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Artigo Científico Andressa Andrade 2 P.

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Andressa Andrade Barcelos*
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS FRENTE A NOVA REALIDADE SOCIAL 
SOCIOEDUCATIVES MEASURES FACING THE NEW SOCIAL REALITY
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS FRENTE A LA NUEVA REALIDAD SOCIAL
Resumo: Medidas socioeducativas são medidas aplicadas pelo Juiz com o objetivo pedagógica em indivíduos infanto-juvenis (adolescentes, ou seja, inimputáveis maiores de doze e menores de dezoito anos, que incidirem na prática de atos infracionais (crime ou contravenção penal). Medidas de natureza jurídica repreensiva e pedagógica para inibir a reincidência dos mesmos e prover a ressocialização. Medidas sancionatórias sendo todas elas originadas por intermédio do que apregoa a Doutrina da Proteção Integral pautados nos Direitos Humanos e Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assim como a Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Cada medida é aplicada ao menor são analisadas com métodos pedagógicos, sociais, psicológicos e psiquiátricos. Sendo levado em conta: a capacidade de cumprimento, as circunstâncias do ocorrido, e a gravidade da infração. O objetivo do presente trabalho é abordar estudo da eficácia das medidas socioeducativas impostas aos adolescentes infratores. Para tanto, primeiramente será abordada, de forma breve, a luta pela conquista dos direitos humanos da criança no Brasil.
Abstract: Socioeducativas measures they are measured applied for Judge with the pedagogical objective in infanto-youthful individuals (adolescents, that is, inimputáveis greaters of twelve and lesser ones of eighteen years, that to happen in the practical one of infracionais acts (crime or contravention criminal). Measures of repreensiva and pedagogical legal nature to inhibit relapse of the same ones and to provide the ressocialização. Sancionatórias measures being all they originated by intermediary of what the Doctrine of the Integral Protection pautados in Human Rights e proclaims Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988, as well as the Law nº 8,069 of 13 of July of 1990 that it makes use on Statute of the Child and the Adolescent - ECA. Each measure is applied the minor is analyzed with pedagogical, social methods, psychological e psychiatric. Being led in account: the capacity of fulfilment, the circumstances of the occurrence, and the gravity of the infraction. The objective of the present work is to approach study of the effectiveness of the imposed socioeducativas measures to the adolescent infractors. For in such a way, first she will be boarded, of brief form, the fight for the conquest of the human rights of the child in Brazil.*Estudante do curso de Direito, segundo período. FAFICH – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba.
Resumen: Medidas socioeducativas son las medidas aplicadas por el juez con la finalidad educativa de los niños y jóvenes (adolescentes, es decir, una mayor imputables doce años y menor de dieciocho años que inciden en la práctica de actos ilegales (delito o falta). de medidas legales reproche y pedagógica para inhibir la recurrencia de la misma y proporcionar la rehabilitación. medidas sancionadoras todos los cuales se originan a través de la venta ambulante la Doctrina de la Protección Integral guiada sobre los derechos humanos y la Constitución de la República Federativa del Brasil en 1988, así como la Ley N ° 8069 . de 13 de julio de 1990, que establece el Estatuto de los Niños y adolescentes - CEPA Cada medida se aplica al menor se analizan con métodos educativos, sociales, psicológicos y psiquiátricos que se tome en cuenta lo siguiente: la capacidad de cumplir, las circunstancias de. se produjo y la gravedad de la falta. el objetivo de este trabajo es abordar el estudio de la eficacia de las medidas educativas impuestas a los menores delincuentes. Para ello, primero será discutido brevemente, la lucha por los derechos humanos del niño en Brasil.
Palavras-chaves: Medidas socioeducativas, medidas de natureza juridica, medidas sancionatórias e ECA.
Keywords: Socioeducativas measures, sancionatórias measures of legal nature, measures and ECA.
Palabras clave: medidas educativas, medidas jurídicas, las medidas punitivas y lo ECA.
INTRODUÇÃO
O objetivo é analisar a eficácia das medidas socioeducativas e, ainda, demonstrando que o estudo da aplicabilidade das medidas seguido de seus resultados é de suma importância, uma vez que o interesse da legislação não deve estar ligado unicamente à punição, mas sim à ressocialização e à educação do jovem entregue à delinquência, e expor que a criminalidade infantil não deve ser tratada unicamente como um problema de ordem jurídica, buscando em normas, cada vez mais severas, alcançar resultados satisfatórios. Esses jovens merecem uma atenção especial, não somente do estado, mas também da família e da sociedade.
É válido ressaltar o paradigma existente entre as medidas socioeducativas aplicadas a crianças e adolescentes e a questão da redução da maioridade penal. “Reduzir a maioridade penal ou manter integralmente o atual sistema de responsabilização do adolescente que comete um ato infracional?” Questão essa que vem ocupando lugar de destaque no Congresso Nacional. 
É discutido, ainda, a problemática da reincidência de atos infracionais e a deficiência estatal de implantar políticas sociais a fim de ressocializar os jovens infratores. O propósito da medida socioeducativa deve ser possibilitar ao adolescente um despertar para sua a responsabilidade social, proporcionando-lhe um novo projeto de vida que o liberte do submundo do crime e da marginalização, através de sua reinserção social, familiar e comunitária, que lhe garante a alimentação, educação, saúde, cultura, lazer, profissão, aliados à realização de atitudes e ações beneficiárias do Estado, sociedade resguardando seu direito de viver e fazer parte de uma família, em proveito da transformação da realidade do infrator. 
BREVE HISTORICO DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL
Durante muitos anos crianças e adolescentes permaneceram sem leis específicas, não existindo política direcionada a elas por serem consideradas responsabilidade de seus pais.
No Brasil, em sua fase Imperial, as políticas que envolviam o tratamento de crianças e adolescentes tinham somente caráter punitivo, sem delimitar seus direitos ou deveres, muito menos diferenciar o tratamento em relação aos adultos.
É a partir do século XX que crianças e adolescentes tornam-se sujeitos de direitos, ficando o Estado responsável pela tutela dos mesmos.
Inicia-se então um processo com reflexos nas políticas internacionais destinadas a proteção das crianças e adolescentes, com o objetivo de afastá-los da área penal, criando um âmbito competente especifico de tribunais e juízes na área da infância e juventude dando início a Doutrina do Direito do Menor. 
Código de Menores de 1927- Código Mello Matos:
Promulgado em 1927 pelo Decreto nº 17.943/27, é o primeiro documento legal na América Latina criado para a população menor de 18 anos, o Código de Menores, também conhecido como Código Mello Mattos, estabelecia um estado jurídico a crianças e adolescentes visando a proteção daqueles que tiveram acesso negado aos seus direitos básicos.
Mauricio Maia de Oliveira pontua:
A doutrina subjacente ao Código Mello Mattos (CMM) era a de manter a ordem social. As crianças com família não eram objeto do Direito; já as crianças pobres, abandonadas ou delinquentes, em situação irregular – e apenas aquelas que estivessem em situação irregular – passariam a sê-lo. (2014, p. 6)
A dita “situação irregular” nada mais era que a denominação utilizada à época para identificar crianças e adolescentes que não se encaixavam nos padrões da sociedade, os considerados desvalidos, menores abandonados e delinquentes, como era previsto no artigo 1º, do CMM:
Art. 1º O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, será submetido pela autoridade competente ás medidasde assistência e proteção contidas neste Código.
Em 1979, um novo Código de Menores foi publicado pela Lei nº 6.697, apenas para consolidar a doutrina da Situação Irregular.
Serviço de Assistência ao Menor – (SAM):
Em 1941, durante regime ditatorial de Getúlio Vargas, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), instituição ligada ao Ministério da Justiça, advindo de uma política intervencionista pautada pelo assistencialismo, forma encontrada pelo Estado para suprir a necessidade de jovens carentes.
O mesmo não foi bem aceito pela sociedade por usar meios violentos e repressivos aplicados a crianças e adolescentes, utilizando meios de agressão para castiga-los.
Fundação Nacional do Bem Estar do Menor – (FUNABEM):
Em 1964, após o golpe militar, em substituição ao Serviço de Assistência ao Menor (SAM), foi criada a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM) e por meio dela implementada a Política Nacional do Bem Estar do Menor (PNBEM). Criado com o propósito de integrar a criança e adolescente a comunidade.
Na pratica, a FUNABEM foi apenas mais uma forma criada para criminalizar a pobreza, pois era voltada basicamente a menores delinquentes e abandonados.
O Governo Militar considerava a situação de menores abandonados um problema de segurança nacional, e buscando formas de amenizar qualquer ameaça que pudesse surgir. Com isso, assim como o SAM, a imagem da FUNABEM foi desgastada, o que levou a chegar ao fim.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988:
Foi em 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, que a sociedade assegurou o exercício de direitos sociais e individuais, políticos, econômicos e sociais, até então suspensos pela regime ditatorial. Deixa de existir um sistema normativo garantidor do patrimônio do indivíduo, e surge um sistema que prioriza a dignidade da pessoa humana.
Diante de tantas mudanças, o legislador reformou também o sistema jurídico ao qual submetia crianças e adolescentes, que deixaram de ser objetos de relações jurídicas para a sociedade, passando a sujeitos de direitos.
Como citado anteriormente, a legislação passa a adotar dispositivos destinados a proteção de todos os menores de 18 anos, sem distinção, sob influência de movimentos internacionais.
Doutrina da Proteção Integral
Em 1989, a Assembleia Geral da ONU aprova a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, que dispõe de direitos fundamentais destinados a sua proteção integral, passando a defini-las, em seu Artigo 1, como todo ser humano menor de 18 anos, com exceções previstas em lei.
A criança passa a ter prioridade nas tomadas de decisões, como consta nos dispositivos do Artigo 3 da referida Convenção:
Artigo 3: “Todas as decisões relativas a crianças, adoptadas por instituições públicas ou privadas de proteção social, por tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, terão primacialmente em conta o interesse superior da criança.”
“Os Estados-Partes comprometem-se a garantir à criança a proteção e os cuidados necessários ao seu bem-estar, tendo em conta os direitos e deveres dos pais representantes legais ou outras pessoas que a tenham legalmente a seu cargo e, para este efeito, tomam todas as medidas legislativas e administrativas adequadas.”
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Com todas as transformações na política brasileira, a CF/88 insere em seu artigo 277 o dever da família, da sociedade e do Estado de tratar como prioridade os direitos de crianças e adolescentes.
Art. 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Tais preceitos fizeram com que se tornasse possível a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei 8.069 de 1.990, firmando a Doutrina da Proteção Integral. Foi a troca do sistema assistencialista/filantrópico pelo sistema garantidor de direitos.
Examinaremos, a seguir, todas as medidas sócioeducativas e sua aplicação a cada caso concreto.
Advertência:
Consiste em uma repreensão verbal, executada pelo juiz, requerida pelo promotor de justiça, dirigida ao adolescente (sem antecedentes) que cometeu ato infracional de pouca gravidade, como determina o art. 115, do ECA.
Seu propósito é alertar o adolescente e os seus genitores ou responsáveis para os riscos de seu envolvimento em atos infracionais.
Para a sua aplicação é suficiente a prova da materialidade e indícios de autoria.
Obrigação de reparar o dano:
Visa à restituição de algo, ressarcimento do dano sofrido e/ou à compensação do prejuízo sofrido pela vítima por parte do menor infrator, como determina o art. 116, do ECA.
Caso o menor infrator não possua meios de reparar o dano, o encargo passará a ser dos pais, permitindo a imposição de uma outra medida para que o sentido pedagógico do sistema socioeducativo não seja violado.
Entretanto tal medida é muito pouco aplicada, porque a grande maioria dos menores que praticam atos infracionais, é de famílias bem pobres e que não têm condições de reparar o dano que causaram.
Na esfera civil, o pai é responsável e responde pelo dano que o filho venha a causar a alguém.
Tanto o legislador estatutário como o do código anterior esforçaram-se em conciliar os interesses das vítimas dos atos infracionais dos adolescentes, ao assegurar-lhes a possibilidade de obtenção da reparação.
Prestação de serviços à comunidade:
Esta medida possibilita o retorno do menor infrator ao convívio com a comunidade, por meio de tarefas/serviços não lucrativos, que serão prestados em locais como escolas, hospitais e entidades assistenciais, como determina o Art. 117 do ECA.
Nota-se que obtém sucesso e notável índice de aproveitamento desta medida, visto que faz o menor sentir-se mais útil e inserido dentro da sociedade, de forma que, em não ficando ocioso, não tem tempo para pensar na descriminação que recai em si próprio, como passa a ter menos contato com os elementos perversos e delinquentes, sem falar que está colaborando, de certa forma, para a melhoria da sociedade. 
No parágrafo único do art. 117, do E.C.A, os serviços a serem atribuídos aos adolescentes o serão de conformidade com as suas aptidões, não podendo ultrapassar oito horas semanais, para que não prejudique a frequência à escola ou a jornada de trabalho do adolescente. Também não pode ter duração superior a um semestre.
Liberdade assistida:
A medida predispõe um conjunto de ações personalizadas, que permitem a disposição de programas pedagógicos individualizados, orientadores adequados, respeitando as circunstâncias adjuntas inerentes de cada adolescente, que permitiram a realização da infração, como determina o Art. 118 do ECA.
O regime também prevê um carater pedagógico, visando a inserção do jovem no convívio familiar e comunitário e seu desenvolvimento escolar e a sua integração profissional.
Entre as diversas soluções apresentadas pelo Estatuto, para o enfrentamento da criminalidade infanto-juvenil, a medida socioeducativa de liberdade assistida se apresenta como a mais importante e gratificante de todas, conforme indicação dos especialistas na matéria. Porque possibilita ao adolescente o cumprimento da medida em liberdade, junto à família, porém sob o controle sistemático do Juízo e da comunidade.
A liberdade assistida tem o prazo mínimo de seis meses, com a possibilidade de ser prorrogada, renovada ou substituída por outra medida (art. 118, § 2°).
Poderá ser feito um acompanhamento simultâneo do adolescente e de seus familiares sempre que se fizer importante o comprometimento de todos para o bom cumprimento, e o :fim que se deseja alcançar, que é a total reeducação e ressocialização do menor.
Inserçãoem regime de semiliberdade:
Tipo de medida que se destina como forma de transição do menor infrator da internação para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas em convívio com a sociedade, independentemente de autorização judicial, mas limitando em parte o direito de ir e vir do mesmo, como prevê o Art. 120 do ECA.
O Estatuto, com a finalidade de resguardar os vínculos do menor com os seus familiares e com a sociedade, também previu esta medida, sendo que em dois regimes: o que é determinado desde o início, e o que representa a transição para o meio aberto. Inovou quando permitiu a sua aplicação desde o início do atendimento, possibilitando a realização de atividades externas independentes de determinação judicial. No primeiro tipo, semiliberdade propriamente dita, o menor passará da instituição para a liberdade. No segundo tipo, que é o semi-internato, o menor passa da liberdade para a instituição, onde o “menor” deveria passar o dia trabalhando externamente e só se recolhe à noite ao estabelecimento, de conformidade aos arts. 112, inciso V, e 120, §§ 1 ° e 2°.
O regime também prevê um caráter pedagógico, que predispõe obrigatória a escolarização e a profissionalização no período diurno, devendo sempre que possível, utilizar os recursos existentes na comunidade.
Internação em estabelecimento educacional:
Tem o objetivo de privação da liberdade, a qual retira o menor infrator do convívio com a sociedade. A internação deve ser imposta, ou por conseqüência do cometimento de atos infracionais de grave ameaça ou violência, ou pela reincidência, ou ainda pelo descumprimento de outra medida, como determina o Art. 121 do ECA
Visando à reinserção do adolescente infrator ao meio familiar e comunitário, bem como o seu aprimoramento profissional e intelectivo.
De conformidade ao art. 121, § 2° do E.C.A esta medida não comporta prazo determinado, uma vez que adquire o caráter de tratamento regenerador do adolescente, e não poderá em hipótese nenhuma exceder a três anos (§ 3° do art. 121), devendo ser reavaliada a cada seis meses, mediante decisão fundamentada. Atingido o limite de três anos, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. O parágrafo 5° do art.121 prevê a liberação compulsória do adolescente tão logo ele complete 21 anos de idade.É importante ressaltar que esta medida só é sentenciada em casos excepcionais, quando não há outro meio de reeducar o jovem infrator, quando o mesmo é reincidente várias vezes em infrações, ou quando o mesmo descumpri medida anteriormente imposta.
Segundo o art. 121 do Estatuto, a medida sócioeducativa da internação está sujeita aos princípios da excepcionalidade e brevidade. Tal princípio de excepcionalidade é preconizado pela Regra 19.1 das Regras Mínimas das Nações Unidas para Administração da Justiça de Menores (Beijing Rules), buscando, portanto, encontrar o justo equilíbrio entre a proteção dos jovens e a manutenção da paz e da ordem pública.
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS DE CARATER PROTETOR/REEDUCADOR
O Estatuto é criticado por muitos que fazem sobre ele uma leitura parcial, dizendo que o mesmo só contempla direitos, que não prevê obrigações. Não é bem assim. O Estatuto obriga sim, ele responsabiliza condutas contrárias ao ordenamento jurídico através das medidas socioeducativas. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente configura-se em uma lei que sem medo resolveu adentrar no difícil campo de crianças e adolescentes marcados por histórias de profundas violências.
 Nesse contexto emerge a nova concepção trazida pelo Estatuto, que parte da idéia fundamental de à criança e ao adolescente é conferida a prioridade constitucional, a qual enseja numa série de respostas a serem tomadas de forma conjunta pela família, pela sociedade e pelo Estado, o que não implica unicamente no atendimento preferencial nos casos limites e emergenciais, vai muito além disso: que esse universo de pessoa humana adquira, efetivamente, o status da prioridade nas políticas públicas. 
Ao analisarmos objetivamente a nossa realidade, na qual os adolescentes são jogados - um verdadeiro depósito à moda dos presídios, dos indesejáveis sociais - sem qualquer atendimento psicossocial, pedagógico, de manutenção dos vínculos familiares e comunitários, sem atividades profissionalizantes, é claro que o Estatuto da Criança e do Adolescente é flagrantemente desrespeitado. 
O modelo das instituições de internação, continuam sendo arcaicas e desumanas, ou seja, a criança e do adolescente são tratados como objetos e não de acordo com o novo comando constitucional e estatutário que ao proclamar a Doutrina da Proteção Integral elegem a criança e ao adolescente como sujeitos de direitos.
Conforme COSTA (2005, p. 38), A Doutrina da Proteção Integral, como lembra Gomes da Costa, “afirma o valor intrínseco da criança como ser humano; a necessidade de especial respeito à sua condição de pessoa em desenvolvimento; o valor prospectivo da infância e da juventude, como portadora da continuidade do seu povo e da espécie e o reconhecimento da sua vulnerabilidade, o que torna as crianças e adolescentes merecedores de proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado, o qual deverá atuar através de políticas específicas para promoção e defesa de seus direitos”.
Em consonância com tal Doutrina, tem por fundamento o seguinte tripé: liberdade, respeito, dignidade.
Conceber crianças e adolescentes como pessoas humanas em condições peculiares de desenvolvimento e assim, merecedores de cuidados e atenções especiais implica numa das principais conquistas advindas com a Lei 8.069/90. Esse entendimento resulta no seguinte fato: além dos direitos que os adultos possuem e desfrutam, os quais seriam também aplicáveis à criança e ao adolescente, dentro de um grau de pertinência e adequação, teriam estes, segundo ao autor supra citado, direitos especiais decorrentes das seguintes circunstâncias:
 1 - a criança e adolescente ainda não terem acesso ao conhecimento pleno de seus direitos;
 2 - ainda não atingiram condições de defender seus direitos frente às omissões e transgressões capazes de violá-los;
 3 - não contam com meios próprios para arcar com a satisfação de suas necessidades básicas;
 4 - “por se tratar de seres em pleno desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e sócio-cultural, a criança e o adolescente não podem responder pelo cumprimento das leis e demais deveres e obrigações inerentes à cidadania da mesma forma que os adultos” (COSTA, 2005).
Vale ressaltar que, enquanto sujeitos de direitos, possuem aqueles descritos e garantidos no arts. 5º (direitos e deveres individuais e coletivos) e 6º (direitos sociais) da Constituição Federal.
A infância e a adolescência, admitidas enquanto prioridade imediata e absoluta, exige uma consideração especial e isto significa que a sua proteção deve sobrepor-se às medidas de ajustes econômicos, com o objetivo de serem resguardados os seus direitos fundamentais. E mais, tal entendimento resultou na “prioridade absoluta constitucional” determinada no art. 227 da CF, regulamentada na Lei nº 8.069/90, em especial o art. 4º, § único:
- primazia em receber proteção e socorro em qualquer circunstância;
- precedência no atendimento por serviço ou órgão público de qualquer poder;
- preferência na formulação e execução das políticas sociais públicas;
- destinação privilegiada de recursos públicos às áreas relacionadas com a proteção da infância e da juventude.
Entendemos que a Lei n. 8.069/90 efetivamente não contempla a medida socioeducativa como uma sanção penal. 
Beccaria, comenta contra as injustiças dos processos criminais em voga – isso em 1764 – em seu opúsculo Dos delitos e das penas, invoca a razão e o sentimento. E dessa obra cito uma passagem preciosa para a compreensão do que estamos tratando:
“(...) o meio mais seguro, mas ao mesmo tempo mais difícil de tornar os homens menos inclinados a praticar o mal, é aperfeiçoar a educação.
(...) Um grande homem,que esclarece os seus semelhantes e que é por estes perseguido, desenvolveu as máximas principais de uma educação verdadeiramente útil. Fez ver que ela consistia bem menos na multidão confusa dos objetos que se apresentam às crianças do que no escolha e na precisão com as quais se lhes expõem. BECCARIA (2006, p. 59).
Provou que é preciso substituir as cópias pelo originais nos fenômenos morais ou físicos que o acaso ou a habilidade do mestre oferece ao espírito do aluno.
Ensinou a conduzir as crianças à virtude, pela estrada fácil do sentimento, a afastá-las do mal pela força invencível da necessidade e dos inconvenientes que seguem a má ação.
Conforme BECCARIA (2006, p. 59), demonstrou que o método incerto da autoridade imperiosa deveria ser abandonado, pois só produz uma obediência hipócrita e passageira”. 
Os artigos 119, II; 120, § 1º; 123, § único, de igual modo ratificam a importância das atividades pedagógicas, as quais são obrigatórias, mesmo nas internações provisórias, pois o que se pretende é sempre o resgate desta pessoa humana, inimputável penalmente, que, no entanto, transgrediu normas. 
Acredita-se que a melhor forma de intervir nesse adolescente em conflito com a lei é incidir positivamente na sua formação, servindo-se, para tanto, do processo pedagógico, como um mecanismo efetivo, que possibilite o convívio cidadão desse adolescente autor de ato infracional em sua comunidade. Pretendem, pois, tais medidas, educar para a vida social.
REINCIDENCIA NA PRATICA DE ATOS INFRACIONAIS
O Código Penal, em seu art. 63, define reincidência da seguinte maneira: "Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.”
A reiteração dos adolescentes na prática de atos infracionais é grande. Em 2004, estudos realizados na FEBEM, atual Fundação CASA, para verificar quais os índices de reincidência no cumprimento da medida de internação, constataram que do total de adolescentes internados, 38% eram reincidentes e 29% multireincidentes, ou seja, com mais de duas medidas já cumpridas na FEBEM.
Após cumprido a pena e considerado apto a voltar a conviver em sociedade, a Autoridade Judiciária permite que o adolescente conviva junto à sociedade. Ao sair da unidade de internação, espera-se que o adolescente não reitere na prática de atos infracionais, o que em muitos casos é difícil, uma vez que o adolescente voltará para a mesma condição social em que se encontrava antes de ser apreendido, assim como para o mesmo ambiente que possa tê-lo influenciado a praticar delitos.
A falta de políticas sociais do Estado destinadas a população à margem da sociedade apresenta impacto em relação a reincidência, conforme aponta Sá ao citar Olympio Sotto Maior:
“[...] Convivendo em ambientes, de regra, promíscuos e aprendendo as normas próprias dos grupos marginais (especialmente no quetange a responder com violência aos conflitos do cotidiano), a probabilidade (quase absoluta) é de que os adolescentes acabem absorvendo a chamada identidade do infrator, passando a se reconhecerem, sim, como de má índole, natureza perversa, alta periculosidade, enfim, como pessoas cuja história de vida, passada e futura, resta indestrutivelmente ligada à delinqüência (os irrecuperáveis, como dizem eles). Desta forma quando do desinternamento, certamente estaremos diante de cidadãos com categoria piorada, ainda mais predispostos à condutas violentas e anti-sociais.”
A medida socioeducativa deve ser aplicada não em relação ao que o adolescente fez, numa perspectiva meramente retributiva ou punitiva, mas sim, em razão do que ele necessita para sua recuperação, de modo a evitar a reincidência.
Assim, a reincidência pode ser tratada como parâmetro para verificar a eficácia da medida socioeducativa. 
CONCLUSAO
 É importante ressaltar que a credibilidade da população com relação às medidas socioeducativas é de suma importância para a conquista da real efetivação do Estatuto. A população necessita se desprender do etiquetamento social com relação aos jovens e passar a lutar pela evolução e a real aplicação de um direito conquistado e não requerer um retrocesso na legislação. É necessário aperfeiçoar, buscar soluções e cobrar por uma melhora. 
Devemos considerar que a quantidade de jovens que cometem crimes graves é muito baixa. Se analisados os dados infracionais cometidos por adolescentes, verifica-se que o número daqueles que cometeram atos contra a vida é muito pequeno e reduzido no que diz respeito à totalidade de atos infracionais cometidos.
Sabe-se que algumas medidas não são eficazes, pois não são bem aplicadas, e que as falhas não advêm da normatização do sistema, mas sim da falta de despreparo por parte da instituições responsáveis pela execução das medidas, não é um argumento razoável em razão da eficácia e a falta de despreparo das instituições. 
Em vez de reduzir a maioridade penal, o Estado deveria investir em educação e em políticas públicas para proteger os jovens e diminuir a vulnerabilidade deles ao crime. No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)10, 486 mil crianças entre 5 e 13 anos foram vítimas do trabalho infantil em todo o Brasil em 2013. No quesito educação, o Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos com 15 anos de idade ou mais. Em relação à escolarização, segundo o Conselho Nacional de Justiça11, os adolescentes em conflito com a lei, em sua maioria, abandonaram seus estudos aos 14 anos, entre a 5ª e 6ª série, e 89% não concluíram a formação básica até 8ª série. A Constituição brasileira assegura, com prioridade, as crianças e adolescentes direitos fundamentais como educação, saúde, moradia, etc. Contudo, muitos desses direitos são negados, aumentando a probabilidade do envolvimento do jovem no universo infracional. O adolescente marginalizado não surge ao acaso, é fruto de um estado de injustiça social que gera e agrava a pobreza em que sobrevive grande parte da população. Reduzir a maioridade é transferir o problema, tratar o efeito e não a causa, é mais fácil prender do que oportunizar direitos como educação para esses jovens.
É necessária uma readequação no sistema de execução, um aperfeiçoamento, afinal, o direito da criança e do adolescente é recente e certamente sofrerá mudanças, mudanças essas sempre respeitando os princípios já existentes no nosso Estatuto. 
As ferramentas constitucionais necessárias para a eficácia das medidas socioeducativas, que são Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, já foram conquistados. Agora, o que se precisa é exigir o seu efetivo cumprimento, exigir e assegurar que as leis transcendam para a realidade. Que o sistema é falho, muitas vezes, e que a precariedade nas unidades de internação existe, é verdade. 
Essa questão não deve ser tratada somente como um problema no âmbito jurídico. É necessária uma adequação psicológica e sociológica que analise e estude todos os fatores que contribuem para levar esses adolescentes ao mundo do crime. O caminho mais curto para reverter o quadro de crescimento acelerado do número de adolescentes infratores está em investir na prevenção, ou seja, em educação. Juntamente com isso, é de extrema importância, para que se tenha êxito na aplicação do nosso sistema, a criação de políticas públicas que deem amparo a esses jovens, não somente durante a execução das medidas, mas também antes e após o cumprimento. Não basta o Estado se preocupar com o jovem apenas durante a execução das medidas, é necessária, também, uma atenção após, até mesmo para evitar uma possível volta ao crime.
É preciso que além de correção, possa haver uma prevenção. E além de punição, possa haver reeducação e reinserção social.
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