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Atlas de História da Arte

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I ATLAS 
HIS IUKIA 
DA ARTE 
J . Bassegoda Nonell 
Tradução direta da pr imeira edição espanhola de 
•MARIA TRAVASSOS ROMANO 
Professora d ip lomada pelo Colégio Notre Dame de Sion, 
do Rio de Janeiro 
EDIÇÃO ESPECIAL REVISADA PARA 
LIVRO IBERO-AMERICANO, LTDA. 
RIO DE J ANE I RO 
©EDICIONESJOVE 
1980 
ISBN: 84-7093-148-2 
Oepódto Legal: B-20855-80 
3 . ' E O l C I O N PORTUGUESA 
G. Ranacimlento-Avda. CataluAa, 3 1 - S t a . Coloma de Gramanat 
BIBUOTECA 
A lli\li>ii(i (1(1 Aric c a história daquilo que de mais 
hclii iirii(lii.:iii D homem. A contemplação desta histó-
i i i i , (Ir iiKulti ordenado, é mais uma satisfação do es-
Itllitii dii (iiie um traltalho meramente ciUtural. 
A imensidão do ciinipo artístico, que valoriza e digni-
lltii I I liiiineni. ifue, i>or outro lado, é capaz de tantas 
hrntiilidiule\, ohriy.aiios a restringir, enormemente, o 
eonleiulii í / r unia ol>ra de divulgação como a que ora 
iipi eseiiliiniiis iiii leitor. Paru se evitar que o critério 
ie:liiliv(i possa empanar a visão de conjunto da arte 
I uuUnnir. ijiie uma estudada seleção facilitasse o pano-
iiiniii i;eiiil dii história dii arte, de modo satisfatório, 
\eiii e:(ineeer artista algum de primeira grandeza como 
iiiniliein nenliuiiia obra imortal. 
Meiíi (III escolha de ilustrações com seus respectivos 
eoinenldi ios, i''ste livro, em cada um de seus capítulos, 
foi e.;eiito com o intuito de ser um roteiro geral de 
I l i d a e\iiilii artística e de cada momento histórico. Em 
liieves mas siihstuiieiosas linhas —assim esperamos— é 
e\posta a razão de ser de cada época, para depois 
l>ii\sarnii>s ii discrição e ao comentário das obras. 
tispeid II autor que a leitura de seu livro sirva para 
iiliiii as portas a um conhecimento sumário da história 
i / i í mie, siilieieiite, sem dúvida, para despertar o inte-
1 1 " . M ' ( ' ( I desejo de aumentar esse pequeno cabedal 
atiaves de outras obras maiores. 
/' liiiidiiniental que esta primeira impressão seja real-
mente posíliva, porquanto uma exposição errónea, de 
no;:ii parle, poderia fechar as ditas portas em vez de 
iitui ias. 
[•'isando uma boa primeira impressão, esforçou-se o 
ajilor no interesse de seus leitores e em vista do pro-
fundo respeito e amor que sente pela arte. 
O A U T O R 
PRÉ-HISTÓRIA 
Paradoxalmente, a arte pré-histórica 
se oferece ao século xx como uma arte 
plenamente moderna. As formas rotun-
das de sua arquitetura, que permane-
cem até hoje graças ao seu tamanho 
colossal e a sua pétrea solidez, a sim-
plicidade e o abstracionismo de sua es-
cultura ou o expressionismo de sua 
pintura têm vigência na hora presente. 
Tem-na porque a Pré-história não co-
nheceu decadência. Foi o mais longo 
período da vida humana sobre a Terra, 
tendo sido também uma constante su-
peração de dificuldades, um avançar a 
novas conquistas sem possibilidade de 
retrocesso, o que lhe teria sido fatal. 
Fora lenta a evolução, lentíssima, mas 
produziu tão excelente resultado artís-
tico como o melhor de qualquer outra 
época histórica. 
Ignorada até o século passado, a arte 
pré-histórica chegou até nós reduzida 
a uma expressão mínima, suficiente, no 
entanto, para poder traçar seu pro-
cesso em linhas gerais. 
Sua arquitetura, a mais tardia das 
artes pré-históricas, só apareceu depois 
que o homem, abandonando a árvore 
e a caverna, aprendeu a viver em uma 
casa. Serão as cabanas e as palafitas 
as primeiras moradias de que se tem 
notícia, através de escassos vestígios; 
lerramari italianas, ou equivalentes en-
tre os povos primitivos atuais. 
Já no início sentiu o homem que a 
casa não era suficiente para seu espí-
rito e que iria precisar do monumento, 
a arquitetura da mente, e da tumba, 
a arquitetura da morte. 
Com a paciência e o suor de legiões 
de homens fincaram-se no solo de toda 
Europa enormes monolitos, de até 
20 metros de altura, no intuito de se 
perpetuar a memória invocando-se di-
vindades estranhas e obscuras magias. 
Quando estes monolitos se agrupam 
em forma de círculos ou de linhas re-
tas, vemos, por seus nomes bretões 
(menir, cromlech), o sentido do tem-
plo organizado segundo um projeto 
que, em alguns casos, como em Sto-
nehenge (fig. 1), denuncia-se a prática 
do culto ao Sol. 
A arquitetura mortuária se perpetuou 
nos dólmenes (fig. 2), simples estru-
turas com pórticos, construídas com 
pedras verticais que sustentam um teto 
formado de outra pedra horizontal. Na 
maioria das vezes estas construções se 
achavam cobertas de terra, à maneira 
de túmulos, e que, em época posterior, 
se complicaram, formando cavernas 
compostas por um grande corredor 
com pórticos e por uma sala funerária 
circular coberta com abóbodas obtidas 
pelas sucessivas saliências das fileiras 
de pedra. Desde a Espanha até a Rús-
sia encontram-se grandes dólmenes, en-
quanto que em Portugal, assim como 
no sul da Espanha, como, por exem-
plo, em Antequera, encontram-se os 
exemplos mais notáveis de covas. 
Posterior a esta cultura, a mediter-
rânea insular, especialmente em Me-
norca. Malta e Cerdenha, apresenta as 
navetas (fig. 3), túmulos de pedra de 
dois pavimentos; os templos de curio-
sa forma oval, os íalaiots e os nuraghi, 
ou grandes torres de forma cónica que 
têm uma original semelhança com os 
brochs escoceses. 
Na escultura, o artista pré-histórico 
invoca as forças ocultas protetoras da 
fecundidade (tanto animal como vege-
tal) e da caça. 
As pequenas «vénus» esteatopígicas 
de Willendorf, Savignano, Lespugue, 
Laussel (fig. 4) são como pétreas ora-
ções, mudas, íntimas, secretas e mes-
mo um pouco inconfessáveis. 
A par disso, nas representações ani-
mais o realismo é patente. O artista 
observa pacientemente, isto é, com a 
grande virtude da Pré-história, os mo-
vimentos dos animais e os reproduz de 
maneira engenhosa sobre pedras cuja 
forma lhe sugere aqueles movimentos 
(mamut de Predmost, Moravia) ou so-
bre massas argilosas, como em Tuc 
d'Audoubert (Ariège) (fig. 5), ou no in-
terior das cavernas onde, na penumbra, 
pensa vislumbrar as formas dos ani-
mais movendo-se em grupos (Cap 
Blanc, Dordogne). 
Na pintura acontecerá o mesmo, e 
embora os maravilhosos afrescos da 
escola cantábrica (Altamira, Puente 
Viesgo, etc.) tenham reproduzido viva-
mente as figuras dos animais cuja ca-
ça era usual (fig. 6), na escola levanti-
na espanhola (CoguI, Pinateda, Morei-
la) ou na norte-africana de Tassili, o 
homem aparece somente em esquema, 
como um símbolo matemático fruto de 
sua inteligência superior, e geralmente 
em uma só còr. 
O descobrimento do uso dos metais 
e da cerâmica abrirá vasto campo às 
artes menores, antes restritas apenas à 
toscas pedras da era Paleolítica, ou pe-
dras polidas, tochas, facas e pontas de 
flecha da Neolítica. 
As culturas de IJallstatt e de La Têne 
abriram caminho à arte chamada cél-
tica, cujo trabalho, de decorações reti-
líneas no primeiro caso, e curvilíneas 
no segundo, obteve resultados de gran-
de interesse (escudo de Battersea). 
lliit.\iU IIISI()IU\i ARTE s^'ir 
I |i/\',M(,i i|iA Ni iNI 11 , IA i : : ; (H l ,A : ; in ' . | i i :M<OUn' t :TURADEBARCELONA 
••B PRÉ- HISTORIA^niMMIV^H Núm 1 
i ' A i i OLITICO, NEOLÍTICO E IDADE DOS METAIS 
I ly t ( lintílitli i\ iiHMIillMltM ch iM i i i l i l ; ) "nnveta dEs Tudons" Fig. 4. - A "Vénus" de Laussel (França) 
t li| •* Ml t MH t i l í t t i i i l o s e m argila, de Tuc d Aiidouberl Frf) 6 Bisão da cova de Altamira ÍEspantia). 
II 1.111^*1 
IDADE ANTIGA 
MESOPOTÂMIA 
As primeiras civilizações de que se tem notícia na História, ou seja as que deixaram documentos escritos, lo-calizam-se na zona chamada do «Fértil Crescente», ou seja no Levante me-diterrâneo, desde o Egito até Anatólia.Nesta região destinguem-se duas zonas, banhadas uma pelos rios Tigre e Eufra-tes e a outra pelo Nilo. Ali iniciam-se os impérios agrícolas, ou seja as pri-meiras grandes organizações políticas que se fundamentam na agricultura, que era ainda desconhecida na Pré-história. O império agrícola da Meso-potâmia, que se inicia no quinto mi-lénio antes de Cristo, dá lugar a uma .série de dominações de diferentes po-vos, que é a causa da variedade de raças que se encontra naquela região. 
Depois de um período proto-histórico de cidades-estados, forma-se o primei-ro Império sumério, que, como os de-mais, subsistirá pêlo cultivo da terra e a organização militar e religiosa, esta última baseada no terror das horríveis divindades que deviam ser aplacadas por sacrifícios, quando se manifesta-vam através dos fenómenos naturais prejudiciais ao homem. O rei tinha po-der supremo e os sacerdotes, que se dedicavam também à astrologia, domi-navam o povo com uma religião incle-mente e cruel. 
Todas as manifestações da arte en-contram-se neste império que se ini-cia, cronologicamente, com o período Pré-sumério (5000-2800 a. C ) ; datam des-ta época os mais antigos templos cons-truídos com tijolos, o principal mate-rial na Mesopotâmia, onde a pedra é escassa; são desta época também a cerâmica de Susa e os ídolos de bar ro (fig. 1), simples, porém fortemente ex-pressivos. 
O primeiro Império sumério (2800-2500) localiza-se em Ur, onde aparecem os famosos zigurats, monumentos es-calonados que possuem um pedestal e uma escada por onde o deus é chama-do à descer a terra. Desta época pro-cedem numerosas esculturas (fig. 2), como a estrela dos abutres, onde apa-recem, em baixo relevo, as perspecti-vas convensionais sumérias, num im-pressionante destile de guerreiros que calcam aos pés seus inimigos derrota-dos. Enquanto que o chamado estan-darte de Ur mostra a tranqiiila cena de um banquete real, amenizado com músicas e cantos. 
Entre 2500 e 2300 os sumérios, de ori-gem camita, são submetidos aos semi-tas, chefiados por Sargão I. Esta é a primeira das grandes mudanças raciais no poder. O Império acádio entra na história da Arte especialmente com a estrela de Naram-Sin (fig. 3), que su-pera definitivamente os protjlemas da perspectiva, e onde se reflete com per-feição a impressão de movimento as-cendente e um sinal de vitória. Nova-mente os sumérios dominam o país, entre 2300 e 2100; constroem suntuosos palácios e deixam um testemunho de sua capacidade artística nas inúmeras estátuas de Gudea, patesi ou governa-dor de Lagash (fig. 4), esculpidas em pedra negra, o que as torna mais va-liosas, representando o patesi em ati-tude de oração, em majestuosa imobili-dade e tremenda força interior. 
Babilónia, uma das cidades submeti-das em época anterior, consegue a he-gemonia, voltando assim os semitas a chefiar a Mesopotâmia (2100-1600). Da-tam desta época a estrela do rei Ha-murabi (Louvre), uma das tentativas de coligação de leis mais antigas da História, e as pinturas do palácio de Mari. 
A história da Mesopotâmia está nar-rada na curiosa escrita cuneiforme (se-melhante a pegadas de pássaros sobre o limo) em tabuinhas de bar ro que conservam o texto depois da cosedura. 
São de época elamita os kudurrus, ou sejam pequenas pedras esculpidas onde se consignavam propriedades e, do mesmo modo, ofertas de terras ao templo. Surge do norte da Mesopotâmia um novo poder, o assírio, originado em Asur, Nimrud e Korsabad (1100-612). É este o mais forte e cruel dos impé-rios, do qual se conservam majestosas ruínas do palácio de Korsabad, vasta região de 30 hectares, onde se mistu-ram as fortificações com o zigurat real e as grandiosas salas de recepção. Todo êle, com gigantescos muros elevados e portas protegidas pelos lamassus, ou génios alados (fig. 5), constituídos de cabeça humana, corpo de touro ou de leão e grandes asas ponteagudas, cuja missão era espantar os maus espíritos. Os relevos do palácio de Nínive, que descrevem as caçadas de Asurnasirpal (fig. 6), apesar de re tomarem temas an-tigos encerram em seus relevos toda a delicadeza de que é capaz a imaginação artística do Oriente Médio. O último império babilónico nos dei-xou a porta de Isthar, recoberta de tijolos vitrificados de cores violentas. 
Ilhi.^ih inSTOIÍI} D\ s . . 
I i i t , . i i . n i i/vKi iN i i i , ri'iii HA i::;iiii,A:,ni'i)i:Ai<ijniTi:Tiii(Ai)i:MAi<(:i;uiNA Q IDADE ANTIGA N ú m . 1 
t 
MLSOPOTAMIA 
r 
t i,i t t . ) . : l . . I. M n u I I M 1 1 ) 1 I I . I I | I M O !(]. 7. l . - i b i u i v o i í v i i d e U r lliui 
I 1,1 I I . h t l>i i i i i i n l i i l i l i - N<H<Hn ' > i n , i l i i SuK» (Uã). F i g . 4 . - E s t á t u a d e G u d e a I. d e T e l o ( I r a q u e ) . 
• T 
I i i ( 'i I iMii in i ih td i ) l l . i i i i i i s s u s ) d o p a l á c i o d e 
| - M I ' H | I . H I II I M . ) 
F i g . 6 . - R e l e v o d e A s u r n a s i r p a l c a ç a n d o l e õ e s 
N í n i v e ( I r a q u e ) . 
EGITO 
O chamado grande império agrícola se desenvolveu no Egito, ao longo do leito do rio Nilo. A sujeição às periódicas cheias do rio, que fertilizam as terras de culti-vo; as condições climatológicas e o isolamento do país, cercado por dois desertos, determinam as características especiais da mentalidade e da arte dos egípcios. Somente uma férrea organi-zação, centralizada no faraó, rei do alto e baixo Egito, permite ordenar de mo-do harmonioso os diversos cultivos. O sol, elemento preponderante do clima egípcio, é reconhecido como suprema divindade, inspirador da crença no além, fundamento da arte funerária dos faraós. 
O isolamento do país em relação ao resto do mundo, e sua uniformidade racial, justificam a continuidade de uma escola artística que sobrevive três mil anos. Desde os últimos tempos pré-históri-cos até a primeira dinastia sucedem-se dois milénios (5000-3000) de progresso lento, que alcançam já resultados ar-tísticos notáveis, como a pateta dos touros (Louvre), baixo relevo cuja téc-nica se propagará ao longo de toda a história egípcia. A divisão desta histó-ria em 30 dinastias deve-se a um sacer-dote da época tolemaica, chamado Ma-netón, que assim classificou as dinas-tias numa tentativa audaciosa de cro-nologia. O período tinita (i e ii dinas-tias), cuja capital é Tinis, produziu mui-tas obras artísticas, como a paleta de Narmer (museu do Cairo), onde já aparecem definidas as convenções egíp-cias do baixo relevo, que tão fortemente caracterizam a arte dos faraós. As figu-ras são apresentadas de perfil, com o olho e os ombros de frente, e as per-nas afastadas, dando ideia de movi-mento. A escrita Jiierográfica contri-bue, com o encanto e a esquematização de seus traços, para embelezar ainda mais o mistério dos baixo relevos, ple-nos de delicadeza, mesmo quando re-presentam cenas cruéis. 
O Antigo Império abrange mais ou menos 500 anos, contidos no segundo milénio, compreendendo a i i i e a iv di-nastias. A arquitetura fúnebre tem neste período sua mais perfeita apre-sentação. A pirâmide, derivada da mas-taba, ou seia um túmulo de formato de trapésio sobre uma câmara subter-rânea na qual está o sarcófago, adotou primeiramente formas diversas. Temos como exemplo a de Sakkara (fig. 1), que é o túmulo de rei Zoser, de for-mato escalonado e belas proporções, 
apesar de seu tamanho exagerado, e rodeado de um templo, obra do ai-quiteto Imhotep, que conseguiu novos efeitos de luz e sombra pela decoração dos muros com pilastras encostadas. A perfeição deste tipo de monumentos foi obtida no conjunto de Gize, onde as três tumbas reais de Keops, Kefrcii e Micerino reduzem-se a uma simples forma de pirâmide de base quadran-gular, símbolo do deus solar Rã, que ocupa o vértice, donde partem os raios que envolvem o corpo do faraó, cuida-dosamente oculto e embalsamado, o qual continua «vivo» em união com a divindade. 
Junto às pirâmides da iv dinastia, a esfinge de Gize permanece contem plando impassível a eternidade (fig. 2). Misterioso monumento de data incerta. Desbastado inteiramente na penha, comexceção dos braços, que são de silhai, constitui um símbolo da arte egípcia, com a face voltada para o infinito, ;i serenidade, a imobilidade e a solidez. 
A escultura do Antigo Império (fig. 3) está a altura de sua arquite-tura; temos como exemplo as figuras de Rahotep e Nofret (Cairo), tão vivas e delicadas na rigidez imposta por sua atitude de oração. 
Na pintura o afresco das ocas de Medum (Cairo), de extrema símplici dade e realismo, demonstra as possi-bilidades da arte egípcia quando, eni pequeninos detalhes, se libera da rigi dez habitual. A maturidade deste pc ríodo está resumida na estátua seden te, em pedra esver-^eada, de Sesos-tris III, de aspeto grave e humano. A Segunda Idade Média separa o Im-pério Médio do Novo (xvii-xxii dinas-tias); alcança a arte neste período sua máxima maturidade. O templo fú-nebre da rainha Hatseput, em Deir-el Bahari, é um conjunto de pórticos c terraços, unidos por suaves rampas, que conduzem ao centro da base de uma gigantesca rocha, que forma par-te do monumento. Os templos de Kar-nak (fig. 4) e Luxor, com seus grupos de colunas e seus pátios amplos, defi-nem a grandeza de uma religião, terrí-vel por sua gravidade e dimensão, po-rém sensível e capaz de dar proporção à arquitetura. 
As pinturas murais dos túmulos de Tebas (fig. 5) resumem amorosa e de-talhadamente a vida cotidiana do Egito e contrastam com a riqueza e luxo do túmulo de Tutankhamon e o egocen-trismo do túmulo subterrâneo de Ram-sés II em Abu-Simbel (fig. 6), início de uma decadência que dará frutos notá-veis entre os persas, gregos e romanos. 
l i ' 
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[l'!' ' • "•)i" i i iM . n'i i i hA I ; : . I Í I I , A ; ; I I I ' 1 ) I :M<O I I IT I : TURADEBARCELONA B 
IDADE ANTIGA Núm 2 EGITO 
l-iç). 2, A esfinge de Gizé. (Egito.) 
mm/.'-
mi 
|. 4, l'(;tspaciiva estruiural do templo de Kons Karnak (Egito). 
-!Çj. fci. Templo rle Abu bimbel (Egilo), 
ART E MED I T ERRÂNEA : 
M I NÕ I C A E M I C É N I C A 
Entre a arte pré-histórica e a dos im-
périos agrários desenvolve-se uma nova 
civilização que, embora tendo pontos 
comuns com as precedentes, se carac-
terizará até dar origem à arte medi-
terrânea, que dá início, por sua vez, ao 
esplendor grego. 
O mar Mediterrâneo é como ampla 
via de comunicação entre as costas 
continentais e as de suas ilhas. Sua 
arte será principalmente uma arte de 
movimento: dinâmica, inteligente e en-
genhosa. Não se deixará tentar pelo 
monumentalismo egípcio, pois, ainda 
que o mesmo sol ardente brilhe sobre 
o mar e sobre o Nilo, naquele a brisa 
o transforma em carícia, enquanto nes-
te o vento do deserto torna-o açoite. 
Nas ilhas Ciciadas, durante os i i e 
I I I milénios desenvolveu-se uma cultu-
ra de curiosos e pequenos ídolos, re-
presentação da deusa mãe (tig. 1), cu-
jas faces reduzidas a um simples es-
quema, sem olhos nem boca, levam o 
observador a um mundo familiar, do-
méstico, com escala humana. 
Em Creta nasce a arte egéia ou mi-
nóica; quanto ao mais, esta ilha é, nes-
ta ocasião, de excepcional interesse, 
pois constitue a mais completa organi-
zação do Mediterrâneo, através de 
grande persistência (2600-1200), e se di-
vide em vários períodos. 
O Minóico Antigo (2600-2000) corres-
ponde à época em que povoam a ilha 
povos da Africa do Norte e da Asia 
Antiga, que se manifestam artistica-
mente por uma cerâmica com temas 
tirados de animais. 
A partir do ano 2000 produzem-se in-
vasões no norte, as quais culminam 
em 1400 com a vinda dos aqueos, que 
estabelecem em Creta um novo con-
ceito de arte: primeiro os grandes pa-
lácios do Minóico Médio, entre os 
quais o de Cnossos (fig. 2), centro co-
mercial do estanho e do cobre. Na úl-
tima fase, o Minóico Recente (1400-
1200), se constroe o palácio de Hagia 
Triada e se acentua o comércio com o 
Egito. 
Vem de Creta a lenda do Minotauro, 
monstro derrotado por Teseu graças 
ao fio de Ariadne, que lhe permitiu 
.sair do labirinto do palácio de Cnossos. 
A religião egea centraliza-se em torno 
da divindade masculina representada 
pêlo touro, símbolo da força e da abun-
dância, e a divindade feminina, deri-
vada dos antigos ídolos protetores da 
fecundidade e que são representados 
em deliciosas figuras de cerâmica re-
presentando damas com o seio desco-
berto, símbolo de alimento, e porta-
doras de serpentes, símbolo da íccirii 
didade (fig. 3). 
O rito da Taurocatapsia (fig. 4) <• 
mais um dos cultos religiosos em Ion 
vor ao Minotauro, representado com 
grande beleza no palácio de Cnos.sos, 
escavado por Evans. 
Este palácio, bem como os de Fiv. 
tos e Hagia Triada, caracterizam-se por 
suas plantas irregulares, suas vasl:is 
lojas e a aquisição de elementos novos 
à arquitetura, tais como o teatro de 
forma retangular, evidente precursoi 
do teatro grego, e a coluna de base 
menor que a parte superior reco 
berta com cores variadas. A cerâmii .i 
alcança grande desenvolvimento e, alem 
de descobrir novas formas (ritones, cr.i 
terás), lança nova decoração, especial 
mente na de Camares (fig. 5 ) , onde .i 
côr se associa à forma e onde sc c. 
boçam vultos de polvos que dão a .sen 
sacão de constante movimento. 
Paralelamente à arte cretense, dcsni 
volve-se nas costas da Grécia a micém 
ca ou heládica, escola artística forma 
da nas cidades-estados, vizinhas de Mi 
cenas, Tirinto e Orcómeno. Escavadas 
no século passado por Schliemann, o 
arqueólogo que acreditou sem resiri 
ções nos relatos de Homero e que pôilc 
comprovar sua veracidade, mostiam 
uma cultura menos refinada que a cre 
tense, porém sábia em sua arquitetura, 
na qual a falsa cúpula do Tesouro de 
Atreo, em Micenas (fig. 6), substitue u 
tipo de «tholos» ou sepulcro com j;a 
leria, que deriva das covas sepulcrais 
pré-históricas. Na própria cidadela de 
Micenas a «porta dos Leões» (sécn 
lo X I V a. C.) é uma construção ciclópii a 
de estilo egípcio (fig. 7), porém apir 
sentando novas soluções e um senticln 
muito mais livre da composição. As ci 
dades gregas constroem uma primeira 
forma de sala com colunas, chamatia 
mégaron, que será o antepassado do 
templo clássico grego. 
Procede também de Micenas o famo 
so tesouro que Schliemann acreditou 
ser o de Agamenon, do qual ressaltam 
as máscaras de ouro, de impressionaii 
te realismo. 
Outro centro cultural foi Chipre, qiir, 
apesar de vizinho do Oriente Médii), 
foi mais atraído pela arte cretense, qm 
já conhecia através dos navegadores 
minóicos que lá iam à procura de cu 
bre. Ídolos cerâmicos de tosca fabi i 
cação e expressão rudimentar são <>s 
principais objetos de arte conservados 
até hoje. 
Vizinha a Chipre, desenvolve-se a ei 
vilização fenícia, caracterizada por foi 
te ecletismo, que lhe permitiu reunii 
através de suas relações comerciais ele 
mentos de todas as escolas. 
,f™l///i.>,A///,v/y^///i /\im: 
' " I ' 1 i|i« 1(1 iMi 11 r i í i I I jiA I :M iH.A s . i i r A K O I I I T I I T I I K A D I : I I A K C I I L O N A B 
IDADE ANTIGA N ú m 3 
A I M I M l 1)111 KW A N I A : M I N Ô I C A E M I C É N I C A 
I" M •<-> li'l / A chjiníicla "Porta dos Leões" (Micenas). 
GRfCIA ANTIGA 
No t ranscorrer de um milénio a Gré-
cia produzirá uma nova f o rma de pen-
samento. Esgotada a civi l ização creten-
se, e a micênica, com as invasões nór-
dicas, especialmente por as de povos 
dórios, surgirá na península e nas i lhas 
da Hélade a arte oc identa l por antono-
másia, oposta ao conceito o r i en ta l dos 
impérios agrícolas. Manifestam-se nela 
três influências: o espírito dinâmico, 
com l inhas curvas, de arte crético-micê-
nica; o geometr i smo retilíneo de o r i -
gem ariana, obra dos povos dórios; e o 
real ismo, convencional talvez, dos po-
vos or ientais . 
A convergência destas influências so-
bre a Grécia mode lam uma raçaque 
aprende um novo modo de v iver em 
cidades (polis), nas quais o homem 
tem interesse por si mesmo, desliga-se 
do cu l to a deuses terríveis, humaniza 
as divindades e coloca como meta de 
seus esforços a lcançar a Beleza atra-
vés do prazer, do hedonismo e do re-
f inamento . Seu modo de pensar fun-
damenta-se na lógica; estuda e enten-
de os números por influência de Pitá-
goras, a l i j a de suas obras de arte os 
monstros , f ru tos da imaginação, e 
aperfeiçoa a natureza com os estudos 
da perspectiva e o real ismo, t r a tando 
a arte com moderação , laboriosidade e 
delicadeza. 
O período arcaico compreende os sé-
culos V I I , VI e parte do v a. C. Nesta 
época surge o t emplo dórico ( f ig . 1), 
edifício de pequenas proporções , se o 
compararmos com os grandiosos mo-
numentos egípcios, destinados a abr i -
gar a imagem do deus em uma sala 
geralmente retangular , chamada naos 
ou cella, rodeada de colunas (perista-
sis), com um pórtico anter ior (pro-
naus) e um vestíbulo poster ior (opÍ5-
tódomo), coberto a duas águas com 
pequeno declive. Eleva-se o t emplo so-
bre escadas (estilóbato) que, j u n t o às 
colunas, f o rmam a parte sustentadora 
e o entablamento, ou seja, a parte sus-
tentada. O cu l to realiza-se em to rno do 
edifício cuja cella é somente accesível 
aos sacerdotes. 
A coluna dórica é regida por uma 
proporção f ixa , que se baseia no nú-
mero certo de vezes que o ra io da co-
luna (módulo) está cont ido em sua al-
tura . A coluna possue uma haste sul-
cada que se costumava lavrar no local , 
a f im de obter uma absoluta perfeição 
nas arestas. Esta parte denomina-se 
iuste, e a superior , capitel; este é for-
mado de uma mo ldu ra curva (equino) 
e um paralelepípedo super ior (ábaco). 
Fo rmam o entablamento i in i . i i . i 
lisa (arquitrabe); uma o u l i i i i i . i i i ' 
que se a l t e rnam os trígiifos, < l im . , i 
destinados, em princípio, a I M U H . I . • 
parte superior das vigas que M ' , I I 
sobre o a rqu i t rabe , e os i>ifliiii,i\, m 
lajes quadradais situadas e t i l i c c i i l i i 
glifos e que sao decoradas loiíi Im ln 
relevos. A corn i j a que sobnss . i r n i i 1» 
a inclinação da cober tura c o «lei !• 
com molduras , destinadas a p im n i H 
jogos de sombra sobre o M I ; I I M 
O esti lo dórico assemelha-se a<i i m n . .. 
que se rege por proporções r 11,11 . 
beltas («femininas», como f o i 1 l i . 
do); seus capiteis são ornado' , ( d 
deados enfeites, e os pés ilas m l 
com bases emolduradas , Du ra i i l r n | i i 
r íodo arcaico os dois estilos 111 
se, dando lugar a qua t ro n io iL ih i l nl. 
artísticas: o jónico de Analo l i : i , i . i i J . 
influência o r i en ta l é mais viva, i . i n i . . 1 . 
escultura como na a rqu i t e lu ra ; 1 . |. 
CO das i lhas Ciciadas, suave e dr ln .1 
o dórico do Peloponeso, mais I n . 
pesado, e o sensível esti lo ático 
niense, o mais per fe i to e e t iu lh ln . 1 
Os exemplos arquitetônicos ni.n 
teressantes no esti lo dórico sao <• !• 
p io c i rcu lar , ou tholos, de M a i m u i . 
em Delfos (séc. v i ) ( f i g . 2 ) ; o i r m i 1 
de Poseidón, em Selinonte e, n o • 
jónico , o Hera ion de Samos. 
A escultura mos t ra sua p i cd i l . 
pelas formas isoladas: nias< n i n . 
(kuuroi) e femininas (korai), -.v. 1 1 
meiras desnudas e em rígida 110 i . . 
canónica, com o pé esquerdo : U , M 
do e mister ioso sorr iso nos lábio 
mo se vê no kúuros S t r an fo rd , i l i . M u 
seu Bri tânico ( f ig . 3 ) . As koxii M U . 
sentam-se vestidas, mas igual 1 
hieráticas, como a Hera de .S.i 
( f ig . 4 ) ou a Dama de Auxcr i c 1 • 
início da lu ta pela conquista do l o i í l n 
c imento da anatomia humana , ( |MC H I U 
se conseguirá senão no período • 1 • 
sico. 
Outros elementos da escul lur: i 
ut i l izados para comple ta r a d c cm i . . 
dos templos, p r inc ipa lmente nas nu i . . 
pas do friso ou no vão t r i ang i ih i i 
cobertura , e na fachada, chamada / n u 
tão, onde se encontram c omp o . i v . 
com argumento , como o combale 1. 
Perseu e a Medusa, do frontão d. / \
temises, de Cor fu ( f ig . 5 ) e, piiuí i|iiil 
mente, no Hekatómpedon, da Ac i ( i | " i l ' 
de Atenas. 
A p i n t u r a é mu i t o impor t an t e d. 1. 
as origens, pois todos os tenipln • 
esculturas eram pol i cromados , ni.i-. 
a conhecemos, a inda que nos doa, |M l . i . 
descrições l iterárias. 
iihi \ iiisKuii I n 1 1///7; 
' ' • < ' • " M . | M iH i i i i i ni|/Mi|, |1AI(C|;|JINA 
I I M V I i l A N I K i A 
B 
Núm. 
I l l I l / k A I K AH A 
I > i|l !) I'i!i-;cii iii.il.iiulo ii Medus, 
GRÉCIA CLÁSSICA 
Os séculos V e iv a. C. cons t i tuem uma época de esplendor grego. Definitiva-mente alcançado o equilíbrio en t r e pen-samento lógico, técnica depurada , ideal de beleza e organização, empreendem-se as grandes obras, p r inc ipa lmente em Atenas, que ressurge após a invasão persa (guerras médicas). O u rban i smo grego cria a polis, ou cidade, o nde se dispõe de espaço para a vida em co-mum ao ar livre; a agora, ou praça; a stoá, ou rua porticada; o boiíley-teérion, ou prédio do governo, com os templos e edifícios de diversão, t ea t ros , circos e conferências. 
Por iniciativa de Péricles é res taura-da a Acrópole, ou cidadela ateniense, e edificado o Partenón (fig. 1), grandio-so templo dórico, construído em már-more por Ictino e Calícrates e deco-rado com esculturas de Fídias, tanto nas realistas métopas como no friso das Panateneas (fig. 2), de forma fluída e imaginativa e ri tmo suave de puro lógico. No interior, Fídias ergueu a imponente estátua de Atenea Par tenos , de técnica «criselefantina», ou seja com a par te interna de madeira, as roupa-gens em ouro e as carnes em marf im. Mnesicles construiu os Propíleos, porta de acceso a Acrópole, em estilo dórico e jónico, ao lado do pequenino e bera proporcionado templo de Niké Áptera, jónico como o templo do Erec teo , irre-gular quanto às leis e ado rnado com a original tr ibuna das Cariátides (fig. 3). Junto da Acrópole, o templo chamado de Teseu, ou Teseion, é o exemplar dó-rico que chegou até nós em melhor estado de conservação. 
O classicismo na escultura compreen-de vários estilos que se sucedem. O es-tilo severo representado pelo Auriga, de Delfos, bronze original que mos t ra 
t o d a a sobriedade desta escola, e o Discóbolo, de Miron (fig. 4), imóvel em seu dinamismo, ou a suprema elegân-cia de Poseidón, de Histea, glorifica-ção do nu masculino. 
A obra de Fídias representa o auge da escultura grega. Por sua técnica perfeita, que sabe representar a s vesti-mentas do grupo das Parcas do Parte-nón dando a impressão de vida, deve ser colocado entre os escultores ma i s no-táveis da época. Policleto é o au t o r do Doríforo, o portador da lança (fig. 5), traçado segundo uma regra ou pro-norção ideal, na qual se resume o sen-tido ordenador dos gregos, que sabem reduzir a níimeros as formas da ana-
tonía humana. No século iv, ainda na pleiitude, aparecem as figuras de Pra-xit:les, Lisipe e Escopas. O pr imeiro coisegue, depois da tensão de Fídias, una arte mais refinada, mais doce, qu; terá no famoso Hermes (fig. 6) sua más radical expressão. Da Afrodita de Cndo, apesar de sua intenção religio-sa, emana um encanto sensual inegá-ve, resultante da perfeição de sua ana-tonia. Escopos representa o renasci-minto jónico com uma ar te plena de suive mistério. Suas obras decoram o m.usoléu de Halicarnase, o linico gran-de edifício funerário da Grécia, e o Aremision de Éfeso. 
Ião também de influência jónica as esiulturas de Cresilao, Alcamenes e Ca-línaco, mais conhecidas através da li-tea tu ra que por seus originais, em-bcra se atr ibua a Cresilao a majestosa e ierena Afrodite Genitrix. Calímaco é ti(o como o inventor do capitel co-ríitio, formado com folhas de acanto e jue deu origem à terceira ordem ar-qiitetônica grega. 
i pintura grega está totalmente de-sajarecida, porém se conservam as dscrições das pinturas realizadas por Cmon de Cleone, Polignoto, Parrasio e Zeuxis, embelezando as construções at;nienses. 
Mos séculos V e iv, a cerâmica mu-d(u de técnica, e nos vasos pintados, n;s ânforas, ritones, e t c , se esboçam fi;uras vermelhas em fundo negro, cem maior realismo que o da época acaica (fig. 7). 
O equilíbrio grego, seu modo de pen-sar e filosofar, é a fonte de toda a ciltura ocidental; a ideia de deuses de p«rte humano e vícios humanos no Oimpo, a instituição do teatro como prazer intelectual, a criação de uma iritologia cheia de riqueza que encer-rí todas as imagens psicológicas idea-l iadas pelo homem, o aperfeiçoamen-tc da poesia e da dansa formam um anbiente propício para o desenvolvi-nento das artes plásticas. Os gregos consideravam estas artes como sim-pes obra artística, sem lhes atr ibuir smtido divino, como à oratória e à djnsa; isto os fazia considerar os ar-tistas como simples operários, profun-damente amantes de seu ofício. Esta tícnica humilde e depurada estava a s;rviço de algumas cidades, que t inham par norma e por lei a medida de homem e, com a divinização de tomem, invertiam o processo religioso das religiões anteriores. 
MEfU de HISTORIA DA ARTE 
POR J . BASSEGODA NONELL. PROF. DA ESCOLA SUP. DE AROUITETURA DE BARCELONA 
IDADE ANTIGA 
GRÉCIA CLÁSSICA 
Série 
B 
N ú m . i 
' , 11 l l„ i l lor( , . F,g. 6. - Prnxí le íes Heimt-s Fig. 7. - Cratera grega com finuras vi-
' I O l ímp ia IG réc i a l . meil ias (Paris.) 
HELENISMO 
Fecha-se o ciclo da arte grega com 
o Helenismo, sem que isso suponha, 
porém, uma decadência. Não encon-
tramos no Helenismo uma fraca imita-
ção dos estilos clássicos, mas sim a 
introdução de novas formas e o ad-
vento de novas soluções. Todo êle é 
fruto de um modo de pensar diferente, 
de uma nova maneira de entender a 
vida, mais transcendental, mais inquie-
ta, em uma palavra, mais oriental. De-
senvolve-se o Helenismo no reinado de 
Alexandre o Magno, e depois, quando 
este, desenvolvendo o sistema de cida-
des-estados que se havia organizado em 
torno do binómio Atenas-Esparta, criou 
a unidade dos gregos e organizou o 
império, ou seja a expansão da Gré-
cia, que vence definitivamente sua eter-
na rival: a Pérsia aquemênida. Alexan-
dre chega até o Indo, casa-se com a 
princesa persa Roxana, buscando maior 
união entre Oriente e Ocidente, mas, 
com sua morte, os generais repartem 
a nação, formando diversos estados, 
nos quais as características de cada 
região se unem à herança comum gre-
ga, formando o mosaico artístico do 
Helenismo. 
Os Seléucidas na Síria, os Ptolomeos 
no Egito, os Antígonos na Macedónia 
e os Atálidas no Pérgamo criam esco-
las que, mais tarde, Roma assimilará. 
Na arquitetura se manifestará uma 
evolução jónica, resumida pelo ar.qyi-
teto Hermógenes, em detrimento ao 
dórico, quase desaparecido. O estilo co-
ríntio dará então seus mais belos fru-
tos como o templo do Zeus Olímpico, 
de Atenas. Digno de interesse é tam-
bém o urbanismo helénico, que criou 
as chamadas cidades hipodámicas, ca-
racterizadas por rigorosa simetria, em 
contraste com a liberdade dos clássicos 
gregos. 
Na escultura, Atenas cria no sécu-
lo i n um novo tipo de Afrodita, livre-
mente sensual, obra dos escultores Ce-
tisodoto e Timarco, filhos de Praxíte-
les, autores da Afrodite de Médicis 
(figura 1) . 
Notáveis são os retratos de Alexan-
dre, bem como seus perfis em meda-
lhas e moedas, os retratos de corpo 
inteiro de políticos e a escultura mo-
numental, como no caso do colosso 
de Rodes. 
Do século n temos, como a mais po-
pular amostra do Helenismo, a famosa 
Afrodite de Milo (museu do Louvre) 
(fig. 2), com uma série de lendas. 
O século I será o do chamado renas-
cimento neoático, que, em Atenas, dará 
força e expressão às esculturas, como o 
busto de Belvedere, de Apolônio, ou o 
Herakles Farnesio, de Glicón. Em Pér-
gamo, na Ásia jónica, desenvolve-se 
uma escola independente desligada da 
escola grega propriamente. Os gálatas 
moribundos, conhecidos pelas inúmeras 
réplicas romanas, dão ideia desta nova 
forrna de escultura, propriamente dra-
mática, que exalta o sentimento em de-
trimento da serenidade dos clássicos. 
O colossal altar de Zeus, do museu de 
Berlim, construído por Eumenes II, 
apresenta em sua base, em relevo, uma 
gigantomaquia, obra de nada menos de 
quarenta escultores, vindos a Pérgamo, 
de todos es cantos do mundo helénico, 
para executar esta obra monumental, 
chamada pelos cristãos trono de Sa-
tanás. 
De Rodes vem a vitória alada de 
Samotracia (fig. 3), símbolo do hele-
nismo, desbordado e triunfante, hoje 
orgulho do Louvre, é o torturado gru-
po de Laocoonte e seus filhos, atormen-
tados por terríveis serpentes (fig. 4 ) , 
próximo aos muros de Tróia. De Tralles, 
o grupo do touro Farnesio. O gracioso 
grupo do menino jogando com uma 
oca, da escola da Calcedónia, e a bar-
roca Afrodita, proveniente das oficinas 
de Bitinia, não são menos interessan-
tes, familiares e íntimas que a Afrodita 
Calipigia do museu de Nápoles (fig. 5). 
Do conjunto de Afroditas helenísticas 
destaca-se o corpo perfeito da Cirene, 
no museu de Roma. 
A inclinação para os jogos olímpicos, 
herdada dos gregos do Século de Ouro, 
manifesta-se, no que se refere à arte, 
nas estátuas dos gladiadores, ora em-
penhados em luta, ora em repouso. Em 
contraste com estas violências, o calmo 
sono do hermafrodita dá uma nota de 
delicada decadência. A técnica do re-
levo, em combinação com a arquite-
tura, dará notáveis exemplos, como o 
monumento de Lisícrates, em Atenas e, 
na mesma cidade, os tetos, em alto 
relevo, da Torre dos Ventos. 
Finalmente, a cerâmica perderá sua 
força e a arte dos vasos clássicos pin-
tados, mas dará uma extraordinária 
expansão às figuras de barro, de cores 
variadas, procedentes das oficinas de 
Tanagra (fig. 6), pequenas, porém de 
formas variadas e joviais, exprimindo 
uma finalidade puramente decorativa. 
lll<i.ideirJSTORIA DA ARTE s . . . 
I •! '\ . I. HASSEGODA NONELL. PROF. DA ESCOLA SUP. DE ARODITETURA DE BARCELONA R 
IDADE ANTIGA ^ 6 
Num. \m/ HELENISMO 
PÉRSIA AOUEMÊNIDA 
As invasões dos povos arianos, vin-dos do Norte, alcançaram não só a Grécia, pois tribos medas e persas ins-lalaram-se também no planalto do Irã. Os persas, devido ao casamento de Cambises I com uma princesa meda. obtiveram o poder em meados do sécu-lo IV a. C ; Ciro I encabeçará a dinastia dos Cambises, Dários e Xerxes, que es-tenderam seus domínios até a Babiló-nia, Egito e Grécia, até serem derrota-dos por Alexandre Magno na batalha de Issos. 
Os persas professavam a religião de Zoroastro, que estabelecia o culto ao fogo e o dualismo fundamentado na luta entre o princípio do Bem, Ormuz, e o do Mal, Arimán. De raça ariana, como os gregos, têm êles um sentido de equilíbrio e de medida muito mais acentuado que o de seus antepassados assírios. 
,Sua arqui te tura está exclusivamen-te a serviço da realeza. A escultura ser-virá para adornar a régia arquitetura, representando frisos intermináveis, em baixo relevo, os tributários trazendo oferendas em demanda do trono do «rei dos reis». A pintura manifestar-se-á gloriosamente nos frisos de cerâmi-ca vidrada do palácio de Susa (fig. 1). De maneira geral, a Pérsia aquemènida não trará nenhuma inovação à arte, mas saberá harmonizar de modo ori-ginal as culturas precedentes, criando conjuntos monumentais e túmulos reais de grande interesse. 
O palácio de Persépolis é de todos o mais majestoso (figs. 2. 3 e 4), Construí-do em uma antiplanície rochosa, onde se erigiam os altares do fogo e as cha-madas torres do silêncio, únicos tem-plos do culto mazdeista, o palácio es-tende-se por uma sucessão de pátios e estâncias «apadanas», a que setem acesso por uma rampa, onde se en-contrarii baixo relevos de portadores de oferendas e ainda o simbólico com-bate entre o leão e o touro, com evi-dentes reminiscências do culto solar ou mitraico. Amplas portas de pedra, cer-cadas por uma moldura chamada gola egípcia, abrem-se nos muros, cuja gros-sura era de cerca de um metro; nos la-dos das portas situam-se os relevos do rei, acompanhado de seus escudeiros, que sustentam sobre sua cabeça o guar-da-sol; sua grandeza e majestade im-buem o* visitante da solenidade do lu-gar em que penetra. 
A es t ru tura do palácio tem por base colunas elevadísimas (fig. 4) alcançan-do até 20 metros de altura, enriqueci-das com bases de tipo grego ou egíp-cio, de haste esbeltíssima e coroadas por original remate formado por dois touros ou cavalos, que funciona como suporte ao peso das vigas de cedro do Líbano que formam a cobertura. 
Outros palácios, como o de Pasar-gada ou Susa, têm a mesma disposi-ção. 
Os túmulos reais são edificados de acordo com a nova religião, tão dife-rente do teocratisrao dos assírios e do humanismo intelectual dos gregos. Em Naq-i-Rustan conservam-se os túmulos típicos dos reis persas (fig. 5). Num escarpado rocho.so situam-se as escava-ções, ou túmulos subterrâneos forman-do cruzes de braços iguais. No centro encontra-se a capeia funerária apenas accessível em escaladas e precedida por colunas semelhantes às dos palácios reais; no interior há uma cela onde o corpo do rei morto é abandonado às aves de rapina, pois a religião consi-derava que o cadáver tornaria impuro o fogo que o consumisse ou a terra que o guardasse. Por cima do pórtico de entrada, expressivos baixo relevos con-tam as glórias do rei. É uma exceção o túmulo de Ciro, em Pasargada, for-mado por uma pirâmide de sete pata-mares, terminando por um pequeno edifício em forma de paralelepípedo com coberta a dois vertentes. 
A predileção dos persas pelos locais de difícil acesso se faz sentir princi-palmente no relevo de Bishutún, per-dido na encosta de um penhasco de um dos locais mais i,solados do Iran. Ali é comemorado o triunfo de Dário I con-tra seus oponentes, vendo-se o rei, com sua barba em estilo assírio, calcando aos Dés os vencidos e dirigindo aos seus o discurso da vitória. Tais cenas de crueldade não são freqiientes na Pér-sia aquemènida, que soube organizar uma espécie de federação de Estados (satrápia) na qual cada país conserva sua personalidade. 
O friso dos arqueiros do grande pa-lácio de Susa (fig. 6) mostra a conti-nuidade do estilo que a Babilónia en-controu na porta de Isthar. 
Na região de Susa desenvolveu-se uma escola de cerâmica digna herdeira de sua antepassada suméria. Grande abun-dância de objetos da ourivesaria pre-ciosa atesta uma forte influência grega no seio do país persa. 
PÉRSIA AQUEMÈNIDA 
Série /leoAdeBISTORIÃ DA ARTE 
í< J. BASSEGODA NONELL. PROF. DA ESCOLA SUP DE AROOITETURA DE BARCELONA 
IDADE ANTIGA 
Núm. 
* V j » 
— - ^ 
A n i i i i í i l m i t o l ó g i c o d e S u s a ( l r á ) . 
F i g . 2 . - O m b r e i r a d a p o r t a d e P e r s é p o l i s ( I r à ) . 
I t i | I l ' . i l i n : | { i lUí D í i r i o e m P e r s é p o l i s ( I r à ) 
Fic)- 4 . - E s c a d a r i a d a " a p a d a n a " . 
P e r s é p o l i s ( I r ã ) . 
' l i H l i l i i i r i i i i i i i s ( I c N a q - i - R u s t a n ( I r à ) 
F i g . 6. - F r i s o d o s A r q u e i r o s , d e S u s a . 
ARTE DO MEDITERRÂNEO 
OCIDENTAL: PÚNICA, 
IBÉRICA. ETRUSCA 
A bacia o r ien ta l do Me d i t e r r â n e o fo i 
o b e r ç o de grandes c iv i l i zações agrá-
r ias e comerciais: Eg i to e Mesopo t â -
mia , Creta, Fen í c i a e Gréc i a . Enquanto 
isso, na parte ocidental , Espanha, Fran-
ça e I t á l i a peninsular, a l ém do atual 
Mogreb , que pa r t i c i pa r am na p ré -h i s tó -
r i a com no t áve i s c o n t r i b u i ç õ e s a r t í s t i -
cas, parecem extintas. G r a ç a s à s colo-
n i z a çõe s gregas, fen íc ias e chiprianas, 
a cu l tu ra ocidental se r e e r g u e r á , dando 
f ru tos de grande interesse pelas con-
s e q u ê n c i a s nacionais que t rouxe ram. 
Um grupo de emigrados da cidade fe-
n íc i a de T i r o fundou, à s costas da atual 
Tunis , a cidade de Cartago. I s to se deu 
em 814 a. C. Na lu ta cont ra Roma, posta 
em perigo por An íba l , durante as guer-
ras p ú n i c a s , fo i arrasada e completa-
mente banida da h i s t ó r i a . As manifes-
t a ç õ e s a r t í s t i c a s ptmicas temos que 
bu s cá - l a s entre os escassos recursos que 
dela res tam. Como descendentes dos 
fen íc ios , povo ar t is t icamente ec léc t i co , 
sua escultura, pois a a rqu i t e tu ra é 
quase desconhecida e a p i n t u r a ine-
xistente, t r a i r á i n f l u ênc i a s eg ípc i a s 
(h ie ra t i smo) , cretenses ( s imbohsmo) e 
orientais ( o r n am e n t a ç ã o ) . S ã o p r inc i -
palmente no t á v e i s os ex-votos de ce râ -
mica da n e c r ópo l e de Puig des Mol ins , 
na i lha de Ib iza ( f ig . 1). 
A p e n í n s u l a I b é r i c a , que apresenta 
u m panorama fraco na Idade dos Me-
tais, recebe uma sé r i e de i n f l uênc i a s 
sucessivas que desenvolveram o natu-
r a l pendor a r t í s t i c o de seus habitantes. 
Fen í c i o s , gregos e cartagineses esta-
beleceram-se no l i t o r a l espanhol e nas 
ilhas, onde im p r im i r am sua in f luênc i a 
e a das cul turas que hav iam herdado: 
S i r í a , Eg i to , H i t i c i a . 
C o n v ém considerar as c a r a c t e r í s t i c a s 
par t iculares da arte i b é r i c a , ainda que 
incer ta quanto à cronologia, pois ela 
s u b s i s t i r á po r toda a h i s t ó r i a da arte 
espanhola. 
Ves t í g io s de uma a rqu i t e tu ra agressi-
va e colossal fazem crer na ex i s t ênc i a 
de um povo de guerreiros, mu i t o apre-
ciados entre cartagineses e romanos. 
Pequenas figuras de bronze, proceden-
tes dos s a n t u á r i o s de Despenaperros, 
mos t r am profunda religiosidade, que 
t em suas mais expressivas formas na 
b r i l han te e s t a t u á r i a do Cerro dos San-
tos (Albacete), onde in i imeras f iguras 
esculpidas em pedra representam sa-
cerdotisas toucadas com curiosos ador-
nos em que se mesclam as i n f l uênc i a s 
precedentes. \]m g rupo disperso de es-
cul turas de ijjiimais, como a bicha de 
Balazote, o tpuro de Osuna ou o l eão 
de Baena, alçsta a a d o ç ã o da arte es-
panhola às formas or ientais . A obra 
p r ima de art(; i bé r i ca é a «D ama de E l -
che» ( f ig . 2),(;íbeça esculpida em pedra 
calisa, de côijs variadas. Sua face par-
t ic ipa da sei-^nidade do a r c a í sm o he-
lén ico e da imobilidade transcendental 
dos egípcios, ijnquanto seu toucado cu-
rioso, claraiVi^nte de a s c e n d ê n c i a pú-
nica, deixa l|-jnsparecer o conceito de 
d e c o r a ç ã o aSsírio. Seu ma io r interesse 
e s t á em que, mostrando as i n f l u ênc i a s 
que d ã o orjgem ao modelo, aparece 
como uma Cfiação to ta lmente o r ig ina l , 
com for te sa|jor, e x p r e s s ã o esp i r i tua l e 
uma grandicija dignidade, c a r a c t e r í s t i -
ca da arte ypanhola , desde A l t am i r a 
ate Goya. 
A penínsul. I t á l i c a havia recebido a 
co lon i zação giega nas r eg iõe s mer id io-
nais, mas o í e n t r o e o nor te f i cou à 
m e r c ê de u^a cu l tu ra v inda da Idade 
dos Metais, (jjie teve seu centro em Bo-
lonha e chaijja-se cu l tu ra de Vi lanova . 
Uma centCjja de anos depois da fun-
d a ç ã o de Ci,(tago registra-se em Tos-
cana e no Lijíio a i n t r o d u ç ã o da cu l tu -
ra etrusca, cya or igem, o r i en ta l , abo-
r í g ene ou rujfdica, ainda é d iscut ida , e 
que desenv(iíveu-se a t é a der ro ta da 
f rota etrusci^em Cumas (474) pelos gre-
gos de Sir^usa. I n f l u ên c i a s f en í c i a s , 
chiprianas e jregas ma rca r am o desen-
volv imento jessa arte. Povo obsecado 
pela ideia di^ mor te e do a l ém , que t ã o 
poucopreo(;iipou os gregos, cons t ru iu 
tumbas suntuosas, t úm u l o s de terra , 
com base cljjndrica de pedra e c âma -
ras sepulciys s u b t e r r â n e a s com b r i -
lhantes pinlyras mura i s representando 
dansas fúnebres ( t umba de Ruvo, mu -
seu de NáPolis) ( f ig . 3) ou exe r c í c i o s 
de ginastas ( tumba dos a u g ú r i o s , de 
T a r q u í n i a ) . 
Mestres f und i ç ão de bronze, cuja 
arte transiHjtiram aos romanos, deixa-
r am brilhaii(ís amostras como o A r r i n -
gatore (muSçu de F l o r e n ç a ) e a famosa 
Loba capitu]jna ( f ig . 4) do museu dos 
Conservadoh^s, em Roma. 
A cerâmii;;! lhes p e rm i t i u cons t ru i r 
grandes figjjras modeladas, po r exem-
plo, o Apokj de Veyes ( f ig . 5) ou o sor-
r idente Hei-jnes da V i l l a - Giu l ia , em 
Roma. 
Os etrusíips, como arqui tectos , pla-
nejaram cidades ortogonais cruzadas 
por duas t^as (cardo e decumanus) 
e como decoradores conheciam a 
t écn ica do lelêvo em estuque ( t úmu -
lo dos reliSvos, Cerveter i ) . 
jlfaA de HISTORIA DA ARTE ^« 
•'•"^SSEGODA NONELL. PROF.DA ESCOLA SURDE AROUITETURA DE BARCELONA B 
IDADE ANTIGA NÚ^B 
Tfe DO MEDITERRÂNEO OCIDENTAL: PÚNICA, IBÉRICA E ETRUSCA 
I R o ^ i a l F i p . 6 . - A r c o e l r u s c o d e V o l t e r r a (Itália). 
ARTE ROMANA: MONARQUIA 
E R E PÚB L I C A 
Alexandre Magno definiu o novo con-
ceito de império, baseado não somente 
no domínio territorial, mas também no 
domínio cultural e colonizador. A ci-
dade de Roma herdará es te espírito, 
dando-lhe uma forma real e duradoura 
e prolongando o helenismo. 
A arte romana será plenamente im-
perial e eclética, mas deverá amadu-
recer nos períodos de monarquia e re-
pública. 
Uma tribo montanhesa fixada às mar-
gens do Tibre fundou a cidade de Ro-
ma, fundação esta cercada de lendas, e 
que data de meados do século VT i a. C. 
As influências artísticas que caracte-
rizam o início de Roma são conse-
quência da cultura de Vilanova e, es-
pecialmente, da etrusca, que dá a arte 
romana um sentido vir i l e austero. 
No período republicano estende-se a 
cultura romana pela península e, mais 
tarde, pela Macedónia, Síria e Espa-
nha. Após as ditaduras militares de 
Mário, Sila, Pompeu e César inicia-se 
o período imperial (flg. 1) com Otávio 
Augusto (século I ) . 
A arte romana receberá dos etruscos 
a habilidade na fundição do bronze, a 
inclinação para o retrato, o emprego 
do arco e da abóboda, além do sentido 
prático, a austeridade e o naturalismo. 
Depois das conquistas é patente a in-
fluência grega, de quem receberá as 
regras arquitetônicas dórica, jónica e 
coríntia, às quais jun ta rá o toscano (dó-
rico simolificado) e o composto (jóni-
co e coríntio). 
São de origem grega os teatros e 
anfiteatros. Do Oriente receberá não 
somente os deuses, mas também os ti-
pos característicos de escultura e de 
arquitetura. 
A arte romana prescindirá do ideal 
de beleza grego e de seu sentido linear 
de decoração, substituindo-os pelo na-
turalismo. Trará novas soluções técni-
cas, como o emprego da argamassa para 
erguer muros e tetos. Criará novos ti-
pos de construções, como o troféu e 
o arco do triunfo. A engenharia será 
aperfeiçoada com a construção de pon-
tes (Alcântara), aquedutos (Pont du 
Gard), estradas (Via Apia). 
Não são muitos os monumentos con-
servados da época monárquica e repu-
blicana. Citam-se entre êles o templo 
de Apolo, em Pompéa, e o original tem-
plo dórico de Hércules, em Cori. Sen-
te-.se neles a modificação de templo 
grego, substituindo o simples estiló-
bato por um alto pódio. Parece ser do 
período republicano o templo da For-
tuna Vi r i l , em Roma (fig. 2), que se 
conserva graças a sua transformação 
em igreja a partir do século ix. Ê de 
estilo jónico, levantado sobre pódio, ao 
qual se chega por uma pequena esca-
da fronteira. A cela ou nave está divi-
dida em três partes, da maneira etrus-
ca, ocupando toda a largura do pódio 
(seudoperíptero). 
Nesta primeira fase as construções 
são de tipo grego, com muros de pedra 
quadrada (opus quadratumj, mas logo 
o emprego da argamassa permite cons-
truir muros de alvenaria, que na época 
imperial alternam com os de tijolos. 
Entre as construções de procedência 
estranha avulta a basílica, ainda não 
empregada até a época imperial, que 
consistia em amplo salão retangular ou 
tribunal de justiça, e nas termas, de 
origem oriental, amplos edifícios abo-
badados, nos quais, por meio de con-
dutos de ar quente em baixo do pavi-
mento, obtinham-se locais para banho 
frio (irigidarium), morno (tepidarium) 
e quente (caldarium), além de ginásios, 
bibliotecas e salas de reunião. O teatro, 
de herança grega, evoiue, e já nao é 
costruído em terrenos de dechve, mas 
ergue-se a gradaria sobre o solo e 
muda-se a forma circular da orjeés-
tra (separação entre gradaria e cená-
rio) pela semicircular, onde se insta-
lam os lugares preferenciais. 
Data da época republicana o grande 
esgoto, ou Cloaca .Máxima, construída 
pelos etruscos, e o templo circular ou 
Tholos de Vesta, em Roma (fig. 3) e, 
também circular, o de Vesta, em Tivoli. 
Do século I a. C. data o grande túmulo 
de Cecília Metela, na Via Apia (fig. 4), 
edifício circular primeiramente coroa 
do por um túmulo cónico de terra que, 
na Idade Média, foi substituído por 
ameias. 
A escultura distingue-se, por um lado, 
pela influência helenística, com repeti-
ção de tipos de animais e plantas dc 
grande efeito naturalista, e, por outro, 
no interesse pelo retrato, que vem dos 
etruscos, e que em Roma se acentua 
com o «jus imaginum», que é o direilu 
das persoas notáveis ao retrato, r 
com as «imagines majorum», retratos 
dos antepassados que adornavam <)•. 
vestíbulos das casas. Como exempln' 
notáveis temos os retratos de Pompiu 
(museu Ny-Carlsberg) e o de César (mu 
seu de Nápoles) (fig. 5). 
liea^deHJSTORIA DA ARTE 
r i )K J. BASSEGODA NONELL, PROF. DA ESCOLA SUP. DE AROUITETURADE BARCELONA 
IDADE ANTIGA 
ARTE ROMANA: MONARQUIA E REPÚBLICA 
Série 
B 
Núm. 
Fig. t. - Mapa do Império romano. 
ARTE ROMANA: IMPERIAL 
E PROVINCIAL 
Consolidado o Império Romano, re-
vestidos os imperadores de poderes d i -
v inos, o génio de Roma se mostrará ca-
paz de mantê-Io durante séculos per-
fe i tamente organizado, com u m sentido 
lógico e rac ional , e fundamentado em 
leis que, algumas, a inda estão em v i -
gor. 
Em to rno dos imperadores erguem-
se monumentos artísticos cuja f ina l i -
dade é exaltar a ma io r f i gura do Im -
pério, in fund indo em seus vassalos 
respeito e admiração. As várias escul-
turas de Augusto far tamente o demons-
t r am . Aparece vestido como pontífice 
(museu de Roma); n u , como div indade 
(museu do Louvre ) , ou armado como 
general em chefe (Porta Pr ima ) . 
O A l ta r da Paz Augusta (Ara pacis 
Aiigustae), hoje espalhado por vários 
museus, apresenta a mais pura f o rma 
do baixo relevo romano ( f ig . 1), p r i -
moroso e real ista. 
O anf i teatro Flávio (Colosseum), 
inaugurado por T i t o no ano 80, é o 
mais impor tan te edifício deste t i po , 
im i t ado em todo o Império ( f ig. 2). 
É de p lanta elítica, com quat ro pavi-
mentos que se d is t inguem, na parte 
exter ior , po r curvaturas entre séries 
de colunas superpostas. 
O imperador espanhol Tra jano enco-
mendou ao sírio Apolodoro , de Damas-
co, o ma io r de todos os foros romanos 
( f ig . 3), verdadeiro con junto cenográ-
f ico, pres id ido pela estátua do impera-
do r no a l to da coluna; em cuja haste 
estão descritos, em baixo relevos, os 
feitos imper ia is . A presença em Roma 
de um or i enta l como arqu i te to de Tra-
jano demonstra a grande, ainda que 
incontessada, admiração dos romanos 
pelo grego e ori enta l . 
Adr iano, imperador e a rqu i t e to , dei-
xou também duas obras colossais em 
Roma. A p r ime i ra , o Panteon chama-
do de Agripa, talvez o i in ico grande 
edifício romano que chegou inal terado 
até nós. A out ra grande obra de Adria-
no é o majestoso mausoléu j un t o ao 
T ibre , em frente ao Vat icano (Castelo 
de Santo Angelo). Também é de Adr ia-
no a v i la de T i vo l i , que resume o bom 
gosto a serviço da a rqu i t e tu ra de pra-
zer. 
Mu i t o mais v i r i l é o mausoléu de Dio-
cleciano, em Spalato (Sp l i t ) , vasto edi-
fício ainda hoje apreciado entre as no-
vas edificações. 
Os arcos de t r i un f o são uma forma 
a mais de enaltecer o imperador ( f i -
gura 4 ) . Const i tuem um elemento t i p i -
camente romano, fo rmado por um ou 
três arcos entre colunas encimadas po r 
um amplo f r iso , onde estão inscr i tas 
as legendas laudatórias. São notáveis 
os de Setímio Severo, em Roma, e os 
de Orange e de T imgad, na Argélia, 
este último em louvor a Tra jano . 
As termas de Caracala (na verdade, 
de Setímio Severo) e as de Dioclecia-
no (realmente de Max im iano ) c ob r i am 
com cúpolas e abóbodas dezenas de 
hectáreas no in tento de r eun i r n um só 
local o monumenta l i smo e o deleite fí-
sico e inte lectual . 
Após o trágico incêndio de Roma, Nero 
p r o cu rou reorganizar urban icamente a 
cidade, sup r im indo as «insulae», ou 
vivendas de vários pav imentos para o 
povo, uma vez que, sem água e com 
um sanitário c omum, não apresenta-
vam condições higiénicas. A mor t e do 
imperador de i tou por t e r ra seu inten-
to urbanístico, que t inha s igni f icado 
uma busca das técnicas urbanas helé-
nísticas de Hipódamo em Roma. Temos 
conhecimento das casas romanas pela 
mumificação que de algumas delas dei-
xou a erupção do Vesúvio em Pompéa 
e Hercu lano . A v ida se desenrolava em 
to rno de um pátio centra l com um 
tanque, que separava a v ida social da 
v ida íntima, que t ranscorr ia no gineceu. 
A escultura em bronze aperfeiçoou 
se até ser capaz de dar a estátua eques 
tre de Marco Aurélio, no Capitólio dc 
Roma ( f ig . 5), extraordinário exemplai 
que une à uma técnica per fe i ta a ex 
traordinária qual idade artística refle 
t ida na f i s ionomia afável e também 
enérgica do imperador filósofo. 
A p i n t u r a é conhecida através dos 
afrescos da Domiis áurea neronian : i , 
representando vistas suaves, nas quais 
as edificações parecem sup r im i r u'. 
muros e abrir-se à paisagem. 
Mais reservadas são as p in tu ras de 
Pompéa ( f ig . 6), onde se d ist inguem 
qua t r o estilos: arquiletônico, ornameii 
tal, decorado e fantástico, de gramU 
efeito decorativo e s ingular expressíin 
na A flagelada e a bacante, da v i la di> 
Mistérios, em Pompéa, onde as figurai, 
femininas, hab i lmente esboçadas, ic 
cortam-se num fundo vermelho vii> 
lento. 
A arte romana da época in f e r i o r , < i n 
romano ta rd io , t em especial interêsM 
pois se entrelaça às cul turas precedeu 
tes. Os retratos funerários de Fayíim 
(Eg i to ) , no século i i , precedem à ail^ 
b isant ina . Os sepulcros ou templos m 
pestres de Petra, na Síria, são u m pc i 
longamente da arte persa e helenístii.i 
Também na Síria, as colossais ru i i i . i 
de Baalbek e a rua por t i cada de Palmi 
ra expressam o a l to va lor construt ivo . 
inovador da arte romana ta rd ia . 
/1l£(iò de HISTORIA DA ARTE 
I'()K J. BASSEGODA NONELL. PROF.DA ESCOLA SUP. DE AROUITETURA DE BARCELONA B 
• f t IDADE ANTIGA N.JO 
ARTE ROMANA: IMPERIAL E PROVINCIAL 
l i o n a p r a ç a d o F i g 6 . - P i n t u r a m u i a l p o r r i p e í a n a d a V i l a d o s 
M i s t é r i o s . I P o r n p é i a , 1 -
ARTE PALEOCRISTA 
O pensamento raciona] que caracte-
r i zou os gregos transmit iu-se a Roma, 
que lhe acrescentou boa dose de senso 
prático. Ambos exerceram sua influên-
cia no Oriente, que dom inou os gregos 
de Alexandre Magno e os romanos de 
Valer iano, Germânico e T i t o . Porém 
este domínio mate r ia l do Ocidente s o -
bre o Oriente não fo i parale lo ao do-
mínio esp i r i tua l , pois o Oriente i n f i l -
trou-se lentamente em Roma, pr ime i ra -
mente com as divindades pagãs que 
os romanos impo r t a r am , depois com a 
força nova, impetuosa e doce do cris-
t ian ismo. O cr is t ian ismo ora fo i perse-
guido, ora tolerado, e em certas oca-
siões proteg ido pelos patrícios, e o im -
perador, depois da terrível perseguição 
de Dioclesiano, real izou o feito cu lm i -
nante do Édito de Milão (313), decla-
rando o cr i s t ian ismo religião o f ic ia l do 
Estado. Mais uma vez impunlia-se o 
Oriente ao Ocidente. 
A arte cristã p r im i t i v a compreende 
uma p r ime i r a época, a das catacumbas, 
na qual desenvolve-se às escondidas, 
f ie l à nova fé, porém ainda carente de 
elementos artísticos or ig inais . Im i t a -
ram-se os temas pagãos, e art istas pa-
gãos, escultores e p intores , decoram as 
catacumbas com afrescos no esti lo ro-
mano, mudando o signi f icado dos sím-
bolos, como o pavão real ou a v inha, 
representando Cristo na f i gura de pas-
t o r ou ainda como Cr is to doutor ( f i -
gura 1), sentado e revestido com a 
toga. 
Uma vez reconhecida a religião de 
Cristo pelo imperador Constant ino, 
inicia-se no século i v a construção dos 
pr ime i ros templos. A nova religião 
prevê o cu l to no in t e r i o r do templo , 
não ao seu redor, como na Grécia, e 
a ela se adaptam t ipos já empregados 
para outros f ins. O t ipo mais c omum 
apresenta três partes: a nave, separa-
da por colunas —destas, a centra l , mais 
elevada—, é i luminada por janelas (cla-
ristorio). A entrada fixa-se em um ex-
t r emo e, oposto a ela, encontra-se o 
presbitério, geralmente rodeado por 
um ábside semic ircular , coberto po r 
uma cúpula de quar to de esfera. A ha-
silica não é coberta p o r abóbodas, e 
s im por armaduras de made i ra , vigas 
e telhas. Local de oração e pregação, no 
centro situa-se a «schola cantorum». 
Constant ino ergueu em Roma e Jerusa-
lém importantes basílicas, como São 
Pedro do Vat icano, São Paulo Extra-
muros ( f ig . 2), São João de Latrão e 
São Lourenço, na Cidade Eterna; a 
Nat iv idade, em Belém, e a de São João, 
em Jerusalém. Todas obedeciam ao t i -
po descrito, se bem que a de São Pedro 
tivesse cinco naves e não três, e u m 
transepto ou cruzeiro, isto é, uma nave 
transversal defronte ao presbitério, se-
parada da nave centra l po r um arco 
t r i un f a l , ou iconostasio. Diante da por-
ta de entrada estendia-se o nártex, ou 
pórtico c laustra l , destinado aos não 
batisados. A este t ipo de edifícios de 
p lanta alargada, simétrico em relação 
a um eixo l ong i tud ina l , junta-se ou t r o 
t ipo de construção que se caracteriza 
pelos batistérios ou tnartiria. São estes 
lugares onde repousam os corpos dos 
santos mártires e onde somente cele-
bra-se missa no dia de sua festividade. 
O batistério é o lugar destinado a ad-
m in i s t r a r o sacramento do bat ismo, 
que se realizava então por imersão nu-
ma pequena piscina. São edifícios de 
p lanta concentrada, ou seja simétrica 
em relação a um ponto centra l , e co-
bertos por uma cúpola. O batistério 
de São João de Latrão ( f ig . 3) e o l 
mausoléu de Santa Constança em Roma 
( f ig. 4) são exemplos deste t ipo . 
O cr i s t ian ismo, que fo i o f ic ia lmente 
reconhecido em Roma, expandiu-se ra-
pidamente pelos arredores de seu país 
de or igem, a Palestina. Na verdade, já 
no século v ergueram-se na Síria gran-
des templos, mu i t o diferentes dos ro-
manos. E r am em homenagem aos san- i 
tos anacoretas que no deserto f izeram 
penitência; o mais famoso deles é o 
Qara t S imaan, dedicado a são Simão | 
Es t i l i ta . Um grande hexágono central , 
onde se encontra a co luna de são Si 
mao, é rodeado pela igreja, o hospit ; i l 
e a hospedaria, e t c , como em geral no'. 
centros de peregrinação. Este t ipo dr 
a rqu i t e tu ra estendeu-se a Anatólia e ; i 
Armênia. 
No Eg i to desenvolveu-se a arte cha 
mada copta, caracterizada pelos grau i 
des monastérios perdidos no deserto, 
tendo todos êles como or igem o fu i i ' 
dado por são Pacómio, verdadeiro ini 
c iador da v ida conventual , e que fo i In 
troduzída na Europa por seu compa 
t r i o t a são Bento de Nurs ia , fundadoi 
da o rdem benedit ina. São estes mo 
nastérios uma mis tu ra de basílica coiis 
tant in iana e edifício faraónico. A a i l r 
copta é interessantíssima por suas c. 
cu l turas , or iundas do romano posl i ' 
r i o r , e pela p i n tu ra , da qua l sobn • 
saem os afrescos do convento de Far.r 
a tua lmente no museu de Varsóvia. 
Em Capadócia (Turqu ia ) f o r m o i i M ^ 
uma escola cristã de monjes, que vi " 
v i am em estranhas igrejas rupeshr 
( f ig . 5), embora que bem decorad.i 
com p in tu ras em afresco. 
/llEa^ de HISTORIA DA ARTE s e . 
'OK J . B A S S E G O D A NONE L L , PROF.DA ESCOLA SURDE ARQUITETURA DE BARCELONA Q 
IDADE ANTIGA N úm 1 1 
ARTE PALEOCR ISTA 
ARTE PARTA, SASANIDA E BIZANTINA 
O fim d o império de A lexand re Mag-
n o n ã o foi o fim da in f luênc ia grega 
n a Asia, m a s s omen t e um a mudança. 
O E s t a d o seléucida es t abe l ec ido na Sí-
r ia e na Mesopotâmia continuará sen-
do grego pe la raça e pela a r t e . Com a 
invasão dos p a r t o s , p r oven i en t e s d a 
Esc i t i a , ao sul do m a r Cáspio, fundou-
se a d inas t i a arsácida em 250 a. C. 
A m i s t u r a de grego e o r i en t a l acen-
tua-se com a con s t r u ç ão de palácios 
abob a d a d o s , c om sa las a b e r t a s p a r a o 
ex te r io r (iwanes) e r a r a s e s cu l t u r a s 
f und ida s em b ronze , c omo a do prín-
cipe Sh am i . 
Os i n doeu r opeu s , p a r t o s arsácidas, 
fo r am venc idos pe los sasánidas, povo 
s em i t a que , desde 224 a.C. até a in-
vasão muçulmana, em 624 a. C , domi-
nou a Pérsia. 
Os sasánidas cons ide r avam-se des-
c enden t e s dos p e r s a s a q u emên i d a s e 
p r a t i c a v am a re l ig ião mazde i s t a . Em 
sua s l u t a s com Roma é de n o t a r a fa-
mo s a vitória de Ede s a e a c a p t u r a do 
imp e r a d o r Va le r i ano . Seus t r iun fos fo-
r am ce l eb r ados em ba ixo re levos , es-
cu l p i do s ao pé das t umb a s r ea i s aque-
mên i d a s de Naq- I -Rus t em (t ig. 1) e 
Taq-I-Bustán, ond e são v i s tos os mo-
n a r c a s sasánidas a cava lo , o r a rece-
b e n do da s m ã o s da d i v i ndade o símbo-
lo do pode r , o r a em a t i t u d e v i t o r io sa 
d i a n t e dos impe r a do r e s r om a n o s der-
r o t a do s . Notáveis as ruínas do palá-
cio de Ctes i fonte (fig. 2), de abóbadas 
amp l a s , construídas p o r a r g u i t e t o s bi-
z an t i no s . 
E n q u a n t o os sasánidas d om i n a v am a 
Asia Menor , no Mediterrâneo or i en t a l 
t o rmava - s e o Império b i zan t i no , último 
resquício do esp l endo r r oma n o , que 
foi d iv id ido po r Teodósio o G r a n d e en-
t r e seus f i lhos Honório e Arcádio, e 
cu jo s e to r oc iden ta l ext ingui-se com a 
qu ed a de Roma em p od e r dos povos 
bárbaros (século v) . 
A cap i t a l do Império do Or i en t e e ra 
a c i dade de Cons t an t i nop l a , f undada 
c om es te n ome , no local da an t iga Bi-
zância, po r Con s t a n t i n o o G r and e . 
Cons t an t i nop l a teve que c omb a t e r 
c on t r a es lavos , ava ro s e p e r s a s , m a s 
teve um mome n t o de g r a n d e expan s ão 
sob Ju s t i n i ano , que r e c up e r o u o le-
van t e da península e spanho l a , b em 
c omo a Itália e Ca r t ago . A a r t e desen-
volveu-se p a r a l e l amen t e a es t e s p ro-
g ressos e c omp r e e n d e t r ê s períodos: o 
de J u s t i n i a no , até a c h am a d a gue r r a 
d a s imagens ; o período dos impe r ado -
r e s macedônios e dos Comneno s , e o 
c h ama d o r e n a s c imen t o paleológico. Ao 
p r ime i r o chama-se g ene r i c amen t e bi-
z an t i no , e d eu t e r ob i z an t i no aos o u t r o s 
do i s . 
O período b i zan t i no formar-se-á de 
t rês c ompon en t e s . P r ime i r o , a a r t e ro-
m a n a clássica, sua a r t e ideal , um a vez 
que , q u a n d o a i nda o grego e r a a lín-
gua de Bizâncio, os s obe r ano s in t i tu -
lavam-se imp e r a d o r e s e con s i d e r avam-
se suces so re s de Augus to e T r a j a no . 
O s e gundo c ompon e n t e e r a o o r ien ta l i s -
mo , r e ceb ido através de s eus c o n t a t o s 
com os p e r s a s e os sírios e qu e lhes 
p r opo r c i o nou mode l o s e x t r emo or ien-
tais levados pe la r o t a da seda , e, p o r 
fim, a a r t e bárbara, t r a z ida pe los po-
vos de ao r e d o r de suas f r on t e i r a s que 
c h e g a r am ao Mediterrâneo pe lo s Bal-
c an s . 
O período en t r e J u s t i n i a no e a cr i se 
i conoc las ta , o u gu e r r a d a s imagen s 
(527-843), ca rac te r iza -se pe lo dogma t i s -
m o da p r o du ç ã o artística, que dará 
luga r a uma a r q u i t e t u r a de t i po s im 
bólico cheia de forca . É o período das 
g r a nd e s ig re j a s c upu l a r e s . Os p r i nc i pa i s 
m o n um e n t o s des t a época encon t r am- s e 
em Cons t an t i nop l a e Ravena , s i t u ada 
na cos ta adriática i ta l iana , o nd e os bi-
z an t i no s f u nd a r am um a colónia. S an t o 
Apolinário em Classe, em Ravena (fi-
gu r a 3), é um exemp lo de um a cons-
t r u ç ão bas i l ica l a l ongada , c ob e r t a com 
t e to de mad e i r a . São de p l a n t a s con 
c e n t r a d a s a s ig re jas dos S a n t o s Sérgio 
e Baco , de Cons t an t i nop l a , e de São 
Vi ta l , em Ravena , com a i r o s a s cúpulas 
sob r e ga le r i as de co luna s . Nos San to s 
Apóstolos, de Cons t an t i nop l a , e n con t r a 
se o t i po de c ruz grega . O t emp l o bi 
z an t i no p o r excelência é o de Hagi:i 
Sofia (a S an t a S abedo r i a ) de Cons t an 
t i nop la (fig. 4). Uma imen s a cúpula de 
31 me t r o s , construída po r A r t êm io cli-
Tra l l es e I s o do r o de Mi le to , ergue-sc, 
c omo um símbolo da abóboda celesti ' 
c o b r i n do o povo c r i s t ão d e n t r o do tem 
pio . A d e co r a ç ão de mosa i co , típica do 
es t i lo b i z an t i no , encon t r a - se em Raveri;i 
(fig. 5), em São Vital e S an t o Apolin:i 
r io o Novo , onde uma fileira de s a n t o , 
move-se pe los m u r o s do t emp l o num.i 
b r i l h an t e p r o c i s s ão de p e r s onagen s , (u 
j o s o lhos , mu i t o abe r t o s , a t e s t am un i i 
p r o f u nd a v ida i n t e r io r . O deco ra t i v r . 
m o b i z an t i no t r aduz-se em capitéis m o 
v imen t a do s , t r a b a l h a do s a trépano; n o . 
de l i cados t r a b a l h o s de ma r f im , c omo o 
re levo Ba rbe r i n i , ou a s u r p r e e nd eu h 
cátedra de Max im i ano (fig. 6), conserv.i 
da no mu s e u de Ravena . Os iconos on 
imagen s a d qu i r em p rog r e s s i va r ig idr / 
Em 726, Leão I I I , Isáurio e, ma i s l:ir 
de , s eu f i lho Con s t an t i no V, Copm 
n imo (740), p r omu l g a r am éditos proi 
b i n do as imagens . F o r am a or igem 
d a c h am a d a c r i se i conoc las t a , refliMi 
da que , na m e sm a época, dom inou n 
Is lã , e q u e t ão p r o f u n d amen t e afcloii, 
inc lus ive , a História do Ar te . 
r/lãuAeEmORlà DA ARTE s. . 
I'I)K J, BASSEGODA NONELL. PROF.DA ESCOLA SUP. DE ARODITETURA DE BARCELONA B 
IDADE ANTIGA 
ARTE PARTA, SASANIDA BIZANTINA 
Núm 
€|]lIlTÍlulí 
i iM i I|M • V i i . i l . Hcivena [liélia.l Fig. 6, - Cátedra de marfim de Maximiano. Rave. 
(Itália).ARTE DEUTEROB I ZANT INA 
A crise iconoclasta, rompendo a tra-
d i ç ã o f igura t iva da ar te bizant ina, dei-
xou ves t íg ios no esti lo das c o n s t r u ç õ e s 
a r q u i t e t ó n i c a s , especialmente no Pa lá -
cio Sagrado de Constant inopla , e na 
escultura s implesmente decorat iva de 
p ú l p i t o s e g r a d í s , que se r ecob r i r am de 
elegantes l inhas g e omé t r i c a s de or igem 
or ien ta l . 
Os l ivros de minic turas f o r am o re-
fúgio dos pintores, impedidos de deco-
r a r as igrejas com figuras de santos. 
Os s a l t é r i o s e l ivros de o r a ç ã o man t i -
veram a t r a d i ç ã o f igura t iva , p r inc ipa l -
mente nos mo n a s t é r i o s . A crise icono-
clasta t rouxe como c o n s e q u ê n c i a a emi-
g r a ç ã o de mui tos monjes art istas que 
se estabeleceram ao sul da I t á l i a , na 
Sic í l ia e em Veneza. Sua i n f l u ênc i a na 
ar te i ta l iana se p r o l o n g a r á a t é C io t to . 
O maravi lhoso mosaico absidal de 
Torce l lo ( f ig . 1), p r ó x im o a Veneza, 
mos t ra uma das mais imponentes ima-
gens da V i rgem Mã e de Deus (Zeo-
tókos). 
A vol ta ao cul to das imagens, com os 
imperadores m a c e d ô n i c o s e os Com-
nenos ( s écu lo s i x - x i i ) , s u p õ e um re-
t o rno ao estudo da ant iguidade clás-
sica; o conhecimento da fi losofia e da 
cu l tu ra gregas c on t r i b u i u para dar à 
ar te um esplendor impe r i a l . Nas igre-
jas cont inua sendo usada a planta em 
cruz grega, coberta com um conjun to 
de cinco c ú p u l a s , que n ã o s ã o rebaixa-
das, como as de Santa Sofia, mas que 
se erguem sobre um p r i sma pol igonal , 
em geral otavado, chamado tambor. 
Cobrem-se com telhas e abrem-se ja-
nelas no tambor . I n t e r i o rmen t e forma-
se ou t ra c ú pu l a decorada com mosai-
cos de fundo dourado. 
A Z e o t ó k o s , de S a l ô n i c a (1028), e, na 
mesma cidade, os Santos Após t o l o s 
( s é cu l o .X IV ) s ão exemplos deste t ipo 
de igreja, que ex te r io rmente s ã o de-
coradas com jogos de c ô r e de fo rma , 
obt idos com a diversidade de coloca-
ç ã o dos ladr i lhos . A pequena Me t r ó p o -
le de Atenas ( s écu lo x ) é um pequeni-
no r e l i c á r i o adornado com relevos da 
é poc a anter ior . 
Na A rmên i a desenvolveu-se uma es-
cola paralela, sob a dinast ia dos Bra-
g á d i t a s ( s écu lo s x e X l ) que deixou 
obras impor tantes , como a catedral de 
An i (1000), onde se encon t ram os p r i -
meiros ensaios de arcos ogivados com 
nervaturas, precursores do gó t i co . 
As figuras que naquela é p o c a se re-
presentavam por s ím b o l o s ou anagra-
mas mostram-se agora r í g i d a s , e s t á t i -
cas, n ã o com um in ten to decorat ivo. 
mas com uma o rdem que a l i t u rg i a 
estabelece inf lexivelmente . 
Cr i s to em toda a majestade preside 
a igreja, desde a c ú p u l a a t é o á b s i d e , c 
as cenas de sua vida dom inam todo 
o templo , relegando os santos a lugar 
de menos im p o r t â n c i a . S ã o n o t á v e i s os 
mosaicos da igreja de Dafn i , per to de 
Atenas ( s é cu l o x i ) ; S ã o Lucas, de Fó-
cida ( s é cu l o x i i ) e a Nea Mon i , de Quio 
( s écu lo x i ) . 
Mais conhecida é a catedral de S ão 
Marcos, em Veneza ( f ig . 2), o rgu lho dos 
r icos negociantes venezianos, sempre 
em contato comercia l com o Oriente. 
In ic iada po r bizant inos no s é cu l o x i , 
sobre ant igo monumen to , é uma ign ; j : i 
de t i j o l o , com cinco c ú p u l a s duplas, 
decoradas com mosaicos as exteriores, 
de fo rma bulbosa, e sustentadas por 
elementos de madeira as inter iores . 
Mais tarde seu exter ior fo i enr iquecido 
com ap l i c a çõe s de m á r m o r e e pedras 
preciosas trazidas do Oriente , assim 
como com esculturas, entre as quais 
salienta-se, sobre a por t a p r i nc i pa l , a 
quadr iga de bronze, que t inha estadn 
no h i p ó d r om o de Constant inopla . Nu 
a l tar p r i n c i pa l , a famosa Pala de Oum 
( f ig . 3), ou r e t á b u l o de ouro , com in 
c r u s t a ç õ e s de esmalte e pedrarias , qm 
cons t i tu i a p e ç a mais n o t á v e l da Jir. 
t ó r i a da ourivesaria . Na Sic í l ia , i i . i 
Capela Palatina, na Mar to rana , de f . i 
l e rmo , e nas catedrais de Cefa lú e Mon 
reale ( f i g . 4) nota-se todo o luxo do T I H . 
saico b izant ino , combinado a e lemcnl í l^ 
sarracenos. Nos Balcans, Santa Sol i ; i , 
de Oh r i d , é interessante po r sua d em 
r a ç ã o de p in tu ras em afresco. 
No Renascimento dos Pa l eó l ogo s (se 
culos x i i i - x v ) , a inda que n ã o se Ic 
nham inventado novas formas, t o i i 
sagra-se def in i t ivamente o esti lo bi/.aii 
t i no . A Apend iko , de M i s t r a (Pelopn 
neso), do s é cu lo x i v , é uma das niai< 
c a r a c t e r í s t i c a s igrejas, coroada poi 
grande n úm e r o de c ú p u l a s numa hcln 
variedade de p r o p o r ç õ e s . No M(iiil<> 
Athos , da Gréc i a , constroem-se famosun 
conventos, ainda existentes, e que Í K I I 
lhem os monjes sucessores dos eni i l 
t ã o s de Tebaida e Palestina, em lutiii 
res de dif íci l acesso, plenos de tcsmi 
ros a r t í s t i c o s . 
Depois da c o n v e r s ã o do p r í n c i p e Vlii 
d im i r o de Kiev (864), a arte bizanl i i i i i , 
que j á havia conquis tado a Mokiáviíi , 
V a l á q u i a , Sé rv i a e Bu l g á r i a , estende IK 
à Rú s s i a , onde se f ixa rá a t é o .s<-i i i 
lo x v i i i . Procede do s é cu l o x v i a m 
nhecida igreja de Bemaventurado San 
Bas í l i o , de Moscou (1560) ( f ig . S). NN 
Po l ón i a nota-se a i n f l uênc i a deu lcml i l 
zant ina ( igreja de S ão F lor iano) . 
nínòdeJUSTOKíA DA ARTE 
•'Hi ,1 DASS EGODA NONELL . PROF. DA ESCOLA SUP. DE AROUITETURA DE BARCELONA 
IDADE ANTIGA 
ARTE DEUTEROBIZANTINA 
Serie 
B 
Núm. 13 
M.'M l í KH í l I o ( l l á l l a ) . Fig. 2. - Catedral de Sào Marcos, Veneza (hálial. 
mm»,;.- k « 
Fig, 3. - Uma parte do retábulo áureo de 
Sao Marcos, Veneza (Itália), 
i i i i i " .hl H l iH i l n ,1 I de Monreale (lláliai Fig, 5, - Igreia de São Basílio, de Moscou. 
ORIENTE 
ARTE NA ÍNDIA 
Comentando a arte o r i en ta l é neces-
sário advertir-se que esta não pode ser 
estudada com o mesmo critério que se 
apl ica à arte do Ocidente. A emoção 
estética que domina um ocidental na 
contemplação de uma regra, de uma 
harmon ia ou uma proporção não é a 
mesma que o or i enta l p rocura na sua 
arte. Em troca, buscará êle um reflexo 
da integração do mundo com a d iv in -
dade através de uma arte de formas 
inusitadas. 
O h indu sempre teve intuição do d i -
v ino, a qual t raduz mater ia lmente nos 
objetos artísticos. Estes nascem e mu l -
tipl icam-se, fora de todo marco e toda 
ordenação, no sentido que dela nos 
dá a lógica helénica. Como seres orgâ-
nicos, as obras de arte h indus crescem 
e renroduzem-se, pois que pers istem no 
decorrer dos séculos, sem balbúcios 
p r im i t i v o s , evolução ou poster ior deca-
dência. 
A península da Índia une-se ao resto 
da Ásia pela cord i lhe i ra do H ima la ia , 
de difícil acesso, e por isso a passagem 
para as planícies do Indo fêz-se atra-
vés do Afganistão, em contato com a 
Pérsia. 
Por aí chegaram à Índia os povos 
mesopotámicos e, logo, os gregos de 
Alexandre. 
Em Harappa e Mohenho Daro exist iu 
uma civilização p r im i t i v a de or igem 
mesopotâmica que foi arrasada no se-
gundo milénio antes de Cr is to po r uma 
invasão ariana. Estes invasores levaram 
à índia a língua sanscrita e uma re-
ligião, o vedismo, que evo lu iu para o 
braman ismo ; este prega a união de 
todas as almas numa só, e a redenção 
pelas reincarnações (metempsicose). 
No século VI a. C. Buda pregou uma 
nova religião, que se opõe ao panteís-
mo bramanis ta e estabelece o caminho

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