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Comunicação Organizacional Rosalice Carvalho e Paula Corrêa de Menezes Leitão

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2º Semestre
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Autoras: Rosalice Carvalho e Paula Corrêa de Menezes Leitão
APRESENTAÇÃO
Caro aluno(a), 
Para começo de conversa, quero lhe dar boas-vindas pela sua adesão ao 
Programa de Educação a Distância desta Universidade. Fico feliz com sua chegada 
aos estudos sobre a Comunicação Organizacional. 
É sua presença que torna possível nosso trabalho e pesquisa. Somos um 
grupo, uma equipe da qual fazem parte além de você, o seu (sua) professor(a) e 
o seu(sua) tutor(a), os seus colegas e, como em qualquer equipe de trabalho, são 
exigidos dos seus membros, entre outros componentes: confiança, liberalidade, 
responsabilidade, dedicação, esforço contínuo, companheirismo e, claro, a comu-
nicação.
Inicialmente, consta do nosso programa uma visão mais ampla do fenôme-
no da Comunicação Humana passando para a comunicação oral e escrita e sua 
aplicação teórico/prática na comunicação empresarial e institucional. Num encer-
ramento dos trabalhos, veremos a comunicação integrada e as novas tecnologias 
e, por último, a comunicação mercadológica.
Vale aqui valorizar sua escolha profissional, sua preferência por este curso, 
através do qual você mesmo vai juntando os tijolos que o ajudarão a construir sua 
competência técnica ao tempo em que eles cooperam para o seu desenvolvimen-
to pessoal e, porque não dizer, para o campo vasto da sua interpessoalidade.
Isto porque somos humanos, mas não somos ilhas. E, se não o somos, pre-
cisamos de pessoas próximas para que se estabeleça a conversa necessária que 
contribua tal qual ponte para um estudo individualizado e, ao mesmo tempo, so-
cializado com outros estudantes, professores e tutores.
Você deve estar ciente de que terá de marcar seu espaço, determinar o seu 
tempo de dedicação aos estudos, de enfrentamento de dificuldades, de superação 
de barreiras, de olho no futuro.
Aqui você vai poder discutir seus pontos de vista, explanar suas convicções, 
ouvir o outro no quanto o seu programa de estudo permitir. 
Só você pode justificar ter escolhido este curso com o olhar direcionado 
para a sua profissionalização. E, por conta do nosso companheirismo e cumplicida-
de neste trabalho conjunto, esperamos poder ouvi-lo muitas vezes e que também, 
por outras tantas vezes, sejamos ouvidos por você. Para isto, estamos sempre à sua 
disposição. 
Boas-vindas e bom trabalho!
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AULA 01 - TEORIA DA COMUNICAÇÃO HUMA-
NA
Autora: Rosalice Carvalho
“Comunicação é a arte de ser entendido.
Autor: Peter Ustinov”
Prezado (a) aluno (a),
Estudaremos aqui a relevância da comunicação humana, com a finalidade de 
conhecer o processo da comunicação, bem como as características da comunicação 
oral e escrita, atividades tão presentes no cotidiano e, claro, também presentes nas 
organizações.
Atice sua curiosidade e veja as informações dos links indicados.
Agora, vamos à nossa aula e,
Sucesso! 
Este momento é importante por ser o nosso primeiro encontro para o estudo 
da disciplina Comunicação Organizacional. É bem possível que você já tenha viven-
ciado experiências com atos comunicativos na escola ou organização/instituição, as-
suntos que veremos em outras aulas mais adiante. Alguns outros itens vão parecer 
repetitivos, mas você deve lembrar-se de que a insistência é válida para a retomada e/
ou fixação dos assuntos tratados.
A COMUNICAÇÃO HUMANA
O desenvolvimento da humanidade, no decorrer de toda a sua história, tem 
como fator importante a comunicação em todo seu simbolismo (signos, sinais) justa-
mente pelo fato de ser o homem, por natureza, um ser simbólico e um ser de lingua-
gem. O ato de comunicar-se tem um efeito multiplicador que motiva o ser humano a 
conhecer e utilizar os diversos meios de que dispõe tanto para transmitir ou acumular 
conhecimentos quanto para criar novas linguagens que o insiram no seu tempo histó-
rico. Vale lembrar a forma atualíssima de comunicação, com o uso dos meios midiáti-
cos, nos quais circulam as mais variadas mensagens entre pessoas, entre uma pessoa e 
um grupo e, ainda, entre grupos de pessoas nas chamadas redes sociais. 
Você deve lembrar-se da variedade de usos da comunicação: falada, escrita, 
gestual, musical. Na área dos sentidos pode ser vista, ouvida e, ainda, emocionalmen-
te percebida, tendo em vista que o cérebro busca relacionar experiências passadas 
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para assimilar a informação. Vamos insistir em algo que deve estar guardado na sua 
memória e agora precisamos desse conhecimento, Se for assunto novo, aproveite para 
registrá-lo até novas solicitações. 
De acordo com Vanoye (1987, p. 15), são elementos básicos da comunicação: 
Emissor: (quem transmite uma idéia, se comunica);
Receptor: (indivíduo ou grupo a quem a mensagem é destinada 
(público alvo). 
Canal: (meio pelo qual a mensagem é enviada); 
Código ou Linguagem: (elementos cognitivos em que o emissor 
ambienta a mensagem para a interpretação pelo receptor); 
Contexto: situação ou momento a que a mensagem se refere. 
Segundo Manuel Fernandes Leave (2008), em matéria sobre a comunicação di-
recionada para as organizações, qualquer ato comunicativo deve levar em conta os 
componentes deste mesmo ato, como pode ser visto na figura 1.
Figura 1. Processo da Comunicação.
Fonte: Adaptado de: http://averdadedamentira.wordpress.com/2008/06/01/a-comunicacao-organizacional/ 
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Vejamos como acontece esse processo: a informação sai do emissor, com desti-
no ao receptor, por meio de um canal. Essa informação constitui a mensagem. Ao en-
viar a mensagem, o emissor a codifica.Ao recebê-la o receptor precisa decodificá-
la. A codificação e a decodificação são, na verdade, a compreensão da mensagem. 
Assim se a decodificação não ocorrer, não há compreensão da mensagem, ou seja, a 
comunicação não se completa.
Feedback é o retorno da mensagem para o emissor - a resposta. Neste mo-
mento da resposta, percebe-se o movimento do processo, pois o receptor passa à 
função de emissor, considerando que ele agora emite a resposta, enquanto que o 
emissor passa a receber a mensagem.
Todo este processo dá-se em um contexto, ou seja, um cenário que interfere 
sobremaneira no próprio processo comunicativo.
Não se esqueça de que para a transmissão e compreensão das ideias, a inter-
pretação de uma mensagem baseia-se no repertório cultural, formação educacional, 
comportamento social e experiências vivenciadas pelo receptor. Assim:
[...] dependendo de sua bagagem de vida, experiências e conceitos, 
cada indivíduo pode fazer uma determinada leitura da mensagem, 
interpretando-a de acordo com as relações formuladas por seu cére-
bro entre a idéia e a forma de transmissão ligando-se a:
Objeto: coisas materiais e tangíveis, que possam ser vistas ou to-
cadas. 
Experiências: memórias situações vividas. Um mesmo objeto pode 
gerar diferentes sentimentos ao ser visto por duas ou mais pessoas.
Conceitos: muitas vezes confundidos com a própria realidade, en-
volvem idéias, pensamentos, crenças, valores e representações do 
mundo.
Estes esclarecimentos nos vão ser úteis na compreensão das comunicações oral 
e escrita, tão presentes na nossa vida, conforme veremos a seguir.
COMUNICAÇÃO ORAL E COMUNICAÇÃO ESCRITA
Você reparou quantas vezes ao dia é solicitado por uma mensagem oral que, 
logicamente exige uma resposta? 
Já notou que há momentos que você se comunica com você mesmo?
Observe-se: Onde você fala mais? Em casa? Na escola? Ou no trabalho? 
É que quando conversamos, a comunicação não é só oral, há o olhar, a postura 
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corporal, os gestos que complementam a fala e tudo acontece junto com a fala, que é 
apenas uma parte da comunicação.
Veja, como exemplo, a letra da música “Sinal Fechado” de Paulinho da Viola:
– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!
Ouça aqui a música: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/369176/. Se você 
não considerar a ideia de dois amigos conversando enquanto o sinal de trânsito abre, 
fica difícil a decodificação da mensagem. E assim como na música, vamos conversando 
aos pedaços, perguntando, respondendo, interrompendo, tentando nos lembrar, ges-
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ticulando, corrigindo os mal-entendidos, etc., tudo em sentenças muito curtas, muitas 
vezes fragmentadas.
Não há nada de errado nisso: simplesmente é assim mesmo que funciona a fala 
informal das pessoas. Isto é, a linguagem oral de todos os dias tem um conjunto de re-
gras que incluem as pausas, os gestos, a expressão facial, o tom de voz e normalmente 
conta também com a presença da pessoa com quem falamos, que nos interrompe, nos 
pergunta, nos faz voltar ao assunto ou sair dele, etc.
Reside nestas características da comunicação oral a gama de diferenças para 
a comunicação escrita. Para substituir a riqueza de recursos da oralidade (entonação, 
gestos, autocorreção, interrupção, pausa...), a escrita dispõe de recursos exclusivamen-
te gráficos – os sinais de pontuação, responsáveis em grande parte pela clareza do tex-
to. Além disso, como quem escreve não está conosco no momento da leitura, é preciso 
que o texto seja claro, isto é, que a gente entenda o que está escrito!
Agora, se eu lhe perguntar por que escrevemos, você é capaz de enumerar al-
guns motivos? São muitos. Pelo menos vou lembrá-lo(a) de alguns. Usamos a comuni-
cação ou linguagem escrita para dar ordens, para avisar alguém sobre algo importan-
te, para reclamar, para receitar, para advertir, para pedir, para tirar uma boa nota, para 
pedir socorro, para não esquecer, para dizer um pouco de tudo que sentimos num 
diário que só nós lemos, para dizer um pouco de tudo aos outros em forma de poesia, 
para contar uma história. Logo, escrevemos por muitas e muitas razões.
Mas todos esses motivos particulares pelos quais escrevemos podem ser expli-
cados por uma razão geral: escrevemos para resolver problemas que a fala, a lingua-
gem oral não consegue resolver. Podemos até dizer que o homem inventou a escrita, 
há milhares de anos, naquele momento genial em que um nosso antepassado resolveu 
“desenhar” algum sinal na pedra para representar uma ideia ou um som, para demons-
trar seus sentimentos para além do momento da fala. Esta ação de perpetuar a ideia 
e/ou o sentimento mudaria completamente a face da vida humana. Entendemos que 
a escrita (não o produto Bombril, apenas coincidência) já nasceu com mil utilidades: 
anotar as encomendas de compra e venda dos povos comerciantes; registrar os fatos 
que aconteciam e inventar outros que explicassem o que acontecia; escrever palavras 
sagradas para representar deuses e reis; filosofar sobre a vida e o mundo e, é claro, 
mandar recados! Nas guerras entre os povos antigos, por exemplo, tão importante 
quanto às armas era o sistema de comunicação entre os exércitos, com os mensagei-
ros trazendo e levando cartas dos generais.
A invenção da escrita foi um sucesso absoluto: veio para ficar e se espalhar pelo 
mundo, e foi uma arma poderosíssima nas mãos dos povos que a dominavam, de tal 
forma que, hoje, os povosque não dispõem dela dependem da escrita dos outros para 
sobreviverem. E, mesmo dentro de países civilizados, o cidadão que não sabe escrever 
também depende dos que sabem para ficar vivo. Muitos brasileiros sabem disso e... é 
uma pena!
O professor Ivan Carlo Andrade de Oliveira no seu trabalho Teorias da Comuni-
cação exemplifica:
 
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[...] é possível voltar à época em que o homem se organizava em 
pequenas aldeias. Nesse período, a comunicação era predominan-
temente oral. 
As pessoas recebiam informações pelo ouvido e o olho era um senti-
do a mais que nos permitia, por exemplo, captar o gestual de quem 
falava. Havia um contato direto entre o emissor e o receptor. Além 
disso, era uma comunicação com envolvimento e voltada para a 
prática. Ao ensinar o neto a pescar, o vovô não gastava horas fa-
lando sobre os aspectos teóricos do pescar. Ele pegava anzol, cani-
ço, isca e, ao mesmo tempo em que falava, mostrava para o garoto 
como se fazia, e este, em seguida, repetia a ação.
O tipo de comunicação utilizado não permitia que as pessoas se or-
ganizassem em grupos muito grandes, pois a aldeia, segundo defi-
nição de McLuhan, é o grupo de pessoas que consegue ouvir o líder. 
De fato, entre os indígenas brasileiros, quando um agrupamento se 
torna muito grande, ele se divide em duas aldeias. 
(OLIVEIRA, s.d., p. 31)
Para comprovar a importância da comunicação escrita (você deve lembrar-se 
das aulas de história) que, durante séculos, só era permitido a uma pequena parcela da 
sociedade aprender a ler e a escrever. Dominar a comunicação ou linguagem escrita 
era uma questão de segurança social, política ou religiosa, sendo permitido apenas a 
pessoas de determinadas classes ou castas, cujo direito era exercido sempre sob estri-
to controle. 
E continua Oliveira (s.d. p. 31):
A invenção da escrita mudou tudo. Com um novo e eficiente meio 
de comunicação, foi possível criar grandes agrupamentos huma-
nos. Além disso, os líderes, que até então tinham poder relativo, tor-
naram-se reis com poder absoluto. Através da escrita eles podiam 
enviar suas ordens a todos os súditos. Por outro lado, através dos 
escribas, o governante podia controlar a produção de riqueza e ins-
tituir impostos. 
A escrita inventa também o universo classificador, em que todas as 
coisas são definidas pelas classes nas quais se encaixam. Esse uni-
verso trabalha com categorias mutuamente excludentes e hierar-
quicamente organizadas.
Assim, um gato, no universo classificador, é um animal, vertebrado, 
mamífero, felídeo, etc...
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Antes da escrita havia apenas os universos relevante (em que as in-
formações são definidas pela importância que têm para cada pes-
soa) e relacional (em que as informações são definidas pelas suas 
relações com as outras coisas. Por exemplo, para o universo relacio-
nal, o gato é o animal que caça o rato.
O universo classificador criou condições para o surgimento da bu-
rocracia e do exército, com sua hierarquia. Nova revolução ocorre 
quando é inventada a imprensa. Com essa nova forma de comuni-
cação, as informações se popularizaram e agora cada pessoa podia 
ler o seu livro ou o seu jornal sozinho (antes era mais comum que as 
pessoas lessem em grupos).
Pelo que podemos entender, a escrita era tida como um patrimônio, um direi-
to. 
Você pode acreditar: não só não era qualquer um que escrevia como os que es-
creviam não podiam escrever qualquer coisa! Mesmo depois da invenção da imprensa 
com tipos móveis, por Gutemberg, já no fim da Idade Média, que popularizou extra-
ordinariamente os livros (antes escritos à mão em quantidade mínima), a habilidade 
da linguagem escrita continuou a ser restrita a uma pequena faixa da população. Mas, 
se você observar acompanhando a história da escrita vai notar que a vigilância sobre 
o que se escrevia aumentava. Muitos foram parar na fogueira da Inquisição por escre-
verem o que não era permitido! Pelo visto, a censura vem de longa data e está aqui no 
meu tempo, no seu tempo.
O consolo de nossa geração é que mesmo com tanta vigilância a popularidade 
da linguagem universalizou-se de modo que, hoje, apesar de continuarmos “vigiados”, 
a absoluta democratização da comunicação escrita também pela intermediação das 
novas tecnologias é uma exigência fundamental da sobrevivência dos valores – e da 
produção de riquezas – da civilização. 
Não, não é piada. Você vai concordar que, hoje, o nosso alegre e criativo inven-
tor que esculpiu a primeira letra na pedra teria de ir para a escola aprender gramática, 
como se grafa certo, que palavras devem levar acento, o que é a crase e até mesmo 
escrever redações sem assunto com o único objetivo de passar de ano ou ingressar na 
universidade. Dá até para imaginar ser possível que, diante de tantas regras, horários, 
chateações, cópias, ele desistisse da caneta e voltasse ao tacape, resmungando: - não, 
essa invenção não vai dar certo! 
Tente por um segundo imaginar um mundo sem palavras escritas. Bem, dá até 
para visualizar, mas seria outro mundo, completa e absolutamente diferente do nosso 
sob todos os aspectos da vida. E não é este o mundo que desejamos, não é?
Vamos fechar este assunto tecendo algumas reflexões sobre a comunicação 
oral e a escrita.
Cabe perguntar: 
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Qual o grande segredo da escrita?
 Qual a sua grande vantagem? 
Talvez a palavra-chave seja: permanência. A escrita foi o grande amplificador da 
linguagem oral em dois aspectos essenciais: tempo e espaço. 
Depois de voltar no tempo e no espaço, algumas afirmações podemser feitas, 
pois como diz o antigo ditado popular em relação às cartas de amor ou de negócios:
... a palavra, o vento leva
... a escrita, a pedra guarda.
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alEm suma, a escrita tem um sistema de organização próprio, isto é, um conjunto 
de princípios em boa parte diferente do sistema de organização da fala. Isto é visível 
na estrutura da sentença: em um bom texto escrito, as sentenças não “gaguejam” e não 
ficam pela metade. 
Do mesmo modo, na escrita as sentenças não precisam ser repetidas duas ou 
três vezes – basta dar a informação uma vez, porque o que está escrito permanece no 
papel.
Lembrete (este é bem especial para você):
Para a linguística, a ciência que estuda as línguas humanas, esses sistemas de organização 
da língua são chamados de “gramáticas”. Você certamente identifica a palavra gramática 
com aquele “livrão” cheio de regras desconhecidas e misteriosas, que tanto nos fazem 
sofrer! Essa é a gramática normativa, na qual se procura descrever uma língua oficial padrão. 
Mas a nossa fala de todo dia também tem a sua gramática, isto é, o seu conjunto de regras, 
que às vezes coincide e às vezes não coincide com a gramática normativa.
SÍNTESE
Nesta aula estudamos a importância da comunicação humana, como se dá o 
processo da comunicação, considerando seus elementos, usos das formas oral e es-
crita, bem como as características da língua escrita e da língua falada, considerando a 
permanência de uma e de outra e como ambas atuam no tempo e no espaço.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Como garantir a efetividade da comunicação humana, considerando que a lin-
guagem utilizada neste processo deve ser compartilhada entre emissor e receptor?
LEITURAS INDICADAS
OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. Teorias da comunicação. Disponível em: < www.
virtualbooks.com.br>. Acesso em: 17 set. 2010.
PENTEADO, J.R.Whitaker. Técnicas de comunicação humana. São Paulo: Pioneira, 
1999.
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SITE INDICADO
http://www.averdadedamentira.wordpress.com/2008/06/01/a-comunicacao-
organizacional/ 
REFERÊNCIAS
CURVELLO, João José Azevedo. Teorias da Comunicação nas Organizações. MBA Gestão da Comuni-
cação nas Organizações. Universidade Católica de Brasilia. 2006. Disponível em: www.ucb.br/comsocial/
mba2006. Acesso em: 5 set 2010.
LEAVE, Manuel Fernandes. Comunicação organizacional. Disponível em: <http://averdadedamentira.
wordpress.com/2008/06/01/a-comunicacao-organizacional>. Acesso em: 27/8/2010.
OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. Teorias da Comunicação. Disponível em: <www.virtualbooks.com.br>. 
Acesso em: 3 set. 2006.
PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1999.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. 10. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1987. 
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 2001.
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AULA 02 - A COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO 
VERBAL. O DISCURSO: ESTRUTURA, ARGU-
MENTAÇÃO E CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
Autora: Rosalice Carvalho
“O homem é apenas metade de si mesmo; a outra metade é a sua 
expressão” (CÂMARA JUNIOR, 1999
Olá!
No nosso encontro anterior, baseando-nos em autores estudados, procuramos 
fixar algumas assertivas sobre a Comunicação Humana. Esta é uma fundamentação 
para esta aula e também para as aulas seguintes, pois todos os seus temas deverão 
valer-se daqueles princípios.
Vimos também que a comunicação humana sofre os efeitos da contemporanei-
dade adaptando-se aos universos culturais da atualidade.
Esta aula tem por objetivo dar-lhe alguma base para o seu discurso em públi-
co. Assim, vamos analisar mais detidamente formas da comunicação oral, a dicção, o 
discurso nas suas especialidades e organização, principalmente no que se refere às 
figuras de expressão e à argumentação.
A questão central deste encontro é: você já teve oportunidade de apresentar 
trabalhos escolares, com um público conhecido - os seus colegas. Tudo bem, dá para 
salvar-se sem qualquer prejuízo. Agora, já se apresentou para uma platéia desconhe-
cida, discutindo um assunto mais polêmico? Já participou de uma mesa de debates, 
num painel sobre determinado assunto do seu interesse? Já tirou resultados mais do 
que positivos em um seminário no qual foi um dos expositores? 
Se você passou por esses momentos e “se deu bem”, merece elogios e parabéns, 
pois, falar em público tem sido uma dificuldade para muitas pessoas, talvez por falta 
de orientação de como comportar-se em uma exposição oral.
Bom proveito nesta aula.
A LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
No processo de comunicação emissor e receptor utilizam-se de dois tipos de 
linguagem: verbal e não verbal. Na linguagem verbal são usadas as palavras e frases 
enquanto a linguagem não verbal é constituída por gestos, tonalidade da voz, postura 
corporal entre outros sinais emitidos pelos falantes.
O que não se pode negar é a importância da linguagem não verbal, como, por 
exemplo, um dos nossos amigos diz que tudo está bem, mas notamos sua voz enfra-
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quecida, seu olhar triste e, não acreditamos no que ele acabou de afirmar.
Assim, numa apresentação oral, há uma grande influência dos aspectos psico-
lógicos principalmente naquelas apresentações mais formalizadas: palestra, seminá-
rio, defesa de trabalhos, etc. Entre aqueles aspectos incluem-se o gestual, a postura 
do corpo ante a platéia e modalidade da voz de quem faz a explanação. Um outro 
componente é a entonação para evitar o esfriamento da atenção do ouvinte (dimi-
nuindo, crescendo, dando-lhe maior ou menor velocidade), enfatizando-se como fator 
principal a dicção, evitando os problemas referentes ao uso da voz.
PROBLEMAS DA VOZ
Entre os problemas relacionados à voz, talvez o maior deles seja o mau uso que 
os falantes fazem ao utilizá-la. Tanto quanto aos problemas de audição, ambos estão 
relacionados com os verdadeiros abusos com os quais temos de conviver especial-
mente por força dos avanços tecnológicos na atualidade. Falar com um timbre de voz 
muito alto ou sujeitar-se ao som muito estridente das baladas, por exemplo, ou outras 
atividades que abusem da intensidade do som, prejudicam a voz e a audição;
Os problemas com a voz traduzem-se por dificuldades da fala, gagueira, troca 
de letras, dificuldade de leitura e escrita, aos quais se podem acrescentar os problemas 
de ordem neurológica ou doenças degenerativas, entre outras causas.
Assim, na expressão oral, desde um simples, mas acentuado limpar a garganta, 
até falar muito alto e aos gritos são altamente prejudiciais para o entendimento do 
que foi dito; por outro lado, permanecer em ambientes onde os ruídos acusam altos 
decibéis e, até o uso de aparelhos aparentemente inocentes como os fones de ouvido 
e, no que pese, a desconsideração com sintomas que conduzam a detectar problemas 
da audição e da voz. Tudo isto pode prejudicar e muito o nosso discurso verbal.
O DISCURSO VERBAL
Tanto quanto o discurso escrito, o discurso verbal carece de uma organização 
por parte do falante ou expositor. Na organização do discurso, ensina Vanoye (1996) 
que, de acordo com a retórica ou a arte de falar bem, há alguns passos a atender:
a) encontrar o que se vai dizer (argumentos); 
b) dispor o que se encontrou numa ordem que depende do objetivo 
da comunicação: informar, demonstrar, convencer, emocionar;
c) cuidar da elaboração, do começo e do fim do discurso.
Numa última etapa deve-se “atentar para o modo de apresentação 
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dos argumentos, recorrendo-se às figuras e, por fim, dizer o discurso, 
utilizando os recursos vocais (dicção) e os gestuais”. (VANOYE, 1996, 
p.47).
Em relação às figuras, sintetizando a explicação do autor citado (1996, p.48), 
“elas constituem os ‘ornamentos’ do discurso”. Cria-se uma linguagem nova, qualifica-
da, às vezes “florida”, como diz Vanoye, tais como: 
[...] a aliteração (repetição de sons: o rato roeu a roupa do rei de 
Roma) hipérbole (exagero: história escrita com sangue); perífrase 
(grupo de palavras sobre o que poderia ser expresso por uma só 
palavra:astro da noite ao invés de lua); ironia (exprimir pelo discur-
so uma coisa diferente do que disse: como você é inteligente, dito, 
por exemplo, a uma pessoa que não entende aquilo do que se está 
falando); metonímia (exprime um objeto por um outro objeto uni-
do ao primeiro por uma relação estreita: ouviu o relógio e saiu às 
pressas = ouviu as horas); comparação (identifica dois objetos a 
partir de um elemento que lhes é comum: Ele é teimoso como uma 
porta); metáfora (comparação mental: ele é uma porta. (VANOYE, 
1996, p.49).
A observação desses cuidados é de grande importância quando da seleção e 
definição das técnicas que devem ser usadas nas apresentações.
TÉCNICAS DE EXPOSIÇÃO
Você já participou de situações acadêmicas ou no trabalho, onde são aplica-
das as técnicas de apresentação? Se a resposta for afirmativa, cabe perguntar: você 
gostou? Sentiu-se à vontade? Ou evitou expor-se em situações semelhantes? Em caso 
negativo, talvez lhe faltasse o domínio das chamadas técnicas de exposição. Então, 
vamos a elas.
Para tratarmos das técnicas de exposição, tomamos como exemplos duas situ-
ações comuns no ambiente universitário: o seminário e o painel. No seminário, cujo 
objetivo é despertar a reflexão sobre determinado assunto através do debate, há a 
possibilidade de interação do(s) expositor(es) com o público, requerendo uma argu-
mentação fundamentada para fazer face aos questionamentos originados da platéia, 
o que também exige cuidado com as técnicas de exposição.
Na elaboração do plano da exposição, alguns critérios devem ser adotados 
como: adequação ao público, delimitação e unidade do tema, sequência lógica ou 
cronológica, pertinência dos subtemas abordados, planejamento do tempo disponí-
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vel para a apresentação, e uma conclusão objetiva.
Para você planejar as etapas de sua apresentação, deve observar o seguinte 
questionamento, segundo sintetizamos afirmações de Mayamoto (1987) e Vanoye 
(1996):
O que comunicar? (tema/conteúdo). ‚
Para quê? (objetivos). ‚
Para quem? (público alvo). ‚
Como? (metodologia/estratégias) ‚
Quanto tempo? (duração) ‚
Quando (data e frequência) ‚
Onde? (local) ‚
Finalidade? Falar/Ouvir? ‚
Em relação a você mesmo, pergunte-se: Quais são os seus interesses? O que 
tem a oferecer? Que diferenciais tem da concorrência? Quais os interesses e valores da 
outra parte? Que oportunidades se apresentam? 
Ainda entre as técnicas de expressão, para Mayamoto (1987, p. 20): “É reco-
mendável a elaboração de um texto síntese do trabalho desenvolvido, que deverá ser 
distribuído ao público com uma semana de antecedência.” Isto vai facilitar para o pú-
blico a formulação de questões pertinentes e a elaboração de argumentos críticos ou 
contra-argumentos.
Também para Mayamoto (1987, p. 20), a sequência da exposição deve atender 
esses itens:
a) introdução (situar o assunto); 
b) metodologia (descrição do desenvolvimento do trabalho); 
c) resultados (organizados de forma seletiva e podem ser ilustrados com tabe-
las, quadros, gráficos ou mapas seguidos de interpretação); 
d) discussão (destacar a relevância do trabalho, devendoo expositor ser convin-
cente e transmitir credibilidade sobre o que acabou de apresentar); e, 
e) conclusões (podem ser apresentadas e até projetadas sob a forma de propo-
sições simples e curtas devidamente fundamentadas no trabalho exposto).
Ainda para o referido autor (1987), são características de uma boa apresenta-
ção: 
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A adequação da linguagem ao público, cuidando das restrições gra-
maticais e de acordo com a formalidade da língua culta; concisão, 
clareza e correção da linguagem empregada; uso de terminologia 
específica referente à área discutida; elaboração prévia de um plano 
da exposição, competência e entusiasmo do expositor para desper-
tar interesse pelo tema e prender a atenção dos ouvintes; uso de re-
cursos de forma adequada e uma abordagem original (MAYAMOTO, 
1987, p. 21),
Quanto ao painel, explica o autor referenciado:
O painel é um tipo de reunião derivado da mesa-redonda A diferen-
ça entre eles está em que, no painel, os expositores debatem entre 
si o assunto em pauta, cabendo ao público assistente tão-somente 
funcionar como espectador, sem direito a formular perguntas à 
mesa. É uma forma de reunião limitada a um pequeno número de 
especialistas. Além do presidente, o painel poderá ter um coordena-
dor e um moderador. (MAYAMOTO, 1987, p. 21).
Observe que o painel é um tipo de comunicação que não permite o intercâm-
bio, a não ser entre os que estão à mesa de debates. Entretanto, podemos adaptar este 
tipo de discussão estendendo a todos os participantes o direito de formular pergun-
tas ou apresentar seus argumentos ou contra-argumentos. Neste caso, a realização 
do painel deve ser precedida da distribuição de um resumo aos assistentes para que 
tomem conhecimento do assunto a ser debatido pelo nosso discurso.
O DISCURSO ARGUMENTATIVO
Esta expressão é estranha a você? É a mesma coisa discursar e argumentar? 
Esclareçamos a respeito da argumentação nossa companheira em muitas das nossas 
falas.
Tanto quando narramos um acontecimento, quanto comentamos sobre ele, 
sempre usamos uma linguagem que, em sentido amplo, é sempre argumentativa, pois 
usamos a palavra para influenciar pessoas e modificar comportamentos e contextos.
A diferença entre a exposição e a argumentação deve-se ao fato de que esta 
última, mais que apresentar ideias, busca comprovar um ponto de vista sobre um as-
sunto polêmico. Em outras palavras: faz uso da linguagem para, em sentido estrito, 
argumentar, convencer o interlocutor. 
Por tudo isto, ao usarmos o discurso argumentativo, temos como objetivo con-
vencer o nosso interlocutor (ouvinte ou leitor) sobre nosso ponto de vista acerca de 
uma questão polêmica.
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Ao assumir a posição como expositor, pode-se defender a própria tese a fim de 
chegar àquele momento do convencimento do ouvinte ou leitor. Assim, reiterando 
Blikstein (2000), citado em aula anterior objetivamos na nossa explanação:
a) produzir uma resposta - nossa linguagem deve ser clara, precisa e 
objetiva a fim de garantir esta resposta;
b) tornar o pensamento comum - exprimir o nosso pensamento com 
redação clara, sintaxe e vocabulário adequados, coerentemente or-
ganizados, produzindo uma significação desejada; e,
c) persuadir - nosso texto deve parecer ao nosso interlocutor (o ou-
vinte/leitor) de que necessitamos de sua resposta - convencê-lo, por-
tanto de que esta resposta nos é importante, ou seja “estimular as 
pessoas a quem nos dirigimos para que produzam a resposta de que 
necessitamos” (BLIKSTEIN, 2000, p.23).
Dessa forma, podemos resumir que a argumentação deve ser estruturada em 
etapas, porém devidamente encadeadas desde a parte introdutória que apresenta o 
tema, e indica-se o assunto, tentando assegurar o interesse da platéia até a fase em 
que se completa o convencimento do ouvinte ou leitor.
Apesar de ninguém nascer já um orador, você pode tornar-se um expositor con-
fiante, desde que esteja consciente do assunto a apresentar, domine algumas técnicas 
de expressão e as aplique sempre que tiver oportunidade e no momento certo. Vamos 
à nossa próxima aula: A comunicação oral e escrita sob os efeitos da contemporanei-
dade.
Por hoje, também, sucesso para você!
SÍNTESE
A linguagem verbal é a forma mais utilizada para dizer os nossos pensamen-
tos e trocar conhecimentos, confidências, e, até como forma de defesa. Associa-se à 
linguagem verbal, reforçando-a, a linguagem não verbal ou gestual que envolve posi-
ções do corpo, forma de apresentação, olhares, tom de voz, movimentação das mãos, 
presença formal ou mais informal, a depender do tipo do discurso, do seu objetivo e 
do(s) respectivo(s) ouvinte(s).
Ainda para uma explanação oral, deve-se ter cuidados com o uso da voz, a fim 
de evitar problemas tais como, voz muito apagada, adotando uma gestualidade de 
acordo com a expressividade que o texto exige. Para uma fundamentação sobre o as-
sunto acesse <www.espm.br/eneri2010>. Manual de apresentação. I Ciclo de Debates 
Universitário ENERI 2010.
Assim, se queremos defender nossas ideias, elaboramos o discurso argumen-
tativo, quando apresentamos nossas razões em defesa de nossa tese ou pensamento 
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a ser discutido. Para uma apresentação subtende-se a preparação de um plano que 
orienta o expositor tanto quanto um resumo do assunto tratado a ser entregue aos 
participantes do evento com certa antecedência, favorecendo a preparação de per-
guntas ou contra-argumentos. Na preparação do plano de apresentação, deixar claro 
o objetivo da explanação, as idéias principais, sem esquecer de preparar a apresenta-ção dentro do tempo que lhe foi antecipadamente destinado.
 
LEITURAS INDICADAS
GREGÓRIO, Sérgio Biagi. O discurso. Disponível em: <office.microsoft.com.> Acesso 
em 29/10/2010.
PARKI, Kelly; BEHLAU; Mara. A voz humana. Perda da voz em professores e não 
professores. São Paulo: Rev. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. vol.14, n.4. 
2009. Disponível em: <www.profala.com/arttf57.> Acesso em: 26/10/2010.
LEITURAS COMPLEMENTARES OBRIGATÓRIAS
GABANINI, Adriana Pizzo Nascimento. A voz humana. Disponível em:
www.profala.com/arttf57. Acesso em: 26/10/2010.
GREGÓRIO, Sérgio Biagi. Enunciação do discurso lógica e dialética. Disponível em: 
www.ceismael.com.br./oratoria/discurso. Acesso em: 26/10/2010.
SITES INDICADOS
office.microsoft.com
www.profala.com/arttf57
 www.ceismael.com.br
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. M. de; HENRIQUES, A. Língua portuguesa: noções básicas para cursos superiores. 5 ed. São 
Paulo: Atlas, 1996.
ANDRADE, M. M.; MEDEIROS J. B. Comunicação em língua portuguesa: para cursos de jornalismo, propa-
ganda e letras. São Paulo: Atlas. 2 ed., 2001.
BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 20 ed. São Paulo: Atica, 2000.
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ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING. Manual de apresentação. I Ciclo de Debates Universi-
tário ENERI 2010. Disponível em <www.espm.br/eneri2010>. Acesso em 28/10/2010.
MARTINS, D. S. Português instrumental. 17.ed. Porto Alegre: Sagra, 1996.
PENTEADO, J. R. Whitaker. A técnica da comunicação humana. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 1969.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. Trad. de Clarice M. Sabóia 
e outros. 10 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 
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AULA 03 - A COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRI-
TA: ELEMENTOS E CARACTERÍSTICAS. CO-
MUNICAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE
Autora: Rosalice Carvalho
“Somente com confiança pode haver qualquer comunicação real 
e até que esta confiança seja alcançada, as técnicas e recursos da 
comunicação não passam de esforço perdido” William H. White 
Nos nossos encontros anteriores, procuramos apreender algumas considera-
ções de autores estudados sobre a Comunicação Humana. É uma fundamentação 
também para as aulas seguintes, pois todos os seus temas deverão valer-se daqueles 
princípios.
Vimos também que a língua oral e a língua escrita apresentam características 
diversas sem que, no entanto, se oponham, a não ser quanto ao fator tempo e espaço, 
quanto a sua permanência e às possibilidades ou modos de expressão da oralidade.
Nesta aula, vamos enveredar pelo campo da expressão humana nas suas duas 
modalidades: oral e escrita e analisar mais um pouco sobre a influência da contempo-
raneidade nos nossos modos de expressão.
Assim, vamos reforçar conhecimentos adquiridos sobre este subtema come-
çando pelos registros ou níveis de linguagem para entender que, embora habitando 
um mesmo país, às vezes parece que lemos, escrevemos ou nos expressamos em dife-
rentes línguas ou adotamos diferentes códigos de linguagem.
REGISTROS OU NÍVEIS DE LINGUAGEM
A existência de um código de expressão comum aos interlocutores torna-se 
indispensável para que se realize a comunicação, o que quer dizer que emissor e re-
ceptor devem utilizar a mesma “língua”, no nosso caso, a língua portuguesa. 
Assim, apesar de a língua portuguesa ser o nosso idioma, você pode notar que, 
dentro dela, nos expressamos de formas diferentes. Você pode até questionar: Seriam, 
então várias línguas portuguesas? Claro que não. Mas não dá para negar que o por-
tuguês falado pelo baiano não é o mesmo português do maranhense, do carioca, do 
gaúcho. Temos de admitir que a língua é a mesma, porém, sujeita a várias influências 
(linguísticas, geográficas, climáticas, ambientais) que dão origem aos falares diversos, 
os chamados dialetos.
Se você observar, até no nosso cotidiano podemos notar algumas diferenças, 
como por exemplo: o português usado por um médico é igual ao falado por seu pa-
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ciente? Qual o papel do ambiente social e o cultural sobre a mesma expressão emitida 
na mesma região ou território habitado pelo usuário da língua? E em locais diferen-
tes? 
Você conseguiu responder a estas perguntas? Se teve alguma dúvida, então, 
vamos em frente, pois, tais questões nos fazem constatar que existem diferenças no 
que se convencionou chamar de níveis de linguagem os quais influenciam o vocabu-
lário, a sintaxe e mesmo a pronúncia de alguns vocábulos.
Veja o texto de Caetano Veloso ora transcrito:
Língua
Caetano Veloso 
Gosto de sentir a minha língua roçar 
A língua de Luís de Camões 
Gosto de ser e de estar 
E quero me dedicar 
A criar confusões de prosódias 
E uma profusão de paródias 
Que encurtem dores 
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa 
E sei que a poesias está para a prosa 
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala mangueira!
Fala!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode 
Esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas 
E o falso inglês relax dos surfistas 
Sejamos imperialistas 
Vamos na velô da dicção choo choo de 
Carmen Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da 
TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em Ã
De coisas como Rã e Imã
Nomes de nomes 
Como Scarlet Moon Chevalier
Glauco Matoso e Arrigo Barnabée Maria da
Fé e Arrigo Barnabé
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode 
Esta língua?
Incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível 
Filosofar em alemão 
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Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível 
Filosofar em alemão 
Blitz quer dizer corísco
Hollyood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o 
Recôncavo
Meu medo!
A língua é minha pátria 
E eu não tenho pátria: tenho mátria 
E quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba -rap, chic-left com banana
Será que ela está no Pão de Açúcar?
Tá craude brô você e tu lhe amo
Qué queu te faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto-falamos como que inveja negros 
Que sofrem horrores no gueto do Harlem
Lívros, discos, vídeos à mancheia
E deixe que digam, que pensem e que falem
Gosto de sentir a minha língua roçar 
A língua de Luís de Camões 
Gosto de ser e de estar 
E quero me dedicar 
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da 
TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homen
Adoro nomes
Nomes em Ã
De coisas como Rã e Imã
Nomes de nomes 
Como Scarlet Moon Chevalier
Glauco Matoso e Arrigo Barnabé e maria da
Fé e Arrigo barnabé
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode 
Esta língua?
Incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível 
Filosofar em alemão 
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível 
Filosofar em alemão 
Blitz quer dizer corísco
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E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o 
Recôncavo
Meu medo!
A língua é minha pátria 
E eu não tenho pátria: tenho mátria 
E quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba -rap, chic-left com banana
Será que ela está no Pão de Açúcar?
Tá craude brô você e tu lhe amo
Qué queu te faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto-falamos como que inveja negros 
Que sofrem horrores no gueto do Harlem
Lívros, discos, vídeos à mancheia
E deixe que digam, que pensem e que falem
Curiosamente, o compositor Caetano Veloso, num tempo histórico, faz referên-
cia à língua de Camões, a mesma língua portuguesa que atravessou o tempo para 
chegar até nós; outra referência a Luanda, um outro espaço onde a língua portugue-
sa também é usada. Ao tratar de termos estrangeiros inseridos na nossa fala, o autor 
alerta para a riqueza da língua falada no Brasil: “O que quer, o que pode esta língua? 
Incrível.” a música Língua foi inserida no disco Velô, na década de 80.
De acordo com Teyssier (1982, p.79), apud Andrade e Medeiros (2001, p.28), “as 
divisões dialetais no Brasil ocorrem mais num plano vertical que no horizontal” como 
explica aquele autor:
A realidade, porém, é que as divisões dialetais, no Brasil são menos 
geográficas que sócio-culturais. As diferenças na maneira de falar 
são maiores num determinado lugar entre um homem culto e o vi-
zinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural 
originários de duas regiões distintas uma da outra. (TEYSSIER, 1982, 
p.79),
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Explicando: “menos geográficas” (plano horizontal) e “mais socioculturais” (pla-
no vertical). As divisões dialetais a que se referem os autores citados são as variadas 
formas de uso da língua, sobressaindo os dialetos sociais classificados por Preti (1982, 
p. 32) apud Andrade e Medeiros (2001, p.37). Para esses autores, considere-se um nível 
padrão usado em situações formais e um nível mais popular usados por pessoas de 
baixa escolaridade. Entre esses dois níveis há o que se pode chamar de língua comum 
utilizada pelos falantes medianamente escolarizados e pelos atuais meios de comuni-
cação
Quanto à língua oral versus língua escrita, explicam Andrade e Henriques (1996, 
p. 35):
Em resumo, na língua falada, além da restrição do vocabulário, não 
há grande preocupação com as regras gramaticais de concordân-
cia, regência e colocação, nem com a clareza das construções sintá-
ticas. (ANDRADE; HENRIQUES, 1996, p. 35) 
Por sua vez, na escrita “há maior grau de adesão à gramática normativa, preocu-
pação com a clareza, além da riqueza vocabular.”
Graficamente poderíamos representar estas afirmações, sobre os dialetos so-
ciais, pela figura 1 adiante inscrita:
Figura 1: Dialetos sociais
Fonte: Adaptado de Andrade e Henriques (1996, p.37)
No confronto entre esses dialetos, o nível culto predominando entre os falantes 
em determinada circunstância pode gerar a censura sobre um falar mais popular, ex-
ternando-se o que se denomina por preconceito linguístico. Para Faraco e Tezza (1999, 
p. 23) tal preconceito não está “no que é falado”, mas “em quem diz o quê”, tornando-se 
decorrente de um preconceito social, marcando como errada a fala de determinadas 
classes sociais consideradas incultas e originárias de determinadas regiões (o falar 
baiano, pernambucano, cearense, etc.).
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Essa desvalorização dos diversos falares corresponde mesmo a um verdadei-
ro preconceito social e individual do falante ou sobre o falante. Logo, nada de achar 
certo ou errado na língua. “O que há são registros, níveis ou variedades da língua mais 
prestigiadas ou menos valorizadas pelo falante e pelo meio social”. (ANDRADE; HENRI-
QUES,1996, p.37).
Ainda explicam os autores referenciados que esses níveis ou registros só apa-
recem na língua falada; todavia, podem também influenciar na escrita como veremos 
adiante. 
Você mesmo cuida da sua fala, a depender de quem o ouve. Certo? Isto porque, 
como admitem os linguistas, no interior da língua falada existe uma língua comum, 
conjunto de palavras, expressões e construções mais usuais, língua tida geralmente 
como simples, mas correta.
Acompanhe essas diferenciações na ilustração a seguir, conforme Andrade e 
Medeiros (2001, p. 53):
Registro formal Registro comum Registro informal
Nível culto Nível familiar ou coloquial Nível popular
Quadro 1: Registros/níveis de linguagem
Fonte: Andrade e Medeiros (2001, p. 53)
Assim, a partir do nível comum, em ordem crescente do ponto de vista da ela-
boração, temos a linguagem cuidada ou tensa e a linguagem padrão.
E, no sentido contrário, num caráter de informalidade, temos a linguagem fami-
liar e o registro informal ou “popular”.
Sobre o mesmo assunto, veja o que registra Vanoye (1996):
Essas distinções são um pouco fluidas, uma vez que se estabelecem 
segundo critérios heterogêneos. A distinção linguagem popular/lin-
guagem cuidada, por exemplo, apóia-se num critério sócio-cultural, 
ao passo que a distinção linguagem informal/linguagem oratória 
apóia-se, principalmente, numa diferença de situação (o mesmo in-
divíduo não empregará a mesma linguagem ao fazer um discurso e 
ao conversar com os amigos num bar). (VANOYE, 1996, p. 31)
Além disso, acrescenta Vanoye (1996, p. 31) que o uso da expressão oral as in-
correções gramaticais aparecem sem maior prejuízo para o entendimento da mensa-
gem. Não se pode esperar que um comentarista esportivo ao comentar uma partida 
ao vivo possa manter sua narrativa num linguagem especialmente cuidada.
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Essas diferenciações e suas aplicações podem ser melhor visualizadas no Qua-
dro 2:
Níveis de 
linguagem
Língua falada Língua escrita
oratória discursos, sermões
linguagem literária, cartas e
 documentos oficiais
cuidada cursos, comunicações orais
comum conversação, rádio, televisão comunicações escritas comuns
familiar
popular
conversação informal não 
“elaborada”
linguagem descuidada, incorreta, ou 
linguagem literária que procura imitar 
a língua falada.
Quadro 2: Níveis de linguagem
Fonte: Adaptado de Vanoye (1996, p.31) 
Geralmente, ao usarmos uma linguagem mais elaborada utilizamos um reper-
tório com termos mais precisos, menos comuns, expondo nossos pensamentos de 
uma forma mais cuidadosa do que o que faríamos ao nos expressarmos na linguagem 
comum ou familiar. Assim, de acordo com Vanoye (1996, p.32), na linguagem oratória, 
o falante usa e até abusa dos efeitos sintáticos, rítmicos e sonoros e ainda utiliza ima-
gens ilustrativas do seu discurso. Conforme se pode verificar nas comparações que 
compõem o Quadro 2, nas linguagens familiar e popular, como afirma Vanoye (1996, 
p.32): “há uma recorrência, às expressões pitorescas, à gíria, e muitas de suas expres-
sões são tidas como “incorreções graves” nos níveis de maior formalidade”.
É por isso que espero que estejamos nos entendendo nesta conversa. Estamos 
falando a mesma língua, muito embora distantes um do outro. Há sempre uma es-
pécie de acordo entre os usuários da língua, lembrando que na comunicação oral, o 
sentido de uma palavra pode se transformar por influência de certos comportamentos 
não-verbais como, a expressão fisionômica, gestos, tom de voz, entre outros.
Quanto ao sentido a ser conferido à palavra, presume-se que os usuários da 
língua detêm “um repertório de palavras em comum e compreendem tais palavras do 
mesmo modo”. Este fato seria necessário para que houvesse a compreensão da men-
sagem, justamente pela uniformidade do sentido/significado da palavra para esses 
vários indivíduos e fixado pelo uso da língua no seu léxico. (VANOYE, 1996, p.33-34).
O léxico
O que se tem a observar é que não há um limite para a listagem ou léxico das 
palavras de uma língua. Na prática, conhecemos apenas uma pequena parte desse 
conjunto. Assim mesmo, quando falamos ou escrevemos utilizamos apenas uma fra-
ção do que conhecemos daqueles vocábulos, cujo sentido nos é familiar, seja pelo 
conhecimento objetivo (aspecto cognitivo), seja pelo baseado na experiência e nos 
sentimentos pessoais. (aspecto afetivo). 
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Ainda com o apoio do autor antes citado veja a definição do termo “léxico”:
Léxico é o conjunto de palavras de uma língua. Emprega-se também 
esse termo para designar o conjunto de palavras de uma língua par-
ticular a um grupo social ou a um indivíduo (fala-se do léxico da 
construção civil, do léxico de Drummond de Andrade, etc.). O léxico 
da língua portuguesa constitui, então, um conjunto onde se incluem 
os léxicos particulares. (VANOYE, 1996, p.33-34).
Quanto ao significado das palavras, o sentido depende de vários fatores, ne-
cessitando na sua transmissão de outras definições (sinônimos) as quais também po-
dem ter “diferentes significações, pois podem variar de pessoa para pessoa seja no seu 
sentido denotativo, (concreto) quanto pelo sentido conotativo (linguagem figurada) 
influenciando a expressividade.”, como diz Vanoye (1996, p.34).
Para melhor explicação sobre denotação e conotação, veja o que disponibiliza 
no site (www.planetaeducacao.com.br), a professora Erika de Souza Bueno:
Dizemos que sentido denotativo é a palavra com sentido real e imutável. O dicionário é o 
melhor exemplo, ou seja, definição do significado, sentido literal. Podemos afirmar também, 
que é a representação mental da palavra tal como está no enunciado.Para exemplificar, 
pense na palavra “caderno” (folhas de papel sobrepostas) e perceba que tem o mesmo 
sentido em todo lugar, por isso o sentido denotativo é também universal.
O sentido denotativo remete nossos pensamentos aos sinônimos, que são palavras que 
mesmo não possuindo grafia idêntica, são semelhantes em seu significado.
Já o sentido conotativo é figurativo, metafórico e simbólico que podem sugerir várias 
interpretações. É freqüentemente utilizado para transmitir idéia de depressão, tristeza ou 
em algumas vezes, até mesmo sentido cômico.
Você deve conhecer alguns ditados populares os quais também são exemplos 
de conotação: 
“Santinha de pau oco”. Pessoas que possuem boa índole apenas aparentemente, pois 
antigamente os bandidos utilizavam de imagens ocas de santos para esconderem os 
produtos do furto.
“Sem eira nem beira”. Ausência de bens ou posses, ou em alguns casos, expressões que 
não tem sentido lógico.
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Todos esses contextos lexicais, como procedimentos, e aos quais se referem An-
drade e Medeiros (2001), vêm a constituir,
[...] um sistema de comunicação entre as espécies; contudo, en-
quanto as “linguagens” animais são inatas, instintivas, a linguagem 
humana é uma habilidade aprendida. É uma lenta invenção cole-
tiva que se foi aprimorando com o decorrer dos séculos. É fruto da 
aprendizagem social ou de grupo, espelho da cultura da comunida-
de, vetor de suas influências culturais, constituindo-se em processo 
social de inserção do indivíduo em dada sociedade. (ANDRADE; ME-
DEIROS, 2001, p. 16.),
Revendo seus conhecimentos sobre a nossa expressão oral ou escrita, você de-
verá estar lembrado dessas particularidades inerentes ao significado das palavras, o 
que é melhor visualizado no Quadro 3, que resume o assunto, referindo-se a esses 
casos particulares da significação e exemplos.
Casos Significação Exemplos
Sinonímia
Palavras com significado igual ou 
aproximado.
combinar/ajustar
brado/grito
Antonímia palavras de significação oposta
alto/baixo; subir/descer; 
conceder/negar
Paronímia 
Palavras semelhantes na forma mas 
diferentes na significação
infringir/infligir; eminente/
iminente
Homonímia
Palavras iguais na forma ou na 
pronúncia e com significações 
diferentes
homógrafas (sábia, sabia, sabiá)
homófonas (manga fruta / parte do 
vestuário
Polissemia
Palavras com mais de uma 
significação
pena – pluma, peça para escrever, 
dó;
dó – nota musical, pena 
(compaixão)
Eufemismo
Criação para substituir palavras com 
conotações negativas
tumor maligno = câncer
entregar a alma a Deus = morrer
denominações para os órgãos 
genitais
Quadro 3: Sentido das palavras
Fonte: Adaptado de Martins e Zilberknop (2000, p. 44-52). 
Reforçamos as diferenças quanto ao repertório do falante: há um vocabulário, 
um “sotaque” próprio para cada região do nosso país, dando origem àquelas diferen-
ças regionais; e, as pessoas de classes sociais diferentes usam linguagens parcialmente 
diferentes e, às vezes, dependendo da circunstância, a linguagem é considerada co-
mum. 
Em se tratando da nossa língua portuguesa, insistimos atentar para duas dife-
renças no uso da expressão oral, o que é explicado por Faraco e Tezza (1999):
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O ato de falar e escrever revela muito mais do que simplesmente foi 
dito ou escrito. Por exemplo: pela fala das pessoas podemos saber 
imediatamente de onde elas são (Rio de Janeiro ou da Bahia...) se 
são pobres, ricas ou remediadas, se frequentaram escola ou não, se 
leem livros e revistas ou se nunca leram nada, até mesmo - a ativi-
dade profissional delas - mesmo que o que elas estejam dizendo não 
tenha nenhuma relação com esses dados. (FARACO; TEZZA, 1999, 
p.22)
Você deve estar ciente de que ninguém está obrigado a conhecer todo o léxico 
de uma língua; mas, devemos dominar um vocabulário bastante amplo para que a 
nossa comunicação seja perfeitamente entendida pelo nosso interlocutor. Resta acres-
centar que, como bem afirma Vanoye (1996, p. 41), “na mensagem falada, por estarem 
os interlocutores em presença, atuam também significações não-verbais suplementa-
res: mímica, gestos e outros comportamentos.” Contanto que esses comportamentos 
possam ser eticamente socializados. 
A depender do contexto em que vivem os interlocutores, a troca de mensa-
gens entre eles pode sofrer modificações ou influência desse contexto, importante 
componente da comunicação. Esta agrega todas as possibilidades que alguém usa 
para afetar o outro, seja na forma verbal (oral ou escrita), seja num aspecto não verbal 
(sinais, mímica, sons, etc.).
A expressão escrita
Todos nós temos uma certa dúvida, senão algumas dúvidas, quando precisa-
mos nos expressar por escrito. Você também já sentiu esta dúvida? Se este não é o seu 
caso, meus parabéns por ser um escritor nato. 
Sabemos que a língua escrita é, geralmente, mais elaborada que a língua falada 
(até parece, muitas vezes, que se trata de uma outra forma de expressão). Na modali-
dade escrita, os níveis de linguagem estudados quando tratamos da língua oral, são 
menos numerosos e diretamente relacionados com o condicionamento sociocultural.
Assim, como explicam Andrade e Henriques (1996, p. 33),
[...] embora a língua seja a mesma, a expressão escrita difere muito 
da oral, sendo ponto pacífico, largamente comprovado, que nin-
guém fala como escreve, ou vice-versa. (ANDRADE; HENRIQUES, 
1996, p. 33)
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alAcrescentam esses autores que:
Algumas características da linguagem oral como entonação, timbre, 
altura,

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