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2.4Determinaçãoda velocidadede equilíbrio N = 2664rpm. Quando o caminhão viaja por um aclive de 5%, tambématuasobre ele a resistência de rampa, que é a componente do peso na direção do movimento c que não varia com a velocidade: Rg = 10G i = 10.61.803.5 =3090N. A resistência total pode ser expressapor: RI Rr+Rl/+R~ = (CI+C2V)G+cl/AV2+IOGi RI (7.6+ 0,056. V)61,803+ 0,040.7.32 V2 + 10.61,803.5 RI 3.559,85+3.46V+0,29V2[Nj. (2.10) Plotando-se essa função no gráfico da Figura 2.7. ohtém-se a nova velocidade de equilíhrio V/q =63 km/h. em quarta marcha. já quc a quinta marcha não produz uma força motriz suficiente paracontrahalançara resistênciaao movimento. Nessa velocidade, o motor trabalha'12.518rpm. Como já discutido no item2.2.4,ascurvasde força motriz mostradasna Figu- ra2.7representamo esforçotratorobtido como motorfuncionandonasuapotência máxima- isto é, com o pedaldo aceleradorpressionadoao máximo. No entanto, o caminhão pode operarusando uma potência menor que a máxima, como pode ser visto na Figura 2.8. Suponha-se que o caminhão do Exemplo 2.2 passea viajar em um aclive de 8%. A nova curva de resistênciatotal ao movimento (R =R, +R~)é mostrada no gráfico. Nem a quarta,nem a quinta marchapodemser usadas,pois as curvas de força motriz correspondentesnão cruzam a curva de resistência. O motorista deveusar umadas outrasmarchasnessarampa. A zona sombreadamostraa região em que a terceira marchapode ser usada, com velocidades entre 16,5e 46,2 km/h. Pode-se tambémperceberque a curva de resistênciatotal não cmza a curva de força motriz relativa à terceira marcha. Isso significa que, se o motoristausar toda a potênciado motor, o caminhão irá acelerar (FI > R). Alternativamente, o motorista pode aliviar o acelerador e, usandouma potênciamenorque a máxima, ajustara força motriz produzida pelo motor à resistênciaao movimento. Isto é mostradona Figura 2.8, na qual a curva tracejadamostraa força produzida usando-seapenas770/0da potênciadisponível. Como essa nova curva de força motriz interceptaa curva de resistênciaem doIs pontos,existemduasvelocidadesdeequilíbrio: uma,a 18km/h, e outraa40 km/h. A 18 km/h, o motor estarátrabalhandoa 1092 rpm, enquantoque a 40 km/h, o motor estarátrabalhandoem 2426 rpm. 53 54 Capítulo2. Mecânicada locomoçãode veículos rodoviários--------------------------------.----------------------------------------------- 2.5 Frenagem Do pontode vistado engenhci1'0 detransportes.a frenageméum dosaspectosmais importantes do desempenhoveicular. O comportamentodos veículos durante a frenagemé crítico para a determinaçãode diversos parâmetrosdo projeto de rodovias, tais como a distânciade visibilidade de frenagem(usadano projeto de curvas verticais), a escolha dos materiais mais adequadospara a superfície de rolamento. o projeto de interseçõesetc. Por conseguinte,faz-se necessáriauma discussãobásicados princípios envolvidos na frenagemde veículos. 2.5.1 Modelo simplificado de frenagem No projeto de rodovias, usa-se tradicionalmenteum modelo simplificado de fre- nagem, que é também adotadopela AASHTO para a elaboraçãode normas de projet01de rodovias. odiagramadaFigura 2.9(a)mostraasforçasqueatuamsobreum veículo cujos freios estão sendo acionados num trecho em nível. Supondo-se que o veículo esteja trafegandoa uma velocidade 1'0 quando os freios são acionados, pode-se determinar a distância de .fi"cnogclIl.d, a partir das forças que atuam sobre o veículo na horizontal: em que M: a: F",: F",: F,,: M . a - (F", +1""')=O'---,-' F" massado veículo [kg]; desaceleraçãode frenagcm [m/s2]; força de frenagemno eixo dianteiro [N]; força de frcnagemno eixo traseiro [N]: e força de frenagem[N]. (2.11) Admitindo-se quetodasasforçasatuamsobreo centrodegravidadedo veículo, têm-seque F" =F" f +F",. A força de frenagemmáxima Fhm.x =G..f é limitada pelo coeficientede aderênciaexistentena superfíciede contatopneu-pavimentoe é o produtoentreo pesodo veículo G e o fator de aderênciaf. -'/\ I'oiie\' 011(;"OIll("l"il" /J('sif,1/ o{lIigilll"flv aI/ti SIrI'('/S_ Amcrican Associalion or State Highway and Transpnrlalion Orticials. Wasl1ingllll1.D.e.. EU.A. 19R4_ 2.5 Frenagem (a) (b) (c) 55 Fig. 2.9:Forçasqueatuamsobreumveículosendofreado A desaceleraçãomáxima de frenagem amax pode ser obtida utilizando-se a Equação 2.1I: M·g·f M =p,·f (2.12) A distânciamínima de frenagemdmin pode ser calculadaconhecendo-sea veloci- dadeinicial do veículo t'o e a desaceleraçãomáximade frenagemamax: em que dlllin: Uo: g: f: I ? v6 dmin=--v() =~-- 2 (/ lIlax 2 . P, . .r distânciamínima de frenagem[m]; velocidade inicial do veículo [m/s]; aceleraçãoda gravidade[m/s2]; e coeficientede aderênciana interfacepneu-solo. (2.13) Essa formulação ignorao efeitoda resistênciade rolamcntoeda resistênciado ar,já que essasduas forças produzemdesacelcraçõesmuito menoresque a gerada pelos freios. Todavia, corno tanto a resistênciade rolamentocomo a resistência do'ar diminuem com a reduçãoda velocidade,essasimplificação não tem maiores consequências. A Equação 2.13podesermodificadaparapossibilitaradeterminaçãodadistân- cia de frenagemD, em metros [m], a partir da velocidade V em quilômetros por hora[km/h], quesãounidadesmaiscomunsquandosetratade projetode rodovias. Dessaforma, a Equação 2.13 transforma-seem: D=_l (\1)22.9,81.f 3.6 254 . .r (2.14) 56 Capítulo2. Mecânicada locomoçãode veículos rodoviários----_._------._-------_._-------------------~ cm quc D: \I: f: distânciadc frenagemrm]; velocidadeinicial do veículo Ikm/h); e coeficicntede aderênciana interfacepneu-pavimento. Se o veículo trafeganum aclive, como mostramas Figuras 2.9(b) e (c), uma componentedo peso passaa atuar na direção do movimento e a Equação 2.11 torna-se: { M. (/ +G . senCf - F" =O (declive)M.(/ - G. scnCf- F" =O (aclive) (2.15) em que G épesodo veículo [N]: e Cf éo ânguloda rampacom a horizontal. Como a força de frenagem F" =C.I cosCf. a desaceleraçãode frenagemé: 1 (/=M (G .I cosCf ±G . senCf) =R (f. cosa ±senCf) (2.16) Como os ângulosqueasrampasde rodoviasformam com a horizontal são sempre muito pequenos,pode-se considerarque cos Cf =1 e que sena =tanCf. Como têm-se que tana = 0,01111. cm quc 111 é a inclinação da rampa expressaem [m/100 m1 ou [%],a Equação 2.16torna-se: { g(f +0,01111)li = g(f - 0,(1111) num aclive. num declive. (2.17) A fórmula para cálculo da distânciade frenagem(Equação 2.14) pode então serexpandidaparaserusadanum local ondc existeuma rampa111: \12 D = ~-------- 254(f ±0,01111) (2.18) A Equação 2.18 é usada no processo proposto pela AASHTO para determi- nação da distância mínima de visibilidade, um parâmetroimportanteno projeto geométricode rodovias,pois asseguraquc os veículos conseguirãopararem segu- rançaao avistarum objeto na pista. Na normadaAASHTO, os valoresde f parautilização naEquação 2.18foram determinadosexperimentalmentc.Numa rampa,divcrsos veículos que estãoem vclocidade constantesão freados até pararemcompletamente. Conhecendo-se a velocidade inicial. a declividadc da rampa e a distância de frenagem,pode-se determinaro valor do coeficientede aderênciaf. usando-sea Equação 2.18. 572.5Frenagem-------------------------,.------_ .._--- ----------------------------------- Velocidade Aderência inicial (km/h) (f) Tab. 2.5:Coeficientesde ade- rênciaparacômputoda distân- cia defrcnagcrnpelométodúda AASHTO Na realidade,os valoresde .r determinadosporessemétodolevamemcon- sideraçãoos efeitos da resistênciaaerodinâmica,da resistênciade rolamento, do coeficiente de aderência(com as rodas travadas)e da inércia (transferên- cia de peso do eixo traseiro parao dianteiro durantea frenagem). Assim, os coeficientesf apresentadosnaTabela2.5 são função do níveltecnológico dos veículos usadosno experimentoe devemser revistosperiodicamente. Os valores de f propostos pela AASHTO para serem usados no projeto de rodovias são estabelecidosa partir de estimativasconservadorasbaseadas na suposição de que é grande a possibilidade de ocorrer uma combinação de motorista pouco habilidoso com via, pneus e veículo em mau estado de conservação. Por outro lado, a utilização de valores baixos para a aderência .f fazem com que a distânciade frenagemcalculada seja maior, reduzindo os efeitos negativosque poderiamser causadospelassimplificações do modelo. Exemplo2.3 SI/ponha ql/e 1//11 cominh(/o es/cja a J 00k/11/h.De/erm;ne a distância de{renage/11para es/c \'cíCI//Onl//11trechop/ano e nl//11dec/il'e de 37". Solução:AtravésdaEquação2.1 K.pode·secalcularqualadistânciadefrena- gemnotrechoel11nível,adotando-seUIll valorde 0.29paraf: 1002 D =, .----- = I.V}m. 254.0.29 A distânciade frenagem.numdeclivedeYY,'. seria15 III maislonga: 35 40 50 55 65 70 80 90 95 105 110 0,40 0,38 0,34 0,32 (U] 0,30 0,30 0.29 0,29 0.29 0,28 1002 d =--------- 254(O.29-0.01.l) 2.5.2Modelo detalhado de frenagem' = 151m. A Equação 2.18 pressupõeque a eficiência do sistemade freios é perfeita,que a força de atrito que atuaentreos pneus e o pavimentoem cada roda é a máxima e que não existe transferênciade peso do eixo traseiro para o dianteiro durante a frenagem. A suposição de que a eficiência de frenagemseja nUlxima, implica na suposição de que não ocorre travamentoprematurode nenhumadas rodas do veículo. Entretanto,estasuposição é por demais otimista, jü que não é incomul1lqüe umadasrodastrave. Esta seçãoapresentaum modeloque permitea determinação *0 materialapresentadonestaseçãoe nasseguintesé mais indicadopnraum cursode pós- graduação,maspodeserfacilmentecompreendidoporalunosdegraduação. 58 Capítulo2.Mecânicada locomoçãode veículos rodoviários----------~---------------------------------------- da distânciade frenagemde um caminhãoem funçãodas forças que o sistemade frenagemproduzao secomprimir o pedaldo freio, capazde consideraro efeitoda inércia duranteo processode frenagem. A Figura 2.1Omostrao diagramadasforçasqueatuamnumarodasendofreada. O sistemade frenagemde um caminhão ou automóvelé tal que, ao se pisar no pedal de freio, as sapatassão comprimidas contra o tamborou disco de freio. A pressãonassapatasvaria em funçãoda pressãoaplicadano pedal: quantomais se apertao pedal, maior a pressãoaplicadanassapatas. Pavimento Fz Fig. 2.10:Forçasquealuam sobreumarodasendorreada Chamando a força aplicada às sapatasde B, e o coeficientede atrito entreas sapatase o tamborou disco de freio de .r", a força de atritoqueatuaentreo tambor e as sapatasé 13.fi,. A reação à força de frenagemgerada na interface do tambor com a sapata é a força de atrito entre o pneu e o pavimento,que é dada pelo produto entre a normal ao pesodo eixo, F~e o coeficientede atritopneu-pavimento,f. Se o raio do pneu for R, e o raio do tambor de freio for r, o torque gerado pelo sistema de frenagem,13..f".r, deveser contrabalilllçadopelo tarque geradopela força de atritona interfacepneu-pavimento,F~..f.R. Portanto,quandoumarodaestásendo freada,existemtrês situaçõespossíveis: • B.fi,.r =F~.f.R.asituaçãoideal,ondeotorquedofreio, 13.f".r, é igual ao torque da força de atrito do pneucom o pavimento. F~..f.R ,o que permite a utilização de toda a força dc atrito que pode ser mobilizada na interface pncu-pavimento. • n.fi,.r < r~.f.R, o quc significa que o veículo não utiliza toda a força de atritodo pncu com o solo e, portantoas rodasnuncatravarão.Isto podeser observadocm veículosquetransportamcargasmuitopesadasedensas- por ex., pedrahritada. • B. fi,.r > F~.f. R, o torqucdo frcio émaiorqueo torqueda forçadeatritona interfacepneu-pavimcnto,o quc provocatravamentode rodae consequente perdade controlc direcional do veículo devido à faltade rotaçãonas rodas. Um motoristaexperientesabequea aplicaçiiodos freios devesergradualpara evitar o travamentodas rodas. Para evitar quc a terceira condição ocorra com freqüência.os carrosc caminhõcssãoequipadoscom sistemasde freiosABS, que, monitorandoa rotaçãodas rodas,liheram os freios casoas rodastravemprematu- ramente,mesmoque o pedal de freio continue pressionado. No Brasil, como na 2.5Frenagem América do Norte, freios ABS não sãocomumenteutilizados em caminhõespesa- dos; na Europa, entretanto,todo caminhão fahricado a partir de J 992 é equipado com essesistemade freios paraaumcntara scgurançaviélria. A situação ideal para frenagemé quando têm-se B ..fi,." = Fê.f.R em cada roda,já que todo o atritodisponível entrecadapneue a via estásendoutilizado e, por conseguinte,a desaceleraçãoé máxima. O modelo simplificado de frenagem, discutido no item anterior,pressupõea ocorrênciadessacondição. É interessante ressaltarque o sistemade freios ABS não reduz a distância de frenagem,já que não existedispositivo capazde aumentara força de atritoexistenteentreo pneue o pavimento. A maior vantagemda utilização de freios ABS é a manutençãodo controle direcionaJ do veículo durantetodo o processo de frenagem,o que só é possível se as rodasestiveremgirando. Um fator importantecom relaçãoao desempenhode caminhõesna frenagemé a transferênciade pesodo eixo traseiroparao eixo dianteirodo veículo em função da inércia - um fenômenoque o leitor certamenteteveoportunidadede investigar pessoalmenteenquantoaprendiaa andarde hicicleta. Nos caminhões sem freios ABS, cssa reduçãode peso no eixo traseiro pode afetarsignificativamenteo desempenhona frenagem,dependendodas condições de carregamentodo veículo. Como a força aplicada nas sapatasde freio é fixa e não pode ser ajustadaem função das forças normais que atuamem cada roda, pode ocorrer o travamentoprematuroda roda se a redução de peso no eixo for acentuada.O efeito da inércia na frcnagemé discutido a seguir. 2.5.3 Frenagem de caminhões unitários 1\ Figura 2.11 exibe o diagramade for~'asdc um caminhãounitário (isto é, rígido) sendo freado. As forças que atuam em cada roda do eixo tandem traseiro são representadaspeja suas resultantes. O pesodo caminhão, G, atuano seu centro de gravidade,que se situa a uma distância li/ paratrásdo eixo dianteiro e a uma alturah do solo. Sabe-seque G = Fê, +Fe2, isto é,o pesoé igual a somadas normais no eixo dianteiro e traseiro. Para simplificação dos cálculos, pode-sesupor que a normal no eixo traseiro F?2 é a resultantedasnormaisem cadaum dos dois pneusdo eixo tandem. Igualmente,tem-seque M . (/ =FI, +F/), isto é,o produtoentrea massado caminhãoe a desaceleraçãoé igual i"t somadas for~'asde atritodo pneucom o solo 59 60' Capítulo2. Mecânicada locomoçãode veíc.ulosrodoviários nas roelasde cadaeixo. () problemapoelesersimplificado supondo-seque a força de atritoelopneucom o solo no eixo traseiroé a resultanteelasforças eleatritoem caelapneuelocixo tanelem. As seguintesequaçõespodemserohtidasdo diagramadeforçasdaFigura 2.11: a FII +Fli M (G.hf - M.a.h) h G - F~2 (2.19) (2.20) (2.21) em que a: desace1eraçãodo caminhão [m/s2j; FII: força de frenagemno eixo dianteiro [N]; FI): força de frenagemno eixo traseiro [N]; M: massado caminhão [kg]; G: pesodo caminhão [N]; ['el: força normal no eixo dianteiro [N]; Fe): força normal no eixo traseiro [NJ; h I: coordenadahorizontal do centrode massa[m]; g: aceleraçãoda gravidade[m/s2j; h: coordenadaverticaldo centrode massa[m]; e h: distânciaentreeixos do caminhão [mj. A Equação 2.19 calcula. pela segundalei de Newton, a de- saceleraçãocausadapela frenagem,que é a razão entrea força total de frenagem (F11 +1"12) pela massado veículo (M). Os pesos dinâmicos, que são função da desaceleraçãoaplicada ao caminhão. são calculados pelas Equações 2.20 e 2.21. Anor- mal no eixo traseiroé obtida pela Equação 2.20,calculando-se o momentodas forças que atuamsobreo caminhãoem relação ao ponto de contatodas rodasdo eixo dianteiro com o solo. A Equação 2.21 calcula. por equilíbrio de forças na vertical. a força rlonnal do eixo dianteiroem função do pesodo caminhãoe da normal no eixo traseiro. Deve-se notar que. por simplificação, o equacionamenteé feito em apenasduas dimensões,o que significa que as forças numeixo sãoasresultantesdasforçasaplicadasnasrodasdireita e esquerdadaqueleeixo. b f ~II" I h Fig.2.11:Forças queatuamnumcall1in!lflounitá- rio sendofreado
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