anemia em todos 
os animais e avaliação da terapia usada, com exceção dos eqüinos, pois nestes animais os 
reticulócitos só são liberados da medula após sua total maturação. Cerca de 20% da 
hemoglobina contida nos eritrócitos é ainda sintetizada nos reticulócitos. 
Eritrócitos 
Os reticulócitos se maturam em eritrócitos ou hemácias, células anucleadas e sem inclusões 
de retículo. Os eritrócitos são as células mais numerosas no sangue, seu citoplasma é 
formado por 1/3 de hemoglobina e 2/3 de água. Sua função é carrear hemoglobina, que por 
sua vez, transporta O2 dos pulmões para os tecidos e CO2 dos tecidos para os pulmões. A 
membrana eritrocitária é formada por duas camadas protéicas, envolvendo uma camada de 
lipídios; é flexível permitindo a deformação e passagem da célula pelos estreitos sinusóides 
do baço e dos tecidos. A medida que a célula envelhece e flexibilidade vai diminuindo, não 
consegue mais atravessar os sinusóides do baço e é então fagocitada pelo S.M.F. 
 
Exigências Nutricionais da Hematopoiese 
Proteínas 
São extremamente necessárias na formação da globina 
Vitaminas 
Em especial, a riboflavina ou vitamina B2, a piridoxina ou vitamina B6, a niacina, o ácido 
fólico, a tiamina e a vitamina B12, sendo esta última extremamente necessária à divisão das 
fases nucleadas das células. 
Minerais 
O mais importante é o ferro, utilizado na síntese do heme. Outros minerais importantes na 
eritropoiese são o cobalto, necessário à síntese davitamina B12 e o cobre, co-fator da 
enzima ALA-dehidrase, necessária à síntese do heme. 
Lipídios 
Os lipídios são integrantes da membrana do eritrócito. Além disto, o colesterol funciona como 
regulador da resistência osmótica da célula. 
 
Eritropoiese ineficaz 
Este termo designa a quantidade de eritrócitos que morrem ainda no interior da medula, sem 
chegar a circulação. A taxa de eritropoiese ineficaz é cerca de 10% na maioria das espécies, 
mas pode estar aumentada em algumas doenças. 
 
Eritropoiese anormal 
Na ausência dos fatores apropriados a eritropoiese, como por exemplo os fatores 
nutricionais, este processo pode ocorrer de forma anormal, sendo lançadas na circulação 
eritrócitos com teor de hemoglobina incompleto ou células atípicas, deficientes em número 
ou com anormalidades fisiológicas. Na eritropoiese anormal, em alguns casos, pode ser 
produzido número excessivo de eritrócitos. 
 
Anticoagulantes 
EDTA 
É o ácido etilenodiaminotetracético. Este anticoagulante é o mais utilizado na rotina dos 
laboratórios pois possuem um excelente poder preservador da morfologia e características de 
coloração das células vermelhas e brancas. Atuam como quelantes, evitando a coagulação do 
sangue ao se combinar com o cálcio. Não se deve exceder o nível recomendado de EDTA, 
pois o excesso prejudica a determinação do hematócrito, provocando uma falsa diminuição 
deste devido ao "encarquilhamento" celular". As quantidades recomendadas são: 1 gota de 
uma solução a 10% para 5 ml de sangue ou 1 mg de pó por ml de sangue. Na rotina 
laboratorial o tubo que o contém é identificado por uma tampa de borracha de cor roxa. 
Heparina 
Evita a coagulação do sangue ao interferir na conversão de pró-trombina em trombina. Afeta 
de forma intensa e prejudicial as qualidades de coloração dos leucócitos, por isto é usado em 
provas bioquímicas, como por exemplo a dosagem de Ca++ no sangue. Tem um custo 
bastante elevado. Por estes motivos, é utilizado na rotina como anticoagulante, sem 
apresentar propriedades preservativas. Na rotina laboratorial o tubo que o contém é 
identificado por uma tampa de borracha de cor verde. 
Fluoreto de sódio 
Atua como anticoagulante e conservador de glicose, por isto é usado quando se deseja a 
determinação da glicemia. Na rotina laboratorial o tubo que o contém é identificado por uma 
tampa de borracha de cor cinza. 
 
Colheita de sangue 
Local de punção 
O local de punção varia de acordo com a espécie, quantidade de sangue a ser colhido e a 
finalidade laboratorial da amostra. 
Eqüinos: Principalmente na veia jugular, quando se deseja maiores quantidades. Para 
pequenas quantidades e pesquisa de hemoparasitas pode-se realizar uma pequena incisão 
na borda das orelhas, realizando-se o esfregaço do sangue obtido logo em seguida. 
Bovinos: Para obtenção de maiores quantidades, utiliza-se a veia jugular, a veia mamária e 
a veia coccígea. Para pesquisa de hemoparasitas utiliza-se também a borda das orelhas, 
realizando-se o esfregaço do sangue obtido logo em seguida 
Cães: Quando se deseja realizar pesquisas de hemoparasitas ou alguns testes sorológicos, 
como por exemplo para a Leishmaniose Visceral, realiza-se um pequeno corte na ponta da 
orelha, recolhendo o sangue em um papel de filtro no segundo caso e realizando um 
esfregaço sangüíneo normal no primeiro. Para obtenção de maiores quantidades de sangue 
utiliza-se as veias jugular, cefálica ou safena. 
Gatos: Para maiores quantidades, utiliza-se a veia jugular e cefálica Para pesquisas de 
hemoparasitas, faz-se o mesmo procedimento que os outros animais. 
Suínos: Veia cava anterior ou seio venoso orbital. Para pesquisas de hemoparasitas, faz-se 
o mesmo procedimento que os outros animais. 
Técnica de punção 
A realização de anti-sepsia no local antes que a agulha seja introduzida na veia é de suma 
importância na colheita do sangue. Seria desejável que a área a ser puncionada fosse 
depilada antes da anti-sepsia com álcool ou álcool iodado, mas na rotina hospitalar, este 
procedimento nem sempre é feito; sendo resguardado para momentos em que se necessite 
melhor visualização do vaso a ser puncionado. 
Após a escolha do local adequado e realização da ant-sepsia, faz-se então o garrote, isto é, a 
compressão da veia escolhida cranialmente ao local desejado. Se for necessário, pode-se 
distender a pele sobre a veia, para que esse fique mais firme. Em seguida, introduzir a 
agulha na pele com o bisel posicionado para cima, puncionando a veia. Soltar o garrote, 
recolher o sangue, retirar a agulha e comprimir a região, para evitar a formação de 
hematomas. 
Cuidados a serem observados durante a colheita visando evitar a hemólise e danos aos leucócitos 
• Observar se a agulha possui diâmetro adequado à quantidade de sangue que se 
deseja e ao calibre da veia escolhida; 
• Aderir bem a seringa ao canhão da agulha; 
• Deixar o sangue fluir com o mínimo de vácuo; 
• Evitar o bombeamento do sangue; 
• Evitar o excesso de pressão na seringa, pois isto poderá provocar o colabamento da 
parede da veia contra o bisel da agulha; 
• Se o sangue parar de fluir, rotacionar cuidadosamente a seringa e a agulha, 
procurando posicionamento mais adequado; 
• Em suínos, pode ocorrer entupimento da agulha por tecido adiposo e coágulos de 
sangue quando se tente puncionar mais que uma vez. Este último fato pode 
acontecer também nos outros animais, especialmente os pequenos; 
• Retirar a agulha da seringa antes de colocar o sangue no recipiente. 
 
Colheita de material e exame da medula óssea 
O exame da medula óssea fornece informações a respeito do estado hematopoiético dos 
animais. Existem várias ocasiões em que este estudo se faz necessário: anemias não 
regenerativas, neutropenias e trombocitopenias persistentes, quando são observadas células 
atípicas no sangue, sugerindo uma alteração neoplásica, intoxicação por drogas, radiação. É 
o único meio de avaliar a resposta a anemias em cavalos. Colorações especiais fornecem 
informações sobre os estoques de ferro e ajuda na diferenciação entre anemias ferroprivas e 
por inflamação crônica. 
A medula óssea ativa é vermelha, enquanto que aquela não produtiva é amarela. Nos 
animais adultos a maioria das cavidades ósseas dos ossos longos são preenchidas por 
medula amarela, estando a atividade hematopoiética reservada aos ossos chatos, tais como 
costelas, pélvis e ossos da cabeça, a ossos menores como as vértebras e as extremidades 
dos ossos longos. Portanto, para obtenção de amostras para estudo, é necessária a escolha 
de algum destes sítios. O esterno pode ser escolhido para este procedimento em grandes 
animais, bem como a porção dorsal da oitava a décima primeira costelas. A crista ilíaca é um 
local adequado para colheita tanto em grandes animais como nos pequenos, sendo que 
nestes utiliza-se também a porção proximal do úmero e do fêmur. 
A aspiração da material medular é na maioria das vezes adequada para a avaliação 
desejada. Mas em alguns casos é necessária a biópsia, especialmente quando se desejam 
informações sobre a topografia e arquitetura medulares, quando não de obtém material após 
diversas aspirações ou há suspeita de mielofibrose. Existem agulhas adequadas tanto para 
obtenção de material por aspiração ou para biópsia. No casa de obtenção do material por 
aspiração deve-se ter o cuidado de não aspirar mais que 0,5 ml de material, pois pode haver 
contaminação com sangue, o que pode dificultar ou mesmo impedir o estudo do esfregaço do 
material obtido. Pela mesma razão não se deve aspirar material medular com muita força. 
 
Bibliografia 
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986, 
1221p. 
2) NAVARRO, C.E.K.G., PACHALY, J.R. Manual de Hematologia Veterinária. Livraria Varela, 
SãoPaulo, 1994, 163p. 
 
Literatura Recomendada 
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986, 
1221p. 
 
 
Estudo do eritron 
Índice 
Introdução 
 
Eritrograma 
 
Contagem total de eritrócitos 
 
Dosagem total de hemoglobina 
 
Hematócrito (Hc) ou volume globular (VG) 
 
Índices hematimétricos ou valores globulares médios 
 
Bibliografia 
 
Literatura recomendada 
 
Introdução 
O termo eritron define a massa total de eritrócitos circulantes associado ao tecido 
eritropoiético da medula óssea. Os métodos para a avaliação do estado funcional do eritron 
são a contagem total de hemácias; a avaliação do teor de hemoglobina e a determinação do 
hematócrito. Estes três valores, por sua vez, são utilizados para o cálculo dos Índices 
Hematimétricos ou seja, o Volume Globular Médio (VGM), a Hemoglobina Globular Média 
(HGM) e a Concentração da Hemoglobina Globular Média (CHGM). Tais índices são utilizados 
para a elucidação das alterações do eritron, especialmente na avaliação dos tipos de anemia. 
 
Eritrograma 
É a avaliação dos eritrócitos, do hematócrito e da hemoglobina, assim como a contagem e 
avaliação dos reticulócitos, nos casos necessários. 
 
Contagem total de eritrócitos 
Para a realização da contagem total de eritrócitos podem ser utilizados vários métodos, que 
são divididos em manuais e automáticos. O método manual utilizado é o método do 
hemocitômetro ou seja, a Câmara de Neubauer. As contagens automáticas são realizadas 
através de aparelhos fotoelétricos, eletrônicos ou a lazer. 
Hemocitômetro: Utilizado quando em pequenos laboratórios, onde o volume de serviços 
não justifica a compra de um aparelho para a contagem por métodos automáticos. Este 
método apresenta erros de até 20%. 
Automáticos: Utilizados em grandes laboratórios, onde o volume de exames justifica a 
compra de um aparelho destes. Podem ser fotoelétricos, que medem a quantidade de luz 
que é transmitida através de uma suspensão de hemácias; eletrônicos, quando as hemácias 
são diluídas em uma solução eletrolítica e passadas por uma abertura, que apresenta certa 
resistência elétrica. A alteração na freqüência elétrica é igual ao número de células. Nos 
aparelhos a laser a difração da luz incidida sobre as células faz a contagem, baseada no 
tamanho e complexidade interna de cada uma. Estes métodos apresentam erros de até 5%. 
 
Dosagem total de hemoglobina 
A hemoglobina é uma proteína conjugada, composta por uma proteína simples, a globina e 
por um núcleo prostético do tipo porfirina, chamado heme, cujo principal componente 
químico é o ferro. A hemoglobina é responsável por até 90% do peso seco de um eritrócito 
adulto e por aproximadamente 1/3 de seu conteúdo celular e sua síntese se faz no 
citoplasma dos precursores nucleados dos eritrócitos. 
A molécula de hemoglobina tem peso molecular que varia entre 66.000 e 69.0000 daltons. 
É formada por um conjunto de quatro moléculas de heme, ligadas a uma cadeia peptídica, 
formando um conjunto de duas cadeias alfa e duas beta. O grupamento heme é um 
composto metálico, com um átomo de ferro em seu interior e uma estrutura porfirínica, 
formada por quatro anéis pirrólicos. Os grupamentos heme e polipepitídicos ligam-se através 
de pontes que se abrem facilmente para fazer a ligação com o O2 ou com o CO2. Estas 
ligações obedecem ao grau local de tensão destes gases. Nos capilares pulmonares, a tensão 
de O2 é elevada e de CO2 é baixa. Desta forma, a ligação de da hemoglobina com o O2 
acontece juntamente com a liberação de CO2. Nos capilares dos tecidos ocorre o contrário. 
Dentro de uma mesma espécie existem várias formas de hemoglobina, sendo as principais, 
além da hemoglobina, a oxi hemoglobina, meta hemoglobina e hemoglobina reduzida. Essa 
variedade é determinada por alterações na seqüência de aminoácidos da molécula, havendo 
ainda diferenças entre as hemoglobinas fetais e adultas. 
O eritrócito, no fim de sua vida útil, perde a sua elasticidade, não conseguindo mais passar 
pelos sinusóides do baço, onde é fagocitado por um macrófago. No interior desta célula 
ocorre o desmembramento da hemoglobina, com liberação do ferro do heme e da globina, 
formando-se então a bilirrubina, que abandona o macrófago e passa a circular no plasma. 
A dosagem total da hemoglobina reflete diretamente a capacidade do eritron como carreador 
de oxigênio. A determinação exata do teor de hemoglobina não é fácil de ser obtida, pois 
algumas técnicas, especialmente as de comparação visual com algum padrão, não são 
suficientemente precisas. Na prática atual são utilizados métodos químicos, em que a leitura 
é feita por espectofotometria, que possuem precisão suficiente para uma interpretação 
correta. Tais métodos convertem todas as formas de hemoglobina presentes no interior do 
eritrócito em cianometahemoglobina, cuja dosagem então é determinada pelo 
espectofotômetro. A dosagem de hemoglobina é dada em g/% ou g/dl. 
 
Hematócrito (Hc) ou volume globular (VG) 
Literalmente, a palavra hematócrito significa separação do sangue e essa separação é obtida 
facilmente no laboratório através da centrifugação. Após este processo, o sangue fica 
separado em três partes: a massa vermelha de eritrócitos ao fundo, uma camada bastante 
fina, branca ou acinzentada, formada de leucócitos e plaquetas logo acima da camada 
vermelha que é chamada de botão leucocitário e por fim, o plasma. Define-se como 
hematócrito o volume do sangue total que é ocupado pelas hemácias sendo os resultados 
expressos em porcentagem. 
Para a determinação do hematócrito deve ser usado sangue com anticoagulante. O método 
do microhematócrito é atualmente o de eleição para a determinação do volume globular, por 
requerer menor quantidade de sangue e possuir maior rapidez, sendo realizado em 5 
minutos e a leitura é feita comparando-se o tubo do microhematócrito com gráfico especial. 
Existem ocasiões em que o hematócrito pode estar falsamente aumentado. A principal destas 
são os casos de desidratação, pela perda de líquidos do organismo. Neste caso, as proteínas 
plasmáticas totais estarão também aumentadas, diferenciando a desidratação de outra 
situação na qual haverá um aumento real do hematócrito. Quando sangue é colhido em 
situações de excitação ou estresse, principalmente em eqüinos, pois nestes animais o baço 
reserva cerca de 1/3 do potencial de eritrócitos circulantes, além de possuir musculatura 
muito enervada. Portanto, sob estímulos adrenérgicos, ocorre a contração deste órgão e 
liberação de grande quantidade de eritrócitos na corrente circulatória, e isto causar 
alterações de 10-15% na determinação do hematócrito. Em menor grau, este fato é também 
observado em certas raças de cães de difícil manuseio. 
Por outro lado, existem situações em que o hematócrito pode estar falsamente diminuído. 
Em amostras colhidas com excesso de EDTA, uso de amostras velhas e ainda o uso de 
anestésicos ou contenção química pode ocorrer o "encarquilhamento celular", isto é uma 
diminuição do tamanho dos glóbulos. 
Além da determinação da massa eritrocítica em si, outras avaliações podem ser feitas a 
partir do hematócrito. Por exemplo, uma avaliação do botão leucocitário pode sugerir um 
excesso de leucócitos, se esse estiver muito largo; o teor de proteínas plasmáticas totais, se 
o tubo é quebrado e o plasma colocado em um proteinômetro para leitura. O aspecto do 
plasma pode ainda oferecer informações sobre o estado da amostra colhida, pois 
normalmente ele se apresenta claro, mas em outras situações pode ter aspecto avermelhado 
se há hemólise, esbranquiçado se há uma lipemia ou ainda amarelado, se há icterícia. Alguns 
protozoários pode ser observados no plasma, dentro do tubo do hematócrito, logo acima do 
botão leucocitário. São eles Tripanossoma eqinun e T.equiperdum vistos no plasma de 
equídeos e T. Cruzi, em cães e tatus. Larvas de helmintos são também observados, 
especialmente as microfilárias dos gêneros Dirofilaria e Diptalonema, no plasma de cães 
habitantes de regiões litorâneas, onde existam insetos transmissores. 
 
Índices hematimétricos ou valores globulares médios 
Utilizando a contagem total de eritrócitos, o teor de hemoglobina e o hematócrito é possível 
calcular o volume de um eritrócito médio e sua concentração de hemoglobina. Estes valores 
são de importância particular na determinação do tipo morfológico das anemias, servindo de 
guia para a determinação do tratamento e monitoração do paciente. Em alguns contadores 
automáticos, estes índices são calculados automaticamente. 
Volume Globular Médio (VGM) 
Este índice determina o tamanho médio dos eritrócitos ou seja o volume de um eritrócito 
médio. Se estiver aumentado, normal ou diminuído, indica se as células estão macrocíticas, 
normocíticas ou microcíticas. O VGM é determinado pela divisão do hematócrito em 1.000 ml 
de sangue (porcentagem x 10) pelo número de hemácias em milhões. Os resultados são 
expressos em fentolitros (fl). A fórmula portanto é: 
VGM: Hc x 10 /no He (106) 
Observação: 1 fl = 1015l 
Concentração hemoglobínica globular média (CHGM) 
É uma medida da concentração de hemoglobina nas hemácias. Expressa a taxa de peso da 
hemoglobina em relação a um dl de eritrócitos, e não a um dl de sangue total. Se está 
normal ou diminuído, define morfologicamente se o eritrócito é normocrômico ou 
hipocrômico. 
O CHGM é calculado pela divisão do teor de hemoglobina em 1.000 ml de sangue (g/dl x 
100) pelo Hc. Os resultados são expressos em g/dl ou g/%. Portanto, a fórmula é: 
CHGM: Hb x 100 / Hc 
Hemoglobina Globular Média (HGM) 
Indica o conteúdo hemoglobínico de cada hemácia, sendo porém o peso da hemoglobina em 
uma célula média. É menos preciso que o CHGM, pois é calculado por dois índices menos 
sensíveis, que são a dosagem de hemoglobina e contagem total de hemácias. É de pouco 
valor prático direto. 
O HGM é calculado pela divisão do teor de hemoglobina em 1.000 ml de sangue (g/dl x 10) 
pelo número de hemácias em milhões. Os resultados expressos em picogramas (pg). 
Portanto, a fórmula é: 
HGM: Hb x 10 / no He (106) 
 
Bibliografia 
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986, 
1221p. 
2) NAVARRO, C.E.K.G., PACHALY, J.R. Manual de Hematologia Veterinária. Livraria Varela, 
São Paulo, 1994, 163p. 
 
Literatura recomendada 
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 
1986, 1221p. 
Avaliação das anemias 
Índice 
Introdução 
 
Sintomatologia clínica 
 
Colheita 
 
Classificação das anemias 
 
Hemoparasitas 
 
Intensidade da anemia 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
 
Introdução 
Pode-se caracterizar anemia quando a contagem de eritrócitos, a dosagem de hemoglobina e 
a determinação do hematócrito demonstrarem valores abaixo dos normais. Estes valores 
normais ou de referência são caracterizados de acordo com a espécie, raça, sexo e idade. No 
pedido enviado ao laboratório ou na realização do exame a anotação da espécie é 
imprescindível, pois a variação dos valores entre os animais é muito grande. Estes valores 
estão relacionados com o tamanho dos eritrócitos e conseqüentemente, com o conteúdo de 
hemoglobina. Por exemplo, quando compararmos os eritrócitos de cães e dos caprinos 
veremos que, os eritrócitos dos caprinos por serem menores, em um mesmo volume serão 
em maior número. Por outro lado, o conteúdo de hemoglobina está relacionado com a 
atividade animal isto é, animais mais lépidos como os cães e os cavalos tendem a ter 
conteúdo maior de hemoglobina que os bovinos. Animais de mesma espécie também 
apresentam variações; os cavalos utilizados para corrida apresentam os eritrócitos maiores 
que os animais de trabalho ou tração; os cães da raça Akita apresentam eritrócitos menores, 
enquanto que os da raça Poodle apresentam eritrócitos maiores em relação ao tamanho 
médio para a espécie. A idade é outro parâmetro importante a ser observado; os animais 
recém nascidos possuem eritrócitos maiores, ainda de origem fetal que são substituídos 
gradativamente durante as primeiras semanas de vida. A variação entre sexos é discreta 
podendo haver variações durante a gestação devido a hemodiluição inerente a gestação. 
 
Sintomatologia clínica 
O animal anêmico apresenta mucosas pálidas e, dependendo da intensidade, pode-se 
observar também fraqueza, aumento da freqüência e sopros cardíacos, depressão mental e 
sede. Tais sintomas são relacionados com a reduzida capacidade de oxigenação sangüínea 
devido aos valores reduzidos da taxa de hemoglobina e dependerão da intensidade da 
mesma. Pela resistência individual de alguns animais, de mesma espécie ou não, o quadro 
de anemia pode ser assintomático. 
 
Colheita 
Para avaliação adequada das anemias é importante que a amostra seja colhida e manuseada 
corretamente, pois caso contrário os resultados podem ser alterados total ou parcialmente. 
Primeiramente, não estressar muito os animais, em especial os cavalos e os gatos, a 
contração esplênica resultante lançará eritrócitos na corrente sangüínea alterando o valor do 
eritrograma. 
A relação sangue-anticoagulante deve ser correta, pois volumes maiores do anticoagulante 
podem diluir a amostra e alterar a característica das células, como por exemplo, o excesso 
de EDTA pode causar encolhimento dos eritrócitos. 
Estase prolongada provoca hemoconcentração, pressão exagerada no êmbolo da seringa 
causará hemólise diminuindo o valor do volume globular e aumentando o valor da 
hemoglobina além de aumentar a densidade ótica da amostra. A observação de jejum é 
muito importante, pois a lipemia pós prandial pode aumentar a fragilidade osmótica dos 
eritrócitos tornando-os facilmente lisáveis. 
 
Classificação das anemias 
As anemias podem ser divididas em relativas e absolutas. As anemias relativas são aquelas 
nas quais não há redução da massa celular, ocorre apenas expansão do volume plasmático. 
Situam-se nestes casos, as fêmeas gestantes, os neonatos e os animais submetidos a 
fluidoterapia. Por outro lado as absolutas são também chamadas de anemias verdadeiras 
onde verifica-se redução da massa celular e são classificadas baseando-se na resposta 
medular, na morfologia e coloração dos eritrócitos e na patofisiologia. 
Classificação baseada na resposta medular 
Está relacionada totalmente com a resposta reticulocitária, que está na dependência da 
produção e liberação da eritropoetina renal e ou hepática, variando de acordo com a espécie. 
Baseado na resposta as anemias são consideradas regenerativas, pouco regenerativas e 
arregenerativas. As anemias regenerativas são aquelas onde se verifica resposta satisfatória 
da medula óssea, com produção e liberação de células jovens, como no caso das anemias 
hemolíticas e perdas sangüíneas por parasitas ou traumas. As pouco regenerativas são 
aquelas nas quais se verifica diminuição dos precursores eritróides havendo pouca resposta a 
estímulos. Ocorre nas deficiências de vitamina B12 e acido fólico, vitamina B6 e deficiência 
de ferro. Já nas anemias arregenerativas não se observam precursores eritróides medulares, 
não há resposta a estímulos como nas anemias aplásticas. No caso particular dos cães, a 
deficiência de eritropoetina na insuficiência renal crônica grave não gera estímulos para o 
desenvolvimento e divisões da célula tronco e linhagens, causando depressão medular, pois 
nesta espécie a produção de eritropoetina é somente renal. Podem ser também causadas por 
eritropoiese ineficaz isto é, ocorre aumento dos precursores eritróides, mas os eritrócitos 
formados não são liberados na circulação, devidoa sua destruição intramedular pelo sistema 
fagocitário mononuclear ou por algum defeito de maturação. Podem ter origem em alguma 
doença primária medular como neoplasias, aplasia eritróide, anemia aplástica; ser de origem 
nutricional ou causadas por algum dano medular, seja químico e uso de drogas. As doenças 
nutricionais, tais como deficiências de vitaminas B12 e B6, de ferro, cobalto e cobre 
geralmente são reversíveis bastando para isso corrigir a causa. Por outro lado as outras 
causas podem provocar lesões irreversíveis nas células tronco eritropoiéticas. Essas causas 
podem ser doenças hepáticas, renais, radiação, tóxicos (samambaia, estrógenos, chumbo), 
doenças mieloproliferativas, medicamentos (quimioterápicos, fenilbutazona, sulfa-
trimetropina). 
A avaliação do sangue periférico de cada animal oferece indícios da resposta medular: nos 
cães e gatos encontra-se policromatofilia (indicando reticulocitose); nos cavalos observa-se 
macrocitose e anisocitose mas não se observa policromatofilia (por não haver liberação de 
reticulócitos na corrente sanguínea); nos ruminantes observa-se ponteado basófilo e, nos 
suínos, policromatofilia. 
A avaliação reticulocitária deve ser relacionada com a espécie em questão, já que são 
encontrados normalmente no sangue periférico de cães, raramente em ruminantes e não são 
encontrados em cavalos. A resposta reticulocitária em cães é bastante acentuada permitindo 
avaliar bem a resposta medular; em ruminantes poucos reticulócitos já são patognomônicos 
de resposta medular. A avaliação nos eqüinos é feito pelo exame da medula óssea e ainda, 
existem atributos bioquímicos celulares nas células destes animais que podem ser medidas. 
Classificação morfológica. 
É baseada na morfologia do eritrócito e sua concentração de hemoglobina, utilizando-se os 
índices hematimétricos VGM e CHGM. 
Normocítica e normocrômica 
Neste tipo de anemia verifica-se pouca ou nenhuma resposta medular, sendo consideradas 
arregenerativas, ou pouco regenerativas. Geralmente ocorre em doenças crônicas: 
• doenças inflamatórias: doenças renais com uremia, doenças endócrinas, neoplasias, 
doenças hepáticas, enfim doenças que podem afetar o funcionamento medular ou o 
estímulo para produção de hemácias; 
• doenças parasitárias que são depressoras de medula como erliquiose e leishmaniose; 
• doenças mieloproliferativas; 
• viroses imunodepressoras e depressoras da medula óssea como cinomose, 
parvovirose; 
Macrocítica e normocrômica 
Relacionada com deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. Com a deficiência vitamínica não 
há síntese normal de DNA, as células não apresentarão divisões normais, encontrando-se 
células maiores na corrente sanguínea. Como a produção de hemoglobina é normal, o núcleo 
com crescimento contínuo é por fim estrusado, dando origem a células maiores. Pode ocorrer 
em doenças hepáticas, mieloproliferativas, com o uso de algumas drogas e por distúrbios 
nutricionais. Ocorre na deficiência de cobalto em ruminantes; pois este mineral é essencial 
na síntese de vitamina B12 no rumem. A macrocitose e normocromia pode ser ocorrência 
normal em cães da raça Poodle. 
Macrocítica e hipocrômica 
Geralmente são regenerativas quando ocorre aumento da produção de reticulócitos. A 
reticulocitose contribui para o aumento do VCM e diminuição do CHCM. 
Microcítica e normocrômica 
Inicio da deficiência de ferro. Microcitose e normocromia é característica dos eritrócitos de 
cães da raça Akita. 
Microcítica e hipocrômica 
Ocorre nas deficiências de ferro, cobre e piridoxina (vitamina B6). Nas deficiências de ferro 
ou falhas na sua utilização não haverá produção normal de hemoglobina e havendo demora 
na hemoglobinização não haverá parada na síntese de DNA, ocorrendo mitoses extras, 
aparecendo células menores com pouca hemoglobina na corrente sangüínea. O ferro faz 
parte da molécula de hemoglobina e o cobre é co-fator da enzima ácido d aminolevilínico 
(ALA) requerida para síntese do heme, além de componente principal da ceruloplasmina, 
enzima responsável pela transferência do ferro das células da mucosa intestinal para a 
transferrina, proteína de transporte plasmático. A deficiência de ceruloplasmina dificulta 
também a transferência do ferro dos macrófagos e do fígado para o plasma. A piridoxina é 
necessária para a eritropoiese , principalmente porque serve de co-fator para a síntese do 
ácido d aminolevilínico que faz parte da biogênese do heme. Ocorre em perdas de sangue 
crônicas como nas lesões gastrointestinais, neoplasias, desordens de coagulação, infestação 
de ecto e endo parasitas hematófagos tais como carrapatos, piolhos, pulgas e vermes. 
Classificação patofisiológica 
Perdas sangüíneas (hemorragias) podem agudas ou crônicas e esta diferenciação depende 
da rapidez da instalação do processo. Um animal pode perder até 25% do seu conteúdo 
sangüíneo rapidamente ou cerca de 50% se esta perda for lenta (cerca de 24 horas) sem 
comprometimento fisiológico. São exemplos de perdas por hemorragias: 
• traumas e procedimentos cirúrgicos; 
• defeitos de coagulação: envenenamento por samambaia, trevo doce, veneno de rato 
(dicumarol), trombocitopenias; 
• parasitas, neoplasias, ulcerações intestinais; 
• hemoparasitas: babesiose, ehrlichiose, anaplasmose, hemobartonelose. 
Anemias hemolíticas também tem caráter agudo e crônico e geralmente tem caráter 
regenerativo. Causas: 
• hemoparasitas; 
• anemias hemolíticas imunomediadas; 
• intoxicações: ingestão de cebola por cães e gatos, drogas como acetominofen em 
gatos, azul de metileno em cães e gatos; 
• anemias hemolíticas idiopáticas. 
Anemias depressivas: relacionadas com o tipo de resposta medular. 
• nutricionais: deficiência de ácido fólico e vitamina B12, cobre, cobalto, ferro, 
vitamina B6; 
• inflamações: as bactérias e os macrófagos utilizam ferro levando a deplessão 
orgânica; 
• parasitas. Ehrlichia sp, Babesia sp., parasitoses intestinais crônicas; 
• aplasias idiopáticas ou adquiridas; 
• doenças mieloproliferativas. 
Anormalidades na forma (Poiquilocitose) 
A forma normal dos eritrócitos depende do perfeito equilíbrio entre as propriedades 
estruturais da membrana celular e hemoglobina e a influência dos meios intra e 
extracelulares. Os eritrócitos possuem forma definida por espécie e a mudança nesta forma 
pode auxiliar no diagnóstico da causa e tipo de anemia. A forma mais comum é do disco 
biconcavo, que pode ser alterado pela passagem através da microcirculação. 
• Codócitos: também chamado de célula em alvo; condensação central e periférica da 
hemoglobina resultante da redistribuição da hemoglobina celular provavelmente 
devido ao excesso de membrana (aumento do colesterol da membrana pode variar 
de 25% a 75%) ou ao pequeno conteúdo hemoglobínico. São encontradas nas 
anemias crônicas e em situações de estase sangüínea; 
• Excentrócitos: condensação da hemoglobina na periferia da hemácia que aparecem 
como projeções em brotamento na borda destas células. São encontradas em 
quadros hemolíticos como na ingestão de cebola em cães e ocorrem em casos de 
animais que receberam drogas oxidantes, como por exemplo a fenotiazina em 
cavalos ou paracetamol em gatos. Podem surgir em casos de hemoglobinúria pós-
parto na vaca; 
• Equinócitos: são eritrócitos crenalados. Podem ser artefatos de esfregaço, ou 
excesso de EDTA, como animais em exercício, em linfomas, glomerulonefrites, como 
são comuns em suínos. São encontrados em sangue estocado por depleção de ATP; 
• Eliptócitos ou Ovalócitos: são hemácias com forma oval ou elipsoidal. Ocorrem nas 
leucemias, sendo comum nas espécies de camelídeos; 
• Esferócitos: são eritrócitos pequenos sem o halo central intensamente corados que 
aparecem como resultado de deformação de membrana citoplasmática, geralmente 
produzidas por anticorpos anti-eritrócitos.Somente observadas em cães. Ocorrem 
em anemias hemolíticas imunomediadas. Como estas células possuem menor 
capacidade de deformação, são prematuramente retirados da circulação pelo baço; 
• Acantócitos: são eritrócitos de contorno irregular, assumindo forma estrelar, 
podendo também ser resultado de alteração de membrana atribuido ao aumento do 
colesterol na mesma. Vistos em doenças renais e esplênicas, no hemangiossarcoma 
e cirrose hepática, estas células são removidas prematuramente pelo baço tendo 
mais facilidade a lise. Não devem ser confundidos com artefatos de técnica; 
• Esquisócitos ou fragmentos eritrocitários: são células deformadas ou pedaços de 
células ( do grego, schistos, fragmentar), entre os quais se destacam a célula em 
capacete e a célula em gota. A fragmentação e portanto os esquistócitos ocorrem 
como resultado de um defeito na produção ou de uma destruição acelerada de 
eritrócitos. Podem ser vistos em casos de vasculite e na coagulação intravascular 
disseminada (CID), sendo que nesta última as células em capacete são 
características. Também podem aparecer em doenças renais ou esplênicas crônicas e 
ainda nas anemias ferroprivas; 
• Fusócitos: São hemácias em forma de fuso, nas quais a hemoglobina se polimeriza 
em forma de túbulos. São encontrados normalmente em cabras de raça angorá. 
Inclusões dos eritrócitos 
Ponteado basófilo 
São restos de ribossomos e polirribossomos que apresentam tom azulado formando 
agregados finos e irregulares no eritrócito. A enzima pirimidina 5'nucleotidase que está 
presente nos reticulócitos cataboliza estes ribossomas e polirribossomas. Aparecem nas 
anemias regenerativas em bovinos, ocorre nas intoxicações por chumbo devido a enibição da 
enzima pelo chumbo. 
Corpúsculos de Howell-Jolly 
São restos nucleares observados em forma de pequenos pontos na superfície do eritrócito 
apresentando-se como pontos espessos de cor violeta, azul ou quase negros, geralmente na 
periferia da célula,. Aparecem em casos de anemia severa e são rapidamente retirados de 
circulação pelo baço e também nas anemias regenerativas de cães e gatos, podendo ainda 
significar inefetividade esplênica. Não devem ser confundidos com parasitas do gênero 
Anaplasma, especialmente Anaplasma marginale pois estes estarão sempre em uma posição 
fixa e terão o tamanho uniforme, enquanto que os corpúsculos apresentam localização 
variada e dimensões não uniformes. Em sangue de gatos e cavalos sadios pode ser vistos 
em até 1%. 
 
Hemoparasitas 
Ricketsias 
Gênero Haemobartonela 
Aparecem na forma de pequenos cocos ou bacilos escuros na periferia da hemácia. São 
parasitas do cão (H. canis) e do gato (H. felis). 
Gênero Anaplasma 
Parasitas dos bovinos, que aparecem como pequenos pontos escuros no citoplasma da 
célula, sendo que A. marginale possui sempre localização periférica e é mais numeroso e A. 
centrale, de localização central. 
Protozoários 
Gênero Babesia 
Também chamados de piroplasmas, pois possuem forma de chama de fogo. Estes 
hematozoários são vistos no interior dos eritrócitos como gotas únicas ou duplas, unidas pelo 
vértice. Podem ser observados no sangue de bovinos (B. bovis ou B. bigemina); eqüinos (B. 
cabali, Nutalia equi); e cães (B. canis). Em eqüinos podem parecer em número de quatro no 
mesmo eritrócito, em uma formação chamada de Cruz de Malta. 
Gênero Plasmodium 
Tais protozoários podem ser vistos no interior de hemácias de répteis, aves, cães, gatos e 
seres humanos. 
 
Intensidade da anemia 
A avaliação da intensidade da anemia é baseada no valor do hematócrito em relação as 
varias espécies. Esta intensidade nos direciona na avaliação da necessidade de reposição 
sangüínea. 
Nos pequenos animais, usa-se os seguintes parâmetros de reposição sanguínea: hematócrito 
abaixo de 15% para os cães, abaixo de 10% para os gatos, e para os grandes animais 
abaixo de 12% mas a melhor avaliação da necessidade de reposição sanguínea está na 
avaliação clínica. 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
Jain, N. C. ESSENTIALS OF VETERINARY HEMATOLOGY. Philadelphia, Lea & Febiger, 1993. 
Jain N. C. SCHALM'S VETERINARY HEMATOLOGY, 4ed., Philadelphia, Lea & Febiger, 1986. 
Campbell, K. Diagnosis and management of policythemia in dog. CONTINUING EDUCATION 
ARTICLE, v. 2,n. 4, p. 543-550, 1990. 
Cole, D, J., Roussel, A, J., Whitney, M,S Interpreting a bovine CBC: Collecting a sample and 
evaluating the erythron. VETERINARY MEDICINE. N.4, P. 460-478, 1978. 
Morais, D,D. Review of anemia in horses Part II: Pathophisiologyc mechanisms, specific 
diseases and treatment. EQUINE PRATICE-HEMATOLOGY. v.2 n.5, p. 39-46, 1989. 
 
Avaliação das policitemias 
Índice 
Introdução 
 
Sintomatologia Clínica 
 
Classificação das policitemias 
 
Avaliação laboratorial 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
 
Introdução 
As policitemias são caracterizadas pelo aumento do número de eritrócitos, da concentração 
da hemoglobina e do volume globular acima do normal avaliado para cada espécie, raça, 
sexo, idade. Volume globular acima de 50% torna o sangue mais viscoso dificultando o 
transporte de oxigênio e quando este valor supera 60% é considerado policitemia. 
 
Sintomatologia Clínica 
A viscosidade sangüínea aumentada diminue o fluxo sangüíneo promovendo distensão de 
capilares e pequenos vasos, que, além de causar ruptura vascular e mucosas hiprêmicas, 
consequentemente ocorre hipóxia, trombose, resultando em poliúria, polidipsia, distúrbios do 
SNC, hematemêse, epistaxe, hematoquezia, hematúria. 
 
Classificação das policitemias 
Relativa 
A característica principal da policitemia relativa é que os valores podem voltar ao normal 
após a correção do evento. 
Pode ser devida a dois mecanismos distintos: 
• Diminuição do volume plasmático causado principalmente por desidratação, 
ocasionando aumento do volume globular, mas a massa total de eritrócitos 
circulantes permanece inalterada. 
• Contração esplênica após stress ou dor, com injeção temporária de grande massa de 
eritrócitos na corrente sangüínea. 
Absoluta 
Quando ha aumento da massa celular circulante permanente sem diminuição do volume 
plasmático. 
Policitemia primaria 
Também chamada de policitemia vera, doença mieloproliferativa caracterizada por excessiva 
proliferação das células tronco hematopoieticas da série eritróide. Esta mieloproliferação é 
independente da produção de eritropoetina. 
Policitemia secundária 
Resultado do aumento da eritropoiese resultante de fatores que estimulam a produção de 
eritropoetina. 
Causando hipóxia renal 
Neste caso, chamado também de policitemia fisiologicamente apropriada, a concentração de 
oxigênio nos tecidos renais diminui, aumentando a secreção de eritropoetina. São causas: 
• "Shunt" átrio-ventricular 
• Doenças pulmonares crônicas 
• Altitudes elevadas 
• Obesidade acentuada 
• Hemoglobinopatias 
• Depressão do centro respiratório 
Neoplasias produzindo substancia eritropoiéticas 
Nestes casos, a produção de eritropoetina ou outras substancias eritropoiéticas tais como 
corticóides, andrógenos e prostaglandinas ocorre sem estímulo da hipóxia. 
• Carcinoma renal 
• Linfossarcoma renal 
• Hepatoma 
• Tumores uterinos 
• Tumores da supra renal 
 
Avaliação laboratorial 
Algumas técnicas inerentes ao laboratório e a colheita de material podem causar policitemias 
transitórias. É importante a homogeneização bem feita quando da medida do volume 
globular pois corre-se o risco de medir a amostra concentrada. Este fato torna-se muito 
importante no caso dos eqüinos que apresentam sedimentação mais rápida. O 
preenchimento correto do tubo capilar do microhematócrito é também importante pois 
quando se preenche mais de 2\3 do tubo dificulta a concentração da amostra.O exame mais importante é o volume globular que deve estar acima de 60%. 
A medida dos gases arteriais é útil para se verificar a oxigenação do sangue assim como a 
dosagem de eritropoetina. Normalmente nas policitemias relativas a saturação de oxigênio e 
os valores da dosagem de eritropoetina são normais enquanto na policitemia primária a 
saturação de oxigênio é normal e a dosagem de eritropoetina é ligeiramente abaixo do 
normal; por outro lado, nas policitemias secundarias fisiologicamente apropriadas a 
saturação de oxigênio é baixa e a dosagem de eritropoetina é alta e nas fisiologicamente 
inapropriadas, a saturação de oxigênio é normal mas a dosagem de eritropoetina é alta. 
A análise clínica e laboratorial das policitemias pode ser feita através do fluxograma que se 
segue: 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
Jain, N. C. ESSENTIALS OF VETERINARY HEMATOLOGY. Philadelphia, Lea & Febiger, 1993. 
Jain N. C. SCHALM'S VETERINARY HEMATOLOGY, 4ed., Philadelphia, Lea & Febiger, 1986. 
Campbell, K. Diagnosis and management of policythemia in dog. CONTINUING EDUCATION 
ARTICLE, v. 2,n. 4, p. 543-550, 1990. 
Cole, D, J., Roussel, A, J., Whitney, M,S Interpreting a bovine CBC: Collecting a sample and 
evaluating the erythron. VETERINARY MEDICINE. N.4, P. 460-478, 1978. 
Morais, D,D. Review of anemia in horses Part II: Pathophisiologyc mechanisms, specific 
diseases and treatment. EQUINE PRATICE-HEMATOLOGY. v.2 n.5, p. 39-46, 1989. 
 
 
Avaliação das policitemias 
Índice 
Introdução 
 
Sintomatologia Clínica 
 
Classificação das policitemias 
 
Avaliação laboratorial 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
 
Introdução 
As policitemias são caracterizadas pelo aumento do número de eritrócitos, da concentração 
da hemoglobina e do volume globular acima do normal avaliado para cada espécie, raça, 
sexo, idade. Volume globular acima de 50% torna o sangue mais viscoso dificultando o 
transporte de oxigênio e quando este valor supera 60% é considerado policitemia. 
 
Sintomatologia Clínica 
A viscosidade sangüínea aumentada diminue o fluxo sangüíneo promovendo distensão de 
capilares e pequenos vasos, que, além de causar ruptura vascular e mucosas hiprêmicas, 
consequentemente ocorre hipóxia, trombose, resultando em poliúria, polidipsia, distúrbios do 
SNC, hematemêse, epistaxe, hematoquezia, hematúria. 
 
Classificação das policitemias 
Relativa 
A característica principal da policitemia relativa é que os valores podem voltar ao normal 
após a correção do evento. 
Pode ser devida a dois mecanismos distintos: 
• Diminuição do volume plasmático causado principalmente por desidratação, 
ocasionando aumento do volume globular, mas a massa total de eritrócitos 
circulantes permanece inalterada. 
• Contração esplênica após stress ou dor, com injeção temporária de grande massa de 
eritrócitos na corrente sangüínea. 
Absoluta 
Quando ha aumento da massa celular circulante permanente sem diminuição do volume 
plasmático. 
Policitemia primaria 
Também chamada de policitemia vera, doença mieloproliferativa caracterizada por excessiva 
proliferação das células tronco hematopoieticas da série eritróide. Esta mieloproliferação é 
independente da produção de eritropoetina. 
Policitemia secundária 
Resultado do aumento da eritropoiese resultante de fatores que estimulam a produção de 
eritropoetina. 
Causando hipóxia renal 
Neste caso, chamado também de policitemia fisiologicamente apropriada, a concentração de 
oxigênio nos tecidos renais diminui, aumentando a secreção de eritropoetina. São causas: 
• "Shunt" átrio-ventricular 
• Doenças pulmonares crônicas 
• Altitudes elevadas 
• Obesidade acentuada 
• Hemoglobinopatias 
• Depressão do centro respiratório 
Neoplasias produzindo substancia eritropoiéticas 
Nestes casos, a produção de eritropoetina ou outras substancias eritropoiéticas tais como 
corticóides, andrógenos e prostaglandinas ocorre sem estímulo da hipóxia. 
• Carcinoma renal 
• Linfossarcoma renal 
• Hepatoma 
• Tumores uterinos 
• Tumores da supra renal 
 
Avaliação laboratorial 
Algumas técnicas inerentes ao laboratório e a colheita de material podem causar policitemias 
transitórias. É importante a homogeneização bem feita quando da medida do volume 
globular pois corre-se o risco de medir a amostra concentrada. Este fato torna-se muito 
importante no caso dos eqüinos que apresentam sedimentação mais rápida. O 
preenchimento correto do tubo capilar do microhematócrito é também importante pois 
quando se preenche mais de 2\3 do tubo dificulta a concentração da amostra. 
O exame mais importante é o volume globular que deve estar acima de 60%. 
A medida dos gases arteriais é útil para se verificar a oxigenação do sangue assim como a 
dosagem de eritropoetina. Normalmente nas policitemias relativas a saturação de oxigênio e 
os valores da dosagem de eritropoetina são normais enquanto na policitemia primária a 
saturação de oxigênio é normal e a dosagem de eritropoetina é ligeiramente abaixo do 
normal; por outro lado, nas policitemias secundarias fisiologicamente apropriadas a 
saturação de oxigênio é baixa e a dosagem de eritropoetina é alta e nas fisiologicamente 
inapropriadas, a saturação de oxigênio é normal mas a dosagem de eritropoetina é alta. 
A análise clínica e laboratorial das policitemias pode ser feita através do fluxograma que se 
segue: 
 
Bibliografia e leitura recomendada 
Jain, N. C. ESSENTIALS OF VETERINARY HEMATOLOGY. Philadelphia, Lea & Febiger, 1993. 
Jain N. C. SCHALM'S VETERINARY HEMATOLOGY, 4ed., Philadelphia, Lea & Febiger, 1986. 
Campbell, K. Diagnosis and management of policythemia in dog. CONTINUING EDUCATION 
ARTICLE, v. 2,n. 4, p. 543-550, 1990. 
Cole, D, J., Roussel, A, J., Whitney, M,S Interpreting a bovine CBC: Collecting a sample and 
evaluating the erythron. VETERINARY MEDICINE. N.4, P. 460-478, 1978. 
Morais, D,D. Review of anemia in horses Part II: Pathophisiologyc mechanisms, specific 
diseases and treatment. EQUINE PRATICE-HEMATOLOGY. v.2 n.5, p. 39-46, 1989. 
 
 
Interpretação clínica das alterações no número dos leucócitos 
Índice 
Alterações no número de leucócitos na circulação 
 
Respostas leucocitárias nos ruminantes 
 
Contagens leucocitárias absolutas e relativas 
 
Interpretação do leucograma 
 
Referências bibliográficas 
 
Alterações no número de leucócitos na circulação 
Variações no número de leucócitos podem ocorrer em situações fisiológicas ou de doença. Os 
sufixos "ose" ou "filia" são usados para denotar um aumento acima da contagem máxima, 
enquanto que o sufixo "penia" denota diminuição abaixo dos níveis mínimos. A leucocitose 
pode ser fisiológica, patológica em resposta a doença ou vir como resultado de uma 
alteração neoplásica. De forma especial, a leucocitose fisiológica deve ser compreendida, 
para que haja discernimento entre esta e a patológica. Pode-se observar elevação na 
contagem total de leucócitos como resultado de exercício muscular intenso, excitação, 
apreensão ou alterações emocionais. Esta elevação é considerada leucocitose fisiológica. 
Grandes variações são observadas na contagem total e na contagem diferencial de 
leucócitos, talvez refletindo a intensidade do estresse envolvido. A contagem total pode 
aumentar muito, as vezes 100 ou 200%, inicialmente como resultado de elevação dos 
neutrófilos maduros; portanto esta condição pode ser chamada de "pseudo' neutrofilia. A 
leucocitose pode também ser observada como resultado de linfocitose, especialmente em 
animais jovens ou em crescimento e em particular no gato e no cavalo. Entretanto, em 
alguns casos pode haver aumento em todos os tipos de leucócitos. Leucocitose por 
neutrofilia e linfocitose é geralmente considerada como efeito da adrenalina. 
Aumentosnos níveis de corticóides, sejam eles endógenos ou exógenos estão associadas 
com alterações previsíveis nas contagens total e diferencial de leucócitos. A resposta típica 
consiste em neutrofilia, linfopenia e eosinopenia. A neutrofilia é devido as células maduras, 
embora bastonetes possam ser observados em algumas ocasiões. Para este estímulo, 
monocitose é uma resposta característica do cão enquanto que nas outras espécies a 
resposta é variável. 
A leucopenia é quase sempre devido a um processo patológico e na maioria das vezes 
representa prognóstico desfavorável. As leucopenias acontecem quando a contagem total de 
leucócitos fica abaixo do nível mínimo considerado para aquela espécie. Leucopenia pode 
resultar de um ou mais dos seguintes fatores: diminuição da produção em casos de danos a 
medula óssea ou necrose do tecido linfóide, granulopoiese inefectiva ou diminuição da 
liberação na circulação, aumento na utilização ou destruição, como nos casos de sepsias. 
Alguns dos motivos mais comuns de leucopenia são algumas doenças a vírus, septicemia ou 
toxemia bacteriana, alguns casos de leucemia, anafilaxia, substâncias tóxicas, drogas ou 
outros compostos químicos, que competem na utilização do ácido fólico pelas células e ainda 
deficiências nutricionais. 
Alterações quantitativas e qualitativas em um tipo particular de leucócito pode refletir a 
natureza do processo e a resposta do organismo a ele. Existem variações particulares de 
acordo com a espécie em questão. O cão responde de forma dramática as infecções 
microbianas, doenças ou situações de estresse. Contagens totais de leucócitos de 30.000/ml-
50.000/ml são comuns e contagens acima destas marcas também não são raras. Pode-se 
entender isto pelo fato que estes animais liberam tanto neutrófilos quanto monócitos em 
respostas a hormônios adrenocorticais em situações de estresse. De modo geral, em 
resposta a doenças os gatos não respondem de forma tão significativa como o cão, 
apresentando contagens máximas de 75.000/ml. Por outro lado, leucocitose fisiológica, na 
qual os linfócitos se igualam ou até mesmo superam o número de neutrófilos, é bastante 
comum em filhotes amedrontados. Esta resposta dos gatos ao medo a excitação devem ser 
levados em conta na interpretação do leucograma. A leucopenia é também um achado 
comum. Em gatos jovens, ela se dá principalmente por infecções ao vírus da pancitopenia, 
mas em gatos mais velhos esta variação é observada em situações de toxemia, que podem 
causar depressão de medula. Nos eqüinos, o nível de resposta leucocitária fica entre 15.000-
25.000/ml. A leucocitose acentuada nestes animais são consideradas aquelas entre 25.000-
35.000/ml e respostas extremas são consideradas na faixa de 35.000/ml. 
Os ruminantes são ainda menos responsivos que os equídeos. Muito freqüentemente, a faixa 
normal de resposta fica entre 4.0100-12.000/ml. A leucocitose acentuada seria representada 
por contagens de 20.000-30.000/ml e extremas por valores discretamente superiores a 
30.000/ml. 
Neutrofilia/Neutropenia (Leucocitose/Leucopenia) 
Os neutrófilos são as células presentes em maior porcentagem no sangue dos animais. Assim 
sendo, a maioria das leucocitoses, vistas principalmente em cães e gatos, são devido a 
neutrofilia e da mesma forma, a maioria das leucopenias advindas de neutropenias. 
Como os neutrófilos são as células de primeira linha de defesa contra infecções e nas reações 
inflamatórias, é natural que as alterações neste tipo de leucócito sejam melhor percebidas. 
Assim sendo, os termos desvio para a esquerda e desvio para a direita foram propostos para 
descrever as alterações no sangue na contagem diferencial destas células. Estes desvios são 
baseados na contagem total de leucócitos, na contagem diferencial de neutrófilos e no grau 
de maturação destes. 
Desvio dos neutrófilos à direita 
Neste tipo de alteração o número total de leucócitos é variável, mas há elevação no número 
de neutrófilos muito maduros ou seja, hipersegmentados. As formas jovens estarão ausentes 
ou em números muito reduzidos. É observado em doenças caquetizantes ou em situações de 
deficiência de vitamina B12. A elevação nos níveis de corticóides na circulação, sejam 
endógenos ou exógenos, faz com que os neutrófilos permaneçam mais tempo no 
compartimento marginal, amadurecendo mais, ficando assim com o núcleo 
hipersegmentado. 
Desvio dos neutrófilos à esquerda 
É o aumento, na circulação, do número de neutrófilos jovens acima do normal da espécie. 
Ocorre na fase aguda dos processos inflamatórios, por uma liberação mais acelerada dessas 
células pela medula. Existem dois tipos de desvio à esquerda, o regenerativo e o 
degenerativo. 
Desvio à esquerda regenerativo 
Neste tipo de desvio observa-se leucocitose e neutrofilia, mas há manutenção da distribuição 
piramidal dos neutrófilos, isto é, os mais jovens em número inferior aos mais maduros. É 
considerado pequeno quando são vistos apenas neutrófilos bastonetes, moderado quando 
são observados metamielócitos e bastonetes e ainda, acentuado quando são vistos 
mielócitos, metamielócitos e bastonetes. Representa prognóstico bom, pois indica 
funcionamento normal do processo inflamatório. 
Desvio à esquerda degenerativo 
Neste caso o número total de neutrófilos é normal ou há até mesmo neutropenia, mas há 
aumento do número de formas jovens. Há duas explicações para o desvio à esquerda 
degenerativo. No primeiro caso, o número de neutrófilos deveria estar aumentado, mas a 
destruição dessas células processa-se a uma velocidade maior que a sua reposição. No 
segundo caso há uma interferência no processo de maturação das células, causada por 
agressões em nível medular. O prognóstico para o desvio a esquerda degenerativo é 
reservado, exceto nos ruminantes em fase inicial de resposta inflamatória. 
Ocasiões em que há neutrofilia 
A neutrofilia fisiológica não tem relação com alterações patológicas; é causada por uma 
liberação súbita dos neutrófilos do compartimento marginal. Isto ocorre após as refeições, na 
gestação, após exercícios violentos ou prolongados, após vômitos ou convulsões e no 
estresse. Lembrar que o compartimento marginal na maioria das espécies domésticas é igual 
ao compartimento circulante, nas no gato o tal compartimento chega a ser 2-3 vezes maior 
que o compartimento circulante. 
Existem situações em que a neutrofilia é patológica, como por exemplo na fase aguda das 
inflamações e infecções, especialmente aquelas causadas por bactérias piogênicas, como a 
maioria dos cocos. Ocorre também na agudização de processos crônicos anteriormente em 
equilíbrio; intoxicações metabólicas, (uremia, acidose diabética, e hipocalcemia puerperal) ou 
não metabólicas (chumbo, mercúrio, digitálicos, adrenalina, veneno de artrópodes 
peçonhentos); lesões com necrose abrangente de órgãos e tecidos como miocárdio, pâncreas 
e rins e nas leucemias mielocíticas. Observa-se neutrofilia também em fase inicial e de 
regeneração das hemorragias, quando a liberação aumentada de eritrócitos jovens pode vir 
acompanhada de um maior número de neutrófilos. Algumas afecções são caracterizadas por 
extrema neutrofilia, como por exemplo a piometra na cadela e na gata e a pericardite 
traumática nos bovinos. 
Ocasiões em que há neutropenia 
A neutropenia ocorre basicamente por dois mecanismos, ou seja, quando há diminuição da 
produção de neutrófilos por uma hipoplasia granulocítica da medula óssea, seja ela de 
origem infecciosa (parvovirose, erlichiose), uso de drogas como estrógeno e sulfas nos cães 
e fenilbutazona em eqüinos e ainda intoxicações por plantas, como a samambaia no caso dos 
bovinos. O segundo mecanismo é o excesso de consumo dos neutrófilos, em processos 
infecciosos graves e demorados. 
Linfocitose/Linfopenia 
Em filhotes e animais em crescimento observa-se linfocitose fisiológica, pois neles a 
atividadeimunogênica é mais intensa. O mesmo ocorre após vacinações ou imunizações, 
independentes da natureza do antígeno. A linfocitose patológica ocorre quando o agente 
agressor é antigênico, como por exemplo nas erlichioses e de modo especial nas viroses; 
infecções crônicas; linfoadenopatias inespecíficas, locais ou generalizadas. Algumas 
protozoonoses são caracterizadas por linfocitose persistente, ainda que moderada, podem 
ser citadas como exemplo a doença de Chagas e a toxoplasmose. 
A linfopenia ou linfocitopenia ocorre na fase aguda das inflamações, em viroses 
imunodepressoras e em processos infecciosos graves. A administração de antagonistas do 
ácido fólico e de drogas antineoplásicas também levam a linfopenia, bem como em algumas 
doenças mieloproliferativas como a doença de Hodgkin descrita no cão, certos 
linfossarcomas nesta e em outras espécies e em neoplasias de outros tecidos, quando em 
estado avançado. O aumento no nível de corticosteróides circulantes, seja endógeno como 
no hiperadrenocorticismo ou iatrogênico é um fator determinante de linfopenia. 
Eosinofilia/Eosinopenia. 
O aumento no número de eosinófilos circulantes acima do normal da espécie ocorre em 
doenças alérgicas, onde há processos inflamatórios com hipersensibilização; infecções 
parasitárias, principalmente naqueles em que há lesão profunda de tecido e nas parasitoses 
intestinais, embora nestas com menor intensidade. Observa-se eosinofilia intensa no 
granuloma eosinofílico do gato. O reaparecimento dos eosinófilos no término da fase aguda 
da inflamação marca geralmente o início da recuperação do organismo. 
Já a eosinopenia ocorre na fase aguda das inflamações, após intenso estresse emocional ou 
físico, nas endotoxemias e nas situações em que há excesso de hormônios corticosteróides 
circulantes, sejam de origem endógena ou exógena. 
Monocitose/Monocitopenia 
A monocitose é observada principalmente na fase de recuperação das inflamações, quando 
os monócitos iniciam o trabalho de "limpeza" da região inflamada. Outras situações em que 
há monocitose são: desnutrição e caquexia, inflamações inespecíficas ou doenças crônicas e 
leucemia monocítica. 
A monocitopenia não é alteração significante, pois pequenos números destas células são 
normalmente observados. 
Basofilia 
Não é observada normalmente, pois estas células estão presentes em número bastante 
reduzido na circulação dos animais domésticos. Em alguns casos, porem, pode ser 
observada: nas mesmas ocasiões em que há eosinofilia, quando há lipemia nos cães ou 
ainda em casos de tuberculose. 
 
Respostas leucocitárias nos ruminantes 
Nestes animais, os linfócitos são as células presentes em maior número na circulação e o 
compartimento medular de reserva de neutrófilos segmentados é bastante pequeno. Nos 
estágios iniciais das inflamações os neutrófilos segmentados dos compartimentos marginal e 
circulante migram para o local atingido, tendo seu número diminuído na circulação. A medula 
óssea libera então neutrófilos imaturos que então superam os maduros. Há uma diminuição 
acentuada dos linfócitos e eosinófilos devido a presença de hormônios corticosteróides 
endógenos, observando-se então uma leucopenia. Este quadro é condizente com desvio para 
a esquerda degenerativo, não significando prognóstico desfavorável como para as outras 
espécies. Esta situação pode se manter por 6-24 horas, quando há então progressiva 
liberação de neutrófilos maduros pela medula, sendo que a o quadro leucocitário deve 
retornar ao normal em 3-4 dias. 
 
Contagens leucocitárias absolutas e relativas 
A contagem diferencial de leucócitos feita manualmente deve ser baseada na identificação de 
100 células. A partir da contagem diferencial de leucócitos, expressa em porcentagem 
(contagem relativa) e o número total da contagem de leucócitos por ml de sangue, obtêm-se 
o número total de cada leucócito por ml de sangue (contagem absoluta), determinando-se 
assim se houve um aumento ou decréscimo no número total daquele leucócito em particular. 
Os erros de interpretação são menos prováveis de ocorrer quando os valores absolutos são 
usados, pois eles permitem a avaliação mais precisa que os valores relativos. Por exemplo, 
65% de neutrófilos segmentados, para um cão adulto com uma contagem total de leucócitos 
de 10.000/ml é normal? Sim, pois 6500 neutrófilos segmentados/ml é uma contagem normal 
para esta espécie, nesta faixa etária. Por outro lado, 65% de neutrófilos segmentados é 
sempre normal? Não. Se o animal apresentar uma contagem total de 1000 leucócitos/ml, 
serão 650 neutrófilos segmentados, significando uma neutropenia. Se a contagem total for 
50.000/ml, serão 32.500 neutrófilos segmentados, o que significa uma neutrofilia. Outro 
exemplo, se a contagem total de leucócitos for 1.000/ml, 20% neutrófilos segmentados irão 
corresponder a 200 células. Este mesmo valor, isto é, 200 células significam apenas 2% se a 
contagem total é 10.000 leucócitos/ml e 2% de neutrófilos segmentados representam 1.200 
células se a contagem total de leucócitos for de 60.000/µl. 
 
Interpretação do leucograma 
Qualquer interpretação do leucograma deve levar em consideração os valores normais para a 
espécie em questão, idade do animal e respostas espécie-específicas. Sabemos que animais 
mais jovens possuem mais linfócitos que os adultos. Por exemplo, linfocitopenia deve ser 
considerada se encontramos < 2.000/ml em um cão com menos de 6 meses de idade; < 
1.500/ml em um cão com menos de 1 ano e < 1.000/ml em um cão adulto. A raça do animal 
deve ser levada em consideração especialmente em cavalos e ruminantes. 
A diferenciação entre leucocitose fisiológica e leucocitose reativa requer muitas vezes 
consideração de outros fatores do hemograma e é difícil em algumas ocasiões. Hemogramas 
seqüenciais podem ser feitos diariamente em tais pacientes, pois a leucocitose fisiológica é 
transitória. 
As alterações nas contagens dos leucócitos podem envolver alterações na produção, 
liberação, distribuição intravascular e consumo pelos tecidos. Por exemplo, os neutrófilos 
circulantes estão em equilíbrio com os neutrófilos do compartimento marginal e do 
compartimento de reserva da medula. Uma demanda inicial de neutrófilos é atendida pela 
mobilização das células do compartimento marginal e do compartimento circulante, depois 
pelo compartimento de reserva da medula e finalmente por aumento na granulopoiese e 
liberação acelerada. Portanto, o tamanho do compartimento circulante, compartimento 
marginal e do compartimento de reserva e a capacidade proliferativa da medula são 
importantes na resposta neutrofílica do organismo. 
 
Referências bibliográficas 
BUSH, B.M. Interpretation of Laboratory Results for Small Animal Clinicians Blackwell 
Scientific Publications, Oxford, 1994, 515p. 
JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986, 1221p. 
NAVARRO, C.E.K.G., PACHALY, J.R. Manual de Hematologia Veterinária. Livraria Varela, São 
Paulo, 1994, 163p. 
WILLARD, M.D., TVEDTEN, H., TURNVALD, G.H. Small animal diagnosis by laboratory 
methods.. W.B. Saunders Company, 2 ed., Philadelphia, 1994, 377 p. 
 
Hemostasia 
Índice 
Introdução 
 
Sintomatologia clínica 
 
Fatores envolvidos 
 
Hemostasia primária 
 
Hemostasia secundária 
 
Fibrinólise 
 
Avaliação laboratorial 
 
Esquema diagnóstico 
 
Anormalidades de hemostasia 
 
Nomenclatura internacional dos fatores de coagulação do sangue 
 
 
Introdução 
Entende-se por hemostasia processos naturais e ou artificiais, fisiológicos e bioquímicos 
envolvendo tanto estimulantes como inibidores da coagulação, necessários para impedir que 
o sangue escape dos vasos lesados. Esses processos englobam vasos, plaquetas, fatores de 
coagulação e mecanismo fibrinolítico tendo as funções de limitar a perda sangüínea,

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