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A ADAPTAÇÃO LITERÁRIA EM PROGRAMA RADIOFÔNICO Ana Rosa Gomes Cabello Unesp - Bauru Resumo O teatro radiofônico, além de possuir características próprias, atualiza as possibilidades da linguagem radiofônica, ao configurar-se como um programa que narra uma ação por meio de personagens, criando ambientes e cenários sonoros adequados. Este estudo trata da pertinência e das fases de preparação e execução de uma adaptação, como fonte de divulgação literária. Introdução Considerando que a adaptação literária pode concorrer como fonte de divulgação literária num país, basicamente, de cultura oral, como é o caso do Brasil, torna-se pertinente resgatar essa prática de dramatização radiofônica, não só nas atividades acadêmicas, mas sobretudo nas Rádios Educativas. Embora tenha sido considerado um sub-gênero relativo aos programas radiofônicos culturais e aos programas de entretenimento, é imprescindível frisar que o teatro radiofônico atualiza todas as possibilidades da linguagem radiofônica, ao configurar-se como um programa que narra uma ação por meio de personagens, criando ambientes e cenários sonoros adequados. Diante disso e como tentativa de contribuição para as atividades didático- pedagógicas, este estudo deverá considerar a importância da adaptação literária e, em seguida, apresentar as fases de preparação e execução de uma adaptação literária, partindo do pressuposto que esta pode configurar-se como fonte de divulgação literária, num país de cultura eminentemente oral. 1. A operacionalização da adaptação literária A adaptação literária consiste na transcodificação do código impresso para outro meio de comunicação, seja para o auditivo seja para o visual ou áudio-visual. Assim, o texto original pode ser operacionalizado para o rádio, pintura, história em quadrinhos, teatro, cinema ou. televisão. O jornalismo impresso, de início, valeu-se da adaptação literária, é o caso do Folhetim, escrito no Séc. XIX, mas entenda-se, neste caso, não havia transcodificação, pois ambos eram impressos. De qualquer forma, é preciso relevar que a alteração se patenteava no que respeita ao público, visto que o público de obras literárias não é o mesmo do jornalismo impresso. Além do que, o formato em capítulos da obra literária foi transposto para o Folhetim como gancho para assegurar o leitor diário do jornal. Posteriormente, é fato que o Folhetim passou a ter vida própria, com redator especializado. É fato também que ele até foi estruturado como obra literária: no caso do Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, por exemplo, a estruturação, a priori, foi efetuada em formato de Folhetim, para, posteriormente, se configurar em formato de romance. Na seqüência, a literatura passou a ser aproveitada na radiofonia 1 e, posteriormente, no teatro, cinema e televisão. Aliás, a narrativa radiofônica perdeu espaço justamente pelo salto de qualidade dado pela televisão, em termos de narrativa áudio-visual contemporânea, veiculada, principalmente, pelas séries especiais e pelas telenovelas. É fato que, com o espaço garantido, tanto no impresso, quanto no rádio e na televisão, a literatura abriu caminho para os escritores especializados. Tanto que, o impresso e o rádio já reservaram espaço para os adaptadores e para os redatores especializados, tal qual hoje a televisão reserva espaço para os adaptadores e para os escritores-autores. De qualquer forma, é preciso não perder de vista que a característica do narrar, do contar está presente na cultura brasileira, tanto que uma pessoa, geralmente, ao ser indagada 1 Sobre aspectos históricos de programas dramatizados radiofônicos,consulte-se Muñoz & Gil (1994, p.201). sobre algo, passa a contar uma história para expor o ponto de vista dela, quer dizer, substitui as estruturas descritivas e as estruturas dissertativas por estruturas narrativas. O povo brasileiro tem, pois, na cultura oral seu maior hábito de expressão, considerando não somente o índice de analfabetismo, mas sobretudo a falta do hábito, do gosto, do prazer pela leitura. Assim sendo, a adaptação literária poderia concorrer, no meio radiofônico, para a divulgação de obras literárias. Nesse sentido, é pertinente rememorar que o cinema, um dos pioneiros nesse campo, já produziu inúmeras adaptações: os romances Vidas Secas e Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos e o conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, por exemplo, tiveram direção de Nelson Pereira dos Santos. A televisão, por sua vez, também já produziu inúmeros adaptações como por exemplo: (1) as minisséries: Incidente em Antares, de Érico Veríssimo; e Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa; (2) as telenovelas: A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, Gabriela e Tieta, de Jorge Amado; e (3) os casos especiais: Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; e o Alienista, de Machado de Assis. É fato que as adaptações literárias não são vistas com bons olhos por aqueles que afirmam serem elas uma vulgarização da literatura, dado que, muitas vezes e dentre outras questões, o público não se dá conta das personagens, do autor e da obra em si, fixando, na maioria das vezes, apenas os artistas. Além do que, os críticos questionam a fidedignidade das adaptações, esquecendo-se de que há mais do que um tipo 2 de adaptação literária. Assim sendo, o adaptador pode optar - dependendo da intencionalidade - por uma adaptação mais livre ou mais literal. Em qualquer desses casos, não se pode negar que: o processo da recriação é patente no momento da transcodificação. Além do que, para o propósito em pauta, a divulgação de 2 O radiodrama, para Kaplun (1978, p. 268 e 269), pode configurar-se em dois tipos: didático e formativo. obras literárias pelo rádio não se configura como nenhuma novidade, dado que o nascimento do rádio 3 e do teatro radiofônico se confundem. De início, o rádio optou por escolher peças que já tivessem sido apresentadas ao público de teatro 4 . Essa transcodificação apontou para a necessidade de se transpor a palavra, o gesto e a expressão fisionômica para a expressão por meio da voz, da música e dos efeitos especiais, clamando, assim, pela necessidade de todo um trabalho de sonoplastia. Neste ponto, após se resgatar a importância da adaptação literária, passa-se a outro propósito deste estudo: a consecução da adaptação literária para um dos meios mais populares e de maior penetração. Para tanto, a proposta é recuperar a prática da transposição, quer dizer, a passagem da linguagem impressa da obra literária para o estilo oral-auditivo do meio radiofônico, destacando-se a apresentação das fases de preparação e execução de uma adaptação literária. 2. Fases de uma adaptação literária A transcodificação da obra literária - para o meio de comunicação mais fugidio - pressupõe um trabalho de construção sonora dessa obra. Para dar conta dessa transposição, torna-se indispensável perpassar pelas seguintes fases 5 : (a) a fase de preparação que consiste na elaboração do texto e do roteiro, (b) a fase da execução que 3 Segundo Ribeiro (s/d, p. 71), aceita-se que a primeira emissão radiofônica se realizou, em 1920, próximo de Washington. Sabe-se, no entanto, ter sido Marconi o primeiro a transmitir por TSF uma emissão, em 1899, através da Mancha. A Inglaterra reivindica a honra de ter sido o primeiro país a radiodifundir,em 15/06/1920, um grande concerto, em Chelmsford. Três meses mais tarde, começaram, em França, as emissões radiofônicas da Torre Eiffel. 4 É fato que, em 1939, a A União Internacional de Radiodifusão convocou, em Genebra, peritos para se dedicarem à construção do teatro radiofônico. A adaptação literária, entretanto, não foi abandonada, passou a contracenar com os textos produzidos especialmente para o rádio (Cf. Ribeiro, s/d, p. 78). 5 Sobre essas fases, consulte-se Ribeiro (s/d, p. 76) que remete-se às fases de preparação (texto, montagem e realização) e de execução (ensaios, ambientes, relevo sonoro, ruídos e trucagem, música, interpretação e montagem final); e consulte-se Kaplun (1978, p. 358) que refere-se ao conteúdo, à história, às personagens, à técnica de radiodrama (cenas, com narrador, sem narrador), à separação de cenas, à identificação das personagens, aos planos e ao diálogo. consiste nos ensaios e na definição da interpretação requerida, (c) a fase da produção que consiste na gravação, e (d) a fase da pós-produção que consiste numa revisão geral. 2.1. Fase de preparação 2.1.1. Preparação do texto Para se efetuar uma adaptação é indispensável o conhecimento pleno da obra literária. Para tanto, é indispensável identificar o enunciado e a enunciação. Isso significa dizer que é preciso, de um lado, identificar as unidades de ação e a confecção das personagens; e, de outro, verificar como o narrador participa da construção do enredo e participa da construção das personagens. Nesse sentido, é pertinente frisar que, no caso da dramatização radiofônica, é indicado que a narração se processe na dinâmica das personagens. Dito de outra forma, a não presença da voz do narrador tradicional 6 é o mais indicado, para se fugir à monotonia, considerando a concepção desse tipo de programa, reiterando: aquele que narra uma ação por meio de personagens 7 , criando ambientes e cenários sonoros adequados. De qualquer forma, é indispensável atentar não só para a narração, mas tambén para a descrição, que poderá dar-se por meio do narrador ou também por meio das próprias personagens, dado que gestos, andares, expressões fisionômicas precisam ser “visualizados” pelo rádio. Afinal, o rádio deve provocar a criação de imagens mentais. É indispensável também a definição do tipo de adaptação a ser efetuado. Nesse sentido, é preciso retomar que as adaptações se configuram como adaptação literal, adaptação baseada e adaptaçào livre. 6 Sobre tipos de narrador,consulte-se Kaplun (1978, p. 366) 7 O adaptador, segundo Barea & Montalvillo (1982, p. 84), pode valer-se, em grande parte, e se vale, do diálogo das personagens. A adaptação literal consiste na transcodificação exata da obra literária, assim, este tipo também é conhecido como adaptação informativa ou didática, por pretender ensinar, através de outro código, o que está na obra literária. Nesse sentido, a Literatura infantil já teve espaço por algum tempo no meio radiofônico. A adaptação baseada consiste na transcodificação parcial da obra literária, assim, pode ser selecionado o todo ou apenas alguns elementos, com determinadas alterações, atreladas ao processo de recriação e, por vezes também, à atualização da obra. Este tipo é o mais comumente usado nas adaptações tevisivas. A adaptação livre também consiste na transcodificação parcial da obra literária, entretanto, a liberdade de recriação é bem mais contundente. Tanto que, da obra literária, pode haver o aproveitamento, por exemplo, apenas do enredo. Este tipo pode ser exemplificado com a correlação existente entre Medéia, de Eurípedes e Gota D’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, mesmo tendo havido toda uma transposição espaço- temporal. As adaptações podem ser criadas, segundo Ortiz & Marchamalo (1994, p. 135) em formato de relato único, que tem autonomia por si mesmo; ou em relato seriado, que vai desenvolvendo a ação por meio de capítulos, compondo uma série 8 . Em qualquer um dos formatos, a técnica de redação é a mesma, excetuando-se, no seriado, a necessidade de se trabalhar com ganchos, para garantir a expectativa do ouvinte e, conseqüentemente, a audiência. Para se efetuar uma adaptação literária, torna-se, pois, imprescindível, de antemão, o conhecimento pleno da obra literária original e do código para o qual a obra será transposta, bem como da definição do tipo de adaptação a ser efetuado. No caso em pauta, pois, é impescindível o atendimento à estrutura narrativa do texto radiofônico. Isso significa dizer que, com o texto elaborado, passa-se à tarefa de traduzir a obra em termos sonoros 2.1.2. Preparação do roteiro O rádio, com suas dimensões particulares, representa um verdadeiro meio artístico, tal como a pintura, o teatro, o cinema ou a música, sujeito a determinadas contingências especiais como todos os meios de expressão. O teatro radiofônico, por sua vez, consiste num conjunto indivisível, formado por texto, música, sonorização especial, interpretação, realização etc. Destes, merecem cabal importância a voz 9 e o texto. Este deverá figurar em separado das indicações técnicas e interpretativas. Em outras palavras, na consecução do roteiro 10 , há de se atentar para a apresentação em destaques diferentes das indicações técnicas (música, sonorização, planos sonoros, travellings, efeitos especiais etc.); do detalhamento das orientações referentes à interpretação; e do texto propriamente dito. Assim sendo, a separação desses elementos deve se patentear na consecução do roteiro, dado que este é indispensável em programas dramatizados, por atender à intenção narrativa e e ao projeto de um relato 11 . Neste ponto torna-se essencial destacar a importância do diálogo e dos elementos técnicos. Em termos de diálogo, Barea & Montalvillo (1992, p. 84) destacam que o diálogo se configura como um modo de caracterização, por desenvolver a história; por comentar as ações; por comunicar datas e fatos ao ouvinte; por caracterizar interna e externamente a 8 O formato seriado, segundo Muñoz (1990, p. 207), apresenta argumentos por meio de capítulos e pode ter veiculação diária ou semanal. 9 Sobre o uso da voz em programas radiofônicos, consulte-se Ribeiro (s/d, p. 137). 10 É preciso frisar que os autores não são concordes na forma de apresentação dos roteiros. Para se citar alguns casos, poder-se-ia mencionar Kopplin & Ferrareto (1992, p. 42) que efetuam uma apresentação em formato misto (horizontal e vertical), destacando em coluna estreita, do lado esquerdo, apenas, os termos Téc. e Loc. É fato que estes autores não tratam do gênero dramático. Já autores que se remetem ao gênero dramático optam por outra forma de apresentação, todavia, também, não de forma coincidente, por exemplo, Barea e Montalvillo (1992, p. 84) optam pelo formato horizontal, com destaques técnicos em forma de grifo, e Ribeiro (s/d, p. 105), por sua vez, opta pelo formato vertical em três colunas, quais sejam, cenários e ruídos diversos, na primeira; personagens, na segunda; e texto, na terceira. 11 Para a consecução do roteiro da obra dramatizada, segundo Barea & Montalvillo (1992, p. 87), conttinuam valendo as orientações para a consecução de roteiro convencional. Para citar apenas algumas: escrever em espaço duplo; construir frases curtas; não separar palavra nem expressão de linha para linha nem de laudapara lauda; e não se esquecer de numerar as folhas. personagem; por explicitar os conflitos da história e das personagens; por estabelecer relações entre as personagens; por fazer com que as personagens sejam naturais, reais e espontâneas Já os elementos técnicos, segundo Ribeiro (s/d, p. 80), são introduzidos pelo montador-sonorizador, responsável pela montagem da obra dramatizada. A música, nas produções dramatizadas, por exemplo, deve ocupar o lugar exato, dentre os outros componentes da peça radiofônica. Isso significa dizer que a sonorização é fundamental. Nesse sentido, fragmentos de música (de 2 a 5 segundos) podem ilustrar situações; podem estabelecer entre duas cenas uma ligação ou uma separação; ou podem ter a função de abertura, encerramento, cortina ou de música de fundo. Dessa forma, torna-se imprescindível uma seleção musical criteriosa, definida pela intencionalidade de elaboração da peça radiofônica. Tal seleção poderá efetuar-se a partir de músicas já existentes no mercado, para diminuir custos e garantir qualidade audível. Além do que, a seleção de uma música muito ou pouco conhecida estará na dependência do efeito pretendido. Após a seleção musical, vem a fase da numeração das músicas e da minutagem, de cada uma delas, a ser utilizada. 2.2. Fase de execução A fase da execução consiste nos ensaios e na definição da interpretação requerida. Nesse sentido, é pertinente citar Andrea Camilleri (Apud Ortiz & Marchamalo, 1994, p. 137), por afirmar que a seleção dos atores e do narrador é responsável por 50% do êxito da dramatização, que, segundo Ortiz & Marchamalo (1994, p. 151, configura-se como uma atividade criativa por meio da qual uma idéia se transforma em uma mensagem sonora. Em se tratando de interpretações, no momento dos ensaios, torna-se imprescindível atentar, segundo Muñoz e Gil (1994, p. 214), para que as vozes das personagens sejam suficientemente diferentes, uma vez que o ouvinte não deve ter nenhuma dificuldade para identificá-las; e as ações devem obedecer ao tempo adequado, em termos, por exemplo, de pausas necessárias, sempre para dar realidade à cena. Claro está que isso tudo deverá estar em sintonia com a sonoridade adequada, para sugerir o ambiente, a situação, as reações vivenciadas pelas personagens enfim. 2.3. Fase da produção A fase da produção consiste na gravação, configura-se, pois, no momento em que torna-se imprescindível imbricar com precisão vozes e sonorização. Neste ponto, torna-se pertinente frisar a importância dos planos, para que a fonte sonora apareça reproduzindo cenários e situações da forma mais natural possível. Embora Muñoz & Gil (1994, p. 210) remetam-se aos planos 12 íntimo, normal e geral, esclarecem que, em termos técnicos, o plano que merece destaque é o plano de fundo que deve ser variado e acompanhar o plano principal com maior ou menor freqüência. O primordial mesmo é atentar para a interpretação que, dependendo da situação, precisa passar uma sensação de movimento, para dar a perspectiva de ação, proporcionando, assim, um efeito real. Acoplada à competência técnica necessária, a equipe de dramaturgia não pode prescindir , segundo Ortiz & Marchamalo (1994, p. 137), de uma dedicação plena à leitura do roteiro, aos ensaios, à presteza de interpretação. Somente com todos esses componentes providenciados pode-se passar à gravação, definindo-se, assim, os planos de gravação e a ordem das cenas 13 a serem gravadas. 2.4. Fase da pós-produção 12 Sobre as acepções de planos, Muñoz & Gil (1994, p. 211) explicam que: o plano primeiro ou íntimo se patenteia como um sussuro, que deve chegar ao ouvinte de forma não agressiva; o plano normal ou médio é utilizado para expressar uma fala que ocorra a uns dois metros de distância; e o plano geral ou distanciado é usado para traduzir o ambiente. 13 Sobre como separar as cenas, consulte-se Kaplun (1978, p. 371). Como em rádio teatro a montagem ganha proporções mais complexas, depois de se eliminar as más gravações, os efeitos defeituosos, a qualidade sonora, as más interpretações etc., o realizador entrega ao montador os rolos com excertos do trabalho a montar, que deverá dar sentido e lógica aos excertos captados, além de orientar ou realizar misturas - sobrepor dois ou mais elementos de fontes diferentes. Esta questão de ordem técnica não pode prescindir de um montador com competência profissional e que trabalhe em consonância com o realizador. Além do que, é indispensável não se esquecer que o diretor artístico se constitui como a autoridade máxima na preparação do texto, na montagem 14 , nos ensaios e gravações e na edição final. Considerações finais Os programas dramatizados, em termos mundiais, segundo Muñoz & Gil (1994, p. 201) encontram-se em decadência, em virtude do custo elevado; do complexo processo de produção; e da concorrência advinda dos meios audiovisuais de comunicação. Mesmo assim, não se pode negar que esse espaço se configura com um espaço com grande possibilidade criativa e como grande possibilidade de entretenimento à audiência. Além de poder empregar adequadamente - como já fora mencionado - todos os elementos que formam o mundo sonoro do rádio, ao imbricar a palavra, a música, os efeitos e o silêncio. Daí, ser indicado como prática pedagógica nas disciplinas, dos Cursos de Comunicação Social, voltadas para a linguagem radiofônica. Não se pode deixar de mencionar que o gênero dramático difere dos outros gêneros radiofônicos, no que concerne à baixa concentração. Dessa forma, é imprescindível atentar que, como a adaptação literária radiofônica requer uma alta concentração, é fundamental que esse tipo de programa seja veiculado em horário apropriado (claro, como todo e qualquer programa !), sobretudo porque estará atendendo, não só aos ouvintes de maior faixa etária como também aos que ainda estão em faixa etária escolar. Nesse sentido, pode- se pensar (como tentativa de se retomar um espaço), na adaptação de contos, a ser veiculada, semanalmente por emissora educativa, em programa único; e (caso se conquiste 14 É pertinente mencionar que Barea & Montalvillo (1992, p. 87) apresentam uma adaptação radiofônica o espaço perdido) na adaptação de romances, a ser veiculada em formato seriado. Isso porque em virtude da escassez de textos escritos exclusivamente para o rádio, a adaptação de obras literárias pode ocupar lugar privilegiado. Dessa forma, em termos da viabilidade de adaptações literárias para o rádio, nos dias atuais, merecem destaque dois pontos: o alto custo para a manutenção de um Núcleo de dramaturgia e a existência de público para esse tipo de programa. Em resposta, poder-se- ia considerar que: (1) o flanco seria aberto pelas Rádios Educativas que tivessem um Curso de Comunicação Social para implementar o Núcleo de Dramaturgia; e (2) uma das funções da Rádio Educativa deveria ser, justamente, fabricar mercadorias culturais, principalmente, num país sonoro, num país de cultura oral. Por fim, é perciso ressaltar que a dramaturgia radiofônica está presente nas emissoras de rádio, em termos de radiojornalismo policial. Programas, por exemplo, como o de Gil Gomes e de Afanásio Jazadi apresentam narrativas detetivesca, em estilo de narrador de dramaturgia 15 , criando suspense. Tanto que o fato policial vem dramatizado, não vem como mero fato jornalístico, visto que o bandido vira personagem e a vítima também vira personagem BibliografiaBAREA, P. & MONTALVILLO, R. - Radio: redacción y guiones. Bilbao: .Universidad del Pais Vasco, 1992. KAPLUN, M.- Producción de programas de radio: el guión - la realización. Quito: CIESPAL, 1978. KOPPLIN, E & FERRARETO L.A.- Técnica de redação radiofônica. Porto baseada em um fragmento da obra Don Juan Tenório, de José Zorrilla. 15 Muñoz & Gil (1994, p. 209) referem-se ao Docudrama, esclarecendo que esse gênero, difundido no cinema, rádio e televisão, trata, com técnicas de dramaturga, fatos reais próprios do gênero documental., Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1992. MUÑOZ J.J. & GIL,C.- La radio :teoria y práctica. La Habana: Pablode la Torriente, 1990. ORTIZ, M.A. & MARCHAMALO, J.- Técnicas de comunicción en radio: la realización radiofónica. M’wxico: Paidós,1996. RIBEIRO, Fernando Curado- Rádio: produção-realização-estética. Lisboa: .Arcádia, s/d.
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