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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
ALEX SANDRO VASCONCELOS DE ARAÚJO
NATAL
NOVEMBR-2013
ALEX SANDRO VASCONCELOS DE ARAÚJO
	
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 Trabalho apresentado ao Professor Nilo Ferreira Pinto Junior da disciplina Direito Processual Constitucional I, da turma 90451 NA, turno noturno do curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau.
 
Faculdade Maurício de Nassau
Natal - 14-11-2013
	
1-INTRODUÇÃO
Neste trabalho, conseguiu-se analisar em seu âmago se tratando de controle de constitucionalidade e os efeitos do reconhecimento da inconstitucionalidade são temas que somente podem ser suficientemente apreendidos mediante a verificação do curso da História, a sua lenta evolução aqui e alhures; o método histórico mostra-se eficiente para afastar dos incautos as afirmações, quase sempre equivocadas, de que o Direito tem conteúdo cerebrino, despreza os fatos e inadmite a lenta evolução que flui naturalmente do modo de ser de todas as coisas.
Contudo, não se mostra adequado o vezo que tanto nos ocorre de atribuir a evolução à importação obtusa de modelos estrangeiros que exterminaria o que muitos consideram o imprescindível caráter de nacionalismo que deveria impregnar nossas instituições. 
Entretanto, em tema de controle de constitucionalidade, o que se pode observar é que nosso país tem desenvolvido um complexo sistema cujos elementos foram importados de outras plagas, embora aqui sejam aperfeiçoados de modo absolutamente peculiar, a introduzir uma síntese que surge como característica original do nosso Direito Constitucional. 
No entanto, vale salutar que o instituto do Controle de Constitucionalidade  no  direito brasileiro é talvez um dos mais importantes dentro de todo o estudo jurídico pátrio. Ficando cristalino o objetivo maior do Direito Constitucional é o que se chama de “filtragem constitucional”. Isso quer dizer que todas as espécies normativas do ordenamento jurídico devem existir ser consideradas como válidas e analisadas sempre sob a luz da Constituição Federal. 
Assim, através dessa contumélia é que se afere se elas são ou não constitucionais. Então é nesse momento que entra o controle de constitucionalidade, para observar se as leis e normas estão compatíveis com a Carta Magna. Chama-se de compatibilidade vertical, pois é a CF quem rege todas as outras espécies normativas de modo hierárquico, tanto do ponto de vista formal (procedimental), quanto material (conteúdo da norma).
Frize-se, quando se tem a ideia de controle de constitucionalidade, significa dizer então que é feita uma verificação para saber se as leis ou atos normativos estão compatíveis com a Constituição Federal, tanto sob o ponto de vista formal, quanto o material.
2-CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Nesse diapasão, è de primordial importância sabermos onde se deu o primeiro precedente histórico. Entretanto O primeiro caso judicial em que uma Suprema Corte, no caso a Suprema Corte norte-americana, afirmou seu poder de exercer o controle de constitucionalidade foi em Marbury v. Madison.
Em 1800, nas eleições presidenciais realizadas nos Estados Unidos, o então presidente federalista John Adams foi derrotado pela oposição republicana, perdendo representação tanto na esfera Legislativa quanto Executiva, sendo Thomas Jefferson o novo presidente. Com o intuito de manter sua influência política no Poder Judiciário, os federalistas, antes do término do mandato de John Adams, aprovaram uma lei de reorganização do Judiciário federal - The Circui Court Act, visando reduzir o número de Ministros da Suprema Corte, impedindo que o presidente sucessor, Thomas Jefferson, nomeasse novos Ministros após a aposentadoria dos atuais.
Em seguida, nova lei - the Organic Act of the District of Columbia autorizou o presidente a nomear quarenta e dois juízes de paz, sendo todos confirmados pelo Senado na véspera da posse de Thomas Jefferson. Como ainda era presidente, em seu último dia efetivo, John Adams assinou os atos de investidura dos novos juízes de paz nomeados, cabendo ao seu Secretário de Estado, John Marshall, entregá-los. Em meio às pressões de final de mandato e sem tempo de entregar todas as nomeações, John Marshall não conseguiu concluir a sua tarefa e alguns juízes nomeados ficaram sem receber o ato de investidura, pois havia sido nomeado como presidente da Suprema Corte.
Ao tomar posse, Thomas Jefferson indicou como seu Secretário de Estado James Madison, a quem caberia continuar a entrega dos atos de investidura. No entanto, por designação do próprio presidente, o Secretário Madison recusou-se a entregar os atos faltantes. Dentre os juízes não empossados no cargo estava William Marbury, que buscou ver seu direito judicialmente garantido, por meio de propositura de ação judicial - writ of mandamus. No meio tempo, os novos integrantes do Congresso, de maioria republicana, revogaram a lei de reorganização do Judiciário federal aprovada pelo presidente John Adams, extinguindo os cargos de juízes de paz criados e destituindo seus ocupantes. O pedido formulado por Marbury foi aprecia do pela Suprema Corte, já em meio a um contexto politicamente conturbado, pois o presidente da Corte era o antigo Secretário de Estado, Marshall.
"O caso Marbury v. Madison foi a primeira decisão na qual a Suprema Corte afirmou seu poder de exercer o controle de constitucionalidade, negando aplicação a leis que, de acordo com sua interpretação, fossem inconstitucionais. Assinale-se, por relevante, que a Constituição não conferia a ela ou a qualquer outro órgão judicial, de modo explícito, competência dessa natureza. 
Ao julgar o caso, a Suprema Corte buscou demonstrar que a inconstitucionalidade da lei não era a única cabível, visto que poderia ser reconhecida a incompetência da Corte ou o descabimento do writ of mandamus por outras razões, atribuição que decorreria logicamente do sistema. No voto elaborado por Marshall, a argumentação para indeferir o pedido de Marbury vinha da discussão da natureza das categorias de atos do Executivo, ou seja, que não eram passíveis de revisão judicial, sendo estes atos de natureza política e atos que a Constituição ou a lei houvessem atribuído a sua exclusiva discricionariedade. Deste modo, Marshall ainda enunciou três grandes fundamentos que justificam o controle de constitucionalidade, como segue: (i) a supremacia da Constituição, (ii) a nulidade da lei que contrarie a Constituição e (iii) é o Poder Judiciário o intérprete final da Constituição. De todo o modo, a decisão da Suprema Corte foi alvo de inúmeras críticas, como a influência das circunstâncias políticas no julgamento do Judiciário, vejamos o argumento de Barroso.
"Ao estabelecer a competência do Judiciário para rever os atos do Executivo e do Legislativo à luz da Constituição, era o seu próprio poder que estava demarcando, poder que, aliás, viria a exercer pelos trinta e quatro longos anos em que permaneceu na presidência da Corte. A decisão trazia, no entanto, um toque de inexcedível sagacidade política. É que as teses nela veiculadas, que em última análise davam poderes ao Judiciário sobre outros dois ramos de governo, jamais seriam aceitas passivamente por Jefferson e pelos republicanos do Congresso."
No âmbito brasileiro, a Constituição imperial de 1824 nada versava sobre a possibilidade de controle de constitucionalidade, tendo sido introduzido expressamente na Constituição de 1891. De acordo com Gilmar Ferreira Mendes, a figura prévia ao Controle de Constitucionalidade, ou como chama o autor, controle abstrato de normas, foi a representação interventiva. Já na Constituinte de 1891, já havia sido discutida a possibilidade de outorgar ao Supremo Tribunal Federal a competência para conhecer da alegação de ofensa pelo Estado-Membro a determinados princípios da ordem federativa. Assim explica o autor:
O regime republicano inaugura uma nova concepção.A influência do Direito norte-americano sobre personalidades marcantes, como a de Rui Barbosa, parece ter sido decisiva para a consolidação do modelo difuso, consagrado já na chamada Constituição Provisória de 1890 (art. 58, § 1º, a e b).
E continua:
A Constituição de 1891 incorporou essas disposições, reconhecendo a competência do Supremo Tribunal Federal para rever as sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, quando se questionasse a validade ou a aplicação de tratados e leis federais e a decisão do Tribunal fosse contra ela, ou quando se contestasse a validade de leis ou atos federais, em face da Constituição ou das leis federais e a decisão do Tribunal considerasse válidos esses atos ou leis impugnadas (art. 59, § 1º a e b).
Dessa forma, a decretação de intervenção federal ficava subordinada a prévia aferição judicial, ideia esta positiva na Constituição de 1934. Nos conflitos entre União e os Estados foi introduzido processo especial perante o Supremo Tribunal Federal, que deveria ser iniciado mediante iniciativa do Procurador-Geral da República, conforme estabelecia o art. 12, § 2º deste diploma legal. A Constituição de 1946 também adotou, com modificações, o modelo de representação interventiva. Como aponta Gilmar Mendes, em vez da constatação da constitucionalidade da lei, deveria o Tribunal aferir diretamente a compatibilidade do direito estadual com os chamados princípios sensíveis. Mesmo que configurasse forma especial de composição de conflitos federativos, a jurisprudência e a doutrina brasileira caracterizaram esse processo como típico processo de controle abstrato de normas.
O controle de constitucionalidade só viria a sofrer inovação radical com a Emenda Constitucional n. 16 de 1965, mas já sob o regime militar, tendo sido instituída a ação genérica de inconstitucionalidade, oferecendo competência ao Supremo Tribunal Federal para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato federal, mediante representação que lhe fosse encaminhada pelo Procurador-Geral da República.
Neste ponto, há que se chamar atenção para a dupla função exercida pelo Procurador-Geral da República até a promulgação da Constituição de 1988, exercendo o papel recomendado por Hans Kelsen de um advogado da Constituição (Verfassungsanwalt), como explicita Gilmar Mendes:
Embora o constituinte tenha moldado o controle abstrato de normas segundo o modelo de representação interventiva, confiando a instauração do processo ao Procurador-Geral da República, convém assinalar que apenas na forma a nova modalidade de controle apresentava alguma semelhança com aquele processo de composição de conflitos entre o Estado e a União. Enquanto representação interventiva pressupunha uma alegação de ofensa (efetiva ou aparente) a um princípio sensível e, portanto, um peculiar conflito entre a União e o Estado, destinava-se o novo processo à defesa geral da Constituição contra leis inconstitucionais.
O controle abstrato de normas na Constituição de 1988 sofre significativas mudanças, principalmente com a ampliação do direito de propositura da ação direta. Anteriormente à Constituição de 1988, havia monopólio da ação direta de inconstitucionalidade apenas por parte do Procurador-Geral da República. A Constituição de 1988 ampliou o leque de legitimados à propositura da ação no art. 103, dentre eles: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa, o Governador do Estado ou do Distrito Federal, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional, as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
Desta feita, com esta modificação radical, segundo Gilmar Mendes, a Constituição de 1988 reduziu o significado do Controle de Constitucionalidade incidental ou difuso, ao ampliar, de forma, marcante, a legitimação para propositura da ação direta de constitucionalidade, permitindo que, praticamente, todas as controvérsias constitucionais relevantes sejam submetidas ao Supremo Tribunal Federal mediante processo de controle abstrato de normas.
Acrescenta, nesse mesmo sentido, Fabiana Luci de Oliveira que a o sistema de controle de constitucionalidade de leis adotado com a Constituição de 1988 é ainda híbrido porque, embora reserve cada vez mais para o Supremo Tribunal Federal a função de julgar a constitucionalidade das leis (sistema concentrado), permite que os tribunais inferiores julguem casos de constitucionalidade, permanecendo válido o sistema difuso.
3-PRINCÍPIOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
No presente trabalho, pretende-se analisar um dos temas abordados, precipuamente a Hermenêutica Constitucional, tratada na seara em vertente. Discorrendo logo a seguir sobre os princípios específicos de interpretação constitucional, quais sejam:
1 - Princípio da SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO – O qual situa a Lei Maior no vértice do ordenamento jurídico, constituindo seu texto fundamento de validade para a legislação infraconstitucional. Trata-se, nesse momento, do reconhecimento de um princípio da “supremacia da Constituição”. A origem histórica do conceito remonta à época do abade EMMANUEL JOSEPH SIEYÈS, que, na obra “O que é o Terceiro Estado?”, formulou de maneira pioneira a distinção entre “Poder Constituinte Originário” – que teria natureza de “poder de direito”, vez que limitado pelo Direito Natural – e “Poder Constituído”, estabelecido pelo texto constitucional original. No mesmo livro, ratificou o autor a ideia da Constituição como “Lei Fundamental”, como documento hierarquicamente superior em relação às normas infraconstitucionais. A noção de supremacia da Constituição, entretanto, somente assume importância em países com constituições rígidas, onde o processo de reforma é mais complexo do que o da elaboração de uma legislação ordinária e possui estreita relação com a matéria de “controle de constitucionalidade”.
2 - Princípio da PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E ATOS DO PODER PÚBLICO – Trata-se, em verdade, de derivação do princípio da “Separação de Poderes”, cuja visão tradicional – formulada por JOHN LOCKE e explicitada por MONTESQUIEU - previa especialização funcional para cada um dos Poderes Constituídos: ao Executivo caberia a tarefa de execução das leis, através da edição de decretos e atos administrativos; ao Legislativo reservar-se-ia o papel de elaboração das normas; e ao Judiciário restaria a função de proferir o direito com grau de definitividade.
Segundo o palestrante, Professor Christiano Taveira que ministrou o curso de controle de constitucionalidade pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, ressalta que compete ao Judiciário o papel de intérprete qualificado das leis e de guardião da Constituição, toda atividade relacionada ao “controle de constitucionalidade” deve ser exercida com extrema parcimônia. Importa dizer, ao invalidar ato emanado de outro Poder (Legislativo), deve o Poder Judiciário – cujos membros não têm o batismo do voto popular - fazê-lo com cautela, haja vista estar, nessa hipótese, exercendo função atípica.
Pelo princípio da presunção da constitucionalidade das leis e atos do Poder Público, todo ato normativo – oriundo, em geral, do Poder Legislativo - presume-se constitucional até prova em contrário. Uma vez promulgada e sancionada uma lei, passa ela a desfrutar de presunção relativa (ou iuris tantum) de constitucionalidade.
Neste sentido ensina Luís Roberto Barroso: 
“a presunção de constitucionalidade das leis encerra, naturalmente, uma presunção iuris tantum, que pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário do órgão jurisdicional competente (...). Em sua dimensão prática, o princípio se traduz em duas regras de observância necessária pelo intérprete e aplicador do direito:
(a) não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se considerar a norma como válida, deve o órgãocompetente abster-se da declaração de inconstitucionalidade; 
(b) havendo alguma interpretação possível que permita afirmar-se a compatibilidade da norma com a Constituição, em meio a outras que carreavam para ela um juízo de invalidade, deve o intérprete optar pela interpretação legitimadora, mantendo o preceito em vigor”. 
3 - PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO - Do ponto de vista da hermenêutica constitucional, dois princípios elementares podem (e devem) ser utilizados pelo intérprete e operador do Direito. Em primeiro plano, em virtude da presunção de constitucionalidade das leis e atos normativos, quando a invalidade de uma norma não seja manifesta e inequívoca, a dúvida eventualmente suscitada milita em favor de sua preservação. Em segundo plano, uma norma também não deve ser declarada inconstitucional, quando se revelar possível a utilização de uma interpretação que a permita ser compatível com o corpo da Constituição.
Na segunda hipótese, consoante o denominado princípio da “interpretação conforme a Constituição”, em havendo interpretações plausíveis e alternativas, merecerá prestígio e acolhimento a que estiver compatível com a Constituição.
A aplicação deste princípio deve ocorrer somente de forma alternativa, quando houver somente uma maneira de resguardar a validade do ato normativo sob ataque.
Como se infere de jurisprudência recente, o princípio tem sofrido ampla aceitação nos tribunais superiores, mas não escapa de crítica pontual por parte da doutrina publicista. Dessa forma, deve ser rejeitada a sua aplicação desmedida, quando, sob o pretexto de “interpretar uma norma conforme a Constituição” vier o intérprete a atuar como verdadeiro legislador positivo, escapando ao limite da literalidade da norma, chegando a criar nova regra, distinta da intenção inicialmente planejada pelo Legislador (mens legislatoris).
4 - PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO – Que traduz, em verdade, especificação do método clássico da interpretação sistemática. Sabe-se que a Constituição não consiste propriamente em um aglomerado desordenado de normas; ao contrário, constitui texto uno, indivisível; por isso, um dispositivo constitucional deve ser interpretado em harmonia com os demais.
5 - PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE – Conforme já visto anteriormente, no estudo da aplicabilidade das normas constitucionais, toda norma possui, em alguma medida, um grau de eficácia jurídica. Pela tipologia clássica de JOSÉ AFONSO DA SILVA, existiriam normas de eficácia plena, contida e limitada.
A doutrina da “máxima efetividade”, difundida em Portugal, é defendida no Brasil por diversos autores de renome, como CLÉMERSON CLÉVE e LUÍS ROBERTO BARROSO, para quem “todos os direitos previstos na Constituição seriam juridicamente exigíveis”. Tendo como vetor interpretativo o parágrafo 1º do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que dispõe que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”, o princípio assume importante papel na implementação de direitos fundamentais, especialmente os sociais.
6 -PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE (PROPORCIONALIDADE) – Não raramente se opera a equivalência entre o princípio da proporcionalidade e razoabilidade, o que vem a ser refutado por parte da doutrina. Na verdade, ao ângulo acadêmico, “razoabilidade” traduz uma ideia de “bom senso”, “moderação”, tendo o respectivo princípio origem histórica relacionada à experiência constitucional norte-americana, sendo utilizado com frequência pela Suprema Corte, na aferição de constitucionalidade de legislação submetida a ser escrutínio. A proporcionalidade, por sua vez, apesar de ter estreita relação com a razoabilidade, possui caráter instrumental, relacionando-se sua origem ao Direito Constitucional alemão, sendo rotineiramente utilizado pelo Tribunal Constitucional, quando do emprego da técnica da ponderação de interesses.
Nada obstante, por motivos meramente didáticos, opta-se por usar ambas as expressões indistintamente no presente trabalho. 
Origem histórica do princípio da razoabilidade nos Estados Unidos da América – A razoabilidade, para grande parcela da doutrina publicista, tem a sua origem histórica ligada à Magna Charta inglesa de 1215, traduzido como o primeiro documento escrito instituidor de limitações aos poderes do monarca, especificamente uma imposição feita ao Rei apelidado “João Sem Terra”. Do ponto de vista histórico, trata-se de codificação de suma importância para o estudo dos direitos fundamentais, uma vez que, de forma pioneira, estabelecia uma série de declarações de direitos, como a propriedade privada e outros de esfera penal.
Todavia, foi no sistema constitucional norte-americano que a razoabilidade veio a se desenvolver com maior profundidade. Segundo a doutrina americana, o princípio estaria implicitamente previsto na cláusula do Devido Processo Legal, constante na 5ª Emenda do Bill of Rights da Constituição de 1787.
No Brasil, por deliberação da Assembleia Nacional Constituinte, não houve previsão expressa do princípio no texto constitucional de 1988. No entanto, em pronunciamento acerca do tema, o Supremo Tribunal Federal deixou consignado que, independentemente da origem histórica (da razoabilidade, nos Estados Unidos, ou da proporcionalidade, na Alemanha), o mesmo está presente no ordenamento brasileiro em dois dispositivos específicos: no artigo 1º da Constituição Federal, que aborda o Estado Democrático de Direito, bem como no inciso LIV do artigo 5º, que trata do Devido Processo Legal.
7 - INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL EVOLUTIVA – Ao estudar a teoria do Poder Constituinte, encontram-se duas espécies do conceito: Poder Constituinte Originário, consistente no “poder ou possibilidade de se criar uma nova ordem constitucional” e o Poder Constituinte Derivado, subdividido em Reformador, traduzido no poder de emendar o texto constitucional, e Decorrente, relativo ao poder dos Estados-Membros de uma Federação elaborarem a sua própria Constituição. 
O Poder Reformador diz respeito aos mecanismos estabelecidos pelo constituinte originário, para fins de reforma do texto. De maneira formal, versa sobre as chamadas “emendas constitucionais”; todavia, a alteração da Constituição se efetiva somente através de emenda propriamente dita, admitindo-se, ainda, um procedimento peculiar, excepcional, conhecido como “mutação constitucional”.
A “mutação constitucional” consiste em maneira informal – isto é, sem a observância de um procedimento específico – de alteração da Constituição. Também conhecida como “interpretação constitucional evolutiva”, cuida da atribuição de novo sentido e alcance a conceitos prescritos em uma norma constitucional, sem que haja, no entanto, alteração formal de seu texto ou linguagem. A “evolução” do conceito decorre de mudanças históricas, na esfera política, cultural e ideológica da sociedade. Trata-se, em verdade, de uma “reforma” do conteúdo da norma constitucional, em razão de uma mudança da postura da jurisprudência sobre um conceito específico.
8 - PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL – Apesar de recentes estudos acadêmicos acerca dessa modalidade de eficácia das normas constitucionais, sua aplicação prática ainda é objeto de extrema controvérsia no âmbito doutrinário. Embora reconhecido na jurisprudência estrangeira, especialmente em Portugal, no Brasil, o Supremo Tribunal Federal ainda não pacificou entendimento sobre a observância da “vedação do retrocesso social” no texto constitucional brasileiro. 
Contudo, no que refere-se à natureza jurídica, é uma garantia fundamental do cidadão vocacionada para a realização do direito à proteção do patrimônio público. Já no âmbito do objeto a Ação Popular tem como objeto o ato lesivo ao patrimônio público. É uma atuação do cidadão na defesa do patrimônio comum de todos. Nesse caso, o cidadão não defende direito próprio, mas direito de toda a coletividade contra ato ilegal e lesivo do patrimônio da coletividade. O objeto da AP é uma situação concreta capaz de lesar o patrimôniopúblico. Tendo como finalidade anular o mencionado ato lesivo ao patrimônio público, resguardando a idoneidade desse patrimônio.
4-PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAL E LEGAL 
Nesse diapasão, mister se faz a relevância dos pressupostos do controle de constitucionalidade. Inicialmente, é imprescindível a existência de uma Constituição formal e escrita.
Pode-se compreender a Constituição formal como um conjunto de normas promulgadas com base em um procedimento especial (MENDES,1990, P. 3-25). Destaca-se que a fiscalização de constitucionalidade dos atos normativos exige um conjunto de normas escrita condensadas em uma Lei Fundamental.
Nesta seara, a maior parte da doutrina entende como pressuposto para o controle da constitucionalidade a rigidez constitucional, que dá a ideia de supremacia da constituição.
O controle da constitucionalidade tem como finalidade compatibilizar todas as normas do ordenamento jurídico com a lei fundamental, por isso que esta não pode ter a mesma hierarquia que as demais leis. Se isso fosse possível, eventual conflito entre a lei e a constituição seria resolvido pelo critério cronológico, ou seja, a lei sendo posterior e contrária a constituição revogaria esta.
Porque nosso texto constitucional é rígido, a lei nova posterior à Constituição que seja contrária a esta será afastada pelo princípio da supremacia das normas constitucionais. A lei hierarquicamente superior sempre deve prevalecer.
Se não houvesse a hierarquia da constituição, não haveria parâmetro para o controle da constitucionalidade. Assim, somente é possível o controle da constitucionalidade em face de constituições rígidas ou, pelo menos, semi-rígidas.
	Clemerson Clevé afirma que mesmo diante de uma constituição flexível é possível o controle da constitucionalidade, entretanto este só pode se dar quanto ao aspecto formal, ou seja, o processo legislativo de elaboração da lei posterior à constituição. Contudo, se o conteúdo dessa lei for materialmente incompatível com a constituição, tendo sido observados todos os procedimentos inerentes à elaboração da lei, essa norma irá revogar a norma constitucional.
5-ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES 
Nesta seara, estão pode-se elencar hipóteses de inconstitucionalidades Formal, Orgânica ou Material descritas abaixo:
A inconstitucionalidade FORMAL se dá quanto ao procedimento legislativo de elaboração da lei.
Geralmente, se o vício for de iniciativa, a doutrina também chama de inconstitucionalidade formal.
Entretanto, Clémerson Clevé combate essa nomenclatura, defendendo que deve ser chamada de inconstitucionalidade ORGÂNICA, porque o vício é do órgão e não do procedimento. Para ele, apesar de a lei ter tido um vício de iniciativa, é possível que o procedimento legislativo a ela apropriado tenha sido observado. Além disso, para ele, o vício de iniciativa poderia ser convalidado pelo Presidente da República, caso este viesse a sancionar a lei com vício de iniciativa (no caso, a iniciativa seria do próprio presidente mas exercida por um parlamentar).
O STF, no seu verbete de Súmula 05, entendia que o vício de iniciativa poderia ser convalidado pelo Presidente da República. Contudo, essa Súmula não é mais aplicada pelo STF, apesar de não ter sido formalmente revogada, daí porque o vício de iniciativa constitui, sim, uma inconstitucionalidade formal.
A inconstitucionalidade MATERIAL diz respeito ao próprio conteúdo da lei em face da constituição.
	
Inconstitucionalidade Total ou Parcial
A declaração de inconstitucionalidade pode ser total ou parcial. Pode-se declarar a inconstitucionalidade da própria lei inteira ou também de somente alguns de seus artigos.
Geralmente, a inconstitucionalidade material é declarada de forma parcial. Mas se estiver presente na lei um vício formal, toda a lei é declarada inconstitucional.
Inconstitucionalidade por Ação ou por Omissão
A inconstitucionalidade pode se dar pelo exercício da função legislativa, quando ocorre a inconstitucionalidade por ação, como também é possível que a falta da função legislativa acarrete em uma inconstitucionalidade, o que é o caso da inconstitucionalidade por omissão.
6-CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Conseguiu-se, através desta obra compreender o objetivo do controle de constitucionalidade em seu contexto geral, Como se vê, o sistema de controle de constitucionalidade criado pela Constituição de 1988 estabelece diversos mecanismos para evitar o desrespeito à Constituições, suas regras e princípios.
É de primordial importância ressaltar que de uma tradição de controle de constitucionalidade face a regra em sentido restrito, evolui-se para um controle perante princípios constitucionais e o sistema constitucional, fato que se deveu a evolução da doutrina de direito constitucional a partir da democratização formal com a Constituição de 1988, e consequentemente o trabalho diário nos tribunais, de advogados, membros do ministério público e juízes, que pouco a pouco fizeram esta importante evolução ser incorporada pela jurisprudência.
Contudo, outra discussão essencial para a melhoria dos mecanismos de controle de constitucionalidade diz respeito ao comportamento de administradores públicos e de administrados diante de mandamentos inconstitucionais expressos em atos administrativos e mesmo em lei.
Por fim, esta questão é diariamente vivenciada por inúmeros administradores públicos e cidadãos que se veem obrigados a cumprir ordens claramente inconstitucionais, por entenderem que compete apenas ao Judiciário pronunciar sobre o assunto e por temor dos incontáveis órgãos de fiscalização, habituados a interpretações gramaticais de portarias, instruções normativas e, no máximo, a lei, mantendo tradição autoritária, comum no Brasil, de valorizar mais um ato administrativo do que mandamento constitucional.
Concluindo, questão é de solução lógica e de clareza incontestável. A Constituição é a Lei hierarquicamente superior, sendo que suas regras e princípios têm precedência e supremacia sobre todo o ordenamento jurídico, que deve ser elaborado e interpretado, não apenas de acordo com as regras em sentido restrito, mas também, necessariamente, de acordo com os princípios e valores constitucionais, assim como direcionada pela ideologia constitucionalmente adotada.
7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.google.com.br/search?q=Pressupostos+Constitucional+e+Legal+do+controle+de+constitucionalidade&hl=pt-BR
http://www.webjur.com.br/doutrina/Direito_Constitucional/Controle_de_constitucionalidade.htm
http://jus.com.br/artigos/134/o-controle-da-constitucionalidade-e-os-principios-universais-de-direitos-humanos
https://www.google.com.br/search?q=principios+norteadores+do+controle+de+constitucionalidade&hl=pt-BR
http://pt.wikipedia.org/wiki/Controle_de_constitucionalidade
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1924/Controle-de-constitucionalidade
http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/2/Controle_de_Constitucionalidade_53.pdf

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