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Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 287 RAPP – Volume 12, 2004 DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS FITOPATOGÊNICAS POR PCR QUANTITATIVO EM TEMPO REAL Antonio Carlos de Oliveira Professor Assistente Doutor, Departamento de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Caixa Postal 95, 45083-900 Vitória da Conquista, BA Gustavo Henrique Goldman Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 14040-903 Ribeirão Preto, SP Marcos Antônio Machado Centro APTA Citros ‘Sylvio Moreira’/Instituto Agronômico de Campinas, Caixa Postal 04, 13490-000 Cordeirópolis, SP RESUMO Com o advento da técnica da PCR (reação em cadeia a polimerase), a identificação de agentes causais de bacterioses foi incrementada ao nível molecular. Contudo, a PCR é uma ferramenta analítica estritamente qualitativa, que não informa a quantidade do número de células bacterianas em uma amostra. Em função disso, plataformas da PCR que exploram a quantificação da geração de amplicons, denominadas PCR quantitativo em tempo real (PCR-QTR) foram desenvolvidas. Essa revisão fornece uma visão geral dos diferentes métodos e aplicações da PCR-QTR na detecção e quantificação de bactérias responsáveis por doenças em plantas. SUMMARY DETECTING AND QUANTIFYING PHYTOPATHOGENIC BACTERIA BY REAL-TIME QUANTITATIVE PCR With the advent of the technique of PCR (polymerase chain reaction), the identification of causal agents of bacterial diseases was increased at the molecular level. However, PCR is an analytical tool strictly qualitative, it does not inform the number of bacterial cells in a sample. 288 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 Therefore, PCR platforms that explore the quantification of amplicons generation, called real-time quantitative PCR (RTQ-PCR) had been developed. This review will provide an overview of the different methods and RTQ-PCR applications in the detection and quantification of bacteria responsible for plant diseases. INTRODUÇÃO O histórico da identificação de agentes causais de bacterioses tem início com técnicas (i) fisiológicas, por meio da constatação da síntese e/ou oxidação de determinadas substâncias; (ii) microbiológicas, via isolamento da bactéria e (iii) fitopatológicas, através de testes de patogenicidade (Schaad et al., 2001). Essas técnicas, em conjunto, são reconhecidamente enfadonhas e de limitada resolução taxonômica ao nível de gênero. Posteriormente, técnicas imunodiagnósticas (Schaad, 1979) e de dot-blot de DNA (Irwin, 1987) abriram a possibilidade da identificação molecular de bactérias fitopatogênicas. Contudo, esses métodos apresentam problemas relativos ao grau de especificidade do anti-soro (Trigalet et al., 1978) e ao elevado custo das sondas de DNA. Com o advento da técnica da PCR (reação em cadeia da polimerase) (Saiki et al., 1985), surge um marco divisório Na identificação molecular de fitobactérias. Isso se deve à elevada confiabilidade, especificidade, sensibilidade e simplicidade da técnica, quando comparada com os métodos de identificação que lhe antecederam (Henson & French, 1993). As primeiras bactérias fitopatogênicas diagnosticadas por PCR foram patovares de Pseudomonas syringae, responsáveis pelo crestamento bacteriano da ervilha (Rassmusen & Wulff, 1990) e o crestamento bacteriano de halo do feijoeiro (Prosen et al., 1991). A PCR é empregada na identificação de bactérias em muitas doenças de plantas (Schaad et al., 2001), incluindo espécies de reduzida concentração populacional em materiais propagativos assintomáticos, tais como Erwinia carotovora subsp. atroseptica, responsável pela podridão mole, em tubérculos de batata (van der Wolf et al., 1996) e Xylella fastidiosa, responsável pela clorose variegada dos citros, em borbulhas de laranjeiras contaminadas (Coletta Filho et al., 2000). Contudo, a técnica da PCR, que se resume à amplificação exponencial in vitro de uma determinada seqüência-alvo de DNA (Ferreira & Grattapaglia, 1996) é estritamente qualitativa (ausência ou presença), sendo incapaz de precisar a quantidade da seqüência-alvo na amostra. Em função disso, variantes da PCR, que exploram a quantificação da geração de Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 289 RAPP – Volume 12, 2004 amplicons, foram desenvolvidas. Obviamente, a detecção e a quantificação de bactérias fitopatogênicas se beneficiaram dessas inovações. Os principais focos dessa revisão são o de (i) fornecer ao leitor uma visão geral do método PCR-QTR e de (ii) sumarizar as informações relativas as aplicações de PCR-QTR na detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas. AS PRIMEIRAS TÉCNICAS DE PCR QUANTITATIVO As primeiras estratégias de quantificação de seqüência-alvo de DNA por PCR, denominadas genericamente de PCR quantitativo (PCRq) eram notoriamente trabalhosas. Os principais métodos convencionais de PCRq são: PCR SEMI-QUANTITATIVO O fundamento dessa estratégia de PCRq é a quantificação do amplicon feita, amostrando alíquotas da mistura da reação durante os ciclos da PCR (Orlando et al., 1998). Essas alíquotas da reação são carregadas em géis e os amplicons gerados na PCR são mensurados com a adição de dyes fluorescentes (Walker, 2001). PCR COMPETITIVO Nessa estratégia de PCRq, a seqüência-alvo de DNA é quantificada por meio da amplificação simultânea de uma seqüência oligonucleotídica similar à seqüência-alvo („DNA competidor‟), que difere do mesmo somente pela adição ou deleção de 20-30 nucleotídeos entre os sítios de anelamento dos primers. O „DNA competidor‟ é adicionado à mistura da reação como parte integrante da estrutura de plasmídeos em quantidades conhecidas. A mensuração da seqüência-alvo é determinada a partir da taxa de polimerização desses dois amplicons em uma série de reações com concentrações crescentes do „DNA competidor‟ (Raeymaekers, 1993). À semelhança da PCR semi-quantitativa, a estratégia da PCR competitiva requer que alíquotas da mistura da reação sejam analisadas por eletroforese. Além disso, a PCR competitiva apresenta desvantagens que decorrem das naturais diferenças de cinética da PCR entre as reações que compõem a série da PCR competitiva. Ocorre, ainda, a formação de amplicons heteroduplex, constituídos de moléculas dos dois tipos de 290 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 amplicons, acarretando uma imprecisão na leitura densitométrica de cada um desses amplicons (Wiseman, 2002). Os exemplos do emprego dessa técnica são os trabalhos de quantificação de Xanthomomas citri pv. citri, responsável pelo cancro cítrico (Cubero et al., 2001) e da Erwinia carotovora subsp. atroseptica, causadora da podridão mole e canela preta da batata (Hyman et al., 2000). A ESTRATÉGIA DA PCR QUANTITATIVA EM TEMPO REAL As primeiras abordagens de quantificação de seqüências-alvo de DNA apresentam imprecisões advindas da (i) quantificação de amplicons na fase final da PCR e da (ii) necessidade da remoção de alíquota da mistura da PCR para análise eletroforética, que resultam em erros de leitura e elevado risco de contaminação de amostras (Zimmerman & Mannhalter, 1996). Adicionalmente, essas abordagens de PCRq apresentam baixa resolução, i.e., a partir de dois logs de concentração do DNA template, entre um par de amostras que está sendo analisado (Schaad et al., 2001). A ERA DOPCR-QTR VIA BROMETO DE ETÍDEO Esses inconvenientes foram superados com a descrição de técnicas da PCR quantitativa em tempo-real (PCR-QTR) (Higuchi et al., 1992; 1993) que não requer procedimentos com eletroforese pós-PCR. Resumidamente, uma PCR-QTR é uma PCR convencional sobre a qual é estabelecida alguma estratégia para estimar a quantidade de seqüências-alvo de DNA presente na reação, via monitoramento da emissão de fluorescência combinada à geração de amplicons durante os ciclos da fase exponencial da PCR. O acúmulo do amplicon gerado é monitorado pela fluorescência emitida por moléculas de brometo de etídeo intercaladas à estrutura da dupla fita do DNA (DNA-fd) do amplicon, quando excitadas via laser (Higuchi et al., 1992) ou luz ultravioleta (Higuchi et al., 1993). A principal desvantagem da estratégia PCR-QTR via brometo de etídeo é o fato de não se distinguir a emissão de sinal de fluorescência de brometo de etídio intercalado ao amplicon específico daquela da emissão fluorescente decorrente da sua intercalação a produtos da PCR inespecíficos, o que superestima a quantidade da seqüência-alvo de DNA presente na amostra. A ERA DO PCR-QTR VIA OLIGOS FLUOROGÊNICOS Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 291 RAPP – Volume 12, 2004 A plataforma PCR-QTR, originalmente proposta por Higuchi et al. (1992), foi aprimorada, substituindo-se a adição de brometo de etídeo pela síntese de sondas fluorogênicas (Heid et al., 1996; Tyagi & Kramer, 1996). A estratégia PCR-QTR, baseada nos oligonucleotídeos fluorogênicos, contorna o problema de emissão de fluorescência não-específica, típica de sistemas PCR- QTR baseado em brometo de etídeo (Higuchi et al., 1992, 1993), uma vez que a hibridização específica do oligo fluorogênico à sua seqüência-alvo de DNA é requerida para a geração do sinal da fluorescência. Esse princípio geral é explorado em todas as outras diferentes estratégias químicas de PCR-QTR (Leutenegger, 2001). O grande diferencial dessa estratégia de PCR-QTR é a incorporação à PCR de um oligonucleotídeo contendo duas substâncias fluorófilas (dyes doador e quencher). Essas substâncias fluorófilas exploraram o efeito “quencher”, i.e., uma vez que a sonda intacta seja luminosamente excitada, ocorre transferência de energia do fluorófilo de alta energia (dye doador) para o de baixa energia (dye quencher). Como conseqüência, ocorre a emissão de luz fluorescente, o que acontece no sistema TaqMan® ou emissão de calor (collisional quenching), como ocorre em sondas molecular beacon® (Didenko, 2001). Durante os ciclos que compreendem a fase de crescimento exponencial há relativo excesso e uniformidade quanto à disposição de reagentes no volume de reação e ausência de inibidores da PCR, que permitem que hhaja duplicação da quantidade de amplicon de um ciclo para o outro da PCR-QTR, o que é descrito pela equação Tn = To(E). As quantidades de seqüência-alvo de DNA no início da reação em um dado ciclo da reação são representados por Tn e To, com eficiência da amplificação (E), podendo variar de zero, nos casos onde ocorre falha completa da reação, até dois, com a ocorrência de máxima eficiência de amplificação, resultando a duplicação da quantidade do amplicon de um ciclo para o outro (Wittwer et al., 1998; Walker, 2001; Leutenegger, 2001, Wiseman, 2002). As estratégias PCR-QTR baseadas na síntese de sondas fluorogênicas do tipo TaqMan® (Heid et al., 1996) e de molecular beacons (Tyagi & Kramer, 1996) já foram citadas por mais de 1400 e 550 publicações científicas, respectivamente (http//www.webofscience.com). Esses métodos vêm sendo empregados na quantificação bacteriológica de alimentos (Nogva & Lillehaug, 1999; Hein et al., 2001), ambiental (Becker et al., 2000; Grüntzig et al., 2001), humana (Oberst et al., 1998; Lyons et al., 2000) e veterinária (Creelan & McCullough, 2000; Pusterla et al., 2000). Cumpre salientar que outros sistemas PCR-QTR, ainda baseados em agentes intercalantes, tais como o SYBR® Green I (PE, Applied 292 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 Biosystems), apoiam-se em outras propriedades químicas, processadas em determinados cicladores térmicos em tempo real, e também contornam o problema da intercalação inespecífica de agentes intercalantes a produtos da PCR não-específicos. As variantes dessas duas principais estratégias químicas de PCR-QTR, intercalação ou hibridização de dyes, encontram-se detalhadas a seguir. ESTRATÉGIAS PCR-QTR VIA INTERCALAÇÃO DE DYE O princípio dessa estratégia baseia-se na detecção e quantificação de amplicons de no mínimo 300 nucleotídeos, por intermédio da intercalação de uma substância fluorogênica - (dye) (Ginzinger, 2002). Essas substâncias se encaixam no sulco menor de moléculas de dupla fita de DNA (DNA-fd) de amplicons gerados durante as fases de extensão de cada ciclo da PCR, o que resulta no aumento da emissão de fluorescência do dye quando luminosamente excitado nessa fase da PCR (Wittwer et al., 1997) (figura 1). Dessa forma, obtém-se uma equivalência entre as quantidades do sinal fluorescente emitido pelo agente intercalante e de amplicon gerado durante a PCR. Durante a fase de desnaturação do DNA, em cada um dos ciclos da PCR, ocorre a liberação do dye da estrutura DNA-fd, que retorna para a solução, caindo o sinal de fluorescência emitido pelos mesmos (Ginzinger, 2002). O agente intercalante mais utilizado atualmente em estratégias PCR-QTR é o SYBR® Green I (Molecular Probes®). Quando intercalado a DNA-fd, o SYBR® Green I aumenta sua fluorescência em até 100 vezes quando luminosamente excitado, quando comparado ao dye excitado em solução, não intercalado em DNA-fd (Ginzinger, 2002). Essa estratégia PCR-QTR apresenta a vantagem de ser sensível. O desenho de oligonucleotídeos e os procedimentos de otimização dos mesmos para a quantificação do amplicon desejado não são requeridos, já que esse dye se liga, de forma inespecífica, a qualquer molécula de DNA-fd Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 293 RAPP – Volume 12, 2004 Anelamento Extensão s s s 5‟ ? 3‟(P) 5‟_______________ 3‟ 3‟ _____________ 5‟ 3‟_______________ 5‟S S S Figura 1. Sistema de detecção fluorescente do tipo SYBER GREEN I. Legenda: s = moléculas de SYBER GREEN I em suspensão no volume de reação; 3‟?5‟: fita de DNA sendo replicada pela DNA polimerase (P); S = moléculas de SYBER GREEN I, intercaladas em DNA-fd, emitindo fluorescência. 294 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 (Ginzinger, 2002). Contudo, esse aspecto da técnica também se constitui em sua principal desvantagem, já que o SYBR® Green I pode se ligar, indistintamente, a qualquer tipo de amplicon, tais como dímeros de primers e produtos PCR não-específicos, presentes na PCR-QTR. Assim, há risco de superestimar a quantificação da seqüência-alvo de DNA de interesse presente em uma amostra. A inespecificidade do SYBR® Green I vem sendo contornada, basicamente, através de duas estratégias. A primeira delas consiste em impedir a formação de dímeros de primers e de qualquer produto inespecífico da PCR. Desse modo, a fluorescência emitida na PCR-QTR decorre de moléculas SYBR® Green I encaixadas somente no amplicon gerado a partir da seqüência-alvo de DNA de interesse. Isso pode ser alcançado por meio do desenho de novos pares de primers (Ginzinger, 2002) e cuidadosa otimizaçãoda reação, com a adoção de ciclagens térmicas como a da PCR Hot Star (Wiseman, 2002; Klein, 2002). A lógica da segunda estratégia é a de se „conviver‟ com a presença de dímeros de primers e produtos não-específicos da PCR no volume da PCR- QTR. Isso se dá com a determinação de curvas de desnaturação, que é feita mediante a adição de uma etapa de ciclagem térmica especial, após a PCR- QTR. A presença de um único pico de desnaturação, que corresponda ao amplicon que se está sendo quantificado, atesta que não houve a ligação de SYBR® Green I a outras moléculas DNA-fd, permitindo atribuir toda a fluorescência emitida às moléculas de SYBR® Green I ligadas à molécula do amplicon de interesse. Por sua vez, a detecção de dois ou mais picos de desnaturação, além daquele esperado, referente ao amplicon estudado, sinaliza a presença de outras moléculas DNA-fd que apresentam moléculas de SYBR® Green I ligadas a elas. Nesse caso, cicladores térmicos em tempo real, que executam curvas de desnaturação, contabilizam a fluorescência emitida somente por aquelas moléculas de SYBR® Green I efetivamente ligadas ao amplicon de interesse, desconsiderado o sinal fluorescente emitido pelo dye doador intercalado a moléculas DNA-fd inespecíficas. Desse modo, PCR-QTR, baseada em SYBR® Green I, seguida de análise de curva de desnaturação, quantifica melhor o amplicon de interesse (Klein, 2002). ESTRATÉGIAS DE PCR-QTR VIA HIBRIDIZAÇÃO DE OLIGONUCLEOTÍDEOS FLUOROGÊNICOS Esta é uma estratégia química de PCR-QTR que apresenta diferentes variações metodológicas, cada qual anulando, a seu modo, o efeito Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 295 RAPP – Volume 12, 2004 quencher entre dyes fluorescentes. Contudo, todos os tipos de PCR-QTR baseados em hibridização de oligonucleotídeos fluorogênicos requerem (i) um conjunto de primers para a geração do amplicon; (ii) hibridização a uma região específica interna do amplicon gerado; (iii) excitação luminosa do volume da reação e (iv) quantificação da fluorescência emitida pelos dyes fluorófilos durante a fase exponencial da PCR-QTR (Walker, 2001, 2002; Ginzinger, 2002). Os principais tipos variantes do método da PCR-QTR, baseado em oligonucleotídeos providos de dyes fluorescentes, podem ser distinguidos quanto (i) ao tipo de oligonucleotídeo fluorogênico (sonda ou primer-sonda), (ii) ao número de oligonucleotídeo fluorogênico que incorporam os dyes fluorófilos (um ou dois); (iii) ao mecanismo quencher explorado [efeito FRET (do inglês, Förster resonance energy transfer) ou “collisional quenching”]; (iv) ao tipo de afastamento físico entre os dyes doador e quencher (hidrólise de nucleotídeos da sonda ou hibridização de seqüência nucleotídica intra-loop e conseqüente afastamento dos dyes fluorófilos); (v) ao estado em que ocorre o efeito quencher (em suspensão ou hibridizado) e (vi) ao tipo de fluorescência emitida que monitora a geração de amplicons na PCR-QTR (dye doador ou quencher). Estratégias PCR-QTR via oligonucleotídeos fluorogênicos, diferentemente de dyes intercalantes, permitem que duas ou mais seqüências- alvo de DNA ou cDNA, em se tratando de fitopatógenos virais, sejam simultaneamente quantificadas em uma mesma reação, sob a forma de ensaio PCR-QTR multiplex. A quantificação de dois ou mais amplicons durante a reação é monitorada pela emissão de fluorescência correspondente aos dyes doador das sondas específicas de cada uma das seqüências-alvo de DNA (Leutenegger, 2001). Os principais tipos dessas estratégias PCR-QTR são discriminados detalhadamente a seguir. PCR-QTR HIBRIDIZAÇÃO DE SONDAS COM DYES FLUOROGÊNICOS Sondas TaqMan®. Atualmente, a sonda TaqMan® (Roche Molecular Systems) é a técnica PCR-QTR mais empregada (Heid et al., 1996). A sonda é um oligo de DNA com 25-30 nucleotídeos, não-extensível, devido à presença do grupo fosfato 3´ e marcada com dois dyes fluorófilos. São eles, o FAM (6- carboxyfluorescein), o TET (6-carboxy-4,7,2´,7´-tetrachlorofluorescein) e o JOE (2‟,7‟-dimethoxy-4‟,5‟-dichloro-6-carboxy-fluorescein), na posição 5´, como dye doador, e o TAMRA (N,N,N,N'-tetramethyl-6-carboxyrhodamine), 296 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 na posição 3´, como dye quencher. Na ausência da seqüência-alvo de DNA na PCR-QTR, a sonda TaqMan® permanece intacta na reação. Uma vez excitado luminosamente, o dye doador emite energia fluorescente que é transferida para a dye quencher, em virtude da proximidade entre os dyes. Ocorre, assim, o efeito quencher, resultando na emissão de fluorescência de comprimento de onda correspondente ao dye quencher (Didenko, 2001) (figura 2). Na presença da seqüência-alvo de DNA, a sonda TaqMan® hibridiza especificamente, durante a fase de pareamento, em uma região interna da seqüência-alvo de DNA, geralmente com 75-150 nucleotídeos, entre os sítios de pareamento dos primers forward e reverse (Heid et al., 1996). A hibridização da sonda ocorre antes do pareamento dos primers, já que apresenta temperatura de desnaturação de 10 o C maior que a desses oligos (Leutenegger, 2001). A anulação do efeito quencher entre os dyes fluorófilos é obtida por meio da hidrólise da sonda hibridizada à seqüência-alvo, através da atividade exonucleolítica 5´ 3´ da Taq DNA polimerase, que remove esse obstáculo físico à replicação, permitindo a extensão do primer upstream até o final da seqüência-alvo de DNA (Heid et al., 1996). Excitação luminosa do dye doador, agora fisicamente separado do dye quencher e livre em suspensão, resulta na emissão de energia fluorescente pelo dye doador (figura 2). Já as moléculas de dye quencher diminuem a intensidade de fluorescência emitida. Durante os sucessivos ciclos da PCR-QTR, ocorre crescimento exponencial da geração de amplicons e de hidrólise de sondas, o que é monitorado, em tempo real, pelo aumento da quantidade de fluorescência emitida pelo dye doador (Heid et al., 1996). A principal vantagem do sistema TaqMan de PCR-QTR é a facilidade no desenho dos oligos (primers e sonda) e sua elevada especificidade de hibridização. Sua principal desvantagem é a ocorrência de eventual background de fluorescência (www.biosci.ohio-state.edu/~pmgf). Existem, contudo, alternativas que minoram o efeito de background dessa estratégia PCR-QTR. Uma delas diz respeito ao emprego de sondas TaqMan dotadas de dye quencher especiais, como o dye BHQ (do inglês, ´black hole quencher´) (Biosearch Technologies). Diferentemente do dye TAMRA, comumente empregado em sistemas TaqMan, esse dye quencher não emite fluorescência naturalmente, já que converte a energia transferida do dye doador, luminosamente excitado quando presente em uma sonda Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 297 RAPP – Volume 12, 2004 Anelamento Extensão D q 5‟____?(P) 5‟(d)_____ 3‟(Q) 5‟___________________(P) ?3‟ 3‟______________________________ 5‟ 3‟_________________________ 5‟ PF Figura 2. Sistema de detecção fluorescente do tipo TAQMAN. Legenda: 3‟?5‟ = fita de DNA onde o primer forward (PF) encontra-se anelado à sua seqüência nucleotídica complementar e a DNA polimerase (P) já se ligou para estender o primer; 5‟(d)?3‟(Q) = sonda TAQMAN hibridizada à sua seqüência nucleotídica complementar. A proximidade entre os dyes doador (d) e quencher (Q) não permite que haja emissão de fluorescência; D e q = dyes doador (D) e quencher (q) encontram afastados entresi, suspensas no volume de reação, após a hidrólise da sonda TAQMAN via ação exonucleolítica da DNA polimerase, resultando na emissão de fluorescência pelo dye doador (D). 298 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 intacta, em calor (Ginzinger, 2002). Sondas molecular beacon® (Stratagene) Molecular beacon® (Tyagi & Kramer, 1996) é um tipo de sonda fluorogênica em forma de „grampo de cabelo‟ constituída de duas regiões: (i) região do loop da sonda; seqüência ss-DNA interna da sonda, onde se encontra a seqüência nucleotídica complementar à seqüência-alvo de DNA e a (ii) região auto-complementar da sonda; seqüência DNA-fd externa da sonda, que se segue à região do loop, constituída geralmente de cinco ou seis nucleotídeos, rica em conteúdo GC e palindrômica, o que favorece o auto- pareamento (Tyagi & Kramer, 1996). Nas extremidades 5´ e 3´ da sonda são adicionados os dyes doador (FAM) e o quencher (DABCYL), respectivamente. Na ausência de seqüência-alvo, a molecular beacon permanece intacta na reação. Quando submetida à irradiação luminosa ocorre o efeito quencher entre os dyes, acarretando a não emissão de fluorescência do dye doador e conseqüente emissão de calor pelo dye quencher (Tyagi & Kramer, 1996). Havendo a presença de seqüência-alvo, ocorre a hibridização da seqüência nucleotídica da região do loop da molecular beacon em uma região interna de sua seqüência-alvo, antes do pareamento dos primers (Tyagi & Kramer, 1996) (figura 3). A anulação do efeito quencher entre os dyes fluorófilos não resulta da hidrólise da molecular beacon®, como ocorre no sistema TaqMan®, mas da abertura da região auto-complementar da sonda, em decorrência da complementação da seqüência interna do loop à sua seqüência-alvo de DNA. Desse modo, ocorre o afastamento físico entre os dyes doador e quencher (Figura 3). Quando o volume de reação é irradiado, ocorre a emissão de fluorescência de comprimento de onda correspondente ao dye doador (Tyagi & Kramer, 1996). Diferentemente do sistema PCR-QTR TaqMan®, onde o monitoramento da emissão de fluorescência ocorre durante a fase de extensão, PCR-QTR molecular beacon® se dá durante a fase de pareamento de cada ciclo da PCR. Ao término de cada fase de pareamento, as sondas molecular beacon® retornam intactas à sua forma nativa, pareando-se à seqüência-alvo de DNA a cada novo ciclo da PCR (Tyagi & Kramer, 1996). A principal vantagem dessa estratégia química PCR-QTR é a sua elevada especificidade de anelamento, em virtude de sua condição altamente termoestável, decorrente do formato hairpin da sonda, e reduzido background de fluorescência. Contudo, o emprego de molecular beacon® Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 299 RAPP – Volume 12, 2004 _________________________________________________________________________ Anelamento Extensão 5‟____?(P) _________ 5‟___________________ 3‟ 3‟ _________________________ 5‟ 3‟___________________ 5‟ _________________________________________________________________________ PF 3‟(q)5‟(D) 3‟(Q)5‟(d) Figura 3. Sistema de detecção fluorescente do tipo Molecular Beacon. Legenda: 3‟? 5‟ = fita de DNA onde o primer forward (PF) encontra-se anelado à sua seqüência nucleotídica complementar e a DNA polimerase (P) já se ligou para estender o primer; 5‟(D)?3‟(q) = molecular beacon hibridizado à sua seqüência nucleotídica complementar. O afastamento entre os dyes doador (D) e quencher (q) permite que haja emissão de fluorescência; 5‟(d)?3‟(Q) = molecular beacon inativa, sob a forma de “grampo de cabelo”. A proximidade entre os dyes doador (d) e quencher (Q) não permite que haja emissão de fluorescência. 300 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 apresenta dificuldades relativas ao desenho da sonda e otimização da reação (www.biosci.ohio-state.edu/~pmgf) podendo ocorrer a sobreposição de espectro do dye doador com o do quencher DABCYL (Bustin, 2002). Sonda molecular beacon hidrolisável Variações dos sistemas PCR-QTR baseados em molecular beacon® e TaqMan® vêm sendo descritas. Aumento do grau de sensibilidade e confiabilidade e diminuição de problemas relativos ao background de fluorescência vêm sendo alcançados com a descrição de novas estratégias que reúnem características de ambos os sistemas, como é o caso de molecular beacon hidrolisável (Kong et al., 2002). Diferentemente das sondas TaqMan convencionais, que são lineares, essas sondas têm o formato de grampo de cabelo, como molecular beacon®. A hidrólise dessas sondas tipo molecular beacon® ocorrem durante a fase de extensão, a partir do nucleotídeo 5´ da região de auto-anelamento da sonda, que é complementar à seqüência-alvo de DNA, o que distancia o dye doador do quencher, anulando a ocorrência do efeito quencher (www.biosci.ohio-state.edu/~pmgf) (figura 4). Outra variação importante da técnica é a incorporação à sonda de um dos primers da reação, tal como com os primers Scorpions Tm (Whitcombe et al., 1999) (ver item 7.2. para maiores detalhes), o que reduz a duração de ciclagem da PCR-QTR. Sondas HybProbes® (LightCycler - Roche™) As estratégias PCR-QTR apresentadas anteriormente exploram a anulação do efeito quencher entre os dyes fluorófilos presentes em uma mesma sonda, com a emissão de fluorescência do dye doador para o monitoramento da geração de amplicon durante a PCR-QTR. Em 1997, foi descrito um tipo de sonda fluorogênica denominada hybprobe (Wittwer et al., 1997), que quantifica a polimerização do amplicon por meio da fluorescência emitida pelo dye quencher, decorrente do efeito quencher, entre os dyes doador e quencher presentes, cada qual, em uma sonda diferente (sondas upstream ou downstream). A sonda upstream contém o dye doador, geralmente Fluoresceina ou Cy5 à sua extremidade 3´ e a sonda downstream tem ligada o dye quencher, geralmente representada pelos fluorófilos LightCycler Red 640 ou 705 à sua extremidade 5´. Na ausência de seqüência-alvo de DNA no volume da PCR-QTR, as duas sondas permanecem em suspensão, em seu estado nativo, a uma distância maior do que a permitida para que ocorra o efeito quencher. Quando o volume de reação é irradiado com luz azul (470 nm), há emissão Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 301 RAPP – Volume 12, 2004 _________________________________________________________________________ Anelamento Extensão D q 5‟____?(P) _________ 5‟_______________(P)?3‟ _________________________ 5‟ 3‟___________________ 5‟ _________________________________________________________________________ PF 3‟(q)5‟(D) Figura 4. Sistema de detecção fluorescente do tipo Molecular Beacon hidrolisável. Legenda: 3‟?5‟ = fita de DNA onde o primer forward (PF) encontra-se anelado à sua seqüência nucleotídica complementar e a DNA polimerase (P) já se ligou para estender o primer; 5‟(D)?3‟(q) = molecular beacon hibridizado à sua seqüência nucleotídica complementar. O afastamento entre os dyes doador (D) e quencher (q) permite que haja emissão de fluorescência; 5‟(d)?3‟(Q) = dyes doador (D) e quencher (q) encontram afastados, definitivamente, entre si, suspensas no volume de reação, após a hidrólise da molecular beacon via ação exonucleolítica da DNA polimerase, resultando na emissão de fluorescência pelo dye doador (D). 302 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP– Volume 12, 2004 de fluorescência somente do dye doador (luz fluorescente verde, 530 nm), ou seja, não ocorre o fenômeno FRET entre os dyes doador e o quencher (Didenko, 2001; Cockerill & Smith 2002). Havendo a presença de seqüência-alvo de DNA na PCR-QTR, ocorre a hibridização das duas sondas hybprobe no DNA, orientadas em sentido contrário, uma em relação à outra e separadas somente por um a cinco nucleotídeos, o que permite a ocorrência do efeito quencher (Didenko, 2001; Cockerill & Smith 2002) (figura 5). Assim, quando o volume de reação é irradiado com luz azul (470 nm) durante a fase de anelamento de cada ciclo da PCR-QTR, ocorre a transferência de energia do dye doador para o dye quencher, que passa a emitir luz fluorescente vermelha de comprimento de onda de 640 ou 705 nm, dependendo do dye quencher empregado na reação. É essa emissão de luz fluorescente que é quantificada para monitorar a polimerização de amplicons durante a PCR-QTR. Com o início da fase de extensão de cada ciclo da PCR-QTR, as sondas Hybprobe retornam intactas à suspensão em solução, devido à sua remoção de seus sítios de anelamento, devido ao aumento de temperatura do volume de reação. A principal vantagem do sistema PCR-QTR, baseado em Hybprobe, é a sua elevada especificidade, que decorre da hibridização de quatro oligos à seqüência-alvo de DNA envolvidos na geração (dois primers) e quantificação (duas sondas) do amplicon. Contudo, a construção desses quatro oligos requer que a seqüência-alvo de DNA seja maior do que a empregada para a síntese de oligos para as outras estratégias PCR-QTR (Klein, 2002; Wiseman, 2002). PCR-QTR VIA HIBRIDIZAÇÃO DE PRIMER-SONDA COM DYE FLUOROGÊNICO Diferentemente das estratégias PCR-QTR discutidas previamente, que exploram o efeito quencher por meio de sonda fluorogênica, fisicamente separadas dos primers, esse sistema PCR-QTR monitora a geração de amplicons por meio da hibridização de primer-sonda fluorogênico. Os principais tipos de PCR-QTR dessa categoria são o primers Sunset, Amplifluor Uniprimer, Scorpions Tm (Whitcombe et al., 1999), que são oligos fluorogênicos combinados, constituído pelo primer e uma sonda, que contêm dyes doador e quencher (Bustin, 2002; Klein, 2002). Os primers Scorpions Tm , principal sistema PCR-QTR baseado em oligos fluorogênicos combinados, são constituídos pelo primer, requerido para iniciação da polimerização do amplicon e, ligado covalentemente em Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 303 RAPP – Volume 12, 2004 _________________________________________________________________________ Anelamento Extensão 5‟ ______ 3‟(D) (q) 3‟ ____ 5‟ 5‟____?(P) 5‟___3‟(d) (Q)5‟____3‟ 5‟_________________________ 3‟ 3‟ ________________________________ 5‟ 3‟ _________________________ 5‟ _________________________________________________________________________ PF Figura 5. Sistema de detecção fluorescente do tipo Hybprobe. Legenda: 3‟?5‟ = fita de DNA onde o primer forward (PF) encontra-se anelado à sua seqüência nucleotídica complementar e a DNA polimerase (P) já se ligou para estender o primer; 5‟?3‟(d) e (Q)5‟?3‟ = sondas HybProbes anelam-se próximos (1-5 nucleotídeos) entre si. A proximidade entre os dyes doador (d) e quencher (Q) não permite que haja emissão de fluorescência; 5‟?3‟(D) e (q)5‟?3‟ = sondas HybProbes suspensas no volume da reação. A distância física entre os dyes doador (D) e quencher (q) permite que haja emissão de fluorescência pelo dye doador (D). 304 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 sua extremidade 5´, de uma sonda em formato de grampo de cabelo, que carreia os dyes doador e quencher em suas extremidades 5´ e 3´ da região auto-complementar (Whitcombe et al., 1999; Bustin, 2002; Klein, 2002). A sonda não é amplificada durante a fase de extensão da PCR-QTR devido à presença do "PCR stopper", geralmente o glicol hexetileno, molécula que impede com que a seqüência nucleotídica da estrutura em grampo de cabelo da sonda se abra. Na ausência de seqüência-alvo de DNA, os primers Scorpions Tm permanecem em solução em seu estado nativo, com os dyes fluorófilos próximos entre si na região auto-complementar da sonda acoplada ao primer. A submissão do dye doador à irradiação não resulta na emissão de luz fluorescente, em decorrência do efeito quencher, i.e., não há emissão de fluorescência que corresponda ao dye doador, já que ocorre da transferência de energia do dye doador para o quencher, seguida de sua conversão em calor (Whitcombe et al., 1999). Havendo seqüência-alvo na PCR-QTR, os primers Scorpions Tm anelam-se em seus sítios específicos no DNA e são extendidos pela Taq DNA polimerase durante a geração de amplicons. À medida que ocorre a polimerização do amplicon, surge a seqüência-alvo da sonda, que tem início nos três primeiros nucleotídeos localizados após a extremidade 3´ do primer Scorpion Tm . A sonda hibridiza com a sua seqüência complementar, recém- sintetizada, o que resulta na abertura da estrutura de grampo de cabelo da sonda, afastando os dyes doador e quencher, o que anula o efeito quencher entre os fluorófilos (figura 6). Desse modo, o dye doador emite luz fluorescente quando irradiado (Bustin, 2002; Walker, 2001). As principais vantagens dos sistemas PCR-QTR, que combinam primer e sonda fluorogênica em um mesmo oligo, incluem facilidade na construção e otimização de oligos combinados, ciclagens térmicas mais rápidas, maior intensidade da fluorescência emitida pelo dye doador e baixo background (Whitcombe et al., 1999; Thelwell et al., 2000). As principais desvantagens são a baixa sensibilidade e a possibilidade de não ser útil em PCR-QTR multiplex (www.biosci.ohio-state.edu/~pmgf). PCR-QTR VIA HIBRIDIZAÇÃO DE PRIMER COM DYE FLUOROGÊNICO SELF-QUENCHING Há ainda um outro mecanismo de detecção de fluorescência em análises PCR-QTR operado por meio de primers LUX (Light Upon eXtension) (Invitrogen). Os primers LUX possuem uma estrutura tipo hairpin, que possui um fluorófilo ligado ao nucleotídeo da extremidade 3´ de Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 305 RAPP – Volume 12, 2004 _________________________________________________________________________ Anelamento Extensão Novo Anelamento 3´ _____ ___? (P) 3´______3‟ _____3‟(D) 3‟______ 5‟ 3‟____ 5‟ (Q, B)3‟_______ 5‟ _________________________________________________________________________ PF 3‟ (Q, B)5‟(d)3´3‟ (Q, B)5‟(d) Figura 6. Sistema de detecção fluorescente do tipo primer Scorpion. Legenda: 3‟?5‟ = fita de DNA onde o primer „Scorpion‟ encontra- se anelado à sua seqüência nucleotídica complementar e a DNA polimerase (P) já se ligou para estender o primer „Scorpion‟; 5‟(d) ?3‟(Q, B) = primer-sonda Scorpion. A proximidade entre os dyes doador (d) e quencher (Q) não permite que haja emissão de fluorescência; 5‟(D)?3‟(q, B) = primer-sonda Scorpions, distendida. O afastamento entre os dyes doador (D) e quencher (q) permite que haja emissão de fluorescência pelo dye doador (D). 306 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 sua estrutura, que apresenta um mecanismo de self-quenching. Quando o primer LUX é incorporado em um produto PCR DNA-fd, o efeito self- quenching do fluorófilo se extingue, ocorrendo aumento substancial do sinal de fluorescência (figura7). A grande vantagem desse sistema é o fato que nenhuma sonda ou dye quencher são necessários nessa plataforma PCR-QTR, além de apresentar performance comparável com as sondas TaqMan®. CONSTRUÇÃO DE OLIGOS PARA PCR-QTR À semelhança da detecção de bactérias por PCR, o ensaio PCR- QTR requer que parte da seqüência nucleotídica específica da bactéria seja conhecida para a construção dos primers e da(s) sonda(s) fluorogênica(s). Essas seqüências podem ser inicialmente obtidas a partir da (i) detecção de polimorfismo de DNA entre estirpes de bactérias, como descrito para a Xylella fastidiosa, responsável pela clorose variegada dos citros (Pooler & Hartung, 1995; Ferreira et al., 2000); (ii) emprego de seqüência plasmidial patógeno-específica, como é o caso da Ralstonia amylovora (Bereswill et al., 1992); (iii) hibridização subtrativa, técnica que enriquece de seqüências específicas de DNA, como em Pseudomonas solanacearum (Seal et al., 1992) e (iv) por seqüenciamento de ITS (internal transcribed spacer), regiões genômicas curtas entre os genes rDNA 16S e 23S, cuja seqüência geralmente é específica de um patovar, como é o caso de Xanthomonas spp. em cereais (Toth et al., 2001). Após obtenção de seqüência nucleotídica de DNA específica de uma determinada bactéria, é necessário validar a sua especificidade ao genoma do microorganismo em que ela foi detectada, atestando-se ausência de homologia com seqüências de patovares da mesma espécie ou de outras espécies, depositadas em banco de dados, como o GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) e o EMBL (http://www.ebi.ac.uk/embl/), antes de dar início à construção de oligos para ensaios com PCR-QTR. Existem diferentes programas que auxiliam na construção de oligos para PCR-QTR (Bustin, 2002). O ´Primer Express´ (Applied Biosystems) é, possivelmente, o mais empregado. Uma relação básica de programas inclui o JaMBW e o Primer3 para a construção de primers e de sondas, respectivamente. Oligos fluorogênicos que requeiram conformação espacial, como é o caso de molecular beacon e primers Scorpion Tm , podem ser construídos via software DNA mfold (http://www.bioinfo.rpi.edu/applications/mfold/old/dna). Os principais Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 307 RAPP – Volume 12, 2004 _________________________________________________________________________ Pré-desnaturação Anelamento/Extensão + 5‟_______________ 3‟ 5‟ ________ 3‟(sq) 3‟ ______________ 5‟ 3‟__________________ 5‟ _________________________________________________________________________ 5‟ 3‟(SQ) Figura 7. Sistema de detecção fluorescente do tipo primer LUX. Legenda: 3‟?5‟ = fita de DNA onde o primer LUX (5´?3´SQ), sob a forma de “grampo de cabelo”, se hibridiza durante a fase de anelamento, juntamente com a DNA polimerase (P), que estenderá o primer LUX. O primer LUX na fase de pré-desnaturação apresenta fluorófilo self-quenching (SQ), não havendo, nessa fase da PCR-QTR, emissão de fluorescência; 5‟?3‟(sq) = primer LUX pareado com a seqüência de DNA complementar. O efeito self- quenching do fluorófilo se extingue (sq), ocorrendo aumento substancial do sinal de fluorescência. 308 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 fatores para os quais se devem atentar durante a construção de sondas incluem o número total de nucleotídeos, percentagem ou conteúdo G/C, composição ideal de nucleotídeos nas extremidades 5´ e 3´ e faixa de temperatura de melting para a hibridização (Bustin, 2002). CINÉTICA DA PCR-QTR E O CYCLE THRESHOLD (CT) Como ocorre na cinética da PCR, o perfil da PCR-QTR apresenta três fases distintas: (i) background ou inicial, (ii) log ou crescimento exponencial e (iii) “plateau” ou final. A interface entre as duas primeiras fases, denominada cycle threshold (CT) (Higuchi et al., 1993), ocorre em um determinado ciclo da PCR-QTR, em que a intensidade de fluorescência emitida pelo dye doador, decorrente da geração de amplicons, é calculada como sendo, geralmente, 10 vezes o desvio-padrão acima do background médio de fluorescência emitida pelo dye doador durante o 3 o ao 15 o ciclo da PCR-QTR (Walker, 2002). Já a interface entre as fases log e de platô se caracteriza por uma redução da eficiência da PCR-QTR, determinada pelo aumento da concentração dos amplicons e redução da concentração dos reagentes, notadamente primers, no volume de reação da PCR-QTR (Wittwer et al., 1997). Isso acarreta diferentes valores de mensuração do amplicon gerado durante a fase de platô, mesmo a partir de repetições de mesma concentração de seqüência-alvo (Higuchi et al., 1993). O valor CT de uma PCR-QTR determina o exato momento em que a geração de amplicons passa a ser polimerizada exponencialmente e é inversamente proporcional à quantidade de seqüência-alvo de DNA presente no início da reação. Portanto, considerando-se um ensaio PCR-QTR constituído das amostras A e B, tendo a primeira a metade da concentração de seqüência-alvo de DNA que a segunda, o CT-amostra A será maior que o CT- amostra B em uma unidade. Contudo, se as duas amostras possuem a mesma concentração de seqüência-alvo, ambas devem aumentar significativamente a intensidade do sinal de fluorescência ao mesmo tempo, em relação ao background de fluorescência da fase inicial da PCR-QTR, ou seja, devem apresentar valores CTs idênticos ou muito próximos entre si. Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 309 RAPP – Volume 12, 2004 MÉTODO DE QUANTIFICAÇÃO DE SEQÜÊNCIAS- ALVO DE DNA VIA PCR-QTR A concentração inicial da seqüência-alvo de DNA pode ser inferida por meio de quantificação absoluta. Nesse procedimento, o número de moléculas de seqüência-alvo na amostra é estimado interpolando-se o valor CT obtido com a equação da regressão linear resultante da curva-padrão de valores médios de CT, obtida pela relação inversa de dependência entre as concentrações crescentes de um padrão de referência da seqüência-alvo (eixo x) e o sinal de fluorescência da geração de amplicons (eixo y) (Ginzinger, 2002). A curva-padrão é construída por intermédio de diluições seriais, geralmente decimais. Contém, geralmente, 10 4 ou 10 5 cópias da seqüência- alvo de DNA entre as duas concentrações extremas, sendo que cada concentração é representada em duplicata ou triplicata (www.biosci.ohio- state.edu/~pmgf ). Os padrões de referência com seqüência-alvo de DNA são geralmente obtidos de (i) amplicons gerados via PCR, (ii) plasmídeos contendo a inserção da seqüência-alvo ou (iii) da própria célula ou microrganismo, desde que se saiba o número de cópias da seqüência-alvo em seu genoma (Ginzinger, 2002). A concentração da solução inicial pode ser determinada por fluorômetro ou espectrofotômetro (Abs-260nm) e é geralmente apresentada como sendo número de cópias por célula, por grama de tecido, etc. Durante a sua montagem, a dispensa de volumes de padrões de referência contendo DNA na placa de reação requer técnica e instrumentação especiais para se evitar eventos de contaminação entre as reações (Ginzinger, 2002). Ginzinger (2002) sugere denominar quantificação absoluta por „arbitrária‟ ou de „curva-padrão‟, já que não há como precisar com exatidão, independentemente do método de determinação de concentração de DNA empregada, o número de cópias da seqüência-alvo presente no padrão de referência. Tem-se, quando muito, uma estimativa muito precisa do número de cópiasde DNA presentes. Uma vez que a concentração do número de cópias da seqüência-alvo empregada na construção da curva-padrão não é determinada a rigor, a quantidade do número de cópias da seqüência-alvo na amostra não é absoluta (Ginzinger, 2002). 310 – Antonio Carlos de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS FITOPATOGÊNICAS VIA PCR-QTR Desde a mensuração do primeiro fitopatógeno via PCR-QTR em 1996 (Schoen et al., 1996), há crescente interesse fitopatológico pela técnica, considerando o aumento do número de publicações de ensaios PCR-QTR de agentes causais de doenças causadas por bactérias, vírus, fungos e nematóides. Até o momento, seis sistemas PCR-QTR foram descritos para fitobactérias saprófitas e/ou patogênicas: Clavibacter michiganensis subsp. sepedonicus (podridão anelar da batata) (Schaad et al., 1999; van Beckhoven et al., 2002); Erwinia herbicola (Belgrader et al., 1999); Ralstonia solanacearum biovar 2A (murcha bacteriana da batata) (Weller et al., 2000) ; Agrobacterium radiobacter biovar 1 (raiz em cabeleira de pepino e tomate) (Weller & Stead, 2002) e Xylella fastidiosa (Doença de Pierce da Videira) (Schaad et al., 2002), X. fastidiosa (clorose variegada dos citros) (Oliveira et al., 2002) e Xanthomonas citrii (cnacro cítrico) (Mavrodieva et al., 2004). PERSPECTIVAS A tecnologia de PCR-QTR já foi utilizada em diferentes patossistemas que envolvem bactérias fitopatogênicas. Seu emprego como uma ferramenta analítica poderá contribuir em estudos de diferentes aspectos fitopatológicos, tais como: (i) determinação de qual estágio da patogênese é inibida em variedades hospedeiras resistentes, (ii) estudos filogenéticos de bactérias patogênicas de plantas, (iii) estudos epidemiológicos da disseminação de bacterioses e na (iv) caracterização de formas mutantes dessas bactérias, com relação a sua capacidade de multiplicação e deslocamento no interior das plantas hospedeiras. Cumpre também salientar que, em decorrência da elevada comercialização de plantas entre as nações, a ágil quantificação de bactérias fitopatogênicas é requerida em nas modernas legislações quarentenárias, o que pode ser alcançada com o emprego de PCR- QTR. AGRADECIMENTOS Os autores são gratos aos revisores ad hoc por suas sugestões e comentários. Detecção e quantificação de bactérias fitopatogênicas por PCR quantitativo em tempo real - 311 RAPP – Volume 12, 2004 LITERATURA CITADA BECKER, S.; BÖGER, P. & OEHLMANN, R. 2000. PCR Bias in Ecological Analysis: a Case Study for Quantitative Taq Nuclease Assays in Analyses of Microbial Communities. Appl. Envir. Microbiol. 66:4945-53. BELGRADER, P.; BENETT, W.; HADLEY, D.; RICHARDS, J.; STRATTON, P.; MARIELLA Jr., R. & MILANOVICH, F. 1999. PCR detection of bacteria in seven minutes. Science 284:449-50. BERESWILL, S.; PAHL, A.; BELLEMANN, P.; ZELLER, W. & GEIDER, K. 1992. Sensitive and species specific detection of Erwinia amylovora by polymerase chain reaction analysis. Appl. Envir. Microbiol. 58:3522-6. BUSTIN, S.A. 2002. Quantification of mRNA using real-time reverse transcription PCR (RT-PCR): trends and problems. J. Mol. Endocrinol. 29:23-39. COCKERILL, F.R. & SMITH, T.F. 2002. Rapid-cycle real-time PCR: a revolution for clinical microbiology. Am. Soc. Microbiol. News 68:77-83. 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