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A maioridade penal sob a óptica do direito comparado. Discussões acerca da viabilidade da redução da idade penal no Brasil

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Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 46 
 
A maioridade penal sob a óptica do direito 
comparado: 
discussões acerca da viabilidade da redução da 
idade penal no Brasil 
 
Kênia Maira de Souza1 
Enio Luiz de Carvalho Biaggi2 
 
Resumo 
 
O presente trabalho se destina a contribuir para as discussões social e jurídica acerca 
da possibilidade da redução da maioridade penal no ordenamento jurídico brasileiro à 
luz da política criminal e legislação vigentes. Para isso, foi realizada uma análise do art. 
288 da CR/88, enquanto cláusula pétrea, além do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a fim de verificar as (im) possibilidades de trasnformações normativas. 
Para enriquecer o debate, recorreu-se a diversos contributos teóricos sobre institutos 
penais relacionados à culpabilidade do agente, em especial sobre a inimputabilidade. 
Adentrou-se, ainda, em discussões sociais, que são frequentemente conduzidas pelos 
veículos de comunicação. Por fim, foi feito um estudo comparativo entre a política 
criminal infanto-juvenil brasileira, de caráter ressocializador, e a norte-americana, 
voltado à punição, verificando-se aspectos positivos e negativos dos sistemas. 
 
 
Palavras-chave: Maioridade penal. Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Inimputabilidade. Direito Comparado. 
 
Introdução 
 
Com o aumento de casos de atos infracionais cometidos por menores no Brasil, 
debatidos com veemência por veículos de comunicação, buscou-se analisar a 
possibilidade da redução da maioridade penal enquanto solução provável para violência 
social e urbana, uma vez que há, no momento, um crescente clamor popular e 
midiático por mudanças legislativas, citando as políticas criminais adotadas por outros 
países como modelo ideal, em especial o adotado por alguns estados da federação 
norte-americana. Esse discurso, no entanto, geralmente deixam de lado aspectos 
relevantes que norteiam a adoção dessas políticas normativas, como os aspectos 
sociais, econômicos, políticos e culturais de cada Estado. Como o objetivo de contribuir 
para esse debate, o presente trabalho se propôs a analisar os critérios adotados pelo 
legislador brasileiro ao estabelecer, como parâmetro, a idade penal mínima de dezoito 
anos, bem como a possibilidade e a viabilidade de uma mudança na legislação, os 
motivos que levaram à descrença no Estatuto da Criança e do Adolescente e se o 
modelo norte-americano de justiça criminal voltada para jovens e adolescentes 
infratores é mesmo um modelo a ser utilizado como referência a ser seguida. 
 
1 Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Advogada. 
2 Professor no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e na Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais. Advogado. 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 47 
 
Até início do século XX, as crianças eram concebidas como “autêntica propriedade de 
seus pais”, cabendo a eles instruí-las como bem entendessem, sem que houvesse 
qualquer tipo de interferência do Estado, como explicam os autores Rossato et al. 
(2011, p. 51) em seu livro Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. A 
Comunidade Internacional, por sua vez, também não se preocupava em resguardar os 
direitos da criança. Este panorama começou sofrer transformações a partir de dois 
importantes eventos históricos: os protestos da classe operária por melhores condições 
de trabalho e a Primeira Guerra Mundial. O primeiro, iniciado a partir dos primeiros 
anos do século XX, foi marcado por movimentos sociais que reivindicavam melhores 
condições de trabalho, redução da carga horária e idade mínima para trabalhar. “Essas 
iniciativas importaram na criação da Organização social do trabalho que, de uma só 
vez, aprovou seis convenções, duas delas são direcionadas à proteção do direito das 
crianças”. (Ibid., 2011, p. 52). O segundo fator – a Primeira Grande Guerra – que 
acarretou num grande número de crianças órfãs, despertou a indignação da União 
Internacional Salve as Crianças, “vanguardista na luta pelos direitos da infância em 
todo planeta, que elaborou a declaração de Genebra”. (Ibid., p. 52). 
A Declaração dos Direitos da Criança, entretanto, só foi aprovada em 1959. 
Apenas a partir desse momento que a criança passou a ser reconhecida como sujeito 
de direitos, deixando de ser considerada unicamente objeto de proteção. Esse texto 
normativo, porém, não era munido de coercibilidade, ficando a sua efetivação a cargo 
dos ordenamentos jurídicos internos dos Estados-nacionais. Somente em 1989, 
mediante a Convenção sobre os Direitos da Criança, a Declaração dos Direitos da 
Criança passou a ganhar efetivamente caráter coercitivo. 
Ainda neste contexto de evolução da criação de sistemas protetivos, verifica-se a 
existência de dois sistemas de proteção dos Direitos Humanos da Criança e do 
Adolescente: os sistemas homogêneo e heterogêneo. O primeiro disponibiliza sistemas 
de proteção indistintamente à universalidade de pessoas, enquanto que o segundo 
disponibiliza sistemas de proteção a um grupo distinto em face de diversas 
circunstâncias em que eles possam se encontrar, por exemplo, crianças, mulheres, 
idosos, deficientes. (Cf. ROSSATO et al., 2011, p. 55). 
Quanto ao sistema heterogêneo, no que diz respeito às crianças, existem vários 
documentos internacionais de âmbito global, dentre eles as “regras mínimas das 
Nações Unidas para a administração da justiça da infância e da juventude, regras de 
Beijing ou regras de Pequim”, além da “Convenção do Direito das Crianças”. 
(ROSSATO et al., 2011, p. 62-63). 
As Regras de Beijing ou Pequim são instruções proferidas pelo 7º Congresso das 
Nações Unidas, ocorrido em Milão, no ano de 1985, para a administração da Justiça da 
Infância e da Juventude, com orientações acerca da prevenção de delitos e o 
tratamento dos autores. Voltado unicamente para situações de julgamento de crianças 
e adolescentes infratores, as Regras de Beijing ou Pequim estabelecem garantias como 
“julgamento justo, imparcial e conduzido em um Juízo especializado”. (Cf. ROSSATO et 
al., 2011, p. 62). Trata-se de um Tratado Internacional de Proteção aos Direitos 
Humanos com o maior número de ratificações. A Convenção contém diversas normas 
com o objetivo precípuo de desenvolvimento integral da criança. O bem-estar do 
menor deve ser colocado em primeiro lugar por autoridades legislativas ou 
administrativas, tendo em vista a sua falta de maturidade, necessitando, assim, de 
proteção e cuidados especiais. (Ibid., p. 63). 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 48 
 
 
A definição acima deixa ressalvada a legislação aplicada em cada Estado-nação, ou 
seja, as normas internacionais estabelecem um norte, mas cada país terá sua própria 
lei quanto à maioridade penal e quanto ao sistema processual. Verifica-se, assim, que 
o surgimento do sistema protetivo infanto-juvenil era básico, universal e homogêneo. 
Com o passar do tempo, esse sistema se transformou, provocando o nascimento do 
sistema heterogêneo que legisla assuntos específicos, sobre determinados grupos. 
Como exemplo, temos a administração da Justiça da Infância e Juventude. Essas 
normas internacionais objetivam a colaboração dos Estados para que utilizem essas 
regras como uma espécie de bússola na formulação das legislações internas, visando 
ao bem-estar do menor. Porém elas não influem diretamente na autodeterminação de 
cada país, ou seja, cada Estado tem suas normas e sistemas processuais próprios de 
acordo com seus costumes, crenças, política, economia e direito. A maioridade penal, 
portanto, é variável, determinada conforme a política criminal adotada internamente 
em cada país. 
O Brasil é signatário da Convenção dosDireitos da Criança, mas, assim como os 
demais países signatários, possui seu próprio ordenamento, passando por evoluções 
históricas no tocante à maioridade penal. Faz-se, assim, imprescindível entender o 
desenvolvimento do instituto da inimputabilidade e consequentemente da Justiça 
infanto-juvenil brasileira. 
Contexto histórico da inimputabilidade no Brasil 
 
O antigo Código Criminal do Império não permitia o julgamento de menores de 
quatorze anos. Essa norma, porém, não se aplicava aos filhos de escravos. A mudança 
no ordenamento jurídico ocorreu apenas em 1852, com a criação do artigo 10, aviso 
nº 190. 
O fundamento teórico utilizado para a inimputabilidade, nesta época, era o 
discernimento entre o bem e o mal pela inteligência. A capacidade civil, entretanto, era 
diferente da capacidade penal, pois se acreditava que “mais cedo se tem a consciência 
de um delito do que de seus interesses”. (BEMFICA, 2001, p. 160). 
O artigo 27 do Código Penal de 1890 estabelecia que infratores menores de nove anos 
ou maiores de nove anos e menores de quatorze anos praticavam infrações sem 
discernimento ou juízo, ou seja, não entendiam as consequências de seus atos. O 
parágrafo 1º do artigo 27 foi revogado pela Lei nº 4.242, de 5 de janeiro de 1921, 
determinando que infratores menores de quatorze anos não fossem submetidos 
nenhum tipo de processo criminal. (Ibid., p. 160). 
 
O Decreto nº 6.026, de 1943, fez considerações relevantes acerca do menor de 
quatorze anos, maior de quatorze anos e menor de dezoito anos, estabelecendo 
algumas providências, como destaca Bemfica (Cf. Ibid., p. 161), no que diz respeito à 
troca da palavra crime pela palavra infração. Segundo ele, o menor de quatorze anos, 
por sua vez, ficaria sujeito a medidas de proteção e assistência, enquanto que o maior 
de quatorze anos e menor de dezoito anos, se perigoso, deveria ser enviado a um 
estabelecimento adequado ou em casos especiais, estabelecimentos destinados a 
adultos até cessar a periculosidade. Se não oferecesse risco, poderia ser colocado sob 
a guarda do pai, ou responsável, ou internado em estabelecimento de reeducação 
profissional. 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 49 
 
 
O artigo 27 da nova parte geral do Código Penal estabelecia que o menor se submetia 
às normas do Direito Penal. O entendimento, naquele momento, era o de que as leis 
não possuem caráter punitivo, mas meramente corretivo: não havia penas, mas sim 
medidas protetivas. A Lei 6.697, de 10 de outubro de 1979, revogou as demais leis e 
decretos até então vigentes, sendo que o Código de Menores conteria todas as normas 
de proteção, vigilância e assistência, pautando-se em aspectos sociais, econômicos e 
políticos a favor do bem-estar do menor. Desta forma, foram dados os primeiros 
passos para que a atual Constituição determinasse a idade mínima de dezoito anos, 
sujeitando-se às normas da legislação especial, qual seja, o atual Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA). 
 
No início do século XX no Brasil, não existiam políticas sociais bem definidas. A tutela 
de pessoas desfavorecidas economicamente era realizada pela Igreja Católica e outras 
instituições, como a Santa Casa de Misericórdia. Havia, na Santa Casa, um programa 
intitulado A roda, muito utilizado na Europa, que tinha como intuito, recolher órfãos e 
donativos. Em 1854, o ensino se tornou obrigatório, mas não englobava os escravos, 
portadores de moléstias graves e os não vacinados. A regulamentação do trabalho 
para menores ocorreu apenas em 1891, pelo Decreto nº 1.313, fixando a idade mínima 
de 12 anos. Em 1917, surgiram lutas sociais exercidas pelo proletariado. Uma das 
reivindicações era a que houvesse a proibição de trabalho para menores de 14 anos e 
para menores de 18 anos no período noturno. Em 1942, foi instituído um órgão 
semelhante a uma prisão para menores que se chamava Serviço de Assistência ao 
Menor (SAM). Seu objetivo era punitivo e correcional, sendo que o atendimento para o 
menor infrator era reformatórios e casas de correção, enquanto que os menores 
carentes e abandonados eram destinados a patronatos agrícolas de aprendizagem de 
ofícios urbanos. Em 1950, o primeiro escritório da UNICEF foi instalado no Brasil, na 
capital da Paraíba, João Pessoa. A intenção era a proteção à saúde das crianças, 
gestantes que viviam no nordeste. 
 
No período do Regime Militar foi criada a FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar 
do Menor, Lei 4.513 de 1 de dezembro de 1964), que tinha como objetivo dar 
assistência as crianças, atuando de forma a internar tanto os menores infratores, 
quanto os menores carentes ou abandonados. O Código de Menores, sancionado em 
1979, visava à proteção das crianças com a infância em perigo, ou seja, que se 
encontravam em situação irregular, destinando-as à proteção do Poder Judiciário. 
 
Em 1988, com a abertura democrática, houve avanços importantes com movimento 
sociais em prol da infância. Havia, por um lado, a corrente menorista, que defendia 
uma manutenção no Código de Menores, de 1979, e, de outro, a corrente estatutista, 
que defendia mudanças no Código, pregando por novos e amplos direitos e inserção 
da causa na Política Nacional. 
 
Percebe-se, então, que a história da inimputabilidade no Brasil e a do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, de alguma forma, caminham juntas. 
 
Institutos penais da (in) imputabilidade e maioridade penal 
 
A discussão da menoridade penal envolve institutos penais que auxiliam na aplicação e 
interpretação das normas e colocam em voga a presunção de incapacidade de 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 50 
 
compreensão do ato ilícito praticado pelo menor de idade. Mesmo que se levante a 
questão do acesso à informação, cada vez mais precoce ao jovem, o ordenamento 
jurídico vigente e seus institutos partem do pressuposto da imaturidade e da formação 
incompleta da personalidade do indivíduo. Luiz Régis Prado (2008, p. 376) define 
imputabilidade como “a plena capacidade (estado ou condição) de culpabilidade, 
entendida como capacidade de entender e de querer, e, por conseguinte, de 
responsabilidade criminal (o imputável responde pelos seus atos)”. 
Essa capacidade detém dois aspectos: o volitivo, que é atuação embasada na própria 
compreensão, e o cognoscitivo, que é a capacidade de entender a ilicitude do ato 
cometido. Os penalistas Zaffaroni & Pierangeli (2009, p. 538) nos ensinam que “a 
imputabilidade é a capacidade psíquica de ser sujeito de reprovação, composta da 
capacidade de compreender a antijuricidade da conduta e de adequá-la de acordo com 
esta compreensão”. 
 
A imputabilidade está, como se pode observar, ligada à consciência, à capacidade e ao 
entendimento do agente de querer e praticar o ato proibido pela lei. Por sua vez, a 
imputabilidade pode, em algumas hipóteses, ser excluída, podendo ser chamada de 
excludentes de imputabilidade, ou inimputabilidade. Luiz Régis Prado (2008, p. 376) 
nos ensina que em sede doutrinária há três métodos: 
 
a) Sistema biológico: “que leva em consideração o estado anormal do 
agente”; 
b) Sistema psicológico: “tem em conta apenas as condições psicológicas do 
agente à época do fato”; 
c) Sistema biopsicológico: “atende tanto as bases biológicas que produzem 
a inimputabilidade como as suas consequências na vida psicológica ou 
anímica do agente”. 
 
Autores como Rogério Greco e Fernando Galvão abordam respectivamente, em seus 
textos, o critério biológico como fator determinante para a responsabilidade criminal: 
 
A inimputabilidade por imaturidade natural ocorre em virtude de uma 
presunção legal, em que, por questões de política criminal, entendeu o 
legislador brasileiro que os menores de 18 anos não gozam de plena 
capacidade de entendimento que lhes permitaimputar a prática de um fato 
típico e ilícito. Adotou-se, portanto, o critério puramente biológico 
(ROGÉRIO GRECO, 2012 p. 388). 
 
A legislação nacional admite hipótese em que a inimputabilidade seja 
presumida de modo absoluto, bem como que sua identificação ocorra pela 
utilização de critério exclusivamente objetivo ou biológico. (GALVÃO, 2011, 
p. 462). 
 
O teórico Júlio Fabrini Mirabete, por sua vez, entende que a culpabilidade se deve a 
fatores de “capacidade psíquica”: 
 
Há imputabilidade quando o sujeito é capaz de compreender a ilicitude de 
sua conduta e de agir de acordo com esse entendimento. Só é reprovável a 
conduta se o sujeito tem certo grau de capacidade psíquica que lhe permita 
compreender a antijuricidade do fato e também a de adequar essa conduta 
a sua consciência. Quem não tem essa capacidade de entendimento e de 
determinação é inimputável, eliminando-se a culpabilidade. (MIRABETE, 
2004, p. 210). 
 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 51 
 
De forma geral, pode-se afirmar que a inimputabilidade é, então, a ausência de 
capacidade que o indivíduo possui de entender a gravidade e as consequências 
advindas da conduta antijurídica. Dentro das causas de imputabilidade, existe a 
excludente da maioridade penal, consistindo no fato de que menores de dezoito anos 
são absolutamente inimputáveis. 
 
Menores de dezoito anos – consagra-se aqui o princípio da inimputabilidade 
absoluta por presunção (art. 27, CP), com fulcro no critério biológico da 
idade do agente, e que a partir da Carta de 1988, tem assento 
constitucional (art. 228, CF). (RÉGIS PRADO, 2008, p. 377). 
 
Para a responsabilidade criminal do agente, deve-se levar em consideração, portanto, 
a presunção de que a personalidade do menor se encontra em fase de formação, 
colocando-o no rol de inimputabilidade. A imputabilidade se aplica a pessoas com 
personalidades desenvolvidas, que sabem o caráter ilícito de seus atos praticados, 
assim como as consequências advindas de seus crimes. Nesse sentido, Fernando 
Galvão observa que, 
 
caso o agente não tenha completado dezoito anos de idade, mesmo sendo 
plenamente capaz de entender a ilicitude de seu ato e de determinar -se 
conforme esse entendimento, não é possível a reprovação. A 
inimputabilidade por menoridade resulta de opção político-criminal que 
estabelece a presunção absoluta de incapacidade psíquica e impede a 
aplicação de pena. (GALVÃO, 2011, p. 463). 
 
A presunção de incapacidade absoluta que a Constituição da República de 1988 
determina, com o estabelecimento da idade mínima de dezoito anos para 
responsabilização penal, vem gerando diversas discussões e polêmicas. Atualmente, 
devido o aumento de infrações leves e graves cometidos por menores de idade, há o 
clamor da sociedade pela redução da maioridade penal. Dentre os argumentos usados 
por quem é a favor da redução, é que o menor possui pleno entendimento da prática 
ilícita cometida, e, portanto, se beneficia do sistema de justiça infanto-juvenil 
brasileiro, que objetiva a ressocialização, e não punição, entendido pela maioria como 
branda demais. 
 
O primeiro caso foi de um jovem de 19 anos morto com um tiro na cabeça 
durante um assalto em frente ao prédio onde morava em São Paulo, no mês 
de abril. O ladrão era um adolescente de 17 anos. O menor se entregou a 
polícia um dia depois, quando completou 18 anos. O fato de ter 17 anos 
quando cometeu o crime o impediu de ser julgado pela justiça comum. O 
outro caso ocorreu poucos dias depois em São Bernardo do Campo, em São 
Paulo, quando uma dentista teve seu consultório invadido por três homens 
que roubaram e a queimaram. Foram presos um rapaz de 24 anos, um de 
21 e um menor de 17 anos. A responsabilidade por atear fogo na dentista 
foi atribuída ao menor, que pela idade teria a pena amenizada, mesmo se 
tratando de um crime grave. (CAROLINA CUNHA, 2013). 
 
Os meios de comunicação inflamam a opinião dos cidadãos por meio de reportagens e 
críticas ao sistema penal, ao ECA e ao judiciário. Porém a discussão é mais complexa 
do que se aparenta e carece de minuciosa análise, como observa Bruno Milanez e 
Felipe Foltran Campanholi (2013): 
 
questão que sazonalmente aparece nos meios de comunicação, e é matéria 
de discussão acalorada na sociedade civil, diz respeito à redução da idade 
de imputabilidade penal (maioridade penal). A discussão, pela sua 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 52 
 
importância, deve ser tratada com o devido grau de cientificidade que a 
sociedade merece, evitando-se a disseminação de argumentos de senso 
comum, que não raro conduzem à incompreensões e em nada colaboram 
para um amadurecimento democrático sobre o assunto. (MILANEZ; 
CAMPANHOLI, 2013). 
 
As pressões exercidas pela sociedade e pelos veículos de comunicação forçam os 
políticos a tomarem medidas para modificar a legislação vigente, no sentido de garantir 
punição severa ao menor infrator. A urgência em atender o clamor da população faz 
com que aspectos sociais, econômicos, psicológicos e educacionais sejam colocados 
em segundo plano. Criou-se a falsa sensação de que a legislação voltada para os atos 
infracionais cometidos por crianças e adolescentes, no Brasil, ficou ultrapassada, sem 
eficácia. Sobre o assunto, Miguel Reale Júnior diz que 
 
os adolescentes são muito mais vítimas de crimes que autores , contribuindo 
este fato para a queda de expectativa de vida no Brasil, pois se existe um 
“risco Brasil” este reside na violência da periferia das grandes cidades. 
Dados impressionantes é o de que 65% dos infratores menores vivem em 
família desorganizada, junto com a mãe abandonada pelo marido que, por 
vezes, tem filhos de outras uniões também desfeitas e lutam para dar 
sobrevivência a sua prole [...]. 
Alardeia-se pela mídia, sem dados, a criminalidade do menor de dezoito 
anos, dentro de uma visão tacanha da “lei e da ordem” que de má ou boa-
fé crê resolver a questão da criminalidade com repressão penal, como se 
por um passe de mágica a imputabilidade aos dezesseis anos viesse a 
reduzir comodamente sem políticas sociais, a criminalidade. (REALE 
JUNIOR, 2009, p. 211). 
 
Percebe-se que, apesar de grande parte da população desejar que ocorra a redução da 
menoridade penal, o assunto vai além das esferas legislativa e judiciária, estendendo-
se à política criminal e governamental, à distribuição de renda, a problemas sociais 
como a corrupção, dentre outros aspectos que contribuem com o aumento de 
ocorrências de infrações penais. 
 
Além da questão da inconsciência da ilicitude que o Código Penal adota, e que é alvo 
de discussões de correntes favoráveis e contrárias a redução da menoridade, outro 
aspecto muito importante que contribui para o debate jurídico diz respeito à 
possibilidade de altreação do art. 288 da Constituição Federal, definida por alguns 
teróricos como cláusula pétrea. 
O limite constitucional para a inimputabilidade está instituído no art. 288 da CR/88, 
consideram penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas 
da legislação especial. Teóricos contrários à redução da idade penal entendem que o 
referido dispositivo está relacionado ao rol dos Direitos e Garantias Fundamentais, 
positivados no art. 5º da Constituição da República. Segundo eles, a responsabilidade 
penal seria um direito individual e, portanto, blindado como cláusula pétrea, não sendo 
objeto de emenda por estar amparado no art. 60, § 4º, IV da CR/88. Rossato et al. 
(2011, p. 308) comentam que órgãos que defendem os interesses das crianças e 
adolescentes se mostram contrários a maioridade penal calcados por este motivo: 
De fato, entende-se serem inconstitucionais eventuais propostas de emenda 
constitucional que tenham por intuito reduzira maioridade penal, pois 
atingem direitos fundamentais de adolescente que, segundo a tese dos 
direitos análogos, apesarem de não constituírem direito individual formal 
(por não constarem expressamente no rol do art. 5º da CF), goza de 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 53 
 
proteção de cláusula pétrea conforme disposição no art. 60 §4º, IV da 
Constituição Federal. Nesse sentido o atingimento da imputabilidade pena l 
somente aos 18 anos de idade é garantia individual material, pois 
representa uma liberdade negativa em face do Estado. 
 
Dessa forma, nem por vontade popular, seja em sua maioria majoritária ou mesmo 
absoluta, poderia se falar em insurgências de leis infraconstitucionais. 
 
Há, no entanto, autores contrários à redução da menoridade, mas que não coadunam 
com a tese da cláusula pétrea, pois, segundo eles, há a possibilidade de mudança da 
legislação por via da Emenda Constitucional, afastando o caminho da Lei ordinária e 
consequentemente afirmando que o art. 288 da CR/88, não está relacionado ao rol dos 
Direitos Fundamentais descritos no art. 5º da CR/88, muito menos ao art. 60, § 4º, IV 
da CR/88, dentre eles o eminente jurista Miguel Reale Júnior (2009, p. 210): 
 
entendo absolutamente inconveniente a alteração, por razões de política 
criminal, mas não considero as propostas inconstitucionais por ferir regra 
pétrea da Constituição, consoante o art. 60, IV, da Constituição Federal e 
por conseguinte insuscetível de ser abolida. Entendo que não constitui 
regra pétrea não por não estar o dispositivo incluído no art. 5º da 
Constituição Federal, referentes aos direitos e garantias individuais 
mencionadas no art. 60, IV da Constituição. Não é a regra do art. 228 da 
Constituição Federal regra pétrea, pois não se trata de um direito 
fundamental ser reputado penalmente inimputável até completar dezoito 
anos. A medida foi adotada pelo Código Penal e depois pela Constituição 
Federal em face do que se avaliou como o necessár io e o conveniente, 
tendo em vista atender aos interesses do adolescente e da sociedade. 
 
A grande maioria dos doutrinadores, entretante, é contrária a redução da idade penal, 
seja por razões de entendimento social ou político penal. A corrente contrária firma seu 
posicionamento principalmente no aspecto social que é deficiente, não compactuando 
com a ideia de que a redução do limite de idade para responsabilidade penal seja a 
solução para o problema enfrentado pelo país. Os autores que são favoráveis à 
redução da maioridade penal embasam sua posição na insegurança vivida pela 
população, da pena branda aplicada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em 
face de infrações graves. A falta de temor pelos jovens que desdenham da Justiça se 
intitulando culpados por crimes cometidos por maiores de dezoito anos, firmando sua 
opinião no sentimento de impunidade que atinge a todos os cidadãos. 
Análise do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
O Estatuto da Criança e do adolescente é fruto de manifestações sociais em prol dos 
direitos infanto-juvenis e possui dentre suas características a proteção integral ao 
jovem, garantias essenciais para o desenvolvimento até a fase adulta, indistinção de 
raça, cor, etnia ou classe social. 
Tem-se que o artigo 2° do ECA, estabelece que criança é a pessoa até doze anos 
incompletos e adolescente o indivíduo entre doze e dezoito anos. Estes são sujeitos de 
direito, insuscetíveis a violência, maus tratos e opressão. 
A absoluta prioridade que trata a Lei compreende a primazia de receber 
proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, a precedência de 
atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública, a preferência 
na formulação e na execução das políticas sociais públicas e a destinação 
 
 
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privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à 
infância e à juventude. (SILVA, 2014). 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente possui em seu corpo normativo Direitos 
Fundamentais, como saúde, liberdade, dignidade e respeito. Adentra no âmbito 
familiar, tanto natural quanto adotiva ou substituta, guarda e tutela. Assegura direitos 
fundamentais, como a educação, lazer, esporte e acesso à cultura. Também abarca o 
direito a profissionalização e a proteção no trabalho. 
 
Em razão da extrema dificuldade do brasileiro médio em continuar a 
estudar, pela freqüente demanda da família na sua contribuição com 
ganhos salariais para ajuda no sustento, é importante destacar que é 
proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na 
condição de aprendiz. Considerando a aprendizagem a formação técnico-
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de 
educação em vigor (sic.). Hoje existe um mecanismo estatal denominado 
bolsa-escola que tem como objetivo manter a criança na escola, com 
pequena colaboração do Estado. (SILVA, 2014). 
 
Assim como o Estatuto regula direitos e garantias, também institui regras acerca de 
atos infracionais que podem ser praticados por crianças e adolescentes, além de 
observar as entidades responsáveis pelo acolhimento e medidas cabíveis. Atualmente 
seu escopo de proteção integral vem sido duramente criticado pela não eficiência na 
reabilitação do infrator, bem como nas penas, consideradas por muitos autores como 
brandas, que não causam temor nas crianças e nos adolescentes. Exemplo disso são 
as situações em que um menor pratica um crime um dia antes de completar dezoito 
anos, sendo impedido de ser julgado pela justiça comum criminal, pois o período de 
internação não deve passar de três anos. 
 
Ao lado de diversos projetos de Emenda Constitucional que visam a reduzir a idade 
penal, há projetos que aumentam a pena do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Surge assim, uma nova opção de mudança na legislação que substitui a discussão 
acerca da redução da idade penal. Percebe-se, porém, que só o aumento de pena não 
será eficiente se as instituições de cumprimento não funcionam efetivamente, bem 
como as políticas sociais contra a pobreza e violência. 
 
O perfil da maioridade penal no mundo 
 
O perfil da idade penal pelo mundo possui variações significativas, embasadas na 
economia, nos costumes, na legislação, na política e na sociedade. Há também 
diferenças no cumprimento das penas, sistema processual e julgamento, bem como no 
objetivo, podendo ser de ressocializador ou punitivo. Vejamos somente alguns países 
na tabela 1: 
PAÍS IRPJ IRPA DETERMINAÇÕES 
Brasil 12 18 O Art. 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente 
determina que são penalmente inimputáveis os menores de 
18 anos, sujeitos às medidas socioeducativas previstas na 
Lei. 
 
 
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Estados 
Unidos 
10 12/16 Na maioria dos Estados do país, adolescentes com mais de 
12 anos podem ser submetidos aos mesmos procedimentos 
dos adultos, inclusive com a imposição de pena de morte 
ou prisão perpétua. O país não ratificou a Convenção 
Internacional sobre os Direitos da Criança. 
China 14/16 18 A Lei chinesa admite a responsabilidade de adolescentes de 
14 anos nos casos de crimes violentos como homicídios, 
lesões graves intencionais, estupro, roubo, tráfico de 
drogas, incêndio, explosão, envenenamento, etc. Nos 
crimes cometidos sem violências, a responsabilidade 
somente se dará aos 16 anos. 
Argentina 16 18 O Sistema Argentino é Tutelar. 
A Lei N° 23.849 e o Art. 75 da Constitución de la Nación 
Argentina determinam que, a partir dos 16 anos, 
adolescentes podem ser privados de sua liberdade se 
cometem delitos e podem ser internados em alcaidías ou 
penitenciárias. 
França 13 18 Os adolescentes entre 13 e 18 anos gozam de umapresunção relativa de irresponsabilidade penal. Quando 
demonstrado o discernimento e fixada a pena, nesta faixa 
de idade (Jeune) haverá uma diminuição obrigatória. Na 
faixa de idade seguinte (16 a 18) a diminuição fica a 
critério do juiz. 
Irlanda 12 18 A idade de inicio da responsabilidade está fixada aos 12 
anos porém a privação de liberdade somente é aplicada a 
partir dos 15 anos. 
Japão 14 21 A Lei Juvenil Japonesa embora possua uma definição 
delinqüência juvenil mais ampla que a maioria dos países, 
fixa a maioridade penal aos 21 anos. 
Inglaterra e 
Países de 
Gales 
10/15 18/21 Embora a idade de início da responsabilidade penal na 
Inglaterra esteja fixada aos 10 anos, a privação de 
liberdade somente é admitida após os 15 anos de idade. 
Isto porque entre 10 e 14 anos existe a categoria Child, e 
de 14 a 18 Young Person, para a qual há a presunção de 
plena capacidade e a imposição de penas em quantidade 
diferenciada das penas aplicadas aos adultos. De 18 a 21 
anos, há também atenuação das penas aplicadas. 
México 11 18 A idade de inicio da responsabilidade juvenil mexicana é 
em sua maioria aos 11 anos, porém os estados do país 
 
 
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possuem legislações próprias, e o sistema ainda é tutelar. 
Turquia 11 15 Sistema de Jovens Adultos até os 20 anos de idade. 
Fonte: Ministério Público do Paraná – CAOPCAE. 
O sistema norte-americano se apresenta uma das menores faixas etárias de idade para 
responsabilidade penal no mundo. O objetivo do sistema infanto-juvenil dos Estados 
Unidos é basicamente destinado à punição, conforme já foi dito anteriormente. Mesmo 
com um regime tão severo, os índices de crimes cometidos por menores de idades são 
significativos e se estendem na fase adulta. 
 
Nas sociedades em que este critério objetivo não é adotado, várias são as 
críticas formuladas. Exemplo disso são os EUA, que admitem a aplicação de 
sanção penal a menores de 18 anos e que “[...] cometeram um erro de 
cálculo desastroso quando submeteram adolescentes infratores à Justiça de 
Adultos, em lugar de aplicar-lhes as regras e procedimentos das Cortes 
Juvenis. Os promotores argumentavam que tal política retiraria das ruas os 
infratores adolescentes violentos e inibiria futuros crimes. Entretanto, um 
recente estudo nacional endossado pelo governo federal demonstrou que os 
jovens submetidos às penas de adultos cometeram, posteriormente, crimes 
mais violentos, se comparados àqueles que foram julgados e 
responsabilizados pela Justiça Juvenil Especializada.” (Jornal New York 
Times, 11 de maio 2007). (MILANEZ; CAMPANHOLI, 2013). 
 
Já no Brasil, o ECA possui, como missão, proteger os interesses da criança e do 
adolescente, determinando penalidades que objetivam a ressocialização e reabilitação 
do menor. Quando se compara à situação da justiça da criança e do adolescente nos 
dois países (Brasil e EUA), apesar das diferenças culturais, econômicas e legislativas, 
dentre outros, percebe-se que ambos compadecem da falta de políticas sociais: 
 
O estudo The Lives Of Juvenille Lifers (“As vidas dos jovens que cumprem 
prisão perpétua”), feita pelo The Sentencing Project e publicada pela 
revista In These Times, é a primeira pesquisa nacional sobre o tema. 
Após ouvir cerca de 1,6 mil condenados por crimes cometidos antes dos 18 
anos, a pesquisa chegou a algumas conclusões: 
* 79% afirmou já ter presenciado violência doméstica; 
* metade deles sofreu agressão física antes de cometer o crime (cerca de 
80%, entre as garotas); 
* um em cada cinco foi vítima de violência sexual (77% das meninas foram 
estupradas). 
Sobre o perfil dos sentenciados, a realidade prisional juvenil segue à risca 
as estatísticas do sistema carcerário como um todo: 60% dos entrevistados 
são negros e apenas 25% são brancos. E pior, os números indicam que 
quanto mais escura é a pele do réu, mais dura é a sentença. Se o acusado 
é negro, é mais alta a probabilidade de ser condenado à morte pelo júri — 
se a vítima for branca, então, a chance aumenta mais quatro vezes. 
Por passar tantos anos na prisão sem qualquer perspectiva de um dia sair 
de lá — a média entre os ouvidos pela pesquisa é de 16 anos gastos atrás 
das grades —, os jovens passam a reagir de maneira mais positiva com o 
ambiente que os cerca. Depois de uma década na prisão, cerca de 35% 
conseguiu ficar três anos sem ser submetido a qualquer medida disciplinar. 
Depois de 21 anos, 60% não protagonizou incidentes. (AMORIM, 2013). 
 
 
 
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As políticas sociais brasileiras também são alvo de críticas, quando o assunto é 
criminalidade cometida por menores, como se observa em um trecho de um texto 
elaborado pelo Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, José Heitor dos Santos: 
Vejam quantas crianças sem escola (quase três milhões) e sem saúde 
(milhões) por omissão do Estado; quantas outras abandonadas nas ruas ou 
em instituições, por omissão dos pais e da família; quantas sofrendo abusos 
sexuais e violências domésticas por parte dos pais e da família; quantas 
exploradas no trabalho, no campo e na cidade (cerca de 7,5 milhões), 
sendo obrigadas a trabalhar em minas, galerias de esgotos, matadouros, 
curtumes, carvoarias, pedreiras, lavouras, batedeiras de sisal, no corte da 
cana-de-açúcar, em depósitos de lixo etc, por ação dos pais e omissão do 
Estado. 
 
A sociedade, por seu lado, que não desconhece todos estes problemas, que 
prejudicam sensivelmente os menores, não exige mudanças, tolera, aceita, 
cala-se, mas ao vê-los envolvidos em crimes, muito provavelmente por 
conta destas situações, grita, esperneia, sugere, cobra, coloca-os em 
situação irregular e exige, para eles, punição, castigo, internação, abrigo 
em instituições. (SANTOS, 2014). 
 
A constatação de que as políticas sociais ineficazes colaboram com o índice de crimes 
praticados por crianças e jovens, coloca em xeque a eficácia do sistema processual e 
prisional nos Estados Unidos, que utilizam o sistema punitivo, e no Brasil, que utiliza do 
sistema ressocializador. Em meio às discussões sobre a redução de idade penal no 
Brasil, que envolve tanto questões normativas quanto biológicas, nota-se que o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como alguns membros da sociedade 
insistem em negar, é composta de medidas protetivas. 
 
Nos Estado Unidos não é diferente: em que pese as legislações estaduais serem 
distintas e o país não ter aderido à Convenção dos Direitos da Criança, há uma 
legislação informativa e interpretativa que auxilia os Estados na elaboração de normas 
a respeito da justiça da criança e do adolescente. Muitas se parecem com ECA 
brasileiro no que se refere à ampla defesa, ao bem-estar do menor e ao direito a ter 
um julgamento justo. No entanto, o propósito básico é o de punir. 
Ao direcionar a atenção para a realidade, a prática se destoa da teoria. Em tese, o 
Estatuto da Criança e do adolescente deveria ter maior efetividade prática, mas 
infelizmente não é o que ocorre. O objetivo primordial é o da recuperação do menor 
infrator, mas, se pensarmos bem, não há lógica em aplicar medidas “ressocializadoras” 
em indivíduos que nunca foram devidamente “socializados”. 
Todas as etapas de garantias processuais, legislativas, institucionais, familiares, 
correcionais e constitucionais são queimadas pela falta de perspectivas de mudança 
para um futuro melhor, de uma reviravolta no sistema existente, de uma renovação 
institucional quanto aos meios empregados. Na busca por materiais que 
demonstrassem as constatações acima observadas, Maria Augusta Ramos dirigiu um 
documentário produzido que aborda o dia-dia das instituições de acolhimento para 
menores infratores, demonstrando que a realidade desentoacompletamente do 
propósito do Estatuto da Criança e do Adolescente, agravada pelas condições precárias 
dos estabelecimentos, histórico familiar devastado e pobreza extrema. 
 
 
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Juízo é um documentário de 2007, produzido por Maria Augusta Ramos, que tem a 
seguinte sinopse: 
 
Juízo acompanha a trajetória de jovens com menos de 18 anos de idade 
diante da lei. Meninas e meninos pobres entre o instante da prisão e o do 
julgamento por roubo, tráfico, homicídio. Como a identificação de jovens 
infratores é vedada por lei, no filme eles são representados por jovens não 
infratores que vivem em condições sociais similares. Todos os demais 
personagens de Juízo- juízes, promotores, defensores, agentes do DEGASE, 
familiares- são pessoas reais filmadas durante as audiências na II Vara da 
Justiça do Rio de Janeiro e durante visitas ao Instituto Padre Severino, 
local de reclusão dos menores infratores. Juízo atravessa os mesmos 
corredores sem saída e as mesmas pilhas de processos vistas no filme 
anterior de Maria Augusta Ramos, o premiado Justiça. Conduz o expectador 
ao instante do julgamento para desmontar os juízos fáceis sobre a questão 
dos menores infratores. Quem sabe o que fazer? As cenas finais de Juízo 
revelam as consequências de uma sociedade que recomenda “juízo” as seus 
filhos, mas não o pratica. (RAMOS, 2007). 
 
O documentário é muito esclarecedor no sentido do por que a ressocialização do 
menor infrator no Brasil é deficiente. A raiz do problema está na extrema pobreza, na 
falta de perspectivas de mudança da miserabilidade vivida, famílias desestruturadas e 
com muitos membros, violência, falta de escolaridade dos pais e dos menores, falta de 
emprego com salário digno para aquisição de bens desejados. A base do problema é, 
portanto, a falta de política social, que atravessa gerações. Em tese, caberia então ao 
Estado o papel de reparador desse problema social, aplicando os remédios de conduta, 
ou seja, medidas sócio-educativas, liberdade assistida, regime de semi liberdade e 
internação. Entretanto, esses “medicamentos de conduta” não surtem o efeito 
desejado, pois a dose está desajustada. O documentário Juízo mostra que os 
adolescentes, na maior parte do tempo, ficam em celas precárias, ociosos, com 
disciplina de penitenciárias, ou seja, ordem apenas para comer, se apresentarem no 
pátio ou nas idas e vindas da Vara da Infância e Juventude. Não há estímulo e nem 
perspectivas de melhora. Cada jovem internado, de alguma forma, tem a consciência 
do ato infracional praticado, motivo que o levou até aquela circunstância, e o que lhe 
aguarda ao ganhar a liberdade. 
 
Num Estado Democrático de Direito, o objetivo não deveria ser a concentração de 
esforços na produção de remédios contra a violência, mas sim na prevenção das 
infrações. Constata-se que não há elementos efetivos de ressocialização, assim sendo, 
o sistema brasileiro na prática, não possui essa característica. Não se vislumbra 
mudança de comportamento do menor infrator, se este vive na miséria, é atraído para 
o crime, internado em instituições precárias, com um mínimo de disciplina e motivação, 
e retornam para as ruas para viver a mesma realidade de antes, de violência e 
pobreza. Assim, reduzir a menoridade penal sem mudar o sistema institucional seria o 
mesmo que andar em círculos: os menores de dezesseis anos que praticaram ato 
infracional vão continuar nas mesmas condições atuais, sem serem realmente 
ressocializados, e os maiores de dezesseis anos além de também não serem 
recuperados, entrarão em contato com criminosos de todas as espécies em um sistema 
penal por muitos considerado falido. 
Assim como o documentário Juízo retrata a realidade dos menores infratores 
brasileiros, a TV Record mostrou uma reportagem que retrata um programa americano 
para menores infratores, “programa de impacto americano”. O vídeo está disponível no 
 
 
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site Youtube e revela como o Estado do Colorado lida com adolescentes que 
praticaram crimes como tráfico, assalto, tentativa de homicídio, sequestro, estupro, 
porte ilegal de armas. Usando as palavras do narrador, é a última tentativa de 
reabilitá-los e, se estes menores fracassarem, serão enviados para a prisão de adultos, 
onde estão os piores condenados do país. Ainda como explica o narrador, nos presídios 
de adultos o índice de suicídio de menores é trinta e seis vezes maior que na prisão 
especial. 
Para sua reabilitação, os menores devem passar por um tratamento de choque que 
inclui disciplina rígida e treinamento militar com exercício pesados, sem descanso, e o 
caminho para a mudança de comportamento reside na disciplina. Os agentes são 
severos e as jornadas de atividades podem durar até quatorze horas. Os apenados 
aprendem tarefas e como dividir responsabilidades, mas seu engajamento é evidente, 
pois, se aprovados, são transferidos para outra prisão especial em que podem obter a 
liberdade condicional. Os jovens têm medo de ir para a prisão de adultos, pois, 
conforme é demonstrado na reportagem, o número de abusos e estupros é até cinco 
vezes maior que nas prisões juvenis. 
Na segunda etapa do programa de impacto, os menores aprendem uma profissão. No 
final, há formatura com a presença dos pais e quando saem, tem ajuda para arrumar 
emprego e um lugar para morar. Segundo a reportagem, cada interno custa ao Estado 
cerca de cem mil reais por ano. Não são todos que conseguem terminar o programa, 
mas 70% dos jovens saem reabilitados. 
Análise sobre possíveis critérios de exclusão da imputabilidade do menor de 
dezoito anos 
Tem-se que a imputabilidade é a capacidade do indivíduo querer e entender o ato 
ilícito praticado. Por sua vez, a inimputabilidade é a falta desta capacidade de 
discernimento, e, portanto, a menoridade penal reside neste critério. No entanto, a 
idade penal foi estabelecida pela Constituição há vinte e cinco anos e as regras do 
Estatuto da Criança e do Adolescente há vinte e três anos. É notório que as relações 
humanas, políticas, tecnológicas e legislativas, dentre outras, evoluíram rapidamente. 
O acesso às informações tornou-se muito mais fácil com a internet e outros meios de 
comunicação. Porém, por mais que haja o conhecimento mínimo do que é lícito ou 
ilícito, as circunstâncias em que o indivíduo se encontra determinam o motivo do 
cometimento da infração e, consequentemente, a pena a ser aplicada. 
Verifica-se que há um desequilíbrio no que se chama de justiça satisfatória. De um 
lado, a vítima deseja uma resposta rápida do Estado, com punição severa ao seu 
agressor. De outro, o Poder Judiciário tem a missão de ressocializar o infrator, que 
pode ser tanto um indivíduo que cresceu na miséria, quanto outro que nasceu em um 
melhor padrão de vida. Nesse sentido, apesar de ser uma obra antiga, o raciocínio de 
Cesare Beccaria alcança a atualidade: 
A autoridade de interpretar leis penais não pode ser atribuída nem mesmo 
aos juízes criminais, pela simples razão de que eles não são legisladores. 
Os juízes não receberam as leis de nossos antepassados como tradição de 
família, nem como testamento, que só deixasse aos pósteros a missão de 
obedecer, mas receberam-nas da sociedade vivente ou do soberano que a 
 
 
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representa, como legítimo depositário do atual resultado da vontade de 
todos. (BECCARIA, 1999, p. 32). 
 
Para que se possa chegar o mais perto da verdadeira justiça, faz-se necessário a 
análise de conjuntos de fatores que vão além da idade e presunção de incapacidade. 
 
A justiça divina e a justiça natural são, por essência, imutáveis e 
constantes, porque a relação entre dois objetosiguais é sempre a mesma; 
mas a Justiça humana, ou seja, política, não sendo senão a relação en tre a 
ação e o estado variável da sociedade, pode variar à medida que se torne 
necessária ou útil à sociedade tal ação, e só será bem discernida por quem 
analisar as relações complicadas e mutabilíssimas das combinações civis. 
(BECCARIA, 1999, p. 20-21). 
 
Aspectos sociológicos, familiares, educacionais e econômicos devem servir como 
instrumento para melhor direcionamento na forma de cumprimento da pena, até 
mesmo para aqueles que acham que ficarão impunes. 
Ademais, melhor resultado se vislumbra se houver integração entre o Poder Executivo 
e o Poder Judiciário. Renovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
investimentos em políticas sociais, espaços físicos adequados, agentes capacitados e 
projetos de ressocialização que vão além dos muros das instituições. 
Considerações finais 
Verificou-se que o Código Penal Brasileiro confere ao menor de idade o status de 
inimputável, pelo fato de não possuir identidade totalmente formada, 
autodeterminação, ser imaturo e não ter total consciência da gravidade do ilícito 
cometido. Por esse motivo, amparado pelo critério biológico, fixou-se a idade mínima 
de dezoito anos para responsabilização penal, assim como a Constituição da República 
de 1988, em seu art. 288, instituiu o mesmo limite. 
A discussão sobre as propostas de alteração do art. 288 da CR/88 ainda não chegou a 
um consenso doutrinário, mas verificou-se plausível o entendimento de que a norma 
constitucional não constitui cláusula pétrea, pois não está diretamente ligada aos 
direitos fundamentais, sendo apenas escolha do legislador, pautado em critérios 
sociais, cotidianos e biológicos. O ECA, por sua vez, é extremamente cuidadoso e bem 
articulado, com o objetivo precípuo de proteção integral da criança e do adolescente. 
No entanto, a forma em que ela é colocada em prática e os resultados obtidos, não 
correspondem às expectativas. 
A falta de políticas sociais anula qualquer ressocialização que a legislação vigente 
propõe. Não há perspectivas de mudança na infraestrutura da vida do menor infrator, 
que continuará a viver à margem da sociedade, na extrema miséria. O crime se torna, 
portanto, o caminho mais curto para adquirir, em pouco tempo, o que em meses de 
trabalho ele não poderia comprar. Esses bens materiais, na visão dos jovens, se 
traduzem em respeito e dignidade que lhes faltam. 
Outro aspecto que frustra os planos do ECA é a precariedade das instituições de 
internação. Aliadas à deficiência das políticas sociais estão as más condições dos 
centros de internação. Anteriormente, eram vistas com frequência diversas rebeliões 
na extinta FEBEM, que hoje se transformou na Fundação Casa. Por meio do 
documentário Juízo, constatou-se a falta de estrutura da entidade, chamando atenção 
 
 
Direito Izabela Hendrix – Belo Horizonte – vol. 10, nº 10, agosto de 2013 61 
 
também para a disciplina inadequada, bem como para a ociosidade do tempo para os 
internados. 
Os meios de comunicação comungam com a ideia de que a redução da idade penal 
seria a solução da violência cometida pelos jovens. Deste modo, inclinam os 
expectadores, muitas vezes coagidos pelo aumento dos crimes, a pensar da mesma 
forma. Utilizam-se de um discurso retórico evocando, por diversas vezes, como 
exemplo ideal, o limite de idade utilizado pelos Estados Unidos. Porém, percebe-se que 
os americanos passam por problemas bem semelhantes que os do Brasil no que toca 
aos índices de violência e a promoção de pouca política social, com a exceção de 
alguns Estados, que contam com a realização de programas inovadores, que visam à 
reabilitação do jovem por meio da disciplina, profissionalização e ajuda além dos 
presídios de menores. 
O fato dos países diminuírem a idade penal não é garantia de segurança. Pouco 
importa a situação econômica de cada nação, se as engrenagens da lei não 
funcionarem com o respaldo do Poder Executivo. Não se pode ignorar o sofrimento das 
vítimas de crimes cometidos por menores infratores, muito menos a sensação de 
impunidade e o medo que tomam conta da sociedade. Não basta que os políticos 
adentrem com diversos projetos no senado para atender o clamor da população, há de 
se ter uma mudança na postura política no modo de encarar os problemas de nosso 
país, pois a pobreza, a violência, a indignidade, de alguma forma, está diretamente 
interligado à falta de eficiência do sistema de Justiça Infanto-Juvenil. Só existirá 
reabilitação se houver esperança de mudança, perspectivas de dias melhores, 
educação, saúde, trabalho, salário digno, melhor distribuição de renda. A redução da 
maioridade penal, dessa forma, está longe de ser considerada a solução ideal, mas 
apenas uma medida paliativa, que pode causar uma falsa sensação de segurança na 
sociedade. 
The criminal responsibility from the 
perspective of comparative law: 
discussions about the feasibility of 
reducing the age of criminal in Brazil 
 
Abstract 
 
This work is intended to contribute to the social and legal about the possibility of 
reducing the legal age in the Brazilian legal system in light of the criminal policy and 
legislation discussions. For this, an analysis was performed art. CR 288/88, while 
entrenchment clause, beyond the Statute of Children and Adolescents, in order to 
verify the (im) possibilities of normative trasnformações. To enrich the debate, we 
have examined several theoretical contributions on criminal Institutes of guilt of the 
agent, particularly on the unaccountability. If entered, still, in social discussions, which 
are often led by the media. Finally, a comparative study between Brazilian criminal 
policy juvenile, resocializing of character, and the American, focused on punishment, 
verifying positive and negative aspects of the systems was done. 
 
 
 
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Keywords: Criminal responsibility. Statute of Children and Adolescents. 
Unaccountability. Comparative Law. 
 
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