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AULA 11 SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA MONISMO E PLURALISMO JURÍDICO

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AULA 11: SOCIOLOGIA JURÍDICA
MONISMO E PLURALISMO JURÍDICO
Prof. Ms. Márcio José Pella
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MONISMO JURÍDICO
A doutrina do monismo jurídico desenvolveu-se em quatro grandes ciclos ou fases e passou a compreender o direito, somente quando emanado do Estado.
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MONISMO JURÍDICO
A primeira fase ou ciclo relaciona-se com a sua própria formação, compreendida entre os séculos XVI e XVII, quando se colocou o Direito como criação exclusiva do Estado.
A segunda fase, conhecida como ciclo da sistematização, compreendeu o período que vai da Revolução Francesa até o século XIX, marcada pelo surgimento das codificações, quando se consagrou o pensamento de que todo o Direito não só é Direito, mas de que somente o Direito Positivo é verdadeiramente Direito, indo de encontro às necessidades burguesas, em contraposição ao sistema feudal plural.
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MONISMO JURÍDICO
Na terceira fase, culmina o apogeu do monismo jurídico, que implicou a constituição de uma legalidade dogmática com rígidas pretensões de ciência, atingindo o ápice entre os anos 20/60 do século passado. O direito não podia se ocupar das causas.
E, por fim, a quarta fase, conhecida como a crise do paradigma, que teve seu início a partir dos anos 60/70, encontrando seus fundamentos na revolução tecnológica e no processo de globalização.
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MONISMO JURÍDICO
Esse novo paradigma neoliberal traz à tona a perda da eficácia do direito e o enfraquecimento do Estado. Ocorreu, portanto, o esgotamento do paradigma da legalidade estatal moderna, que não consegue responder de maneira eficaz e legítima às demandas e aos anseios da sociedade.
A crise do direito fica bem demonstrada na medida que se revela disfuncional e ineficaz, embora escondido na aparência da competência, certeza e segurança.
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MONISMO JURÍDICO
O positivismo jurídico dogmático passa a vivenciar uma profunda crise por permanecer apegado à legalidade formal escrita e ao monopólio da produção normativa estatal, afastando-se das práticas sociais cotidianas.
Desse modo, a classe burguesa, detentora dos meios de produção, vai se apossando do poder e utilizando o instrumental jurídico para nele se manter hegemonicamente, sem incômodos, já que os operadores jurídicos não poderiam ter uma outra interpretação da norma, que em última análise era expressão da vontade estatal ou do grupo político que estava no poder.
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PLURALISMO JURÍDICO
O direito tem por finalidade regular as relações sociais e o intérprete não pode ignorar o contexto social, político, econômico que essas relações se exprimem, sob pena de não produzir eficácia.
Assim, deve-se buscar novas formas de interpretação, enfim, de justiça.
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PLURALISMO JURÍDICO
Na medida em que o órgão de jurisdição do modelo de legalidade estatal convencional torna-se funcionalmente incapaz de acolher as demandas e de resolver os conflitos inerentes às necessidades engendradas por novos atores sociais, nada mais natural do que o poder societário instituir instâncias extrajudiciais assentadas na informalidade, autenticidade, flexibilidade e descentralização. A constituição de outro paradigma da política e do jurídico está diretamente vinculada ao surgimento comunitário-participativo de novas agências de jurisdição não-estatais espontâneas, estruturadas por meio de processos de negociação, mediação, conciliação, arbitragem, conselhos e tribunais populares.
(Wolkmer, 2001, p. 310)
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PLURALISMO JURÍDICO
 Aos olhos de uma Teoria Crítica, reconhece-se a existência de um Direito não oficial que emerge das práticas sociais, um Direito "paralelo", "achado na rua" ou "insurgente". Nessa linha de raciocínio, o Direito é legítimo não em função da autoridade competente ou dos mecanismos procedimentais do Estado quanto à criação das normas, mas é válido porque a comunidade reconhece como tal. Assim, a Comunidade Local, a exemplo da Associação dos Moradores de Bairro de uma favela [32], não só reconhece a legitimidade das normas informais, mas também as aplicam, solucionando, dessa forma, os conflitos. 
(Renato Toller Bray)
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Rocinha cresce na vertical à margem da lei
O Globo, Daniel Engelbrecht, 04/nov
Mais de um terço dos imóveis na Rocinha são prédios com dois ou mais andares, e quase a metade não tem qualquer documentação. Os números constam de uma pesquisa realizada pela Fundação Bento Rubião, responsável pelo programa de regularização fundiária da comunidade, que entrevistou mil moradores entre dezembro e março. Em boa parte dos edifícios, cada pavimento serve de moradia para até seis famílias. Com o objetivo de auxiliar o programa de regularização fundiária iniciado em 2005, a pesquisa foi realizada nos 15 sub-bairros da Rocinha. A principal constatação é de que 36% dos imóveis são prédios, a maior parte deles (46%) com três andares. Os prédios com quatro andares são 20% e os com cinco ou mais pavimentos, 10%. Em cada andar costuma viver um número grande de famílias. Segundo a pesquisa, 59% dos pavimentos abrigam entre três e seis moradias, e 8%, de sete a dez. Há casos de prédios em que cada andar é habitado por 16 ou mais famílias (2% do total).
Para o arquiteto Canagé Vilhena, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ), a Rocinha atingiu um nível de adensamento superior aos padrões conhecidos em outras comunidades:
O adensamento excessivo também tende a prejudicar o convívio entre as pessoas. Nesse quesito, a falta de documentação sobre o espaço de cada um torna-se um agravante, lembra Vilhena. Do total de entrevistados, 44% não têm qualquer documentação sobre o imóvel em que vivem e apenas 1% tem escritura definitiva. Entre as pessoas que moram de aluguel (11% dos entrevistados), 81% não têm contrato de locação, e 54%, sequer recibos de pagamento. Coordenador da Fundação Bento Rubião, Ricardo Gouvêa afirma que a Rocinha não pode mais esperar para ter sua situação regularizada:
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- A hora de conter o crescimento é agora, enquanto ainda temos a maioria dos prédios com dois, três e quatro andares. É preciso apostar no processo de legalização.
Na ausência do poder público, a maior associação de moradores da favela, a União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha, acabou se transformando numa espécie de cartório, já tendo cadastrado um terço das moradias da comunidade. O registro na associação é o único documento de 33% dos donos de imóveis na favela. Presidente da entidade, William de Oliveira explica que a iniciativa foi tomada para evitar os conflitos que aconteciam pela posse dos imóveis.
- Tínhamos casos de moradores que vendiam a casa para duas pessoas, ou que vendiam e iam embora sem deixar qualquer documento. O cadastro que criamos foi uma forma de regularização. Hoje, quando uma família precisa, por exemplo, fazer inventário, a Justiça manda ofício direto para a associação de moradores - diz ele.
Parceiro da Fundação Bento Rubião no projeto de regularização fundiária, Oliveira admite que a melhor solução é a distribuição de títulos de propriedade aos donos dos imóveis:
- Títulos de propriedade são a solução definitiva e um direito dos moradores.
Iniciado em 2005, o projeto de regularização fundiária, chamado Rocinha Mais Legal já recebeu a adesão de 2 mil famílias de três sub-bairros. O procedimento está mais adiantado no Bairro Barcelos, onde 520 ações de usucapião e adjudicação compulsória já foram propostas na Justiça, abrangendo 1.620 unidades residenciais, a fim de que seus proprietários obtenham escritura. Apesar do grande número de beneficiados, o projeto ainda é desconhecido da maioria dos moradores da favela. Segundo a pesquisa, 68% deles disseram não conhecer o programa e 73% informaram não saber o que significa regularização fundiária. Perguntados sobre a possibilidade de ter um título de propriedade, no entanto, 96% das pessoas disse considerar importante.
http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=23288. Acesso em 20/02/2012
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BIBLIOGRAFIA
 WOLKMER, Antonio
Carlos. Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
WOLKMER, Antonio Carlos . Pluralismo Jurídico: Fundamentos de uma nova cultura no Direito. 3.ed. São Paulo: Alfa-Omega, 2001.
Dica de leitura: 
A crise do positivismo jurídico e a necessidade de mudança de paradigma
 Vinicius Gonçalves Rodrigues

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