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Hegemonia: Liderança e Dominação

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Hegemonia
É denominada hegemonia a supremacia de uma entidade sobre outras de igual tipo. Pode-se aplicar o termo a diversas situações com o mesmo significado: uma nação ou grupo de nações pode retê-la, graças a seu potencial econômico, militar ou político superior que exerce sobre outras populações, mesmo contra a vontade destas.Em primeira instância, hegemonia significa simplesmente liderança, derivada diretamente de seu sentido etimológico (do grego "hegemon" = líder). O termo ganhou um segundo significado, mais preciso, desenvolvido por Gramsci para designar um tipo particular de dominação. Nessa acepção hegemonia é dominação consentida, especialmente de uma classe social ou nação sobre seus pares. Na sociedade capitalista, a burguesia detém a hegemonia mediante a produção de uma ideologia que apresenta a ordem social vigente, e sua forma de governo em particular, a democracia, como se não perfeita, a melhor organização social possível. Quanto mais difundida a ideologia, tanto mais sólida a hegemonia e tanto menos necessidade do uso de violência explícita.O termo "Hegemonia mundial" refere-se ao domínio do mundo por parte de uma única nação ou grupo de nações.
No âmbito social, entende-se como "Hegemonia cultural" –segundo Antonio Gramsci:
A dominação e manutenção de poder que exerce uma pessoa ou grupo em posição de domínio a outro(s) minoritário(s), impondo seus próprios valores, crenças e ideologias que configuram e sustentam o sistema majoritário, conseguindo assim um estado de homogeneidade no pensamento e ação como também uma restrição das produções e publicações culturais". 
"A dominação e manutenção de poder que exerce uma pessoa ou grupo em posição de domínio a outro(s) minoritário(s), impondo seus próprios valores, crenças e ideologias que configuram e sustentam o sistema majoritário, conseguindo assim um estado de homogeneidade no pensamento e ação como também uma restrição das produções e publicações culturais".
Ainda segundo Gramsci, há hegemonia quando a classe dominante é capaz de obrigar uma classe social subordinada ou minoritária que satisfaça seus interesses, renunciando à sua identidade e cultura grupal, exercendo também total controle sob as formas de relação e produção da segunda ao restante da sociedade. Cabe salientar que Gramsci afirmava que este processo não possui um caráter explícito, demonstrando-se de forma sutil. A classe social subordinada ou minoritária adota as concepções da classe dominante, incorporando-as a seu repertório ideológico, ligado ao que comumente denomina-se "sentido comum". Atualmente a hegemonia se consegue através do controle dos agentes culturais, especialmente os que se destacam por seu impacto social, como os meios de comunicação. Exemplo é a teoria do imperialismo cultural, destacando-se o imperialismo da indústria cinematográfica norte-americana, dando a entender que a tendência atual de hegemonização se concentra na exposição de modelos de pensamento e conduta próprios da sociedade americana, para que outras sociedades adotem estes mesmos modelos (fenômeno conhecido como "processo definido" na Teoria da reprodução).Por outro lado existem outros agentes socializadores que são utilizados, entidades de poder utilizados como ferramentas de hegemonização do status quo (religiosas, educacionais (mediante estabelecimento de um curriculum acadêmico que favorece a aprendizagem daquelas matérias mais afinadas com a ideologia dominante), artísticas e os meios de consumo (mediante asociação destes com determinados valores realçados pela publicidade).
Em regimes totalitários não é possível hegemonizar o pensamento dominante; sempre existem minorias que mantêem postura diferente, mesmo vivendo de modo invisível pela sociedade e, devido à impossibilidade de ação ante a realidade de controle social exercida pelo regime, não podem expressar-se, ficando relegadas a um segundo plano.
Hegemonia Cultural
Para o pensador italiano Antonio Gramsci, hegemonia cultural não é sinônimo de poder dominador, pois uma classe social não pode se sobrepor ideologicamente sobre outra esfera da sociedade sem recorrer às famosas alianças e articulações e sem o consentimento, mesmo que seja um tanto inconsciente, da massa por ela liderada.
Assim, se a burguesia, por exemplo, quer se impor às classes populares, não o poderá fazer, a não ser em uma etapa inicial de um novo regime político, ou excepcionalmente em Estados terroristas ou sob intensa ditadura. Na tentativa de estabelecer um papel de liderança sobre as camadas oprimidas, a classe que se candidata à hegemonia cultural necessita abrir mão de algumas de suas conveniências, para obter o poder desejado. É desta forma, segundo Gramsci, que se constrói a hegemonia ético-política. O italiano encontra, na história universal, vários exemplos deste padrão por ele analisado, como o do comportamento dos moderados franceses no século XIX; eles não se valem da violência para governar, mas sim de ferramentas culturais e ideológicas, típicas dos intelectuais, e assim constróem o consentimento geral.
Ao contrário de Marx, este filósofo político não crê no Estado como meio de coerção nas mãos das classes sociais dominantes, mas sim enquanto poder edificado justamente no acordo comum. Assim ele tece a concepção de Estado ampliado, o qual nasce do estabelecimento da hegemonia. Este Estado é o resultado de uma expressão que dispõe no tabuleiro político a soma da sociedade política e da sociedade civil, dado que deve ser levado em conta por qualquer grupo que aspire ao poder. Para Gramsci, civilização deve se harmonizar com uma estratégia na qual a sociedade civil consuma a instituição dominante e caminhe na direção de uma autogestão e de uma consciência autônoma. Este é o antídoto para que regimes como o stalinista, que idolatram radicalmente o Estado, sejam destruídos. Gramsci aproveita elementos do pensamento de Benedetto Croce, que acredita na visão da história de um ângulo ético-político. Ele vai, porém, além deste ponto de vista limitado e encontra em Lênin o amparo teórico para explicar o mecanismo histórico total, baseado justamente na crença de que o maior trunfo das camadas dominadas, na criação de um novo regime, é o definitivo combate de cunho cultural e ideológico.A hegemonia leninista, adotada por Gramsci, deve ser compreendida como um poder maior de análise e de respostas aos desafios impostos pela História. Este conceito leva o pensador italiano a transcender qualquer fórmula automatizada de explicação da trajetória histórica e de entendimento simplista do papel das lideranças políticas.
Conforme a concepção gramsciana, se os dirigentes deixam de lado a importância da hegemonia, eles estão fadados ao fracasso. Qualquer outra utilização desta expressão cunhada particularmente por Gramsci, principalmente quando é manipulada para designar qualquer espécie de ditadura partidária, só contribui para denegrir e rejeitar a teoria deste pensador.

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