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CONTABILIDADE AMBIENTAL: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE CONTABILIDADE DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM ACERCA DA SUSTENTABILIDADE RESUMO A contabilidade ambiental representa uma vertente em fase de constante crescimento na medida em que o cenário mundial aponta para a preocupação com o futuro do Planeta. Neste sentido, como as empresas devem manter a sua realidade patrimonial em perfeita harmonia com esses acontecimentos, cabe aos gestores a incumbência de manter suas atividades orientadas pelos relatórios geradas pela contabilidade na figura do profissional Contabilista. Neste sentido, os registros gerados pelas ocorrências fenomenológicas do patrimônio acerca dos gastos, investimentos, receitas, custos e outros elementos que direta ou indiretamente afetam esses patrimônios, devem ser feitos com os cuidados que cada fato couber. Portanto, se o patrimônio representa o objeto de estuda da contabilidade, nada mais justo que as influências patrimoniais sobre o meio ambiente também, sejam observadas e mantidas sob a ótica especificada contabilidade ambiental. O objetivo da pesquisa foi desenvolver uma investigação para conhecer o grau de envolvimento dos contadores com as questões ambientais, além daquelas que já fazem parte de suas atividades profissionais e para que o projeto fosse viabilizado foi estabelecida um área geográfica para aplicação 412 formulários de pesquisa de forma aleatória onde responderam as dezenove perguntas com respostas fechadas na presença de acadêmicos do curso de Ciências Contábeis durante o período compreendido entre os dias 26 de maio a 21 de junho de 2011. Esse formulário de pesquisa continha nove perguntas para identificar o perfil socioeconômico dos contadores e as demais de caráter mais técnico, incluindo as questões ambientais. O mercado de trabalho exige desses profissionais uma nova postura para que eles estejam em condições técnicas de acompanhar as mudanças que estão ocorrendo, especialmente, quando se trata do meio ambiente. Com os resultados da pesquisa, foi possível que a hipótese que fora levantada se confirmou, ou seja, esses contadores não vem explorando em suas atividades profissionais as questões ambientais devido à falta de domínio sobre o assunto, o que mostra que essa é uma realidade que vem de encontro ao cenário mundial já que existe uma demanda científica sobre o meio ambiente. Neste caso, finalmente o estudo recomenda a continuidade das pesquisas para que se tenha um resultado de maio amplitude o ações possam ser desenvolvidas com vista a mudança dessa realidade, entendida pela pesquisa, como temporário. Palavras-chave: Contabilidade ambiental, desenvolvimento sustentável, pesquisa, profissão Contábil. Área Temática Educação e Pesquisa em Contabilidade 1 INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, os assuntos ambientais passaram a ser um tema muito relevante no mundo dos negócios, a degradação excessiva do meio ambiente e depleção exagerada de recursos naturais têm chamado a atenção em todo o mundo, e com isso o meio ambiente vem atraindo cada vez mais atenção e interesse, fazendo com que a sustentabilidade passe ser uma questão de estratégia pressionando as empresas a elaborar planejamentos estratégicos com o objetivo de reduzir que seus processos produtivos agridam o meio ambiente. (TINOCO E KRAEMER, 2008, P. 45). Nesse sentido, a Contabilidade além de gerar informações fidedignas quanto à evolução patrimonial, econômica e financeira da empresa deve agregar nos relatórios, possíveis danos ambientais dando à sociedade e ao administrador a visão detalhada dessa realidade em relação ao patrimônio das empresas, portanto, a Contabilidade Ambiental deve ajudar a identificar, avaliar, registrar, demonstrar e analisar esses fatores sócio-ambientais que decorrem da atividade empresarial, razão pela qual surge a necessidade da empresa poder contar profissionais aptos e, com domínio do assunto relacionado às questões ambientais. Nesse contexto, o presente estudo busca conhecer o nível de conhecimento dos contadores da Região Metropolitana de Belém (RMB) sobre as práticas contábeis relacionadas à Contabilidade Ambiental com o intuito de discutir a necessidade de ações que venham dar à contabilidade a grandeza que cabe diante das ciências sociais, considerando o cenário de mudanças que o mundo vem passando. 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO Por se tratar de uma vertente da Ciência Contábil ainda muito recente para a sociedade ou mesmo para o mercado, a contabilidade ambiental se torna para diversos profissionais, institutos de pesquisas, organismos profissionais e órgãos do governo, alvo de diversas pesquisas, até mesmo para saber até aonde é possível contribuir para o estabelecimento de novos procedimentos e metodologias ou o aprimoramento dos procedimentos e metodologias já existentes, a exemplo disso Ferreira (2006, p. 73) fala sobre o Grupo Intergovernamental de Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade, organizado pela Organização das Nações Unidas, com o intuito de desenvolver uma contabilidade voltada para a sustentabilidade, contemplando os passivos contingenciais e procurando uma correta mensuração para os impactos ambientais. No cenário socioambiental, os contadores podem contribuir fornecendo informações adequadas que possibilitem às empresas continuarem indo em busca de seus resultados que possam sustentar sua continuidade, bem como, essa realidade poder contribuir para o desenvolvimento sustentável. Considerando que a profissão contábil representa um grande diferencial para esta causa e precisa estar preparada para as mudanças da sociedade, o propósito de poder investigar o assunto é que o presente estudo levanta o seguinte questionamento: Os Contadores evidenciam as questões patrimoniais relacionadas ao meio ambiente? 1.2 HIPÓTESE Os contadores da RMB não evidenciam as questões ambientais por falta de domínio técnico sobre o assunto. 1.3 JUSTIFICATIVA Esta pesquisa pretende contribuir para que os contadores tenham a percepção de inserir em suas rotinas de trabalho a contabilidade ambiental, pois cabe ao contador ser um profissional persuasivo nas áreas ligadas à responsabilidade socioambiental, neste sentido é necessário estar capacitado para as discussões frente às necessidades da instituição no qual se trabalha e ser um agente social e de mudança por estar inserido na sociedade dando sua contribuição para o meio ambiente de forma ativa e consciente. Como afirma Ferreira (2006, p. 59): “O desenvolvimento da Contabilidade Ambiental é resultado da necessidade de oferecer informações adequadas às características de uma gestão ambiental”, e para que seja possível oferecer informações confiáveis aos gestores e para sociedade é necessário que os profissionais de contabilidade busquem um maior aprimoramento de seus conhecimentos. Desta forma, a pesquisa deverá aguçar o interesse dos contadores pela capacitação para que venham alcançar a qualificação necessária e, assim, atender melhor aos interesses das empresas em relação às questões relacionadas ao meio ambiente possibilitando dar à sociedade uma resposta que seja sustentável. Neste sentido, as informações que esses profissionais poderão gerar para dar maior embasamento nas tomadas de decisões. 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Geral Desenvolver um estudo para evidenciar o grau de envolvimento dos contadores da RMB sobre as questões ambientais. 1.4.2 Específicos Identificar o perfil dos contadores em relação às questões ambientais. Identificar se os contadores estão realizando estudos sobre a contabilidade ambiental. Identificar a importânciada contabilidade ambiental para uma gestão responsável das empresas. Analisar as contribuições que o contador pode dar à empresa para que ela possa se tornar ambientalmente responsável. 1.5 METODOLOGIA O presente estudo irá oferecer uma noção da importância de se buscar a educação continuada com o objetivo de estar acompanhando as mudanças do mercado e da sociedade para proporcionar aos clientes confiabilidade no desempenho das atividades contábeis. Quanto aos objetivos, à pesquisa é descritiva, Gil (1991, p. 46), afirma que esse tipo de pesquisa adota “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno”. Nesse mesmo raciocínio, Malhotra (2001, p. 108), fala que a pesquisa descritiva “tem como principal objetivo a descrição de algo”, esse tipo de pesquisa apóia-se na estatística descritiva que segundo Neto (2004, p. 02), tem como objetivo “descrever e resumir os dados a fim de que possamos tirar conclusões a respeito de características de interesse”, para realizar as descrições da população a ser pesquisada. Neste caso ao considerar o cenário socioambiental, o propósito é analisar o domínio dos contadores sobre as questões ambientais. Em relação aos aspectos da abordagem do problema, o estudo é qualitativo e quantitativo. Neto (2004, p. 02), retrata que a abordagem qualitativa decorre quando os valores são expressos por atributos, enquanto que a abordagem quantitativa é expressa em números, desta forma foi realizado um estudo sobre contabilidade ambiental para apresentar de forma detalhada a responsabilidade social do contador perante a sociedade, além utilizar instrumentos estatísticos para analisar os dados coletados sobre a pesquisa. No que diz respeito aos procedimentos e objetos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que segundo Vergara (2005, p. 48), é o “estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, jornais, em redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”, nesta pesquisa além dos recursos acima foi realizada a aplicação de um formulário de pesquisa aplicado por alunos da graduação de duas instituições, uma pública e outra particular com o intuito de entrevistar os contadores da Região Metropolitana de Belém a partir de uma amostra. 2 CONTABILIDADE A contabilidade é uma das ciências mais antigas, existente desde os primórdios das civilizações, seu surgimento partiu da necessidade do homem em acompanhar e controlar os seus bens. Segundo Iudícibus (2000, p. 29), a contabilidade é tão antiga quanto à origem do homem pensante. Historiadores remontam os primeiros sinais da existência de contas aproximadamente há 4000 anos a.C. Entretanto, talvez antes disto o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponível, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas de bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. Os autores Iudícibus & Marion (1999, apud Beuren, et.al 2003, p.23), dizem que a fase da Contabilidade do Mundo Antigo compreende desde os primórdios da história até aproximadamente o ano de 1200 d.C., e seus acontecimentos marcam o nascimento da Contabilidade. Os mesmo autores ainda dizem que a Contabilidade surgiu para atender à necessidade de avaliar a riqueza do homem, bem como os acréscimos e decréscimos dessa riqueza em uma época em que ainda não existiam números, escrita ou moeda. Nota-se que desde épocas antigas os homens buscavam se organizar para controlar seu patrimônio. Nesse sentido, praticavam atividades comerciais através da troca de bens e mercadorias, onde até os dias de hoje existe a preocupação em controlar o patrimônio das pessoas e das empresas. 2.1 Profissão Contábil no Brasil A profissão contábil foi inicialmente regulamentada no Brasil pelo Decreto-Lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares, cujas disposições expressas no art. 12 do Decreto-Lei nº 9.295-46, define que só poderia exercer a profissão contábil quem possuísse seu registro (inscrição profissional) no Conselho Regional de Contabilidade da sua jurisdição. Posteriormente, no ano de 2010 foi editada a Lei Complementar nº 12.249/10, que normatiza o Exame de Suficiência no Brasil, regulamentado pelo CFC, através da Resolução CFC nº 1.301/10. De acordo com informações do CFC, a realização do Exame de Suficiência representa um requisito para obtenção ou restabelecimento do registro profissional em CRC‟s, trazendo o reconhecimento da profissão perante a sociedade. Segundo o CFC, o Exame de Suficiência é um instrumento para estimular mudanças nas instituições de ensino e currículos dos cursos de Ciências Contábeis, pois através de investimentos na formação de novos profissionais, a profissão continuará avançando para atender às demandas de uma economia globalizada e, tecnologicamente moderna. Informações obtidas no CFC, atualmente existem 289.685 contadores cadastrados no Brasil, sendo que a Região Sudeste concentra o maior número de contadores de 137.585, a Região Sul com 56.292, a Região Nordeste 46.471, a Região Centro Oeste com 28.975, e a Região Norte conta com 20.362 contadores. Nesse contexto, é possível perceber que a profissão contábil permanece crescendo, conforme mostrado no Gráfico 1. Gráfico 1: Contadores ativos no Brasil Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2012) Ainda segundo o CFC, o Estado do Pará possui 7.518 contadores cadastrados, sendo 4.134 são do sexo feminino e 3.384 do sexo masculino, como Gráfico 2. Gráfico 2: Contadores por gênero registrados no Pará Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2012) Entretanto, este o atual vem exigindo cada vez mais que os profissionais de contabilidade acompanhem demanda que exige competitividade, dinamismo, habilidades e profissionalismo. Nesse sentido, é basilar que o contador procure ter mais domínio de suas atribuições e, neste particular, as questões ambientais devem fazer parte desta realidade, especialmente os profissionais da RMB. 2.2 Discussões Ambientais e Contábeis O meio ambiente tornou-se um tema muito discutido na atualidade, embora as preocupações advindas dos impactos ambientais tenham iniciado no século XIX, somente a partir do século XX começou a repercutir na sociedade. Segundo Ferreira (2006, p. 12), a primeira repercussão internacional foi na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente realizada no ano de 1972, em Estocolmo na Suécia, de acordo com a autora, este foi o primeiro passo na conscientização da sociedade mundial. Na década de 70, Tinoco e Kraemer (2008, p. 31), afirma ter surgido o conceito de desenvolvimento sustentável, que segundo eles: “[...] é o que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”. Em 1975, ocorreu o Seminário Internacional de Educação em Belgrado, com a participação de diversos países, neste seminário propuseram que antes de qualquer ação de preservação ambiental, primeiramente, seria necessária uma educação ambiental. Ferreira (2006, p. 13) retrata que “O grande desafio da educação ambiental foi, então dividido em quatro tópicos: (1) conscientização; (2) sensibilização; (3) responsabilidade social; e (4) desenvolvimento sustentável”. Em 1978, na Alemanha, deu-se o surgimento do “selo ecológico”, destinado a rotular os produtos “ambientalmente corretos”, ou seja, os que não descartassem indevidamente na natureza resíduos gerados em seu processo de produção, ou em sua utilização. 10,00% 16,04% 7,03% 47,50% 19,43% C. Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul C. Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul 45,01% 54,99% Masculino Feminino MasculinoFeminino Já em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a ECO-92, ou United Nations Conference on Environment and Development (Unced), nesta ficou estabelecido: [...] um compromisso maior dos países participantes com o assunto e onde os conceitos de “ambientalmente correto” e de “desenvolvimento sustentável” tomaram maior dimensão e começaram a fazer parte do dia a dia das sociedades civilizadas e, consequentemente, do cotidiano de um número maior de empresas. (FERREIRA, 2006, p. 13). Na ECO-92 foi produzido um documento denominado Agenda 21 dividido em 40 capítulos, que será abordado no decorrer da pesquisa. 2.2.1 Desenvolvimento Sustentável O contexto que abrange o desenvolvimento sustentável, instituído por meio do relatório resultante do trabalho de uma equipe de especialistas em diversas áreas de conhecimento criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), intitulado “Nosso Futuro Comum” (CMMAD, 1991), levantou a preocupação em conciliar as atividades humanas e sua responsabilidade com a sustentabilidade (SOUZA, 2002 apud SILVA, 2003). O desenvolvimento sustentável é mais bem definido por este relatório como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991). Para que isso seja possível é necessário mudanças comportamentais da sociedade para que as empresas busquem estratégias nos seus processos produtivos evitando danos ao meio ambiente e, aos indivíduos para que busquem consumir produtos e alimentos que não degradam o meio ambiente. Sabe- se que o risco ambiental constitui um processo complexo tanto para a empresa como para a sociedade que é atingida direta ou indiretamente pelas ações ambientalmente incorretas. Sobre o meio ambiente, sua avaliação e mensuração não é uma tarefa fácil. (BERGAMINI JÚNIOR, 2000 apud SILVA, 2003). Reforça, Martins e Ribeiro (1995, p. 02 apud TINOCO e KRAEMER, 2008, p. 29) que: As empresas necessitam empenhar-se na manutenção de condições saudáveis de trabalho, na segurança, no treinamento e no lazer para seus funcionários e familiares; na contenção ou eliminação dos níveis de resíduos tóxicos, decorrentes de seu processo produtivo e do uso ou consumo de seus produtos, de forma a não agredir o meio ambiente de forma geral; na elaboração e na entrega de produtos e serviços, de acordo com as condições de qualidade e segurança desejadas pelos seus consumidores. Nesse sentido, Silva (2003, p. 32) aponta que: “[...] estudos vêm sendo intensificados utilizando a estrutura da contabilidade gerencial para abordar a questão sobre o impacto das empresas na sociedade, incluindo os empregados, o meio ambiente e reforçando as possibilidades e pertinência de a Contabilidade evidenciar os efeitos desses impactos, utilizando como veículo as demonstrações contábeis, sem desconsiderar suas limitações, em vista de uma nova realidade ainda não contemplada em alguns dos instrumentos legais que regem a disciplina”. Servindo de norte para as questões ambientais, a contabilidade proporciona a evidenciação dos impactos causados pelas atividades das empresas gerando informações importantes através das demonstrações contábeis. O Desenvolvimento Sustentável do Planeta foi um compromisso assumido com mais de 170 países no ECO-92, cujo principal objetivo foi traçar maneiras de preparar a população mundial para os desafios do século XXI. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2012) Agenda 21 representa “um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.” Para alcançar esse objetivo é necessário que as cidades implantem as Agendas 21 em suas localidades visando à elaboração de um plano de ação estratégica entre governo e sociedade para o desenvolvimento sustentável da cidade. O capítulo 28 da Agenda 21 global estabelece que: “cada autoridade em cada país implante uma Agenda 21 local tendo como base de ação a construção, operacionalização e manutenção da infraestrutura econômica, social e ambiental local, estabelecendo políticas ambientais locais e prestando assistência na implementação de políticas ambientais nacionais”. Já o capítulo 8, área d, é evidenciada a relação direta que a Agenda 21 tem com a Contabilidade, pois trata da necessidade de existirem procedimentos nacionais de contabilidade que integrem os aspectos sociais, ambientais e econômicos auxiliando na tomada de decisão de cada localidade. O Protocolo de Kyoto representa um acordo assinado no ano de 1997 por 189 nações com o comprometimento de reduzirem a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5,2%, comparando com os níveis de 1990. Especialistas do mundo todo acreditam ser o aquecimento global, o causador da emissão desses gases prejudiciais à humanidade. Apesar de o acordo ter sido assinado em 1997, somente no ano de 2005 entrou em vigor prevendo que as metas seriam atingidas em 2008 e 2012, ano em que o acordo se expira. Mas nações como os Estados Unidos e a Austrália, se opuseram ao Protocolo de Kyoto com a argumentação de que implantação de metas prejudicaria a economia do país preferindo apenas ações voluntárias por partes das empresas poluentes e de novas soluções tecnológicas, já em 2007 após uma troca de governo, a Austrália mudou sua posição e ratificou o acordo durante a Conferência da Organização das Nações Unidas, em Bali (SILVA, 2003). Vale ressaltar que, recentemente, após a Conferência do Clima em Durban, o Canadá abandonou oficialmente o Protocolo de Kyoto, justificando sua saída como forma de desenvolver o crescimento econômico do Canadá, portanto, propõe parcerias entre países na criação de projetos ambientais; dá direito aos países desenvolvidos a oportunidade da compra créditos de carbono das nações menos poluentes permitindo, também, o mercado de créditos de carbono. Esse mercado é uma espécie de moeda negociável, onde os países passam a negociar esses créditos de carbono pagando o preço da liberação de carbonos para a atmosfera, enquanto que, os que vendem acumulam créditos em sua economia. 2.2.3 Contabilidade Ambiental Segundo Tinoco e Kraemer (2008, p. 12), a partir de fevereiro de 1998, a Contabilidade Ambiental passou a ser considerada o novo ramo da ciência contábil a partir relatório financeiro e contábil sobre o passivo e custos ambientais, elaborado pelo Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas de Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios (Isar – United Nations Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting). A contabilidade ambiental, segundo o entendimento de Paiva (2003, p. 17), é “(...) a atividade de identificação de dados e registro de eventos ambientais, processamento e geração de informações que subsidiem o usuário servindo como parâmetro em suas tomadas de decisões”. Assim, a contabilidade tem por finalidade informar aos usuários que possuem interesse no cenário corporativo sobre situações ligadas ao meio ambiente para facilitar a tomada de decisão. Tinoco e Kraemer (2008, p. 32), afirmam que: [...] a contabilidade deveria buscar responder a esse novo desafio, atendendo aos usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, subsidiando o processo de tomada de decisão, além das obrigações com a sociedade no que tange à responsabilidade social e à questão ambiental. Nesse mesmo raciocínio, Braga (2007, p. 08), destaca que: [...] a Contabilidade pode ser de grande utilidade no processo de comunicação entre entidadese sociedade no que se refere à defesa do meio ambiente. Primeiro, identificando e fornecendo subsídio informacional para controlar os impactos ambientais da atividade operacional; segundo, fortalecendo a imagem de uma empresa socialmente responsável, fornecendo um conjunto de informações confiáveis para o público externo e interno; terceiro, incentivando a empresa a tornar-se um agente educador da comunidade/sociedade sobre o meio ambiente. A contabilidade ambiental não sanará todos os problemas ambientais, entretanto, seus relatórios podem gerar informações que oriente a empresa sobre os impactos ambientais. 2.2.3.1 Gestão Ambiental A intensa necessidade da gestão ambiental tem tomado nos últimos anos um posicionamento estratégico nas empresas, pois proporciona diversos benefícios como à redução de riscos, redução de custos, melhoria na imagem da empresa na sociedade, continuidade, lucratividade, entre outros. Ainda segundo Tinoco e Kraemer (2008, p. 114): Gestão ambiental é o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. Para Ferreira (2006, p. 41), o objetivo da Gestão ambiental: Deve ser o de propiciar benefícios à empresa que superem, anulem ou diminuam os custos das degradações, causados pelas demais atividades da empresa e, principalmente, pela área produtiva. O responsável por gerir o meio ambiente não é o responsável por degradá-lo. A gestão ambiental avalia o processo produtivo da empresa e os eventos que geram ou minimizam os impactos ambientais, para que seja possível o alcance dos benefícios econômicos e estratégicos, utilizada interna e externamente pela empresa para o auxílio na tomada de decisões relacionadas na qualidade ambiental deseja. Os sistemas de gestão ambiental originam-se de sistemas de qualidade cuja função é possibilitar as empresas visualizar e controlar os impactos causados por suas atividades ao meio ambiente. Tinoco e Kraemer (2008, p. 126), definem sistema de gestão ambiental como: [...] um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. Consiste, essencialmente, no planejamento de suas atividades, visando à eliminação ou minimização dos impactos ao meio ambiente, por meio de ações preventivas ou medidas mitigadoras. Na implantação de um sistema de gestão ambiental é necessário identificar os aspectos pertinentes às atividades, produtos e serviços realizados nas empresas e os impactos relevantes que poderão causar ao meio ambiente. Os sistemas de gestão ambiental, trazem um rápido retorno às empresas, tanto pela economia adquirida pela racionalização, quanto pela otimização de níveis de eficiência agregados aos bens e serviços. Os sistemas de gestão ambiental, sistematizam os processos das atividades da empresa, desde a contratação de recursos humanos até a distribuição de bens e produtos, de forma a contribuir estrategicamente nas etapas das atividades corporativas, levando em consideração as metas e prazos almejados com a utilização correta dos recursos disponíveis. 2.2.3.2 Ativos Ambientais Na literatura contábil há diversas definições para Ativo, para Martins (1972), o Ativo “é o futuro resultado econômico que se espera obter de um agente”, enquanto que, o Valor econômico de um Ativo é “o valor atual máximo dos resultados econômicos futuros esperados, no cálculo do qual a taxa de desconto é a do custo de oportunidade de igual risco”. O Ativo representa a capacidade econômica da empresa, com uso de seus tangíveis e intangíveis, com potencial de agregar todos os atributos para atender às necessidades presentes, possibilitando a geração de benefícios futuros compatíveis com sua atividade. Nesse contexto, para Silva (2003), Ativos Ambientais “são todos os bens e direitos da empresa que estão relacionados com a atividade ambiental, seja no sentido de preservação, conservação ou recuperação que trarão benefícios futuros à empresa e a natureza”. Nesse mesmo raciocínio, Tinoco e Kraemer (2008, p. 181), definem como “bens adquiridos pela companhia que têm como finalidade controle, preservação e recuperação do meio ambiente”. Os autores ainda falam que os Ativos Ambientais representam: os estoques de insumos, peças, acessórios etc. utilizados no processo produtivo de eliminação ou redução dos níveis de poluição e de geração de resíduos; os investimentos em máquinas, equipamentos, instalações etc. adquiridos ou produzidos com intenção de amenizar os impactos causados ao meio ambiente; os gastos com pesquisas, visando ao desenvolvimento de tecnologias modernas, de médio e longo prazo, desde que constituam benefícios ou ações que irão refletir nos exercícios seguintes. 2.2.3.3 Passivos Ambientais Quanto à definição de passivo, o Financial Accounting Standard Boards (FASB) (1976 apud HENDRIKSEN; BREDA, 1999, p. 283), o define como: [...] sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos decorrentes de obrigações presentes de uma dada entidade quanto à transferência de ativos ou prestação de serviços a outras entidades no futuro, em conseqüência de transações ou eventos passados. Segundo Ribeiro e Gratão (2000), os Passivos Ambientais ficaram amplamente conhecidos pela sua conotação mais negativa, ou seja, as empresas que o possuem agrediram significativamente o meio ambiente e, dessa forma, tem que pagar quantias a título de indenização de terceiros e multas para a recuperação de áreas danificadas. Relativa à questão negativa, os Passivos Ambientais não surgem apenas desses fatos, eles podem ser originados de situação decorrentes da manutenção de sistema de gerenciamento ambiental. Esses tipos de sistemas necessitam de aquisições de insumos, tais como, máquinas e instalações para o funcionamento, o que diversas vezes será realizado na forma de financiamento direto dos fornecedores ou, através de instituições de créditos. Portanto, um grande desafio nesse sentido seria as empresas assumirem que possuem um Passivo Ambiental, pois muitas das vezes isso somente é possível através de autuações ou cumprimentos legais. 2.2.3.4 Receitas Ambientais Conforme Iudícibus (2009), a definição de receita, representa “A entrada de elementos para o ativo, sob forma de dinheiro ou em direitos ou à prestação de serviços”. O Princípio da Competência, em seu art. 9º, § 3º, inciso I, define que: As receitas consideram-se realizadas, nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme em efetivá-lo, que pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à Entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados. (CFC, 1993) Complementarmente, a Resolução CFC nº 774/94, enfatiza que: A receita é considerada realizada no momento em que há a venda de bens e direitos da Entidade – entendida a palavra „bem‟ em sentido amplo, incluindo toda sorte de mercadoria, produto, serviços, inclusive equipamentos e imóveis -, com a transferência da sua propriedade para terceiros (...). Tinoco e Kraemer (2008, p. 192), destacam que Receitas Ambientais decorrem da: prestação de serviços especializados em gestão ambiental; venda de produtos elaborados de sobras de insumos do processo produtivo; venda de produtos reciclados; receita de aproveitamento de gases e calor; redução do consumo de matérias-primas; redução do consumo de energia; redução do consumo de água; participação no faturamento total da empresa que se reconhece como sendo devida a sua atuação responsável com o meioambiente. As receitas ambientais gerarão acréscimo de contribuição marginal de “produtos verdes” que poderão ser vendidos a preços mais elevados, além de abrir novas linhas de produção para novos mercados, que desencadeará aumento nas ofertas em decorrência de demandas da confiabilidade no produto por terem origem definidas (SILVA, 2003). 2.2.3.5 Despesas Ambientais Martins (2003, p. 25), define Despesas como “(...) bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. Nesse mesmo raciocínio, Ribeiro (1997, p. 17), define as Despesas Ambientais como “todos os gastos envolvidos com o gerenciamento ambiental, consumidos no período e incorridos na área administrativa” Tinoco e Kraemer (2008, p. 191), citam alguns exemplos de Despesas Ambientais, ou seja: tratamento de resíduos e vertidos; tratamento de emissões; descontaminação; depreciação de equipamentos; exaustões ambientais; desenvolvimento de tecnologias mais limpas. Embora as despesas gerem benefícios em mais de um período distinto do período em curso, os mesmos são considerados despesas do exercício em curso, de acordo com o grau de dificuldade de mensuração desses benefícios. (RIBEIRO, 2005). 3 PESQUISA DE CAMPO A partir dos dados obtidos com a pesquisa de campo foram feitos questionamentos que pudessem dar esclarecimentos científicos sobre o perfil do contador que atua na RMB, em relação à sua condição profissional em relação à Contabilidade Ambiental, entendendo a importância sobre o assunto para a continuidade das entidades para as quais esses profissionais prestam serviços. 3.1 CARACTERIZAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA A pesquisa foi realizada com a aplicação de 412 formulários de pesquisa, sendo todos respondidos, esse formulário é composto por dezenove perguntas com respostas fechadas, sendo que as primeiras nove perguntas possibilitaram identificar o perfil socioeconômico dos contadores e das demais foram selecionadas cinco perguntas relevantes para conhecer as características profissionais desses contadores. O formulário de pesquisa foi aplicado aleatoriamente durante o período de 26 de maio de 2011 a 21 de junho de 2011 buscando alcançar profissionais contadores da RMB. 3.1.1 Gênero A partir dos dados obtidos junto aos entrevistados foi possível observar a predominância do sexo masculino, ou seja, 64% do universo da pesquisa. Enquanto que, os 36% restantes são representados pelo sexo feminino, conforme Gráfico 3. Gráfico 3: Sexo Fonte: Pesquisa de campo 3.1.2 Faixa Etária Uma parte significativa dos profissionais, 34%, encontram-se na faixa etária de 31 a 40 anos de idade, representando uma condição mediana desses profissionais, enquanto que os pesquisados da faixa que vai de 22 até 30 anos representam 33%, revelado pela pesquisa como sendo o segundo maior número de profissionais atuantes na RMB. O restante dos pesquisados somados alcançaram 33%, que representa um público de maior maturidade com idade que vai a partir de 41 anos, conforme Gráfico 4. Gráfico 4: Faixa Etária Fonte: Pesquisa de campo 3.1.3 Formação Acadêmica A pesquisa revela que apenas 27% dos entrevistados formaram-se em instituição pública, enquanto que 73% restante, estudaram em instituições privadas, o Gráfico 5. Gráfico 5: Origem da graduação Fonte: Pesquisa de campo Foi observado de forma expressiva na pesquisa que 60% dos profissionais de contabilidade não estão buscando capacitação para acompanhar as mudanças ocorridas na profissão. Entretanto, de forma satisfatória, os dados revelam que 37% estão indo em busca de novos conhecimentos para fazer frente ao cenário atual, através da pós-graduação, lato sensu. O outros 3% já concluíram cursos de Mestrado, vide Gráfico 6. Gráfico 6: Pós Graduação 36% 64% FEMININO MASCULINO 0% 33% 34% 21% 12% ATE 21 ANOS DE 22 ATÉ 30 ANOS DE 31 A 40 ANOS DE 41 A 50 ANOS 27% 38% 9% 6% 2% 3% 5% 9% 1% UFPA UNAMA CESUPA FACI ESMAC FEAPA IESAM OUTROS ESAMAZ Fonte: Pesquisa de campo 3.1.4 Atividades Favoráveis para Classe Contábil Ao analisar os resultados da pesquisa foi possível observar que as atividades mais desenvolvidas pelos contadores são representadas pela atividade de Assessoria Financeira e Contábil alcançando 65% do resultado da pesquisa, este dado representa o grande envolvimento dos profissionais com as questões pertinentes à empresa tendo em vista que possibilita entender que esse profissional mantém um forte relacionamento com seus clientes especialmente para ajudá-los com a continuidade do empreendimento. No que se refere à Contabilidade Ambiental foi possível observar a grande distância desses profissionais dessa realidade, fato constatado pelo resultado inexpressivo de apenas 2% dos entrevistados se envolve com essa atividade. Neste sentido, o resultado aponta para a necessidade de a classe contábil ser alertada em relação a nova realidade, considerando que as ações na área facilitam as decisões sobre o papel da empresa frente a sustentabilidade. Quanto às demais atividades desenvolvidas representaram 33% envolvendo atividades de: Contabilidade Pública; 15%, Planejamento Tributário; 11%, Contabilidade do Terceiro Setor; 4% e Outras não especificadas que se referiram a 3%. Gráfico 7. Gráfico 7: Atividade mais favorável ao contador Fonte: Pesquisa de campo 3.1.5 Conhecimento sobre Desenvolvimento Sustentável Foi constatado com a pesquisa que esses profissionais sabem sobre “Desenvolvimento Sustentável”, ou seja, 51% afirmaram conhecer o termo. Entretanto, quando se compara com os resultados de suas práticas contábeis, apresentadas no Gráfico 7, há uma distorção de procedimentos em relação ao uso da Contabilidade Ambiental. A realidade global em relação às questões ambientais representa uma grande preocupação por parte das ciências dando à Contabilidade a oportunidade de se inserir neste contexto, necessitando, portanto, que os profissionais estejam capacitados para tal demanda. Ao observar os demais dados apresentados na pesquisa, concluiu-se que 28% dos profissionais tem procurado orientar seus clientes acerca do assunto, enquanto que o restante, 21% permanecem alheios a essa realidade, deve Gráfico 8. Gráfico 8: Desenvolvimento Sustentável: Você conhece o termo? 60% 37% 3% NÃO TENHO ESPECIALIZAÇÃO COMPLETA MESTRADO COMPLETO 65% 15% 2% 4% 11% 3% ASSESSORIA FINANCEIRA E CONTÁBIL CONTABILIDADE PUBLICA CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR PLANEJAMENTO TRIBUTARIO Fonte: Pesquisa de campo 3.1.6 Geração de Resíduos pelas Empresas O termo “Resíduo” é uma questão que está diretamente ligada ao desenvolvimento sustentável, pois “minimizar a produção de resíduos em qualquer processo produtivo implica utilizar maior potencial das matérias-primas (...)” Ribeiro (1992). Os descartes industriais poderão ser mais bem aproveitados nas próprias empresas ou em outros segmentos e, desta forma, possibilita o incremento de caixa desde que a indústria passe a utilizar tecnologia para aproveitamento do “lixo” industrial, garantindo-lhe diferenças econômicas, ao mesmo tempo em que, o manejo inadequado dos resíduos, segundo Braga (2007, p. 22), “gera um impacto ao meio ambiente, podendo vir a causar inúmeros danos para as pessoas e o ambiente”. Portanto, em relação ao resultado da pesquisa foi possível notar uma proximidade dos dados obtidos quando se trata da geração de resíduos pelas empresas, já que 32% dos profissionais afirmaram que as empresas ainda não estão dando a devida atenção e tratamento quanto àgeração de seus resíduos. Foi possível observar ainda na pesquisa, que 26% dos profissionais não estão em completa sintonia com as empresas para saber das suas atividades operacionais em relação à geração de resíduos. Neste caso, recomenda-se que o contador passe a dar mais importância para essas realidades empresariais tendo em vista a necessidade gerada pela situação em que se encontra o Planeta. Ao se consultar o conceito de sustentabilidade se chega a conclusão de que as gerações futuras necessitarão utilizar dos mesmos recursos que hoje estão disponíveis à Humanidade. Essa condição leva a concluir com a pesquisa que 42% estão em sintonia com os conceitos da sustentabilidade tendo em vista que 22% dos entrevistados afirmaram que as empresas com as quais trabalham mantem os cuidados necessários na geração de resíduos, levantando-se a hipótese de que estão fazendo reaproveitando os resíduos.Outros 4% afirmaram que as empresas reaproveitam seus resíduos, bem como, 4% afirmam que as empresas de seus clientes fazem doação e, por fim, o restante, 12%, afirmam que a destinação dos resíduos é a produção de subprodutos ou, ainda, a venda desses resíduos, o que representa um aspecto positivo para a sustentabilidade, conforme Gráfico 9. Gráfico 9: As empresas de seus clientes geram resíduos? Fonte: Pesquisa de campo 51% 28% 18% 3% Sim, e é aplicável em qualquer empresa Sim, oriento os clientes sobre o assunto Não, mas tenho procurado me informar a respeito Desconheço o conceito 22% 26% 32% 4% 12% 4% Não, por que mantém os cuidados necessários Desconheço se existe essa realidade Sim, algumas nem dão importância ao assunto Sim, todas fazem o reaproveitamento Sim, algumas utilizam na produção de sub-produto ou venda Sim, essas empresas fazem doação de tudo 3.1.7 Tratamento Contábil da Venda de Resíduos Segundo Iudícibus (2009), a receita representa “A entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou em direitos ou à prestação de serviços”. Oportunamente, a pesquisa buscou conhecer, junto aos profissionais, qual o tratamento contábil que é dado aos resíduos. Se considerar que esses resíduos poderão trazer para empresa entrada de caixa então a contabilidade ambiental deve se fazer presente para dar o devido tratamento dessas receitas, neste sentido, o que se obteve com os resultados da pesquisa revelam que 15% dos entrevistados mantém a preocupação de fazer a contabilização desses resíduos ou, eventualmente, subprodutos como receita ambiental, neste caso na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), esta conta deverá figurar entre as receitas operacionais da empresa caracterizada como ambiental para que o usuário da informação entenda que nos resultados da empresa existem contribuições advindas a partir de vendas de resíduos. Ao analisar o resultado da pesquisa se constata que apenas 6% dos entrevistados procedem à contabilização junto com a receita operacional da empresa, levando ao entendimento de que na DRE esses valores estarão em desacordo com o que recomenda os procedimentos da contabilidade ambiental, segundo recomenda Silva (2003). Nesta mesma linha de raciocínio equivocado 19% dos entrevistados informaram que a receita deve ser segregada como não operacional fato que do ponto de vista legal, de acordo com a Lei 6.404/76 e alterações, esse procedimento não se aplica a esse tipo de receita. A pesquisa revela como ponto positivo, especificamente, sobre o assunto aqui analisado que 35% desses profissionais mantêm a preocupação de não trabalhar com empresas que poluem o que representa um dado positivo em relação ao pensamento desses contadores já que as questões relacionadas à sustentabilidade tem tido um espaço garantido no presente estudo. Entretanto, 25% desses profissionais não há a devida qualificação ou conhecimento para adotar procedimentos técnicos sobre as formas contábeis que demandam a realidade aqui analisada. Neste sentido, o estudo poderá servir como um alerta para que a classe contábil tenha uma atenção especial que venha garantir condições para que o profissional alcance a devida qualificação que o leve a tratar essas questões em especial. Os dados aqui analisados podem ser visualizados com maior clareza a partir do Gráfico 10. Gráfico 10: Tratamento contábil da venda de resíduos ou derivados. Fonte: Pesquisa de campo 3.1.8 Contabilidade Ambiental A Contabilidade Ambiental tornou-se uma alternativa para que as empresas possam acompanhar as modificações patrimoniais, não só por vias tradicionais, mas segregadas em informações ambientais conforme sua realidade patrimonial (SILVA, 2003, p. 46). 6% 19% 15% 25% 35% Contabiliza junto com a receita operacional da empresa Deve ser segregado como receita não-operacional Contabilizado como receita ambiental Não sei qual o procedimento correto Não trabalho com empresas que poluem A pesquisa apresenta dados bastante interessantes que confirmam a fragilidade na capacitação desses profissionais, visto que, especificamente sobre o assunto 73% dos entrevistados foram taxativos em afirmar o seu distanciamento sobre a realidade da contabilidade ambiental, tendo em vista que, 41% ainda não se interessaram em aprender os procedimentos, enquanto que, 32% preferem manter a contabilidade tradicional. Esta realidade representa uma grande preocupação do estudo considerando, mais uma vez, que o assunto representa uma realidade da qual a Ciência Contábil já está definitivamente inserida, portanto, esses profissionais devem buscar meios para rever seus posicionamentos e, assim, estarem mais afinados com a realidade. Por outro lado, 27% restantes apresentam informações que dão ao estudo uma condição positiva visto que estão mais afinados com a realidade das ciências em relação às questões ambientais, possibilitando as suas inserções num cenário falado pelo mundo globalizado já que estão realizando suas atividades em consonância com o que manda o conceito da sustentabilidade, conforme pode ser visualizado através do Gráfico 11. Gráfico 11: Você faz Contabilidade Ambiental? Fonte: Pesquisa de campo Neste sentido, os resultados analisados fazem com que o presente estudo dê à comunidade contábil uma contribuição no sentido de poder conhecer melhor os seus profissionais. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Contabilidade Ambiental surgiu como uma vertente norteadora do relacionamento das atividades empresariais com o meio ambiente, proporcionando uma convergência entre empresa e a sustentabilidade facilitando as tomadas de decisões referentes o papel da empresa perante a sustentabilidade. Baseado no estudo, a hipótese levantada foi confirmada, já que os contadores da RMB não estão explorando as questões ambientais devido à falta de domínio sobre o assunto. Neste caso, vem de encontro a realidade mundial que apresenta a preocupação demonstrada pelas diferentes mas, dá à Contabilidade a oportunidade de se inserir neste contexto, necessitando, portanto, que os profissionais da área estejam capacitados suficientemente para atender a essa demanda. No que diz respeito à análise dos dados, é importante destacar que os objetivos da pesquisa foram alcançados a partir do levantamento bibliográfico e da análise dos dados levantados através da pesquisa de campo visando à percepção do perfil dos contadores e evidenciando que muitos ainda estão alheios a essa realidade sustentável. Nesse sentido, conclui-se que os Contadores pesquisados na RMB precisam rever seus posicionamentos acerca das questões ambientais buscando uma sintonia com a realidadedemonstrada na 41% 7% 12% 7% 1% 32% Ainda não me interessei em aprender os procedimentos Sim, por que ela gera uma informação diferenciada Sim, apenas se meu cliente solicitar Sim, por que ajuda na gestão e revela a realidade ambiental da empresa Sim, por entender que abre espaço para a certificação ambiental Não, prefiro manter só a contabilidade tradicional pesquisa para que se venha exercer a profissão com precisão para dar confiabilidade ao cenário empresarial no qual atua. Portanto, o estudo recomenda que novas pesquisas sejam realizadas visando explorar constantemente a Contabilidade Ambiental para uma análise mais abrangente sobre os indicadores de desempenho ambiental com o intuito de contribuir para os avanços científicos sobre essa vertente, bem como, entende que os contadores da RMB conscientizem-se da necessidade de absorver positivamente a importância da contabilização dos impactos ambientais para as empresas com as quais prestam serviços, de maneira a estarem preparados para exercer a profissão contábil com excelência. REFERÊNCIAS BRAGA, Célia et al. Contabilidade ambiental: ferramenta para a gestão da sustentabilidade. – São Paulo: Atlas, 2007. BEUREN, Ilse Maria; et.all. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. Teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003. BRASIL. Lei 12.249, de 11/06/2010. Altera o DL-9.295. Disp: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12249.htm>. Aces: 15/12/11. 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