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A fotografia e Arte Profa Camila Leite de Araujo mila.milk@gmail.com caraujo8@fanor.edu.br Referencia Bibliográfica • André Rouillé. A fotografia: entre o documento e a arte contemporânea Faço votos de que a fotografia, em vez de cair no domínio da indústria, do comercio, caia no da arte. Aí é o seu único e verdadeiro lugar, e é por esse caminho que sempre farei de tudo para que ela progrida. Gustave Le Gray • Em resposta à Disdéri, o enaltecedor da fotografia industrial, futuro inventor da famosa carte de viste. Vai adotar o pequeno formato, a impressão em série, a fim de vender muito, e barato, aumentando seus lucros. A arte dos fotografos • Entre o fogo cruzados da fotografia dos artistas , de um lado, e do documento fotográfico do outro. • Isso não impediu da arte dos fotógrafos de ocupar um lugar real, e as vezes principal, nas práticas e produções fotográficas. A arte dos fotógrafos X a foto dos artistas • Essa distinção é bastante fácil. Ela se baseia na profunda fratura cultural, social e estética que separa os artistas e os fotógrafos artísticas. A arte fotoráfica • Muitas vezes, a arte fotográfica pode aparecer como um espaço de liberdade, como um meio de escapar às imposições estéticas de um oficio submetido às leis restritas do documento e da mercadoria (a rapidez, a leveza, a uniformidade e a série). Julia Margaret Cameron Uma arte controversa, o calótipo • A arte dos fotógrafos se inscrevem em um longo processo de autonomização do processo fotográfico diante dos valores práticos e comerciais. Autonomia X mercado • A fotografia conheceu rapidamente os movimentos de autonomização em face das imposições práticas e comerciais. • Serviu de contrapeso artístico ao enorme peso da utilidade prática que recai sobre a fotografia. A fotografia repartida • O campo constitui-se cindindo-se em dois: de um lado, o fotografo comercial, de outro o fotografo- artista. • Essa cisão pode ser simbolizada pela oposição inicial de Daguerre e Bayard. • Apresentando os positivos diretos de Bayard como “verdadeiros desenho”, dotados de um “efeito realmente encantador”, dificil de ser alcançado pelos daguerreótipos. Calótipo • Oposição que uma década mais tarde vai colocar em confronto os calotipistas (fotógrafos artistas, muitas vezes amadores, adeptos fervorosos do papel e do flou) contra os práticos, partidários do negativos em vidros e do nítido) 1870 – A fotografia artística reune-se em torno do calótipo, que é muito mais que um procedimento. É, na realidade, propriedades técnicas (negativo em papel) + efeitos estéticos (privilegia as massas e atenua os detalhes) + significados sociais (flou se opõe a nitidez industrial) + práticas fotográficas (tomadas ao ar livre e em sua maioria paisagens) + orientações economicas (criar uma obra é mais importante do que uma mercadoria). É moderno no sentido da arte e anti- moderno no sentido da economia Uma postura desconfortável • A posição desses fotógrafos era desconfortável, uma vez que se encontram entre o mercado e a arte: entre os fotógrafos comerciais cujo comprometimento com a economia eles condenam, e entre os artistas, de quem eles necessitam e com quem compartilham muitas vezes a formação, mas que os rejeitam • Indiferentes às questões de funcionalidade e de rentabilidade, os fotógrafos-artistas concentram-se na matéria e nas formas das imagens, no estilo. • Lutando ativamente pela qualidade das provas e contra seu barateamento. Trazendo a questão para a contemporaneidade... Dirceu Maués Paula Trope • Paula Trope possui um trabalho político que envolve a interação com crianças de comunidades pobres. A série Traslados, apresentada na Temporada de Projetos, consiste em pares de fotografias elaboradas com câmeras pinhole. São foto-mensagens trocadas entre crianças do Rio de Janeiro e de Havana. • Em primeiro lugar, Paula Trope trabalha a fotografia pura. Com câmera pinhole (que em espanhol é câmara de orifício puntual) elabora as suas imagens. Pode ignorar os tempos efemeríssimos dos obturadores industriais para estabelecer o seu próprio tempo: humano, interpessoal, e agora, transoceânico. Por não precisar "compor" um quadro (pois câmera de orifício puntual não tem visor), visualmente a artista molda todo o espaço captado em sua volta. Em outras palavras, ela "mexe" diretamente no espaço, sem o visor como intermediário. Mestra portanto do tempo-espaço, Paula Trope fotografou no Brasil imagens que foram "trocadas'' por outras imagens, feitas em Cuba, e que se entrelaçaram às brasileiras em um só programa afetivo-visual. O (sofisticadíssimo) aspecto foto-plástico entretanto não é opção formal. Como opção conceitual, integra o conjunto estratégico de Paula Trope, já que ela opera principalmente no âmbito de uma sociologia. Envolvido com o social, seu trabalho, ao invés de competir com os meios de comunicação de massa, se apropriou dos seus sistemas de linguagem - para poder discuti-Ios livremente, como fez, com grande sucesso. Pictorialismo • Paradoxo: tentar defender a fotografia dissolvendo-a na pintura. • Estética que leva em conta menos à imitação das coisas do que o mimetismo da fotografia com a pintura. • Surge em 1890 – é um elogio ao mimetismo, ao misto: à impureza. • Paul Périer • - o retoque é o complemento da fotografia- arte; • - a fotografia só é arte se for híbrida; • -recusa ao barateamento, nega a vulgarização, recusa à instrumentalização; • - paradoxo: querer freneticamente levar a arte fotográfica a se confundir com a pintura • “O pictorialismo surge a partir da união de fotógrafos-artistas para mostrarem uma fotografia que vai além da técnica, que mostre subjetividade, valorize o ato fotográfico e se desvencilhe do caráter documental que lhe era atribuído até então. Os adeptos do pictorialismo propunham uma intervenção na fotografia por meio de inúmeros processos, reivindicando ‘o reconhecimento da fotografia enquanto imagem artística, com o mesmo estatuto da pintura’” Joan Vilatobà (1878 - 1954) Tecnicas de retoque • Várias técnicas de impressão e retoque surgiram no século XIX para sanar a inquietação de diversos fotógrafos que priorizavam a dimensão mais subjetiva da fotografia. Alguns desses processos foram a cianotipia, a goma bicromatada, o bromóleo, entre outros. Bromóleo • Consiste basicamente no branqueamento de fotografias em papel de brometo e seu posterior revestimento com um pigmento oleoso e produz um acabamento com textura semelhante ao da pintura a óleo. • Surge na Inglaterra em 1907, grande sucesso entre os fotógrafos pictorialistas até a década de 1920. Robert Demachy. Bromóleo Gertrude Käsebier. Bromóleo. George Seeley y Hugo Henneberg. Bromóleo. Cianotipia • A cianotipia foi um dos primeiros processos de impressão fotográfica em papel. Foi descoberta por Sir John Herschel, notável cientista, cuja atividade principal era a astronomia, tendo feito diversos achados neste campo. Além disso, fez pesquisas relevantes na fotografia e, segundo autores abalizados, deve-se a ele também a descoberta do hipossulfito como agente fixador. A cianotipia tem este nome porque as imagens assim produzidas apresentam-se em azul. Isto acontece pelo fato de se basear em sais de ferro e não prata. Também é conhecida como ferroprussiato ou "Blueprint".Goma Bicromatada • Surgido em 1894, foi um dos processos mais apreciados pelos fotógrafos pictorialistas, a partir da última década do século passado, permanecendo em voga até a década de 1920, em virtude de possibilitar o uso da cor, um grande controle da formação da imagem e por gerar imagens cujo acabamento podia evocar tanto o aspecto de uma gravura ou de um desenho a carvão ou em pastel. Os papéis de goma bicromatada, que deviam ser artesanalmente produzidos pelo próprio fotógrafo, eram recobertos por uma camada de goma bicromatada - composta pela mistura de goma arábica e de dicromato de potássio - na qual podiam ser adicionados pigmentos de qualquer cor a escolha do fotógrafo. Goma Bicromatada Pictorialismo contemporâneo Max Aguilera- Hellweg es un doctor en medicina, cineasta y fotógrafo estadounid ense, de raíces mejicanas (nacido en Fresno, California, en 1955, reside en Nueva York) (Christy Lee Rogers / Reckless Unbound) Photo-Secession • Os fotossecessionistas defendem a fotografia sem retoques ou manipulação nos negativos e nas cópias, em reação ao pictorialismo. Muitas vezes, os fotógrafos buscavam condições atmosféricas que pudessem produzir os efeitos que desejavam, sem terem que fazer intervenções na fotografia. A fotografia se aproxima do Abstracionismo, com ênfase na forma e não no objeto em si. O trabalho dos fotossecessionistas é divulgado pela revista CAMERA WORK, fundada por Stieglitz e publicada entre 1903 e 1917. Edward Steichen, Alvin Langdon Coburn e Paul Strand estão entre os principais nomes do movimento. Fotografia moderna • As vanguardas modernistas também influenciaram a produção fotográfica e, ao mesmo tempo, foram influenciadas por ela. A partir do trabalho dos fotógrafos da Photo-Secession e de toda a movimentação criada pelos artistas vanguardistas, a Fotografia Moderna se desenvolveu na Europa e nos Estados Unidos. A principal ideia dos fotógrafos modernos era buscar uma forma de desenvolver uma linguagem artística fotográfica. Não atribuir sentido artístico à fotografia fazendo-a parecer-se com um outro tipo de imagem artística, mas criar uma estética genuinamente fotográfica. Nomes importantes da Fotografia Moderna: Eugène Atget, Làszlo Moholy-Nagy, Man Ray, Kasimir Malevich etc.
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