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RESUMO - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ

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ATRIBUIÇÕES
O Poder Judiciário é o ramo do Estado responsável pela solução de conflitos da sociedade e garantia de direitos dos cidadãos. No Brasil, é dirigido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Criado pela Constituição Federal de 1988, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) é a corte responsável por uniformizar a interpretação da lei federal em todo o Brasil. É de sua responsabilidade a solução definitiva dos casos civis e criminais que não envolvam matéria constitucional nem a justiça especializada.
RECURSO ESPECIAL
Para buscar essa uniformização, o principal tipo de processo julgado pelo STJ é o recurso especial. Esses recursos servem fundamentalmente para que o tribunal resolva interpretações divergentes sobre um determinado dispositivo de lei.
Por exemplo: um tribunal em São Paulo chega a uma determinada interpretação de um artigo de uma lei, mas um tribunal de Minas Gerais chega à conclusão diferente ao ler o mesmo artigo. Pode ser possível recorrer das decisões, para que o STJ defina qual é a mais adequada. Essa decisão do STJ passa então a orientar as demais cortes.
Desde 2008, os recursos especiais podem ter caráter repetitivo. Isso ocorre quando há múltiplos recursos com fundamento na mesma questão legal. Nesse caso, o STJ pode determinar a suspensão dos processos que tratem da mesma matéria, até que julgue um recurso representativo da controvérsia.
Quando essa decisão é tomada, os demais tribunais devem aplicar o mesmo entendimento do STJ para os recursos pendentes. Se a decisão contestada no recurso coincide com o STJ, o recurso não tem seguimento. Mas se o tribunal não concorda com a orientação firmada pelo STJ no recurso repetitivo, o tribunal local tem que julgar novamente o caso. Como a decisão do STJ não é vinculante, se o tribunal local insistir em interpretar a lei de forma divergente, o recurso especial terá continuidade e pode chegar ao STJ.
CRIMES DE AUTORIDADES, MAGISTRADOS E POLÍTICOS
O STJ julga crimes comuns praticados por governadores, desembargadores estaduais, federais, eleitorais e trabalhistas, conselheiros de tribunais de contas e procuradores da República, entre outros. Nesses casos, um ministro do STJ preside o inquérito, conduzido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. É do ministro relator a competência para autorizar ou determinar diligências e prisões nessa fase preliminar.
Ao final das investigações, um subprocurador-geral da República apresenta denúncia, se entender existir indícios de crime. Essa denúncia é apreciada pelos ministros da Corte Especial. Se recebida, tem início a ação penal. Ao final do processo, a ação é julgada, podendo resultar em condenação ou absolvição do réu.
DIREITOS HUMANOS
O Procurador-Geral da República (PGR) pode solicitar ao STJ a “federalização” de processos quando houver grave violação de direitos humanos e risco de descumprimento pelo Brasil de tratados internacionais sobre o tema. Para isso, o PGR suscita o chamado incidente de deslocamento de competência (IDC), que é julgado pelo STJ. Se acolhido o incidente, o inquérito ou processo passa da justiça estadual para a federal.
OUTRAS AÇÕES
O STJ julga também habeas corpus, habeas data ou mandado de segurança, quando o ato ilegal for praticado por governadores, desembargadores ou conselheiros de tribunais de contas, entre outras autoridades. Os habeas corpus e mandados de segurança também chegam ao tribunal em recursos, quando o pedido é negado pelos tribunais regionais federais ou de justiça.
É ainda de responsabilidade do STJ resolver conflitos de competência entre tribunais. Isso ocorre, por exemplo, quando um tribunal trabalhista julga matérias que também estão afeitas a uma vara de falências.
O tribunal julga ainda mandados de injunção e reclamações para preservação de sua própria competência e autoridade e homologa sentenças estrangeiras.
A lista completa de atribuições consta no art. 105 da Constituição Federal.
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS
O STJ é responsável também pela administração da Justiça Federal, por meio do Conselho da Justiça Federal. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados também funciona junto ao tribunal. 
COMPOSIÇÃO
O STJ é composto por 33 ministros. Eles são escolhidos e nomeados pelo Presidente da República, a partir de lista tríplice formulada pelo próprio tribunal. O indicado passa ainda por sabatina do Senado Federal antes da nomeação.
A Constituição prevê que os ministros tenham origem diversificada: um terço deve ser escolhido entre desembargadores federais, um terço entre desembargadores de justiça e, por fim, um terço entre advogados e membros do Ministério Público.
CORREGEDORIAS
Os ministros do STJ desempenham funções de correição em vários órgãos do Judiciário. No Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro do STJ que compõe o Conselho atua como Corregedor Nacional de Justiça. No Conselho da Justiça Federal (CJF), um dos ministros do STJ é o Corregedor-Geral da Justiça Federal. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dos ministros do STJ atua como Corregedor-Geral Eleitoral.
OUTROS ÓRGÃOS
Dois dos ministros do TSE são ministros do STJ, escolhidos pelo próprio tribunal. No CJF, cinco ministros são membros do Conselho.
ORGANIZAÇÃO INTERNA
Os 33 ministros do STJ dividem-se internamente para julgar a maioria das matérias em órgãos especializados.
Veja a composição completa e atualizada dos colegiados do Tribunal.
PLENÁRIO
O Plenário é composto por todos os ministros do STJ. Os magistrados convocados não participam de suas reuniões. O órgão possui competência administrativa: elege membros para os cargos diretivos e de representação, vota mudanças no regimento e elabora listas tríplices de indicados a compor o tribunal.
CORTE ESPECIAL
A Corte Especial é composta pelos 15 ministros mais antigos do Tribunal e julga as ações penais contra governadores e outras autoridades. A Corte também é responsável por decidir recursos quando há interpretação divergente entre os órgãos especializados do Tribunal.
SEÇÕES E TURMAS
As três seções do STJ são especializadas. Dentro de cada especialidade, elas julgam mandados de segurança, reclamações e conflitos de competência. Elas também são responsáveis pelo julgamento dos recursos repetitivos.
Cada Seção reúne ministros de duas Turmas, também especializadas. As Seções são compostas por dez ministros e as Turmas por cinco ministros cada.
Nas Turmas são julgados os recursos especiais sem caráter repetitivo, habeas corpus criminais, recursos em habeas corpus, recursos em mandado de segurança, entre outros tipos de processo.
Confira no quadro:
	Matéria
	Exemplos
	Seção
	Turmas
	Direito público
	Impostos, previdência, servidores públicos, indenizações do Estado, improbidade
	Primeira
	Primeira e Segunda
	Direito privado
	Comércio, consumo, contratos, família, sucessões
	Segunda
	Terceira e Quarta
	Direito penal
	Crimes em geral, federalização de crimes contra direitos humanos
	Terceira
	Quinta e Sexta
MINISTROS
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é composto por, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo presidente da República, após aprovação do Senado Federal. Essa composição é estabelecida pelo art. 104 da Constituição Federal, segundo o qual o cargo deve ser preenchido por brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Também de acordo com a Constituição, um terço dos ministros do STJ deve ser escolhido entre juízes dos tribunais regionais federais, um terço entre os desembargadores dos tribunais de justiça dos estados e um terço, em partes iguais, entre os advogados e integrantes do Ministério Público.
A indicação dos nomes a serem escolhidos é feita pelo Plenário do STJ, em sistema de lista tríplice que apresenta os candidatos de acordo com a ordem decrescente dos votos obtidos em sessão pública do Tribunal. Em qualquer escolha, o representante deve ter mais de dez anos de efetiva atividade profissional.Quatro ministros do STJ também integram a composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O STJ indica dois membros efetivos e dois substitutos para o TSE, sendo um deles o corregedor-geral da Justiça Eleitoral.
O presidente do STJ também dirige o Conselho da Justiça Federal (CJF), órgão responsável por promover a integração das instituições que compõem a Justiça Federal. Além dele, outros sete ministros do STJ fazem parte do CJF, quatro na condição de efetivos e três na de suplentes. O vice-presidente do STJ ocupa também o cargo de vice no Conselho.
HISTÓRIA
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é fruto de amplos debates políticos e de gestão da justiça que permearam o século XX no Brasil. Criado pela Constituição Federal de 1988 e instalado no ano seguinte, suas decisões influenciam todos os aspectos da vida cotidiana das pessoas.
Por isso, é conhecido como “Tribunal da Cidadania”.
Sua história tem antecedentes na justiça federal, com o Tribunal Federal de Recursos (TFR). O “Tê-fê-rê”, como era conhecido, teve as atribuições sucedidas pelos tribunais regionais federais, com a Constituição de 1988. Mas seus ministros, servidores e estrutura serviram de base para o então recém-criado STJ.
Ao longo dos anos, o STJ passou por transformações, acompanhando a sociedade brasileira. Tornou-se referência internacional em processos eletrônicos, gestão socioambiental e transparência.
ANTECEDENTES
A JUSTIÇA FEDERAL ATÉ 1946
A justiça federal foi instituída um ano após a Proclamação da República. Cada estado e o Distrito Federal manteriam um juiz de seção, com competência para processar e julgar, entre outras, causas fundadas em disposição constitucional, envolvendo atos administrativos do governo federal, contra a Fazenda nacional ou de natureza interestadual.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1891, manteve essa organização, instituindo o controle difuso de constitucionalidade das leis em nosso país. Ela também previu a instituição de Tribunais Federais “distribuídos pelo País, quantos o Congresso criar.” Apesar de autorizada a criação de três tribunais regionais (em Recife, com competência da Bahia ao Acre; no Distrito Federal, com competência sobre Espírito Santo e Rio de Janeiro; e em São Paulo, com jurisdição sobre os demais estados), eles nunca chegaram a ser criados.
A justiça federal foi mantida pela Constituição de 1934, que previa a criação de tribunais federais “quando assim o exigirem os interesses da Justiça”, mas a Constituição do Estado Novo extinguiu o ramo federal do Judiciário. Com isso, as causas de interesse da União passaram a ser julgadas em juízos especializados nas justiças dos estados. 
O TFR
Com a redemocratização, a Constituição de 1946 recriou a justiça federal, mas apenas na segunda instância. O Te-Fê-Rê, como ficou conhecido o Tribunal Federal de Recursos, assumiu a competência recursal para as causas de interesse da União. Inicialmente composto por 9 ministros, passaria a 13 membros em 1965 e a 27 em 1977.  Regulamentado e instalado em 1947, era composto por um tribunal pleno e duas turmas colegiadas.
Um dos objetivos de sua criação era reduzir a competência do Supremo Tribunal Federal, congestionado por grande número de processos. Foi transferida ao TFR, por exemplo, a competência para julgar originariamente os mandados de segurança contra ato de ministro de estado e, em grau de recurso, as causas de interesse da União.
Progressivamente, outras competências foram passadas do STF ao TFR, como a de processar e julgar os conflitos de jurisdição entre juízes subordinados a tribunais diversos.
“Eis por que o Federal de Recursos tinha dupla feição, a de Tribunal de segundo grau (hoje, os Tribunais Regionais Federais) e a de Tribunal nacional, visto que, nessa condição, recebera aquelas atribuições pertencentes ao Supremo (hoje, cometidas ao Superior Tribunal). Era o que o distinguia dos outros tribunais, tornando-o, dúvida não havia, o segundo tribunal do Brasil.”, afirmaria o ministro Nilson Naves, em 2012.
O primeiro presidente do TFR, Afrânio Antônio da Costa, na solenidade de inauguração das instalações do tribunal no prédio da Avenida Presidente Wilson 231, no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1948, salientou:
“A competência originária e em grau de recurso, que lhe são atribuídas, desafoga de muito dos seus árduos trabalhos o Egrégio Supremo Tribunal Federal, ainda, entretanto sob o peso enorme dos recursos extraordinários, do qual somente se aliviará quando uma firme e inabalável jurisprudência fizer cessar as interposições não compreendidas nos escritos limites do texto constitucional.”
Na mesma ocasião, o presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, afirmava:
“Está o Tribunal Federal de Recursos habilitado a desempenhar o relevante papel que lhe incumbe em nossa vida político-judiciária, abrangendo uma vasta área de competência, notadamente no que concerne ao julgamento, em segunda instância, das causas de interesse da União, quer no cível, quer no crime. As primeiras julgava-as, anteriormente, o Supremo Tribunal Federal, que, sobrecarregado como outras atribuições da mais alta magnitude, precisava ter reduzida a imensa tarefa que a nação confiara à sabedoria dos seus juízes. As segundas vinham sendo decididas pelos tribunais dos estados, com quebra do princípio cardial do regime que exige sejam apreciados e decididos por tribunais federais os interesses vinculados a bens e serviços da administração federal.”
A CRISE DO SUPREMO
CONGESTIONAMENTO
Desde os anos 30, já se discutia a sobrecarga processual do Supremo Tribunal Federal (STF). A criação do TFR na década de 40, em certo sentido, foi uma resposta a essa situação.  A partir dos anos 60, acentuou-se o debate, no que passou a ser chamada como “crise do Supremo”.
Nos dizeres do jurista Alfredo Buzaid, a crise consistia no “desequilíbrio entre o número de feitos protocolados e o de julgamentos por ele proferidos, sendo a entrada daqueles consideravelmente superior à capacidade de sua decisão (...) se acumulando os processos não julgados, resultando daí o congestionamento”.
Buzaid seria nomeado pelo Governo Federal em 1960 para elaborar o anteprojeto do Código de Processo Civil. Apresentado por ele em 1964 e aprovado em 1973, o “Código Buzaid” passa agora por nova reforma legislativa, em trâmite no Congresso.
Em 1965, a Emenda Constitucional 16, instituiu o controle concentrado de constitucionalidade no sistema brasileiro. O controle difuso, exercido por outros juízes, já vigia. Na exposição dos motivos do Ministério da Justiça, enfatizava-se a sobrecarga imposta ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Federal de Recursos.
A limitação ao ingresso de recursos extraordinários foi a solução encontrada naquele momento, com a adoção progressiva de óbices ao cabimento do recurso. Conforme a ministra Eliana Calmon, o STF encontrava-se impotente no atendimento às demandas e restringiu tanto o cabimento do extraordinário que teve, ao final, que fazer concessões:
“O regimento interno da Corte, por seu turno, criou tantos obstáculos que adotou-se, por final, o instituto da ‘Arguição de Relevância’, espécie de salvação das demandas que, atropeladas pelos óbices, na prática, tinham grande expressão social, pelo alcance qualitativo ou quantitativo”.
 
AS REFORMAS MILITARES
O Poder Judiciário foi “reformado” em 1965, com o Ato Institucional nº 2. O Judiciário sofreu intervenção direta do Poder Executivo. Além da recriação da justiça federal de 1º grau, que havia sido extinta pela Constituição do Estado Novo (1937), a justiça militar avançava na competência da justiça civil para julgar ações “golpistas”. O número de ministros do Supremo Tribunal Federal passou de onze para dezesseis, o que daria ao governo maioria, reduzindo os questionamentos a prisões e processos por crimes contra a segurança nacional.
Em 1968, várias circunstâncias inter-relacionadas formaram um contexto histórico que culminou na edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro. Entre osfatores, questões internacionais como a polarização acirrada pela Guerra Fria. Internamente, ocorria também uma polarização e radicalização entre governo e resistência.
A CONSTITUINTE
A ideia de criação de uma nova corte nacional não era nova. O assunto já vinha sendo ventilado desde os anos sessenta. Em 1965 a Fundação Getúlio Vargas promoveu uma mesa-redonda a propósito de uma reforma do Judiciário, da qual participaram, entre outros, Themistocles Cavalcanti, Caio Tácito, Seabra Fagundes, Caio Mário, Frederico Marques, Levy Carneiro e Miguel Reale.
A reforma debatida propunha a revisão da competência do Supremo, destacando seu papel constitucional, e a criação de um novo tribunal, nacional, com jurisdição sobre matéria sem natureza constitucional.
Já em 1976, o TFR encaminhara ao Congresso Nacional um anteprojeto de “reforma do Judiciário”, onde se propunha a descentralização da justiça federal com a criação de tribunais regionais, e destacava a importância de um órgão uniformizador do direito federal. Ao tempo da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), portanto, já eram amplas e notórias as aspirações do setor jurídico nacional nesse sentido.
Em 1985, o governo encarregou uma comissão de 50 personalidades presidida pelo jurista Afonso Arinos para produzir um anteprojeto de Constituição. Em 1986, o TFR submeteu à comissão relatório com a sugestão desse novo tribunal nacional. A proposta do TFR previa a instituição de tribunais regionais federais de segundo grau, com a simultânea transformação do Tê-Fê-Rê em instância de recurso especial, não ordinário, segundo os modelos das jurisdições eleitoral e trabalhista.
A “comissão Arinos” produziria um texto com 436 artigos permanentes e 32 disposições transitórias.  O trabalho da comissão, no entanto, foi arquivo pelo Ministério da Justiça, sem ser encaminhado à ANC. Mas o teor do documento, divulgado, influenciou os constituintes.
Em 1987 o TFR criou comissão de acompanhamento da Constituinte para apresentar estudos e sugestões à ANC. Foi composta pelos ministros Antônio de Pádua Ribeiro (presidente da Comissão) Flaquer Scartezzini, Carlos Thibau, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro e Ilmar Galvão. A comissão reiterou a proposta já encaminhada à comissão Afonso Arinos.
A ideia do TFR era criar um Tribunal Superior Federal (TSF), com competências originária, ordinária e extraordinária. Pelo anteprojeto do TFR, caberia recurso extraordinário ao Supremo quando este considerasse relevante a questão federal resolvida.
 
O TSF VIRA STJ
Um substitutivo foi apresentado na Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo, no sentido da criação do “Superior Tribunal de Justiça”, com aproveitamento, na sua composição inicial, dos ministros do TFR. Esse documento passou a ser o texto-base do qual resultou a estrutura do Poder Judiciário na nova Constituição.
No âmbito das reformas aconteceu a extinção do TFR, foram instituídos os Tribunais Regionais Federais (TRFs) - com o objetivo de substituir e regionalizar a jurisdição do extinto TFR -, e criado o STJ como última instância das leis infraconstitucionais tanto no âmbito da justiça federal como no da estadual. 
Com a nova corte, o Supremo a assumiria a condição de tribunal predominantemente constitucional, reservando-se ao STJ as causas de natureza infraconstitucional. A Constituição de 1988 também acentuou a independência do Judiciário, com autonomia funcional, administrativa, financeira e garantias da magistratura reforçadas.
O STJ também passaria a coordenar a estruturação da Justiça Federal, funcionando junto a si o Conselho da Justiça Federal (CJF), órgão administrativo central desse ramo.
Ocorreria o chamado golpe dentro do golpe, com a edição do AI-5. Na visão dos militares, o ato combatia ideias e ações subversivas em expansão no país, que viveria um momento de guerra revolucionária.
Entre os pretextos apontados para a edição do ato, está um discurso do deputado Moreira Alves do MDB, apelando para que a população não participasse dos desfiles do 7 de setembro de 1968 e para que as moças se recusassem a sair com oficiais. Somado a isso, outro deputado, Hermano Alves, escreveu uma série de artigos considerados provocações aos militares.
Isso repercutiu nas forças armadas e o governo solicitou ao Congresso a cassação dos dois deputados. Em outro discurso, o deputado Moreira Alves alertou para que o parlamento não caísse frente à pressão. A Câmara recusou os pedidos de licença para processamento dos deputados.
No dia seguinte foi baixado o AI-5, que autorizava o Presidente da República a fechar o Congresso, cassar mandatos parlamentares (Márcio Moreira Alves e Hermano Alves estavam na primeira lista), suspender a garantia do habeas corpus e outras, inclusive as de independência dos magistrados.
A Constituição de 1967 e sua Emenda Constitucional 1, de 1969 mantiveram a estrutura básica do Poder Judiciário. Somente o AI-6, também de 1969, alterou diretamente o Supremo, retornando a 11 o número de ministros.
O PACOTE DE ABRIL
Em 1976, tramitava no Congresso uma proposta de reforma do Judiciário. Em meio a isso, o governo enfrentava perda de capital político e o cenário que se avistava para as eleições marcadas para 15 de novembro de 1977 era de vitória da oposição e perda da maioria pelo governo militar. Com isso, os militares perderiam a condução do processo sucessório e de abertura.
Ernesto Geisel respondeu em 1º de abril de 1977, baixando o “pacote de abril”. A medida impunha a eleição indireta de governados e a composição do Senado com um terço de senadores indicados livremente pelo governo. Esses governadores e senadores ficaram conhecidos como “biônicos”. O Congresso foi fechado, ou “posto em recesso”, para garantir a edição e implantação das medidas.
Apesar de ter foco essencialmente eleitoral, a reforma do Judiciário foi pretexto para o fechamento do Congresso.  
“Ainda neste quadro de realizações, eu quero referir-me em particular a um fato que é de hoje ou de ontem e que sinceramente creio que a todos deve preocupar. Acho que o Brasil, com esse desenvolvimento que tem tido nos anos da Revolução, tem que olhar para o aprimoramento de sua Justiça. Esta preocupação vem desde os primeiros dias de meu governo, e a Revolução, sem dúvida, já tinha atuado neste campo, criando a Justiça Federal, principalmente”, afirmara Geisel em discurso de comemoração aos 13 anos da “revolução”.
“Mas, ninguém pode negar, a nossa Justiça é tardia, é lenta, e carece, muitas e muitas vezes, da confiança de daqueles que batem à sua porta. É preciso que essa Justiça se agilize, que ela se atualize, que ela se ponha no mesmo nível do estágio que o Brasil alcançou. Com este espírito, o Poder Executivo, com um diagnóstico formulado pelo Poder Judiciário, enviou ao Congresso uma reforma da Constituição, que permitiria dar os primeiros passos, os passos fundamentais, vale dizer, os alicerces, sob a qual nos deveríamos erigir uma nova e moderna Justiça para o Brasil”, acrescentou.
“Lamentavelmente, em função da atuação de uma minoria que praticamente dentro do Congresso se transformou numa ditadura, minoria que se prevalece da circunstância de que uma reforma constitucional exige um quórum de 2/3 para aprovação de qualquer projeto, não foi possível obter a aprovação dessas medidas, embora o governo contasse com o apoio integral, maciço, da Arena. É, sem dúvida, um fato lamentável. Prejudicado com essa medida não é o governo, prejudicado é o povo, prejudicado é a Nação brasileira, que precisa de uma nova Justiça. Eu lhes afirmo que essa nova Justiça se fará”, arrematava o então presidente, em 31 de março de 1977.
Ele criticava a posição do MDB, que rejeitara o projeto de reforma. Para a oposição, faltavam garantias aos magistrados e o restabelecimento de habeas corpus para crimes políticos.
No pacote, foram editadas uma série de normas, ao longo de 14 dias de fechamento do Congresso. A reforma do Judiciário compunha a EC 7. Além de aumentar o número de magistrados do TFR para 27 e criar o Conselho Nacionalda Magistratura, a reforma dava ao STF o poder de avocação de toda e qualquer causa em curso no Judiciário brasileiro, mediante provocação do Procurador-Geral da República. Avocada, a causa era julgada como se de competência originária do Supremo.
Em 1979, seria editada a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman/Lei Complementar 35).
SURGE O STJ
INSTALAÇÃO
Criado com a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, o STJ viria a ser instalado em 7 de abril do ano seguinte. Reuniu-se para o ato o Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão solene, convocada para esse fim. Com a instalação da nova corte, foi extinto o Tê-Fê-Rê.
O STJ passou a funcionar na sede do TFR, na Praça dos Tribunais Superiores. Ele  incorporou a estrutura material e humana do tribunal extinto. A composição inicial também aproveitou os magistrados que compunham essa corte.
Integraram a primeira composição do STJ os ministros Edson Vidigal, José de Jesus Filho, Ilmar Galvão, Nilson Naves, Carlos Thibau, Jesus Costa Lima, Cid Flaquer Scartezzini, Geraldo Sobral, Costa Leite, Eduardo Ribeiro, Dias Trindade, Assis Toledo, Garcia Vieira, Antônio de Pádua Ribeiro, Pedro Acioli, Romildo Bueno de Souza, Carlos Velloso, José Dantas, Armando Rollemberg, Gueiros Leite, Washington Bolívar, Torreão Braz, William Patterson, Miguel Ferrante, José Cândido e Américo Luz, todos oriundos do TFR, e Athos Gusmão Carneiro, Luiz Vicente Cernicchiaro, Waldemar Zveiter, Luiz Carlos Fontes de Alencar Francisco Cláudio de Almeida Santos, Sálvio de Figueiredo Teixeira, Raphael de Barros Monteiro Filho, que tomaram posse em 18 de maio de 1989.
O primeiro presidente do STJ foi o ministro Evandro Gueiros Leite, completando o biênio 1987/1989, iniciado no TFR.Washington Bolívar de Brito assumiu a Presidência do Tribunal para o biênio 1989/1991.
O STJ proferiu sua primeira decisão em 24 de abril, duas semanas depois de instalado. A Petição 01 em que se pedia medida cautelar em recurso especial foi deferida, sob referendo do colegiado. Seu relator foi o ministro Nilson Naves, na Terceira Turma. O primeiro recurso especial chegaria ao STJ em 22 de maio, relatado por Gueiros Leite.
Em 21 de junho de 1989 foi assinado o contrato de construção da sede do novo tribunal, firmado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. No mesmo ano, foi publicado o Regimento Interno da Corte, em 7 de julho de 1989.  Em seguida, foi publicado o primeiro número da Revista do Superior Tribunal, em setembro de 1989.
Em 1990, a primeira Súmula foi editada pelo STJ, em julgamento de 25 de abril, pela Segunda Seção:
“O foro do domicilio ou da residência do alimentando e o competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos”.
NOVA SEDE
Pelo Decreto 11.520, de 12/04/89, o Governo do Distrito Federal homologou a Decisão 14/89 do Conselho de Arquitetura, Urbanismo e Meio Ambiente que criou o lote 15 do Setor de Áreas Isoladas Sudoeste – SAISE destinando-o à futura sede do STJ.
A pedra fundamental foi lançada em 21 de junho de 1989. A construção teve início em 1990. O projeto de Niemeyer previa a ação e a importância do Tribunal nos anos seguintes, dotando o prédio de espaços considerados à época necessários e suficientes para o pleno desenvolvimento de suas atividades.
O conjunto arquitetônico do STJ foi complementado com criações de artistas plásticos convidados: Marianne Peretti (vitral “A Mão de Deus”; Fachada do Tribunal); Vallandro Keating (mural “O homem é a medida de todas as coisas”); e Athos Bulcão (mural de azulejos). A inauguração da nova sede do STJ foi realizada no dia 22 de junho de 1995.
NASCE O RECURSO ESPECIAL
RECURSO ESPECIAL
Da forma como se estruturou o Poder Judiciário em 1988, ficou sob a responsabilidade do STJ o julgamento dos “recursos especiais”. Conhecidos como REsp, esses processos são uma espécie recursal oriunda do desmembramento do recurso extraordinário, julgado pelo STF.
Antes, só existia um recurso julgado pelo STF, o extraordinário, que abrangia as competências hoje divididas entre o extraordinário e o especial. Diante do aumento vertiginoso do número de causas que passaram a chegar ao Supremo, a Constituição de 1988 distribuiu a competência entre o STF e o STJ, sendo que o primeiro seria guardião da Constituição e o segundo, da legislação federal. Então, os recursos excepcionais foram divididos entre as duas cortes, cabendo exclusivamente ao STF o extraordinário e exclusivamente ao STJ o recurso especial.
Conforme o ministro Antônio de Pádua Ribeiro, o recurso especial teve origem, assim como o recurso extraordinário, nowrit of error norte-americano, surgido em 1789.
“Deve ser revista pela Suprema Corte, para ser cassada ou confirmada, a decisão da mais alta corte de um dos Estados, em causa em que se questionar sobre a validade de um tratado, lei nacional ou ato de autoridade da União, e a decisão for contrária à validade; quando se questionar sobre a validade de uma lei ou de um ato de autoridade estadual, sob fundamento de serem contrários à Constituição, a tratado ou a leis federais, e a decisão for pela validade; quando se reclamar algum título, direito ou privilégio ou imunidade com fundamento na Constituição, tratado, lei nacional ou ato de autoridade da União, e a decisão for contra o título, direito, privilégio, imunidade, especialmente invocados pela parte, em face de tal Constituição, tratado, lei ou ato”, dizia a lei estadunidense em 1975.
“Para a boa compreensão do recurso especial, é importante entender a sua filosofia, a razão da sua existência. A sua função precípua é dar prevalência à tutela de um interesse geral do Estado sobre os interesses dos litigantes. O motivo está, segundo lembra Buzaid, em que o erro de fato é menos pernicioso do que o erro de direito. Com efeito, o erro de fato, por achar-se circunscrito a determinada causa, não transcende os seus efeitos, enquanto o erro de direito contagia os demais Juízes, podendo servir de antecedente Judiciário”, afirmou o ministro Pádua em obra de 1989.
Ainda na explicação do ministro, a função do especial seria mais que examinar o direito das partes, tutelar a autoridade e unidade da lei federal e controlar a legalidade do julgado proferido pelas instâncias inferiores.
OS REPETITIVOS
Em 2008, uma alteração legislativa tentou restabelecer alguns princípios do recurso especial. A Lei 11.672 alterou o Código de Processo Civil (CPC) para tentar desafogar o Poder Judiciário, com a introdução de um novo procedimento para o julgamento de certos recursos pelo STJ.
Com a nova norma, processos que se baseiem em uma mesma tese podem ter o trâmite suspenso até que o STJ delibere sobre a matéria, resolvendo em um único julgamento dezenas, centenas e até milhares de causas de idêntico direito. São os chamados recursos repetitivos, ou, na terminologia técnica, recursos representativos de controvérsia repetitiva.
A modificação sinalizou mais uma tentativa do legislador em dar celeridade ao processo, evitando o julgamento pelo STJ de inúmeros processos com matéria de direito idêntica, variando apenas as partes envolvidas. Alinha-se em paralelo à adoção da Súmula Vinculante e a repercussão geral para o Supremo.
Mas diferentemente da súmula do Supremo, o julgamento do repetitivo não tem efeito vinculante para o Judiciário. Por este ou por outros motivos, a inovação não teve o mesmo impacto de redução da carga processual no STJ que as alterações afeitas ao STF. Lá, houve redução de 76% no número de processos recebidos desde 2007.
O FUTURO DO RESP
Se em 1989, quando foi instalado, o STJ julgou 3.550 dos 6.103 processos que recebeu, em 2007 bateu a marca de 313 mil processos recebidos. Destes, julgou mais de 277 mil, naquele ano. Em 2012, registrou o recorde de julgamentos, com 287.293 dos 289.524 processos recebidos no período.
O número de processos pendentes oscila nos últimos anos entre 6% e 8%. Hoje, é de cerca de 250 mil o estoque de causas não julgadas. Em 25 anos, o STJ julgou 4.386.299 processos, incluindo agravos regimentaise embargos de declaração.
Para responder a esse tsunami processual infindável, como o define o ministro Sidnei Beneti, o STJ tem defendido novas medidas de racionalização do sistema recursal. A principal é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 209/12, que institui novo critério de admissibilidade para o REsp: a necessidade de relevância da questão federal discutida para que o recurso chegue ao STJ.
Pela proposta, em tramitação no Congresso, o STJ só julgará os recursos cujo tema tenha relevância jurídica capaz de justificar o pronunciamento da instância superior. Muitos recursos que chegam ao STJ discutem questões que afetam apenas o interesse das partes, sem maiores implicações na interpretação do direito federal.
O objetivo central da proposta é fazer com que o STJ deixe de atuar como terceira instância, revisora de processos cujo interesse muitas vezes está restrito às partes, e exerça de forma mais efetiva o seu papel constitucional de uniformizador da jurisprudência sobre a legislação federal.
A REFORMA DO JUDICIÁRIO
REFORMA DO JUDICIÁRIO
No dia 8 de dezembro de 2004, o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional 45, conhecida como reforma do Judiciário. A proposta tramitara na Câmara dos Deputados entre 1992 e 2000. Em 2002, voltou a tramitar no Senado e, em 2003, entrou na pauta de prioridades do Congresso.
A emenda criou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o objetivo de aperfeiçoar o controle e a transparência administrativa, atuando o novo órgão como gestor central dos tribunais, planejador do Judiciário e controlador externo dos atos de administração judiciária. O ministro do STJ que compor o CNJ atuará sempre como Corregedor Nacional de Justiça.
O STJ também ganhou, com a reforma, a responsabilidade de gerir a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), cujo nome depois teve adicionado o nome do ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, um ferrenho defensor do aprimoramento técnico da magistratura e da criação da Escola.
A reforma alterou ainda algumas competências do STJ. Ficaram a seu cargo, saindo da competência do Supremo, a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Por meio da homologação de sentença estrangeira, uma decisão judicial de outro país pode produzir efeitos no Brasil.
Outro importante instrumento de defesa da cidadania foi conferido ao STJ com a emenda. Em situações excepcionais de inoperância do Judiciário e sistema policial diante de graves violações de direitos humanos, o Procurador-Geral da República pode requerer ao STJ que a Justiça Federal assuma o caso. Trata-se do incidente de deslocamento de competência. 
A ERA DIGITAL
PRIMÓRDIOS
Em 1991, muito antes de existir a internet comercial no Brasil, o STJ já permitia a consulta remota por redes de computadores ao andamento processual. Por meio da Rede Nacional de Pacotes (Renpac), “um advogado do Rio de Janeiro poderá se informar, através de um micro-computador, sobre o andamento de um processo na Bahia ou em São Paulo”, informava notícia veiculada à época. Desde 1986, já no TFR, essa consulta existia eletronicamente, mas só estava disponível por terminais no próprio tribunal. 
O primeiro “portal” do STJ viria a ser lançado em 1996. A página tinha, no estilo da época, direito a “GIFs” animados e textos piscantes. Mas já trazia informações processuais, notícias sobre decisões e pesquisa de jurisprudência da corte. O rodapé da página, com uma placa de “homens trabalhando” em rotação, informava que “Esta página está em constante atualização”.
Em 1998, o STJ lançava o “Sistema Push”, um sistema de alertas por email voltado a advogados. A partir de um cadastro, os advogados poderiam receber mensagens com os andamentos de seu processo. Nesse ano, o STJ também passou a enviar pela via eletrônica suas decisões para publicação na Imprensa Nacional. A medida significou economia de 500 mil folhas de papel diárias. 
O “bug do milênio” foi enfrentado pelo STJ. O sistema de acompanhamento de processos e documentos administrativos internos, chamado Lince, ganhava atualização – o Lince 2000 – para “combater os possíveis problemas que o bug do milênio poderia causar”. Já disponível nos processos judiciais, o “push” era agora incorporado aos procedimentos internos.
Segundo a revista Exame, a página do STJ era, em 2000, a 6ª mais visitada no país.
O PROCESSO ELETRÔNICO TOMA FORMA
Em 2001, seria criado o “Sistema Justiça”, uma solução informatizada de integração entre os gabinetes e órgãos acessórios da jurisdição. O sistema foi desenhado desde o início internamente, para garantia de segurança, e visava dar mais controle e inteligência às rotinas processuais. Ainda hoje, com evoluções constantes, é usado na gestão documental dos processos judiciais no STJ. 
Em 2004, o STJ colocava à disposição dos cidadãos na internet o inteiro teor dos acórdãos antes mesmo de serem publicados no Diário da Justiça. As decisões monocráticas eram certificadas on-line. Em 2006, foram estabelecidos critérios para conversão de imagem para texto do inteiro teor dos acórdãos e decisões e sua validação como documento eletrônico.
A Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006, disciplinou a informatização do processo judicial, dispondo sobre o uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais. No ano seguinte, o STJ regulou o recebimento de petição eletrônica, passando a receber habeas corpus e feitos de competência do Presidente, entre outros.
A petição eletrônica abriu uma nova etapa no processo de informatização ao possibilitar que advogados apresentem seus requerimentos da própria casa ou escritório, sem ter que se deslocar até o tribunal. Desde 1º de outubro de 2013, o peticionamento eletrônico é obrigatório para uma série de classes processuais.
A Resolução nº 08, de 20 de setembro 2007 instituiu o Diário da Justiça Eletrônico do STJ como instrumento de publicação de atos judiciais, administrativos e de comunicação em geral. O DJe substituiu a versão impressa das publicações oficiais e passou a ser veiculado gratuitamente na internet.
VIRTUALIZAÇÃO
Em 2009, o STJ deu início a sua maior revolução em direção ao processo 100% digital. Foi assumido nesse ano o compromisso definitivo na busca da extinção do processo em papel. Nesse ano, os advogados e demais operadores do Direito passaram a poder acessar via internet a íntegra da quase totalidade de processos em trâmite no STJ.
A iniciativa buscou digitalizar os processos que chegavam em papel ao Tribunal, em grau de recurso. Depois de digitalizados e conferidos, os originais eram devolvidos aos tribunais de origem, passando a tramitar integralmente na forma eletrônica dentro do STJ. 
Com a medida, os advogados passaram a poder praticar atos processuais em qualquer hora do dia, independentemente do horário de expediente do Tribunal, e em qualquer lugar, sem necessidade de deslocamento até a sede do STJ. Tudo com segurança garantida por certificação digital.
O projeto foi reconhecido pelo Banco Mundial como referência internacional para transparência e efetividade da justiça. Internamente, a virtualização de processos mereceu o Prêmio Innovare, que certifica anualmente as melhores práticas de gestão judiciária no país.
Atualmente, mais de 90% dos cerca de 300 mil processos em tramitação no STJ anualmente são digitais. Desde o início do projeto, mais de 1 milhão de processos virtualizados passaram pelo STJ. Com o tempo, os tribunais de origem adotaram a prática, encaminhando ao Tribunal recursos eletronicamente, evitando os custos de transporte dos papeis.
A transformação dos processos físicos em arquivos digitais iniciada pelo Tribunal representou expressiva economia de espaço, recursos financeiros e tempo, marcando um forte impacto na tramitação dos trabalhos da Corte, fazendo com que a decisão judicial chegue mais rápido ao cidadão.
AUDIÊNCIAS VIRTUAIS
A primeira sustentação oral por videoconferência ocorreu em 2003, no âmbitodo CJF. Em sessão da Turma de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, o presidente do STJ à época, ministro Cesar Asfor Rocha, permitiu que advogados sustentassem desde Curitiba (PR) e Florianópolis (SC) perante a Turma, reunida em Brasília (DF). 
Em 2013, a ministra Nancy Andrighi realizou audiência em seu gabinete com uma advogada em São Paulo, que desejava discutir um processo urgente. No mesmo ano, a ministra Eliana Calmon tomou o primeiro depoimento por videoconferência em processo criminal originário do STJ.
CONTROLE INTERNO
A Secretaria de Controle Interno (SCI) do Superior Tribunal de Justiça, unidade especializada de controle, orientação e auditoria, tem por finalidade:
Acompanhar a execução dos programas de trabalho e a gestão orçamentária, financeira, contábil, operacional, patrimonial e de pessoal no Tribunal quanto aos princípios legais e constitucionais que regem a Administração Pública;
Orientar a atuação dos gestores;
Verificar a utilização regular dos recursos e bens públicos;
Avaliar os resultados obtidos pela Administração quanto à efetividade, economicidade, eficiência e eficácia;
Dar suporte ao exercício pleno da supervisão da gestão do Tribunal a cargo do Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente.
A Secretaria de Controle Interno está organizada da seguinte forma:

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