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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA E MICROBIOLOGIA DISCIPLINA PARASITOLOGIA GERAL CURSO ODONTOLOGIA PROFª. LUANNA SOARES LEISHMANIOSE Leishmanioses • Classificação • Reino : Protista • Sub-reino: Protozoa • Filo: Sarcomastigophora • Sub-filo: Mastigophora • Classe: Zoomastigophorea • Ordem: Kinetoplastida • Família: Trypanosomatidae • Gênero: Leishmania • Sub-Gênero: Leishmania e Viannia • Espécie: Leishmania (Leishmania) chagasi - LV Leishmanioses • Classificação taxonômica das principais espécies do Gênero Leishmania Leishmanioses • Espécies e Formas Clínicas • Leishmaniose Tegumentar (LT) • Cutânea • L. (V.) braziliensis, L. (L.) amazonensis, • L. (V.) guyanensis, L. (L.) major • Muco-Cutânea L. (V.) braziliensis • Mucosa • Leishmaniose Visceral (LV) • L. (L.) chagasi, L. (L.) infantum Leishmanioses • Leishmaniose Cutânea - Leishmania (L.) amazonensis • Lesões nodulares e fechadas: úlceras com contorno circular e borda elevada • Leishmaniose Muco-cutânea - L. (V.) braziliensis • Lesões múltiplas na pele (pequenas úlceras rasas), na mucosa oral (palato) e nasal (septo nasal) • Leishmaniose Mucosa - L. (V.) guyanensis • Múltiplas pequenas úlceras com grande quantidade de exsudatos (úlcera que chora), septo nasal e vias aéreas superiores Leishmanioses Leishmaniose Visceral • Histórico • A primeira observação dos parasitos que causavam o calazar ocorreu na India por Cunningham (1885) em indivíduos acometidos pela doença • Em 1903, o agente etiológico foi descrito quase simultaneamente por William Leishman e Charles Donovan • Ross, nesse mesmo ano, criou o gênero Leishmania, denominando Leishmania donovani o agente etiológico da LV Leishmaniose Visceral • Histórico • Na América do Sul, o 1º caso foi relatado por Migone, em 1913 no Paraguai, em material de paciente que havia contraído a doença em MT, Brasil • Evandro Chagas e cols., entre 1936 e 1939, diagnosticaram o 1º caso humano in vivo, demonstraram a doença em cães, sugeriram o flebotomíneo Lutzomyia longipalpis como vetor e nomearam o parasito Leishmania chagasi (Cunha & Chagas, 1937) Leishmaniose Visceral • Leishmaniose Visceral • A doença é comumente conhecida como Calazar • Kala-Azar, palavra de origem indiana que em significa "doença negra" e febre Dum-Dum • Na América Latina é conhecida como Leishmaniose Visceral Americana ou Calazar neotropical • É uma doença é crônica, grave e de alta letalidade Leishmaniose Visceral • Leishmaniose Visceral • A leishmaniose visceral é causada por parasitos do complexo L. donovani que inclui três espécies de Leishmania: • Leishmania (Leishmania) donovani • Leishmania (Leishmania) infantum* • Leishmania (Leishmania) chagasi* • * semelhanças bioquímicas e moleculares • Nas Américas a Leishmania (Leishmania) chagasi é a espécie responsável pelas formas clínicas da doença Leishmaniose Visceral • Epidemiologia LV • População sob risco: 350 milhões • Distribuição: 88 países em 4 continentes • Prevalência: 12 milhões de casos • 2milhões de casos novos/ano • Mortes: 57.000/ ano • Co-infecção Leishmania/HIV • Brasil: 4 mil novos casos entre 2005-2010, principalmente no NE e no estado de MG • Tem se expandido para áreas urbanas e periurbanas Leishmaniose Visceral • Epidemiologia LV Leishmaniose Visceral • Epidemiologia LV Leishmaniose • Epidemiologia LT • Leishmaniose Tegumentar Leishmaniose Visceral • O Vetor • Ordem: Diptera • Família: Psychodidae • Subfamília: Phlebotominae • Gênero: Phlebotomus e Lutzomyia • Brasil: Lutzomyia longipalpis • 30 spp vetoras, mas não é mosquito (não pertence a família Culicidae) Leishmaniose Visceral • Flebotomíneos • Lutzomyia nas Américas • Phlebotomus na África, Europa e Ásia • “Mosquito-palha”, “Asa branca”, “Birigui”, “Cangalhinha”, “Tatuquira”, “Flebótomo” Leishmaniose Visceral • Flebotomíneos • Cabeça, tórax, abdome bem definidos • 2-4mm, corpo e asas peludas • Marrons “luminosos” (oleosidade) • Asas em “V” quando em repouso • Regiões tropicais e temperadas (25 a 35graus) • A fêmea se alimenta de sangue ao entardecer/noite, vôo curto (até 100m), baixo e direto • Picada dolorida Leishmaniose Visceral • Flebotomíneos • Ovos – Larvas – Pupas – Adultos • Ovo- adulto: 4 a 7 semanas • Adulto vive 15 a 30 dias • Larvas e pupas: habitat úmido, quente e com nutrientes • Difícil encontrar locais de desova, larvas e pupas: dificil controle! Leishmaniose Visceral • Flebotomíneos • Habitat silvestre/peri-domiciares: lixos e escombros, rachaduras externas de habitações, solo úmido em matas ou florestas, cascas de árvores, tocas de roedores silvestres Leishmaniose Visceral • Flebotomíneos • Dificuldades encontradas: • Necessidade de borrifação em dois ciclos anuais, com manutenção em 3-4 meses; • Pouco conhecimento da dinâmica local das populações de insetos; • Criadouros não-conhecidos; • Falta de pessoal técnico capacitado; • Pouca integração entre os diferentes setores e gestores (saúde, ambiental, agropecuário) Leishmaniose Visceral • Formas de vida do Protozoário • Amastigota – Hosp vert. (4um) • Infecta células do sistema mononuclear fagocitário (SMF): • macrófagos, neutrófilos, células dendríticas • Reprodução por divisão binária Leishmaniose Visceral • Formas de vida do Protozoário • Promastigota – Vetor (14-20um) • As formas promastigotas migram para o intestino anterior do flebótomo, sendo as formas infectantes para o hospedeiro vertebrado; • Formas paramastigotas, fixadas ao epitélio pelo flagelo, em reprodução intensa; • Promastigotas longas com flagelo também longo, em processo de multiplicação de pouca intensidade; • Promastigotas curtas, com flagelo longo, se movimentam, mas ainda não foram vistas em processo de divisão Leishmaniose Visceral • Habitat • No hospedeiro vertebrado, as formas amastigotas de L.(L.) chagasi são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. • No hospedeiro vertebrado localizam-se em órgãos linfóides, como linfonodos, medula óssea, baço, fígado, podendo envolver outros órgãos e tecidos, como os rins, placas de Peyer no intestino, pulmões, pele e sistema reprodutivo de cães • No hospedeiro invertebrado são encontradas no intestino médio e anterior as formas paramastigotas, promastigotas livres e promastigotas metacíclicas Leishmaniose Visceral Leishmaniose Visceral • Transmissão • Através da picada da fêmea de Lutzomyia longipalpis contaminada com as formas promastigostas metacíclicas da Leishmania (Leishmania) chagasi • Compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas • Transfusão sanguínea • Transmissão vertical ? • Transmissão sexual ? • Acidentes de laboratório - A manipulação de formas do parasito em laboratório requer cuidados especiais de biossegurança para prevenir a auto-inoculação Leishmaniose Visceral • Resposta Imunológica Leishmaniose Visceral • Sintomatologia Período de incubação pode variar de 10 dias a 24 meses. Porém, somente uma parte dos indivíduos infectados irão evoluir com sinais e sintomas da doença. Leishmaniose Visceral • Sintomatologia Humanos Leishmaniose Visceral• Sintomatologia Animais • Área urbana: canídeo é o principal reservatório • Ambientes silvestres: raposa e marsupiais • Sinais Clínicos: • Linfoadenomegalia • Perda de peso • Queda de pêlos • Onicogrifose • Oftalmopatias • Feridas corpo, focinho e orelhas Leishmaniose Visceral • Diagnóstico • Sorologia (TRDPP®, ELISA e IFI) • Identificação do parasita: • Aspirado dos linfonodos, medula óssea e raspado de lesões de pele • Pesquisa direta de amastigotas em esfregaço sanguíneo ou de promastigotas em Cultura (meio NNN) – Até 30 dias para o diagnóstico • Pesquisa direta – PCR • Inoculação em animais de laboratório Leishmaniose Visceral • Diagnóstico Sorológico • Sensibilidade de 80 a 95% dependendo da fase da doença • Positividade não significa doença em atividade • Ocorrem reações cruzadas com outras protozooses, principalmente com a Doença de Chagas Leishmaniose Visceral • LV – Aspirado de Medula Óssea Leishmaniose Visceral • Tratamento em Humanos • Antimoniais pentavalentes (Glucantime®) • Tóxicos (hospitais, distribuição gratuita) • 20 dias (cutânea) ou 30 dias (mucosa ou visceral) – 15mg/kg, IV ou IM • Pentamidina: altera a estrutura do cinetoplasto e síntese de poliaminas • Anfotericina B: interage com ergosterol da membrana do parasita, tornando-a permeável a íons e peq moléculas LV: 3mg/kg/dia, IV, por 07 dias; LT: 1-4mg/kg/dia, IV • Tratamento ideal: Oral, seguro, eficaz, baixo custo, curta duração (~10 dias) Leishmaniose Visceral • Tratamento em Humanos Leishmaniose Visceral • Tratamento em Cães • Atualmente os mais utilizados: • Alopurinol – 20mg/kg, v.o, 2x ao dia • Levamisol – 0,5mg/kg, v.o, em dias alternados • Miltefosina – 2mg/kg, v.o, d.u, durante 28 dias Leishmaniose Visceral • Principais obstáculos relacionados ao tratamento das Leishmanioses • A maior parte dos compostos leishmanicidas são de administração parenteral • Falhas terapêuticas em pacientes com Leishmaniose visceral, especialmente em pacientes co-infectados Leishmania/HIV • Resistência aos antimoniais principalmente na Índia (50- 60%) • Novas formulações lipídicas da anfotericina B são de administração parenteral e apresentam custo elevado Leishmaniose Visceral • Reservatório • Período de Incubação: 3 a 6 meses • A doença se assemelha à doença humana • Grande percentual de assintomáticos com parasitos na pele • Vacinação • Tratamento??? Leishmaniose Visceral • Profilaxia • Controle do Hospedeiro Mamífero: • Reservatórios – Eutanásia ou tratamento dos reservatórios domésticos; uso de coleiras inseticidas; telas nos canis; evitar passeios nos horários do vetor; • Pacientes Humanos – Tratamento e monitoramento • Problema: O tratamento é longo, existem efeitos colaterais e muitos pacientes desconhecem o acesso ao tratamento Leishmaniose Visceral • Profilaxia • Controle do vetor: • Construção de moradias distantes da mata • Telas de proteção canis, janelas e portas • Uso de repelentes • Problema: o vetor não é domiciliar, é capaz de desenvolver resistência aos inseticidas Leishmaniose Visceral • OMS – Programa de Vigilância e Controle de Leishmaniose • Objetivos • Reduzir a incidência da doença tão rápido quanto possível a um nível no qual cada país possa integrar atividades de controle e vigilância às suas atividades gerais de promoção de saúde. • Para atingir essa meta, a OMS propõe: • Controlar a população de vetores através de borrifação de inseticidas com ação residual nas casas e uso de mosquiteiros impregnados com inseticida; Leishmaniose Visceral • OMS – Programa de Vigilância e Controle de Leishmaniose • Objetivos (cont.): • Facilitar o diagnóstico precoce e tratamento; • Promover educação e produzir materiais para treinamento; • Detectar e conter epidemias em seus estágios iniciais; • Facilitar o diagnóstico precoce e tratamento eficaz das co-infecções Leishmania/HIV
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