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Regra da cadeia para funções de duas variáveis A regra da cadeia para funções de duas ou mais variáveis possui muitas versões que depen- dem da quantidade de variáveis envolvidas. Caso 1 Suponha que z = f(x, y) e que x e y são funções de uma variável t. z = f(x(t), y(t)) Neste caso, observamos que z é indiretamente uma função de t (ou seja, uma função de uma única variável). Se f possui derivadas parciais fx e fy contínuas e se as funções x(t) e y(t) são diferenciáveis em t, então z é diferenciável em t e dz dt = ∂z ∂x dx dt + ∂z ∂y dy dt ou seja, df dt = fx(x(t), y(t)) · x′(t) + fy(x(t), y(t)) · y′(t) Exemplo 1. Seja z = f(x, y) = x2y + 3xy4, onde x(t) = sen t e y = e2t. Calcule dz dt quando t = 0. Temos que fx(x, y) = 2xy + 3y 4 fy(x, y) = x 2 + 12xy3 x′(t) = cos t y′(t) = 2e2t Logo, dz dt = (2xy + 3y4) cos t+ (x2 + 12xy3)2e2t Observe que quando t = 0 temos x = 0, y = 1, cos t = 1 e e2t = 1. Portanto, temos que dz dt (0) = 3 Observe que poderíamos ter calculado a derivada do exemplo anterior expandindo a fórmula de z em t: z = x2y + 3xy4 = sen2 t e2t + 3 sen t e8t e calculando sua derivada em t utilizando a regra da cadeia para funções de uma variável: dz dt = 2 sen t cos t e2t + 2 sen2 t e2t + 3 cos t e8t + 24 sen t e8t Quando t = 0, temos dz dt = 3 Isto vale, em geral, para o caso 1 (lembrando que as hipóteses de continuidade e de diferen- ciabilidade tem que ser satisfeitas). 1 Caso 2 Suponha que z = f(x, y) e que x e y são funções de outras duas variáveis s e t. z = f(x(s, t), y(s, t)) Neste caso, observamos que z é indiretamente uma função das duas variáveis s e t. Se f possui derivadas parciais fx e fy contínuas e se as funções x(s, t) e y(s, t) possuem derivadas parciais xt, yt, xs e ys contínuas, então ∂z ∂s = ∂z ∂x ∂x ∂s + ∂z ∂y ∂y ∂s = fx(x(s, t), y(s, t)) · xs(s, t) + fy(x(s, t), y(s, t)) · ys(s, t) ∂z ∂t = ∂z ∂x ∂x ∂t + ∂z ∂y ∂y ∂t = fx(x(s, t), y(s, t)) · xt(s, t) + fy(x(s, t), y(s, t)) · yt(s, t) Chamamos s e t de variáveis independentes, chamamos x e y de variáveis intermediárias e chamamos z de variável dependente. Exemplo 2. Seja z = f(x, y) = x sen y, onde x(s, t) = st2 e y = s2t. Calcule as derivadas parciais ∂z ∂s e ∂z ∂t . Temos que fx(x, y) = sen y fy(x, y) = x cos y xs(s, t) = t 2 xt(s, t) = 2ts ys(s, t) = 2st yt(s, t) = s 2 Logo, ∂z ∂s = sen y t2 + x cos y2st = sen (s2t) t2 + 2s2t3 cos(s2t) ∂z ∂t = 2ts sen y + xs2 cos y = 2ts sen (s2t) + s3t2 cos(s2t) Observe que poderíamos ter calculado as derivadas parciais do exemplo anterior expandindo a fórmula de z em s e em t: z = x(t) sen y(t) = st2 sen (s2t) e calculando suas derivadas parciais em s em t diretamente: ∂z ∂s = t2 sen (s2t) + 2s2t3 cos(s2t) ∂z ∂t = 2ts sen (s2t) + s3t2 cos(s2t) Isto vale, em geral, para o caso 2 (lembrando que as hipóteses de continuidade tem que ser satisfeitas). 2 Caso Geral Suponha que z = f(x, y) e que x e y são funções de outras m variáveis t1, t2, t3, ..., tm. z = f(x(t1, t2, t3, ..., tm), y(t1, t2, t3, ..., tm)) Neste caso, observamos que z é indiretamente uma função das m variáveis t1, t2, t3, ..., tm. Se f possui derivadas parciais fx e fy contínuas e se as funções x(t1, t2, t3, ..., tm) e y(t1, t2, t3, ..., tm) possuem derivadas parciais xti , yti contínuas para todo i ∈ {1, 2, ...,m}, então ∂z ∂ti = ∂z ∂x ∂x ∂ti + ∂z ∂y ∂y ∂ti Exemplo 3. Se z = f(x, y) = x sen y, onde x(r, s, t) = r + st2 e y(r, s, t) = r3 + s2t. Calcule as derivadas parciais ∂z ∂r , ∂z ∂s e ∂z ∂t . Temos que fx(x, y) = sen y fy(x, y) = x cos y xr(r, s, t) = 1 xs(r, s, t) = t 2 xt(r, s, t) = 2ts yr(r, s, t) = 3r 2 ys(r, s, t) = 2st yt(r, s, t) = s 2 Logo, ∂z ∂s = sen y + 3r2x cos y = sen (r3 + s2t) + 3r2 cos(r3 + s2t) ∂z ∂s = sen y t2 + x cos y2st = sen (r3 + s2t) t2 + 2s2t3 cos(r3 + s2t) ∂z ∂t = 2ts sen y + xs2 cos y = 2ts sen (r3 + s2t) + s3t2 cos(r3 + s2t) Regra da cadeia para funções de três variáveis As regras da cadeia para funções de três variáveis são análogas às regras para funções de duas variáveis: Caso 1 Suponha que w = f(x, y, z) e que x, y e z são funções de uma variável t. w = f(x(t), y(t), z(t)) Neste caso, observamos que w é indiretamente uma função de t (ou seja, uma função de uma única variável). Se f possui derivadas parciais fx e fy contínuas e se as funções x(t), y(t) e z(t) são diferenciáveis em t, então w é diferenciável em t e dz dt = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt + ∂w ∂z dz dt = fx(x(t), y(t), z(t))·x′(t)+fy(x(t), y(t), z(t))·y′(t)+fz(x(t), y(t), z(t))·z′(t) 3 Caso 2 Suponha que w = f(x, y, z) e que x, y e z são funções de outras duas variáveis s e t. w = f(x(s, t), y(s, t), z(s, t)) Neste caso, observamos que w é indiretamente uma função das duas variáveis s e t. Se f possui derivadas parciais fx, fy e fzcontínuas e se as funções x(s, t), y(s, t) e z(s, t) possuem derivadas parciais contínuas, então ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s + ∂w ∂z ∂z ∂s ∂w ∂t = ∂w ∂x ∂x ∂t + ∂w ∂y ∂y ∂t + ∂w ∂z ∂z ∂t Chamamos s e t de variáveis independentes, chamamos x, y e z de variáveis intermediárias e chamamos w de variável dependente. Caso Geral Suponha que w = f(x, y, z) e que x, y e z são funções de outras m variáveis t1, t2, t3, ..., tm. w = f(x(t1, t2, t3, ..., tm), y(t1, t2, t3, ..., tm), z(t1, t2, t3, ..., tm)) Neste caso, observamos que w é indiretamente uma função das m variáveis t1, t2, t3, ..., tm. Se f possui derivadas parciais fx, fy e fz contínuas e se as funções x(t1, t2, t3, ..., tm), y(t1, t2, t3, ..., tm) e z(t1, t2, t3, ..., tm) possuem derivadas parciais xti , yti contínuas para todo i ∈ {1, 2, ...,m}, então ∂w ∂ti = ∂w ∂x ∂x ∂ti + ∂w ∂y ∂y ∂ti ++ ∂w ∂z ∂z ∂ti Derivada implícita Lembramos que, em cálculo 1, muitas vezes tínhamos expressões envolvendo as variáveis x e y nas quais não podíamos expressar a variável y explicitamente em função da variável x, ou seja, casos onde variável y era dada implicitamente por uma expressão envolvendo x e y. Nestes casos, usamos o método da derivação implícita, que consiste em diferenciar com relação à x ambos os lados da equação dada em x e y considerando que y = y(x) é uma função derivável de x. Entretanto, com a regra da cadeia de funções de duas variáveis, podemos escrever a derivação implícita de forma muito mais simples. Seja F (x, y) uma função que possui derivadas parciais contínuas tal que a equação F (x, y) = 0 defina y = y(x) como uma função diferenciável de x. Então, se Fy 6= 0 temos que y′(x) = dy dx = −Fx Fy De fato, diferenciando ambos os lados da igualdade F (x, y) = 0 com relação à x, obtemos Fx dx dx + Fy dy dx = 0 ⇒ Fx + Fy dy dx = 0 ⇒ dy dx = −Fx Fy Uma pergunta válida seria: em que situações podemos garantir que a equação F (x, y) = 0 define y = y(x) como uma função diferenciável de x? Por mais inacreditável que pareça, é possível mostrar que basta que a função F possua derivadas parciais contínuas em um disco contendo um ponto (a, b) e que Fz(a, b) 6= 0 para que a equação F (x, y) = 0 defina y = y(x) como uma função diferenciável de x (pelo menos perto do ponto (a, b)). 4 Exemplo 4. Determine dy dx se x2 − y2 + sen(xy) = 0. Temos que se F (x, y) = x2 − y2 + sen(xy), então Fx(x, y) = 2x+ y cos(xy) e Fy(x, y) = −2y + x cos(xy) Logo, dy dx = −Fx Fy = 2x+ y cos(xy) 2y − x cos(xy) Podemos usar um raciocínio análogo quando temos z dado implicitamente como uma função de x e de y por uma equação da forma F (x,y, z) = 0 Nesse caso, se Fz 6= 0, diferenciando ambos os lados da igualdade F (x, y, z) = 0 com relação à x, obtemos Fx ∂x ∂x + Fy ∂y ∂x + Fz ∂z ∂x = 0 ⇒ Fx + Fz ∂z ∂x = 0 ⇒ ∂z ∂x = −Fx Fz De forma semelhante, se Fz 6= 0, diferenciando ambos os lados da igualdade F (x, y, z) = 0 com relação à y, obtemos Fx ∂x ∂y + Fy ∂y ∂y + Fz ∂z ∂y = 0 ⇒ Fy + Fz ∂z ∂y = 0 ⇒ ∂z ∂y = −Fy Fz E agora? Em que situações podemos garantir que a equação F (x, y, z) = 0 define z = z(x, y) como uma função que possui derivadas parciais contínuas? Nesse caso, é possível mostrar que basta que a função F possua derivadas parciais contínuas em uma bola contendo um ponto (a, b, c) e que Fz(a, b, c) 6= 0 para que a equação F (x, y, z) = 0 defina z = z(x, y) (pelo menos perto do ponto (a, b, c)). Exemplo 5. Determine ∂z ∂x e ∂z ∂y se x2z − y2 + sen(xyz) = 0. Temos que se F (x, y, z) = x2z − y2 + sen(xyz), então Fx(x, y, z) = 2xz+yz cos(xyz), Fy(x, y, z) = −2y+xz cos(xyz) e Fz(x, y, z) = x2+xy cos(xyz) Logo, ∂z ∂y = −Fy Fz = 2y − xy cos(xyz) x2 + xy cos(xyz) ∂z ∂x = −Fx Fz = −2xz + yz cos(xyz) x2 + xy cos(xyz) Analogamente, quando temos w dado implicitamente como uma função de x, y e z por uma equação da forma F (x, y, z, w) = 0 e se Fw 6= 0, então, ∂w ∂x = −Fx Fw , ∂w ∂y = −Fy Fw e ∂w ∂z = −Fz Fw Nesse caso, é possível mostrar que basta que a função F possua derivadas parciais contí- nuas em uma bola contendo um ponto (a, b, c, d) e que Fz(a, b, c, d) 6= 0 para que a equação F (x, y, z, w) = 0 defina w = w(x, y, z) (pelo menos perto do ponto (a, b, c, d)). 5 Exemplo 6. Determine ∂w ∂x , ∂w ∂y e ∂w ∂z se x2z − y2 + sen(xyz)− w = 1. Temos que se F (x, y, z, w) = x2z − y2 + sen(xyz)− w − 1, então Fx(x, y, z, w) = 2xz + yz cos(xyz), Fy(x, y, z, w) = −2y + xz cos(xyz) Fz(x, y, z, w) = x 2 + xy cos(xyz), Fw(x, y, z, w) = −1 Logo, ∂w ∂y = −Fy Fw = −2y + xy cos(xyz) ∂w ∂x = −Fx Fw = 2xz + yz cos(xyz) ∂w ∂z = −Fz Fw = x2 + xy cos(xyz) 6
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