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RESPONSABILIDADE CIVIL DANOS ESTÉTICOS

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DANOS ESTÉTICOS
ALEX SANDRO VASCONCELOS DE ARAÚJO
ALEX SANDRO VASCONCELOS DE ARAÚJO
 
DANOS ESTÉTICOS
 Trabalho apresentado a Professora Karina Smith Chaves da disciplina Responsabilidade Civil Direito, da turma 90441 NA, turno noturno do curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau.
SUMÁRIO
	
1. INTRODUÇÃO..................................................................................p.04,05,06
2. CASO CONCRETO- JURISPRUDÊNCIA....................................................p.07
3. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.........................................................p.08,09
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................p.10
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................p.11
6. ANEXOS...........................................................P.12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22
	
NATAL, RN
ABRIL-2013
INTRODUÇÃO
Na atualidade estamos em constantes mudanças no âmbito da responsabilidade civil onde, novas leis tutelam o princípio da dignidade da pessoa humana valorando desta maneira o cidadão em face de quaisquer lesionamento e ato ilícito contra o individuo na sociedade.
Portanto, demonstrarei no decorrer deste trabalho o conceito de danos estéticos o entendimento dos tribunais, e de sua cumulação com danos morais corroborados posteriormente no caso concreto jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Conforme vem sendo delineado pela jurisprudência brasileira, o dano estético consiste em dano autônomo de caráter não patrimonial. Logo, embora haja corrente doutrinária que afirma o contrário, o dano estético consiste em dano distinto do dano moral (embora o primeiro para restar configurado necessite que o segundo também seja promovido pelo mesmo).
Segundo Tereza Ancona Lopez, dano estético pode ser conceituado da seguinte maneira (1): “qualquer modificação duradoura ou permanente na aparência externa de uma pessoa, modificação esta que lhe acarreta um “enfeamento” e lhe causa humilhações e desgostos, dando origem, portanto, a uma dor moral”. 
Não ingressando em debate que busque discutir, ou mesmo identificar, o que é bonito ou belo, evidente é que quando se discute sobre dano estético está se discutindo lesão à beleza física ou, mais sucintamente, à imagem física de um indivíduo. 
Tem-se que o dano estético consiste em ofensa aos direitos de personalidade da pessoa humana. Isto pelo fato de os mesmos consistirem em prerrogativas do indivíduo em relação às diversas dimensões que integram sua pessoa, dentre as quais se inclui o direito à integridade física, que, por sua vez, constitui-se mediante alguns elementos, conforme explicita Tereza Ancona Lopez (2): “fazem parte dessa integridade a saúde física e a aparência estética; por isso afirmamos ser o dano estético, (...), uma ofensa a um direito da personalidade”. 
Na seara da responsabilidade civil, para a configuração do dano estético e, dessa maneira, para o ensejo de uma reparação pecuniária que vise compensar o mesmo, não existe necessidade de que tal dano consista em lesão de alta gravidade (como, por exemplo, no caso de promover cicatriz evidente em parte visível do corpo humano, ou mesmo amputação de membro). Basta simplesmente que a pessoa, vítima da lesão, tenha sofrido alteração que promova com que a mesma não possua mais a aparência que possuía antes de sofrer a lesão. Mas sucintamente: após o dano ocorre desequilíbrio entre passado e presente, sendo que tal modificação é para pior. 
Para que o dano estético seja configurado é necessário que haja, necessariamente, todas as seguintes características: 
Existência do dano à integridade física da pessoa. Ou seja: lesão que promova “enfeamento” à imagem externa da pessoa atingida, sendo que tal alteração deve ser para pior.
A lesão promovida deve ser duradoura, devendo ser permanente ou, pelo menos, possuir efeito dano por tempo prolongado. Caso contrário, não há dano estético propriamente dito, mas sim atentado reparável à integridade física ou lesão estética passageira (estes se resolvem mediante a exigência de perdas e danos habituais). 
Não há necessidade de a lesão ser aparente. Ou seja, não existe necessidade que a mesma seja facilmente vista por terceiros. Basta somente que a mesma exista no corpo, mesmo que resida em partes nem sempre em evidência (partes íntimas, por exemplo). 
 Dessa forma, conduto não menos importante, aliás, muito pelo contrário, em se tratando do ponto mais importante a ser evidenciado quando se promove a conceituação de dano estético, há de ser ressaltado que o dano estético necessariamente enseja dano moral. Ou seja: persiste a necessidade da lesão à imagem externa da pessoa proporcionar à mesma um “mal-estar”, ou melhor, humilhação, tristeza, constrangimento, enfim, menos feliz em virtude do sofrido. Mais sucintamente, a ofensa à integridade física deve para o dano estético ser configurado promover sofrimento moral, sendo que este dano moral promovido pelo dano estético é puro, ou seja, não tem reflexo algum no patrimônio do lesionado. 
Em resumo, pode-se afirmar que são quatro os elementos que caracterizam o dano estético: piora na aparência, irreparabilidade, permanência e sofrimento moral. 
Por fim, como ponto válido, cabe ressaltar que, em virtude do dano estético pode ser promovido, além do dano moral evidentemente, dano material (por exemplo, funcionária pública que tem a mão e parte do antebraço amputados, caso concreto deste trabalho). 
Frise-se, que a parte estética de uma pessoa pode ser o que ela tem de mais belo, precioso e consequentemente de primordial importância para seu labor, ficando cristalino que uma marca estética pode causar problemas de mais alto grau para vida de um ser lesionanando a sua dignidade, modificando sua vida e corpo para sempre causando sofrimento e sequela permanente.
Desse modo, é certo afirmar que a responsabilidade civil tem o cunho de proteger e tutelar o direto de todos os cidadãos que necessitem da proteção de seus direitos contra atos ilícitos provocados aos mais vulneráveis, resguardando os princípios constitucionais de nossa Carta Magna. 
CASO CONCRETO JURISPRUDÊNCIA
Supremo Tribunal Federal
DJe 09/10/2012
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13
25/09/2012 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ
RELATOR 					 :MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) 					 :ESTADO DO CEARÁ
ADV.(A/S) 					 :OTHAVIO CARDOSO DE MELO
AGDO.(A/S)					 :DELMA DA COSTA RODRIGUES
ADV.(A/S)					 :DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO
EMENTA
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Omissão do poder público. Elementos da responsabilidade civil estatal demonstrados na origem. Danos morais e estéticos. Reexame de fatos e Provas. Impossibilidade. Precedentes.
1. O Tribunal de origem concluiu, com base nos fatos e nas provas Dos autos, que restaram devidamente demonstrados os pressupostos Necessários à configuração da responsabilidade civil subjetiva da Administração Pública pelos danos causados à agravada.
2. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de fatos e provas dos autos. Incidência da Súmula nº 279/STF.
3. Agravo regimental não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 25 de setembro de 2012.
MINISTRO DIAS TOFFOLI- Relator
ANÁLISE DO CASO CONCRETO
No caso talante, a indenização por danos estéticos é devida à Autora em razão dos prejuízos advindos com adepreciação da sua imagem, decorrentes da deformidade física permanente que passou a apresentar a partir do acidente (falta da mão e de parte do antebraço direito), enquanto que a indenização por danos morais funda-se na dor e no sofrimento oriundos da lesão física suportada pela Autora, que demandou submissão à procedimento fisioterápico, bem como o seu afastamento do trabalho durante um longo período de convalescença.
No entanto, a funcionária pública DELMA DA COSTA RODRIGUES lotada no Hospital Albert Sabin Estado do Ceará, notou que havia esquecido a chave do ambulatório onde trabalhava. Conquanto não tenha havido ordem expressa da Administração Pública para que a apelada retornasse à sua cassa quando o sinistro aconteceu, é incontroverso que houve o consentimento do Poder Público nesse sentido, o qual aquiesceu com a iniciativa da servidora de retornar à sua residência para lá apanhar uma chave, tendo incorrido, com tal consentimento, em negligência para com a segurança, a vida e a integridade do agente público.
Nesta senda, o Governo do Ceará apelou com agravo recursal contra decisão proferida originariamente em favor da funcionária pública. Assim, de acordo com julgamento do Superior Tribunal de Justiça, não merece reparo os montantes fixados a título de indenização por danos morais e estéticos, pois se mostram razoáveis e proporcionais à extensão do dano e às condições econômicas das partes. Apelação e Reexame necessário conhecidos e improvidos.
Acontece no caso em questão, a responsabilidade da Administração pública é subjetiva, pois houve omissão e negligência do órgão público Estadual para com sua funcionária destacando o ato ilícito e suas consequências transcritos no artigo 186 do Código Civil Brasileiro demonstrando o Ato ilícito que cause dano a outrem, surge o dever de indenizar, tutelando os princípios constitucionais através da responsabilidade civil e a valorização do ser humano em detrimento do patrimônio.
Sobre o recurso do Estado do Ceará referente ao reexame dos fatos e das provas não cabe a utilização do recurso extraordinário conforme a súmula 279 e entendimento Do Superior Tribunal Federal . 
A jurisprudência dessa Corte está sedimentada no sentido de que as alegações de ofensa a incisos do artigo 5º da Constituição Federal – legalidade, prestação jurisdicional, direito adquirido, ato jurídico perfeito, limites da coisa julgada, devido processo legal, contraditório, ampla defesa e juiz natural – podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso extraordinário.
No recurso extraordinário sustenta-se violação do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, foi decidido pelo colegiado ‘Com efeito, a não observância do dever de cuidado caracteriza omissão do empregador (culpa in vigilando), devendo este responder civilmente pelos danos decorrentes de acidente de trabalho.
(...)
E não há de se falar em culpa da vítima ou de terceiro (mototaxista) como excludentes da responsabilidade civil do ente público no acidente automobilístico em comento, pois, para tanto, a culpa da vítima ou de terceiro deveria ter se dado de forma exclusiva, o que não se depreende dos autos. Frise-se que, a esse respeito, cabia ao Promovido a prova (CPC, art.333, II), ônus do qual não se desincumbiu. Por sua vez, quanto à alegada impossibilidade de se conceder reparações por dano moral e por dano estético de forma autônoma, sob o fundamento de implicar bis in idem, não merece acolhida a irresignação do Apelante. É que, segundo orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça, as indenizações pelos danos moral e estético podem ser cumuladas, mesmo quando derivadas do
mesmo fato, se inconfundíveis suas causas e passíveis de apuração em separado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente uma das maiores problemáticas em relação ao dano estético se dar como avaliar o quantum indenizatório e a reparação do dano causado, sendo demonstrado através dos estudos do presente trabalho.
A reparação do dano estético, como dano moral, enseja uma série de dificuldades que, de resto, são as mesmas que enfrentam todos aqueles que tentam ver ressarcida uma lesão a um direito não patrimonial que se estende inevitavelmente a honra do indivíduo, a imagem e principalmente a dignidade da pessoa humana. 
O que se pretende com a reparação do dano estético é o ressarcimento pelo mal sofrido injustamente. O respeito à pessoa e aos seus direitos, em seu mais lato sentido, deve ser mantido, haja dificuldade que houver. 
A primeira dificuldade era a alegação de que era imoral compensar a dor com dinheiro, que consistia uma degradação do próprio sentimento esse pagamento em dinheiro, não considerando o prejuízo psicológico e o valor inestimável da honra e imagem. 
Hoje, a reparação do dano moral foi elevada à norma constitucional com apoio irrestrito da doutrina e da jurisprudência pátrias e agora também se encontra no novo Código Civil (art. 186).
Assim, nosso País vem galgando ano após ano uma melhor aplicação das normas constitucionais e legislação aplicável a estes casos de danos estéticos, ficando cristalino que os danos causados a pessoas não podem ser compensados em dinheiro e sim amenizados com o ressarcimento e punição dos que cometem atos ilícitos e lesionamento a outrem.
Portanto, punição que está começando a ganhar força no Brasil através do direito internacional em específico (Estados Unidos da América), Estado onde se deu origem à teoria do valor do desestímulo aplicando normas punitivas contra aqueles que praticam atos ilícitos.
 Resguardando a aplicação de uma punição para que o agressor não venha a cometer outra vez aquele mesmo ato que outrora havia realizado servindo de exemplo tal punição a toda sociedade (punitive damages ou exemplary damages), punindo com quantias de acordo com o patrimônio do querelado coibindo novos abusos contra a dignidade da pessoa humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://academico.direitorio.fgv.br/wiki/Dano_Est%C3%A9tico
http://pt.scribd.com/doc/116820715/Responsabilidade-Civil-Apresentacao-de-Powerpoint
http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=DANOS+EST%C3%89TICOS&s=jurisprudencia
http://jus.com.br/busca?q=DANOS+EST%C3%89TICOS&qs=revista
ANEXOS
Ementa e Acórdão
25/09/2012 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ
RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) :ESTADO DO CEARÁ
ADV.(A/S) :OTHAVIO CARDOSO DE MELO
AGDO.(A/S) :DELMA DA COSTA RODRIGUES
ADV.(A/S) :DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO
EMENTA
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Omissão
do poder público. Elementos da responsabilidade civil estatal
demonstrados na origem. Danos morais e estéticos. Reexame de fatos e
provas. Impossibilidade. Precedentes.
1. O Tribunal de origem concluiu, com base nos fatos e nas provas
dos autos, que restaram devidamente demonstrados os pressupostos
necessários à configuração da responsabilidade civil subjetiva da
Administração Pública pelos danos causados à agravada.
2. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de fatos e
provas dos autos. Incidência da Súmula nº 279/STF.
3. Agravo regimental não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do
Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata do julgamento e das
notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao
agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 25 de setembro de 2012.
MINISTRO DIAS TOFFOLI
Relator
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Supremo Tribunal Federal
DJe 09/10/2012
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13Relatório
25/09/2012 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ
RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) :ESTADO DO CEARÁ
ADV.(A/S) :OTHAVIO CARDOSO DE MELO
AGDO.(A/S) :DELMA DA COSTA RODRIGUES
ADV.(A/S) :DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
Estado do Ceará interpõe tempestivo agravo regimental contra
decisão em que se conheceu de agravo para negar seguimento ao recurso
extraordinário, com a seguinte fundamentação:
“Vistos.
Trata-se de agravo contra a decisão que não admitiu
recurso extraordinário interposto contra acórdão da Segunda
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, assim
ementado:
‘APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -
NULIDADE DA SENTENÇA - AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINAR REJEITADA -
ACIDENTE DE TRABALHO - REPARAÇÃO DE DANOS
COM FULCRO NO ART. 7º, INCISO XXVIII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA DO EMPREGADOR - AUSÊNCIA DO DEVER
DE CUIDADO - CULPA IN VIGILANDO - CAUSAS
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADES -
INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - ÔNUS DO
PROMOVIDO - FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS E ESTÉTICOS DE FORMA
AUTÔNOMA - POSSIBILIDADE QUANDO
INCONFUNDÍVEIS SUAS CAUSAS E PASSÍVEIS DE
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 13
Relatório
ARE 697.802 AGR / CE
APURAÇÃO EM SEPARADO - QUANTUM
INDENIZATÓRIO SATISFATÓRIO - COMPATÍVEL À
EXTENSÃO DO DANO E ÀS CONDIÇÕES
ECONÔMICAS DAS PARTES. 1. Em que pese as
alegações do Recorrente, não se deve olvidar que o que
enseja o decreto de nulidade da sentença é a ausência e
não a sucinta fundamentação. Assim, não ofende o art. 93,
IX da Constituição Federal a decisão que, embora de
forma sucinta, apresenta seus fundamentos de maneira
clara e direta. No caso em destrame, verifica-se que a
sentença recorrida, mesmo que sucintamente, apresentou
as razões de direito e de fato que a balizaram. 2. Com
relação à ação civil de reparação de dano derivada de
acidente de trabalho, que é o presente caso, a
responsabilidade é subjetiva, exigindo-se a comprovação
de culpa do empregador ou de seus prepostos, nos termos
do art. 7º, XXVIII, da Carta Magna. 3. Em caso de acidente
de trabalho, ao contrário do que ocorre na
responsabilidade por atos de seus agentes perante
terceiros (CF, art. 37, § 6º), aplicam-se ao Estado as
mesmas regras do empregador particular, ou seja,
necessário se faz a demonstração, pelo empregado (CPC,
art. 333,I), dos pressupostos que autorizam a
responsabilidade civil subjetiva, quais sejam, a existência
do dano, da culpabilidade do agente (ato ilícito) e do nexo
de causalidade entre a atitude do agente e o prejuízo
sofrido pela vítima. 4. Não raro, a ilicitude do empregador
pode decorrer da não-observância do dever de cuidado a
ele atribuído, enquanto o obreiro estiver exercendo o seu
labor. Com efeito, a não observância do dever de cuidado
caracteriza omissão do empregador (culpa in vigilando),
devendo este responder civilmente pelos danos
decorrentes de acidente de trabalho. 5. E não há de se falar
em culpa da vítima ou de terceiro como excludentes da
responsabilidade civil do ente público no acidente
automobilístico em questão, pois, para tanto, a culpa da
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 13
Relatório
ARE 697.802 AGR / CE
vítima ou de terceiro deveria ter se dado de forma
exclusiva, o que não se depreende dos autos. Registre-se
que, a esse respeito, cabia ao Promovido a prova (CPC, art.
333, II), ônus do qual não se desincumbiu. 6. Segundo
orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça, ‘as
indenizações pelos danos moral e estético podem ser
cumuladas, mesmo quando derivadas do mesmo fato, se
inconfundíveis suas causas e passíveis de apuração em
separado’. Na hipótese dos autos, a indenização por danos
estéticos é devida à autora em razão dos prejuízos
advindos com a depreciação da sua imagem, decorrentes
da deformidade física permanente que passou a
apresentar a partir do acidente (falta da mão e de parte do
braço direito), enquanto que a indenização por danos
morais funda-se na dor e no sofrimento oriundos da lesão
física suportada pela Autora, que demandou submissão à
procedimento fisioterápico, bem como o afastamento do
seu trabalho durante um longo período de convalescença.
7. Não merece reparo os montantes fixados à título de
indenização por danos morais e estéticos, pois se mostram
razoáveis e proporcionais à extensão do dano e às
condições econômicas das partes. 8. Apelação e Reexame
necessário conhecidos e improvidos. 9. Sentença
condenatória mantida, embora que por fundamento
diverso’ (fls. 218 a 219).
Opostos embargos declaratórios (fls. 232 a 235), foram
rejeitados (fls. 241 a 246).
No recurso extraordinário sustenta-se violação do artigo
37, § 6º, da Constituição Federal.
Decido.
Não merece prosperar a irresignação, haja vista que o
acórdão recorrido baseou seu convencimento a partir do
conjunto probatório que permeia a lide, analisando os fatos
ensejadores dos danos materiais e morais, bem como à
responsabilidade do agravante em indenizar o agravado. Colhe-
3
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 13
Relatório
ARE 697.802 AGR / CE
se do voto condutor do acórdão recorrido:
‘Com efeito, a não observância do dever de cuidado
caracteriza omissão do empregador (culpa in vigilando),
devendo este responder civilmente pelos danos
decorrentes de acidente de trabalho.
(...)
E não há de se falar em culpa da vítima ou de
terceiro (mototaxista) como excludentes da
responsabilidade civil do ente público no acidente
automobilístico em comento, pois, para tanto, a culpa da
vítima ou de terceiro deveria ter se dado de forma
exclusiva, o que não se depreende dos autos. Frise-se que,
a esse respeito, cabia ao Promovido a prova (CPC, art.
333,II), ônus do qual não se desincumbiu.
Por sua vez, quanto à alegada impossibilidade de se
conceder reparações por dano moral e por dano estético
de forma autônoma, sob o fundamento de implicar bis in
idem, não merece acolhida a irresignação do Apelante. É
que, segundo orientação do Colendo Superior Tribunal de
Justiça, as indenizações pelos danos moral e estético
podem ser cumuladas, mesmo quando derivadas do
mesmo fato, se inconfundíveis suas causas e passíveis de
apuração em separado.
(...)
No caso telante, a indenização por danos estéticos é
devida à Autora em razão dos prejuízos advindos com a
depreciação da sua imagem, decorrentes da deformidade
física permanente que passou a apresentar a partir do
acidente (falta da mão e de parte do antebraço direito),
enquanto que a indenização por danos morais funda-se na
dor e no sofrimento oriundos da lesão física suportada
pela Autora, que demandou submissão à procedimento
fisioterápico, bem como o seu afastamento do trabalho
durante um longo período de convalescença.
Destarte, embora que por fundamento diverso, deve
4
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Relatório
ARE 697.802 AGR / CE
ser mantida a condenação do Estado do Ceará ao
pagamento da indenização por danos morais e estéticos.
Demais disso, não merece reparo os montantes fixados à
título de indenização, pois se mostram razoáveis e
proporcionais à extensão do dano e às condições
econômicas das partes’ (fl. 226 a 230).
Desse modo, para acolher a pretensão do agravante e
ultrapassar o entendimento do Tribunal de origem seria
necessário o reexame das provas dos autos, o que não é cabível
em sede de recurso extraordinário. Incidência da Súmula nº 279
desta Corte. Nesse sentido, anote-se:
‘CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ART. 37,
§ 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO DE
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. SÚMULA 279 do STF. I
- A apreciação do recurso extraordinário, no que concerne
à alegada ofensa ao art. 37, § 6º, da Constituição, encontra
óbice na Súmula 279 do STF. Precedentes do STF. II -
Agravo regimental improvido’ (RE nº 484.277/SE-AgR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJ de 7/12/07).
‘RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO
- PRESSUPOSTOS PRIMÁRIOS QUE DETERMINAM A
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO - O
NEXO DE CAUSALIDADE MATERIAL COMO
REQUISITO INDISPENSÁVEL À CONFIGURAÇÃO DO
DEVER ESTATAL DE REPARAR O DANO - NÃOCOMPROVAÇÃO,
PELA PARTE RECORRENTE, DO
VÍNCULO CAUSAL - RECONHECIMENTO DE SUA
INEXISTÊNCIA, NA ESPÉCIE, PELAS INSTÂNCIAS
ORDINÁRIAS - SOBERANIA DESSE
PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL EM MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA - INVIABILIDADE DA
5
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Relatório
ARE 697.802 AGR / CE
DISCUSSÃO, EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA,
DA EXISTÊNCIA DO NEXO CAUSAL -
IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA (SÚMULA 279/STF) - RECURSO
DE AGRAVO IMPROVIDO. - Os elementos que compõem
a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade
do dano, (b) a causalidade material entre o 'eventus
damni' e o comportamento positivo (ação) ou negativo
(omissão) do agente público, (c) a oficialidade da
atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder
Público que tenha, nessa específica condição, incidido em
conduta comissiva ou omissiva, independentemente da
licitude, ou não, do comportamento funcional e (d) a
ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.
Precedentes. - O dever de indenizar, mesmo nas hipóteses
de responsabilidade civil objetiva do Poder Público,
supõe, dentre outros elementos (RTJ 163/1107-1109, v.g.), a
comprovada existência do nexo de causalidade material
entre o comportamento do agente e o ‘eventus damni’,
sem o que se torna inviável, no plano jurídico, o
reconhecimento da obrigação de recompor o prejuízo
sofrido pelo ofendido. - A comprovação da relação de
causalidade - qualquer que seja a teoria que lhe dê suporte
doutrinário (teoria da equivalência das condições, teoria
da causalidade necessária ou teoria da causalidade
adequada) - revela-se essencial ao reconhecimento do
dever de indenizar, pois, sem tal demonstração, não há
como imputar, ao causador do dano, a responsabilidade
civil pelos prejuízos sofridos pelo ofendido. Doutrina.
Precedentes. - Não se revela processualmente lícito
reexaminar matéria fático-probatória em sede de recurso
extraordinário (RTJ 161/992 - RTJ 186/703 - Súmula
279/STF), prevalecendo, nesse domínio, o caráter soberano
do pronunciamento jurisdicional dos Tribunais ordinários
sobre matéria de fato e de prova. Precedentes. - Ausência,
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Relatório
ARE 697.802 AGR / CE
na espécie, de demonstração inequívoca, mediante prova
idônea, da efetiva ocorrência dos prejuízos alegadamente
sofridos pela parte recorrente. Não-comprovação do
vínculo causal registrada pelas instâncias ordinárias’ (RE
nº 481.110/PE, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso
de Mello, DJ de 9/3/07).
‘RE: descabimento: debate relativo à existência de
nexo de causalidade a justificar indenização por dano
material e moral, que reclama o reexame de fatos e provas:
incidência da Súmula 279’ (AI nº 359.016/DF-AgR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence,
DJ de 7/5/04).
Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento
ao recurso extraordinário.”
Aduz o agravante, in verbis, que:
“(...) in casu o apelo extremo dispensa a apreciação de
provas, pois seus argumentos não dependem de mudança no
quadro fático, mas tão somente da adequada apreciação do
direito.
Não se questiona o acidente automobilístico sofrido pela
Agravada. Não se nega a ocorrência do mesmo, nem suas
circunstâncias. Questiona-se apenas se os fatos incontroversos
levam à conclusão pela responsabilidade da Administração.”
É o relatório.
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
25/09/2012 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ
VOTO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
O inconformismo não merece prosperar.
Colhe-se do voto condutor do acórdão recorrido:
“(...) com relação à ação civil de reparação de dano
derivada de acidente de trabalho, que é o presente caso, a
responsabilidade é subjetiva, exigindo-se do empregado a
comprovação da culpa do empregador, (...)
(...) no escopo de se responsabilizar civilmente o
empregador pelo acidente automobilístico noticiado,
equiparando-o a acidente de trabalho, necessário se faz
comprovar a relação de causalidade entre o acidente de
percurso e o ambiente laboral ou à prestação de serviço.
(...)
Na espécie, é fato incontroverso que o sinistro ocorreu
quando a Autora dirigia-se, em horário de expediente, do
Hospital Albert Sabin, onde trabalhava, para a sua residência,
com a finalidade de pegar a cópia da chave do ambulatório
daquela unidade hospitalar.
(...) em caso de acidente de trabalho, ao contrário do que
ocorre na responsabilidade por atos de seus agentes perante
terceiros (CF, art. 37, § 6º), aplicam-se ao Estado as mesmas
regras do empregador particular, ou seja, mister se faz a
demonstração, pelo empregado (CPC, art. 333, I), dos
pressupostos que autorizam a responsabilidade civil subjetiva,
quais sejam a existência do dano, da culpabilidade do agente
(ato ilícito) e do nexo de causalidade entre a atitude do agente e
o prejuízo sofrido pela vítima.
(...)
In casu, sobre a culpa do ente público no acidente de
trabalho que vitimou a autora, cumpre transcrever trecho do
parecer de fls. 191-204, da lavra do i. Representante do
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 697.802 AGR / CE
Ministério Público de Segundo Grau, que ora adoto como parte
da fundamentação:
‘(...) visualizamos com facilidadeque houve
negligência do Estado no seu dever objetivo de cuidado
com a segurança, a vida e a integridade da apelada, na
qualidade de servidora pública.
(...) conquanto não tenha havido ordem expressa da
Administração Pública para que a apelada retornasse à
sua cassa quando o sinistro aconteceu, é incontroverso que
houve o consentimento do Poder Público nesse sentido, o
qual aquiesceu com a iniciativa da servidora de retornar à
sua residência para lá apanhar uma chave, tendo
incorrido, com tal consentimento, em negligência para
com a segurança, a vida e a integridade do agente público.
(...)
Dessa forma, por tudo o que dissemos até aqui,
entendemos encontrar-se claramente configurada a figura
da omissão do ente público, que poderia ter tomado
algumas providências apontadas acima, ou outras, a fim
de zelar pela vida, pela segurança e pela integridade física
de sua servidora pública, incorrendo assim, em culpa na
modalidade negligência, que gera um dever de indenizar
amparado no Código Civil.’”
Desse modo, é certo que o Tribunal de origem, no tocante aos fatos
ensejadores dos danos morais e estéticos, concluiu pela responsabilidade
civil subjetiva da Administração Pública e o consequente dever de
indenizar, haja vista a configuração da negligência do Estado pela não
observância ao seu dever de cuidado, com fundamento nos elementos
fáticos-probatórios constantes dos autos. Assim, para ultrapassar tal
entendimento seria necessário o reexame dos fatos e das provas, o que é
inviável em recurso extraordinário. Incidência da Súmula nº 279/STF.
Nesse sentido, anote-se:
“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 697.802 AGR / CE
INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
POR DANOS CAUSADOS POR INTEGRANTES DO MST.
CARACTERIZADA OMISSÃO CULPOSA DAS
AUTORIDADES POLICIAIS, QUE NÃO CUMPRIRAM
MANDADO JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE,
TAMPOUCO JUSTIFICARAM SUA INÉRCIA. REVISÃO DE
FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO 279 DA
SÚMULA/STF. A qualificação do tipo de responsabilidade
imputável ao Estado, se objetiva ou subjetiva, constitui
circunstância de menor relevo quando as instâncias ordinárias
demonstram, com base no acervo probatório, que a inoperância
estatal injustificada foi condição decisiva para a produção do
resultado danoso. Precedentes: RE 237561, rel. Min. Sepúlveda
Pertence, Primeira Turma, DJ 05.04.2002; RE 283989, rel. min.
Ilmar Galvão, Primeira Turma, DJ 13.09.2002. Agravo
regimental a que se nega provimento” (AI nº 600.652/PR-AgR,
Segunda Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJe de
24/10/11).
“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MORTE POR
EXPLOSÃO EM FÁBRICA DE PÓLVORA. OMISSÃO DO
ESTADO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO
STF. MATÉRIA DE FATO. SÚMULA 279 DO STF. AGRAVO
IMPROVIDO. I – Como tem consignado o Tribunal, por meio
da Súmula 282, é inadmissível o recurso extraordinário se a
questão constitucional suscitada não tiver sido apreciada no
acórdão recorrido. Ademais, a tardia alegação de ofensa ao
texto constitucional, apenas deduzida em embargos de
declaração, não supre o prequestionamento. II - A análise da
questão dos autos demanda o reexame de matéria fática, o que
impede o processamento do recurso extraordinário, a teor da
Súmula 279 do STF. III - Agravo regimental improvido” (RE nº
603.342/PE-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJe de 1/2/11).
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 697.802 AGR / CE
“DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
ART. 37, § 6º, CF/88. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO
ESTADO. OMISSÃO. FALTA DE CONSERVAÇÃO E
MANUTENÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. QUEDA DE ÁRVORE.
NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS:
SÚMULA STF 279. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 5º,
LIV, DA CF/88. OFENSA REFLEXA. 1. O Tribunal a quo, a
partir da análise dos fatos e das provas dos autos, concluiu que
houve omissão, imputável ao poder público, que detinha o
dever de conservação e manutenção de árvore, e concluiu pela
responsabilidade subjetiva do agravante pelos danos causados
à autora. Incidência, na espécie, da Súmula STF 279. 2. A
jurisprudência dessa Corte está sedimentada no sentido de que
as alegações de ofensa a incisos do artigo 5º da Constituição
Federal – legalidade, prestação jurisdicional, direito adquirido,
ato jurídico perfeito, limites da coisa julgada, devido processo
legal, contraditório, ampla defesa e juiz natural – podem
configurar, quando muito, situações de ofensa meramente
reflexa ao texto da Constituição, circunstância essa que impede
a utilização do recurso extraordinário. 3. Agravo regimental a
que se nega provimento” (AI nº 830.461/PA-AgR, Segunda
Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 16/8/11).
“1. Recurso extraordinário: descabimento: acórdão
recorrido fundado na responsabilidade subjetiva civil do
Estado, matéria regida por legislação infraconstitucional:
alegada violação ao texto constitucional que, se ocorresse, seria
reflexa ou indireta: incidência da Súmula 636. 2. Recurso
extraordinário: inviabilidade para o reexame dos fatos da causa,
que devem ser considerados na ‘versão do acórdão recorrido’:
incidência da Súmula 279: precedentes” (RE nº 294.258/ALAgR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence,
DJ de 2/3/07).
Nego provimento ao agravo regimental.
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Decisão de Julgamento
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802
PROCED. : CEARÁ
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) : ESTADO DO CEARÁ
ADV.(A/S) : OTHAVIO CARDOSO DE MELO
AGDO.(A/S) : DELMA DA COSTA RODRIGUES
ADV.(A/S) : DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro
Dias Toffoli. 1ª Turma, 25.9.2012.
Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. Presentes à
Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux e Rosa Weber.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz
Lucas.
Carmen Lilian Oliveira de Souza
Secretária da Primeira Turma
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