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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARÁ Biologia Aquática e Pesqueira Carlos Alberto Machado da Rocha Curso Técnico em Aquicultura Capa_Bio_Aq_Pes_A_.indd 1Capa_Bio_Aq_Pes_A_.indd 1 13/12/11 10:1013/12/11 10:10 2011 PARÁ Biologia Aquática e Pesqueira Carlos Alberto Machado da Rocha INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARÁ Ficha catalográfi ca Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - IFPA Equipe de Elaboração Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará / IFPA Reitor Prof. Edson Ary de Oliveira Fontes Vice-Reitor Prof. João Antônio Pinto Diretor Prof. Darlindo Maria Pereira Veloso Filho Coordenador Institucional Prof. Érick de Oliveira Fontes Coordenadores dos Cursos Prof. Marlon Carlos França (Curso Técnico em Pesca) Maurício Camargo Zorro (Curso Técnico em Aquicultura) Professor-autor Carlos Alberto Machado da Rocha Equipe de Produção Secretaria de Educação a Distância / UFRN Reitora Profa. Ângela Maria Paiva Cruz Vice-Reitora Profa. Maria de Fátima Freire Melo Ximenes Secretária de Educação a DistâncIa Profa. Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Secretária Adjunta de Educação a DistâncIa Profa. Eugênia Maria Dantas Coordenador de Produção de Materiais Didáticos Prof. Marcos Aurélio Felipe Revisão Cristinara Ferreira dos Santos Kaline Sampaio de Araújo Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Thalyta Mabel Nobre Barbosa Verônica Pinheiro da Silva Diagramação Ana Paula Resende Rafael Marques Garcia Arte e Ilustração Adauto Harley Anderson Gomes do Nascimento Projeto Gráfi co e-Tec/MEC © Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA. Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil – e -Tec Brasil. Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância e-Tec Brasil Apresentação e-Tec Brasil Prezado estudante, Bem-vindo ao e-Tec Brasil! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na mo- dalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Minis- tério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de Educação Profi ssional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geografi camente ou economicamente, dos grandes centros. O e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de en- sino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profi ssional qualifi cada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com auto- nomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profi ssional! Ministério da Educação Janeiro de 2010 Nosso contato etecbrasil@mec.gov.br e-Tec Brasil Indicação de ícones Os ícones são elementos gráfi cos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a defi nição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros, fi lmes, músicas, sites, programas de TV. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. e-Tec Brasil Sumário Palavra do professor-autor 9 Apresentação da disciplina 11 Projeto instrucional 15 Aula 1 – A questão da sistemática biológica 17 1.1 Introdução 17 1.2 Nomenclatura 18 1.3 Os sete grupos básicos de classifi cação 19 Aula 2 – O que é um molusco? 33 2.1 Organização 33 2.2 Digestão 38 2.3 Circulação 38 2.4 Excreção 39 2.5 Respiração 40 2.6 Coordenação 40 2.7 Reprodução 41 Aula 3 – Quais moluscos você conhece? 47 3.1 A diversidade dos moluscos 47 Aula 4 – O que é um crustáceo? 61 4.1 Organização 61 4.2 Digestão 63 4.3 Circulação 64 4.4 Excreção 64 4.5 Respiração 64 4.6 Sistema nervoso 65 4.7 Reprodução 65 Aula 5 – Quais crustáceos você conhece? 69 5.1 A diversidade dos crustáceos 69 e-Tec Brasil Aula 6 – Os cordados 83 6.1 Organização 83 6.2 Diversidade 85 Aula 7 – Os peixes 91 7.1 Introdução 91 7.2 Morfologia externa 92 7.3 Digestão 95 7.4 Circulação 96 7.5 Excreção 97 7.6 Respiração 99 7.7 Sistema nervoso 99 7.8 Reprodução 99 Aula 8 – Quais peixes você conhece? 103 8.1 Diversidade dos condrictes 103 8.2 Diversidade dos osteíctes 106 Aula 9 – Os anfíbios 115 9.1 Introdução 115 9.2 Morfologia externa 115 9.3 Reprodução 117 9.4 Diversidade 119 Aula 10 – Os répteis 125 10.1 Introdução 125 10.2 Morfologia externa 125 10.3 Reprodução 126 10.4 Diversidade dos répteis 127 Aula 11 – Conhecendo artes de pesca 133 11.1 Introdução 133 11.2 Principais artes de pesca 133 Aula 12 – Noções de estoque e sustentabilidade 143 12.1 Introdução 143 12.2 Estoque pesqueiro 144 12.3 Pesca e sustentabilidade 146 Referências 151 Currículo do professor-autor 154 e-Tec Brasil9 Palavra do professor-autor Biologia Aquática e Pesqueira é uma disciplina introdutória que deve contri- buir para a inserção dos alunos no ambiente formativo e nas bases do co- nhecimento específi co que se inicia. Nesse sentido, a disciplina é organizada em 12 aulas, compondo quatro unidades temáticas, de importância funda- mental para a aquisição de bases de conhecimento e competências míni- mas para o bom desenvolvimento futuro da sua formação como técnico. Os quatro temas da disciplina são os seguintes: I. Nomenclatura e classifi cação zoológica; II. Biologia dos grupos animais com representantes aquáticos; III. Artes de pesca; IV. Estoques pesqueiros e sustentabilidade. Na primeira unidade, será indicado como utilizar categorias hierárquicas para classifi car organizadamente os seres vivos e como identifi cá-los de maneira precisa e singular para que as informações sobre eles possam ser convenien- temente catalogadas e utilizadas. A unidade II, maior e organizada em nove aulas, apresentará aspectos da morfologia e reprodução de diferentes grupos animais, com ênfase nos mo- luscos, crustáceos e peixes. Na terceira unidade, serão apresentados: o conceito de artes de pesca, várias das artes mais utilizadas na pesca brasileira, além das relações entre os ape- trechos utilizados e as características das espécies capturadas. Finalmente, a unidade IV desenvolverá noções de estoques pesqueiros e sua explotação, com atenção para os modelos de avaliação pesqueira e susten- tabilidade do setor. Pretende-se que os alunos adquiram e exercitem a sua capacidade de deba- ter esses temas de forma crítica, se mantenham receptivos a novos conheci- mentos e dispostos a reinterpretar e ampliar os conhecimentos anteriormen- te tidos como defi nitivos. e-Tec Brasil11 Apresentação da disciplina Na Aula 1, você verá que, dependendo da localização, existem inúmeras ma- neiras populares de identifi car uma espécie. Isso pode ser observado quando no Mercado Público do Ver-o-Peso, em Belém do Pará, você procurar pela pescadinha-gó, um peixe bastante comum em toda a costa atlântica do nos- so país, e facilmente ser entendido pelos comerciantes do local. No entanto, o mesmo não ocorrerá no Mercado Público do Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul, pelo menos se procurá-lo pelo nome pescadinha-gó. Ocorre que a mesma espécie é mais conhecida nas regiões Sudeste e Sul do Brasil como pescadinha real ou pescada-foguete. Por outro lado, é conheci- da como King weakfi sh em inglês, pescadilla real em espanhol, acoupa chaesseur em francês, considerando-se apenas alguns idiomas. Seu nome científi co, porém, Macrodon ancylodon, é o mesmo em qualquer lugar do mundo. Já na Aula 2, você vai ver que alguns animais, provavelmente já utilizados na sua alimentação, como ostra, mexilhão, lula, polvo, ou mesmo escargot, e que são alimentos de alto valor nutritivo, são animais do grupo dos mo- luscos. Mas o que eles têm em comum para serem reunidos nesse fi lo do reino animal? Ao longo dessa aula, você encontrará os detalhes da anato- mia externa e interna que identifi cam um animal como molusco, bem como informações básicas, porém indispensáveis, sobre o funcionamento de seus diversos sistemas. Na Aula 3, você vai ver que existem diversas espécies de moluscos importan- tes em nossas vidas. Muitas dessas espécies se notabilizam pelo seu aprovei- tamento como recursos naturais, principalmente no que se relaciona à área alimentar. Algumas outras se destacam pelos danos diretos ou indiretos que podem proporcionar ao homem. Ao longo dessa aula, serão apresentadas informações sobre algumas das espécies de moluscos que foram seleciona- das entre as que consideramos mais interessantes dentro do fi lo. Além dis- so, você encontrará orientações que o auxiliarão a obter informações sobre muitos outros moluscos. Na Aula 4, você saberá que diversos animais, provavelmente muito apreciados na sua alimentação, como camarões, lagostas, caranguejos e siris, são integran- tes do grupo dos crustáceos. Mas o que eles têm em comum para serem reuni- dos nesse grupo? E como se distinguem dos outros artrópodes? Ao longo dessa aula, você encontrará os detalhes da anatomia externa e interna que identifi cam um animal como crustáceo, bem como informações básicas, porém indispensá- veis, sobre o funcionamento de seus diversos sistemas. Complementando os conhecimentos da Aula 4, na Aula 5, você vai ver que existem diversas espécies de crustáceos importantes em nossas vidas. A maioria dessas espécies se notabiliza pelo seu aproveitamento como recurso natural, principalmente relacionado à alimentação. Ao longo dessa aula, se- rão apresentadas informações sobre algumas das espécies de crustáceos que foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro do grupo. Além disso, você encontrará orientações que o auxiliarão a obter informações sobre muitos outros crustáceos. Na Aula 6, você verá algumas informações sobre animais que estão entre os mais comuns à nossa volta. Na realidade, você conhece muitos deles e, nessa aula, poderá relacioná-los por meio das principais características que permitem reuni-los em um mesmo grupo. Estamos falando dos cordados, dentre os quais são mais notáveis os vertebrados. Ao longo dessa aula, você encontrará os detalhes embriológicos e anatômicos que identifi cam um ani- mal como cordado, bem como informações básicas sobre alguns de seus representantes (urocordados, cefalocordados e ciclóstomos). A maioria dos vertebrados será abordada nas quatro aulas posteriores. Na Aula 7, você vai ver que apesar da grande diversidade de tamanhos, cores e hábitos, dentre outros aspectos, os vertebrados reunidos no grupo dos peixes comungam diversas características. Mas o que eles têm em co- mum para serem reunidos nesse grupo e como se distinguem dos outros vertebrados? Ao longo dessa aula, você encontrará os detalhes da anatomia externa e interna que identifi cam um animal como peixe; conhecerá as prin- cipais diferenças entre peixes cartilaginosos e peixes ósseos, bem como terá informações básicas, porém indispensáveis, sobre o funcionamento de seus diversos sistemas e sua reprodução. Já na Aula 8, você terá informações sobre as diversas espécies de peixes que foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro do grupo e perceberá que já conhece ou pelo menos ouviu falar de algu- mas delas, principalmente das que ocorrem na sua região. Todas as espécies mencionadas se notabilizam pelo seu aproveitamento como recurso natural, particularmente aquelas relacionadas à área alimentar. Além disso, você en- contrará orientações que lhe auxiliarão a obter informações sobre muitos outros peixes. Na Aula 9, você vai conhecer informações sobre a anatomia externa dos anfí- bios que facilitam sua identifi cação, bem como alguns aspectos relacionados à sua reprodução. Também são apresentadas algumas espécies de anfíbios que foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro do grupo, principalmente as relacionadas à alimentação. Além disso, você encon- trará orientações que lhe auxiliarão a obter informações sobre outros anfíbios. Na Aula 10, você estudará a anatomia externa dos répteis que facilitam sua identifi cação, bem como alguns aspectos relacionados à sua reprodução. Tam- bém são apresentadas algumas espécies de répteis que foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro do grupo, principalmen- te as utilizadas na alimentação humana. Além disso, você encontrará orienta- ções que lhe auxiliarão a obter informações sobre outros répteis. Na Aula 11, você vai ver que “conhecer o equipamento a ser utilizado é fun- damental na hora de pescar”. Nessa aula, você encontrará o signifi cado da expressão “artes de pesca”, algumas informações sobre a diversidade de ape- trechos utilizados, bem como dados sobre a relação entre o tipo de aparelho e o comportamento da espécie a ser capturada. Por fi m, na Aula 12, você vai ver o signifi cado da expressão “estoque pes- queiro”, bem como informações sobre as categorias de pesca e explotação pesqueira. Além disso, são apresentados alguns comentários sobre esforço de pesca e sobrepesca, como orientação no sentido de se alcançar o uso susten- tável do recurso natural “peixe”. e-Tec Brasil15 Projeto instrucional Disciplina: Biologia Aquática e Pesqueira (Carga horária: 45h) Ementa: Noções de nomenclatura biológica; Características gerais e sistemas dos fi - los: Mollusca, Arthropoda (subfi lo Crustacea), Chordata: classe Chondrichthyes, classe Osteichthyes, classe Amphibia, classe Reptilia (ordem Chelonia); Ecologia trófi ca em peixes; Artes de pesca; Noções de estoque pesqueiro e captura máxima sustentável. AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM CARGA HORÁRIA (horas) 1. A questão da sistemática biológica Conhecer as principais regras de nomenclatura biológica e suas aplicações. Identifi car os mais importantes grupos animais. 5 2. O que é um molusco? Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos moluscos. Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia. Relacionar a morfologia e fi siologia dos moluscos com o seu modo de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados. 4 3. Quais moluscos você conhece? Caracterizar a diversidade de moluscos do Brasil. Identifi car moluscos de maior frequência na fauna brasileira e de maior manejo humano. 4 4. O que é um crustáceo? Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos crustáceos. Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia. Relacionar a morfologia e fi siologia dos crustáceos com o seu modo de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados. 4 5. Quais crustáceos você conhece? Conhecer um pouco da diversidade de crustáceos do Brasil, com ênfase em algu- mas regiões. Identifi car crustáceos de maior frequência na fauna brasileira e de maior manejo humano. 4 6. Os cordados Conhecer aspectos morfológicos dos cordados para identifi car seus representantes. 3 7. Os peixes Identifi car a morfologia externa geral dos peixes. Conhecer a estrutura e o funcionamento dos diversos sistemas dos peixes. Compreender a reprodução dos peixes. 5 8. Quais peixes você conhece? Conhecer um pouco da diversidade de peixes do Brasil. Identifi car peixes de maior frequência na fauna brasileira e de importância para a pesca, cultivo e consumo humano. 4 9. Os anfíbios Identifi car a morfologia externa geral dos anfíbios. Conhecer a reprodução dos anfíbios. Entender um pouco a diversidade de anfíbios do Brasil. 3 e-Tec Brasil 16 AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM CARGA HORÁRIA (horas) 10. Os répteis Identifi car a morfologia externa geral dos répteis. Entender o processo reprodutivo dos répteis. Conhecer um pouco da diversidade de répteis do Brasil. 3 11. Conhecendo artes de pesca Conceituar artes de pesca. Conhecer as artes mais utilizadas na pesca brasileira. 3 12. Noções de estoque e sustentabilidade Conceituar estoque pesqueiro. Analisar as estimações da captura máxima sustentável. 3 Objetivos Conhecer as principais regras de nomenclatura biológica e suas aplicações. Identifi car os mais importantes grupos animais. e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 17 Aula 1 – A questão da sistemática biológica 1.1 Introdução Olá! Nossa disciplina de Biologia Aquática e Pesqueira aborda generalidades sobre sistemática biológica, enfatiza representantes aquáticos dos diferentes grupos animais e analisa aspectos ligados aos estoques pesqueiros e à sele- tividade dos apetrechos de pesca. Nesta primeira aula, você verá, por exemplo, como utilizar categorias hierár- quicas para classifi car organizadamente os seres vivos. Se bem que organizar os seres vivos de forma hierárquica é apenas parte da sistemática biológica. É importante que você saiba ainda da necessidade de identifi cá-los de ma- neira precisa e singular para que as informações sobre os mesmos possam ser convenientemente catalogadas e organizadas. Observe o a situação-exemplo no Box a seguir. Ao entrar no Mercado Público do Ver-o-Peso, em Belém do Pará e procu- rar pela pescadinha-gó, um peixe bastante comum em toda a costa atlântica do nosso país, você facilmente será entendido pelos comerciantes de peixe. Porém, o mesmo não ocorrerá no Mercado Público do Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul, pelo menos se procurá-lo pelo nome pescadinha-gó. A mesma espécie é mais conhecida, por exemplo, nas regiões Sudeste e Sul do Brasil como pescadinha real ou pescada-foguete. Por outro lado, é conhecida como King weakfi sh em inglês, pescadilla real em espanhol, acoupa chaesseur em francês, considerando-se apenas alguns idiomas. Porém seu nome cientí- fi co, Macrodon ancylodon, é o mesmo em qualquer lugar do mundo. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 18 Agora você já pode facilmente entender que o uso de um nome científi co para cada espécie corresponde a uma padronização mundial, evitando pro- váveis confusões geradas pela existência de diferentes termos populares que variam de uma região para outra. Você conhece algum caso em que o nome de um mesmo ser vivo é diferente de uma região para outra, ou mesmo, algum caso em que um mesmo nome é utilizado para diferentes seres vivos? Comente. 1.2 Nomenclatura A designação de uma espécie é feita por dois termos latinos ou latinizados (nomenclatura binominal). • O primeiro nome, geralmente um substantivo, corresponde ao gênero e deve ser escrito com letra inicial maiúscula. • O segundo nome é um adjetivo que representa o epíteto específi co, sen- do grafado com inicial minúscula. • O nome científi co, a partir do gênero, deve ser grifado, ou seja, destaca- do no texto onde aparece, podendo tanto ser impresso em itálico (letra inclinada) como em sublinhado. Ex.1: No nome científi co do caranguejo-uçá Ucides cordatus, o termo “Uci- des” designa o gênero e o termo “cordatus”, o epíteto específi co. Ex.2: No nome científi co do tambaqui Colossoma macropomum, o termo “Co- lossoma” designa o gênero e o termo “macropomum”, o epíteto específi co. Se o autor da descrição de uma espécie for mencionado, seu nome deverá aparecer em seguida ao epíteto específi co (termo específi co) sem pontuação e sem grifo; o ano em que ele descreveu a espécie virá após seu nome, pre- cedido de uma vírgula: Ex.3: Ucides cordatus Linnaeus, 1763. Ex.4: Colossoma macropomum Cuvier, 1818. e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 19 O próximo exemplo será apresentado por você. Pesquise na internet uma espé- cie de organismo aquático de seu interesse e a escreva, de acordo com as regras de nomenclatura, acompanhada das referências de autor e ano da descrição. 1.3 Os sete grupos básicos de classifi cação Agora que você já sabe a importância e a lógica do uso da nomenclatura, vamos entender um pouco sobre os grupos hierárquicos de classifi cação dos seres vivos. Os termos caranguejo-uçá, camarão da malásia, tambaqui, e corvina referem-se a espécies diferentes. Uma espécie, segundo a defi nição mais usual, é formada por um grupo de indivíduos muito semelhantes e capazes de cruzar entre si, gerando descendentes férteis. Algumas espécies diferentes podem cruzar entre si, mas os fi lhos são geralmente estéreis. Com base na espécie, foram organizados outros grupos taxonômicos, que reúnem seres vivos com graus de semelhança cada vez menores. Espécies muito parecidas podem ser reunidas no grupo gênero; neste, o grau de semelhança é menor que na espécie. Gêneros afi ns formam famílias e estas compõem ordens, que se reúnem em classes. Os fi los (ou divisões) são compostos por classes semelhantes. Os diversos fi los ou divisões são reu- nidos em reinos. Além dessas categorias, muitas vezes utilizamos táxons in- termediários, tais como subfi lo, subordem, infraordem, superfamília, subfa- mília, subgênero, subespécie. Utilizando o tambaqui como exemplo, teríamos a seguinte classifi cação hie- rárquica: Reino Animalia, Filo Chordata, Subfi lo Vertebrata, Superclasse Pis- ces, Classe Osteichthyes, Ordem Characiformes, Família Characidae, Gênero Colossoma, Espécie Colossoma macropomum. I. Qual a ordem hierárquica (decrescente) dos sete grupos básicos de clas- sifi cação biológica? II. Se reunirmos as famílias Loricariidae (acaris), Ariidae (gurijuba), Pimelodidae (piramutaba, dourada e fi lhote) e Ictaluridae (bagre-americano), veremos que todos são peixes de corpo nu, envolto por pele espessa, ou coberto por placas ósseas; portanto, pertencem a (ao) mesma (o): Para ajudá-lo na sua leitura desse texto, acesse o artigo Glossário sobre ecossistema aquático – Zoologia, disponível no link <http://www.cadernos. ecologia.furg.br/images/ artigos/05_sandra_CAB.pdf>. Acesso em: 15 out. 2010. Táxons As unidades utilizadas em sistemática. São também denominados taxa (plural de taxon em latim) e podem ocupar qualquer nível de um sistema de classifi cação: reinos, ordens, famílias, gêneros e subgêneros são alguns táxons. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 20 a) espécie. b) ordem. c) subespécie. d) família. e) gênero. III. Se reunirmos as ordens Siluriformes (acaris, gurijuba, piramutaba e fi - lhote), Perciformes (tucunarés, tilápias, pescadas e pargo) e Mugiliformes (tainhas), veremos que todos são peixes de escamas dérmicas, com guelras protegidas e com nadadeiras medianas e pares sustentadas por raios cartila- ginosos ou ósseos; portanto, pertencem a (ao) mesma (o): a) espécie. b) classe. c) ordem. d) família. e) gênero. A vida surgiu na água há aproximadamente quatro bilhões de anos. Muitas espécies se extinguiram e outras evoluíram até as formas atuais, que incluem representantes aquáticos e terrestres. Em nosso curso precisamos estudar espécies atuais que integram o reino animal, com ênfase nos seus represen- tantes aquáticos. 1.4 O reino Animalia O reino Animalia ou Metazoa abrange todos os animais, seres eucariontes, pluricelulares e heterótrofos. Como vimos anteriormente, nos grupos hie- rárquicos, um reino é composto por fi los. Assim, os componentes do reino animal são organizados em numerosos fi los, dos quais destacaremos os mais interessantes quanto à biologia aquática. 1.4.1 Poríferos Você provavelmente conhece esses animais como esponjas, a denominação mais popular. São animais assimétricos ou radiais, sésseis (fi xos ao substra- to), fi ltradores, com numerosos poros na parede do corpo. Fazem parte da Por convenção internacional, o nome ofi cial de uma família animal sempre apresenta o sufi xo IDAE. Já uma subfamília animal tem seu nome terminando em INAE. e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 21 macrofauna bentônica. As esponjas não possuem órgãos e têm como prin- cipais células: coanócitos, amebócitos, arqueócitos, pinacócitos e porócitos. Figura 1.1: Poríferos fi xos a um substrato no fundo do mar Disponível em: <http://www.cadernos.ecologia.furg.br/images/artigos/05_sandra_CAB.pdf>. Acesso em: 15 out. 2010. 1.4.2 Cnidários Os animais deste fi lo podem ser muito perigosos devido às substâncias ur- ticantes que fabricam e que podem causar queimaduras às pessoas que entram em contato. Seus representantes mais característicos são as águas- vivas, caravelas, hidras, corais e anêmonas-do-mar. Os cnidários (do grego knidos = urticantes) são animais radiais, sésseis (“póli- pos”) ou móveis (“medusas”). Caracterizam-se pelas células urticantes conhe- cidas como cnidoblastos, úteis na defesa e na captura de alimentos (pequenos animais). Outra importante característica é a grande cavidade gastrovascular ou enteron. Os cnidários são os primeiros animais na escala evolutiva que apresentam sistema digestivo (incompleto) e sistema nervoso (difuso). Sistema Nervoso Difuso é o sistema constituído por uma rede de células nervosas, mas sem que haja regiões com maior concentração de neurônios e sinapses, ou seja, não há gânglios nem cérebro. Os tipos morfológicos dos cnidários (pólipo e medusa) são apresentados nas Figuras 8 e 9. Bentônica relativa aos bentos, que são comunidades de organismos que vivem no fundo do mar, desde as praias até as profundezas abissais. Suas vidas estão ligadas a algum substrato. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 22 Figura 1.2: Colônia de pólipos: cada indivíduo como uma haste cilíndrica, com uma extremidade apoiada em um substrato e a outra livre, onde se encontra a boca rodeada de tentáculos. Disponível em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/coelenterata/coelenterata.php> Acesso em: 28 out. 2010. Figura 1.3: Medusa: arredondada ou em forma de guarda-chuva, deslocando-se livre- mente. A boca localiza-se na face inferior; tentáculos ao redor da boca e na periferia do corpo. Disponível em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/coelenterata/coelenterata.php> Acesso em: 28 out. 2010. e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 23 1.4.3 Ctenóforos Estes animais provavelmente se originaram de cnidários medusóides (forma de medusa), com os quais muito se assemelham. Os ctenóforos constituem um pequeno fi lo de animais marinhos com cerca de apenas 80 espécies. A cavidade gastrovascular tem a forma de um sistema de canais. O corpo é esférico ou oval e dividido em secções iguais por oito eixos constituídos por faixas ciliadas, característica a partir da qual deriva o nome do fi lo. Cnidários e Ctenóforos podem ser reunidos sob a denominação de “Celen- terados”, devido à grande cavidade gastrovascular que possuem. Nesta atividade utilizaremos palavras cruzadas. Primeiramente, escreva na coluna vertical em destaque o nome dado a um cnidário que vive fi xo a algum substrato. Em seguida, responda às perguntas abaixo preenchendo as linhas corres- pondentes. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 1. Qual a denominação popular dos animais do fi lo Porífera? 2. De qual tipo morfológico de cnidários provavelmente se originaram os ctenóforos? 3. De acordo com a hierarquia de classifi cação, qual a categoria formada pela reunião de vários gêneros? 4. Qual o adjetivo utilizado para uma espécie ou toda uma comunidade que vive no fundo de um ecossistema aquático, em contato com o substrato? Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 24 5. Se o nome científi co (a espécie) do camarão branco do Atlântico é Lito- penaeus schmitti, qual é o seu gênero? 6. Como é chamada a célula urticante, característica dos cnidários? 1.4.4 Platelmintos Você certamente já ouviu falar ou mesmo estudou sobre os vermes conhe- cidos como tênias – as solitárias. Muito bem. Todos os vermes de corpo chato, como as solitárias, pertencem ao fi lo dos platelmintos (do grego platy = achatado; helminthes = verme). São, portanto, animais bilaterais, carac- terizados como vermes de corpo achatado no sentido dorso-ventral. Nesse grupo passamos a observar centralização do sistema nervoso na região cefá- lica. Entre os platelmintos mais populares, além das solitárias, encontramos as planárias (vermes achatados de vida livre) e os esquistossomos (parasitas de veias do fígado e intestino). Quanto aos platelmintos que parasitam peixes, diversas espécies do gênero Diphyllobothrium são conhecidas também por infectar seres humanos, po- rém o Diphyllobothrium latum é o mais freqüente. Suas larvas são encontra- das em crustáceos e peixes. O homem e outros mamíferos, como os ursos, são infectados ao ingerir peixes contaminados e passam a abrigar a forma adulta do verme no intestino. 1.4.5 Asquelmintos Agora vamos ver os asquelmintos. Você já ouviu falar sobre esses seres? Bem, eles são animais bilaterais, caracterizados como vermes de corpo ci- líndrico, revestido por uma cutícula protetora. É como se o verme estivesse empacotado, dentro de um saco (asIkon = saco; helminthes = verme). Na realidade o termo asquelmintos não corresponde a um fi lo, mas sim um adjetivo aplicado a alguns fi los de vermes. Dentre estes fi los, merecem desta- que Nematodas e Acantocéfalos, pelo fato de incluírem várias espécies que podem parasitar peixes. Um exemplo interessante é a espécie Anisakis simplex, pertencente ao fi lo Nematoda. Suas larvas infectantes são encontradas em diversos peixes. Al- guns mamíferos marinhos, e mais raramente (ou acidentalmente) o homem, abrigam a forma adulta do verme. Alguns casos de anisaquíase (nome da doença) já foram descritos na Europa. e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 25 1.4.6 Moluscos Após os dois grupos de vermes, você passará a observar animais relativamen- te mais complexos quanto à organização do corpo. O primeiro destes será o grupo dos moluscos, animais com uma série de características interessantes. Os moluscos (do latim mollis = mole) são invertebrados de corpo mole, não segmentado, geralmente envolvido por uma concha calcária. Este fi lo com- preende mais de 100.000 espécies, que se espalham pelos mais variados tipos de habitat. Em sua maioria, vivem no mar, fi xos sobre as rochas (ostras e mexilhões), deslocando-se ativamente (polvos e lulas) ou enterrados na areia (dentálios). Há, porém, alguns dulcícolas (vivem em água doce), como o caramujo Biom- phalaria, hospedeiro do Schistosoma mansoni, e alguns terrestres que vivem em locais úmidos (caracóis e lesmas). Figura 1.4: Representantes dos moluscos. A) ostra, B) caracol, C) dentálio, D) polvo, E) quíton. Disponível em: <http://cas.bellarmine.edu/tietjen/Laboratories/Bio%20Pix%204%20U/Image95.gif>. Acesso em: 15 out. 2010. 1.4.7 Anelidas O termo anelida ou anelídeo (anelo = anel) indica uma das principais ca- racterísticas desses animais: a segmentação do corpo, com repetições des- Um representante curioso deste fi lo é o turu. O animal adulto lembra a aparência de um verme, porém na extremidade anterior possui uma concha com duas peças, chamadas valvas. É um molusco bivalve, como as ostras e habita troncos podres do mangue. Também conhecido como bicho-de-pau. Rico em cálcio e proteína, pode ser comido cru com sal e limão, cozido com vegetais, na sopa ou refogado na frigideira à moda provençal. Além de apetecer ao paladar dos marajoaras, existe a crença nas propriedades afrodisíacas, do turu. Metameria signifi ca segmentação em metâmeros. De forma mais simples, é quando uma parte do corpo do animal se repete várias vezes. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 26 ses segmentos (em forma de anel). Esse fenômeno é chamado metameria (meta = sucessão; meros = parte). Os representantes mais populares deste fi lo são as minhocas e sanguessu- gas, entretanto há um número muito grande de anelídeos constituindo prin- cipalmente a fauna bentônica de ecossistemas dulcícolas e marinhos. A fi gu- ra 1.5, a seguir, mostra um anelídeo marinho pertencente ao gênero Nereis. Figura 1.5: Nereis, um anelídeo marinho da classe dos poliquetas Disponível em: <http://biology.unm.edu/ccouncil/Biology_203/Summaries/Protostomes.htm> Acesso em: 15 out. 2010. 1.4.8 Artrópodes Outro grupo que precisamos que você entenda é o grupo dos artrópodes. Ele tem em comum com os anelidas o corpo segmentado (metameria), po- rém se diferencia pelo exoesqueleto quitinoso (esqueleto externo no qual se destaca uma substância chamada quitina) e principalmente pelos apêndices articulados, como as pernas, por exemplo (daí o nome do fi lo: artro = arti- culação; podos = patas). Os artrópodes formam o mais numeroso e um dos mais diversifi cados gru- pos de animais; há mais espécies de artrópodes que de todos os outros animais reunidos. Tradicionalmente, o fi lo Arthropoda era dividido em cinco classes: Insecta (insetos: mosquitos, gafanhotos, barbeiros, borboletas, pulgas, abe- lhas, formigas etc.); e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 27 Crustacea (crustáceos: camarões, lagostas, siris, caranguejos etc.); Arachnida (aracnídeos: aranhas, escorpiões, carrapatos etc.); Chilopoda (quilópodes: lacraia); Diplopoda (diplópodes: piolho de cobra ou embuá). Hoje, existem outras propostas de classifi cação. Em uma delas, considera-se que os crustáceos formam um subfi lo (Crustacea ou Biramia, por serem dota- dos de apêndices birremes, ou seja, divididos em dois ramos na extremidade); os aracnídeos formam uma classe do subfi lo Chelicerata (quelicerados: “por- tadores de quelíceras”); os insetos formam uma classe do subfi lo Uniramia (“dotados de apêndices unirremes”, isto é, sem ramifi cações), que também inclui as classes Chilopoda e Diplopoda. Figura 1.6 – Diversidade dos artrópodes. Disponível em: <http://www.animalshow.hpg.ig.com.br/artrop.htm>. Acesso em: 15 out. 2010. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 28 Nesta atividade novamente utilizaremos palavras cruzadas. Então, responda às perguntas abaixo preenchendo as linhas correspondentes. 1. A 2. Q 3. U 4. Á 5. T 6. I 7. C 8. O 1. Qual a outra denominação do subfi lo Crustacea? 2. Se, acidentalmente, um homem for parasitado pelo verme Anisakis sim- plex, como será chamada a doença? 3. Como é conhecido o molusco que parece um verme leitoso, mas é capaz de perfurar troncos, principalmente no mangue? 4. Qual o grupo de artrópodes mais importante para a Biologia Aquática e Pesqueira? 5. Qual a característica comum mais marcante entre anelídeos e artrópo- des? 6. Qual a denominação popular do principal representante terrestre dos anelídeos? 7. O que a maioria dos moluscos apresenta externamente ao corpo? 8. Qual a denominação popular comum aos vermes das espécies Taenia solium, Taenia saginata e Diphyllobothrium latum? Deuterostômios: os animais nos quais a forma- ção da boca ocorre em época posterior à do ânus, durante o desenvolvimento. São deu- terostômios os representantes dos equinodermos e cordados. e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 29 1.4.9 Equinodermas Os equinodermas (do grego echinos = espinhos; derma = pele) são animais exclusivamente marinhos, deuterostômios, dotados de um endoesqueleto calcário, muitas vezes provido de espinhos salientes, que justifi cam o nome zoológico do grupo. Entre os equinodermas encontramos as estrelas-do- mar, os ouriços-do-mar, os pepinos-do-mar e os lírios-do mar, entre outros. Figura 1.7: Fotografi a de uma estrela-do-mar. Disponível em:<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Equinodermos.php>. Acesso em: 28 out. 2010. O tamanho dos equinodermos varia bastante; o diâmetro da estrela-do-mar (fi gura acima), por exemplo, medido de uma ponta a outra de seus braços, pode ser de alguns centímetros a até um metro, dependendo da espécie. 1.4.10 Cordados Os cordados são animais adaptados para a vida aquática e terrestre. São deu- terostômios e bilaterais. Dividem-se em: protocordados e eucordados. Os pro- tocordados são destituídos de coluna vertebral e de caixa craniana. Já os eucor- dados, ou vertebrados, possuem coluna vertebral e têm crânio com encéfalo. As características diferenciais e exclusivas, que permitem o enquadramento de um animal no grupo dos cordados e que estão presentes pelo menos no desenvolvimento embrionário, são a notocorda (um cordão de células Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 30 Para ajudá-lo na sua leitura desse texto, visite o endereço abaixo e encontre informações interessantes sobre classifi cação e regras de nomenclatura zoológica: <http://www.avesmarinhas. com.br/Nomenclatura%20 zool%F3gica.pdf> Nota: O material está disponível para download. que se forma acima do intestino primitivo, representando o primeiro eixo de sustentação do animal), as fendas branquiais (pequenos orifícios que se formam na faringe do embrião e que, quando persistentes, se prestam à res- piração e, algumas vezes, fi ltração de alimentos) e o tubo nervoso dorsal (do qual se origina o sistema nervoso central). Apesar da grande variabilidade observada na fi gura a seguir, todos os ani- mais apresentados são cordados, pois obedecem à descrição apresentada acima quanto às três características exclusivas deste fi lo. Figura 1.8: Diversidade dos cordados Disponível em: <http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/biologia/temasbio/transparencias/organismos_13.pdf>. Acesso em: 15 out. 2008. Para muitos autores também devemos considerar característica diferencial dos cordados a ocorrência de cauda pós-anal, ou seja, apenas neste grupo de animais a cauda estende-se além do ânus (ou após o ânus). As noções de nomenclatura e classifi cação dos seres vivos que você estudou no início desta aula são aplicadas para facilitar o estudo dos diversos grupos do reino dos animais. O objetivo da classifi cação é organizar grupos de orga- nismos que, além de suas semelhanças na aparência, descendam, por evo- lução, de um mesmo ancestral. Peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, e-Tec BrasilAula 1 – A questão da sistemática biológica 31 por exemplo, pertencem ao mesmo fi lo, o que signifi ca que esses animais evoluíram de antepassados dos cordados atuais. Resumo Nesta aula, você viu que a classifi cação dos seres vivos é feita por meio de categorias hierárquicas, conheceu as principais regras de nomenclatura bio- lógica e constatou que a utilização de um nome científi co para cada espécie é uma tentativa de padronização, para evitar possíveis confusões geradas pelo uso de diferentes nomes populares, que variam entre idiomas e mesmo dentro de um idioma quando abordado em diferentes regiões. Viu ainda a descrição geral dos maiores fi los que integram o reino animal, com ênfase nos seus representantes aquáticos. Em relação à nossa área de estudo, são particularmente interessantes os fi los dos moluscos; artrópodes, por conta dos crustáceos; e cordados, principalmente por incluírem os peixes. Atividade de aprendizagem Estamos chegando ao fi nal da nossa 1ª aula. E então? Você já consegue aplicar as principais regras de nomenclatura biológica e identifi car os grupos de animais mais importantes para o seu curso? 1. Explique a expressão: “A espécie é binominal”. 2. Leptodactylus labyrinthicus é um nome aparentemente complicado para um anfíbio que ocorre em brejos de diversos pontos do Brasil. Justifi que o uso do nome científi co em vez de identifi car o anfíbio como “rã-pimen- ta”, como fazem os pescadores. 3. Pargo é a denominação popular para algumas espécies do gênero Lutja- nus. Uma dessas espécies foi descrita por Poey, em 1875, e tem como epíteto específi co o termo purpureus. Vamos supor que você está escre- vendo um relatório sobre a pesca dessa referida espécie de pargo em um determinado ponto do litoral brasileiro. Como devem ser reunidas e escritas as informações acima, de acordo com as normas internacionais de nomenclatura? Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 32 4. Explique com as suas palavras como são os moluscos. 5. Entre os artrópodes, a classe dos crustáceos é a mais importante para nossa área de estudo. Então, como você diferencia os crustáceos dos demais artrópodes? 6. Quais as três características diferenciais dos cordados? Objetivos Conhecer as diversas características morfológicas e fi siológicas dos moluscos. Entender a relação entre as estruturas morfológicas e sua fi siologia. Relacionar a morfologia e fi siologia dos moluscos com o seu modo de vida e relações com os ambientes onde estão adaptados. e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 33 Aula 2 – O que é um molusco? 2.1 Organização Na primeira aula você teve contato com as noções de nomenclatura e clas- sifi cação de seres vivos, além de um resumo de diversos grupos ou fi los que constituem o reino dos animais. Muito bem, a partir de agora passaremos a destacar cada um dos fi los animais que merecem maior importância na área de recursos pesqueiros. O primeiro destaque será para os moluscos, animais estudados na Mala- cologia. Isso mesmo. Chamamos de Malacologia a ciência que estuda os moluscos. Então, nesta aula, você verá que alguns animais, provavelmente já utilizados na sua alimentação, como ostra, mexilhão, lula, polvo, ou mesmo escargot, e que são alimentos de alto valor nutritivo, são animais do grupo dos moluscos. Mas, o que eles têm em comum, para serem reunidos nesse fi lo do reino animal? Ao longo desta aula você encontrará os detalhes da anatomia externa e interna que identifi cam um animal como molusco, bem como informações básicas, porém indispensáveis, sobre o funcionamento de seus diversos sistemas. Os moluscos são animais de corpo mole, não segmentado e geralmente protegido por uma concha de material calcário. O corpo desses animais é dividido em três regiões: cabeça ou região cefálica, pé e massa visceral. Ob- serve a Figura 2.1 para entender melhor. DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DE UM GASTRÓPODE Glândulas digestivas Gânglios nervosos Pé Glândulas sexuais Coração Brânquia Orifício urogenitalEstômago Concha Manto Rádula (língua rugosa) Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 34 Figura 2.1: Esquema geral de molusco semelhante a caracol. Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fi lo-mollusca/imagens/diagrama-esquem%E1tico-de-um-gastropodeg. jpg>. Acesso em: 29 out. 2010. Ao longo da evolução, essas partes sofreram mudanças e passaram a ser diferentes em cada grupo de moluscos, principalmente como adaptação ao modo de vida e ambiente ocupado pelo animal. A cabeça ocupa uma posição anterior, onde se abre a boca, entrada do tubo digestivo. Na cabeça também se localizam centros nervosos, como os gân- glios cerebrais (equivalentes ao cérebro do animal) e estruturas sensoriais, como os olhos. O pé tem localização ventral (parte de baixo do animal) e corresponde à es- trutura muscular mais desenvolvida dos moluscos, podendo ser usado para deslocar, cavar, capturar presas ou mesmo fi xar o animal. Todo o restante do corpo recebe o nome de massa visceral, pois abriga a maioria e os principais órgãos internos ou vísceras. A massa visceral é revestida por uma dobra da epiderme chamada manto ou pálio (você pode ver na Figura 2.1), que produz os componentes calcários da concha. O manto também delimita uma cavidade entre ele e a massa visceral, chamada cavidade palial ou cavidade do manto. Nela estão as aber- turas dos sistemas digestivo e excretor, além de brânquias (ou pulmões, nas espécies terrestres). e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 35 A concha calcária corresponde a um exoesqueleto, revestindo o corpo. No caracol, ela é composta de uma peça só (univalve = uma valva = peça única) e na ostra de duas (bivalve = duas valvas). Na lesma e no polvo, está ausente. A lula tem uma concha interna e muito reduzida, sendo geralmente chama- da de pena ou gládio. Em geral, a ostra deixa sua concha aberta por pouco tempo. Quando algum inimigo se aproxima, ela imediatamente a fecha graças à ação de um pode- roso músculo adutor. Ele prende o corpo da ostra à parte interna das valvas da concha e promove o fechamento até que o perigo passe. O movimento dos moluscos depende da musculatura do pé, que pode ser usado para rastejar, nadar ou cavar. No polvo e na lula, ele está transformado em tentáculos. Por sinal, além de rastejarem, utilizando seus tentáculos, os polvos e lulas deslocam-se por propulsão de jatos de água emitidos por um sifão, formado pela cavidade do manto, como você pode ver na Figura 2.2. Figura 2.2: Esquema da locomoção de uma lula Fonte: Marczwski e Vélez (1999). Jato de água lançado para a frente provocando deslocamento para trás. Jato de água lançado para trás provocando deslocamento para a frente. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 36 Em animais que vivem fi xos a algum substrato, como os mexilhões, o pé fabrica uma substância que endurece em contato com a água e forma fi os que aderem o molusco ao substrato. Essa região do pé formada pelos fi os de fi xação é chamada bisso e pode ser vista na Figura 2.3, a seguir. Figura 2.3: Mexilhão Mytilus edulis fi xa-se às superfícies por um conjunto de fi lamentos chamado de bisso Grande parte dos moluscos vive no mar (lulas, polvos e a maioria dos maris- cos). Alguns vivem em terra (lesmas e caracóis); outros vivem em água doce (caramujos dos rios). Os moluscos são importantes para nossas vidas sob diversos aspectos. Muitos deles, tais como ostras, mexilhões, polvos, lulas e escargots, são utilizados na nossa alimentação há bastante tempo. Os moluscos participam de cadeias alimentares, consumindo outros seres, como plantas e animais menores, e ser- vindo de alimento para diversos peixes ou mesmo diretamente para o homem. Em algumas ostras, pequenas partículas de areia e outros corpos estranhos podem se instalar entre o manto e a concha. Parte do manto envolve a par- tícula, formando uma cobertura circular que passa a depositar carbonato de cálcio em camadas mais ou menos concêntricas ao redor da partícula. Grada- tivamente mais e mais material se deposita, formando-se a pérola (Figura 2.4). sifão manto pé bisso brânquias e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 37 Figura 2.4: Ostra com pérolas formadas Fonte: <http://img130.imageshack.us/img130/3120/islama38af7.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010. A formação da pérola pode ser induzida artifi cialmente com a introdução de um fragmento de concha envolvido por um retalho de manto, entre a concha e o manto de uma ostra. São as “pérolas cultivadas”. Responda às questões que seguem. I. I. O pé dos moluscos é uma estrutura muscular, de localização ventral, que pode adaptar-se a variadas funções. Nesse sentido, identifi que um exemplo de molusco em que o pé desempenha cada uma das funções abaixo. a) Fixação: b) Locomoção: II. As ostras, pertencentes ao fi lo Mollusca e classe Bivalvia, são de grande interesse econômico para o homem por diversas razões. As ostras perlí- feras despertam interesse econômico pelo fato de poderem desenvolver entre o manto e a concha as famosas pérolas. Sobre esses organismos, responda: a) Como são formadas as pérolas naturais? b) Qual a importância do processo de formação de pérolas para as ostras? Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 38 2.2 Digestão O tubo digestivo é completo: boca, estômago, glândula digestiva e intestino, que se abre pelo ânus. Muitos moluscos apresentam na boca uma estrutura característica do grupo, semelhante a uma língua com pequenos dentes de quitina, a rádula (visível na Figura 2.1). Com esse órgão, o animal raspa algas e outros alimentos presos nas pedras e nas conchas de outros moluscos e os envia para o tubo digestivo. Apresentam, ainda, o hepatopâncreas (fígado + pâncreas), uma importante glândula digestiva. Os moluscos fi ltradores, que se alimentam de plâncton, como as ostras e o mexilhão, não apresentam rádula. Que tal palavras cruzadas? 1. P 2. O 3. L 4. V 5. O 1. Epitélio que reveste a massa visceral e secreta a concha dos moluscos. 2. Glândula digestiva que acumula as funções de fígado e pâncreas. 3. Estrutura típica de moluscos, funcionando como uma língua com dentes. 4. Tipo de concha das ostras, de acordo com o número de valvas. 5. Músculo que conecta as duas valvas da concha dos mexilhões e ostras. 2.3 Circulação O metabolismo de um animal requer o constante suprimento de alimento e oxigênio molecular para as células. Por outro lado, o funcionamento das células produz substâncias que devem ser excretadas. A difusão de partículas entre as células não é sufi ciente para o trânsito das substâncias dentro do or- ganismo. O aparelho circulatório realiza o transporte, entre longas distâncias, de moléculas de um ponto a outro de um organismo multicelular. e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 39 Na maioria dos moluscos, a circulação é aberta. Isso quer dizer que o sangue percorre vasos, mas também extravasa dos mesmos para cavidades denomi- nadas hemoceles, nas quais banha diretamente os órgãos. No polvo e na lula, a circulação é fechada: o sangue circula sempre dentro de vasos, e as trocas de alimento e gases ocorrem entre os capilares e os tecidos. O pigmento respiratório no sangue dos moluscos é geralmente a hemocianina (de cor azulada), mas existem alguns que possuem a hemoglobina (de cor vermelha, como no nosso sangue). 2.4 Excreção O sistema excretor dos moluscos é formado por estruturas chamadas nefrí- dios, que quando reunidos formam rins primitivos. Cada nefrídio é consti- tuído por três partes: nefróstoma, a extremidade ciliada voltada para a inti- midade do animal; nefroduto, o canal que conduz o produto de excreção; nefridióporo, a extremidade externa do órgão. Na Figura 2.5 você pode ver um nefrídio isolado, porém não esqueça que na maioria dos moluscos essas estruturas são numerosas e se agrupam para funcionar como rins. Figura 2.5: Esquema de um nefrídio Fonte: Marczwski e Vélez (1999). Estatocistos órgãos estáticos localizados no pé ou na cabeça do molusco, para a percepção da gravidade, capazes de detectar mudanças na posição do corpo, o que facilita a manutenção da postura e do equilíbrio. Osfrádios são como manchas de epitélio sensorial localizadas na margem posterior de cada uma das membranas branquiais aferentes. Eles funcionam como quimiorreceptores e também determinam a quantidade de sedimentos na corrente inalante. sifão exalante sifão inalante fluxo da água Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 40 2.5 Respiração Como mencionado anteriormente, o metabolismo de um animal requer o constante suprimento de alimento e gás oxigênio para as células. O aparelho respiratório é o responsável pela obtenção desse gás a partir do ambiente, bem como pela eliminação do gás carbônico proveniente das células. Na maioria dos moluscos, a respiração se faz através de brânquias, chamadas ctenídios (Figura 2.6). Essas brânquias são localizadas na cavidade palial e retiram o oxigênio dissolvido na água, que é levado pelo sangue para todas as células do corpo. O gás carbônico segue caminho inverso. Figura 2.6: Esquema da respiração branquial de uma ostra Fonte: Marczwski e Vélez (1999). Em alguns caracóis (terrestres) e caramujos de água doce, a cavidade palial transforma-se em uma câmara cuja parede é irrigada de sangue. Essa câmara funciona como um pulmão primitivo, retirando oxigênio do ar atmosférico. 2.6 Coordenação Os moluscos apresentam um sistema nervoso constituído por gânglios in- terligados por condões nervosos. Esse sistema é particularmente desenvol- vido nos polvos e lulas. Na sua constituição destacam-se os gânglios ce- rebrais (ou cerebroides) diretamente ligados a estruturas sensitivas: olhos, estatocistos (relacionados ao equilíbrio), tentáculos e osfrádios (relacio- nados à quimiorrecepção). Existem, ainda, massas de gânglios distribuídas pelas principais regiões do corpo, como gânglios pediais (no pé) e gânglios viscerais (na massa visceral). e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 41 O polvo e a lula têm olhos bem desenvolvidos, semelhantes aos dos verte- brados e capazes de formar imagens. Em outros moluscos, como as ostras e mexilhões, os órgãos visuais são mais simples e capazes apenas de captar a presença de luz. 2.7 Reprodução A reprodução dos moluscos é sexuada. Nos representantes aquáticos, há es- pécies monoicas (hermafroditas) e espécies dioicas (de sexos separados, como o mexilhão), com fecundação externa. A forma mais comum de desenvolvi- mento é o indireto, ou seja, com a ocorrência de estágios larvais. As larvas de moluscos mais conhecidas são a trocófora e a véliger (ou larva velígera), que você pode ver no ciclo de vida de uma ostra mostrado na Figura 2.7. Figura 2.7: Ciclo de vida de uma ostra Fonte: Matias (2010). Disponível em: <http://ipimar-iniap.ipimar.pt/projectos/biotecmar/Documentos/2010/Apresenta- cao%20BIOTECMAR_Domitilia_Matias.pdf>. Acesso em: 31 out. 2010. O caramujo-de-jardim, por exemplo, é hermafrodita, com fecundação inter- na e cruzada. Na cópula, dois indivíduos aproximam-se e encostam seus po- ros genitais, pelos quais se fecundam reciprocamente. Os ovos desenvolvem- se e, ao eclodirem, liberam novos indivíduos sem a passagem por fase larval (desenvolvimento direto). Os polvos e as lulas são dotados de uma glândula produtora de tinta escura, que pode ser esguichada, turvando a água e prejudicando a visão e o olfato de eventuais predadores. Apresentam, também, cromatóforos, que são estruturas epidérmicas portadoras de pigmentos capazes de determinar a mudança de coloração do animal, de maneira a camufl á-lo no ambiente em que se encontra. A emissão de tintas e a mudança de cor são, portanto, mecanismos de defesa do animal. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 42 Que tal palavras cruzadas? 1. C 2. A 3. R 4. A 5. C 6. O 7. L 1. Proteína azulada que transporta oxigênio no sangue da maioria dos moluscos. 2. Como é chamado o tipo de mecanismo de defesa utilizado pelos polvos por meio dos cromatóforos? 3. Um exemplo de molusco fi ltrador. 4. Qual o tipo predominante de respiração dos moluscos? 5. Nome de uma das principais larvas observadas no desenvolvimento de mexilhões e ostras. 6. Como também são conhecidas as brânquias dos moluscos? 7. Um exemplo de molusco de sexos separados. Os moluscos estão entre os invertebrados com maior nível de especialização de organização do corpo, o que justifi ca sua adaptação por variados habi- tats, bem como a existência de mais de 80.000 espécies nesse fi lo, o segun- do maior no reino animal. Na Aula 3, destacaremos alguns dos moluscos de maior interesse para os recursos pesqueiros. Rádula Cabeça Tentáculo Massa visceral Glândula digestiva Concha Estômago Cavidade do manto Pé e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 43 Resumo Nesta aula, você viu que os moluscos são animais de corpo mole, não seg- mentado e geralmente envolvido por uma concha de natureza calcária. Seus representantes estão entre os animais invertebrados mais conspícuos e in- cluem formas bastante familiares. Esse fi lo é um dos poucos grupos de inver- tebrados com certa popularidade entre leigos e colecionadores amadores. Várias espécies, principalmente do mar, são utilizadas como alimento (ostras, mexilhões, polvos, lulas), porém há espécies dulcícolas comestíveis (mexi- lhões) e outras que se destacam como hospedeiros intermediários de alguns vermes (certos caramujos). Existem ainda espécies terrestres de caracóis e lesmas. Algumas ostras destacam-se pela produção de valiosas pérolas. Atividades de aprendizagem Estamos chegando ao fi nal da nossa 2ª aula. Então, é hora da autoavaliação. 1. Você pode ver na fi gura a seguir a organização geral de um molusco gastrópode, em que se observa um corpo constituído por cabeça, massa visceral (onde se concentram os órgãos) e pé. Com relação ao fi lo Mollus- ca, é correto afi rmar que: a) não apresenta sistema digestivo completo, de forma que a digestão é processada através de uma bolsa enzimática. b) apresenta respiração exclusivamente branquial. c) o sistema nervoso consiste de um anel situado em torno da boca. Você pode ler mais sobre a anatomia e fi siologia dos moluscos no seguinte endereço: <http://malaconet. br.tripod.com/osmoluscos_ anatomia&fi siologia.htm>. Esse site também lhe permite obter informações sobre fi logenia e classifi cação. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 44 d) a excreção é feita através dos túbulos de Malpighi e de glândulas locali- zadas na base dos pés. e) lesmas, ostras, mexilhões, lulas e polvos são moluscos. 2. Uma estrutura comum no tubo digestivo de várias classes de moluscos é a rádula, que funciona como uma língua raspadora e trituradora de alimentos. Porém, nos bivalves, a rádula está ausente. Por quê? 3. Para que serve o músculo adutor do mexilhão? 4. Diferencie moluscos gastrópodes e moluscos bivalves quanto à concha. 5. Descreva a locomoção de uma lula. 6. “... Os moluscos constituem um grupo muito bem sucedido na natureza. Ocupam vários ambientes e exibem hábitos de vida bastante diversifi - cados” (Trecho extraído do livro “Biologia” de Amabis e colaboradores, 1974, p.294). Em relação a esse fi lo e baseado na observação dos diferentes hábitos mos- trados na fi gura, assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S). ( ) Como características embrionárias são celomados, deuterostômios e apresentam simetria radial. ( ) Os gastrópodes possuem no assoalho da boca ou faringe a rádula, que utilizam para raspar o alimento. ( ) A respiração é branquial nos animais aquáticos e pulmonar nos terrestres. e-Tec BrasilAula 2 – O que é um molusco? 45 ( ) O grupo dos bivalves compreende muitos animais comestíveis e importan- tes economicamente, como os mexilhões, as ostras e os escargots. ( ) A fi gura representa o grupo dos bivalves, que se caracterizam por apre- sentar uma concha formada por duas partes chamadas valvas. ( ) Baseado na fi gura, podemos constatar que enquanto o Pecten é um animal de vida livre, a ostra e o Mytilus são fi xos. Objetivos Caracterizar a diversidade de moluscos do Brasil. Identifi car moluscos de maior frequência na fauna brasileira e de maior manejo humano. 3.1 A diversidade dos moluscos Nesta aula, você verá que existem diversas espécies de moluscos importantes em nossas vidas. Muitas dessas espécies se notabilizam pelo seu aproveita- mento como recursos naturais, principalmente, no que se relaciona à área alimentar. Algumas outras se destacam pelos danos diretos ou indiretos que podem proporcionar ao homem. Ao longo desta aula, serão apresentadas informações sobre algumas das espécies de moluscos que foram selecionadas entre as que consideramos mais interessantes dentro do fi lo. Além disso, você encontrará orientações que o auxiliarão a obter informações sobre muitos ou- tros moluscos de interesse para o técnico na área de recursos pesqueiros. O número de espécies conhecidas é realmente muito grande, menor apenas que o de artrópodes. Distinguem-se três classes principais de moluscos: Gas- tropoda, Bivalvia ou Pelecypoda e Cephalopoda. Além dessas, podemos mencionar as classes Amphineura e Scaphopoda. Como vimos na aula anterior, os moluscos são animais de corpo mole, não segmentado e geralmente protegido por uma concha de material calcário. O corpo desses animais é dividido em três partes: cabeça, pé e massa visceral. Ao longo da evolução, essas partes sofreram mudanças e passaram a ser diferentes em cada classe de moluscos, principalmente devido ao modo de vida e adaptação ao ambiente ocupado pelo animal. A seguir, faremos uma descrição resumida de cada classe de moluscos, acompanhada da apresentação de seus exemplos mais representativos. e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 47 Aula 3 – Quais moluscos você conhece? Helicicultura denominação utilizada para o cultivo de escargot. Deriva do nome do principal gênero cultivado: Helix. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 48 3.1.1 Gastrópodes A classe Gastropoda é a maior classe dos moluscos, já tendo sido descritas mais de 30.000 espécies viventes. Considerando a ampla variedade de habi- tats que os gastrópodes invadiram, eles certamente constituem o grupo mais bem-sucedido entre todas as classes de moluscos. O nome da classe deve-se ao fato de o pé apresentar-se achatado em forma de palmilha recobrindo o ventre do animal. São representados pelos caramujos (aquáticos), pelas lesmas e pelos caracóis (terrestres). A maioria possui uma concha enrolada em espiral (que você pode ver nas Figuras 3.1, 3.2 e 3.2), mas outros, como certas lesmas terrestres, não têm concha. Em outros, como a lesma-do-mar, a concha é interna e reduzida. A cabeça é bem desenvolvida, com um ou dois pares de tentáculos sensoriais (Figuras 3.1 e 3.2) e olhos. O pé possui uma glândula pedal ou numerosas células glandulares, que produzem um muco para ajudar no deslocamento do animal. A maioria possui brânquias; o caracol e o caramujo de água doce possuem um pulmão primitivo. Como representantes dos gastrópodes serão apresentadas duas espécies de escargots: Helix aspersa e Achatina fulica, além de três gêneros de caramu- jos de água doce: Planorbis, Australorbis, Biomphalaria. 3.1.1.1 Helix aspersa (escargot) A helicicultura tem se destacado como opção de cultivo alternativo no Bra- sil, especialmente na região Sul onde o clima é favorável a essa atividade. Os escargots do gênero Helix apresentam maior aceitação no mercado consu- midor e valor econômico para a comercialização, devido às suas característi- cas desejáveis, como a cor mais clara de sua carne. Figura 3.1: Exemplar de Helix aspersa Fonte: <http://correiogourmand.com.br/images/cg_escargot_10_470.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010. e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 49 3.1.1.2 Achatina fulica (caracol gigante africano) Espécie também conhecida como caramujo gigante africano (Figura 3.2). Chega a pesar 200 g. Essa espécie de caramujo terrestre foi importada para cultivo, visando à comercialização para consumo humano como escargot. Porém, devido à perda de controle ou mesmo abandono de muitos cultivos, A. fulica passou a se espalhar no ambiente de diversas cidades do Brasil. O encontro de A. fulica em vida livre é importante por se tratar de espécie en- volvida na transmissão de Angiostrongylus cantonensis, verme nematódeo causador da angiostrongilíase meningoencefálica no homem, que é uma doença comparável às meningites. Figura 3.2: Exemplar adulto de Achatina fulica Fonte: <http://correiogourmand.com.br/images/cg_escargot_03_470.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010. 3.1.1.3 Planorbis, Australorbis, Biomphalaria (caramujos) Esses moluscos têm a concha em espiral, com as voltas ou giros no mesmo plano (Figura 3.3) e, por isso, recebem a denominação de planorbídeo (famí- lia Planorbidae). Os caramujos planorbídeos criam-se e vivem na água doce de córregos, riachos, valas, alagados, brejos, açudes, represas ou outros lo- cais onde haja pouca correnteza. Destacam-se por sua participação como hospedeiros intermediários no ciclo evolutivo da doença esquistossomose, causada por verme platelminto da espécie Schistosoma mansoni. Nota: É importante frisar que a zoonose (doença que se transmite de outro animal para o homem) conhecida como angiostrongilíase, na forma meningoencefálica, ocorre principalmente no Sudeste Asiático e que até o presente não há nenhum registro de sua ocorrência no Brasil (Aquino, 2010). Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 50 Figura 3.3: Caramujo do gênero Biomphalaria, hospedeiro intermediário do verme Schistosoma mansoni na América Latina Fonte: <http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/img/caramujo.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010. Pesquisando na rede internacional (internet) Nessa atividade, você deverá pesquisar na internet para obter respostas às questões a seguir, relacionadas à helicicultura. a) Como é feito o abate do escargot cultivado? b) O manejo de escargot como alimento obedece aos ditames da tradição e dos mais experientes chefes de cozinha franceses. Nesse sentido, o que é “court bouillon”? 3.1.2 Bivalves A classe Bivalvia, ou Pelecypoda, é formada pelos moluscos lateralmente comprimidos e que possuem uma concha com duas valvas (como você pode ver nas Figuras 3.4 e 3.5) articuladas na porção dorsal e que envolvem total- mente o corpo. O pé tem a forma de uma lâmina de machado, sendo esta a origem do nome Pelecypoda (pé em forma de machado; Pelekys = machado). A cabeça é muito reduzida e as brânquias são geralmente muito grandes, desempenhando dupla função – retiram o oxigênio dissolvido na água (como qualquer brânquia) e fi ltram partículas alimentares e algas verdes microscó- picas, que são em seguida conduzidas à boca. Por essa razão, os bivalves são considerados “animais fi ltradores”. Nota: Os bivalves são os moluscos realmente importantes em termos de aquicultura, pois, na prática, observamos apenas o desenvolvimento de tecnologia para o cultivo desse grupo de moluscos. Nesse contexto, você precisa conhecer termos como Mitilicultura (o cultivo de mexilhões) e Ostreicultura (para o cultivo de ostras). Por outro lado, se quisermos fazer referência ao cultivo de qualquer molusco, devemos usar o termo Malacocultura. e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 51 Como representantes dos bivalves serão apresentados: uma espécie de ostra (Crassostrea rhizophorae), duas espécies de mexilhões (Mytella guyanensis e Mytella falcata), além de alguns turus. 3.1.2.1 Crassostrea rhizophorae (ostra-do-mangue) Crassostrea rhizophorae é a espécie de ostra-do-mangue mais comumente encontrada na costa do Brasil (Figura 3.4). Ocupa lugar de destaque nas raízes aéreas dos manguezais de diversos estados brasileiros, na forma de extensos bancos naturais nas regiões entremarés. Ocorre também em formações rocho- sas que fi cam submersas durante a maré alta. É utilizada como recurso tanto para fi ns de cultivo quanto para alimentação das populações locais. Figura 3.4: Valvas da concha de Crassostrea rhizophorae (ostra), município de Bra- gança – Pará Fonte: Foto de Carlos Fernandes (2003). 3.1.2.2 Mytella guyanensis e Mytella falcata (mexilhões) Muitas espécies de mexilhões são largamente utilizadas na alimentação humana. Entre elas estão as do gênero Mytella. A espécie M. guyanensis (Figura 3.5), conhecida pelos nomes populares de sururu, mexilhão de estu- ário, bacucu ou bico-de-ouro, pode apresentar comprimento máximo de 8 cm e distribui-se em bosques de mangue, situados na zona entremarés de ambientes estuarinos. Enquanto isso, M. falcata, conhecido como sururu, Nota: Crassostrea gigas é uma ostra nativa das costas do Oce- ano Pacífi co na Coreia, China e Japão. É também cultivada em alguns estados brasileiros (principalmente Santa Catarina e São Paulo), e outros países, como nos Estados Unidos da América, Austrália e Nova Zelândia (onde substituiu comercialmente a ostra nativa Crassostrea glomerata). Também foi levada para o Mar Frísio, na Europa, onde é uma espécie invasora e compete, com sucesso, com outras espécies de bivalves, como o mexilhão Mytilus edulis. mexilhão de estuário ou bacucu, que pode crescer até 5 cm, é encontrado da zona infralitoral até a zona entremarés. Figura 3.5: Valvas da concha de Mytella guyanensis (mexilhão), município de Bragança – Pará Fonte: Foto de Carlos Fernandes (2003). 3.1.2.3 Teredo sp., Neoteredo reynei e outros (turus) Os turus são importantes decompositores de madeira, especialmente em manguezais, onde a produtividade é alta. Mas certamente chamam a aten- ção pelos prejuízos que podem causar perfurando o casco de embarcações (Figura 3.6). São como cupins de madeira molhada. Por outro lado, desta- cam-se ainda por serem utilizados como alimento. Figura 3.6: Espécimes de turus do gênero Teredo Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_esD6aRur2q0/R6r4dJzYT0I/AAAAAAAABDI/aBpYz8WbZNM/s400/turu+-+ele.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010. Nota: Alguns bivalves de água doce formam larvas chamadas gloquídios, que parasitam (geralmente peixes) até que sua metamorfose ocorra e as transforme em adultos, que se fi xam em substratos e passam a viver como moluscos fi ltradores. Entre esses bivalves, podemos destacar: Paxyodon syrmatophorus dos rios Guamá e Tocantins, no Pará; Anodontites trapesialis do rio Pardo, em São Paulo; Diplodon berthae do rio Sinos, no Rio Grande do Sul. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 52 Pesquisando na rede internacional (internet) Nessa atividade, você deverá escolher uma espécie de molusco bivalve, de preferência bastante valorizada no seu estado ou região, sobre a qual deverá reunir informações através de pesquisas feitas na internet. Em seguida, procure realizar sua atividade utilizando o seguinte padrão de tópicos: 1. Taxonomia 2. Morfologia 3. Distribuição 4. Importância e curiosidades 5. Endereços consultados Logicamente cada um desses tópicos deverá conter as informações que você obteve sobre o animal que escolheu para a atividade. 3.1.3 Cefalópodes Incluem os mais especializados e mais bem organizados de todos os molus- cos. A maioria desloca-se ativamente, apesar dos polvos terem assumido se- cundariamente um hábito menos ativo. A cabeça é geralmente bem desen- volvida e a porção anterior do pé apresenta-se transformada em uma coroa de tentáculos, que você pode observar nas Figuras 3.7 e 3.8. Os cefalópodes atingiram o maior tamanho entre todos os invertebrados. Embora a maio- ria tenha comprimento entre 6 e 70 cm, incluindo os tentáculos, algumas espécies de lulas alcançam proporções gigantescas. Polvos gigantes existem apenas em contos. Nessa classe, uma concha completamente desenvolvida apenas é observada nas poucas espécies do Nautilus (Figura 3.9), que ocor- rem no Pacífi co Ocidental Tropical. Como representantes dos cefalópodes serão apresentados: uma espécie de polvo (Octopus vulgaris), uma espécie de lula (Loligo vulgaris) e o gênero Nautilus. e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 53 3.1.3.1 Octopus vulgaris (polvo comum) Na Figura 3.7 você pode ver uma fotografi a de polvo. Ele apresenta o corpo globoso e dotado de oito tentáculos, do mesmo comprimento. O macho, em geral, é maior que a fêmea, podendo atingir mais de 1 m e ultrapassar os 8 kg. Vive em tocas e faz excursões à procura de alimento ou então espera na entrada da toca. Alimenta-se de crustáceos, peixes pequenos e outros moluscos. Sua cor é geralmente cinza-esbranquiçada, mas ele pode mudar de cor para camufl ar-se. A captura do polvo é feita com potes, que, do ponto de vista pesqueiro, é considerada mais efi ciente que o arrasto, em razão da reduzida fauna acompanhante e do menor impacto sobre a biota bentônica. Essa espécie de polvo é usada como alimento por várias comunidades, porém é interessante ressaltar que existem polvos venenosos. Figura 3.7: Espécime de Octopus vulgaris Fonte:<http://www.okeefes.org/Marine_Life/marinelife.htm#Mollusks>. Acesso em: 10 nov. 2010. 3.1.3.2 Loligo vulgaris (lula vulgar) O corpo é alongado. O comprimento dos machos é de aproximadamente 35 cm, podendo chegar a 50 cm, e o das fêmeas, 22 cm. Cabeça com dois grandes olhos, situados lateralmente, boca central rodeada por cinco pares de tentáculos, sendo os menores mais grossos com numerosas ventosas no lado interno (http://www.vivaterra.org.br/moluscos.htm). Os dois tentáculos restantes são bem mais longos, apresentando ventosas apenas nas extremidades dilatadas (Figura 3.8). O resto do corpo é delgado, cônico, com uma nadadeira triangular ao longo de cada lado da extremida- de afi lada, as quais equilibram o animal durante o deslocamento. Essa es- Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 54 pécie é comestível, fazendo parte de algumas receitas de sucesso em alguns restaurantes brasileiros. Figura 3.8: Espécime de lula do gênero Loligo Fonte: <http://www.katembe2.com/images/lulart07f4.gif>. Acesso em: 15 out. 2010. 3.1.3.3 Nautilus (náutilos) Os náutilos são os únicos cefalópodes dotados de concha, a qual é enrolada acima da cabeça numa espiral plana bilateralmente simétrica (Figura 3.9). Figura 3.9: Espécime de Nautilus pompilius em aquário Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/Nautilus_pompilius.jpg>. Acesso em: 15 out. 2010. Nos náutilos, apenas as duas últimas voltas da concha são visíveis, uma vez que elas recobrem as voltas internas. Esses cefalópodes apresentam dois pares de brânquias e numerosos tentáculos, porém não preênseis. e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 55 Figura 3.10: Espécime de quíton do gênero Callistochiton. Há espécies desse gênero que ocorrem na plataforma continental de Pernambuco, Brasil Fonte: <http://cuhwww.upr.clu.edu/~cgarcia/quitones/shuttleworthianus/mohoso.jpg>. Acesso em: 1 nov. 2010. Figura 3.11: Representação esquemática de Dentalium enterrado na areia do mar Fonte: <http://cas.bellarmine.edu/tietjen/images/scaphopoda.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2010. Nota: Além de gastrópodes, bivalves e cefalópodes, outros grupos de moluscos são os anfi neuros e escafópodes. Os anfi neuros, também chamados quítons (Figura 3.10), medem cerca de 5 cm e rastejam no fundo do mar, raspando algas das rochas com o auxílio da rádula. A concha é formada pela superposição de oito placas produzidas pelo manto. Já os escafópodes têm o corpo protegido por uma concha tubular, recurvada como um grande canino, medindo cerca de 6 cm de comprimento e aberta nas duas extremidades. Passam a maior parte do tempo enterrados na areia das águas rasas. Um exemplo é o gênero Dentalium, que você pode observar na Figura 3.11. Biologia Aquática e Pesqueirae-Tec Brasil 56 Que tal, palavras cruzadas? 1. Após encontrar as palavras de cada linha, defi na a palavra que surgirá na coluna em destaque. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 1. Molusco gastrópode sem concha. 2. Bivalves são também chamados pelecípodes porque seu pé tem a forma de... 3. Nome popular comum a moluscos dos gêneros Mytella e Mytilus. 4. Órgãos utilizados pelos bivalves para fi ltrar partículas alimentares trazidas pela água. 5. Denominação utilizada para certos caracóis herbívoros terrestres; uma iguaria presente nos melhores restaurantes do mundo. 6. Molusco cefalópode dotado de oito tentáculos. 7. Classe de moluscos à qual pertencem os turus. e-Tec BrasilAula 3 – Quais moluscos você conhece? 57 8. O gênero da ostra-do-mangue e da ostra gigante do Pacífi co. 9. O gênero da lula vulgar. 10. Nome dado ao cultivo de escargot. 11. Cefalópode dotado de concha externa normal. Resumo Nesta aula, você estudou alguns dos mais importantes animais do fi lo Mollus- ca. Viu que eles se destacam pelos variados tipos de relações que mantêm com a espécie humana. Assim, embora existam escargots, ostras, mexilhões, polvos e lulas comestíveis, ostras produtoras de pérolas, há espécies prejudi- ciais ao homem, como as lesmas que podem atuar como pragas em planta- ções, caramujos hospedeiros de parasitas que causam enfermidades em hu- manos, além de alguns polvos e outros moluscos venenosos. Você entendeu por que precisamos conhecer esses animais para melhor aproveitamento das espécies úteis e o adequado controle das nocivas. Atividades de aprendizagem Chegamos ao fi nal da nossa 3ª aula. Então é hora da avaliação. 1. Como é chamado o cultivo de escargot? 2. Quais gêneros de escargot você conhece? 3. Qual importante verminose humana tem em seu ciclo evolutivo um mo- lusco gastrópode como hospedeiro intermediário? 4. Como você identifi ca um molusco pelecípode? 5. Complete as lacunas no trecho a seguir com os termos técnicos corres- pondentes. “De acordo com a defi nição do IBAMA, o cultivo de organismos aquáticos que tenham na água o seu normal ou mais frequente meio de vida é chama- Biologia
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