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Propriedades físicas da água em atividades aquáticas

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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ – CAMPUS CABO FRIO
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DAS ATIVIDADES AQUÁTICAS
PROFESSOR: M. SC. CARLOS SOARES PERNAMBUCO
As atividades aquáticas
	
Propriedades físicas da água
Quando um organismo é imerso na água é submetido a diferentes forças físicas que como conseqüência, provocam diversas alterações fisiológicas, acometendo quase todos os sistemas desse organismo (CAROMANO, 2002).
O conhecimento das propriedades físicas da água torna-se essencial para a compreensão dos mecanismos envolvidos no treinamento da flexibilidade. No meio líquido, o corpo está submetido às propriedades físicas específicas que geram alterações fisiológicas e biomecânicas durante a imersão, capazes de influenciar na prescrição adequada do exercício (NASCIMENTO & SOARES, 2005).
Densidade Relativa e Gravidade Específica
Dentro de um ambiente aquático as substâncias são definidas pela sua gravidade específica. A água tem gravidade específica aproximadamente igual a 1,0 quando a 4°C. embora o corpo seja constituído principalmente de água, a densidade corporal é ligeiramente menor que a da água (em média 0,97). Sendo que os homens têm, em média, densidade relativa maior que as mulheres (RUOTI, 2000).
Fiorelli & Arca (2002) afirmam que se a densidade relativa do corpo ou objeto for maior que 1,0, este irá afundar; se for menor irá flutuar. Lembra ainda que membros paralisados ou fracos têm menos massa muscular e por isso densidade relativa menor que o lado não envolvido.
Tensão superficial
É a força exercida entre as moléculas da superfície de um líquido, provavelmente devido à coesão entre elas. A tensão superficial faz com que haja alterações mínimas na superfície oferecendo resistência aos movimentos, porém, é tão leve que só será sentida se o músculo for pequeno ou fraco.(KOURY, 2000).
Refração
Refração é a deflexão de um raio quando este passa por um meio mais denso ou vice-versa. Quando o raio passa de um meio mais rarefeito a um meio mais denso, como do ar para a água, ele se deflete nos entido da linha normal; a passagem no sentido oposto, de um meio mais denso a um mais rarefeito, dobra o raio afastando-a da normal, que é uma linha imaginária traçada perpendicularmente à interface dos dois meios no ponto em que o raio incide (FIORELLI & ARCA, 2002).
Graças a esta propriedade a piscina parece ser mais rasa de que realmente é e os membros inferiores de um paciente quando imersos parecem deformados, e quando parcialmente imersos parecem quebrados. Isso dificulta a observância do paciente a partir da superfície da piscina (CAROMANO, 2002).
Pressão Hidrostática 
A lei de Pascal estabelece que a pressão do líquido é exercida igualmente sobre todas as áreas da superfície de um corpo e varia com a profundidade e a densidade do líquido. Por exemplo, a pressão do álcool é menor que a da água e a pressão exercida pela água do mar é maior que a da água pura a uma determinada profundidade. Esta força aumenta conforme a profundidade da água (FIORELLI & ARCA, 2002).
Pressão hidrostática é a pressão adicional que a água exerce sobre cada partícula da superfície de um corpo imerso. A pressão hidrostática auxilia no conhecimento corporal; estimula a circulação sangüínea; auxilia no movimento de elevação e melhora do retorno venoso (HALL et al., 2000)
O efeito massageador ocorre em função dos efeitos da pressão hidrostática, viscosidade e turbulência. Este efeito proporciona melhora da circulação periférica, auxilia no trabalho de consciência corporal e possibilita o melhor relaxamento, contribuindo para diminuição de dores e espasmos musculares (LUZ, 1999).
Viscosidade/ Coesão
O ar é menos viscoso que a água, portanto há maior resistência ao movimento na piscina que em terra. A viscosidade da água quente é menor que a da água fria (CAROMANO, 2002).
Fiorelli & Arca (2002) afirmam que a fricção da pele na água é apontada como sendo 790 vezes maior que no ar, fator que dificulta o movimento. Essa resistência proporcionará aumento da propriocepção, co-contração e conseqüentemente uma melhor estabilização da postura e do movimento. Acrescentam ainda que a viscosidade promove movimentos lentos com resistência tridimensional, facilitando o feedback proprioceptivo. O aumento da temperatura da água reduz a viscosidade, portanto a água da piscina apresenta viscosidade menor que a água fria.
Segundo Caldas (2001) o aumento da resistência aumenta a intensidade do movimento, causando aumento de consumo de energia e conseqüentemente, elevando o consumo calórico. Ao andar dentro d’água, a viscosidade deste meio faz com que o indivíduo carregue um “bloco” de água. A temperatura aquecida do líquido reduz sua viscosidade, portanto, influencia na qualidade do tratamento. 
Movimento através da água
Trata-se do deslocamento de um corpo ou objeto através de um líquido. Existem 02 tipos de fluxos: o laminar, que é gerado pelo deslocamento de um objeto dentro de uma corrente de líquido com a velocidade constante, e o turbulento, gerado quando a velocidade do fluxo é aumentada, aumentando a resistência ao movimento.
Quando um objeto se move através da água, ocorre uma diferença de pressão da água entre a frente e a traseira do objeto. A pressão é maior na frente e diminui posteriormente – fluxo conhecido como esteira. Ex.: Na reeducação da marcha na piscina, a princípio, o fisioterapeuta deve caminhar na frente do paciente para diminuir a pressão e facilitar para o mesmo (BATES & HANSON, 1998).
O movimento em meio aquoso sendo dependente da forma do corpo ao se deslocar na água e da velocidade, pode ser modificado de inúmeras maneiras, criando as mais diversas situações terapêuticas (CAROMANO, 2002).
Flutuação/ Empuxo
Quando um corpo está completa ou parcialmente imerso em um líquido em repouso, sofre uma força para cima igual ao peso do líquido deslocado, denominado empuxo (YAMAMOTO et al, 1988)
A flutuação é a força experimentada como o empuxo pra cima, que atua em sentido oposto à força da gravidade. Desta forma, um corpo na água está submetido a duas forças que atuam em oposição à força da gravidade e a força de flutuação quando atua no centro de flutuação (CAROMANO, 2002).
O fator de flutuação, segundo Ruoti (2000), pode ser alterado terapeuticamente simplesmente por meio do ajuste da quantidade do corpo humano imerso. Caso o efeito desejado seja de retirada parcial de carga a profundidade de imersão é reduzida. Com imersão até o processo xifóide, em torno de 75% do peso corporal e com imersão até a cicatriz umbilical, redução de aproximadamente 50%.
Segundo Caromano (2002), sob ponto de vista cinesioterapêutico, a flutuação pode ser usada tanto para facilitar o movimento, quando o membro é movido na direção do nível da água e em direção ao tronco, quanto para resistir o movimento, quando o membro é movido na direção oposta. 
Quanto maior a distância percorrida pelo segmento maior facilitação ou a resistência ao movimento. 
Fiorelli & Arca (2002) acrescentam que um corpo dentro d’água está sujeito a dias forças opostas: a gravidade ou força-peso e o empuxo. Se estas duas forças são iguais o corpo permanece em equilíbrio, porém se elas forem diferentes ou desalinhadas, ocorrem movimentos rotacionais atpe que as duas forças se equilibrem novamente. Este fenômeno é denominado efeito metacentro.
A temperatura ideal 
Quando se leva em conta a temperatura da água, o que se deve ter me mente é o tipo, a intensidade do exercício e a duração da atividade. Certas alterações fisiológicas ocorrem toda vez que os exercícios são realizados.
 Na água, os efeitos fisiológicos dos exercícios estão combinados com os efeitos que são decorrentes do calor e da água. Além disso, quando todo o corpo estiver submerso, deve-se considerar os resultados da flutuabilidade e da pressão hidrostática (FRANCHIMONT e col, 1983).
Para Caldas (2001) na água fria, abaixo de 26°C, as respostas fisiológicas do corpo se alteram. Com adiminuição da temperatura, o metabolismo corporal e a freqüência cardíaca diminuem, as funções circulatórias tornam-se mais baixas e a maioria dos fluídos do corpo permanece na região do tronco, para manter o funcionamento e o aquecimento dos órgãos vitais.
Para Campion (2000) o sistema regulador do corpo precisa ser eficiente para suportar os exercícios em água quente. O hipotálamo responde aos estímulos dos termorreceptores cutâneos ou à temperatura do sangue que passa por ele. 
Quando o corpo está imerso na água, os mecanismos naturais de perda de calor, tais como a transpiração, tornam-se ineficientes, uma vez que apenas aquelas partes do corpo que não estão submersas podem perder calor pela transpiração.
Em toda a literatura sobre hidrocinesioterapia, não existe um consenso a respeito da temperatura em que a água deve ser mantida nas piscinas, mas todos afirmam que ela deve ser mantida aquecida (CAMPION, 2000).
 Na tabela a seguir pode-se observar esta afirmativa, embora quase todos os autores propõem ajustes e variações adequando as diferentes patologias (TABELA 3).
TABELA 3: Estudos relacionados à temperatura ideal
	AUTOR
	ANO DO ESTUDO
	TEMPERATURA IDEAL
	Finnerty e Corbitt
	1960
	33,3° (neutra) à 35°C
	Hudlleston
	1961
	30,5° à 33,3°C
	Boldon e Goodwin
	1974
	34,4° à 37,8°C
	Palmer
	1978
	32°C à 33°C (Verão) e 34°C (Inverno)
	Golland
	1981
	33° à 37°C
	Skinner e Thompson
	1983
	35, 5° à 36,6°C
	Franchimont e Cols.
	1983
	Acima de 35°C é desvantajoso
	Davis e Harrison
	1988
	35° à 37°C
	Whitelock e Barefoot
	1993
	32° à 35°C
	Bates e Hanson
	1998
	33° à 35°C
	Caldas
	2001
	29,1°C (usando vestimentas especiais).
Efeitos fisiológicos e benefícios terapêuticos do exercício em piscina aquecida
A terapia em piscina aquecida combina os efeitos da água quente com os efeitos do exercício e sua extensão varia de acordo com a temperatura da água, duração do tratamento e tipo/ intensidade do exercício. STANISH e MCVIGAR (1993 apud ACHOUR JR.,2004) ressaltam que a combinação entre o calor e o alongamento é ótima para promover a deformação plástica do tecido. 
Exercícios de alongamento em água aquecida parecem ser adequados para favorecer o relaxamento e o desenvolvimento da flexibilidade. As temperaturas em torno de 35°C afetam o fluxo sangüíneo, aumentam a elasticidade do colágeno, diminuem a rigidez articular e dor. O alongamento na água aquecida pode ser usado na fase de reabilitação de uma lesão e na presença de rigidez muscular, sendo recomendado como um meio de contribuir na supressão do encurtamento muscular (ACHOUR JR., 2004).
Segundo Whitlatch & Adema (1996 apud Achour Jr.,2004) os efeitos da água aquecida na flexibilidade foram constatados em um programa de duração de 12 semanas e 24 sessões com sujeitos entre 42 a 94 anos. A flexibilidade aumentou em 19% na adução de ombro, 17% na extensão de ombro e 15% na flexão de quadril. Esses resultados foram bem significantes nas 6 primeiras semanas de exercícios.
Vários fatores caracterizam-se como efeitos durante a imersão, dentre eles o aumento geral da temperatura corporal, aumento da circulação periférica, o aumento do suprimento de sangue para os músculos, aumento da freqüência cardíaca que será proporcional à temperatura da água e aos exercícios, aumento e queda da pressão arterial (ao entrar na água, ocorre constricção dos vasos cutâneos provocando aumento da resistência periférica e conseqüentemente da PA momentaneamente. Com a continuidade da imersão, ocorre dilatação das arteríolas com queda na resistência periférica e conseqüentemente da PA), o aumento do metabolismo, ou seja, a elevação da temperatura aumenta o metabolismo da pele e músculos inicialmente. À medida que a temperatura do corpo se eleva, a taxa metabólica em geral também se eleva, aumentando a demanda de O2 e produzindo maior quantidade de CO2, o que provoca aumento da freqüência respiratória, redução da sensibilidade nos terminais nervosos, redução do tônus muscular e diminuição de edema nas partes do corpo submersas devido à pressão hidrostática. (RUOTI, 2000).
Como efeitos pós-imersão podem-se destacar a perda de calor dada pela intensa atividade das glândulas sudoríparas para normalizar a temperatura do corpo, com perda hídrica considerável, um período de repouso e a normalização da temperatura corporal fazem com que a freqüência cardíaca, respiratória, taxas metabólicas e distribuição de sangue também se normalizem, porém, enquanto as arteríolas periféricas estão dilatadas e a resistência periférica diminuída em função disto, a PA permanece baixa até que haja constricção dos vasos( op. cit.).
Destacam-se ainda como benefícios terapêuticos o relaxamento muscular, a diminuição da sensibilidade à dor, e dos espasmos musculares, facilitação da movimentação articular, o aumento da força e da resistência muscular em casos de excessiva fraqueza, a redução da atuação da gravidade no início do treino de marcha, o aumento da circulação periférica, a melhora da musculatura respiratória, a melhora da consciência corporal, equilíbrio e a estabilidade proximal do tronco e do moral e a autoconfiança do paciente (SKINNER, 1995).
PEDAGOGIA DA APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO
Conceito:
Pedagogia do Grego - Paidos (criança), agein (conduzir).
Pedagogia - É a ciência da educação e do ensino. Na natação visa o aluno como centro do processo ensino/aprendizagem. Enfatiza a construção do conhecimento do corpo através de vivencias, experiências e reflexões, do aluno, sobre a diversidade de movimento no meio aquático.
Método do Grego -meta (fim), hodos (caminho para chegar)
Método -Conjunto de procedimentos adequados para se atingir um fim. Essa técnica, modo, forma ou maneira de se ministrar a aula deve possuir um planejamento que vise: a organização do conteúdo, a melhor utilização de energia nas ações didático-pedagógicas, o melhor uso do tempo e a melhor utilização dos recursos disponíveis para a manutenção dos fins previstos. 
	No ensino da Natação vários foram os métodos aplicados na tentativa da aprendizagem.Três correntes formam o “tripé da pedagogia da natação”.
A concepção global –vislumbrava o instinto de sobrevivência do homem.
A concepção analítica – analisava a execução lógica do movimento, fazia a analise e compreensão das partes para chegar no todo.
A concepção sintética – baseada nos mais naturais movimentos e nos componentes sensoriais e motores que os integram. Visa respeitar as individualidades de cada aluno para se alcançar os objetivos de cada fase do desenvolvimento motor no meio aquático.
A moderna pedagogia do aprendizado de natação está dividida em seis unidades e respectivas sub-unidades:
Adaptação ao meio líquido -(borda externa e interna da piscina; exploração motora do meio aquático).
Imersão/visão sub-aquática. 
Flutuação -(dec. Ventral, dorsal, lateral e medusa; resistência ao deslize nos vários decúbitos).
Respiração -(iniciações, respiração frontal, lateral e em dec. Dorsal)
Propulsão -(braços, pernas, braços/pernas e, multicoordenadas e construtivas);
Mergulho -(iniciações criança/adulto, saídas dos nados).
A visão Pedagógica da aprendizagem da Natação.	
Introdução
A aprendizagem da Natação nos seres humanos não vem inscrita nos seus gens como noutras espécies, nos anfíbios e nos peixes. Alguns répteis e aves desenvolvem esta adaptação através de estratégias usadas no meio aquático ao longo de sua evolução. Por outro lado alguns mamíferos apresentam excelente adaptação à água como as focas, baleias e golfinhos. Outros apresentam reação de pânico e medo como os símios e alguns quadrúpedes.
Nos peixes, anfíbios e répteis os padrões motores aquáticos são garantidos pelas substancias neurológicas do mielencéfalo, do metencéfalo e do mesencéfalo.
Nos seres superiores (no homem) as sinergias corporais e motoras são asseguradas pelo sistema límbico e pelo córtex cerebral. Pressupõe-se uma competência adquiridaessencialmente, determinada por fatores sensórios –motores e perceptivos –motores mais elaborados.
Os seres humanos demonstram pânico e insegurança face ao meio aquático que lhe inibe, em parte a produção de padrões respiratórios e moto –propulsivo, num meio que se apresenta inabitual e hostil. 
O início da vida humana independentemente de ser no líquido amniótico (habituação intra –uterina), do reflexo natatório e de se apresentar êxito em partos de imersão total. Para nadar ele necessita de algum tempo à aprendizagem, no qual se processará sua maturação neurológica e emocional. Esta possibilitará uma metamorfose adaptativa de posicionamento aquático.
No meio aquático o ‘corpo’ do homem e o seu comportamento tem que respeitar os princípios de Arquimedes, as leis de Newton, a equação de Bernoulli e outros princípios hidrodinâmicos para a adaptação aquática.
A adaptação do homem em terra exige a integração tônica com a gravidade – ‘adaptação hominídea, postura bípede vertical’. A adaptação aquática atenua a função da força da gravidade – adaptação natatória, postural e motora na horizontal’. 
Na água a integração sensorial tem que ser aprendida, vivenciada e experimentada no cérebro, do aluno, para que a aprendizagem se processe de forma segura com conforte e prazer.
No comportamento motor aquático – na interação homem/água -se somam uma variedade de dados intra e extras somáticos numa unidade funcional.
Os órgãos dos sentido principalmente, Tato, Visão e Audição são responsáveis, pela chegadas das informações ao cérebro. Estas são oriundas da pele, dos músculos, das sensações de flutuação, propulsão, respiração, dentre outras e devem se apresentar em forma organizada produzindo um ‘tráfego neurológico’ que proporcione um resultado final satisfatório, seguro e agradável.
No entanto, quando estas não se organizam produzem um engarrafamento de informações que resulta num comportamento motor aquático inadequado e desajustado.
Na adaptação no meio aquático o aluno tem que se estruturar também, numa boa base de estabilidade emocional, enriquecida pelo contato homem/água, onde este possa perceber sua imagem corporal ‘envelope corporal’. 
Para o homem permanecer e dominar a água e possuir uma motricidade aquática (tonicidade, equilibração horizontal e melodia práxica) exige-se dele uma especificidade de reaprendizagens, que reorganizem a postura (flutuação) e o aparelho locomotor (propulsão). Estas se processam devido a maior densidade da água em relação ao ar, o que exige mais do nadador, um raciocínio mais rápido às devidas situações vivenciais e pedagógicas apresentadas.
O enriquecimento do repertório psicomotor se dá através de uma rica expansão e ampliação do movimento do corpo na água, aonde o saltar, equilibrar, girar, apoiar-se sobre as mãos de ponta cabeça, e movimentar-se tanto na vertical como na horizontal são elementos que fazem parte do saber-fazer do nadador. 
Todas as experiências n’água são relevantes e válidas tanto as individuais, as coletivas quanto a mediatizada (auxiliada por outrem). Esta possui uma qualidade e quantidade de experiências pedagógicas interativas que geram e garantem a maturação e a disponibilidade de uma aprendizagem segura e intencional. 
Para que ocorra a maturação holística (a totalidade dinâmica do ser humano), o desenvolvimento psicomotor (um ser evolutivo, único e unitário) o profissional deve-se respeitar os componentes emocionais, motores e cognitivos constituintes do aluno.
A aprendizagem motora aquática mediatizada ou não deve dar tempo ao tempo n’água, para que na relação professor/aluno/água todas as etapas do processo ensino/ aprendizagem da Natação se efetuem e sejam vivenciadas, apreendidas e conscientizadas.
Para Saviani (1983) a relação pedagógica está alicerçada na concepção de homem como “síntese de múltiplas determinações” o que vale dizer o homem como conjunto das relações sociais. O professor tem um papel específico na relação pedagógica que é a relação de docência. Ele tem uma experiência maior e uma maturidade diferente a cerca das realidades sociais porque possui conhecimentos e vivências. Deve: entender e compreender o aluno como um indivíduo concreto com suas responsabilidades e obrigações, com seus valores, expectativas, interesses e experiências decorrentes de suas condições de vida, não podendo ser ignorado ou menosprezado pelo professor.
Adaptação ao meio aquático
Adaptar significa ajustar-se, acomodar-se ou adequar-se segundo o dicionário Aurélio.
A fase da adaptação do homem ao meio aquático tem origem na vida intra-uterina, vivida no liquido amniótico e na boa relação afetiva pais-filho-água, vivenciada desde os primeiros anos nos banhos de banheiras, mangueiras, piscinas, praias, rios e outros. 
Nessa fase observamos aspectos relevantes quanto ao desenvolvimento motor aquático do aprendiz, na aquisição de segurança e confiança na execução de seus movimentos nas atividades propostas e no desenvolvimento afetivo-social, na aceitação do(s) outro(s), aluno/aluno, e na relação professor/aluno que deve ocorrer de forma afetiva e segura. 
A eliminação do medo e da tensão muscular propicia a nova integração polissensorial à exploração de seus limites no meio aquático com o objetivo de enriquecimento do repertório psicomotor. 
Identificam-se duas fases distintas na Adaptação: a Adaptação Psicológica e a Adaptação Fisiológica.
A Adaptação Psicológica familiariza o aluno com a água ludicamente, por meio de jogos e brincadeiras e pelo do convívio gregário-afetivo nas atividades.
A adaptação Fisiológica objetiva ambientar o aluno a partir da fase da imersão e visão subaquática e subseqüentes. A partir daí inicia-se o processo flutuação e o automatismo da respiração.
Os momentos motores aquáticos são ricos, repletos de satisfação e de conquistas. Atividades pedagógicas compostas de momentos de descontração (momentos livres nas aulas), e de momentos orientados (seqüência pedagógica), permitem ao aluno explorar e co-explorar seus movimentos, adquirir autoconfiança e auto-segurança em sua locomoção no meio aquático. A independência e autonomia adquirida, eliminam o medo e a tensão muscular (descontração principalmente, da musculatura do pescoço) e estimulam a auto-estima. 
As atividades propostas no meio aquático devem ser compatível com o nível de desenvolvimento e maturação da criança e ricas em tarefas que proporcionem novas vivências e desafios, bem próximos ao limites individuais, para facilitar respostas apropriadas. 
A adaptação aquática exige uma interação complexa dos órgãos dos sentidos a série de padrões motores adaptativos subaquáticos e aquáticos, expiratórios e inspiratórios, bucal e epiglótico. Esta só será alcançada quando ocorrer uma relação segura, social, lúdica e confortante. O resultado da inter-relação professor aluno proporciona o ajustamento do corpo e cérebro na água e o sucesso do aluno nesta fase. 
A importância do alcance dos inúmeros aspectos que promovam o êxito do aluno na execução das atividades na fase da adaptação se relacionam a :
eliminação da tensão muscular: o medo (descontração corporal em estar na água)
respeito à individualidade do aluno (crescimento e maturação motora, afetiva, emocional e social).
contatos prazerosos com o meio aquático.
automatismo da correta mecânica respiratória.
relação de segurança e confiança na relação professor-aluno e aluno-aluno.
segurança do aluno na execução das tarefas propostas.
A adaptação por complexidade requer tanto do professor como do aluno paciência, confiança, tolerância, atenção, companheirismo para que o aluno alcance seu objetivo.
Deve-se observar com atenção, os alunos e despertar neles a concentração necessária à realização das tarefas propostas. 
A Atenção é a “preparação e disposição de todos os órgãos e funções de compreensão para algo que se encontra no horizonte da observação ou é ali procurado”. Engert, J. in Lexikon der Padagogik, Freiburg(1952).
O profissional de Natação consciente quanto aos limites do aprendiz e estar atento, principalmente, aos seus primeiros contatos com a água, evitar que acidentes desagradáveis ocorram e levem a paralisação ou retardo no desenvolvimento motor aquático do aluno no curso de adaptação.
Em suma, se espera do profissional de Natação qualidades para que ministre suas aulas com competência. Dentre elas citamos:
boa formação acadêmica 
educação continuada,
uma gama de atividades propostas, compatíveis com a faixa etária de seus alunos,
comportamentos, condutas e atitudes que estimulem a auto-segurança e autoconfiança.
O profissional deve considerar o aluno um ‘ser total’ constituído por componentes culturais, sociais, religiosas, psico, motor afetivo e recreativo.
Como responsáveis pelo desenvolvimento do ser humano é nosso dever estar atento a todos os momentos enquanto no ambiente de trabalho, pois a responsabilidade com o ser humano, o seu sucesso na fase da adaptação e o senso de compromisso profissional nos dão a sensação do dever cumprido.
A mudança para a fase de aprendizagem só deve ocorrer quando o aluno estiver amadurecido físico e emocionalmente no meio aquático e nas relações interpessoais. A passagem precipitada, isto é, antes do momento certo, causa transtornos de naturezas diversas tanto para o professor que passa, para o que recebe, para o aluno, para os pais quanto para o estabelecimento comercial. É imprescindível que se estabeleçam corretos critérios neste momento. 
Nova Propriocepção
Na água todas as informações são captadas pelos órgãos dos sentidos e enviadas ao cérebro que as devolve sobre forma de uma ação ou sensação. 
ESTÍMULOS PRODUZIDOS ÓRGÃOS MECANISMO RESPOSTA NO MEIO AQUÁTICO ( DOS SENTIDOS ( PERCEPÇÃO ( S.N.C. ( DE RESPOSTA ( MOTORA 
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Definições:
Sensação - é a atividade dos receptores sensoriais e a resultante transmissão eferente do S.N.C. Preocupa-se com o como os vários sistemas sensoriais funcionam.
Percepção - envolve a integração da recepção sensorial presente com a entrada de dados do passado, ou seja, é a interpretação da informação sensorial.
Segundo Chauí (1997) não há diferença entre sensação e percepção porque não temos sensações isoladas de partes de objeto externo para depois reuni-las em uma percepção total do objeto. Quando sentimos /percebemos um objeto, o fazemos de uma só vez. Assim sentimos/percebemos a cores, ruídos e movimentos percebemos a totalidade das formas e estruturas.
Para a autora a percepção é o conhecimento sensorial de totalidades organizadas e dotadas de sentido. Neste sentido a vivência corporal na qual a condição e situação do nosso corpo importa tanto quanto a condição e situação do objeto.
Reflexiona que o mundo é percebido quantitativamente, afetivamente e valorativamente. A percepção envolve a personalidade e a vida social a história de vida. Quando se percebe o outro, percebe-se a totalidade, o conjunto e a fisionomia e de acordo com a percepção, define-se a relação com o outro.
O movimento humano é regulado magistralmente por mecanismo de controle neural localizados no S.N.C. Este sistema de comunicação é formado por nervos que trazem e levam informações da periferia para o SNC e vice-versa, para adequar e adaptar o indivíduo às condições de movimento.
O S.N.C. recebe e interpreta um universo de informações trazidas pelos nervos aferentes, receptores ou sensoriais quando o aluno se encontra no meio aquático e responde a esses estímulos através dos nervos eferentes, motoneurônios ou motores produzindo os movimentos natatórios por meio do sistema músculo-esquelético. Independentemente a essas informações o aluno se depara de com uma diversidade de outras por vezes provindas do professor, dos colegas, do material utilizado e do ambiente físico a cada momento da aula. 
É importante que desde cedo se estimule a criança perceber e observar os vários estímulos captados por todas os receptores sensoriais provindo dos diversos meios à sua melhor adaptação. 
Na fase da adaptação a estimulação polissensorial permite que o aluno promova seu desenvolvimento motor, por meio da exploração dos movimentos corporais e da exploração do espaço- tempo no próprio meio aquático. 
As respostas certas a esses estímulos entendidas como respostas adaptativas, provêm de um longo período de experiências sensoriais aquáticas, onde o cérebro se desenvolve e se organiza a um melhor ajustamento do corpo e da mente na água.
O corpo humano tem uma variedade de receptores sensoriais (via aferente) e é importante que sejam estimulados. Na natação nem todas são utilizadas, no entanto não devemos deixar de estimulá-los mesmo que sejam utilizados.
A nova propriocepção é a condução de informações sensoriais das estruturas corporais, que enviadas ao SNC nos dão a consciência do nosso corpo e segmentos no tempo e espaço no ambiente aquático.
Na água usamos intensamente os receptores sensoriais exteroceptivos, proprioceptivos e interoceptivos, devemos levar em consideração que pelo corpo estar no meio aquático estas mensagens/informações por vezes chegam ao cérebro falseadas, devido o corpo estar imerso nesse meio. 
Receptores sensoriais se subdividem em: 
I) Exteroceptores- são receptores espalhados em toda superfície corporal como nos corpúsculos sensoriais no órgãos do tato, olhos, ouvidos e nas terminações da mucosa nasal e bucal. Na água atuam de forma diferenciada:
A Pressorcepção é a habilidade de sentir diferença de pressão na pele, em especial nas mãos e pés do nadador.
Na água são responsáveis por:
Tato (corporal) – percebe-se a resistência e a fricção da água em contato com o nosso corpo quando estamos parado ou em deslocamento.
- na posição de decúbito dorsal, receber informações que nossa visão não pode nos dar.
Visão - receber as mais variadas informações provindas dos olhos, abrange parte da ação propulsiva dos braços e pernas; visualização de objetos e pessoas; a própria água; parte do ambiente, além de desenvolver noções espaciais de profundidade, proximidade, longe/perto, à frente/ a trás, em baixo/ em cima. 
Audição - a função limitada, por causa da própria água, no entanto são captados alguns sinais, músicas, o próprio barulho d’água provindo da ação propulsiva de braços e pernas.
II)Proprioceptores - receptores sensoriais localizados nas articulações, ligamentos, tendões e músculos voluntários. Estão localizados:
Fuso Neuromuscular - mecanismo proprioceptor primário do músculo, localizado nas fibras extrafusais e respondem ao alongamento do músculo e resultam em impulso.
 Terminações Neurotendíneas - controlam o movimento voluntário por informações em relação ao movimento e a posição dos membros.
Órgão golgi-tendíneos localizados nos tendões próximos a inserção do músculo e nos ligamentos, mantêm as articulações unidas.
Terminais de Ruffini e Corpúsculo de Pacini - localizados no tecido conjuntivo da própria cápsula articular. Os terminais de Ruffini são altamente sensíveis, indicam a velocidade e a direção do movimento.
O Corpúsculo de Pacini são capazes de detectar movimentos muitos pequenos. 
Na água são responsáveis por:
Os Cinestésicos - define a posição do corpo; define o grau de tensão muscular; define a direção dos movimentos.
Vestibulares - promover reflexos equilibratórios na água.
Labirínticos - promover os reflexos de correção, posicionamento correto e sensações variadas do corpo (aceleração, desaceleração, ascensão, descensão e vertigem).
III) Interoceptores - localizados nos órgãos internos como nos nódulos carotídeos (informam a variação da P.A. e o teor de CO2 no sangue) e nas terminações nervosas viscerais exemplo dor de estômago, bexiga cheia dentre outras necessidades corporais, as quais podem influenciar a nossa conduta.
No meio aquático as informaçõessão diferenciadas das que recebemos no meio em que vivemos. Essas informações bem trabalhadas favorecem oportunidade de uma boa aprendizagem nesse esporte natação, considerado como um dos mais completos.
A adaptação e futura aprendizagem são base comum para a Natação Elementar (utilitária e terapêutica) bem como à Formativa (natação educativa visando a competitiva) que dependerá tanto de fatores pessoais quanto profissionais relacionados a estrutura do Esquema Corporal.
Postura => relaxamento => respiração => equilíbrio.
Orientação espacial no meio líquido.
Percepção temporal na execução. 
Coordenação geral dos nados.

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