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Moderna Resumo aula 08 UNIRIO

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Moderna – Resumo aula 08 – Capitalismo comercial e estruturas sociais 
Famílias de mercadores banqueiros que financiaram os reis da França, da Espanha, Inglaterra e o Papado na luta 
incessante por poder e territórios: Os Fugger (Alemanha), Dinastia dos Valois (França), Médici (Itália). 
Economia mercantil e transformações sociais 
Estruturas sociais e valores burgueses com o renascimento das cidades e do comércio, os comerciantes adquirem meio 
de equiparar-se ou até mesmo de suplantar os nobres na sua capacidade de promover a civilização. Os mercadores da 
cidades italianas tornam-se os principais financiadores dos melhoramentos urbanos e rivalizam com os nobres na 
construção de castelos, igrejas etc. O comércio desenvolvido nas cidades italianas se diferencia do típico comércio 
medieval, em razão dos métodos e técnicas empregados a partir de uma nova racionalidade na busca do lucro. No entanto, 
muitas dessas qualidades são incompatíveis com a vida da nobreza, entre elas, a previsão de gastos e a capacidade de 
acumular, que se opõem diretamente a uma das condições inseparáveis da nobreza, a capacidade de distribuir presentes. 
A ideia de ascensão da burguesia pressupõe que os burgueses da Europa desse período procuram afirmar-se através de 
valores e de significados associados ao comércio; que eles procuram ascender socialmente como pertencentes ao mundo 
do comércio. É possível identificar diferentes caminhos para a ascensão social de “homens do comércio”, por outro lado, 
dificilmente os burgueses procuram ascender afirmando o mundo do comércio e seus valores, esses comerciantes 
europeus procuram com mais ou menos afinco, distanciar-se, no seu caminho de ascensão social, dos signos exteriores 
associados à prática comercial e buscam se mostrar enquanto homens capazes de gastar e não como acumuladores e 
poupadores. Apesar da centralidade da economia mercantil e da dependência geradas em relação à riqueza comercial, a 
nobreza territorial continua ocupando o topo da hierarquia social. No entanto, as nobrezas territoriais de diferentes partes 
da Europa moderna são afetadas pelo enriquecimento dos comerciantes. Muitos nobres se veem nas mãos dos 
comerciantes em relações de dívidas e empréstimos, passando muitos domínios territoriais das mãos da nobreza para a 
dos mercadores. A história social da Europa nesse período deve levar em conta tanto os caminhos de ascensão abertos 
pelos burgueses quanto as diferentes reações senhoriais e deve identificar o esforço do comerciante em se aproximar dos 
valores da nobreza nas diferentes lutas para manterem os seus domínios e o seu prestígio, sendo as “sociedades do Antigo 
Regime” resultado desses processos de transformação, que atingem todos os setores sociais. 
Estruturas sociais e nobrezas territoriais a expansão da economia comercial acarreta processos de desestruturação da 
ordem feudal, num sentido mais radical, como na Inglaterra, parte da nobreza territorial reage à diminuição de suas receitas, 
procurando outras formas de obter riquezas, mudando a forma de exploração de seus domínios, esses nobres ampliam o 
lugar reservado às pastagens para a criação de ovelhas e aumentam sua produção de lã (Flandres, principal polo do 
comércio europeu), desencadeando assim um processo de desvinculação do camponês e da terra rompendo radicalmente 
com as bases da ordem feudal. À medida que ampliam a área de pastagem, cercam terras antes dedicadas à exploração 
agrícola ou voltadas para o uso coletivo, desalojando inúmeros camponeses que se tornam, homens desvinculados de um 
território. Esse movimento conhecido como Enclosurers ou cercamento (processo pelo qual a agricultura individual 
substitui as formas comunitárias de economia agrária) dos campos se intensifica durante a época moderna 
Em cada uma das regiões da Europa as sociedades do Antigo Regime exprimem aspectos diferentes diante todas essas 
modificações e conflitos gerando consequências diversas (as diferentes formações da nobreza e da burguesia da 
Inglaterra, França e Itália) 
No caso da Península Itálica: No sul, os reinos da Sicília e da Sardenha, que se diferenciam pouco de outros reinos 
europeus no que diz respeito ao poder territorial das dinastias e das linhagens nobiliárquicas. No centro, os Estados 
Papais, que disputam com o Sacro Império Romano Germânico o poder sobre a Península. No norte, as cidades-estados 
de Gênova, Veneza, Florença, Milão, entre tantas outras, centros de inovações econômicas e comerciais do século XIII. O 
norte da península uma das regiões mais urbanizadas da Europa, a nobreza dessa parte da Itália continuou residindo nas 
cidades, se defrontando com o poder econômico dos grandes mercadores que, em razão de sua riqueza, transformam-se 
em financiadores de obras de arte e de melhorias da cidade e esses novos mercadores fazem pressão para uma maior 
representatividade nos governos das cidades. A essa questão relativa à ascensão social dos mercadores, Peter acrescenta 
uma outra: esses homens do comércio, que acumulam riqueza e que investem no embelezamento das cidades, na 
grandeza de seus nomes e de suas famílias e em obras de arte representam os valores burgueses? Por um lado, a 
ascensão desses homens do comércio indica, sem duvida, uma maior flexibilidade das hierarquias sociais. Além disso, a 
prática do comércio implica a prática da leitura, da escrita, da cartografia, da contabilidade, o que leva ao surgimento de 
escolas voltadas para esses tipos de saberes e voltadas para o comerciante, desencadeando novas necessidades e novos 
progressos. Por outro lado, mantém-se a depreciação em relação a certas práticas e significados do mundo do comércio, 
por exemplo, aqueles ligados à acumulação, à economia, à poupança. Dessa forma, se a ascensão dos mercadores gera 
modificações sociais importantes, isso não representa a ascensão dos valores burgueses. A riqueza não se institui em 
critério de hierarquização social. Nesse sentido, os mercadores vão continuar trilhando um caminho que, do ponto de vista 
estritamente econômico, nos parece irracional. Em lugar da continuidade do investimento no comércio, muitos mercadores 
procuram o investimento em terras e a aproximação ao modo de vida da nobreza. 
Sociedade do Antigo Regime na França: A expansão da economia mercantil faz surgir mercadores ricos e poderosos, no 
entanto, com muito mais rigidez do que na Península Itálica, a profissão do comércio é um empecilho para o enobrecimento. 
Na França, como na Espanha, foram criadas as “Leis de Derrogação”, que estipulavam, como condição para se obter títulos 
de nobreza, a obrigatoriedade de provar a inexistência de vínculos com o comércio ou com as profissões manuais. Por um 
lado, a riqueza das cidades e dos mercadores possibilitou novas estruturas sociais e de poder na França. Por outro lado, 
acentuou-se a demarcação entre a nobreza e a profissão do comércio. A atividade mercantil gerava a riqueza necessária a 
certos atributos da vida da nobreza: a posse de terras, os objetos de luxo, os serviçais etc., mas era, ao mesmo tempo, um 
empecilho para o enobrecimento. No entanto, para possibilitar o enobrecimento, a riqueza mercantil tinha um certo trajeto a 
realizar. Esse caminho era, em muitos sentidos, antieconômico: a posse de terras, a aquisição de cargos na administração 
real, a compra de títulos de nobreza, só acessível, entretanto, àqueles que comprovassem o “viver de rendas”, sem vínculos 
com as profissionais manuais. Se a sociedade do Antigo Regime na França é inseparável desse novo caminho de 
ascensão social, ela é também marcada pela reação da antiga nobreza a essa maior maleabilidade das hierarquias sociais. 
Nesse sentido, criou-se na França, a distinção entre a “velha nobreza”, a autointitulada “nobreza de espada”, ea nova 
nobreza, a “nobreza de toga”, designando aqueles antigos burgueses que se tornavam nobres através dos vínculos com 
os cargos da administração real. 
Especificidades da Inglaterra: As transformações desencadeadas pelo capitalismo comercial na Inglaterra foram, em 
vários aspectos, muito diferentes daquelas de outras regiões da Europa. Diversos fatores são evocados pelos historiadores 
para explicar essas diferenças, até mesmo a posição geográfica insular da Inglaterra. Peter Anderson indica um processo 
de desmilitarização precoce da nobreza inglesa após o fim da Guerra das Duas Rosas. Os efeitos dessa intensa e 
destrutiva guerra civil, levando a nobreza a abdicar de seu poder militar em favor da linhagem dos Tudor, com a diminuição 
de suas rendas, levou a nobreza inglesa a adotar certas medidas conflitantes com a ordem feudal. A nobreza inglesa, 
assim como as demais nobrezas europeias, continuava a ser definida pelo domínio de terras, de homens e pela 
possibilidade de viver das rendas geradas pelo trabalho camponês, mas diferentemente das nobrezas do continente, o seu 
estatuto não excluía a vinculação com a prática do comércio e nem dependia da função das armas. Dessa forma, do ponto 
de vista estritamente “profissional”, haveria cada vez menos distinção entre os nobres e os burgueses, pois, se a condição 
para o enobrecimento continuava sendo a posse de domínios territoriais, a prática do comércio não era incompatível com a 
nobreza. O resultado disso foi a ampliação da pequena nobreza – a gentry (nome dado à boa sociedade inglesa, e em 
particular, à nobreza sem títulos, reúne membros da alta burguesia e da nobreza titulada ou não) que passou a contar tanto 
com os nobres “de antiga linhagem” quanto com ricos burgueses aquisidores de terras. 
O capitalismo comercial transformou as sociedades europeias, mas gerou resultados diferentes em função das 
especificidades de cada região.

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