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Eficácia da Norma no Tempo

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Eficácia da Norma Jurídica no Tempo
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Eficácia diz respeito ao vigorar da lei.
Para uma melhor compreensão do tema será necessário observar o significado e etimologia das palavras lei, vigência e eficácia. 
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Glossário
LEI: Filosofia do Direito. 
A palavra lei tem sua etimologia no latim “lege”. Pode-se defini-la como “norma jurídica obrigatória, de efeito social emanada do poder competente”; 
VIGÊNCIA:Teoria Geral do Direito
Vigência tem sua origem no latim “vigentia”. Entende-se como o “termo utilizado para fixar o período de disponibilidade da norma jurídica, sua dimensão temporal”. 
EFICÁCIA:Teoria Geral do Direito
Enquanto eficácia vem do latim “efficacia” , que significa “a produção de efeitos jurídicos próprios pelas normas e atos jurídicos”.
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Segundo Paulo Nader, o processo legislativo na formação da lei é estabelecido pela Constituição Federal e percorre as seguintes etapas: 
apresentação do projeto; 
exame pelas comissões técnicas, dicussões e a aprovação; 
revisão do projeto; 
sanção; 
promulgação; 
publicação. 
Esta última etapa é o início da vigência da lei, podendo ocorrer ainda, a “vacatio legis” (vacância da lei).
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De acordo com Maria Helena Diniz a lei passa ser obrigatória a todos os destinatários a partir do momento em que entra em vigor. Quanto a sua existência não se pode alegar ignorância, como previsto no art. 3º da lei de introdução ao código civil “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
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Para diferenciar vigência de eficácia, observa-se o que relata Antônio Bento Betioli: a vigência é a execução obrigatória de uma norma jurídica que obedeceu os requisitos necessários e essenciais exigidos na sua elaboração; enquanto eficácia é o reconhecimento e vivência do direito pela sociedade. 
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Os tipos de eficácia são: 
espontânea (reconhecimento e vivência que resultam da adoção racional das leis pelos destinatários); 
compulsória (quando as normas contrariam tendências em uma comunidade e os tribunais não recusarem a aplicação as leis que estiverem em vigor) e a nula (quando caem em desuso).
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O artigo 1 da LICC, a lei começa a vigorar 45 dias depois da sua publicação; disciplina ainda que a lei vigorará em todo país; nos Estados estrangeiros, quando admitida a obrigatoriedade da lei, se inicia depois de três meses oficialmente publicada.
Recapitulando: a obrigatoriedade só surge com a publicação no Diário Oficial, mas sua vigência não se inicia no dia da publicação, salvo se assim o determinar. O intervalo entre a data de sua publicação e sua entrada em vigor chama-se vacatio legis.
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ATENÇÃO:
Se durante a vacatio legis, vier a norma a ser corrigida em seu texto, que contém erros materiais ou falhas de ortografia, ensejando nova publicação, os prazos mencionados de 45 dias e 3 meses começam a correr da nova publicação.
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No Direito brasileiro, a vacatio legis foi disciplinada pela Constituição no parágrafo único do Artigo 59, que remete o tema a ser disciplinado por diploma específico: "Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis."
Assim, a Lei Complementar n.º 95/98, com modificações posteriores, disciplina o tema desta forma:
 Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. 
 § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) 
 § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’. Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
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Suponha que tenha sido publicada no Diário Oficial da União, do dia 26 de abril de 2011 (terça-feira), uma lei federal, com o seguinte teor: “Lei GTI, de 25 de abril de 2011. Define o alcance dos direitos da personalidade previstos no Código Civil. O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º: Os direitos da personalidade previstos no Código Civil aplicáveis aos nascituros são estendidos aos embriões laboratoriais (in vitro), ainda não implantados no corpo humano. Art. 2º: Esta lei entra em vigor no prazo de 45 dias. Brasília, 25 de abril 2011, 190º da Independência da República e 123º da República.” Ante a situação hipotética descrita e considerando as regras sobre a forma de contagem do período de vacância e a data em que a lei entrará em vigor, é correto afirmar que a contagem do prazo para entrada em vigor de lei que contenha período de vacância se dá
pela exclusão da data de publicação da lei e a inclusão do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral, que na situação descrita será o dia 13/06/2011. 
pela inclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral, passando a vigorar no dia 10/06/2011. 
pela inclusão da data de publicação e exclusão do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 09/06/2011. 
pela exclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 11/06/2011.
EXERCÍCIO:
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Na maioria das vezes, a lei não contém termo fixo de duração, a lei é feita para vigorar por tempo indeterminado; contudo há leis que traz no seu texto prazo de sua vigência, como o casa da antiga lei do inquilinato, que dispunha que vigoraria por tempo determinado; 
Portanto, a vigência da lei tem duas hipóteses:
- a lei ou norma pode ter vigência temporária, porque o legislador ficou o tempo de sua duração; 
- a norma pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durando até que seja modificada ou revogada por outra;
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Glossário
REVOGAÇÃO:Teoria Geral do Direito
A palavra revogação tem sua etimologia no latim “revocatio”, que significa anulação; já, revogação da lei é a execução “do poder legislativo que revoga a vigência de uma lei ou parte dela”. 
Segundo Tercio Sampaio Ferraz Junior, ao se revogar uma norma, ou seja, retirar a validade desta por meio de outra, esta não faz mais parte do sistema, deixa de ser vigente; embora a eficácia não se revogue, pois a norma revogada não perde totalmente a sua eficácia.
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REVOGAÇÃO
Revogação da Lei, é tornar sem efeito uma norma. 
A lei só perde sua eficácia se outra lei posterior a modificar ou revogar. 
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Espécies de Revogação
Ab-rogação: supressão total da norma anterior, ou seja, quando lei posterior revoga a lei anterior por inteiro; é portanto, a revogação total.
Derrogação: torna sem efeito uma parte da lei, ou seja, a lei posterior revoga parcialmente a anterior; é portanto, a revogação parcial.
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Alcance da Revogação
Expressa: a lei nova revoga a lei anterior quando a lei expressamente declara extinta a lei velha; Ex: esta lei n X revoga a lei Y.
Tácita: quando a lei nova seja incompatível com a lei anterior ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (LICC, art. 2º)
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ATENÇÃO:
A lei anterior pode ser revogada por lei da mesma hierarquia ou superior, nunca por lei inferior; ex: lei estadual revogar lei federal, valendo aí o princípio constitucional da hierarquia das lei, ou a pirâmide das leis, em que a constituição federal, sempre é a norma superior.
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PRINCIPIOLOGIA
Do princípio da retroatividade e da irretroatividade: 
É retroativa a norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da norma revogada;
É irretroativa a que não se aplica a qualquer situação
jurídica constituída anteriormente;
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PRINCIPIOLOGIA
Não se pode aceitar a retroatividade e a irretroatividade como princípios absolutos; o ideal seria que lei nova retroagisse em alguns casos e em outros não. Foi o que fez o direito brasileiro, no artigo 5º, inciso XXXVI da CR c/c artigo 6º, §§ da LICC.
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As alterações legislativas não podem simplesmente prejudicar os direitos das pessoas, pois, se assim for, a estabilidade estará sofrendo um golpe mortal e a incerteza nas relações jurídicas produzirá o caos e a mais ferrenha ditadura, qualquer que seja o disfarce.
A Lei de Introdução ao Código Civil tem a seguinte redação: "a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Os três parágrafos dessa disposição legal conceituam esses institutos.
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Direito adquirido é o direito que seu titular ou alguém por ele possa exercer, como aquele cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável ao arbítrio de outrem. 
Coisa julgada ou caso julgado é a decisão de que não mais caiba recurso.
Ato jurídico perfeito é o já consumado, de conformidade com a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
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Glossário
REPRESTINAÇÃO:Teoria Geral do Direito
 Ocorre quando uma lei revogada volta a vigorar por ter a lei revogadora perdido sua vigência. Na nossa realidade jurídica isso só pode acontecer quando a nova lei assim preveja expressamente ou nos induza a concluir ter sido essa a intenção do legislador. 
art. 2º LICC: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
[...] § 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

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