Buscar

Moderna Resumo aula 12 UNIRIO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

MODERNA – RESUMO AULA 12 – ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO Definições de mercantilismo e as diferentes divergências interpretativas sobre o seu conceito As divergências sobre o tema se iniciam com a questão da pertinência do emprego do termo “mercantilismo”, já que os inventores dessa denominação foram justamente os opositores das medidas “mercantilistas” – os fisiocratas e os liberais do séc. XVIII – que viveram num outro contexto histórico. O termo “mercantilismo” foi cunhado com o objetivo de designar um conjunto de princípios e medidas entendido pelos liberais como entraves à economia. Adam Smith, teria sido o primeiro a se servir do termo ‘mercantilismo’ para designar certas práticas econômicas: a identificação entre quantidade d metal e riqueza, gerando a necessidade de manter um estoque monetário ; a ‘obsessão’ pela balança comercial, gerando uma série de medidas restritivas à livre circulação das mercadorias. Ao defender a liberdade do comércio e o fim dos entraves administrativos, Smith identifica o ‘mercantilismo’ como o grande inimigo a ser destruído. Heckscher – acredita que apesar de o termo ‘mercantilismo’ não ter sido criado por Colbert ou por Crowmwell , deve-se aceitar a existência de um conjunto coerente de princípios e de medidas, assim, propõe que o termo mercantilismo seja considerado como um conceito capaz de gerar a compreensão sobre as medidas econômicas adotadas entre os séc. XV-XVIII, mantendo assim uma visão unificada sobre o mercantilismo. Céline Spector – para ele é preciso considerar as flutuações das condições econômicas, as diferenças entre os Estados europeus, assim como a distância entre as formulações teóricas e as medidas efetivamente colocadas em prática. Além das diferenças de abordagem no uso da noção de mercantilismo, discute-se também a própria natureza e objetivos principais das medidas adotadas. Segundo Heckscher , o o bjetivo das ‘ações mercantilistas’ é essencialmente político. Se as medidas adotadas visavam o crescimento do comércio e da manufatura, isso não quer dizer que os objetivos de tais ações fossem econômicos, isto é, o desenvolvimento econômico é entendido como um simples meio para atingir objetivos essencialmente políticos articulados à centralização de poder. Já D.C. Coleman acredita que é preciso relativizar essa interpretação e destacar os objetivos econômicos das medidas mercantilistas. Objetivo político do mercantilismo como medida de ordem econômica →aumentar o poder do Estado e a prosperidade do país. Mercantilismo: política econômica adotada pela Europa durante o Antigo Regime. O governo absolutista interferia muito na economia dos países, acreditando que quanto maior o acúmulo de riquezas em um reino maior seria seu poder. Principais medidas econômicas adotadas pela França, Espanha e a Inglaterra, procurando relacioná-las ao contexto político e econômico do século XVII . Três tipos principais de mercantilismo: O metalismo ou bulionismo na Espanha; o colbertismo na França; o comercialismo na Inglaterra. Deyon acredita que existe um conjunto de medidas orientadas por um mesmo princípio e que merecem ser consideradas na sua unidade. No entanto, o mercantilismo não se define pela simples intervenção e controle da ‘esfera econômica’ pelos poderes políticos. Nem toda medida de intervenção na economia pode ser entendida como mercantilista. Assim, as ações visando à retenção dos metais dentro das próprias fronteiras de um Estado, no sentido de construir um estoque metálico (base do metalismo ou bulionismo ) não são consideradas como mercantilistas. Para Pierre Deyon , o mercantilismo está associado à noção de balança comercial. Somente os Estados que formularam medidas econômicas a partir dessa noção podem ser compreendidos dentro do quadro do mercantilismo. Dessa forma, o autor considera que apenas a França e a Inglaterra foram mercantilistas no século XVII. Para entender as colocações de Pierre Deyon , devemos considerar, alguns aspectos do contexto político e das conjunturas econômicas dos séc. XVI e XVII. Assim como, Heckscher , acreditamos que a análise do mercantilismo não pode ser entendida simplesmente a partir do seu aspecto econômico, devendo estar centrada no seu aspecto político, relativo ao processo de centralização de poder. Por outro lado, é preciso fazer referência às oscilações da economia mercantil que colocam problemas à continuidade das mesmas estruturas de poder. Como bem lembra Perry Anderson , as novas estruturas econômicas, baseadas no comércio, acabam por servir, em boa parte da Europa, à velha ordem feudal, no sentido de que o poder permanece articulado ao domínio de territórios e de exércitos. Entre as medidas que a Espanha adota para manter a prata americana nos cofres da Coroa, estam em primeiro lugar o ‘quinto’ onde 20% de toda a prata extraída pelos colonos pertenciam à Coroa . Em segundo lugar, a obrigação dos colonos de só comprarem produtos vindos da Espanha e de só venderem os seus produtos aos comerciantes de Castela ( exclusivismo colonial ). Além disso, a Espanha adota medidas restritivas à saída do metal para manter em seus cofres o maior estoque possível de prata, o que se denominou metalismo ou bulionismo . Tem-se a consciência de que a Espanha depende de seus exércitos; de que os exércitos não marcham sem a prata e que, portanto, é preciso garantir uma reserva desse metal. Além disso, sabe-se que a prata depende do comércio e, no caso da Espanha, depende do exclusivismo colonial . A dependência das estruturas de poder em relação ao comércio e à prata se torna ainda mais evidente com as flutuações dos preços a partir da segunda metade do século XVI. Contexto econômico e político do mercantilismo Não devemos, no entanto, comparar as medidas econômicas dos diferentes Estados em termos de maior ou menor racionalidade. A riqueza da Espanha, para onde afluía preferencialmente a prata americana, e, sobretudo, a extensão do seu território impediram a concepção de uma política econômica amparada nessa noção. Os territórios constituintes do Império – expressão do poderio espanhol ainda durante o século XVII – estavam em toda a Europa – dos países Baixos ao sul da Itália – tornando praticamente impossível quaisquer esforços sérios de centralização e de política econômica baseada na noção de controle das fronteiras comerciais. A noção de balança comercial implica, em primeiro lugar, na consideração de uma fronteira ao mesmo tempo econômica e política . Como por exemplo, surge a noção de mercado externo e de mercado interno e de controle dos fluxos comerciais de exportação e importação e exportação. Tanto quanto o metalismo , o objetivo do controle das importações e das exportações é fornecer aos Estados um estoque metálico capaz de garantir o seu poderio. Colbert , ao argumentar a favor da criação das manufaturas reais na França, colocava claramente o seu objetivo: as manufaturas de objetos de luxo serão para a França o que as minas do Peru são para a Espanha. No caso espanhol, a ausência de uma fronteira econômica e política definida da mesma forma que na França e na Inglaterra, assim como própria facilidade de acesso à prata, dificulta a adoção de medidas baseadas na noção de balança comercial. Do ponto de vista econômico o século XVI é caracterizado pelo progresso acelerado do processo de monetarização . Essa expansão da economia monetária gera transformações importantes na economia agrária, tais como o cerceamento dos campos, sobretudo na Inglaterra; o endividamento dos camponeses e a consequente compra de suas terras pelos burgueses que passam a explorá-la através de culturas comerciais. Além disso é preciso assinalar uma expansão
significativa das operações do crédito, dos mecanismos financeiros tais como as letras de câmbio, a organização de companhias e de bolsa de valores. A expansão da economia monetária é alimentada pela incorporação de novas rotas e novos mercados e principalmente pelo afluxo de metais vindo das Américas. Por volta de 1560, a Europa é confrontada por uma alta de preços, o que afeta a vida dos mais pobres que, por sua vez, dependem, cada vez mais da economia monetária para o pagamento de seus tributos. As receitas dos Estados dependem em grande parte, da tributação que afeta a população camponesa. A alta dos preço e, posteriormente , a oscilação dos preços geram problemas para a manutenção das receitas. Numa Europa cada vez mais dependente da economia monetária, a oscilação dos preços representa um grande problema. Essa questão gera reflexões sobre a esfera econômica. Apenas alguns teóricos explicaram a alta do preços pelo fator que hoje, retrospectivamente, acreditamos ter sido o principal fator responsável pela alta generalizada dos preços na segunda metade do séc. XVI: o aumento significativo da quantidade de prata em circulação . Jean Bodin teria sido um dos primeiros a relacionar a alta dos preços ao grande afluxo de ouro e prata do Novo Mundo. Associar a alta dos preços à quantidade de metal em circulação significava o rompimento com essa concepção sobre o valor intrínseco da prata, foi assim que a moeda apareceu como uma mercadoria entre as outras, como produto cuja capacidade de troca e por consequência, valor substituto nas trocas, se modifica segundo a frequência e raridade: a moeda tem também o seu preço(FOUCAULT). O século XVI é caracterizado pela expansão da economia comercial que se alimenta do grande afluxo de metais das Américas, o que, por sua vez , gera a alta dos preços . No entanto, em finais do séc. XVI e principalmente no início do séc. XVII, inverte-se a tendência de alta dos preços tanto em razão de fatores estruturais quanto de aspectos conjunturais. Aplicando-se a teoria dos ciclos às estruturas econômicas do mundo moderno, os historiadores caracterizam o séc. XVII pela ideia de crise. Os historiadores chegam à um acordo de que sob o aspecto econômico, existe uma inversão da tendência de alta dos preços, característica do séc. anterior. A oscilação dos preços , decorrente em grande parte da diminuição da produção de metais proveniente das Américas, gera problemas para a manutenção das receitas dos Estados que, no entanto, ampliam suas despesas em razão do aumento do número de conflitos religiosos e políticos. Uma das condições para o reforço do processo de centralização de poder e da consolidação de governos absolutistas é a autonomia dos reis em relação à função tributária das Assembleias de Ordens . Os reis procuram diferentes meios para manter um governo absolutista, quer dizer, sem a participação dos parlamentos, cortes ou estados gerais. Obtendo-se recursos financeiros sem recorrer à criação de novos tributos, os reis têm maiores chances de manter um governo sem a convocação das assembleias. De qualquer forma, existe uma relação de dependência entre as estruturas de poder e a economia mercantil. As oscilações da economia comercial colocam problemas para a manutenção das estruturas de poder nas mesmas bases. Nesse sentido, o mercantilismo pode ser entendido como uma resposta econômica a questões políticas numa conjuntura de crise da economia mercantil. O colbertismo foi o cerne do mercantilismo francês , onde através dos mecanismos que dispõem – principalmente tributários – os Estados, interessados em canalizar essa riqueza para os seus próprios fins, direcionam o comércio no sentido de gerar um saldo positivo na relação entre importações e exportações. Reduzindo os impostos sobre as matérias primas que afluem do estrangeiro ao seu território, onerando os produtos manufaturados estrangeiros e desonerando os produtos manufaturados estrangeiros em suas fronteiras, os ministros das finanças instigam o comerciante a vender os “seus” produtos manufaturados no exterior e trazer, aos seus territórios, matérias-primas. O mercantilismo Francês adotou medidas ligadas à criação das manufaturas e ao fortalecimento do comércio, além de que sempre estruturado em torno do metalismo , ou seja, na formação de um estoque metálico amparado nas proibições de exportações de metal. O mercantilismo holandês – baseado principalmente na liberdade comercial e na prática antimetalista que se estrutura o mercantilismo inglês. O protecionismo inglês se aproxima, por um lado, do colbertismo , mas, por outro lado, acaba renunciando ao metalismo , assim como os seus grandes inimigos nos mares, os holandeses. O mercantilismo inglês é ao mesmo tempo industrial, agrícola e comercial. No que diz respeito às manufaturas, as medidas tomadas vão na mesma direção do colbertismo com a diferença de que, na Inglaterra, o governo apoia o setor manufateiro sem, no entanto, criar, ele mesmo, as manufaturas. No que concerne à agricultura, o mercantilismo inglês difere do colbertismo na medida em que esse setor também é definido pelo seu valor comercial. Enquanto na França o Estado se abstém de uma política agrícola comercial, na Inglaterra certas medidas são tomadas no sentido de favorecer a exportação de cereais. Além das medidas relacionadas à manufatura e à agricultura, o mercantilismo inglês se estrutura pela guerra direta contra o poder comercial dos holandeses, através dos Atos de Navegação. Perry Anderson salienta a importância dessa medida para a formação da marinha mercante e para o poderio militar inglês, já que os navios construídos a partir desse momento serviam ao mesmo tempo ao comércio e à guerra. Todas as medidas econômicas adotadas estiveram associadas a objetivos políticos relacionados à construção do Estado . Normal 0 3 2111 11405 Microsoft Office Word 0 95 26 false Título 1 false 13490 false false 14.0000 adriana Usuario 2 2016-05-09T23:22:00Z 2016-05-09T23:22:00Z

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais