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Apostila de atualização em Ovinocultura

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CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
EM OVINOCULTURA 
 
 
 
Palestrantes: 
Carlos Eduardo C. Belluzo 
Carlos N. Kaneto 
Gustavo Martins Ferreira 
 
 
 
 
 
Coordenação e Organização: 
Prof. Dr. Hamilton Caetano 
Prof. Dr. Luiz Eduardo Corrêa Fonseca 
 
 
 
Promoção: 
UNESP – CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
DEPARTAMENTO DE APOIO, PRODUÇÃO E SAÚDE ANIMAL 
CAMPUS DE ARAÇATUBA – SP 
Novembro - 2001 
ÍNDICE 
 
I. INTRODUÇÃO A OVINOCULTURA 1 
1. Introdução 1 
2. Origem e seleção natural 1 
3. Classificação zoológica 2 
4. Domesticação 3 
5. Clima 3 
6. Informações fisiológicas sobre ovinos 6 
7. Solo, topografia e qualidade das pastagens 7 
II. PRINCIPAIS RAÇAS OVINAS 8 
1. Raças especializadas na produção de lã fina 8 
2. Raças mistas 9 
3. Raças especializadas na produção de carne 9 
4. Raças deslanadas 11 
III. SISTEMA DE PRODUÇÃO 12 
IV. INSTALAÇÕES PARA OVINOS 13 
1. Pastagens 13 
2. Cercas 14 
3. Centro de manejo 16 
4. Cabanha 19 
5. Cochos 19 
6. Bebedouros 20 
7. Equipamentos 20 
V. PASTAGENS PARA OVINOS 20 
1. Introdução 20 
2. Princípios básicos 23 
3. Hábitos de pastejo do ovino 24 
4. Produtividade anual das pastagens e necessidades dos ovinos 26 
5. Forrageiras mais indicadas 27 
6. Consorciação de gramíneas com leguminosas 30 
7. Manejo e lotação do pasto 32 
8. Importância da fertilidade do solo 35 
VI. CONSORCIAÇÃO DE OVINOS COM CULTURAS ANIMAIS E 
VEGETAIS 
35 
1. Introdução 36 
2. Algumas culturas vegetais viáveis 36 
3. Consorciação com culturas animais: pastoreio múltiplo 41 
VII. NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE OVINOS 45 
1. Exigências nutricionais 46 
2. Suplementação e rações 46 
3. confinamento de cordeiros 48 
4. Creep-feeding 51 
5. Alimentos para ovinos: suas características 52 
VIII. ASPECTOS BÁSICOS EM UMA CRIAÇÃO DE OVINOS 61 
1. Reprodução 61 
2. Parição e lactação 66 
IX. SELEÇÃO E DESCARTE DE OVINOS 71 
1. Aspectos gerais 71 
2. Principais causas de descarte 72 
X. SANIDADE: PRINCIPAIS ENFERMIDADES DOS OVINOS 76 
1. Clostridioses 76 
2. Pasteurelose 78 
3. Diarréia dos cordeiros 79 
4. Podridão dos cascos (foot rot) 79 
5. Queratoconjuntivite 80 
6. Ectima contagioso 81 
7. Mastite 81 
8. Controle sanitário: principais recomendações 82 
9. Vias de aplicação de medicamentos 84 
XI. SANIDADE: PRINCIPAIS DOENÇAS PARASITÁRIAS NA 
OVINOCULTURA 
89 
1. Considerações gerais 89 
2. Controle 103 
XII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105 
APÊNDICE: RAÇAS DE OVINOS 106 
 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
I. INTRODUÇÃO A OVINOCULTURA 
 
 Este capítulo foi extraído de Carvalho et al. (2001) e Sobrinho (1993). 
 
1. Introdução 
 
 A ovinocultura foi uma das primeiras explorações animais levadas a efeito 
pelo homem, no começo da civilização, proporcionando-lhe alimento, em forma de 
carne e leite, e proteção através da lã e da pele. 
 As fibras de origem vegetais têm suas produções limitadas em determinadas 
regiões. A lã, ao contrário, é um produto que, em maior ou menor escala, é obtido 
em quase todas as latitudes. 
 Com a reativação da ASPACO (Associação Paulista dos Criadores de Ovinos) 
em 1984 e a criação do departamento de Ovinocultura pela CAFENOEL 
(Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de São Manuel) em 1985, a ovinocultura 
paulista passou a se destacar como mais uma opção agropecuária, lembrando-nos 
de que a ovelha foi a primeira espécie domesticada pelo homem, acompanhando-o 
pelo mundo inteiro, além de ser considerada, em muitas regiões, fonte de 
subsistência para populações desfavorecidas. 
 As universidades, instituições e órgãos de pesquisa ligados à ovinocultura 
têm mostrado que o estado de São Paulo apresenta excelentes condições 
tecnológicas e ambientais para produzir racionalmente carne, lã, pele e até leite de 
ovinos. A idéia de que ovino lanado só deve ser criado em regiões frias é errônea. A 
lã é isolante térmico, protegendo tanto do frio quanto do calor. Temos como exemplo 
a Austrália, que com seus rebanhos da raça Merino Australiano, criados em 
condições semidesérticas, é a maior produtora mundial de lã fina. 
 Esta atividade é viável economicamente desde que obedecidas certas 
normas, principalmente relacionadas aos manejos reprodutivo, nutricional e 
sanitário. 
 
2. Origem e Seleção Natural 
 
 O tronco original dos ovinos domésticos deve ser procurado no gênero Ovis e, 
dentro deste, nos grupos de ovinos selvagens representados pelo Argali (Ovis 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
ammon), Urial (Ovis vignet) e Mouflon (Ovis musimon). Desses grupos, o Mouflon 
ainda é encontrado em estado selvagem nas montanhas da Córsega e da Sardenha. 
O Urial ainda existe no Irã, Afeganistão, partes da Índia e do Tibet. 
 É conveniente reconhecer duas espécies de ovelhas selvagens: Ovis 
canadensis, a ovelha de corno grosso americana e Ovis ammon, a ovelha selvagem 
asiática e européia. A Ovis canadensis nunca foi domesticada e foi eliminada como 
antepassado das ovelhas domésticas por razões zoogeográficas. Só restou, como 
animal primitivo para a domesticação, a Ovis ammon com suas subespécies. 
 Atualmente, existem no mundo mais de 800 raças de ovelhas domésticas. A 
grande variedade de fenótipos sugeriu investigações sobre quais seriam as 
subespécies selvagens da ovelha doméstica, sendo provável que algumas 
subespécies tenham mudado de lugar devido a alterações climáticas ao final da 
época glacial. Também podem ter desaparecido algumas subespécies anteriores 
que intervieram na domesticação. 
 Durante as migrações dos povos e entre as tribos vizinhas, trocavam-se 
animais de cria. Alguns rebanhos de ovelhas domésticas chegaram a regiões nas 
quais viviam outras subespécies, e com elas podem ter se cruzado. 
 Daí ser impossível definir, atualmente, a espécie de ovelha selvagem que deu 
origem às raças ovinas atuais. 
 O menor tamanho dos animais é uma característica da domesticação, 
referente às ovelhas que, em algumas estações do ano, sofriam restrições 
alimentares, determinando perdas de peso e diminuição da produção de leite. 
 No início, o homem domesticou as ovelhas por sua carne e depois 
demonstrou interesse pelo leite, ordenhando as ovelhas, constituindo uma nova 
orientação a cria. Entretanto, a mudança mais importante para o homem, quanto à 
domesticação, aconteceu quando o pêlo da ovelha selvagem foi substituído por 
fibras de lã. Não se pode demonstrar se o aparecimento da ovelha de lã fina foi 
devido à mutação ou seleção, aproveitando-se crias obtidas através de cruzamentos 
consangüíneos. 
 
3. Classificação Zoológica 
 
 Reino: Animal 
 Sub-reino: Vertebrata 
 Filo: Chordata 
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 Classe: Mammalia 
 Ordem: Ungulata 
 Sub-ordem: Artiodactyla 
 Grupo: Ruminantia 
 Família: Bovidae 
 Sub-família: Ovinae 
 Gênero: Ovis 
 Espécie: Ovis aries (ovinos domésticos) 
 
4. Domesticação 
 
 A ovelha foi domesticada pelo homem primitivo, no período neolítico, quatro 
ou cinco mil anos a.C. 
 Quase todos os animais domésticos têm seus antecedentes selvagens na 
Europa e na Ásia. A ovelha e a cabra parecem ser os primeiros animais a serem 
domesticados. O homem domesticou a ovelha selvagem em seu habitat, facilitada 
pela redução do estresse de adaptação. 
 
5. Clima 
 
5.1. Temperatura 
 
 O clima é um dos principais fatores que determinam as possibilidades de êxito 
em uma criação de ovinos. 
 O comportamento e a adaptação dos ovinos ao clima é variável com o 
indivíduo, a raça e o manejo que lhe é dispensado. 
 Embora a espécie ovinase encontre difundida em todas as regiões do 
mundo, verifica-se que as maiores concentrações populacionais desta espécie estão 
nas zonas de clima temperado frio, isto é, em latitudes de 25º a 40º em ambos os 
hemisférios. Exceções a esta regra são observadas quando a redução da latitude é 
compensada pela altitude, como no Peru, em zona equatorial (clima tropical), onde 
ovinos são criados nos altiplanos da cordilheira dos Andes a mais de 3000 metros de 
altura. 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
 A temperatura tem atuação preponderante sobre os ovinos, principalmente 
nas propriedades da lã. 
 Altas temperaturas contribuem para a congestão permanente das partes 
superficiais da derme, podendo as camadas profundas da derme ficar com má 
circulação, o que se contrapõe à nutrição dos folículos pilosos, com fibras tendendo 
a se tornarem finas e curtas. Com frio permanente, os fenômenos são inversos, 
tornando as fibras mais grossas e longas. 
 Na América do Sul, há uma região que se estende do trópico de Capricórnio 
ao paralelo de 38º de latitude Sul que apresenta clima subtropical úmido (clima de 
transição). Abrange o Sul do Estado de São Paulo, grande parte do Estado do 
Paraná, os Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o Uruguai, várias 
províncias da Argentina e pequena área do Paraguai, caracterizando-se por verão 
quente e inverno fresco. 
 A Austrália, um dos países de grande concentração de ovinos no mundo, tem 
grande parte do seu rebanho na área de clima subtropical úmido, análogo ao da 
América do Sul. Por outro lado, as áreas secas do Oeste dos Estados Unidos, as 
extensas regiões semi-áridas da Austrália e da Patagônia podem impedir a criação 
de bovinos, suportando uma certa população ovina. 
 
5.2. Umidade Relativa 
 
 Umidade relativa alta diminui a produção de lã, afetando suas propriedades, 
principalmente a suavidade ao tato. 
 A umidade baixa torna a lã menos elástica e resistente, pela diminuição da 
suarda. 
 Os ovinos adaptam-se e produzem melhor sob temperaturas medianas, com 
umidade relativa média. 
 
5.3. Precipitação Pluviométrica 
 
 Precipitação pluviométrica elevada e alto grau de umidade do ar dificultam a 
evaporação da água do solo, favorecendo, com isso, a proliferação de agentes 
patológicos, prejudiciais a espécies ovina. 
 A Tabela 1 mostra as condições climáticas do Sul do Brasil, Austrália e Nova 
Zelândia. 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
 
Tabela 1. Situação geográfica e condições climáticas do Sul do Brasil, Austrália e 
Nova Zelândia. 
Local Situação 
geográfica 
(latitude sul) 
Precipitação 
pluviométrica (m) 
Temperatura 
média (ºC) 
Brasil (Sul) 19º 34º 800-2000 18.0 
Austrália 11º 39º 400-2000 18.0 
Nova Zelândia 34º 47º 1500-2000 16.5 
 
 As seguintes condições são próprias para a criação de ovinos: 
- temperatura: mínima = 5º C 
máxima = 25º C 
- precipitação pluviométrica = 75 mm a 115 mm por mês, ou seja, 900 mm a 1380 
mm por ano. 
- umidade relativa entre 55 a 70% em altas temperaturas e entre 65 e 91% em 
baixas temperaturas. 
 
5.4. Fotoperíodo 
 
 As ovelhas são, de modo geral, poliéstricas estacionais, apresentando cios 
em determinado período do ano, não havendo uniformidade quanto ao início e 
duração da estação reprodutiva. Nas diferentes raças, a amplitude do período 
reprodutivo é determinada pela origem geográfica das mesmas. 
 O fator que controla o início e o término da estação de reprodução nos ovinos 
é a variação entre as horas diárias de luz e de escuridão (fotoperíodo), através do 
estímulo exercido sobre a hipófise. O decréscimo da luminosidade, além de 
aumentar a fertilidade das ovelhas, estimula o desejo sexual e ativa a produção 
espermática dos carneiros. 
 Na Figura 1, é apresentada a curva teórica de fertilidade das raças produtoras 
de lã no Rio Grande do Sul. Observa-se que, no momento em que a curva de 
luminosidade está começando sua ascensão, em julho (a), a curva de fertilidade 
decresce. Quando o incremento das horas diárias de luz é muito acentuado, (agosto 
– setembro), as ovelhas paralisam a atividade sexual (b). Ao contrário, de março a 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
maio, quando é intensa a diminuição da luminosidade, a fertilidade atinge seu ponto 
máximo (c). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Curva da fertilidade de ovelhas no Rio grande do Sul, Brasil, em função da 
luminosidade. 
 
6. Informações fisiológicas sobre ovinos 
 
6.1. Zona de termoneutralidade 
 
 Temperatura crítica inferior: -15ºC a + 5ºC 
 Temperatura crítica superior: 40ºC 
 
6.2. Temperatura corporal (retal) 
 
 Ovinos com mais de um ano de idade: 38,5 a 40ºC 
 Ovinos até um ano de idade: 38,5 a 40,5ºC 
 
6.3. Freqüência respiratória 
 
 Normal: 12 a 20 movimentos/minuto 
 Sob altas temperaturas: 400 movimentos/ minuto 
 O estresse térmico (câmara climática) aumenta a freqüência respiratória e a 
radiação solar direta aumenta a taxa de sudorese. 
 
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6.4. Valores fisiológicos normais do sangue da espécie ovina 
 
Tabela 2. Valores fisiológicos normais do sangue da espécie ovina. 
 Valor de referência 
Hemácias (106/mm3) 8 a 16 
Hemoglobina (g/100mL) 8 a 16 
Hematócrito (%) 24 a 50 
Leucócitos (103/mm3) 4 a 12 
Basófilos (%) 0 a 3 
Eosinófilos (%) 1 a 10 
Neutrófilos Bastonetes (%) 0 a 2 
Neutrófilos Segmentados (%) 10 a 50 
Linfócitos 40 a 75 
Monócitos 1 a 6 
 
7. Solo, Topografia e Qualidade das Pastagens 
 
 O solo tem fundamental importância tanto na quantidade como na qualidade 
das pastagens. A sua composição química deve reunir os elementos indispensáveis 
ao desenvolvimento das plantas que serão ingeridas pelos ovinos. 
 Os solos arenosos são geralmente secos, muito permeáveis à água e, por 
isso, incapazes de fixarem os elementos minerais. Neles, a vegetação é pouco 
variada e de baixo valor nutritivo. São chamados campos pobres, onde não é 
possível criar raças especializadas para carne ou de dupla aptidão (carne e lã), mas 
somente raças pouco exigentes e produtoras de lã fina, como a Merino Australiano e 
a Ideal. 
 Solos de topografia acidentada, com pequenas camadas de terra arável, por 
serem pouco profundos, dificilmente permitem o estabelecimento de pastagens 
cultivadas, apesar da relativa fertilidade. Nesses campos, adaptam-se bem os ovinos 
de porte pequeno e médio, especialmente os de raça Merino, que são pouco 
exigentes nutricionalmente, mas sensíveis à umidade. 
 Os solos argilosos, de um modo geral, são profundos, pouco permeáveis, 
porém com maior fertilidade. A vegetação predominante é de maior valor nutritivo, 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
bastante variada e densa, permitindo o cultivo de forrageiras e a criação de raças de 
dupla aptidão e as especializadas na produção de carne. 
 A topografia deve permitir o fácil escoamento das águas de chuva e um certo 
abrigo contra ventos frios. Os solos baixos, pouco permeáveis não são indicados, 
favorecendo as afecções dos cascos e as infestações parasitárias dos ovinos. 
 
II. PRINCIPAIS RAÇAS OVINAS 
 
 Este capítulo foi extraído de Carvalho (2001). As fotos de animais de cada 
raça se encontram, em anexo, no final da apostila. 
 
1. Raças especializadas na produção de lã fina 
 
1.1. Merino Australiano 
 
 Raça que apresenta lã de excelentequalidade e elevado valor econômico, 
destinada à fabricação de tecidos finos. Adapta-se perfeitamente às condições de 
alta temperatura e vegetação pobre em vista de seu pequeno porte e velo muito fino 
e denso, que funciona como verdadeiro isolante térmico. Não tolera, todavia, 
umidade excessiva. Em termos teóricos, teria 70% de potencial para produzir lã e 
30% para carne. A lã atinge, via de regra, as classes merina e amerinada. 
 
1.2. Ideal ou Polwarth 
 
 Originária da Austrália, a raça Ideal possui em sua formação ¾ de sangue 
Merino Australiano e ¼ de sangue Lincoln, raça inglesa de grande porte e de lã 
grossa. O trabalho de seleção efetuado pelos Australianos deu como resultado uma 
raça com excelente capacidade para produzir lã, aliada à produção de carcaça com 
desenvolvimento satisfatório. A lã é um pouco mais grossa que a da raça Merino 
Australiano, em decorrência da infusão de sangue Lincoln, conservando, no entanto, 
excelente qualidade em termos de classificação, enquadrando-se, basicamente, nas 
classes prima A e prima B. 
 A raça Ideal apresenta 60% de potencial para lã e 40% para carne. 
 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
2. Raças Mistas 
 
2.1. Corriedale 
 
 Raça mista por excelência (50% de potencial para lã e 50% de potencial para 
carne). Foi formada na Nova Zelândia, também a partir das Raças Merino 
Australiano e Lincoln, possuindo, porém, ½ sangue de cada. Em vista disto, sua lã 
se apresenta mais grossa que a da raça ideal (classificada como cruzadas 1 ou 2). 
Um pouco mais exigente que as raças anteriormente referidas, adapta-se bem, 
todavia, ao regime extensivo de exploração. É um fato natural que, à medida que 
aumenta o tamanho do animal, estarão se elevando, paralelamente, seus 
requerimentos nutritivos. 
 
2.2. Romney Marsh 
 
 Originária da Inglaterra, caracteriza-se pela produção de lã bastante grossa 
(predominantemente cruzas de 3 e 4) e boa aptidão para a produção de carne. Um 
aspecto que cabe salientar, diz respeito a sua adaptabilidade a solos mais úmidos, 
tendo em vista que sua região de origem é baixa e tem bastante umidade. Exige, 
porém, melhor nível nutricional que as raças já citadas. Apresenta 40% de potencial 
para produção de lã e 60% para produção de carne. 
 
3. Raças especializadas na produção de carne 
 
 Este grupo é sabidamente mais exigente em termos nutricionais e de 
ambiente em geral, adaptando-se melhor às criações mais intensificadas, como no 
caso das pequenas propriedades. Nestas, em virtude da impossibilidade de se 
trabalhar com grandes rebanhos, o retorno econômico propiciado pela lã não seria 
tão significativo. 
 
3.1. Ile de France 
 
 Originária da França, foi formada através de cruzamentos de raças inglesas 
com Merino Rambonillet. Foi introduzida no Brasil por volta de 1973 e teve uma boa 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
aceitação em virtude de produzir lã de melhor qualidade, em relação às demais 
raças de carne. São animais de grande porte, com bom desenvolvimento de massa 
muscular nas regiões nobres (pernil, lombo e paleta). 
 As fêmeas apresentam altos índices de fertilidade e prolificidade, com média 
de 1,40 a 1,70 cordeiros por parto. 
 Os cordeiros são bastante precoces, apresentando ótimo ganho de peso, o 
que propicia a obtenção de carcaças de boa qualidade. 
 
3.2. Hampshire Down 
 
 Raça originária do Sul da Inglaterra através de cruzamentos entre carneiros 
Wiltshire e Berkshire. Também pertence ao grupo dos “Cara Negra” e expandiu-se 
bastante em determinadas regiões do Brasil, tendo se adaptado bem dentro das 
condições de meio ambiente já comentadas. Possui grande capacidade para 
produção de carne de excelente qualidade. 
 
3.3. Poll Dorset 
 
 Raça introduzida recentemente no Brasil por uma cabanha paulista, no ano 
de 1991. É uma raça de carne, originária da Austrália. Em sua formação, entraram 
principalmente as raças Ideal, Dorset Horn e Poll Merino. Embora de origem 
Australiana, os melhores rebanhos são Neozelandeses, os quais sofreram um 
grande melhoramento para produção de carne. 
 Suas principais aptidões são a produção de carne de excelente qualidade, 
velo sem fibras meduladas e pigmentadas e não estacionalidade de cio, sendo essa 
uma característica ainda não testada em condições brasileiras. 
 
3.4. Texel 
 
 De origem Holandesa, foi introduzida no Brasil por volta de 1972. São animais 
que, também, apresentam lã branca e, por isso, são muito utilizados no cruzamento 
industrial com matrizes laneiras ou mistas. São animais bastante precoces, 
caracterizando-se pela produção de carcaças de boa qualidade, com baixo teor de 
gordura. 
 
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3.5. Suffolk 
 
 Raça originária da Inglaterra através de cruzamentos entre ovelhas Norfolk 
(animais nativos da região sudeste da Inglaterra) com carneiros da raça Southdown. 
 Foi aceita como raça a partir de 1859. Pertence ao grupo dos “Cara Negra”, 
apresentando cabeça e membros totalmente desprovidos de lã e cobertos por pelos 
negros. Adaptou-se bem ao Brasil, sendo criada nas mais diferentes regiões. 
 As fêmeas têm boa habilidade materna, com grande produção leiteira, 
permitindo alimentar bem mais de um cordeiro. São animais bastante precoces, 
produzindo carcaças magras e de boa qualidade. 
 
4. Raças deslanadas 
 
 As raças deslanadas se apresentam como alternativa para regiões onde não 
é conveniente a exploração da lã, como, por exemplo, regiões de vegetação 
inadequada ou com carência de mão-de-obra para tosquia. 
 Destacam como produtoras de pele de ótima qualidade, sendo que em São 
Paulo estão representadas principalmente pelas raças Santa Inês e Morada Nova. 
 
4.1. Morada Nova 
 
 Raça nativa do Nordeste, resultante possivelmente de seleção natural e 
recombinação de fatores em ovinos Bordeleiros e Churros trazidos pelos 
colonizadores portugueses. A ação continuada do ambiente quente e seco do 
Nordeste promoveu a perda da lã e a adaptação do animal. Apresenta pelagem 
vermelha ou branca. 
 São animais bastante rústicos, que se adaptam às regiões mais áridas, 
desempenhando importantes funções sociais. 
 Produzem carne e, principalmente, peles de ótima qualidade, são ovelhas 
muito prolíferas. 
 
 
 
 
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4.2. Santa Inês 
 
 Existem muitas hipóteses em relação à origem da raça Santa Inês, como a 
que diz que esta é o resultado do cruzamento entre as raças Bergamácia (raça 
italiana) e Morada Nova; e a que cita a descendência de ovelhas africanas, trazidas 
pelos escravos negros. 
 O Santa Inês é um ovino de grande porte, produzindo boas carcaças e peles 
fortes e resistentes. As fêmeas são ótimas criadeiras, parindo cordeiros vigorosos, 
com freqüentes partos duplos e apresentando excelente capacidade leiteira. 
 A raça é caracterizada por quatro pelagens: branca, chitada, vermelha ou 
marrom e preta. 
 
III. SISTEMA DE PRODUÇÃO 
 
 Este capítulo foi extraído de.Carvalho et al. (2001). 
 
 Sendo o ovino ruminante, o mesmo é capaz de transformar as forragens 
inviáveis para consumo humano em proteína animal de elevado valor biológico. O 
mais indicado para a sua criação é explorar os recursos pastoris, principalmente se 
levarmos em consideração o clima extremamente propício ao desenvolvimento das 
forrageiras em nosso País. 
 Em São Paulo, o sistema de produção que apresenta maior eficiência em 
pasto é aquele que visa a obtenção dos principais produtosoriundos da ovelha: 
carne, lã e pele. Esta eficiência é obtida quando se realiza o cruzamento industrial, 
ou seja, ovelhas de raça de lãs, mistas ou deslanadas são cobertas por carneiros de 
raça de carne. A lã de boa qualidade seria produzida pelas ovelhas. Todos os 
cordeiros ½ sangue, independentemente do sexo, seriam abatidos após desmame e 
terminação, originando carcaças de boa qualidade. 
 A prática deste sistema de produção possibilitará a existência de, no mínimo, 
três tipos de criadores: 
• Os cabanheiros de raças mistas, que se encarregariam de produzir reprodutores 
melhoradores para rebanhos comerciais; 
• Os cabanheiros de raças de carne, encarregados de produzir reprodutores tipo 
carne para utilização nos rebanhos comerciais; 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
• O criador comercial de rebanho base de raça mista, adquirindo reprodutores 
submetidos a constante processo de seleção e melhoramento. 
Mais uma opção em termos de sistema de produção seria o ovinocultor 
especializado em engordar cordeiros e/ou borregos para abate, seja em pastagem 
ou mesmo em confinamento. A escolha de um ou outro tipo de criação depende da 
área disponível, das condições ambientais como um todo e da aptidão do criador. 
 
IV. INSTALAÇÕES PARA OVINOS 
 
 Este capítulo foi extraído de Carvalho et al. (2001) e Sobrinho (1993). 
 
 O manejo dos ovinos pode ser considerado simples, quando se puder dispor 
de mão-de-obra habilitada e infra-estrutura adequada. As instalações necessárias 
para o perfeito manejo dos animais não são complexas, devendo, no entanto, ser 
planejadas dentro de padrões específicos. Os principais componentes da estrutura 
necessária à implantação de uma ovinocultura serão descritos a seguir. 
 
1. Pastagens 
 
 Como já dissemos, o ovino é um ruminante. Portanto, a pastagem é, sem 
dúvida, o primeiro fator a ser analisado. 
 Antes de tudo, deve-se ter conhecimento, através de uma análise, das 
necessidades do solo, sabendo-se que são comuns a deficiência de fósforo, elevado 
teor de alumínio (tóxico para as plantas) e o baixo pH (acidez). 
 A ovelha não tolera pastagens muito altas. Esta condição é altamente 
estressante à espécie, que tem por hábito o convívio comunitário e a busca das 
partes mais baixas do capim. Por isso, depois de corrigir o solo, é recomendável 
formar pastagens com gramíneas de crescimento rasteiro. 
 O manejo das pastagens é muito importante. Deve-se levar em conta o 
comportamento do capim, a época do ano, o microclima da região e também o 
comportamento animal. A subdivisão em piquetes vai depender muito do espaço 
disponível. Em áreas pequenas não se recomendam muitas subdivisões, em função 
de alta concentração de animais em espaços reduzidos, provocando elevado índice 
de reinfestação parasitária. 
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 Para calculo de lotação trabalha-se com unidade animal (U.A), sabendo-se 
que uma vaca equivale a 1 U.A e um ovino adulto a 0,2 U.A Sendo assim se, por 
exemplo, uma pastagem suportar 2 U.A por hectare equivaleria a 2 vacas ou 1 vaca 
e 5 ovelhas. 
 Outros aspectos importantes na pastagem estão relacionados à drenagem e 
sombreamento. Os pastos devem ser isentos de alagadiços e áreas inundadas. A 
falta de sombra na pastagem é fator limitante para a reprodução. O estresse térmico 
provoca em ovelhas no inicio de gestação a reabsorção do embrião, e nos 
reprodutores a má qualidade do sêmen. Isto coloca em risco toda reprodução de 
cordeiros em um ano. Daí a importância da arborização dos pastos ou dos bosques 
naturais e artificiais para a proteção contra os ventos e, principalmente, radiação 
solar. A proporção dos bosques é de 0,5 hectare para cada 500 ovelhas. 
 
2. Cercas 
 
 
Figura 2. Modelo de cerca para ovinos (medidas em centímetros) 
 
As cercas para ovinos devem ser construídas com 6 á 7 fios de arame liso, 
mourões com espaçamentos de 10 metros e 4 a 5 tramas nos meios. O 1º fio de 
arame deve ficar a 10 cm do solo. O 2º e o 3º fios devem distanciar 15 cm entre si e 
em relação ao 1º. Entre o 3º e o 4º fios o espaço deve ser de 25 cm e entre o 4º, 5º e 
o 6º fios de 30 cm, dando uma altura total de 1,30 m que servirá também para 
manter animais de grande porte. No entanto, se a propriedade já possuir cercas para 
bovinos, mesmo de arame farpado, basta acrescentar 2 ou 3 fios nos espaços 
inferiores. 
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 A cerca elétrica pode ser utilizada na subdivisão de pasto. Neste caso são 2 
fios, um a 10 e outro a 20 cm do solo. 
 
2.1. Cercas de arame farpado 
 
 Este material só é utilizado para ovinos deslanados, explorados para 
produção exclusiva de carne. Deve ser construída com seis fios, com o seguinte 
espaçamento a partir do solo: 
 
 1º fio – 5 cm 
 2º fio – 10 cm 
 3º fio – 15 cm 
 4º fio – 15 cm 
 5º fio – 20 cm 
 6º fio – 25 cm 
 Total – 90 cm de altura 
 
 Em locais onde há consorciação com eqüinos e bovinos, a altura da cerca 
será dimensionada em função destes, podendo-se construí-la de arame farpado, 
colocando-se arame liso galvanizado apenas nos vãos inferiores. 
 
2.2. Cercas de arame liso 
 
 É o mais utilizado. Geralmente usamos fio ovalado, galvanizado, nº 15/17 
(1000 m/ 15 Kg). 
 Espaçamento dos fios: 
 
2.2.1.Cerca de 5 fios: 
 
1º fio – 10 cm 
2º fio – 15 cm 
3º fio – 20 cm 
4º fio – 25 cm 
5º fio – 25 cm 
Total – 95 cm de altura 
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2.2.2. Cerca de 6 fios: 
 
1º fio – 10 cm 
2º fio – 15 cm 
3º fio – 20 cm 
4º fio – 25 cm 
5º fio – 30 cm 
6º fio – 30 cm 
Total – 1,30 m de altura (Atendendo não só aos ovinos, como também aos bovinos e 
eqüinos). 
 
3. Centro de Manejo 
 
Como o próprio nome diz, esta indispensável instalação centraliza, 
funcionalmente, todas as práticas com o rebanho (Figura 3). É composto de: 
 
• Mangueiras: têm a finalidade de facilitar a repartição do rebanho nas várias 
categorias desejadas, de modo de a caber um numero razoável de uma soa 
vez. Podem ser feitas de tábuas de madeira ou outro material que a substitua, 
numa altura de 1 metro. Considerar 1m2/ animal 
 
• Tronco de contensão (Figura 4): preferencialmente de tábua, deve ter 90 cm 
de altura, e de 6 a 12 m de comprimento, abertura superior a 50cm inferior a 
30 cm. Outro modelo é o tronco no sistema australiano, em que a largura é 
maior e no qual se enfileiram vários animais sendo que o tratador caminha 
entre eles. 
 
• Pedilúvio: Para tal, pode ser aproveitado o piso do tronco ou ainda uma 
mangueira menor, com profundidade de 10 cm. Requer atenção para não 
deixar bordas que permitam que o animal deixe os cascos fora da solução. 
 
 
 
 
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Figura 3. Planta baixa do centro de manejo. 
 
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Figura 4. Vista frontal do tronco de contenção 
 
• Banheiro anti-sárnico (Figura 5): para controlar as parasitoses externas do 
ovino (basicamente, sarna e piolho). Esta é a parte mais cara do centro de 
manejo,mas indispensável para aquelas criações onde a lã tem 
representatividade importante em termos econômicos. O tanque de imersão, 
em concreto, deve ter 60cm de largura, 1,20m de profundidade e no mínimo 
8m de comprimento, com rampade saída iniciando- se 4m após a entrada. 
Estas medidas não devem ser superiores se não houver pretensão de 
expandir o rebanho, uma vez que o excesso do produto utilizado torna a 
prática de alto custo. Ao final da rampa de saída deverá haver dois currais 
cimentados denominados escorredouros, com a finalidade de retornar à 
banheira parte da solução absorvida pela lã, após a passagem por uma caixa 
de decantação. 
 
 
Figura 5. Vista lateral da banheira e pedilúvio 
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• Local de tosquia: pode ser usado um barracão já existente na propriedade, ou 
mesmo uma mangueira do centro de manejo, desde que tenha piso cimentado, 
cobertura e energia elétrica. 
 
• Cobertura: deverá cobrir essencialmente o tronco de contenção, a banheira anti-
sárnica e escorredouros, além do local para tosquia. 
 
4. Cabanha 
 
 Trata-se de uma instalação com piso ripado, elevada do solo, que tem por 
finalidade principal abrigar reprodutores, animais de exposição e de alto nível. 
Portanto é dispensável nas criações comerciais. É conveniente que nas cabanhas 
destinadas a abrigar reprodutores de raças de carne não se use o piso ripado em 
função dos problemas de aprumo que podem causar. 
 
5. Cochos 
 
Os cochos são usados basicamente para o fornecimento de sal mineral e 
rações . No campo, os cochos de sal podem seguir vários modelos, assim como os 
de gado, mas em menores proporções. Podem ser constituídos de qualquer material 
que não contamine o produto fornecido, como madeira, fibra e cimento. Os cochos 
de sal devem ser de fácil manipulação, podendo-se transporta-los de um piquete 
para outro, conforme o uso. A cobertura é importante para evitar que o sal seja 
molhado em dias de chuva. 
Ao contrário do sal, os cochos para rações devem ter medidas mínimas para 
atender a todos animais que, depois de acostumados, procuram a dieta avidamente. 
Estes são usados mais especificamente nas cabanhas ou nos confinamentos. Os 
cochos para confinamento devem oferecer de 10 a 15cm/cabeça, no caso de 
cordeiros, e de 25 a 30 cm/cabeça, para os animais adultos. As outras medidas 
podem variar em torno de 30 cm para a largura, 20 a 25 cm para a profundidade e 
15 a 30 cm distantes do solo, conforme a categoria. 
Tambores serrados ao meio funcionam bem para oferecer alimentos no pasto, 
como silagens. 
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As manjedouras para fornecimento de capins e fenos seguem as medidas de 
10 cm entre ripas verticais de 5 cm, saindo de um ângulo de 45º. As telas, como as 
de alambrado, também funcionam na substituição das ripas de madeira. Na 
cabanha, as manjedouras construídas sobre o cocho permitem um maior 
aproveitamento do volumoso. 
 
6. Bebedouros 
 
 A água pode ser fornecida em caixas de alvenaria providas de bóia, ou 
recipientes de fácil manutenção e limpeza. 
 Nas cabanhas, o sistema em que cada baia apresenta seu bebedouro, onde 
todos são alimentados por uma única caixa provida de bóia, é o mais recomendável 
pela eficiência de manutenção e limpeza. 
 
7. Equipamentos 
 
 São poucos os equipamentos necessários para a ovinocultura. De modo 
geral, eles não são muito diferentes dos utilizados para bovinos e eqüinos. 
 São eles: tesoura para corte de lã (martelo), tesoura para aparo dos cascos, 
pistola de vermifugação e vacinação, tatuador ou alicate para brincos, ripado de 
madeira para tosquia, seringas, agulhas, e outros. 
 
V. PASTAGENS PARA OVINOS 
 
 Este capítulo foi extraído de.Sobrinho (1993) e Cunha et al. (1999). 
 
1. Introdução 
 
 A produção de ovinos de corte se apresenta como uma boa opção de 
atividade econômica aos pecuaristas, embora essa atividade agropecuária sempre 
teve a sua imagem ligada à produção de lã. Todavia essa associação vem sofrendo 
uma mudança acentuada, seja em função dos baixos preços alcançados pela lã, 
tanto no mercado interno como externo, seja pelo crescente aumento na demanda 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
da carne ovina, mais especificamente pela carne de cordeiro. Em face disso os 
criadores têm procurado direcionar a criação neste sentido. 
 Em São Paulo, nos últimos anos tem-se verificado não só um aumento no 
efetivo dos rebanhos, mas também no número de propriedades envolvidas nessa 
atividade. Apesar de ainda não estar definitivamente estabelecido, nem 
adequadamente dimensionado, o mercado de carne ovina vem apresentando 
crescimento inconteste, o que se reflete nos preços relativamente altos observados 
em nível de mercado consumidor. Essa maior demanda, todavia, é específica para 
carcaças de boa qualidade, ou seja, com peso médio de 12 a 13 kg, provenientes de 
animais novos, com no máximo 120 dias de idade. Até essa idade, os animais 
mostram alta velocidade de crescimento e maior eficiência no aproveitamento de 
alimentos menos fibrosos que animais mais velhos, apresentando uma proporção 
significativamente maior do corte traseiro em relação ao dianteiro e costilhar e, ainda 
um nível adequado de gordura corporal, suficiente para propiciar uma leve cobertura 
da carcaça, protegendo-a contra a perda excessiva de umidade durante o processo 
de resfriamento e um mínimo de gordura intramuscular, a qual garante o paladar 
característico da carne ovina, o que aliado a pouca maturidade dos feixes 
musculares do animal jovem, garante um bom nível de maciez. 
 Mesmo na região Sul do país, onde grande parte dos planteis possui na lã o 
objetivo maior da criação, se tem verificado uma maior preocupação na exploração 
mais intensiva da produção de carne. Para isso, utiliza-se reprodutores de raças com 
maior potencial para ganho de peso sobre os planteis já existentes de ovelhas de 
raças lanígeras (Corriedale, Ideal e Merino). Assim, busca-se a obtenção de 
cordeiros mais precoces e com melhor caracterização de carcaça, mantendo-se, 
ainda a produção de lã pelas matrizes. 
 Na região sudeste tem-se tornado usual a utilização de matrizes comuns, sem 
raça definida, ou ainda de animais deslanados, notadamente da raça Santa Inês, 
mantidas em pastagens e cruzadas com reprodutores de raças de corte, Suffolk e Ile 
de France. As crias são amamentadas em pastagens exclusivas para matrizes com 
crias ao pé, sendo confinados do desmame ao abate. Em algumas criações adota-se 
o confinamento das mães e crias já a partir do nascimento, o que possibilita a 
adoção do desmame precoce aos 45 dias, o que resulta em níveis de ganho de peso 
bastante elevados, além de menor mortalidade de crias. 
 Através desse sistema de criação, consegue-se animais com peso vivo entre 
28 e 30 kg, considerado ideal para abate, com idades inferiores aos 120 dias. Para 
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tanto, o peso ao nascer deve estar em torno dos 3,5 kg com o desmame ocorrendo 
entre 45-60 dias, com os animais pesando entre 15 e 19 kg. Para tanto a expectativa 
de ganho diário de peso vivo irá aproximar-se de 280 e 240 g, respectivamente nos 
períodos de pré e pós desmame. 
 Esses índices, todavia, não são obtidos unicamente pela utilização de bons 
reprodutores de raças de corte. Há ainda que se considerar vários outros pontos 
igualmente importantes tais como o nível alimentar e sanitário, tanto das matrizes 
como das crias, o uso de instalações adequadas e de técnicas corretas de manejo. 
 Do ponto de vista econômico, vale frisar que o ganho do produtor depende, 
de um lado da maior disponibilidade de produtos de comercialização, ou seja, deve-
se buscar obtermaior número possível de cordeiros por ano e por hectare de área 
utilizada para a produção de forragem (pastagem, campineira e para material para 
ensilagem), e de outro lado deve-se buscar o menor custo de produção possível, 
todavia sem prejuízo da qualidade. 
 Dessa maneira para se obter resultados positivos na ovinocultura é preciso 
além do bom desempenho e qualidade individual dos cordeiros, ter-se ainda uma 
elevada disponibilidade de animais para abate, o que quer dizer, elevado número de 
cordeiros nascidos (eficiência reprodutiva) e desmamados (baixa mortalidade e alta 
aptidão materna) e, principalmente, um baixo custo de produção. 
 A maior eficiência reprodutiva é obtida pela seleção rigorosa das matrizes 
dando-se preferência àquelas oriundas de parto múltiplo e descartando-se aquelas 
que apresentem idade à primeira cobertura e intervalo entre partos superiores há 12 
meses. Deve-se buscar ainda peso ao nascer igual ou superior a 3,0 kg e peso ao 
desmame igual ou superior a 15,0 ou 19,0 kg, respectivamente aos 45 ou 60 dias de 
idade. Também um bom manejo reprodutivo e nutricional, como a realização do 
“flushing” e o uso de adequado nível nutricional no terço final da gestão, devem 
receber especial atenção, de forma a se trabalhar com índices de fertilidade e 
prolificidade acima dos 85% e 150% respectivamente. 
 A maior disponibilidade de cordeiros para abate é obtida ainda com a 
diminuição da mortalidade das crias, resultado da utilização de esquemas de manejo 
sanitário e técnicas criatórias adequadas, incluindo a vacinação preventiva, seleção 
de fêmeas com maior habilidade materna e a adoção de práticas cuidadosas de 
manejo das crias, desde o parto até o abate. 
 Já a diminuição do custo de produção depende das medidas anteriores e, 
mais ainda da produção de alimentos em quantidade e qualidade adequadas, mas a 
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baixo custo. Para isso, a base da alimentação deve ser constituída de volumosos de 
boa qualidade, ou seja, de alto valor nutritivo, o que quer dizer: alta concentração em 
nutrientes, alta digestibilidade e alta aceitabilidade pelos animais. 
 
2. Princípios básicos 
 
 Considerando-se as condições de clima e solo e ainda as características da 
estrutura e divisão fundiária predominantes na região Sudeste do Brasil, a utilização 
de pastagem formadas por forrageiras de elevada produtividade e bom valor 
nutritivo, utilizadas em regime de pastejo intensivo, mostra-se como uma das 
alternativas de maior interesse para a ovinocultura intensiva. 
 É importante ressaltar que as ovelhas em fase final de gestação, 
principalmente aquelas com crias múltiplas no ventre, apresentam altos níveis de 
exigência nutricional, o que quer dizer, necessidade do aporte de quantidades 
consideráveis de proteína, energia, minerais e vitaminas. 
 Pastagem com elevada disponibilidade de forragens de alto valor nutritivo 
podem suprir a totalidade de nutrientes necessários, tanto à manutenção corporal 
das matrizes como às demandas da gestação. Já em condições de pastagens mais 
fracas, seja em termos de disponibilidade de matéria seca (MS) ou baixa qualidade 
da espécie forrageira predominante no pasto, há necessidade de suplementação 
alimentar de forma a se fornecer, em quantidade e qualidade, os nutrientes que a 
pastagem não consegue suprir. Nessas condições é necessária a utilização 
excessiva de concentrados na alimentação das matrizes, o que eleva 
significativamente o custo de produção e pode comprometer a viabilidade econômica 
da atividade. 
 A obtenção de boas pastagens para a utilização com ovinos depende do 
atendimento de alguns pontos básicos: 
• Uso de forrageiras produtivas e de elevado valor nutritivo, ou seja, com alta 
aceitabilidade pelos ovinos, elevada concentração em nutrientes (energia 
proteína, minerais e vitaminas) e boa digestibilidade. 
• A utilização de gramíneas de porte médio a baixo, com altura inferior a 1,0 m, 
são mais adequadas ao comportamento dos ovinos em pastejo. 
• Manutenção de níveis de fertilidade de solo adequados às exigências da 
forrageira utilizada, com reposição dos nutrientes removidos pelo pastejo e 
lixiviação através de adubações em épocas estratégicas. 
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• Adoção do sistema de pastejo rotacionado como forma de melhorar e 
uniformizar a utilização da forragem e, principalmente, diminuir o nível de 
infestação por lavas de helmintos (endoparasitos). 
• Diversificação das forrageiras utilizadas, seja pelo uso da consorciação com 
leguminosas ou pela formação de áreas com gramíneas diversas, em pastos 
exclusivos, garantindo a diversificação dos nutrientes disponíveis e 
aumentando o nível de ingestão de matéria seca pela variação da dieta. Isto 
resulta ainda em maior segurança em termos de problemas de ordem 
climática (secas e geadas) e fitossanitárias (pragas e doenças), em função 
da diferenciação das características e potencialidades das diversas 
forrageiras. 
• Uso preferencial de espécies de hábito de crescimento cespitoso (porte 
ereto), que em função da sua arquitetura, favorecem a inativação de larvas e 
ovos de helmintos (endoparasitos), em razão de permitirem uma maior 
insolação (dessecação das larvas pela diminuição da umidade e ação de 
radiação ultravioleta). 
 
3. Hábitos de pastejo do ovino 
 
O ovino, de maneira geral, pasteja preferencialmente gramíneas, promovendo 
corte uniforme e baixo da vegetação, à medida que percorre a pastagem. No 
entanto, o deslanado tende a apresentar um comportamento algo semelhante ao do 
caprino, ingerindo uma quantia considerável de ramas e folhas, promovendo um 
pastejo mais seletivo e menos uniforme. 
O consórcio de ovino com bovino levaria à melhor utilização da pastagem, 
visto que o ovino pasta mais baixo, consumindo a forragem que o bovino não 
conseguiria aproveitar. 
Outro aspecto importante do comportamento dos ovinos em pastagem é o 
fato de não entrarem em pastagens altas (acima de sua altura). Nessa situação, o 
plantel tende a permanecer perifericamente, penetrando na pastagem somente após 
o rebaixamento da mesma, através do pastejo ou pisoteio por bovinos ou roçadeiras. 
A produção animal em pastagens caracteriza-se, hoje, pelo baixo nível 
tecnológico, trazendo como conseqüência uma produtividade insatisfatória, 
verificada em muitas áreas ocupadas pela pecuária. 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
Na nutrição animal, a quantidade ingerida de alimentos tem importância 
fundamental, visto ser um dos fatores determinantes da maior ou menor 
disponibilidade de nutrientes para os processos fisiológicos do animal, e 
conseqüentemente, ao seu desempenho. O valor nutritivo, por sua vez, depende 
não apenas da composição química, como também da digestibilidade da gramínea, 
que diminui à medida que a planta avança seu processo de maturação, cujo ápice 
coincide com a seca invernal, época em que há também, paralisação quase que 
total do crescimento. Esta estacionalidade da produção forrageira é um dos 
principais problemas a se solucionar no sistema de exploração de ovinos a pasto. 
Quanto à capacidade de consumo do animal, considera-se que é regida pelos 
seguintes fatores: 
- Palatabilidade da forrageira; 
- Velocidade de passagem pelo tubo digestivo; 
- Efeito do ambiente sobre o animal; 
- Quantidade de forragem disponível. 
Ovinos apresentam hábitos alimentares diferentes, em alguns aspectos, dos 
de bovinos. Alguns são decorrentes da própria anatomia, como é o caso da 
possibilidade de pastejo rente ao solo, em razão dos lábios superiores fendidose 
bastante móveis, o que possibilita extrema habilidade na apreensão de partes 
selecionadas das forragens, dada a possibilidade de utilização dos lábios, dentes e 
língua. No caso dos bovinos, os lábios são rijos e de pouca mobilidade, sendo a 
língua o principal instrumento de apreensão, trazendo os alimentos para dentro da 
boca, para serem cortados pela ação dos dentes contra a almofada dentária. Dessa 
maneira, os bovinos têm maior dificuldade na apreensão das partes menores das 
forragens, o que impossibilita seleção tão eficiente dos alimentos, quanto a seleção 
feita por ovinos. Em termos práticos, devidos a esta seletividade exercida pelo ovino, 
não é conveniente estabelecer pastagens com diferentes espécies de gramíneas, 
pois a tendência seria a degradação paulatina daquela que fosse mais palatável. A 
maneira correta seria escolher uma gramínea sabidamente recomendada, levando-
se em consideração sua adaptabilidade às condições de solo e clima da região, 
além de um manejo adequado ao hábito alimentar do animal, levando-se em conta a 
altura e a densidade da gramínea, de maneira que o animal consiga suprir sua 
capacidade máxima de ingestão no menor espaço de tempo possível. 
 
 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
4. Produtividade anual das pastagens e necessidades dos ovinos 
 
A produção forrageira sofre estacionalidade que, muitas vezes, pode coincidir 
com fases em que as exigências nutricionais dos ovinos são altas. 
Uma maneira de amenizar este problema poderá ser adotando-se técnicas de 
conservação de forragens (silagem e/ou fenação), que permitem armazenar as 
sobras da época de máxima produção das pastagens, para suprir as deficiências da 
fase de seca invernal. 
Outra maneira seria, conhecendo-se as necessidades nutricionais das 
diferentes categorias ovinas, ajustar as fases do ciclo produtivo à disponibilidade de 
forragem, apesar de não se conseguir, assim, resolver completamente o problema. 
No período pós-desmama, a ovelha é relativamente tolerante às restrições 
alimentares moderadas, pois se encontra livre de lactação. Por isso, quando as boas 
pastagens são escassas, deve-se aproveitá-las com os cordeiros desmamados, para 
que o estresse da desmama não seja tão acentuado. 
Duas a três semanas antes do início e duração do encarneiramento, deve-se 
melhorar o nível nutricional, para que a ovelha seja fecundada com ganho de peso 
positivo, prática denominada “flushing”. 
 
4.1. Sazonalidade da produção de pastagens 
 
No estado de São Paulo, as condições climáticas determinam a existência, no 
ano, de duas estações bem distintas: a das chuvas e calor (fim da primavera, verão 
e início de outono), com chuvas concentradas e temperaturas elevadas; e a das 
seca (fim do outono, inverno e início da primavera), com poucas chuvas e 
temperaturas baixas. 
Essas duas estações determinam, nas espécies forrageiras, um ritmo de 
crescimento bastante intenso na estação das águas, em confronto com baixas taxas 
de crescimento no período seco. 
Dessa maneira, considerando-se que o plantel tende a permanecer estável 
durante o ano, teremos a ocorrência de excedentes de produção nas águas e déficit 
na seca. Esse problema poderá ser contornado com a utilização de processos de 
conservação de forragem (feno ou silagem) para emprego posterior. A escolha do 
método deve considerar o tipo de forrageira e de maquinário disponíveis. 
OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
 
 
Outra maneira seria a produção de forrageiras de inverno, como aveia, 
azevém ou centeio, embora apresentem maiores custos e riscos (secas e geadas). 
 
5. Forrageiras mais indicadas 
 
Os ovinos têm por habito pastejar preferencialmente o topo das plantas, 
rebaixando a altura da pastagem pouco a pouco, como se estivesse retirando a 
forragem em camadas. Todavia em função da anatomia bucal, caracterizada pela 
extrema mobilidade dos lábios e pela forma de apreensão do alimento com uso de 
lábios, dentes e língua, conseguem ser bastante eficientes na separação e escolha 
do alimento a ser ingerido, conseguindo apreender, com facilidade, partes 
específicas da forragem mesmo as de menor tamanho. Isso possibilita ao animal, 
quando em pastejo, escolher as partes mais tenras e palatáveis da planta, rejeitando 
as fibrosas e portanto de menor valor nutritivo. Dessa maneira os ovinos conseguem 
realizar o pastejo bastante seletivo e rente ao solo. 
Em função disso as forrageiras mais indicais são aquelas que suportem o 
manejo baixo, apresentem intensa capacidade de rebrota através das gemas basais 
e que possuem sistema radicular bem desenvolvido garantindo boa fixação ao solo 
O ovino mostra acentuada preferência por forrageiras de porte médio a baixo. 
Em pastagens com plantas de porte mais elevado, com altura acima de1,0 metro, os 
animais tendem a explorar mais intensivamente as áreas marginais, resultando em 
sub-aproveitamento da forragem das áreas centrais. Outra característica típica é o 
comportamento extremamente gregário apresentado pela espécie, que dificilmente 
explora a pastagem isoladamente, movimentando-se sempre em grupos. Em face 
disto, quando em pastagens de porte mais alto, que dificultam a visualização entre 
os animais do rebanho, os ovinos tendem apresentar intensa movimentação pela 
área, mostrando maior preocupação em se manterem próximos aos demais, o que 
prejudica o nível de ingestão de alimento e resulta em aumento de perdas por 
acamamento devido ao pisoteio excessivo. 
Tomando-se em conta somente esses aspectos, as forrageiras mais 
indicadas seriam aquelas de hábito estolonífero (prostrado), tais como Coast Cross, 
Tiftons e Estrelas (gênero Cynodon), Pangola (gênero Digitaria), Pensacola (gênero 
Paspalum). Estas gramíneas atendem relativamente bem às exigências da espécie e 
seus hábitos de pastejo peculiares, no entanto e apesar de serem as mais utilizadas 
atualmente com ovinos, apresentam dois pontos bastante negativos: a maioria 
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apresenta propagação por mudas, o que dificulta e encarece a formação de áreas 
maiores de pastagens e, mais importante, em função do hábito de crescimento 
prostrado formam uma massa vegetal fechada que, mesmo quando rebaixada, 
impede a penetração mais intensa da radiação solar e mantém um microclima 
favorável a sobrevivência das larvas dos helmintos. Isso dificulta o controle de 
verminose, principal problema sanitário para os ovinos, sendo essa tanto maior 
quanto maior a lotação das pastagens, podendo chegar a inviabilização da atividade. 
Em face disso e em determinadas circunstâncias, essas forrageiras começam a ser 
preteridas por alguns criadores. 
Outras forrageiras, normalmente utilizadas em pastagens para bovinos, tem 
sua utilização dificultada para ovinos por apresentar porte excessivamente elevado 
ou por não tolerarem o pastejo rente ao solo e pisoteio intensivo promovido pelo 
ovino. Nesse grupo estão incluídas a maioria das gramíneas dos gêneros Panicum 
(colonião), Chloris (Rhodes) e Setaria, que ainda tem o agravante da baixa 
aceitabilidade. 
As gramíneas do gênero Brachiaria, apesar da vantagem de propagação por 
semente e da acentuada persistência e rusticidade, apresentam problemas de baixo 
valor nutritivo, limitando a sua utilização àquelas categorias de menor exigência 
nutricional. Alem disso, em função do habito de crescimento prostrado, dificultam o 
controle da verminose. Esses aspectos são ainda agravados pela maior 
possibilidade de ocorrência de fotossensibilização em ovelhas paridas e animais 
mantidos exclusivamente sobre essa forrageira.Uma das alternativas que tem mostrado melhores resultados é o capim 
Aruana (Panicum maximum cv. Aruana) que apresenta as seguintes características: 
• Cultivar do “colonião”, selecionado no Instituto de Zootecnia em Nova Odessa; 
• Elevado valor nutritivo e excelente aceitabilidade pelos animais; 
• Alta produtividade de forragem, variando de 18 a 21 toneladas. de matéria seca 
(MS)/ha/ano, com 35 a 40% dessa produção ocorrendo no inverno (período seco 
do ano); 
• Porte médio, atingindo aproximadamente 80 a100 cm de altura; 
• Grande capacidade e rapidez de perfilhamento, com grande numero de gemas 
basais, rebrotando após cada ciclo de pastejo. 
• Boa capacidade de ocupação da área de pasto, não deixando áreas de solo 
descobertas, o que evita o praguejamento e auxilia no controle de erosão; 
• Propagação por sementes (formação mais fácil, rápida e de menor custo); 
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• Boa produção de sementes, garantindo o restabelecimento rápido da pastagem 
em caso de necessidade de recuperação (após eventuais “acidentes”, como 
queima e geadas, ou degradação por falha de manejo); 
• Boa tolerância ao pastejo baixo (rente ao solo) promovido pelo ovino, o que 
possibilita a adoção dessa técnica de manejo como parte estratégica no controle 
de parasitas (helmintos), promovendo a exposição de larvas às intempéries 
climáticas (radiação solar e vento); 
• Arquitetura foliar ereta e aberta, típica das forragens cespitosas (em touceiras), 
que propicia uma maior incidência de radiação solar e maior ventilação dentro do 
perfil da pastagem. Isso força a migração das larvas para a base do capim logo 
às primeiras horas da manhã, após a secagem do orvalho, favorecendo o 
controle da verminose: e 
• Mostrou-se relativamente tolerante às geadas e ao ataque de cigarrinha. 
Outra alternativa de interesse é o capim Tanzânia, também cultivar de 
Panicum maximum, que apresenta algumas características semelhantes ao Aruana, 
apresentando, todavia, porte um pouco mais elevado e capacidade de perfilhamento 
um pouco menor (menor quantidade de gemas basais). 
Essas forrageiras, em função do habito de crescimento cespitoso, apresentam 
um manejo mais complexo que aquelas de habito prostrado. No entanto, o ganho 
em desempenho e, principalmente, o aspecto favorável com relação ao controle da 
verminose, justificam a sua indicação como forrageiras ideais para os ovinos, 
prestando-se tanto para pastejo como para fenação (ou silagem). 
 
5.1. O emprego do capim Aruana em Nova Odessa (IZ) 
 
Durante todo o período em que o Aruana está sendo utilizado na unidade de 
ovinos em Nova Odessa (SP), tem-se procurado avaliar anualmente a sua 
produtividade e comportamento sob pastejo, obtendo-se valores médios da ordem 
de 18 a 21 toneladas. de MS/ha/ano. A boa qualidade da forragem vem sendo 
atestada pelo excelente desempenho obtido com fêmeas ovinas das raças lle de 
France e Suffolk, em gestação ou em crescimento. 
 A área de pastagem utilizada é subdividida em cinco piquetes, possibilitando 
um manejo rotacionado no qual cada pasto é utilizado por um período de 9 a 15 dias 
(no máximo), tendo um período de repouso de 40 a 60 dias, dependendo da 
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disponibilidade de forragem e da situação do “stand” da forrageira no piquete após 
cada ciclo de pastejo. 
 No verão (período das chuvas) cada piquete é subdividido com auxilio de 
cerca eletrificada móvel, sendo movimentada em faixas, liberando-se 1/3 da 
pastagem a cada período de 3 a 5 dias. 
 A elevada produtividade e alto valor nutritivo do Aruana é dependente de uma 
adequada reposição de nutrientes no solo, que é feita anualmente através da 
fertilização química com N, P, K e Ca, com base em análise de solo e, 
eventualmente, da forragem. A necessidade média de reposição tem sido de 50 
kg/ha de fósforo e 30kg/ha de potássio. A correção da acidez do solo foi feita 
inicialmente na formação da pastagem, e, posteriormente, após 3 anos da formação 
da pastagem, com a distribuição de 2000kg/ha de calcário em área onde foi 
introduzida leguminosa (soja perene). A reposição de P, K e Ca é feita a lanço, 
normalmente no inicio do período das águas. A adubação nitrogenada correspondeu 
a 150 kg/ha de N, tendo sido utilizado o nitrocálcio ou sulfato de amônio como adubo 
nitrogenado. Dessa quantia, 100kg/ha foram distribuídos a lanço no final do período 
das águas e os outros 50kg/ha junto com restante da adubação (início do período 
das águas subseqüentes). 
 Em razão desses aspectos, tem sido possível a utilização de lotações altas na 
pastagem, da ordem de 35 cabeças/ha/ano contra uma média de 12 a 20 
cabeças/ha/ano, obtida pelos criadores com outras forrageiras. Além disso, foram 
realizadas somente de 5 a 6 aplicações/ano de anti-helmínticos contra 10 a 12 
usualmente utilizadas pelos pecuaristas. 
 Dessa maneira, o capim aruana mostra-se como uma excelente alternativa, 
senão a ideal, para o pastejo pelos ovinos, desde que em condições adequadas de 
manejo, solo e clima, podendo a sua utilização contribuir significativamente para que 
a ovinocultura se firme cada vez mais como alternativa de viabilização sócio-
econômica para a pequena e media propriedade rural no Estado. 
 
6. Consorciação de gramíneas com leguminosas 
 
Outra alternativa a ser considerada na busca de pastagens mais produtivas é 
a utilização da consorciação de gramíneas com leguminosas forrageiras. Essa 
prática melhora o valor nutritivo da forragem disponível na pastagem, além de 
diminuir a quantidade de adubo necessário para a reposição do nitrogênio, em 
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função da fixação do N2 atmosférico promovida pelas leguminosas. Todavia a 
consorciação exige a adoção de técnicas de manejo específicas para a obtenção de 
bons resultados, principalmente em razão da menor velocidade de crescimento da 
leguminosa em relação às gramíneas. A primeira consideração é quanto à 
adequação entre as forrageiras a serem consociadas, sendo que neste aspecto as 
gramíneas cespitosas são mais adequadas que as estoloníferas por permitirem, em 
função da arquitetura ereta, maior luminosidade e espaço para vegetação das 
leguminosas, inclusive servindo-lhe de suporte. Outro ponto a ser considerado é a 
reposição de nutrientes, que deve favorecer principalmente a leguminosa, em função 
da sua maior taxa de vegetação. 
O manejo da pastagem, em termos de período de ocupação e de repouso, 
taxa de lotação e altura mínima de pastejo, deve ser adequado às duas forrageiras. 
Por variar para cada tipo de consorciação, considerando-se caso a caso, o manejo 
deve ser baseado na avaliação visual da quantidade de forragem disponível e da 
proporção gramínea/ leguminosa, não havendo uma regra fixa de procedimento. 
Uma das práticas importantes para se garantir a persistência da leguminosa 
na pastagem é possibilitar, de tempos em tempos, o seu florescimento e 
sementeação, o que garante a ressemeadura natural e pereniza a forrageira na 
pastagem. Para tanto, é necessário fazer o diferimento do pastejo de um ou dois 
piquetes a cada ano no período de florescimento e sementeação da leguminosa. 
Aliás, igual providência deve ser considerada também com relação à gramínea. 
Nesse sentido é primordial, para que se obtenha sucesso na consorciação, a 
escolha de leguminosas precoces, ou seja, que apresentem florescimento entre 
março e maio, época do ano na qual ainda é possível vedar a área ao pastejo sem 
prejuízo na alimentação dos animais. 
A consorciação com leguminosas tardias, com florescimento entre junhoe 
agosto, impossibilita essa prática, pois o florescimento ocorre na época de menor 
disponibilidade de forragem em nossa região. Dessa maneira, sem a possibilidade 
de ressemeadura natural, a tendência é o desaparecimento ou a diminuição 
acentuada da presença da leguminosa em dois ou três anos. Essa é, 
indubitavelmente, uma das principais causas da dificuldade verificada, pela maioria 
dos pecuaristas, na manutenção de pastagens consorciadas. 
Com relação a isso há uma certa parcela de culpa por parte dos técnicos 
envolvidos nos processos de estudo e seleção dessas forrageiras, que muitas vezes, 
por levar em conta somente o potencial produtivo em termos quantidade de 
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MS/ha/ano, elegiam como mais adequadas àquelas espécies ou cultivares que 
sobressaiam nas parcelas dos campos de ensaios nesse aspecto. Como as 
leguminosas diminuem drasticamente o crescimento vegetativo ao florescerem, 
aquelas que florescem primeiro (precoces) tem menor período de crescimento 
vegetativo e, portanto, menor produção de MS em relação às tardias. Estas, por 
permanecerem em vegetação por maior período de tempo, acabam apresentando 
maior produção das MS por área. Em face disso a grande maioria das leguminosas 
disponíveis no mercado são de variedades tardias. 
Dessa maneira, para que haja sucesso na consorciação, os seguintes 
aspectos devem ser levados em conta: 
• Adequação da leguminosa e gramínea às condição de clima de solo da região; 
• Bom potencial de produção de sementes de ambas forrageiras; 
• Utilização de cultivares precoces de leguminosas; 
• Manutenção de níveis adequados de fertilidade, notadamente de micronutrientes; 
• Adequação do manejo aos hábitos de crescimento das forrageiras, com ênfase 
para a leguminosa; 
• Determinação de épocas oportunas de diferimento do pastejo para possibilitar o 
florescimento e ressemeadura natural das forrageiras. 
 
7. Manejo e lotação do pasto 
 
O manejo adequado das pastagens, a serem utilizadas por ovinos, deve 
obrigatoriamente levar em conta dois aspectos: a obtenção de forragem em níveis 
elevados de qualidade e quantidade e a manutenção de um reduzido nível de 
contaminação por ovos e larvas dos helmintos (endoparasitas). Estes dois pontos 
irão refletir na carga animal a ser utilizada, ou seja, no número de matrizes que as 
pastagens poderão manter. 
Visando-se exploração intensiva das áreas disponíveis, determina-se o 
número total de matrizes da criação, que representará a carga animal máxima, com 
base na área de pastagens efetivamente disponível e no potencial de produção 
anual, em termo de produção de MS da forrageira predominante. Considera-se 
constante o número de matrizes durante todo o ano e admite-se já, de princípio, a 
necessidade de utilização de forragem conservada (preferencialmente silagem) para 
suprir deficiência de alimento no período “seco”. 
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Na definição da carga animal deve se considerar ainda uma perda média por 
acamamento e pisoteio de aproximadamente 20% do total da MS produzida e uma 
média de ingestão de MS de 3,0% do peso vivo (PV) cabeça/dia. 
A título de ilustração e considerando-se as condições existentes no Instituto 
de Zootecnia em Nova Odessa (SP), estimou-se o potencial médio de produção de 
forrageiras como o Aruana, Coast Cross, Tiffton e Transvala em 18 a 20 toneladas 
de MS/ha/ano, para condições de manejo rotacionado e nível de reposição anual de 
N de 250 a 300kg/ha. Nessas condições a lotação máxima da pastagem seria de 
aproximadamente 30 cabeças/ha, considerando-se valores médios de: 
 
• Peso vivo de matriz = 60kg 
• Intervalo entre partos = 8 meses 
• Numero de parições = 1,5/matriz/ano 
• Período de aleitamento =52 dias/ parição (45 a 60 dias) 
• Período de confinamento em aleitamento de crias = 78 dias/ano 
• Período de pastejo = 287 dias/ano 
• Consumo diário de MS = 1,8 kg (3% do PV) 
• Consumo total de MS de forragem em pastejo =517kg MS/ matriz/ano (a) 
• Produção de forragem =19.000kg de MS/ha de pasto/ano 
• Perda de forragem por acamamento e pisoteio = 3.800 kg de MS 
• Forragem disponível = 15.200kg de MS/ ha de pasto/ano(b) 
• Lotação máxima = 30 cabeças / ha ano (b/a) 
 
Deve ser lembrado ainda a necessidade do plantio, anualmente, de uma área 
de 1,5 ha de milho ou de sorgo para a produção de silagem e de 1,0 ha de capineira, 
para um módulo de criação de 100 matrizes, estando incluído nessa estimativa, o 
consumo das matrizes, crias e reprodutores. 
As pastagens devem ser manejadas, obrigatoriamente, em esquema de 
rotação, visando principalmente manter-se o controle da infestação da forragem por 
larvas de helmintos em níveis mais baixo possíveis. Deve-se evitar períodos de 
ocupação superiores a 5 a 7 dias, visando minimizar a exposição dos animais às 
larvas infestantes (L3) eclodidas naquele mesmo ciclo de pastejo (auto infestação). 
Dessa maneira, quando a população de larvas infestantes torna-se significativa, os 
ovinos já terão saído daquela área de pastagem, cuja forragem estará bastante 
rebaixada, ficando as larvas sem hospedeiros e expostas as intempéries climáticas 
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(radiação solar e vento). O período de repouso irá variar em função da época e do 
ano, das condições climáticas, da forrageira e das condições de fertilidade do solo. 
Em média, considera-se um período de 35 a 45 dias como suficiente para se ter uma 
boa recuperação da forrageira, além de uma considerável diminuição na quantidade 
de larvas infestantes. 
 Resultados bastante positivos podem ser obtidos dividindo-se a área total de 
pastagem em 5 ou 6 piquetes, utilizados em rotação direta do inverno. No período 
de verão cada um desses piquetes é subdividido em três, com uso de cerca elétrica, 
liberando-se 1/3 da área de cada vez para pastejo em faixas. Nos períodos de 
condições climáticas intermediárias (primavera e outono), pode-se reduzir para duas 
o número de subdivisões de cada piquete. 
 Nesse esquema as novas faixas são acrescentadas aquelas já pastejadas, as 
quais, apesar de continuarem acessíveis aos animais, não são mais pastejadas, seja 
por não possuírem forragem, seja pelo acúmulo de urina e fezes. Essas áreas, 
todavia, são preferidas pelos animais para descanso e ruminação, diminuindo assim 
as perdas por acamamento e pisoteio na área em pastejo efetivo. 
 Outra prática interessante, e que pode resultar em menor taxa infestação dos 
animais por larvas de helmintos, é a restrição do pastejo nas primeiras horas do dia, 
quando a pastagem, em razão do orvalho, ainda apresenta elevado teor de 
umidade. Nessas condições as larvas apresentam-se distribuídas em todo o perfil da 
pastagem. Quando o orvalho seca e a umidade do topo das plantas vai diminuindo 
em função da radiação solar, as larvas tendem a migrar para as partes mais baixas 
da planta em busca de ambiente mais sombreado e com maior umidade, que 
ofereça maior proteção contra a radiação solar e contra a dessecação. 
 Nessas condições, apesar de poder haver um alto nível de infestação na 
área, como as larvas estão concentradas nas partes mais baixas das plantas, os 
ovinos, pelo fato de executarem um pastejo mais de topo, estarão ingerindo 
forragem com menor contaminação, reduzindo assim sua infestação por 
endoparasitas. Esse efeito é notório em forrageiras de habito cespitoso, no período 
de maior vegetação da forragem, correspondente ao verão chuvoso das regiões 
Sudeste e Centro Oeste. No período de inverno essa prática não apresenta 
resultados significativos. Com forrageiras de hábitoprostrado (estolonífero), mesmo 
no verão não se observa resposta considerável a esse procedimento. 
Outra prática a ser adotada no esquema de controle da verminose é a 
utilização concomitante da área de pastejo por bovinos e/ou eqüinos. Isso se deve a 
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baixa possibilidade de infestação cruzada entre as diferentes espécies de helmintos 
que parasitam cada uma delas e ao papel de limpeza que cada espécie efetua para 
a outra quando ingere ou elimina nas pastagens larvas de vermes específicas da 
outra espécie. Há ainda que se considerar o aspecto positivo que a consorciação de 
espécies com diferentes hábitos de pastejo exerce sobre a quantidade e qualidade 
de forragem, em função da maior uniformidade e equilíbrio no pastejo. 
 
8. Importância da fertilidade do solo 
 
Elevada produtividade de alto valor nutritivo são características essenciais 
nas forrageiras a serem utilizadas com ovinos. Para tanto é necessário que o nível 
de fertilidade do solo seja compatível com as exigências da forrageira. Capins como 
Coast Cross, Tiffton, Aruana e Tanzânia, em função do elevado valor nutritivo, 
notadamente em função dos teores de proteína e minerais bastante significativos, 
exigem solos com elevada capacidade de saturação de base (V%) e altos teores de 
nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), além dos micronutrientes. 
A redução da fertilidade, em função da contínua remoção de nutrientes 
promovida pelo pastejo e ainda pela lixiviação, resulta em gradativa redução na 
produtividade, bem como na qualidade da forragem. Isto exige a reposição 
constante dos nutrientes através da fertilização. E, apesar de o N ser 
indubitavelmente o nutriente de maior efeito na produção de MS das gramíneas, a 
resposta a esse nutriente é limitada pela deficiência dos demais. 
Pesquisas conduzidas no instituto Zootécnica, em Nova Odessa, mostraram 
que o parcelamento da reposição de N, aplicando-se 2/3 da dose total no final do 
período das chuvas e o 1/3 restante no inicio do período das chuvas, resultou em 
maior produção de forragem por área, bem como na melhoria na distribuição da 
produção durante o ano, com aumento proporcionalmente maior no período da 
estiagem. 
 
VI. CONSORCIAÇÃO DE OVINOS COM CULTURAS 
VEGETAIS E ANIMAIS 
 
 Este capítulo foi extraído de.Sobrinho (1993). 
 
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1. Introdução 
 
 A criação de ovinos, no estado de São Paulo, deveria constituir numa das 
principais fontes de riqueza, dadas às condições de ordem econômica, climática e 
agrostológica que se verificam. Entretanto, estima-se que o estado de São Paulo 
possua apenas pouco mais de 250.000 cabeças de ovinos, cuja produção de lã não 
deve ultrapassar 300 toneladas. Por outro lado, além de termos condições 
ecológicas adequadas à produção de lã e carne, possuímos um vasto mercado 
interno para absorver, em crescente proporção, qualquer quantidade desses 
produtos; e com o advento da fibra sintética, devemos manter a lã na condição de 
produto insubstituível, melhorando os métodos de produção por meio de 
investigações científicas e experimentações. 
 Dentre estas, considera-se de caráter emergente, pela inexistência de 
trabalhos, estudos sobre consorciação de ovinos com outras culturas vegetais e 
animais. No primeiro caso, as observações levariam a concluir se os ovinos 
poderiam ser utilizados no combate às ervas daninhas das culturas sem danos a 
estas (ataque à casca do caule, ingestão de folhas, mudas novas e frutos), assim 
como se os animais apresentariam desenvolvimento ponderal e qualidade de lã 
(matéria vegetal aderida) satisfatória, sendo também permitido concluir sobre as 
épocas em que os animais poderiam ter acesso à cultura em consorciação, levando-
se em consideração os tratos culturais. 
 No segundo caso, ou seja, consorciação de ovinos (bovinos, eqüinos e 
periferia de tanques de piscicultura), embora seja praticada por um pequeno número 
adeptos, também se apresenta ainda sem embasamentos científicos, embora seja 
sabido que ambas as espécies se beneficiem em tal consorciação, principalmente no 
tocante às infestações parasitárias, devido ao fato de não serem cruzadas, e como 
recurso para melhor aproveitamento das pastagens. 
 
2. Algumas culturas vegetais viáveis 
 
 Desde algum tempo, tem-se preconizado a criação de ovinos em áreas 
ocupadas por culturas perenes como cafezais, laranjais e macieiras, com o intuito da 
utilização do espaço disponível entre as árvores, freqüentemente invadido por outras 
plantas; notadamente algumas espécies de gramíneas que se constituem em 
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problemas para o manejo da cultura em questão, mas que se aplicam perfeitamente 
na alimentação dos ovinos. 
 Não é comum se creditar aos ovinos o hábito de ingerir plantas lenhosas a 
não ser em condições ecológicas especiais ou quando há falta de outros alimentos. 
São vários os fatores que influenciam a seleção e composição da dieta dos 
ruminantes, configurando um quadro complexo. 
 No caso da consorciação de ovinos com culturas, parece ser a complexidade 
devida ao grande número de seus componentes botânicos. Entretanto, caprinos e 
ovinos mantidos em caatinga, tiveram a composição florística de suas dietas 
variando do mínimo de cinco ao máximo de doze espécies botânicas ao longo do 
ano. Esse fato demonstra que a apetibilidade de uma dada espécie botânica da 
pastagem varia em função de sua abundância, dos outros componentes a ela 
associados, do tipo animal, do ano e da época do ano, e da familiaridade do animal 
com a pastagem. 
 A preferência alimentar sobre as forragens também varia de acordo com a 
espécie animal e com a intensidade do pastoreio. Em termos gerais, os bovinos e 
ovinos tendem a pastejar mais gramíneas, enquanto que os caprinos parecem 
preferir o consumo de espécies lenhosas. 
 
2.1. Café e Cítricos 
 
 Muita ênfase se tem dado ao barateamento dos pastos destinados às 
ovelhas, de forma a reduzir o custo de produção das mesmas, buscando-se 
pastagens alternativas que possam alimentá-las convenientemente. Entre tantas, a 
colocação de ovelhas em lavouras permanentes, onde possam, além de utilizar uma 
pastagem barata (e porque não dizer indesejável), prestar serviços na limpeza 
destas. 
 No tocante à consorciação de ovinos com culturas de café e cítricos, embora 
as condições de limpeza dessas culturas hajam melhorado, é viável a introdução de 
métodos simples e econômicos (controle biológico) que permitam ao produtor 
manter suas lavouras livres de ervas daninhas que predominam nesta ou naquela 
região. 
 Desses vegetais, a maioria tem ciclo vegetativo de cerca de 60 dias, dentro 
dos quais deverão ser eliminados a fim de evitar concorrência com a cultura e 
produção de sementes. Assim, os ovinos tenderiam a manter limpo o solo sob a 
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cultura, pois os vegetais à sombra mantêm-se mais tenros, havendo preferência da 
espécie por estes. 
 Em lavoura de café já se tem alguma pequena experiência e observa-se, em 
algumas propriedades, que o efeito foi bastante satisfatório, mesmo porque, nem 
sempre os pastos recebem cargas de corretivos ou adubações tão grandes, como o 
recebem as invasoras, presentes nas ruas da lavoura. No entanto, não existem 
ainda dados muito precisos acerca de tal prática, visto que as condições são 
extremamente variáveis, não se podendo prever as taxas de lotação e suporte por 
ano. 
 O

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