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291.6Comprimentomáximodo trem---------------------~------- ------- -- ---------------~------------- • a capacidadede reiniciar o movimento no aclive crítico, que dependeda aderência. Como deseja-seaproveitarao máximo a capacidadede traçãodas locomotivas,a velocidadede operaçãono aclive crítico ébem próxima da velocidademínima de operação. 1.6.1Capacidadede cargados engates As forças hori7.0lllaisque aluam numacomposição (o esfon;o Iralor e a rcsistC~Il- cia ao movimcnto) se concenlram nos engatesentreos vagões. () cngateentreo primeiro vagãoe a última locomotivatemquesuportara força necess{iriaparamo- vimentartodosos vagõesdo trem. Por conseguinte,o esforço tratordesenvolvido pelas locomotivassituadasna frenteda composiçãoé limitado pelacapacidadede cargano engateque conectaa última locomotiva aos vagões. Os engatesautomáticosusadoshoje em dia, como o mostradona Figura J. J 8, foram inventados por Eli Janney por volta de 1860,em Virginia, nos Estados Unidos. Os diagramas da figura 1.19 ilustram o funcionamento dos engates. Quando dois vagõesse aproximam,as garrasou pegadoresestãoabertas;quando os engatessejuntam, as garraspivotantesencaixam-se. Nesse instante,UITl fecho interno cai e impede qualquer movimentodos pegadores.Os engatesnão podem ser soltos a menosque os fechos sejam puxadosparacima por um guarda-freios, usandouma alavancaque se estendeparao lado do vagão. Os engatesautomáticose o freio aarcomprimido foram imporlantcsdesenvol- vimentosno transporteferroviário, na medidaem quecontribuíramparaaumentar a segurançana operaçãodos trens. No final do século passado,mais de 20.000 ferroviários morriam anualmentenos Estados Unidos el11acidentes ferroviários, um terço desse número por causa de acidentesdurante a operação de engatee Desengatado Engatado Fig. 1.18:Engatcautomático Fig. 1.19:Esquemadefuncionamentodocngatcautomático 30 Capítulo1.Mecânicada locomoçãode veículosferroviários I desengatedascorrentese pinos que interconectavamos vagões.O uso de engates automáticos,quenãoobrigaosferroviáriosaficaremempéentreosvagõesdurante as manobras,foi um fator preponderantena melhoria da segurançado transporte ferrovi.ári06. Os engatesautomáticossãoprojetadosparasuportarforçasde 1.500kN dentro do seu limite de segurança. O engateque suporta a maior força de tração ou compressãoé o situadoentreo primeiro vagãoe a última locomotiva. Esta força pode sercalculadapelaexpressão: na qual F .C'lHíl>.· F .!milX· força máximano engate[kN]; força motriz máxima [kN]; númerode locomotivas;e resistênciatotal ao movimentoda locomotiva [kN]. (1.31) Isto é, a capacidadedo engatedeve ser maior ou igual à força motriz líquida usadapara movimentaros vagões. Por outro lado, como a resistênciatotal das locomotivasé pequenase comparadaà força motriz máxima,bastaverificar se a capacidadedo engateé maiorque a força motriz máxima. Quando forçasmotrizesmaioresqueacapacidadedo engatesãorequeridasem baixa velocidade, pode-seposicionar locomotivasoperadaspor controle remoto na metadeou no último terçoda composição,parareduzir as forçasnosengatese. melhorara eficiênciados freios do trem. 1.6.2Capacidadede reiniciaro movimentonumaclive Na determinaçãodo comprimento máximo do trem, a capacidadede reiniciar o movimento no aclive mais íngreme deve ser vcrificada. Do contrário, pode ser que a composição lique impossibilitada de sair da rampa sem a ajuda de uma locomotiva adicional. Se um trem páranum aclive e tentareiniciar o movimento,a aderêncialimita a força motriz que efetivamentepode ser usadapara movera composição (veja a Equação 1.10,11 página8): 6Apesardisso,osengatesautomáticosnãosãousadosnaEuropaatéhojeporfaltadeconcordância a respeitodo tipoJe engateaserusado. 1.6Comprimentomáximodo·trem 31 em que FIII,,,,: força motriz efetivamáxima (kN); 11 /.: númerode locomotivas; f: aderência(veja o item 1.2.2,à página 7); e 7;( peso aderenteda locomotiva (kN). Essa força motriz efetiva máxima deve ser maior que a resistência total ao movimento, para que o trem possa retomar o movimento. A resistência total, quúndo o trem volta a se mover,é a somada resistênciainerenteao movimentoe da resistênciade rampa. A resistênciainerenteao movimento, paraum trem que reinicia o movimento,épequenapois a velocidadedo tremébaixa. A parcelamais significativa da resistênciatotal é a resistênciade rampa. Portanto, a força motriz efetivamáximadeveser maior quea resistênciade rampaparaqueo tremconsiga reiniciar o movimento. Exemplo 1.10 Deseja-sedeterminaro maislongotremquepossaviajar /ll/maclivede L(10. As locomotivasdisponíveissãoasdoExemplo1.4esuavelocidademínimaé20km/h. Os I'agõe.\·sãoosdo mesmoexemplo. Solução: Pode-se determinaracapacidadede traçãode uma locomotiva narampae, a partir daí, estabelecero número máximo de vagõesquI.' uma locomotiva consegue rebocar naquela rampa. O comprimento máximo do trem pode ser encontrado a partir da força máxima no engate. A força motriz exercida pela locomotiva do Exemplo IA a 20 km/h é: P 3000 Fi =2175- =2175-- =326,25kN. V 20 Supondo-se que a aderência f =0,22, a força motriz efetiva máxima que pode ser lIs<ldaé l'~II''''=f "1;, =0,22. 1.300=286kN, sem que as rodas da locomotiva patinem. Conhecida a força motriz n<lrampade I%,pode-sedeterminaro número de vagões que a locomotiva consegue rebocar a partir da resistência total da locomotiva e de um único vagãopois, na velocidade de equilíbrio, a resistência total é igual à força motriz: A resistência total de uma locomotiva que viaja a 20 km/h pode ser calculada por (confira o Exemplo IA): R/I. +RI/I. +Rgl. =::? 1345+11,7.20+0,46.202+10. 1.300.I 14.763N. 32 Capítulo 1.Mecânicada locomoçãode veículos ferroviários A resistênciatotaldeumvagão,porsuavez,é: Rv Rrv +R"v +RgV =* Rv = 1215+14,3.20+0,0765.202+IO.J.100.l = 12.532N. o númcromáximode vagõesIIV quc podcmscr rchocadospor umalocomotiva numaclivcde 1%podcserentãocalculado: 286- 14,763 IIV::::: ~--'~' -=:21,6 ==? I/v =21vagões 12,531 scmquco limitedaaderênciasejaviolado. Supondo-sequea forçamáximaadmÍssfvelno engateseja 1.200kN, o compri- mentomáximodotrempodesercalculadoapartirda forçamáximanoengaleeela resistênciatotaldosvagões: Fc",,,, 1.200 _ F, > 1/ V Rv ==? 11 = ~-' =--- =:95 7 vagocs. 1.",", - Rv 12,531 ' ~ Ou seja,95 vagõespodemserrebocadosIlumarampade 1% semquea restrição da forçamáximaadmissfvelno engatesejaviolada. Pararcbocar95 vagõessão nccessárias5 locomotivas(95/21,6=4,4). Podc-sevcrificarseessetremconseguereiniciaro movimentonarampa: FI =I1L RL + I1V Rv =:5.14,763 + 95.12,531=1.264kN. A força motriz máxima nãosuperao limite de aderênciaFI""" = 11r. f T" 5 .286 = 1.430kN e, por conseguinte,o trempodetrafegarpclarampade 1% semnecessidadedelocomotivasauxiliarcs. 1.7 Consumo de combustível Em muitastecnologiasde transporte,bemcomo em outrasaplicaçõesnasquais se utilizam motoresde combustãointernapara a geraçãode forças, observa-seque o consumo de combustívelé diretamenteproporcional ao trabalhototal realizado pelo motor: z = w,. em que z: combustívelconsumido [f]; w: trabalhototal realizado [N.m); e ,.: coeficientede consumode combustível r f.N-1 • m-I). (1.32) 1.7Consumo de combustível ocoeficientedeconsumodecombustíveldelocomotivasdiesel-elétricasédecerca 0,11e. kN-\ .km-I. o esforçotratordesenvolvidopor umtremviajandoao longode um trecho de via variaconformeas característicasda via (taiscomodeclividade,raiosde curvatura,etc.)mudam.O trabalhototalrealizadonumaviagemédadopor: 33 (tiW =ia l~(x)dx (1.:n) emque W: trabalhototalrealizadonumtrechodecomprimcntod [N.m]; F,(x): forçadetraçãonopontox [N];e d: distânciatotalviajadapelacomposição[I1IJ. ( 1.34) Entretanto,comoadeterminaçãodafunçãoFI (x), naprática,élImtantoquanto complexa,costuma-seusaraseguinteaproximaçãodaexpressãodaEquação1.33:k W =L F[(i)d; i=\ emque W: F, (i): di: k: trabalhototalrealizadonumtrechodecomprimentod [N.m]; forçadetraçãonoi-ésimosegmentodotrechoviajado[N]; comprimentodoi-ésimosegmentodotrechoviajado[m):e númerodesegmentosnotrecho. Isto é, divide-seo trechoemquestãoemk segmentostaisquea forçadetração requeridaemcadasegmentosejaconstantce taisque k Ld;=d. ;=1 O consumodecombustívelparacadaseçãopodesercalculado,eosomatóriocicIes é o consumototaldecombustível. Outraformabastantecomum,naEngenhariadeTransportes,dedeterminaro consumodecombustívelé atravésdapotênciautilizada: sendoque z =r' P t r': coeficientedeconsumodecombustível[g.hp-I.h-I]; P: potênciadomotor[hp];e t: tempodeutilizaçãodomotoràpotênciaP [hl. (1.35) 34 Capítulo 1. Mecânica da locomoção de veículos ferroviários ocoeficiente de consumo de combustível para locomotivas diesel-elétricas varia entre 160e 1909.hp-l.h-1• Note-se que as Equações 1.32e 1.35 são equivalentes, pois li trabalho POdê ser também expresso como o produto da potência pelo tempo. Resumo •odesempenhode um trem éestimado a partit do esforço tratorgerado pelas loco- motivase a resistênciaao movimento oriunda das locomotivas e vagões. • Três fatores limitam a velocidade de uma locomotiva diesel-elétrica: a corrente 1I1<1xillla,a voltagem máxima e a aderência. • A resistência ao movimento possui quatro componentes principais: resistência ao rolamento, resistênciado ar, resistênciade rampa e resistênciade curva. • A velocidade de equilíbrio de uma composição ferroviária é definida como a velo- cidade na qual o esforço tratoré igual à resistência total ao movimento. • A forçade frenagemlimite dependedo coefieientedeatritoentreasrodaseos trilhos, que normalmentevaria de 0,2 paravelocidades baixas a 0, I paravelocidades altas. • () consumo de combustível de uma locomotiva diesel-elétrica é diretamentepro- porcional ao trabalho realizado pelo motor. Para aprender mais Estradasde Ferro (vol. 2), H. L. Brina. Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro, 1982. Discute os princípios básicos da tração, da frenagem e da lotação dos trens, bem como discute e compara o funcionamento e a operação de diversos tipos de loco- motivas nos capítulos I a 6. Railroad Engineering(2a ed.), W. W. Hay. Wiley & Sons, Nova Iorque, 1982. Trata com detalhesde praticamentetodos os aspectosdo transporteferroviário. Introduction toTransportationEngineel'Íngand Planning, E. K. Morlok. McGraw- Hill, Nova Iorque, 1978. Abordade formasistemáticaecomparativatodasos modosdetransporte,apontando similaridades e diferenças. No capítulo 4, lrata da mecâniea de locomoção dos veículos. An lntrociuctiontoTmnsp<u-tutionEngineering(2U ed.), W. W. Hay. Wiky & Sons,' Nova Iorque, 1977. Em 196I, em sua primeira edição, foi pioneiro em tralar de forma sislemática os aspectos tecnológicos, operacionais e econômicos das várias modalidades de Exercfclos transporte. /\ segunda parte, formada pelos eaprtulos4 a 7, ahorda as lecnologias de Iransporte. () capflulo 5 tratada f(ll\a motriz e da resistênciaao lllovilllenlo para diversas modalidades de transporte. Rodas, W. Owen e E. Bowen. Biblioteca Científica Life, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 19R2. Um livro inleressantee de fácil leitura que apresentaa evoitJ(Jio hislúrica das tec- nologias de transportesobre rodas, contendo excelentesdescrições, explicaç(lcs e gráficos que mostramo funcionamento de locomotivas, freios, engates,ete. Urban Publie TransportationSystemsandTeehnology,V. R. Vuchie. Prentice-Hall, New 1crsey, 198I. Uma obra clássica da literatura em Engenharia de Transportes, aborda aspectos teenológicos dasdiversas modalidadesusadasno transportepúblico dc passageiros, de forma clara, bem organizada e altamenteinformativa. Os capílulos :I c 5 tratam das modalidades sobre trilhos. Exercícios Problema 1.1 Um trem composto de um certo número de locomotivas diesel-elétricas, cuja potência é :1.000hp, com 6 eixos (todos motrizes), 100 I de massa, I1 m2 de área frontal, que rehocam 25 vagões de carga geral (4 eixos, 80 t de massa, ,írea fl"Ont;11de 8,5 m2) deve ser eap;\!.de suhir um aclive de I % com uma curva de 200 111 de raio, a 25 km/h. Pergunta-se: ((/) Quantas locomotivas são necess;íriaspara isto? (h) Qual é a velocidatk máxima deste Irem num trecho plano? Problema 1.2 Qual é o número máximo de vagõesquc podem ser adicionados à compo- sição determinadano problema 1.1de modo que: ((/) A velocidade no aclive do problema 1.1não seja inferior a 15 km/h? (b) A força máxima no cngateseja inferior a 900 kN? (c) O trem possa reiniciar o movimento num aclivc de I %, com aderênciade O,21? (d) As três condições acima sejam respeitadassimultaneamente? Problema 1.3 Se o trem detenninado no problema 1.1estiver se locolllovcndo à veloci- dade máxima possível num trecho plano, qual é a distância de frenagcm neccssária para uma paradacompleta? Problema 1.4 Suponha queo tremdo problema 1.1viaje ao longo de um trechode 65 km, composto por uma seção reta e em nfvel de 40 km, c de um aclive ele I % de 2S km de comprimento. Determine o volumc de combustível gasto nessaviagem. 35 36 .. Capítulo1.Mecânicada locomoçãode veículos ferroviários Problema 1.5 Considereo tremdoexemplo1.10(pág.31). (a) Qualdeveserapotênciatotalmáximaquepodeserutilizadanotrechoplanoparaque a velocidadedo tremnãosejamaiorqueo limitedevelocidade(70km/h)? (b) Qualdeveseraforçadefrenagemaplicadaaotremnotrechoemdeclive(-0,5%)para quea velocidadedo tremnãoexceda70km/h? Sugestão:useumgráficocomoodaFigura1.15paraumasoluçãográficaparao problema. Useumaplanilhaeletrônicaparaelaboraro gráfico. Problema 1.6 Considereo tremdo exemplo1.10(pág.31). Quantosvagõespoderiam seradicionadosaotremseaforçamáximanoengatefor 1.500kN aoinvésde 1.200kN? Problema 1.7 Determineumtrem-tipoparaserutilizadonotransportedegrãosentreum portolocalizadoàsmargensdorioTietêeoportodeSantos.A rampamáximacompensada queo tremcarregadodevesubiré2%. O volumediárioaserescoadoéde5.000t desoja ou farelo.As característicasdaslocomotivasedosvagõessãodadasa seguir. (a) É possíveltransportaro volumeprevistocomumúnicotremdiário? (b) Quaismudançaspoderiamserfeitasparaaumentaracapacidadedotremtiponocaso deumúnicotremnãosercapazdetransportarademandadiária?Justifique. Locomotivas Vagões 925kNPesobrutototal Tara Lotação Potência Eixos Áreafrontal Velocidademáxima Velocidademínima Capacidadedoengate *Todosmotrizes 2.200hp 4* 9,5m2 105km/h 22km/h 1200kN 27,7t 50,5t 4 8,5m2