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Analista dos Tribunais e MP - Área Judiciária CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Eleitoral Professor: Celso Spitzcovsky Aulas: 01 a 04 | Data: 07/08/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO FONTES 1. Constituição Federação 2. Leis 3. Medida Provisória 4. Resoluções Editadas pelo TSE 5. Súmulas editadas pelo TSE 6. Consultas dirigidas pela Justiça Eleitoral (TSE) PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL 1. Princípio Democrático 2. Princípios relacionados aos Sistemas Eleitorais 3. Princípio do Pluralismo Políticos 4. Princípio da Segurança das Relações Jurídicas em matéria eleitoral 5. Princípio da Moralidade em matéria eleitoral 6. Princípio Federativo 7. Princípio da Celeridade em matéria eleitoral DIREITOS POLÍTICOS 1. Definição 2. Reflexos FONTES 1. Constituição Federal É a base não só para o direito eleitoral, mas para todos os outros. Dentre os temas que vamos tratar mais a fundo em nossas aulas, estão os seguintes: *Princípios Políticos *Direitos políticos *Partidos Políticos *Organização e Estrutura do Judiciário Eleitoral -STF, TSE, TER, Juiz de 1ª Instância e Juntas Eleitorais competência, quem indica, como funcionam... 2. Leis a. Lei 9504/97 - Lei das Eleições. Trata dos seguintes itens: *Convenções Partidárias Devem ocorrer no mês de junho do ano das eleições. *Registro das candidaturas Ocorre no mês de julho (até o dia 5) do ano das eleições. *Campanha Eleitoral Página 2 de 16 Ocorre em julho, agosto, setembro e outubro *Eleições Mês de outubro - Ocorrem as eleições Veremos o que pode e o que não pode ser feito no dia das eleições Critérios para definir quem foi eleito Mês de novembro – prestação de contas Mês de Dezembro – ocorre a diplomação dos eleitos Mês de janeiro – posse (executivo) Mês de fevereiro – posse (legislativo) b. Lei 4737/65 – Código Eleitoral Recursos, crimes em matéria eleitoral Garantias eleitorais c. Lei 9096/95 – Lei Orgânica dos Partidos Políticos Quais as exigências para que o partido seja criado Partidos têm direito ao acesso a meios de comunicação. d. Lei Complementar 64/90 – Lei das Inelegibilidades (Atenção: ela foi alterada pela LC 135/10 – Lei da Ficha Limpa) Hipóteses em que aqueles que querem se candidatar, não poderão. 3. Medida Provisória Ela não é fonte do direito eleitoral (art. 62, parágrafo 1º da CF) CF/88 - Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Página 3 de 16 4. Resoluções editadas pelo TSE TSE tenta melhor detalhar as regras que já estejam na legislação vigente. TSE não poderá inovar por meio de Resoluções. Para que o TSE edite as resoluções, há 2 limite previstos na Lei 9504/97, art. 105: Prazo 5 de março do ano das eleições Realização de audiências públicas Para que os operadores e representantes dos partidos possam manifestar suas opiniões. Lei 9504/97 - Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) § 1º O Tribunal Superior Eleitoral publicará o código orçamentário para o recolhimento das multas eleitorais ao Fundo Partidário, mediante documento de arrecadação correspondente. § 2º Havendo substituição da UFIR por outro índice oficial, o Tribunal Superior Eleitoral procederá à alteração dos valores estabelecidos nesta Lei pelo novo índice. § 3o Serão aplicáveis ao pleito eleitoral imediatamente seguinte apenas as resoluções publicadas até a data referida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) 5. Súmulas editadas pelo TSE Súmulas são Instrumentos que demonstram o posicionamento de determinado Tribunal sobre determinada matéria. Temos poucas súmulas em matéria eleitoral (são 21 súmulas do TSE). No direito eleitoral as súmulas têm grande importância. CF prevê que o prazo de mandato no TSE será de 2 anos, admitida uma recondução. (Art. 121, parágrafo 2º, CF) . Como tem muita mudança nos cargos, a jurisprudência muda com grande frequência. CF/88 - Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais. § 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. 6. Consultas dirigidas pela Justiça Eleitoral (TSE) Há limites: * Em relação ao objeto O objeto da consulta não pode versar sobre casos concretos. Ele analisa só consultas em tese. *Em relação à legitimidade Página 4 de 16 Quem pode promover essas consultas ao TSE? Art. 23, XII, Lei 4737/65 – Cód. Eleitoral - permite: - Autoridades com jurisdição federal (estadual e municipal não pode!) - Órgão Nacional de um partido político Lei 4737/65 - Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político; PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL Também em matéria eleitoral, vão se aplicar os 5 princípios que estão no caput do art. 37 da CF (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência). CF/88 - Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Além destes, temos os princípios específicos do direito eleitoral. 1) Princípio Democrático Tem base no artigo 1º da CF “Brasil é um Estado democrático de Direito” se somos uma democracia, quem se apresenta como titular do poder é o povo. O povo é o titular do poder, mas de que maneira isso será exercido? Parágrafo único deste artigo deixa claro que o povo tem 2 formas de exercerseu poder: - através de representantes eleitos - diretamente, nos termos fixados pela CF CF/88 - Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. No Brasil aparecem simultaneamente a democracia direta e a democracia representativa. Instrumentos através dos quais o povo vai exercer seu poder diretamente estão previstos no artigo 14 da CF: Página 5 de 16 CF/88 - Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. (...) - Sufrágio - Voto - Plebiscito Instrumentos da democracia direta - Referendo - Iniciativa popular de lei Veremos em aulas futuras casos de eleições indiretas. Somos uma democracia representativa, onde o povo, titular do poder, estará sendo representado por terceiros e, por ter este perfil, recebe também o nome de democracia indireta. Dois itens importantes aparecem quanto à democracia indireta: 1. Quais as condições de exigibilidade (art. 14, parágrafo 3º, CF) Brasileiro, em pleno exercício dos direitos políticos, alistado, domicilio na circunscrição, filiado a partido e idade mínima. 2. Hipóteses inelegibilidade Direitos políticos negativos. CF/88 - Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; Regulamento VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. 2. Princípio relacionado aos sistemas eleitorais Página 6 de 16 Aparecem 2: a) Sistema majoritário Privilegia-se a quantidade de votos obtida pelo candidato. Considera-se eleito o candidato que teve maior número de votos Se aplica a mandatos no executivo (prefeito, governadores e presidente) e para o Senado Federal Mandato para executivo (art. 77 CF) – fala das regras para Presidente, mas, por analogia aplicamos para governador e prefeito. 1º turno – participam todos os candidatos de partidos já registrados. Disso surgem 2 possibilidades: a) Um candidato consegue alcançar a maioria dos votos válidos excluídos os brancos e os nulos. b) Se nenhum dos candidatos alcançar o quórum, parte-se para 2º turno. Neste, quem obtiver a maioria simples, estará eleito. * Atenção: nas eleições para prefeito, temos uma variação: a Lei 9504/97- Lei das eleições, art. 3, parágrafo 2º, estabelece que: Municípios que tenham até 200.000 eleitores eleição em turno único. Para o senado federal, encontramos respaldo no art. 46 da CF sistema majoritário turno único também. CF/88 - Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) § 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice- Presidente com ele registrado. § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Lei 9504/97 - Art. 3º Será considerado eleito Prefeito o candidato que obtiver a maioria dos votos, não computados os em branco e os nulos. § 2º Nos Municípios com mais de duzentos mil eleitores, aplicar-se-ão as regras estabelecidas nos §§ 1º a 3º do artigo anterior. CF/88 - Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. Página 7 de 16 § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. § 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes b) Sistema proporcional Privilegia-se a quantidade de votos obtidos pela legenda. Neste caso, pode ocorrer de um candidato ser muito bem votado e a legenda ser mal votada, de modo que ele não é eleito. O contrário também ocorre – a legenda é super votada e o candidato não, e, mesmo assim, acaba se elegendo. Deputado Federal – deputado Estadual - Vereador “puxadores de voto” – aqui o papel deles é fundamental (ex.: Tiririca, Russomano) Quociente eleitoral = apontará a quantidade de votos necessária para que um partido consiga conquistar uma vaga nas eleições. Como é calculado? Art. 106, Código Eleitoral (4737/65) Lei 4737/65 - Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo- se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior. Divide-se o número de votos válidos, pela quantidade de vagas oferecidas pela casa legislativa. Votos válidos= 1 milhão vagas: 10 QE = 100.000 cada vez que uma legenda receber 100.000 votos, ela adquire o direito a uma vaga. Ex.: Um partido A, que tenha conquistado nas eleições 500.000 votos. Ele consegue 5 vagas. Neste partido estão eleitos os 5 mais votados (independente da quantidade de votos que tenham conquistado). 1º colocado 490.000 (um puxador de voto) 5º colocado 1.000 votos ele será eleito, pois ele foi o 5º mais votado do partido. Outra distorção possível seria: um partido B que tenha conseguido 99.000 votos. Quantas vagas ele conseguiu conquistar? Nenhuma. Pois ele não passou nenhuma vez pelo QE de 100.000. Imagine que o 1º colocado tenha recebido 95.000 votos- não terá vaga. Note que este candidato não será eleito, enquanto o 5º do outro partido (com 1000 votos) será. Quanto mais votos a legenda conseguir para a Câmara, mais benefícios, ex. Mais tempo no horário gratuito. 3. Princípio do Pluralismo político (Art. 1, inciso V, CF combinado com o art. 17 CF) É um dos fundamentos da república federativa, Tem base também no art. 17, da CF. é livre a criação de partidos políticos. - antigamente, tínhamos lideres clandestinos, como o partido comunista (Professor ressalta casode Olga Prestes) Art. 5º, IV CF livre manifestação do pensamento. Página 8 de 16 Hoje temos 32 partidos no Brasil. CF/88 - Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: V - o pluralismo político. Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: Regulamento I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 4. Princípio da Segurança das Relações Jurídicas em matéria eleitoral (= Princípio da Anualidade ou Princípio da Anterioridade. CF/88 - Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993) Art. 16, CF – a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação (1), não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data da sua vigência.(2) (1)Essa lei entra em vigor na data de sua publicação – em matéria eleitoral não há vacatio legis. Página 9 de 16 (2) As leis que alterarem o processo eleitoral, deverão estar aprovadas 1 ano antes das eleições para permitir que todos tomem conhecimento. Como as eleições ocorrem sempre em outubro, as regaras deverão ser aprovadas até outubro do ano anterior ao ano da eleição. Ex. Em junho de 2010 foi aprovada a lei da ficha limpa e, com sua aprovação, as pessoas que tinham condenação não poderia se eleger. Ocorre que, como a lei foi aprovada em junho de 2010, mudando as regras das eleições, ela não pode ser aplicada a eleição de 2010. Ela foi aplicada pela 1ª vez em 2010. 5. Princípio da Moralidade em matéria eleitoral Esse princípio está no caput do art. 37, CF. CF/88 - Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Moralidade remete a honestidade. Em matéria eleitoral, contudo, tem uma conotação diferente, encontrando base no art. 14, parágrafo 9º do texto constitucional. CF/88 - Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) CF autoriza a criação de hipóteses de inelegibilidade para: a) Para preservar a probidade administrativa Probidade é sinônimo de honestidade administrativa. b) Para preservar a moralidade administrativa para o exercício do mandato, tendo em vista a vida pregressa do candidato Ou seja, se tiver condenações pode vir a se tornar inelegível. CF visa evitar que alguém que tenha um passado comprometido, venha a representar o interesse do povo. A lei da ficha limpa veio justamente para regulamentar o art. 14, parágrafo 9º. Condenação só advinda de um tribunal (órgão colegiado) Ainda que a decisão não tenha caráter de definitividade (não alcançou o trânsito em julgado). Existe uma possibilidade de que alguém pode ser condenado por um juiz: Decisão proferida e prejudicado deixa de recorrer de modo que a sentença transita em julgado. Quando a lei da ficha limpa surgiu, houve uma polêmica: impedir alguém que tenha condenação sem transito em julgado, fere o princípio da presunção de inocência? Página 10 de 16 A CF, art. 5º, inciso LVII assegura a presunção de inocência. O STF entendeu que a moralidade administrativa não representa uma sanção, não havendo uma penalidade. Essa restrição não se trata de penalidade, mas sim de um simples impedimento para candidatura. O que se impede é que alguém possa se candidatar. Não tira-se nada do candidato. Ficha limpa neste aspecto é também constitucional. CF/88 - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; c) Para assegurar a legitimidade das eleições contra abusos de poder econômico e político. Isso permite “igualar” as condições entre candidatos. 6. Princípio Federativo O Brasil é uma federação, conforme dispõe o artigo 1º do texto constitucional: república federativa do Brasil. Federação: é uma forma de Estado caracterizada pela existência de duas ou mais ordens jurídicas que incidem simultaneamente sobre o mesmo território, não existindo hierarquia entre elas, mas campos diferentes de atuação. No Brasil há 4 ordens jurídicas: federal, estadual, municipal e distrital. Ex.: eu morando em São Paulo, me submeto as leis do município (ex. leis de trânsito). Me submeto também às leis editadas pelo Governo do Estado (ex. aumento de tarifa de água). Eu também me submeto as leis da União (ex. tarifas de energia elétrica). Não existe hierarquia entre essas leis, o que existe são campos diferentes de atuação - cada esfera tem a sua, conforme definido pela CF. Art. 21, caput, CF: “Compete à União...” Art. 22, caput, CF: “Compete a União” Art. 30, CF: “Compete ao Município…” Art. 25, CF, parágrafo 1º Estado pode legislar sobre as matérias residuais (as que não foram para a União e Município) Art. 22, inciso I, CF matéria eleitoral é de competência privativa da União. CF/88 - Art. 21. Compete à União: (...) CF/88 - Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. (...) Art. 30. Compete aos Municípios: (...) 7. Princípio da Celeridade em matéria eleitoral Propõe rapidez das ações propostas no campo eleitoral. Art. 5º, LXXVIII, CF – redação dada pela EC 45/04 coloca como direito fundamental a duração razoável de um processo administrativo ou judicial Página 11 de 16 Ocorre que a simples inclusão da regra acabou não sendo razoável, pois não se tem o conceito do que é um tempo razoável. No direito eleitoral temos: art. 97-A, Lei 9504/97 nos termos do inciso LXXVIII do art. 5 da CF, considera- se duração razoável de um processo que possa resultar em perda de um mandato eletivo o período máximo de 1 ano, contado da apresentação da ação, perante a justiça eleitoral. Art. 97-A, parágrafo 1º – duração do processo abrange a sua tramitação em todas as instâncias da justiça eleitoral. CF/88 - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Lei 9504/97 - Art. 97-A. Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5o da Constituição Federal, considera-se duração razoável do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 1o A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação em todas as instâncias da Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Quais são as instancias pelas quais passam o processo? STF TSE TER´S JUIZ Acabamos com princípios. DIREITOS POLÍTICOS 1. Definição Conjunto de regras que disciplina o exercício da soberania popular. 2. Reflexos A soberania popular foi integre ao povo, de modo que o povo vai exercer essa soberania de forma: - direta exercida sem intermediários - indireta exercida por meio de representantes Página 12 de 16 Vamos agora analisar estes pontos. Democracia Direta Quais instrumentos viabilizam a soberania popular? Em que situações o povo poderá exercer o poder sem intermediários? Art. 14, CF a soberania popular será exercida através do a) Sufrágio Direito subjetivo atribuído ao cidadão de participar da vida política do país, ou seja, direito de votar e ser votado (capacidade ativa e passiva). O sufrágio no Brasil é universal, respeitado os limites estabelecidos pela CF. Ex.: não é todo mundo que pode votar e nem todos podem ser votados quando falamos em o sufrágio universal, estamos comparando ao nosso passado. Antigamente havia limitação financeira e a sexo. CF/88 - Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. § 1º O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; Regulamento VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um Página 13 de 16 único período subseqüente.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. b) Voto No artigo 14, temos a regra geral, dentre eles o voto secreto. Exceção: artigo 81, parágrafo 1º da CF. No art. 81, parágrafo 1º a CF prevê eleições indiretas para presidência quando vagarem os cargos de Presidente e Vice no segundo período do mandato presidencial. CF/88 - Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Vacância = hipótese em que o cargo fica vago em caráter permanente Ex.: impeachment; Página 14 de 16 Morte Mandato presidencial = 4 anos. Assim, só quando vagar o cargo do presidente e vice nos últimos 2 anos. Neste caso, a eleição será indireta pelo congresso nacional na forma prevista em lei. Isso já aconteceu no Brasil? Em dezembro de 1992, Collor foi condenado por crime de responsabilidade. O mandato ficou vaga. (Collor – assumiu em jan. 1990) Para evitar eleições indiretas, o Vice se recusou a assumir, pois queria governar por 4 anos. Se ele assumisse neste momento e ficar por 2 anos. Ele foi incentivado a reassumirpara evitar as eleições indiretas. Ele negociou de em 1994 se candidatar em 1994. Em 1998 assumiria o Itamar. Só quem 1997 o FHC aprovou a reeleição. Em 1998 era permitida a reeleição e FHC foi reeleito. De qualquer forma, quase tivemos eleições indiretas. c) Plebiscito d) Referendo Plebiscito e referendo são formas de consulta direta à informação. Para que ocorram, devem ser autorizados pelo Congresso Nacional, na forma do art. 49, CF. CF/88 - Art. 49. A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos, sendo facultada aos foreiros, no caso de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos contratos. § 1º Quando não existir cláusula contratual, serão adotados os critérios e bases hoje vigentes na legislação especial dos imóveis da União. § 2º Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam assegurados pela aplicação de outra modalidade de contrato. § 3º A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança, a partir da orla marítima. § 4º Remido o foro, o antigo titular do domínio direto deverá, no prazo de noventa dias, sob pena de responsabilidade, confiar à guarda do registro de imóveis competente toda a documentação a ele relativa. Plebiscito: forma de consulta direta em caráter originário. Através do plebiscito o povo é instado a se manifestar sobre tema sobre o qual não exista nenhuma deliberação anterior. Ex.: plebiscito sobre a preferência sobre sistemas e formas de governo: República presidencialista ou Monarquia parlamentarista? (Professor menciona que já havia a ideia de instituir o parlamentarismo, tanto que a parte legislativa é bem abrangente) Povo decidiu pela manutenção da república presidencialista. Referendo: é forma de consulta direta em caráter derivado/posterior. A população é instada a se manifestar sobre tema sobre o qual já há deliberação. O que se busca é ratificar/referendar as diretrizes. Ex.: Estatuto do desarmamento – tivemos o referendo Ex.: Estado do Pará – também fizeram plebiscito para saber se queriam se dividir. Página 15 de 16 e) Iniciativa Popular de leis População está legitima a propor projetos de lei sem ficar à mercê do poder legislativo ou executivo. A CF atribuiu à população alguns direitos (um avanço), mas solicitou o preenchimento de exigências para isso (art. 61, parágrafo 2º, CF) CF/88 - Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador- Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Colocaram muitos direitos com eficácia limitada, que para produzir todos os seus efeitos, dependem de regulamentação posterior. Ex.: Desde 1988 a CF atribui aos servidores da iniciativa publica o direito de greve, contudo condicionou este direito a criação previa de uma lei regulamentando este direito. 27 anos se passaram, ainda não temos uma lei. No art. 61, parágrafo 2º, CF temos as seguintes exigências: - 1% das assinaturas do eleitorado nacional - divididos em pelo menos 5 Estados (visando aumentar a legitimidade do projeto) - com não menos de 3-10% em cada um deles Desde 1988, apenas 2 projetos de lei foram aprovados. O primeiro projeto alterou a lei 9504/97 criando nela o art. 41-A torna crime o oferecimento de vantagens ao eleitor em troca de votos O segundo resultou na aprovação da LC135/2010 lei da ficha limpa. Mesmo que todas essas exigências forem cumpridas, isso não significa que o projeto foi aprovado, mas sim que o projeto será levado a apreciação na Câmara dos deputados (art. 61, CF). Projeto de lei de iniciativa popular só pode versar sobre 1 matéria! Lei 9504/97 - Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 9.840, de 1999) § 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Página 16 de 16 § 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 3o A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) (DEMOCRACIA REPRESENTATIVA – PRÓXIMA AULA)
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