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Moderna – Resumo aula 01 – História Moderna como história da transição: as transformações econômicas e sociais História Moderna e a ideia de transição Se a ideia de transição implica na de transformação, ela também indica que as mudanças ocorridas nesse período não podem ser entendidas apenas enquanto rupturas. A ideia de transição nos remete à de transformação, mas também à de continuidade. Essa ideia de transição para pensar a Id. Moderna nos faz pensar que todas as estruturas –sociais, mentais, políticas, econômicas –devem ser pensadas a partir dessa dupla referência às rupturas e às continuidades. A afirmação de que a Id. Moderna é um período de transição entre a Id. Média e o mundo contemporâneo traz, alguns inconvenientes para o entendimento desse período da transição do feudalismo para o capitalismo. A Id. Moderna não é mais o mundo medieval e não é ainda o mundo contemporâneo (capitalismo). Esse período pode ser caracterizado pela ideia de transformação, sendo que, todo processo de transformação implica tanto rupturas quanto continuidades. História Moderna e transformações econômicas Certas modificações na esfera do comércio, como a retomada de um comércio regular entre o Ocidente e o Oriente, com estabelecimento de comerciantes de Veneza em Constantinopla, significaram certas rupturas com as formas predominantes do comércio medieval. A cidade é o Locus privilegiado para a nova economia e Economia de mercado e vida material convivem lado a lado. O termo “mercador-banqueiro” é empregado para designar um novo tipo de comerciante que, se serve (meados século XIII) de letras de câmbio, operações de crédito, de contratos de seguros, livros-caixa. Esses mercadores acumulavam fortunas propiciando a expansão da atividade comercial (a Renascença italiana) A expansão do comércio; Os movimentos comunais, que consequentemente tiveram uma importância crescente da atividade comercial e na retomada de algumas rotas “internacionais”. Nestas cidades se encontravam as “Corporações de ofício” de ferreiros , carpinteiros, tecelões, etc. Esses profissionais desenvolviam seus ofícios sob um sistema de hierarquia que consistia em duas figuras bem evidenciadas, a do “mestre” e do “aprendiz”. O ofício contava com o bom desempenho de seus executores que selecionavam as matérias-primas e possuía a estimativa do tempo que seria desprendido para a execução do trabalho, assim como, o domínio da técnica que seria empregada para desenvolver e concluir o trabalho. A produção pelo Oriente de artigos desconhecidos no Ocidente como tecidos finos, tapeçarias e especiarias, exercendo um fascínio sobre os europeus; O uso de moedas; A expansão marítima estabelecendo conexões com novas rotas comerciais dentro e fora da Europa; O aumento das riquezas geradas por esse comércio formando grandes fortunas em torno de certos mercadores e de certas cidades assumem, um novo significado dentro das estruturas econômicas; As transformações geradas na produção agrícola e na produção artesanal, provocaram rupturas nas estruturas feudais com novas técnicas e novos métodos. História Moderna e transformações sociais A sociedade medieval era classificada segundo a ideia de “tripartição” e destacava os seguintes grupos sociais: o clero (os que oravam e intercedia pelo homem na luta espiritual entre o bem e o mal), a nobreza (homens de guerra que defendiam a morada na terra), e os camponeses (que laboravam a terra e colhiam os frutos para alimentar a todos). As atribuições das funções de cada grupo eram impostas pela Igreja segundo os desígnios de Deus. Contrariamente a uma sociedade de classes, em que as hierarquias se estabelecem na relação com as riquezas materiais, em uma sociedade de ordens é a função que define o lugar social. Podemos objetar que essa visão da sociedade é uma farsa construída pela classe dominante para encobrir uma realidade de exploração econômica. Para a sociedade de tripartição o comerciante era aquele que exercia uma função secundária e possuía um papel muito pouco relevante ao quadro social da época, como relata, no século XIII, São Tomás de Aquino – um importante intelectual e eclesiástico de sua época – , em um de seus manuscritos e reafirmando, desse modo, os fundamentos das hierarquias tradicionais da sociedade de seu tempo, minimizando, ao mesmo tempo, o papel do comerciante numa sociedade ordenada segundo os desígnios divinos, ele distingue dois tipos de comércio: o comércio necessário – o comércio do sal –, e o comércio do supérfluo – o comércio das sedas e das especiarias – como sendo uma fonte de vícios e corrupção. Entretanto, este comércio supérfluo foi o maior gerador de fortuna na Europa daquela época. As “guildas” foram grupos criados por acordos e consentimento dos seus membros e , nesse sentido são associações livres. Elas têm por objetivo o auxilio mútuo em caso de indigências , incêndios e náufragos, ou seja, uma assistência social em sentido amplo. Exemplo de guildas mais antiga seria a dos “mercadores itinerantes do século XI”. Surgem os “movimentos heréticos” um conjunto de práticas e ideologias de contestação à Igreja católica (século XII), baseavam na ideia de pobreza e de simplicidade do culto. A ideia de salvação exerce uma grande influência nessa sociedade. Sociedade do Antigo Regime: uma sociedade de classes? A Península Itálica foi, durante boa parte da Id. Média, o palco das disputas entre o Papado e o Sacro-Império Romano Germânico. Durante boa parte da Id. Média, os imperadores do Sacro-Império lutaram contra o papado e suas aspirações à supremacia. Dividindo a Europa em campos antagônicos: uns que defendiam que “todos os reinos e todos os reis deveriam estar submetidos a um único imperador cristão” no caso, o Imperador Sacro Império; um segundo partido que pretendia que o Império fosse apenas o braço secular do Papado; um terceiro campo que prega a separação entre o poder temporal e o poder espiritual, sem que um esteja submetido ao outro. As cidades do norte da Itália, (periferia), tornam-se lugares de riquezas e de inovações, devido ao crescimento do comércio. Os mercadores dessas cidades, através de redes de comércio que se espalham por toda a Europa, tornam-se muito importantes do ponto de vista da riqueza que são capazes de acumular. A partir dessa nova riqueza eles se tornam capazes de “competir” com a nobreza no que diz respeito ao poder de edificar, de manter serviçais, de encomendar “obras de arte”, de embelezar as cidades. A visão medieval de uma sociedade estruturada em três ordens, certamente, não era atraente para muitos dos moradores das cidades italianas. Mas, se a riqueza do comércio gerava fascínio e prestígio, ela provocava, ao mesmo tempo, desconfiança e conflitos. Essas cidades constituem não só o centro irradiador de transformações econômicas, mas também de mudanças políticas, sociais e culturais. É o período conhecido como Renascimento, onde recolocam na ordem do dia a discussão política sobre o governo da cidade e sobre as qualidades do bom governante, reafirmam a dimensão política como elemento essencial do homem. Nasce a possibilidade de uma mobilidade social, um embate entre os partidários de uma nova organização social e os adversários de toda modificação da sociedade de ordens. Porém, os valores atribuídos ao comércio e ao comerciante não se modificam com a mesma rapidez que as estruturas econômicas. Para ascensão social, muitos comerciantes após acumular fortunas em atividades comerciais ou financeiras vão buscar o status e o prestígio, através da compra de terras, de cargos e títulos de nobreza. A história social da época moderna pode ser compreendida a partir dessa tensão, entre uma concepçãode sociedade hierarquizada segundo uma ordem imutável e uma realidade social cada vez mais modificada, pela ascensão de novos grupos e pela elaboração de novos valores. Ao mesmo tempo em que a riqueza gerada pelo comércio produz novas formas de cultura e novas estruturas de poder, as sociedades se mantêm atreladas a certos mecanismos de hierarquização social e a certos conjunto de concepções e valores. A chamada Sociedade do Antigo Regime (mudanças na sociedade de ordens, não significando, no entanto, a sua transformação numa sociedade de classes) exprime uma nova ordenação social, assim como novas relações de poder. O poder centralizador em torno do rei, só é possível a partir dessas novas formas de riqueza surgidas a partir das cidades e do comerciante, que só pode ascender socialmente dentro de uma sociedade de ordens, isto é, para que o comerciante se torne um nobre, é necessário que, antes de tudo ele passe a viver como um membro da nobreza, o que significa a posse de terras e a possibilidade de viver de rendas geradas pelo trabalho camponês. Na França e na Espanha, exigisse desse novo rico o abandono da profissão de comerciante para a aquisição do titulo de nobreza. A sociedade do Antigo Regime foi uma expressão construída para designar essas sociedades do mundo moderno e exprimem a reação à emergência de uma sociedade de classes. Diferentes mecanismos são criados para impedir que a riqueza seja o único critério de distinção social. A valorização do indivíduo no Renascimento foi um movimento nas cidades italianas de renovação, em relação à posição do indivíduo na sociedade. Referência a salvação prometida pela religião católica é uma salvação individual. A retomada e a difusão do direito romano, seriam um dos elementos mais importantes na dissolução da ordem feudal. Essa valorização do indivíduo e todos esses processos de transformação implicam rupturas, mas também continuidades. Do ponto de vista das estruturas sociais, a História Moderna pode ser lida como a história dos antagonismos e dilemas entre uma sociedade de indivíduos e uma sociedade de corpos. Porém, a emergência do indivíduo como objeto filosófico e jurídico, assim como o estabelecimento de práticas religiosas e políticas voltadas para a existência individual NÃO implicam na desarticulação da sociedade corporativa.
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