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1 
Pressões Institucionais e o Isomorfismo dos Relatórios de Administração publicados por 
empresas do setor de Energia Elétrica 
 
Autoria: Fábio Viana de Moura, José Maria Dias Filho 
 
Resumo 
 
Este estudo visou testar a hipótese de que quanto mais empresas do subsetor de Energia 
Elétrica se sentiam pressionadas por forças institucionais, mais isomórficos, a certo padrão 
ambiental, seriam os Relatórios de Administração (RA) publicados por elas. Técnicas e 
protocolos da Análise de Conteúdo foram manuseados com o objetivo de capturar, nos RA, 
dados das variáveis dependentes e independentes. Análises das Componentes Principais e 
Fatorial foram utilizadas para sintetizar variáveis observadas. Para teste de hipótese utilizou-
se regressão múltipla. As evidências encontradas revelam que pressões institucionais fazem 
com que empresas observadas tendam a publicar RA mais próximos a um padrão ambiental. 
 
 
1 Introdução 
 
É comum escutar em salas de aula ou de profissionais que corporações escolhem ou 
moldam suas práticas de divulgação financeira visando a atingir ou melhorar seus resultados, 
norteados pelo desejo de transferir para si mais recursos, de aumentar suas riquezas, enfim, 
seu bem estar. É como se a decisão por utilizar esse ou aquele protocolo de evidenciação 
contábil fosse exclusivamente subsidiada pela análise racional dos custos e benefícios 
envolvidos. O presente trabalho, embasado na Teoria Institucional, desenhada inicialmente 
por Meyer e Rowan (1977), Zucker (1977), Dimaggio e Powell (1983) e Scott (1991) 
questiona essa proposição e apresenta evidências de que o comportamento organizacional, no 
que tange à seleção ou a construção de certo método de divulgação financeira, é influenciado 
por mecanismos institucionais que exercem pressão sobre as organizações inseridas em 
determinado ambiente. 
Boa parte da literatura contábil desenvolveu-se, com grande mérito, sob delineamentos 
teóricos radicados no modelo do homem racional. Os supostos e conceitos definidos e 
elaborados por Jensen e Meckling (1976) e por seus seguidores, tais como Watts e 
Zimmerman (1978, 1979, 1986), protagonizaram tal evolução. Partindo do princípio que o 
homem decide e age, preponderantemente, de modo racional, predizem que, em certas 
condições, agentes teriam incentivos para optar por esse ou aquele procedimento de 
contabilidade. Por tal óptica, gestores seriam motivados a escolher métodos contábeis que 
aumentassem o lucro de um período, em situações nas quais sua remuneração fosse definida 
com base no resultado líquido contábil. Alternativamente, ainda por esse caminho analítico, 
observadas determinadas circunstâncias, corporações desenhariam e passariam a utilizar 
práticas contábeis objetivando reduzir custos contratuais e, com isso, aumentar a riqueza por 
elas produzida (WATTS; ZIMMERMAN, 1986). 
É fora de dúvida que os achados e evidências empíricas produzidas por tal agenda de 
pesquisa foram e continuam sendo muito importantes para o conhecimento contábil. O que 
não torna menos necessário e pertinente ao seu desenvolvimento à construção e elaboração de 
trabalhos que tentem oferecer uma explicação diferente aos determinantes da escolha contábil 
organizacional. É também este o argumento que deu causa à proposta e à realização deste 
esforço de pesquisa. 
 
2 
Dessa maneira, respaldando-se na ideia de que a ação dos membros de uma 
coletividade não representa o agregado de comportamentos gestados em esfera intra-
individual; pelo contrário, seria em grande parte formada e mediada por arranjos institucionais 
(DIMAGGIO; POWELL, 1991, p. 2); esta pesquisa busca investigar até que ponto 
mecanismos institucionais contribuiriam para que relatórios de administração publicados por 
empresas do subsetor de energia elétrica tendessem a um padrão médio vigente no ambiente. 
Com isso, visou testar se de fato pressões institucionais fariam com que empresas que 
operam no contexto organizacional do subsetor de energia elétrica, reproduziriam padrões de 
divulgação financeira, no que se refere a características contábeis e estruturais dos relatórios 
de administração, coletiva e homogeneamente entendidos por seus pares como essenciais ao 
processo de evidenciação; como nos faz crer delineamentos teóricos de Meyer e Rowan 
(1977), Zucker (1977), Dimaggio e Powell (1983), Meyer (1986) e Zald (1984), dentre outros. 
Subsidiariamente, espera-se que os resultados encontrados, a argumentação teórica 
utilizada e a metodologia empreendida estimulem e fortaleçam o desenvolvimento de uma 
agenda de pesquisa cuja intenção é melhor compreender e explicar a escolha, a persistência e 
os usos dos protocolos de contabilidade, observando-se aspectos sócio-institucionais vigentes 
e operantes nos mais diversos contextos organizacionais. 
2 Fundamentação Teórica e hipótese 
O pensamento neo-institucional, alicerce deste estudo, surge com intuito de explicar 
desenvolvimentos de uma antiga agenda de pesquisa destinada a compreender os mecanismos 
por meio dos quais as ações sociais e políticas se materializam - a Economia Política, com os 
esforços de autores funcionalistas, como Parsons e Selznick, interessados em explicar a 
duradoura interconexão entre política, economia e sociedade. Mais do que uma justaposição 
conceitual, mescla aperfeiçoamentos teórico-metodológicos dessas correntes com vistas a 
responder questões acerca de como escolhas sociais são formadas, mediadas e canalizadas por 
arranjos institucionais (DIMAGGIO; POWELL, 1991, p. 02). 
Apresenta-se como uma alternativa conceitual ao modelo organizacional do ator-
racional e enxerga a institucionalização como processo que torna as organizações 
instrumentalmente menos racionais, por limitar as opções de ação que elas podem perseguir 
(DIMAGGIO; POWELL, 1991, p. 12). Em um dos trabalhos seminais dessa tradição teórica, 
Meyer e Rowan (1977), afirmam que outro propósito da Teoria Institucional seria oferecer 
uma explicação para as difundidas estruturas formais das organizações, pelo argumento de 
que nas sociedades modernas estruturas organizacionais surgiriam em contextos altamente 
institucionalizados, nos quais profissões, políticas, programas, produtos e serviços seriam 
criados e mantidos por serem coletiva e quase que consensualmente tidos como racionais e 
eficientes. 
Sob o olhar da Teoria Institucional, organizações tenderiam a incorporar novas 
práticas e procedimentos que fossem definidos como tarefas e atividades organizacionais 
racionalizadas (MEYER; ROWAN, 1977, p. 340). O constituinte de um determinado meio 
que assim se comportasse aumentaria sua legitimidade e, por conseguinte, suas perspectivas 
de sobrevivência, independentemente da eficácia imediata das práticas e procedimentos 
incorporados por sua estrutura. Por essa linha de raciocínio, produtos, serviços, técnicas, 
políticas e programas funcionariam como mitos poderosos, e muitas organizações adotá-los-
iam cerimoniosamente, como nos ensina Meyer e Rowan: 
[...] posições, políticas, programas e procedimentos de modernas 
organizações são feitos cumprir pela opinião pública, pela visão de cidadãos 
importantes, por conhecimentos legitimados através do sistema educacional, 
por prestígio social, pelas leis e, por definições de negligência e prudência, 
 
3 
usadas pelos tribunais. Tais elementos da estrutura formal são manifestações 
de poderosas regras institucionais que funcionam como mitos altamente 
racionalizados, que passam a ser obrigatórios a determinadas organizações 
(MEYER; ROMAN, 1977, p.343) [tradução nossa]. 
Seguindo essa argumentação, vale frisar que muitos programas organizacionais 
formalizados são institucionalizados pela sociedade. Ideologias definem funções apropriadas 
para um negócio, tais como as de venda, produção, publicidade ou contabilidade, bem como 
para uma universidade, taiscomo as de introdução e pesquisa em história, engenharia e 
literatura, ou para um hospital, como as de cirurgia, obstetrícia, ambulatório (MEYER; 
ROWAN, 1977, p. 342). 
Da mesma forma, tecnologias são também institucionalizadas, tornando-se mitos 
obrigatórios às organizações. Procedimentos de produção, contabilidade, seleção de pessoal e 
processamento de dados são aceitos sem quaisquer questionamentos como meios de realizar 
os fins organizacionais. Aparte sua possível eficiência, tais técnicas institucionalizadas dariam 
a uma organização o status de apropriada, racional e moderna (MEYER; ROWAN, 1977, 
p.344). Perrow (1985, p. 152) comenta que organizações institucionalizadas são julgadas por 
suas formas, não por sua produção. Por isso, elas pouco monitorariam sua produção, 
entretanto, protegeriam suas estruturas — sua principal fonte de legitimidade. 
Meyer e Rowan (1977, p. 347) apresentam três circunstâncias dos ambientes 
organizacionais que supostamente seriam catalisadoras da formação e difusão de mitos 
institucionais racionalizados, quais sejam: a elaboração de complexas redes relacionais; o 
grau de coletiva organização de um ambiente e; os esforços de organizações locais líderes. Já 
Scott (1991, p. 167) aponta alguns exemplos de potenciais fontes de criação de mitos 
racionalizados: a opinião pública, sistemas educacionais, leis, tribunais, profissões, 
ideologias, tecnologias, estruturas regulatórias, recompensas e prêmios, corpos de certificação 
e acreditação e requisitos e aprovações governamentais. 
Tais autores preveem que quando redes relacionais se tornam mais densas numa 
sociedade haveria um aumento do número de mitos racionalizados que aparecem e passam a 
vigorar no ambiente. Como exemplo, eles pontuam que em sociedades modernas, em 
contextos mercantis onde há fortes redes relacionais, empresas de um tipo específico de 
indústria são aproximadamente similares em locais diferentes. 
 Outro importante fator criador e difusor de mitos institucionalizados seria organização 
coletiva do ambiente. Pois, em sociedades ou ambientes em que há um maior número de 
fortes entidades — tais como varas de justiça, agências reguladoras e órgãos como sindicatos 
e confederações — mitos racionalizados passariam a existir e seriam mais amplamente 
difundidos. Por esse ponto de vista, sociedades que, por meio da construção e formação do 
estado, têm ordenamentos legais desenvolvidos seriam particularmente mais propensas a 
atribuir uma coletiva autoridade a instituições legitimadoras de uma estrutura organizacional 
particular (MEYER; ROWAN, 1977, p. 347). 
De modo semelhante, esforços de lideranças locais fomentariam o aparecimento e 
difusão de práticas e procedimentos com forte valor simbólico, tendo em vista que poderosas 
organizações forçariam sua imediata rede relacional a se conformar aos seus objetivos e 
estruturas institucionalizadas. A indústria automobilística, comumente, ajuda a criar 
demandas por tipos específicos de estradas, de sistemas de transporte e de padrões de 
combustíveis. Adicionalmente, produtores de automóveis tentariam transformar suas metas e 
objetivos em regras socialmente institucionalizadas, visando moldar a opinião pública acerca 
do modelo de veículo a ser desejado, forçando e defendendo um padrão legal de carro 
satisfatório, suficientemente capaz de protegê-los de responsabilidades de produção; ao 
 
4 
mesmo tempo em que constrangem seus clientes a desejar e adquirir tais produtos 
(DIMAGGIO; POWELL, 1983). 
Todos esses fatores colaborariam com o surgimento e expansão de mitos 
racionalizados, e tal processo — de crescimento de estruturas institucionais racionalizadas — 
tornaria as organizações de uma sociedade mais semelhantes e elaboradas ao longo do tempo. 
Dessa importante conclusão, decorre o conceito de isomorfismo institucional que, como será 
apresentado a seguir, assumiu um papel central na discussão proposta por este estudo. 
2.1 O conceito de Isomorfismo 
Segundo Hawley (1968, apud DIMAGGIO; POWELL, 1983), o isomorfismo é o 
processo de constrangimento que força uma unidade de uma população a se assemelhar a 
outras unidades diante do mesmo conjunto de forças ambientas. Para a Teoria Institucional o 
isomorfismo organizacional num ambiente se dá porque estruturas organizacionais refletem 
uma realidade socialmente construída, passando a incorporar, de modo take-for-granted, 
práticas e tecnologias que, miticamente, são tidos como racionais e eficientes por seus pares. 
Dimaggio e Powell (1983) foram quem melhor especificaram as relações entre 
ambiente institucional e isomorfismo organizacional. Para eles, a burocratização e outras 
formas de mudança organizacional ocorrem como resultado do processo que tornam as 
organizações mais similares, sem necessariamente torná-las mais eficientes. 
Expandindo as ideias de Hannan e Freeman (1977) e Meyer (1977), Dimaggio e 
Powell (1983) refinam o conceito de Isomorfismo organizacional e identificam três 
mecanismos através dos quais mudanças institucionais isomórficas aconteceriam: coercitivos, 
miméticos e normativos, cada qual com seus próprios antecedentes. 
O isomorfismo coercitivo origina-se de influências políticas e de problemas de 
legitimidade. Ele seria consequência das pressões formais e informais exercidas sobre 
organizações das quais elas sejam dependentes ou por expectativas culturais da sociedade, 
dentro da qual uma organização se encontra inserida (DIMAGGIO; POWELL, 1983, p. 150). 
Tais pressões poderiam ser sentidas como forças, persuasões ou convites a se juntar em 
coalizões. 
Para ilustrar esse tipo de isomorfismo, Coser e outros (1982, apud DIMAGGIO; 
POWELL, 1983) asseveram que, em conglomerados, subsidiárias adotam práticas contábeis, 
avaliações de desempenho e planos orçamentários compatíveis com as da companhia 
controladora, sem estarem sujeitas a nenhuma obrigação formal que as forçasse a esse 
comportamento. 
Já o processo isomórfico mimético seria resultante de padrões de respostas a 
incertezas. Para Dimaggio e Powell (1983, p. 151) a incerteza também seria uma poderosa 
força encorajadora da imitação. Embasados nas ideias de March e Olsen, eles afirmam que, 
quando tecnologias organizacionais são mal entendidas, quando metas são ambíguas ou 
quando o ambiente cria incertezas simbólicas, as organizações podem se modelar espelhando-
se em outras, tidas como sólidas e eficientes em seu meio. Exemplificam esse tipo de 
mecanismo, que leva à homogeneidade estrutural, com o movimento de adoção a modelos de 
gestão japoneses realizado por corporações norte-americanas para enfrentar espinhosos 
problemas de produtividade e de pessoal. 
E, por fim, o isomorfismo normativo que teria como fonte primária a 
profissionalização. Segundo Dimaggio e Powell (1983, p. 152) a profissionalização seria um 
esforço coletivo de membros de uma determinada ocupação para definir condições e métodos 
 
5 
de trabalho com fins de controlar a elaboração de procedimentos e de estabelecer uma base 
cognitiva e de legitimação para sua autonomia ocupacional. 
Profissões estariam sujeitas a pressões coercitivas e miméticas, assim como as 
organizações. Entretanto, enquanto vários tipos de profissionais dentro de uma organização se 
diferenciam uns dos outros, eles demonstram ser muito similares às suas contrapartes em 
outras organizações. Adicionalmente, em muitos casos, o poder profissional é tanto designado 
pelo estado como é criado por atividades profissionais (DIMAGGIO; POWELL, 1983, p. 
152). 
Como notado, os argumentos e delimitações acerca dos fatores que levariam ao 
isomorfismo organizacional mostram-se muito coerentes com a realidade. E no que se refere 
ao estudo da prática contábil, essa tipologia de mecanismos sócio-comportamentais, 
possivelmente determinantes da estrutura organizacional, torna-se muito útil à previsão e 
explicaçãode suas variações e uniformidades, como nos relata Dias Filho (2004, p. 37). 
2.2 A Hipótese 
Como anteriormente exposto, no âmago do pensamento neoinstitucional está a ideia de 
que as organizações passam a acatar, tomando como efetivos e eficientes, sem qualquer 
espécie de contestação, práticas e métodos que, com forte valor mítico, são coletivamente 
utilizados e entendidos como racionais e eficientes por seus pares. Assim sendo, a ação de um 
indivíduo reproduziria o que é costumeiramente feito pela sociedade na qual ele se encontra 
inserido, sem haver fortes resistências, ou seja, com uma quase ausência de qualquer tipo mais 
aprofundado de reflexão a respeito (MEYER; ROWAN, 1977). 
Adaptando esse pensamento ao campo de atuação da pesquisa contábil, pode-se, 
analogamente, argumentar que organizações tenderiam a optar pelo uso de práticas contábeis 
aceitas e já amplamente manuseadas por suas congêneres, uma vez que a adesão a tais 
práticas as tornaria mais legítimas, aumentando suas chances de sobrevivência. Num sentido 
oposto, como observado por Scott (1991, p.170), quanto mais consensual for o uso de certa 
prática entre membros de um grupo, mais legitimidade ela transferiria àqueles indivíduos que 
a incorporam em sua estrutura burocrática. 
Adicionando a essas ideias o conceito isomorfismo organizacional, poder-se-ia supor, 
em um problema contábil, que, diante de determinadas circunstâncias, uma organização 
tenderia a lançar mão de práticas contábeis já dominantemente utilizadas pelos demais 
elementos de sua população. Logo, por esse raciocínio, chegar-se-ia à conclusão de que um 
conjunto de empresas, circunscritas ou expostas à mesma sorte ambiental, infundida por 
forças coercitivas, miméticas ou normativas, tornar-se-ia isomórfico, no que tange as suas 
práticas contábeis, em certo lapso de tempo. 
E, conforme construções teóricas de Dimaggio e Powell (1983), quanto mais sujeitas a 
pressões institucionais mais isomórficas ao seu ambiente uma dada organização se tornaria. 
Levando em consideração todas essas ideias, esta pesquisa testou a hipótese de que quanto 
mais sujeitas e pressões institucionais mais isomórficos seriam os relatórios de administração 
publicados por empresas do subsertor de Energia Elétrica. 
 
3 Procedimentos Metodológicos 
 
O eixo de desenvolvimento desta pesquisa centrou-se na interação entre ambiente e 
prática contábil organizacional de empresas que operavam no subsetor de Energia Elétrica. De 
modo que este trabalho buscou verificar até que ponto a sujeição organizacional a pressões 
 
6 
institucionais vigentes em seu meio fariam com que empresas do referido setor tendessem a 
publicar Relatórios da Administração mais semelhantes a um padrão médio ambiental, no que 
tange a algumas de suas características contábeis e estruturais, observadas nos textos. 
Para isso, foram observados e manuseados Relatórios de Administração (RA) 
publicados no ano de 2009, referentes ao exercício de 2008, de 29 das 64 companhias abertas, 
que estavam classificadas pela Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) nesse setor. A 
seleção dos elementos da amostra foi realizada por meio de um processo randômico. 
3.1 Construindo a variável dependente – tendência ao isomorfismo 
Num segundo momento, por meio da aplicação de técnicas do método Análise de 
Conteúdo, foram computadas as freqüências com que seis características contábeis e duas 
estruturais se faziam presentes nos textos observados; elencadas no quadro a seguir: 
Variáveis Dependentes observadas 
Número Nome Número Nome 
1 Receita 5 Custos 
2 Despesa 6 Capital 
3 Ebitda 7 Número de páginas 
4 Lucro 8 Subtítulos 
 Fonte: Elaboração própria, 2010 
Tais variáveis funcionaram como variáveis dependentes. Mais especificamente, elas 
serviram de insumo para construção de um parâmetro, de um índice, que resumiu as oito 
dimensões observadas nos textos escrutinados em apenas uma. A técnica utilizada nesse 
processo de resumo dessas informações foi a Análise das Componentes Principais que, como 
exposto por Johnson e Wichern (1998, p.458), preocupa-se em explicar a estrutura de 
variância e covariância de um conjunto de variáveis em apenas poucas combinações lineares. 
Tendo lógica central reduzir para melhor interpretar, assume a seguinte forma geral: 
1 1 2 2j j j jp pY e Z e Z e Z= + + +L 
Onde: 
jY = j-ésima componente principal, estimada por meio das observações das variáveis 
dependentes, sendo p = 8; 
( )p p
p
p
x x
Z
S
−= = p-ésima variável padronizada observada. 
Seguindo Hair e outros (2005); Johnson e Wichern (1998) e Mingoti (2005), foram 
observados três critérios na avaliação da primeira componente principal que, pela sistemática 
algébrica do processo, explicaria maior parte da variância total dos dados. O primeiro e um 
tanto quanto heurístico critério foi o da avaliação dos valores que os pesos êjp assumiram na 
formação da primeira componente principal. O segundo consistiu na avaliação da proporção 
da variação total explicada pela variante focalizada. E o terceiro foi o razão do Alfa de 
Cronbach, que permite avaliar a confiabilidade da proporção da variação total explicada pela 
componente (HAIR et al., 2009; MAROCO, 2007). 
Após validação, a componente principal estimada foi utilizada para calcular escores 
amostrais dos RA, elementos da amostra, que funcionaram como uma nova variável 
dependente – que transportavam consigo grande parte da informação acerca das 
características contábeis e estruturais dos relatórios de administração observados. 
Os escores amostrais calculados por meio da primeira componente principal estimada 
foram utilizados na construção de uma terceira variável – tendência ao isomorfismo contábil e 
 
7 
estrutural dos relatórios de administração publicados pelos elementos da amostra. Como 
adiante demonstrado, essa nova variável entrou como variável dependente em ajuste de 
modelo de regressão múltipla. Tendo a seguinte forma algébrica: 
( )n nTi y y= − 
Onde: 
 nTi = Índice de isomorfismo do n-ésimo elemento da amostra; 
ny = escore amostral do n-ésimo elemento da amostra calculado por meio da primeira 
componente principal estimada; 
29
1
1
n
n
y y
n =
⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠∑ 
É importante entender que o raciocínio empregado aqui foi o de que a média 
y , dos escores amostrais ny , representaria o padrão dos relatórios de administração 
publicados por empresas do subsertor de Energia Elétrica, no que tange algumas de suas 
características contábeis e estruturais. E que, o desvio em relação à média nTi , captaria uma 
tendência a esse padrão, ao isomorfismo ambiental, uma vez que, quanto mais próximo da 
média um elemento de uma população se encontra, mais semelhante ao padrão ambiental, 
média, ele é. Já valor modular justifica-se porque não interessa a essa pesquisa conhecer se 
determinado elemento encontrava-se abaixo ou acima da média, mas sim a magnitude dessa 
distância. E também porque, caso isso não fosse corrigido, o modelo de regressão ajustado 
não descreveria adequadamente a relação entre as variáveis observas, pretendida por este 
estudo. 
3.2 Variáveis Independentes – pressões institucionais 
As variáveis independentes — que intentaram capturar a exposição organizacional a 
pressões institucionais vigentes em seu ambiente — foram também extraídas do conteúdo dos 
próprios RA amostrados. Os procedimentos envolvidos nesse processo, bem como a 
abordagem analítica nele dispensada estão fundamentados em instrumentos metodológicos 
testados, aceitos e difundidos na sociolinguística, na psicologia-social e na análise das 
comunicações, dentre outras áreas do conhecimento (BARDIN, 2009). Todos materializados 
em protocolos do método de Análise de Conteúdo. 
Vale frisar que, assim como ensinado por Duriau, Reger, Pfarrer (2007) e Bardin(2009) e executado por Sonpar e Golden-Biddle (2008), Deegan, Rankin e Tobin (2002), 
Gray, Kouhy e Lavers (1995), este estudo utilizou a frequência com que certos temas se 
apresentavam na comunicação organizacional escrutinada, relatórios de administração, para 
tirar conclusões, fazer inferência, acerca das condições de produção das mensagens. A 
condição de produção dos RA que interessava a esta pesquisa era a do contexto social no qual 
operavam as empresas estudadas. Mais diretamente, o meio institucional, supostamente, 
influente sobre o comportamento das organizações investigadas, tal como delineado pela 
Teria Institucional (MEYER; ROWAN, 1977; ZUCKER, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 
1983; SCOTT, 1991). Sendo, para isso, necessário selecionar unidades de registro, elementos 
do léxico presentes nos documentos em análise, cujos conteúdos semânticos pudessem ser 
considerados como respostas a pressões institucionais vigentes no contexto social observado. 
Em síntese, frisa-se que foram inferidas como mais sujeitas a pressões institucionais 
aquelas organizações que, com mais frequência, fizeram referência a certos temas, 
 
8 
previamente definidos como resposta às pressões institucionais do ambiente em que 
organizações observadas operavam. Respeitados os princípios da exclusão mútua e 
objetividade ou fidelidade do método Análise de Conteúdo, foram selecionadas as seguintes 
doze variáveis: 
nº Nome Unidades de registro computadas 
1 Lei lei, leis, legais, legislação, legal, legislações, instrução 
2 CVM Comissão, BACEN 
3 ANELL ANELL 
4 CPC CPC, CRC, CFC 
5 Ambiente Ambientais, ambiental, ambientalmente 
6 Clientes Cliente, Clientes 
7 Responsabilidade Responsabilidade, sustentável, socialmente, 
8 Projetos Projetos, programas 
9 Colaboradores Colaboradores, funcionários 
10 Educação Educação, educativas, educacional, educacionais, educando, educadores (as) 
11 Crianças Crianças, criança, cultura, escola(s), arte, cultural, culturais, escolar, escolares, 
artesanato, artesanatos 
12 Comunidade Comunidade, comunidades 
Fonte: elaboração própria 
Dada a quantidade de variáveis independentes observadas nesse processo, bem como a 
suposta correlação existente entre elas, foi empreendida uma Análise Fatorial na matriz de 
dados que colecionavam informação acerca da exposição organizacional a pressões 
institucionais. O que, a semelhança do realizado no processo de resumo das variáveis 
dependentes em um único índice, visou agrupar as variáveis correlacionadas em um menor 
número de fatores que, possivelmente, capturavam uma mesma dimensão, um mesmo 
fenômeno, no caso desta pesquisa, uma mesma espécie de pressão institucional. 
Os fatores extraídos foram validados via procedimentos e testes sugeridos e aceitos 
pela literatura de referência (JOHNSON; WICHERN, 1998; HAIR et al., 2005; MINGOT, 
2005; MAROCO, 2007). O método de extração e os critérios de validação dos fatores são 
demonstrados na seção que apresenta e analisa os dados. Os fatores validados foram 
utilizados para estimar escores para cada um dos elementos da amostra. Esses escores, por sua 
vez, fizeram o papel de variáveis independentes no processo de ajuste de modelo de regressão 
múltipla, representando a exposição organizacional a pressões institucionais operantes no 
contexto investigado. 
3.3 Regressão múltipla 
Visando testar a relação entre pressões institucionais e isomorfismo dos relatórios de 
administração publicados por empresas do subsetor de Energia Elétrica, foi utilizado um 
modelo de regressão múltipla, ajustado por meio do método dos Mínimos Quadrados 
Ordinários. 
Na avaliação da boa forma do modelo ajustado foram observados o coeficiente de 
determinação R2 e o coeficiente de determinação ajustado R2 ajustado. O teste F foi aplicado 
com a finalidade de verificar se o modelo estimado se ajustava aos dados, ou melhor, se há 
variáveis preditoras importantes ao ajuste do modelo. Na avaliação da contribuição individual 
das variáveis independentes foram aplicados testes t de student. 
 E, por fim, devido ao tamanho da amostra manuseada no ajuste do modelo, tornou-se 
necessário testar a normalidade dos resíduos de regressão, para que pudessem ser aceitos e 
validados os resultados dos testes F e t supracitados. O teste de normalidade recomendado 
para amostras com 29 elementos (HAIR et al., 2005; MAROCO, 2007), utilizado por esta 
pesquisa, foi o de Shapiro-Wilk. 
 
9 
 
4 Apresentação e Análise dos dados 
 
De antemão, ressalta-se que na operacionalização dos procedimentos estatísticos 
apresentados a seguir foi utilizado o software SPSS versão 15, devidamente licenciado. 
4.1 Análise das Componentes Principais 
A primeira componente principal estimada da matriz de dados que continha oito 
variáveis dos textos analisados - seis contábeis e duas estruturais, apresentadas anteriormente 
- assumiu a seguinte forma: 
0,975 ( ) 1, 027( ) 0,893( ) 1,001( ) 0,688( ) 1, 018( ) 0,930( ) 0, 271( )npag tit rec des Ebit luc cust capY Z Z Z Z Z Z Z Z= + + + + + + +
)
 Observando o primeiro critério de avaliação, percebe-se que a maioria das variáveis tem forte influência na composição da primeira componente principal estimada. A tabela a seguir 
apresenta a razão Alfa de Cronbach e a proporção da variação total dos dados explicada pela 
métrica acima transcrita. 
Análise das Componentes Principais - dados RA do subsetor de Energia Elétrica 
CPs Alfa de Cronbach
Variância Explicada
Autovalores Proporção da Variância Total 
1 0,909 4,88 61,06
 Fonte: Elaboração própria, 2011 
A última coluna da tabela demonstra que a primeira componente principal, Y
)
, explica 
61,06% da variação total da matriz de dados em análise. Segundo Hair e outros (2005, p. 
120), em ciências sociais, costuma-se aceitar como válidas proporções da variância total 
explicada até um pouco menores que 60%. O valor da razão Alfa de Cronbach, apresentado 
na segunda coluna, 0,909 — é considerado (HAIR et al., 2005) como alto, revelando, com 
isso, a fidedignidade dessa dimensão (componente principal) na representação da variação 
total dos dados. Aceita como válida e entendida como uma síntese bem aproximada das 
características contábeis e estruturais do texto, a formula acima foi utilizada para calcular 
escores, yn, e seus respectivos índices de tendência ao isomorfismo, Tin, descritos na seção 
anterior. 
4.2 Análise Fatorial e as proxies de pressões institucionais 
 Seguindo sugestão de Hair e outros (2009, p. 107), ao aplicar tal método, este trabalho 
buscou sumarizar as variáveis que representavam a exposição organizacional a pressões 
vigentes em seu ambiente em dimensões, fatores, extraídos da estrutura subjacente dos dados. 
Os fatores resultantes desse processo foram utilizados na estimação de escores fatoriais — 
variáveis não diretamente observáveis — para os elementos das amostras. As novas variáveis 
construídas, resumo da exposição organizacional a determinadas pressões institucionais, 
foram utilizadas em teste, para ratificar se de fato elas apresentavam alguma capacidade de 
explicar o isomorfismo dos RA observados, como faz crer o pensamento neoinstitucional 
(MEYER; ROWAN, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 1977; ZUCKER, 1977; SCOTT, 1987; 
SOCTT, 1991). 
Para resumir as doze variáveis independentes observadas em um menor número de 
outras não observáveis, aplicando a Análise Fatorial, recorreu-se ao método das componentes 
principais, estabelecendo como critério de corte para extração dos fatores o das raízes 
características, autovalores, que assumissem valor > 1. Este procedimento permitiu a extração 
de apenas dois fatores, com descreve disposta a seguir: 
 
 
10 
 Análise Fatorial exploratória dos dados das variáveis independentes- subsetor de Energia Elétrica 
Componente 
Autovalores Iniciais Variação explicadapelas dimensões
Total %Variância % Acumulado Total % Variância Acumulado
1 5,912 49,267 49,267 5,912 49,267 49,267
2 2,879 23,992 73,260 2,879 23,992 73,260
3 0,936 7,798 81,058 
4 0,760 6,332 87,389 
5 0,624 5,200 92,589 
6 0,315 2,624 95,214 
7 0,173 1,442 96,656 
8 0,152 1,263 97,919 
9 0,121 1,007 98,926 
10 0,073 0,609 99,535 
11 0,045 0,372 99,906 
12 0,011 0,094 100,000 
 Fonte: Elaboração própria, 2011 
A tabela apresentada a seguir, põe em relevo as cargas, pesos, originais e derivados do 
processo rotacional, com que cada uma das variáveis se mostrou intrinsecamente relacionada 
com os fatores extraídos, conforme procedimento acima descrito. Tal informação foi 
importante para que se observasse a consistência teórica dos dados explorados. 
Análises das correlações entre as variáveis e os fatores extraídos – subsetor de Energia Elétrica 
 Pesos Originais Pesos – Rotação
 Componentes Componentes
 1 2 1 2
Lei 0,538 0,753 0,302 0,875
CVM 0,095 0,947 -0,177 0,935
ANEEL 0,583 0,605 0,388 0,745
CPC 0,203 0,902 -0,061 0,923
Ambiente 0,779 -0,083 0,770 0,141
Clientes 0,744 -0,213 0,773 0,006
Responsabilidade 0,786 -0,188 0,807 0,042
Projetos 0,895 -0,200 0,916 0,061
Colaboradores 0,766 -0,258 0,807 -0,030
Educação 0,893 -0,149 0,899 0,110
Criança 0,703 -0,068 0,694 0,134
Comunidade 0,881 -0,116 0,878 0,138
 Fonte: Elaboração própria, 2011 
Como é possível observar analisando os valores destacados na tabela acima, pesos 
originais e respectivos pesos derivados do processo rotacional, a primeira dimensão, fator, é 
principalmente formada pelas variáveis: ambiente, clientes, responsabilidade, projetos, 
colaboradores, educação, criança e comunidade. De igual maneira, a segunda dimensão é 
primordialmente, constituída e influenciada pelas variáveis: Lei, CVM, ANELL e CPC. 
Ante os dados supra apresentados, pôde-se entender que o primeiro fator representava 
e resumia a exposição organizacional a “Pressões Institucionais derivadas de fontes 
informais” (DIMAGGIO; POWELL, 1983), tratado doravante pela sigla PII. Ou seja, o 
primeiro fator está mais fortemente relacionado com variáveis conteúdo fazia alusão a um 
cuidado organizacional com a sociedade. Uma espécie de atenção voluntariosa. Nesses casos, 
não há uma exigência legal ou regulamentar (formal) determinadora de tal comportamento. A 
 
11 
sociedade exige e pressiona informalmente, não por meio de um instituto legal ou pela ação 
de agências reguladoras. Pode ser interpretada como uma forma utilizada pelas organizações 
para se legitimarem como empresas que “cuidam” da sociedade, como ela requer e merece, 
independentemente de lei ou regulamento que as obriguem a fazê-lo. 
Já o segundo fator sumarizaria a exposição organizacional a “Pressões Institucionais 
Formais”- PIF. Neste caso, a interpretação coerente com a Teoria Institucional (DIMAGGIO; 
POWELL, 1983) é a de que tal variante captaria a necessidade organizacional de se mostrar 
como uma empresa que respeita as instituições legais, normativas e fiscalizadoras, 
respectivamente, vigentes e presentes no ambiente em que ela opera. Sua magnitude poderia 
ser entendida como uma medida do sentimento organizacional sobre importância e 
essencialidade desse comportamento na obtenção de legitimidade organizacional. 
4.2.1 Validando os fatores PII e PIF 
Para testar a unidimensionalidade dos dois fatores PII e PIF foi utilizada uma análise 
fatorial exploratória, extração pelo método das componentes principais, que confirmou essa 
propriedade nos referidos fatores. Esse procedimento foi validado por meio do Índice de 
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e pelo teste de esfericidade de Bartlett, apresentados na tabela a 
seguir: 
 
Resultado dos testes KMO e Bartlett – PII e PIF 
FATOR 
PII 
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin 0,753 
Teste de Esfericidade de Bartlett Qui-Square 205,795 
DF 28,000 
Sig. 0,000 
PIF 
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin 0,801 
Teste de Esfericidade de Bartlett Qui-Square 70,927 
DF 6,000 
Sig. 0,000 
 Fonte: Elaboração própria, 2011 
 
Os índices KMO calculados para os fatores PII e PIF foram, respectivamente, 0,753 e 
0,801, considerados por HAIR e outros (2005) como satisfatórios. Eles medem o grau com 
que as variáveis que constituem os fatores sob análise estão intercorrelacionadas. Os testes de 
esfericidade de Bartlett, semelhantemente, mostram-se estatisticamente significantes (sig.< 
0.000) para os dois fatores, corroborando a existência de correlações entre as variáveis. 
A confiabilidade dos fatores PII e PIF foi analisada via Alfa de Cronbach. Os 
respectivos valores calculados foram 0,861 e 0,747. Tais magnitudes dessa razão são 
entendidas como altas (HAIR et al., 2005) e depõem fortemente a favor da confiabilidade dos 
fatores. 
Por fim, testando agora a validade de convergência dos fatores PII e PIF, procedeu-se 
ao cálculo dos coeficientes de correlação Rô de Spearman. E, com exceção da correlação 
entre a variável ANELL e CVM (sig.= 0,163) que integram o fator PIF, todas as demais são 
tidas como correlacionadas com significância estatística < 0,05 — o que vai ao encontro da 
validade de convergência dos fatores por hora testados. 
Mediante os resultados mencionados, aceitou-se como válidos os fatores PII e PIF. 
Eles serviram para estimar escores fatoriais amostrais. Processo realizado por meio do método 
de Bartlett — Míminos Quadrados Ponderados. Os valores dos escores estimados para os 
elementos da amostra entraram como observações das variáveis independentes no ajuste do 
 
12 
modelo de regressão múltipla, representando a exposição organizacional a pressões 
institucionais informais (PII) e formais (PIF). 
4.3 Modelo de Regressão Múltipla 
 Esta fase da pesquisa procurou verificar em até que ponto as variáveis PII e PIF, 
proxies da exposição organizacional a certas pressões institucionais, explicavam a aderência 
dos Relatórios de Administração, publicados pelas empresas do subsetor de Energia Elétrica, 
ao padrão ambiental médio. Desejando, com isso, observar se tais variáveis explicariam o 
isomorfismo dos RA publicados pelas empresas desse ambiente. O modelo ajustado assumiu 
a seguinte forma: 
0,649 0,376 0,655Ti PII PIF= − +) 
Onde: 
( )Ti y y= −) )
 
PII = Escore Fatorial estimado por meio da variante PII - Pressões Institucionais 
Informais; 
PIF = Escore Fatorial estimado por meio da variante PIF - Pressões Institucionais 
Informais. 
O coeficiente de determinação R2 e o coeficiente de determinação ajustado, R2 
Ajustado, relativos ao modelo foram, respectivamente, 0,571 e 0,538. Indicando que parte da 
variação total de Ti
 
é explicada pelas variáveis explanatórias PII e PIF. Ou seja, que as 
variáveis independentes predizem, em parte, a variação no isomorfismo dos Relatórios de 
Administração publicados pelas empresas do subsetor de Energia Elétrica. Esse resultado vai 
de encontro com relações conceituais delineadas pela Teoria Institucional (MEYER; 
ROWAN, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 1983; ZUKER, 1977). O teste F, resultante do 
ajuste do modelo, corrobora essa conclusão, demonstrando que o modelo se ajusta aos dados, 
ou seja, explica o comportamento da variável predita, com significância estatística (p-valor < 
0,000). 
 
 Resultados dos teste t-Student nos coeficientes 
de regressão estimados 
Parâmetro Estimativa Estatística - t p-valor
 0β 8,427 0,000
1β -0,376 -2,928 0,007
2β 0,655 5,103 0,000
 Fonte: Elaboração própria, 2010 
 
A última coluna da tabela acima, que expõe a significância do teste t-student para cada 
coeficiente das variáveis preditoras, revela que ambas as variáveis PII e PIF são 
estatisticamente significativas na predição da variação dosRelatórios de Administração, 
publicados por empresas do subsetor de Energia Elétrica. 
Em uma análise qualitativa ou teoricamente orientada, observou-se que a variável PII 
explica o isomorfismo dos relatórios de Administração publicados por empresas do subsetor 
de Energia Elétrica. O que revela que pressões institucionais, derivadas da busca por 
legitimidade, relacionadas a práticas ainda não formalizadas pela sociedade, contribuem para 
que organizações que operam no subsetor de Energia Elétrica tendam a publicar RA adotando 
características contábeis e estruturais aceitas e amplamente utilizadas por suas congêneres. 
Entretanto, a variável PIF contribui para que os RA publicados por empresas do 
subsetor de Energia Elétrica sejam diferentes, menos isomórficos ao padrão ambiental. 
 
13 
Contraria-se, então, a relação teoricamente esperada, para a qual as variáveis preditoras 
deveriam se apresentar inversamente relacionadas com a variável dependente, não 
diretamente, como foi observado. 
Para finalizar e validar os testes estatísticos interpretados ao longo desta seção foi 
realizado teste de normalidade de Shapiro-Wilk, na distribuição dos erros estimados, gerados 
especificamente com essa finalidade. Com p-valor igual a 0,182, não se rejeitou a 
normalidade dos erros estimados. 
 
5 Considerações Finais 
 
O eixo de desenvolvimento desta pesquisa centrou-se na interação entre ambiente e 
prática contábil organizacional de empresas do subsetor de Energia Elétrica. Buscou-se 
verificar até que ponto a sujeição organizacional a pressões institucionais vigentes em seu 
meio fariam com que empresas do referido setor tendesse a publicar Relatórios da 
Administração mais semelhantes a um padrão médio ambiental, conforme nos permite prevê a 
Teoria Institucional (MEYER; ROWAN, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 1983; ZUCKER, 
1977; SCOTT, 1991). 
Os achados dessa pesquisa vão ao encontro das predições delineadas pelo pensamento 
neo-institucional (MEYER; ROWAN, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 1983; ZUCKER, 1977; 
SCOTT, 1991), corroborando, de certo modo, evidências relatadas por alguns autores, tais 
como Moura e Dias Filho (2009); Ventura (2005); Deegan e Rankin (2002); Carpenter e 
Feroz (2001) e Mezias (1990). 
O modelo de regressão estimado com os dados de empresas do subsetor de Energia 
Elétrica revela-se estatisticamente significativo na explicação das variações das características 
estruturais e contábeis presentes dos referidos documentos textuais. Entretanto, a hipótese de 
que quanto mais fortes forem as pressões institucionais mais isomórficos seriam os RA 
observados, lastreada em ideias de Dimaggio e Powell (1983), apenas se mostra válida para a 
variável PII, que capturou, como demonstrado ao longo do texto, a exposição das 
organizações a pressões institucionais informalmente estatuídas naquele ambiente. 
Inversamente ao esperado, a variável PIF — Pressões Institucionais Formais mostrou-
se estatisticamente significativa na explicação da variação dos relatórios de administração 
publicados pelas empresas do subsetor de Energia Elétrica. Ou seja, quanto mais uma empresa 
se sente pressionada por tais forças, mais ela tende a publicar RA distante do padrão médio 
divulgado por seus pares — não coerente com os conceitos de pensamento neoinstitucional 
(MEYER; ROWAN, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 1983; SCOTT, 1991). Várias seriam as 
explicações para esse acontecimento. Primeiramente, poder-se-ia atribuir tal resultado ao erro 
amostral, inerente à forma como se estruturou este trabalho, cuja comprovação depende de 
realização de outras pesquisas que manuseiem amostras diferentes. 
Outra possível explicação para esse resultado é a de que o fator PIF foi formado com 
maior peso pelas variáveis: CPC, CVM, ANELL e LEI que têm, em alguma medida, uma 
dimensão técnica. Na variável lei, por exemplo, foi codificada a frequência com que empresas 
faziam alusão ao atendimento de instruções normativas a que se encontravam obrigadas. A 
interpretação e a implementação de tais regras impactariam diretamente o arranjo operacional 
das organizações, forçando-as a mudarem práticas e métodos já adotados. Outra importante 
consideração diz respeito ao atual processo de harmonização dos padrões de contabilidade 
brasileiros aos internacionais. Alterações promovidas na lei 6.404/76 e novas 
regulamentações da CVM ou do CPC, na época em que os RA estudados foram publicados, 
ainda na fase inicial de interpretação e aplicação, podem ter provocado esse fenômeno de 
heterogeneidade dos RA observados. Tal efeito, ao longo do prazo, tenderia a ser inverso, se 
predições da Teoria Institucional forem aplicáveis ao estudo do fenômeno em foco (MEYER; 
 
14 
ROWAN, 1977; DIMAGGIO; POWELL, 1983). Mas ratificar essa interpretação dependerá 
da realização de estudos que observem a variação ao longo de vários períodos, ficando aqui 
uma sugestão para futuras pesquisas. 
Ante o apresentado, espera-se que o presente estudo forneça contribuições para o 
desenvolvimento da pesquisa contábil brasileira. Especificamente para a agenda de pesquisa 
que esteja interessada em revelar como o comportamento contábil organizacional pode ser 
explicado por atributos e variáveis dos contextos sócio-institucionais nos quais corporações 
encontram-se inseridas. 
 
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