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Aula 02 Criminologia p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas) Professor: Alexandre Herculano Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 45 SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 01 2. Processos de criminalização e criminalidade 02 3. Sistema penal e estrutura social 05 4. Cifra oculta da criminalidade 11 5. Políticas dos serviços penais e segurança pública 13 6. Questões propostas 17 7. Questões comentadas 25 8. Gabarito 45 Olá, meus amigos (as) do Estratégia Concursos! Então, hoje, vou abordar os seguintes tópicos do edital: Processos de criminalização e criminalidade. Cifra oculta da criminalidade. Sistema penal e estrutura social. Políticas dos serviços penais no Estado Democrático de Direito. Políticas de segurança pública no Estado Democrático de Direito e participação social. Aula 02 - Processos de criminalização e criminalidade. Cifra oculta da criminalidade. Sistema penal e estrutura social. Políticas dos serviços penais no Estado Democrático de Direito. Políticas de segurança pública no Estado Democrático de Direito e participação social. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 45 Processos de criminalização e criminalidade. Cifra oculta da criminalidade. Conforme dispõe a teoria labeling aproach o desvio e a criminalidade não são qualidades intrínsecas da conduta ou uma entidade ontológica pré-constituída à reação social, mas uma qualidade atribuída a determinados sujeitos através de complexos processos de interação social; isto é, de processos formais e informais de definição e seleção. Consequentemente, não é possível estudar a criminalidade independentemente destes processos. A criminalidade é um status social atribuído a uma pessoa por quem tem poder de definição. O caráter criminal de uma conduta e a atribuição do status criminoso a seu autor depende de certos processos sociais de definição, processos estes que atribuem, através da seleção, etiquetam um autor como delinquente. Assim o caráter criminoso do comportamento não é uma característica da ação, mas uma qualidade atribuída ao comportamento pelo sistema de controle social, como reação da comunidade e do Estado no processo de criminalização, conforme a conhecida tese de Becker (teoria do processo de criminalização): "O desvio é produzido pela própria sociedade, não no sentido de que suas Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 45 causas estão localizadas na situação social do desviado, ou em fatores sociais que impulsionaram a sua ação, mas de que grupos sociais o produzem ao criar as regras (criminalização primária) e ao aplicá-las a pessoas particulares, classificando-as como estranhas (criminalização secundária)." Se o sistema de controle social produz a criminalidade a partir de indicadores de socialização deficientes, então o processo de criminalização pressupõe determinações estruturais, por um lado, e construções sócio- psicológicas do controle social, por outro. Na linha desse raciocínio, o que realmente se sanciona não é o fato punível, mas a posição social marginal do autor. Assim, o crime não seria realidade ontológica pré- constituída, mas realidade social construída por juízos atributivos do sistema de controle, determinados menos pelos tipos legais e mais pelos elementos atuantes no psiquismo do operador jurídico, como estereótipos e preconceitos, que decidem sobre a aplicação das regras jurídicas e, portanto, sobre o processo de filtragem da população criminosa. O processo seletivo de criminalização acontece em duas etapas: a criminalização primária e a criminalização secundária. A primária compreende a definição das normas e a secundária consiste na imposição das normas. Em regra geral, são as autoridades políticas (parlamentares e executivos) que exercem a criminalização primária, Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 45 enquanto que as autoridades judiciais (policiais, promotores, advogados, juízes) realizam a criminalização secundária. Na criminalização primária as normas são criadas levando em consideração os valores existentes em dado momento e em determinada sociedade, que são as premissas principais das quais se deduzem as regras específicas. A partir disso sabe-se quais as ações que são aprovadas e que são proibidas no âmbito social; o valor positivo é a aprovação do comportamento humano, o valor negativo é a reprovação deste. Segundo a doutrina, a criminalização secundária é o processo de imposição das normas, que acontece nas seguintes etapas: policiais indiciam um individuo que supostamente praticou um crime (ato criminalizado primariamente) e o submetem ao Judiciário para que seja instaurado um processo contra ele, onde será provado se ele praticou ou não um delito; em caso afirmativo legitima-se a imposição de uma pena que será executada pela agência penitenciária. O procedimento da criminalização secundária também ocorre de forma seletiva e desigual. A diferença da criminalização primária em relação à secundária é que aquela se refere somente a condutas tipificadas criminosas, enquanto esta diz respeito à ação punitiva sobre pessoas concretas. Na criminalização primária o processo de seleção se dá de forma abstrata, pois as autoridades políticas não sabem ao certo qual indivíduo será selecionado. A seletividade se concretiza na fase da criminalização secundária. Nesse momento as autoridades de Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 45 criminalização secundária decidem quem serão as pessoas criminalizadas e as vítimas potenciais. A seleção recai sobre pessoas sem acesso ao poder político e econômico, que têm baixas defesas perante o poder punitivo e mais facilmente se tornam vulneráveis à criminalização secundária. Sistema penal e estrutura social Penologia x Penalogia Pessoal, a penologia - vinculada a criminologia, é a disciplina que trata do conhecimento geral das penas ou castigos, cuidado! Pois, a penalogia é a parte do direito criminal que aborda a fixação das penas, impostas pelo judiciário. Nesse sentido, é preciso saber que o estudo da pena tem por pano de fundo três correntes que englobam: as teorias absolutas, relativas e mistas. As teorias absolutas veem a pena como consequência do crime: é o mal justo como contraprestação do mal injusto, ou seja, a punição do Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br6 de 45 delito. Negando os fins utilitários da pena e estribando-se em uma exigência de justiça, as teorias absolutas justificam a pena por sua natureza retributiva. Cabe realçar que a pena se justifica pela necessidade social e não pelo reclamo de justiça, as teorias relativas buscam um fim utilitário para o apenamento. Para os relativistas, além de visar àqueles que delinquiram, a pena igualmente serve como advertência para os infratores em potencial. Tem a pena, assim, uma finalidade, que é a prevenção individual e geral. Já as teorias mistas procuram, harmonizar as duas outras. Para as teorias mistas a pena tem caráter retributivo, mas também tem função utilitária na medida em que reeduca o delinquente e intimida os demais. Atualmente, os sistemas jurídico-criminais recorrem abundantemente à pena privativa de liberdade que agrupa as seguintes finalidades: 9 punição retributiva do mal provocado pelo criminoso; 9 prevenção, para inibir novos delitos, por intermédio do aprisionamento do infrator e da intimidação de delinquentes em potencial; 9 regeneração do preso, com sua reeducação e ressocialização. No Brasil, para cumprimento da pena privativa de liberdade, existem o regime fechado - de total segurança, o regime semiaberto - Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 45 colônia agrícola, colônia industrial, etc., e o regime aberto - conhecido como "prisão-albergue". Ainda no Brasil, segundo a doutrina, o condenado à pena superior a oito anos inicia o cumprimento da pena em regime fechado. O condenado não reincidente, cuja a pena for superior a quatro e não exceder a oito anos, poderá iniciar o cumprimento da sanção no regime semiaberto. No regime fechado, o condenado deverá trabalhar no período diurno, dentro e excepcionalmente fora do presídio, e a noite ficará isolado na cela. No regime semiaberto, o condenado trabalha em comum no período diurno em colônia agrícola ou estabelecimento similar, também podendo trabalhar fora, bem como frequentar cursos (2ºgrau e superior, por exemplo). No regime aberto o condenado poderá trabalhar fora do estabelecimento sem vigilância, além de frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, recolhendo-se à unidade prisional durante o período noturno e nos dias de folga. Pessoal, a determinação do regime prisional a ser imposta ao condenado é tarefa do juiz criminal, que levará em conta a natureza da pena e sua cominação. Fiquem atentos, pois as bancas costumam afirmar que aquela será pelo juiz da execução, o que não é verdade. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 45 Pessoal, não esqueçam que a função da pena moderna se baseia em três objetivos fundamentais: retribuição (castigo), intimidação (prevenção) e emenda (regeneração). Dessa maneira, além de seu caráter aflitivo, tem a pena, também a finalidade de combater as causas individuais da criminalidade, de molde que o autor do crime torne a ser membro útil da comunidade. Visando o criminoso e retirando-o do meio social, a pena o impede de eventualmente delinquir outras vezes, a par de buscar recuperação. Pessoal, resumidamente no quadro abaixo, vou colocar as principais diferenças dos três regimes de cumprimento de pena, os quais abordei acima: Fechado Semiaberto Aberto A pena é cumprida na Penitenciária. Obs: apesar de, na prática, isso ser desvirtuado, a chamada Cadeia Pública destina-se apenas ao recolhimento de A pena é cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, faltando vagas em colônia penal A pena é cumprida na Casa do Albergado. A Casa do Albergado deverá estar localizada em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos prisionais, e Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 45 presos provisórios (art. 102 da LEP), considerando que as pessoas presas provisoriamente devem ficar separadas das que já tiverem sido definitivamente condenadas (art. 300 do CPP). agrícola, industrial ou estabelecimento similar por deficiência do Estado, o condenado deverá ficar cumprindo a pena em regime aberto até que surja vaga no semiaberto. caracterizara-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. Isso porque o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade. O condenado fica sujeito a trabalho, dentro da própria Penitenciária, no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. O condenado fica sujeito a trabalho, dentro da colônia, durante o período diurno. Durante o dia, o condenado trabalha, frequenta cursos ou realiza outras atividades autorizadas, fora do estabelecimento e sem vigilância. Durante o período noturno e nos dias de folga, permanece recolhido na Casa do Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 45 Albergado. O preso poderá realizar trabalho externo somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. É admitido o trabalho externo, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de ensino médio ou superior. O trabalho externo também deve ser efetuado sob vigilância. O trabalho é sempre externo, nas condições acima explicadas. Vejamos uma questão sobre o assunto: (Juiz do Trabalho - CESPE ± TRT 23 ± 2010) Julgue os itens. O trabalho externo é possível no regime fechado. Comentários: Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 45 O preso poderá realizar trabalho externo somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. Gabarito: C. Cifra oculta da criminalidade Quanto à cifra negra - diferença existente entre a criminalidade real e a criminalidade registrada. Nem todo delito cometido é tipificado; nem todo delito tipificado é registrado; nem todo delito registrado é investigado pela Polícia; nem todo delito investigado é denunciado; a denúncia nem sempre termina em julgamento; o julgamento nem sempre termina em condenação. Meus caros, os dados mais relevantes sobre a cifra negra podem ser assim resumidos:9 A criminalidade real é muito maior que aquela registrada oficialmente; Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 45 9 No âmbito da criminalidade menos grave a cifra negra é maior que no âmbito da criminalidade mais grave; 9 A magnitude da cifra negra varia consideravelmente segundo o tipo de delito; 9 Na delinquência juvenil ocorre a maior porcentagem de crimes com a menor quantidade de pena; 9 A possibilidade de ser enquadrado na cifra negra depende da classe social a que pertence o delinquente. Segundo Arno Pilgran, a ocorrência da cifra negra e da impunidade resulta de um mecanismo de filtragem que envolve o legislador, as vítimas, as testemunhas, a Polícia, o Ministério Público e os Tribunais, que elegem as ocorrências que devem ser definidas como crimes e as pessoas que devem ser identificadas como delinquentes e fazem com que o sistema penal se movimente apenas em determinados casos. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 45 Políticas dos serviços penais no Estado Democrático de Direito. Políticas de segurança pública no Estado Democrático de Direito e participação social. No Estado Democrático de Direito, o poder político estatal é juridicamente limitado, isto é, apenas pode ser exercido inserido em determinadas restrições definidas pela ordem jurídico-política constitucional, marcada pelas dimensões de legalidade, separação de poderes e proteção aos direitos fundamentais. Tal modelo de organização política de poder pressupõe que os indivíduos têm certos direitos indispensáveis à própria existência e ao desenvolvimento da personalidade humana, que constituem verdadeiras barreiras de proteção contra a utilização arbitrária do poder do Estado. O indivíduo é considerado como efetivo sujeito de direito frente à comunidade e do próprio Estado, cuja atividade deve estar norteada pelos princípios e garantias impostas pela Constituição Federal. A atuação repressiva do Estado em face dos indivíduos que praticam condutas tipificadas como crimes é uma atividade indispensável para a manutenção da ordem jurídico-política. Porém, no Estado Democrático de Direito, o exercício do poder punitivo estatal é juridicamente limitado pela instituição de amplas garantias que devem nortear a edificação e a aplicação da política criminal, como o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a presunção de inocência, o juiz natural, a motivação das decisões, etc. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 45 Dessa forma, o processo penal constitui é o instrumento pelo qual o Estado exerce o seu poder punitivo, buscando a aplicação da pena ao autor da infração. Por outro lado, o processo também pode ser visualizado sob o aspecto da tutela dos direitos fundamentais, ou seja, como uma garantia do indivíduo de que não será submetido a uma pena sem a observância dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. Com efeito, em uma ordem constitucional fundada na instituição de amplas garantias e direitos individuais, como é o caso do Estado brasileiro, o processo penal deve necessariamente se desenvolver visando à efetivação dessas premissas. Pessoal, o Estado possui o monopólio da aplicação da lei penal. Porém, existem regras constitucionais e legais que limitam e determinam como a lei penal possa ser aplicada. Para tanto, deve o Estado Administração, nos crimes de ação penal pública, após a produção de uma prova mínima, levar o caso ao Estado Juiz, para que este se manifeste sobre a aplicação ou não da sanção penal ao caso concreto. A atuação do Estado encontra na Constituição federal e nas leis limitações que impedem que o Estado produza todo tipo de prova em face dos acusados. O Estado é o primeiro a ter de respeitar, então, essas limitações. Prevenção de crime é um conceito aberto. Para alguns é dissuadir o delinquente a não cometer o ato, para outros é mais, importa inclusive na modificação de espaços físicos, novos desenhos arquitetônicos, Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 45 aumento da iluminação pública com o intuito de dificultar a prática do crime e para um terceiro grupo é apenas o impedimento da reincidência. Há três tipos de prevenção, todas distintas entre si, seja quanto e maior ou menor relevância etiológica dos programas, seja quanto aos destinatários aos quais se dirigem nos instrumentos e os mecanismos que utilizam. A prevenção primária procura agir a raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste. (através de uma socialização proveitosa de acordo com os objetivos sociais). Para que haja prevenção primária, são necessárias estratégias de política cultural, econômica e social, que capacitem os cidadãos de condições sociais que os ajudem a superar de forma produtiva eventuais conflitos. Se, principalmente os governantes dedicassem atenção, respeito e seriedade ao assunto, poderia também ser cobrado da sociedade a sua efetiva parcela de contribuição. O importante é que está escrito, é Lei, todos conhecem, o triste é que não há cumprimento a risca daquilo que poderia ser o fechamento dessa cicatriz que de uma forma ou de outra causa enormes prejuízos ao País. A chamada prevenção secundária opera onde e quando o conflito acontece, nem antes nem depois. E se caracteriza pelas ações policiais, pelo controle dos meios de comunicação, da implantação da ordem social e se destina a atuar sobre os grupos e subgrupos que apresentam maior risco de protagonizarem algum problema criminal. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 45 A prevenção terciária se destina única e exclusivamente ao recluso, (população), o condenado. A terciária é a aplicação de reclusão sobre o LQGLYLGXR�FULPLQRVR��1HVVH�FDVR�D�³UHVVRFLDOL]DomR´�p�YROWDGD�DSHQDV�SDUD� o infrator, no ambiente prisional. Das três modalidades de prevenção a terciária é a que possui o mais acentuado caráter punitivo. Como a prevenção terciária só se dá depois do cometimento do crime, agindo só na condenação, ela é insuficiente e parcial, pois não neutraliza as causas do problema criminal, além do que a plena determinação da população carcerária, assim como os altos índices de reincidência não compensam o déficit da prevenção terciária e suas carências. Deve ficar claro que os três modelos se complementam e são compatíveis entre si. De qualquer modo os três programas estão ligados entre si e se fazem necessários, tanto a curto quanto a médio e longo prazo. Pois tem um objetivo em comum: evitara reincidência. Meus amigos (as), hoje, ficaremos por aqui. Vamos, agora, fazer várias questões para reforçar o aprendizado desta aula e da aula passada. Grande abraço e bons estudos! Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 45 Questões propostas 1) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) A prevenção criminal secundária é aquela que atua A) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. B) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. C) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e sociais. D) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança. E) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 45 2) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) A prevenção criminal secundária é aquela que atua A) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. B) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. C) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e sociais. D) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança. E) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. 3) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) São teorias do consenso as teorias A) da desorganização social; da identificação diferencial; da criminologia crítica. B) do etiquetamento; da associação diferencial; do conflito cultural. C) da criminologia crítica; da subcultura; do estrutural- funcionalismo. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 45 D) da criminologia radical; da associação diferencial; da identificação diferencial. E) da desorganização social; da neutralização; da associação diferencial. 4) (Polícia Civil - 2013) Os objetos de estudo da moderna Criminologia são: A) a vítima e o delinquente. B) o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. C) o delito e o delinquente. Sua resposta D) o problema social, suas causas biológicas e o mimetismo. E) o crime e os fatores biopsicológicos decorrentes de sua prática. 5) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e Parsons obedecem ao modelo da denominada sociologia do conflito. 6) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada prevenção primária. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 45 7) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Julgue os itens. São conhecidas por cifras negras os crimes que não são registrados em órgãos oficiais encarregados de sua repressão, em decorrência de omissão das vítimas, por temor de represália. 8) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) Julgue os itens. Contemporaneamente, a criminologia é conceituada como uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. 9) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Julgue os itens. A Criminologia dos dias atuais é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sistematizada. 10) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Julgue os itens. Veículos de comunicação em massa de todo o país noticiaram, em 12 de junho de 2012, que a região dorsal da estátua do Cristo Redentor de Belo Horizonte foi pichado naquela madrugada por dois homens, com a inscrição ...... RONADINHO 49 (sic), em homenagem ao novo craque do Clube Atlético Mineiro. O Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 45 comportamento desses indivíduos é re- lacionado à teoria sociológica do conflito cultural. 11) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. Entre os princípios fundamentais da Escola de Chicago, liderada por Marc Ancel, encontra-se a afirmação de que o crime é um ente jurídico, o fundamento da punibilidade é o livre-arbítrio, a pena é uma retribuição ao mal injusto causado pelo crime e nenhuma conduta pode ser punida sem prévia cominação legal. 12) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. São princípios informadores do direito penal mínimo: insignificância, intervenção mínima, proporcionalidade, individualização da pena e humanidade. 13) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Criminologia Crítica, além da consideração de um determinismo econômico, introduz o contexto sociológico, político e cultural para explicar a delinquência e também o próprio direito penal. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 45 14) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Teoria da Retribuição, também chamada absoluta, concebe a pena como o mal injusto com que a ordem jurídica responde à injustiça do mal praticado pelo criminoso, seja como retribuição de caráter divino (Stahl, Bekker), ou de caráter moral (Kant), ou de caráter jurídico (Hegel, Pessina). 15) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Escola de Política Criminal ou Escola Sociológica Alemã reúne entre os seus postulados a distinção entre imputáveis e inimputáveis - prevendo pena para os "normais" e medida de segurança para os "perigosos" - e a eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração. 16) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de Marburgo (1882), criou um modelo integrado e relativamente harmônico entre dogmática e política criminal, postulando ser tarefa da ciência jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e Criminologia ʹ Delegado de Polícia- Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 45 multifuncionais, com escopo de ressocializar e intimidar as mais diversas classes de delinquentes. 17) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. KARL BINDING (1841-1920), em sua mais famosa obra as normas e sua contravenção, desenvolve a definição de normas como proibições ou mandatos de ação. 18) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Teoria da Anomia caracteriza-se por ser uma política ativa de prevenção que intenta tutelar a sociedade, protegendo também o delinqüente, pois visaria assegurar-lhe, através de condições e vias legais, um tratamento apropriado. 19) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. EUGENIO RAÚL ZAFFARONI pauta o seu pensamento abolicionista no entendimento de que o sistema penal caracteriza-se por sua inutilidade e incapacidade de resolução dos problemas para os quais se propõe solucionar. Defende a tese de que o sistema penal poderia ser substituído por outras formas alternativas de controle social, como, por exemplo, a reparação e a conciliação. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 45 20) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. O modelo penal de Defesa Social nega totalmente o livre-arbítrio (pressuposto da culpabilidade), pelo fato de o crime não ser mais o resultado de vontade livre do sujeito, mas sim de (pré)condições individuais, físicas ou sociais. 21) PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) Julgue os itens, com base na Criminologia. O Positivismo Criminológico, com a Scuola Positiva italiana, foi encabeçado por Lombroso, Garofolo e Ferri. 22) (Inédita - 2015 - DEPEN) Julgue os itens, com base na Criminologia. O estudo da pena tem por pano de fundo três correntes que englobam: as teorias absolutas, as relativas e as alternativas. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 45 Questões comentadas 1) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) A prevenção criminal secundária é aquela que atua A) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. B) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. C) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e sociais. D) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança. E) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. Comentários: Vejamos as três: Prevenção primária: 9 Voltada para as origens do delito, visando neutralizá-lo antes que ocorra; 9 Opera a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos; 9 Reclama prestações sociais e intervenção comunitária; Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 45 9 Limitações práticas: falta de vontade política e de conscientização da sociedade. Prevenção secundária: 9 Política legislativa penal, ação policial, políticas de segurança pública; 9 Atua na exteriorização do conflito; 9 Opera a curto e médio prazo; 9 Dirige-se a setores específicos da sociedade. Prevenção terciária: 9 Destinatário: população carcerária; 9 Caráter punitivo; 9 Objetivo: evitar a reincidência; 9 Intervenção tardia, parcial e insuficiente. Gabarito: B. 2) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) A prevenção criminal secundária é aquela que atua A) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. B) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. C) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e sociais. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 45 D) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança. E) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. Comentários: Na prevenção secundária, temos as seguintes características: 9 Política legislativa penal, ação policial, políticas de segurança pública; 9 Atua na exteriorização do conflito; 9 Opera a curto e médio prazo; 9 Dirige-se a setores específicos da sociedade. Gabarito: B. 3) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) São teorias do consenso as teorias A) da desorganização social; da identificação diferencial; da criminologia crítica. B) do etiquetamento; da associação diferencial; do conflito cultural. C) da criminologia crítica; da subcultura; do estrutural-funcionalismo. D) da criminologia radical; da associação diferencial; da identificação diferencial. E) da desorganização social; da neutralização; da associação diferencial. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 45 Comentários: O conceito e a concepção de crime, como poder-se-á perceber nas teorias estudadas infra, serão determinados pelo ponto de partida filosófico das teorias, sejam elas do consenso do conflito. Ao primeiro grupo (consenso), pertencem a Escola de Chicago, a Teoria da Associação Diferencial, a Teoria da Anomia, Teoria da desorganização social, Teoria da neutralização e a Teoria da Subcultura Delinquente; ao segundo (conflito), o Labeling Approach e a Criminologia Crítica. Gabarito: E. 4) (Polícia Civil - 2013) Os objetos de estudo da moderna Criminologia são: A) a vítima e o delinquente. B) o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. C) o delito e o delinquente. Sua resposta D) o problema social, suas causas biológicas e o mimetismo. E) o crime e os fatores biopsicológicos decorrentes de sua prática. Comentários: É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, que trata de atestar uma informação válida e Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculanowww.estrategiaconcursos.com.br 29 de 45 contrastada sobre o gênese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este como problema individual e social, buscando programas de prevenção eficazes e técnicos de intervenção positiva no homem delinquente conforme os diversos modelos ou sistemas de respostas ao delito. Gabarito: B. 5) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e Parsons obedecem ao modelo da denominada sociologia do conflito. Comentários: A Sociologia do Conflito questiona o suposto consenso acerca de certos fins e valores protegidos pelas regras sociais. Essa concepção não passaria de uma ficção construída no intuito de legitimar a ordem social vigente que, na verdade, seria produto do conflito de interesses de grupos antagônicos com a prevalência daqueles que lograram exercer a dominação. Significa a libertação do mito da "sociedade fechada em si mesma e estática, desprovida de conflito e baseada no consenso". No campo criminal conduz às seguintes conclusões: 9 os interesses que embasam a criação e aplicação das normas penais são aqueles dos grupos que têm o poder de influir Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 45 sobre os processos de criminalização. Desse modo, esses interesses não são comuns a todos os cidadão de forma consensual; 9 como a criminalidade é criada por meio do processo social de criminalização, regido pelo embate de diferentes interesses, toda ela e todo o Direito Penal são de natureza política. A ideia da Sociologia do Conflito é de Karl Marx. Gabarito: E. 6) (2013 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue os itens. Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada prevenção primária. Comentários: O processo seletivo de criminalização acontece em duas etapas: a criminalização primária e a criminalização secundária. A primária compreende a definição das normas e a secundária consiste na imposição das normas. Em regra geral, são as autoridades políticas (parlamentares e executivos) que exercem a criminalização primária, enquanto que as autoridades judiciais (policiais, promotores, advogados, juízes) realizam a criminalização secundária. Quanto à de prevenção, há três tipos, todas distintas entre si, seja quanto e maior ou menor relevância etiológica dos programas, seja Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 45 quanto aos destinatários aos quais se dirigem nos instrumentos e os mecanismos que utilizam. A prevenção primária procura agir a raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste. (através de uma socialização proveitosa de acordo com os objetivos sociais). Para que haja prevenção primária, são necessárias estratégias de política cultural, econômica e social, que capacitem os cidadãos de condições sociais que os ajudem a superar de forma produtiva eventuais conflitos. Se, principalmente os governantes dedicassem atenção, respeito e seriedade ao assunto, poderia também ser cobrado da sociedade a sua efetiva parcela de contribuição. O importante é que está escrito, é Lei, todos conhecem, o triste é que não há cumprimento a risca daquilo que poderia ser o fechamento dessa cicatriz que de uma forma ou de outra causa enormes prejuízos ao País. A chamada prevenção secundária opera onde e quando o conflito acontece, nem antes nem depois. E se caracteriza pelas ações policiais, pelo controle dos meios de comunicação, da implantação da ordem social e se destina a atuar sobre os grupos e subgrupos que apresentam maior risco de protagonizarem algum problema criminal. A prevenção terciária se destina única e exclusivamente ao recluso, (população), o condenado. A terciária é a aplicação de reclusão sobre o individuR�FULPLQRVR��1HVVH�FDVR�D�³UHVVRFLDOL]DomR´�p�YROWDGD�DSHQDV�SDUD� o infrator, no ambiente prisional. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 45 Das três modalidades de prevenção a terciária é a que possui o mais acentuado caráter punitivo. Gabarito: E. 7) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Julgue os itens. São conhecidas por cifras negras os crimes que não são registrados em órgãos oficiais encarregados de sua repressão, em decorrência de omissão das vítimas, por temor de represália. Comentários: Quanto às cifras negras - diferenças existentes entre a criminalidade real e a criminalidade registrada. Nem todo delito cometido é tipificado; nem todo delito tipificado é registrado; nem todo delito registrado é investigado pela Polícia; nem todo delito investigado é denunciado; a denúncia nem sempre termina em julgamento; o julgamento nem sempre termina em condenação. Gabarito: C. 8) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Papiloscopista Policial) Julgue os itens. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 45 Contemporaneamente, a criminologia é conceituada como uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. Comentários: É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, que trata de atestar uma informação válida e contrastada sobre o gênese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este como problema individual e social, buscando programas de prevenção eficazes e técnicos de intervenção positiva no homem delinquente conforme os diversos modelos ou sistemas de respostas ao delito. Gabarito: C. 9) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Julgue os itens. A Criminologia dos dias atuais é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sistematizada. Comentários: Mais uma vez! É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, que trata de atestar uma informação válida e Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 45 contrastada sobre o gênese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este como problema individual e social, buscando programas de prevenção eficazes e técnicos de intervenção positiva no homem delinquente conforme os diversos modelos ou sistemas de respostas ao delito. Gabarito: E. 10) (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Julgue os itens. Veículos de comunicação em massa de todo o país noticiaram, em 12 de junho de 2012, que a região dorsal da estátuado Cristo Redentor de Belo Horizonte foi pichado naquela madrugada por dois homens, com a inscrição ...... RONADINHO 49 (sic), em homenagem ao novo craque do Clube Atlético Mineiro. O comportamento desses indivíduos é re- lacionado à teoria sociológica do conflito cultural. Comentários: Trata-se da subcultura delinquente. A ideia da subcultura delinquente foi consagrada na literatura criminológica pela obra de Albert Cohen: Delinquent boys. O conceito não é exclusivo da área criminal, sendo utilizado igualmente em outras esferas do conhecimento, como na antropologia e na sociologia. Trata-se de um conceito importante dentro das sociedades complexas e diferenciadas existentes no mundo Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 45 contemporâneo, caracterizado pela pluralidade de classes, grupos, etnias e raças. Gabarito: E. 11) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. Entre os princípios fundamentais da Escola de Chicago, liderada por Marc Ancel, encontra-se a afirmação de que o crime é um ente jurídico, o fundamento da punibilidade é o livre-arbítrio, a pena é uma retribuição ao mal injusto causado pelo crime e nenhuma conduta pode ser punida sem prévia cominação legal. Comentários: Teoria da Desorganização Social (Escola de Chicago): 1920-1940: Segundo esta teoria a ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social e a conformidade com as leis, já a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência. Propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo, a comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade. Gabarito: E. 12) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 45 São princípios informadores do direito penal mínimo: insignificância, intervenção mínima, proporcionalidade, individualização da pena e humanidade. Comentários: Princípios informadores do direito penal mínimo: 9 Insignificância: somente os bens jurídicos mais relevantes é que devem ser tutelados pelo Direito Penal; 9 Intervenção Mínima: o Estado, por meio do Direito Penal, só deve interferir na vida do indivíduo quando efetivamente necessário. 9 Fragmentariedade: pode ser entendido em dois sentidos: somente os bens jurídicos mais relevantes merecem tutela penal; exclusivamente os ataques mais intoleráveis devem ser punidos com sanção penal; 9 Adequação Social: preconiza de idéia de que, apesar de uma conduta se subsumir ao tipo penal, é possível deixar de considerá-la típica quando socialmente adequada, isto é, quando estiver de acordo com a ordem social. Gabarito: E. 13) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 45 A Criminologia Crítica, além da consideração de um determinismo econômico, introduz o contexto sociológico, político e cultural para explicar a delinquência e também o próprio direito penal. Comentários: Com a base da criminologia da reação social (labelling) e com as teorias conflituais não-marxistas, tem-se a passagem para as análises criticas. Foi uma mudança gradual no pensamento criminológico, sem uma verdadeira solução de continuidade. A criminologia crítica trata o conflito como luta de classes, desenhado diante dos modos de produção e da infra-estrutura socioeconômica da sociedade capitalista. É nesse momento que se dá a ruptura do pensamento crítico com aquele liberal, que não contesta os processos discriminatórios de seleção de condutas desviadas, além de ter por funcionais e necessários os conflitos sociais que mantêm a sociedade coesa. Para os estudos críticos, no conflito social, está a afirmação pelo poder político-econômico, absoluto e inatingível por parcelas marginalizadas da sociedade. O crime é o produto histórico e patológico dessa confrontação de classes antagônicas, em que uma se sobrepõe e explora as outras, determinando os interesses da seleção dos fatos socialmente desviados. Gabarito: C. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 45 14) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Teoria da Retribuição, também chamada absoluta, concebe a pena como o mal injusto com que a ordem jurídica responde à injustiça do mal praticado pelo criminoso, seja como retribuição de caráter divino (Stahl, Bekker), ou de caráter moral (Kant), ou de caráter jurídico (Hegel, Pessina). Comentários: Como o próprio nome sugere, a teoria absoluta traz como ponto principal das penas a retribuição, vale dizer, ao Estado caberá impor a pena como uma forma de retribuir ao agente o mal praticado. Ao que se vê, por essa teoria, a pena configura mais um instrumento de vingança do que de justiça efetiva. Gabarito: C. 15) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Escola de Política Criminal ou Escola Sociológica Alemã reúne entre os seus postulados a distinção entre imputáveis e inimputáveis - prevendo pena para os "normais" e medida de segurança para os "perigosos" - e a Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 45 eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração. Comentários: Considerada por alguns doutrinadores como a mais importante das escolas ecléticas ou intermediárias surge principalmente dos estudos de um político-criminólogo alemão Franz Von Liszt. Gabarito: C. 16) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de Marburgo (1882), criou um modelo integrado e relativamente harmônico entre dogmática e política criminal, postulando ser tarefa da ciência jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e multifuncionais, com escopo de ressocializar e intimidar as mais diversas classes de delinquentes. Comentários: FRANZ VON LISZT ampliou a conceituação das ciências penais. A criminologia (com a explicação das causas do delito) e a penologia �FDXVDV�H�HIHLWRV�GD�SHQD��� �3DL�GD�3ROtWLFD�&ULPLQDO��3XEOLFRX�³3ULQFtSLRV� de Política &ULPLQDO´�������� Gabarito: C. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 45 17) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue ositens, com base na Criminologia. KARL BINDING (1841-1920), em sua mais famosa obra as normas e sua contravenção, desenvolve a definição de normas como proibições ou mandatos de ação. Comentários: Complementando, ele foi o primeiro a empregar o termo culpabilidade como integrante do delito. O Direito Penal tem conteúdo dogmático, razão pela qual seu intérprete deve utilizar apenas o método técnico-jurídico, cujo objeto é o estudo da norma jurídica em vigor. Em sua origem, o tecnicismo jurídico, liderado por Arturo Rocco, Vicenzo Manzini, Massari e Delitala, entre outros, todos eles inspirados nos estudos de dogmática jurídico-penal elaborados por Karl Binding, negava a abordagem do livre- arbítrio, bem como a existência do direito natural, sustentando ser a sanção penal mero meio de defesa do Estado contra a periculosidade do agente. Gabarito: C. 18) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. A Teoria da Anomia caracteriza-se por ser uma política ativa de prevenção que intenta tutelar a sociedade, protegendo também o delinqüente, pois Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 45 visaria assegurar-lhe, através de condições e vias legais, um tratamento apropriado. Comentários: Anomia significa ausência de normas ou, ainda, embora existindo essas normas, a sociedade não lhes dá o devido valor, continuando a praticar as condutas por elas proibidas como se tais normas não existissem, pois que confiam na impunidade. Gabarito: E. 19) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. EUGENIO RAÚL ZAFFARONI pauta o seu pensamento abolicionista no entendimento de que o sistema penal caracteriza-se por sua inutilidade e incapacidade de resolução dos problemas para os quais se propõe solucionar. Defende a tese de que o sistema penal poderia ser substituído por outras formas alternativas de controle social, como, por exemplo, a reparação e a conciliação. Comentários: Zaffaroni não era abolicionista penal. Esses eram : Louk Hulsman (1997), Nils Christie (1998) e Thomas Mathiensen (2005). Gabarito: E. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 45 20) (MPE-SC - 2012 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Julgue os itens, com base na Criminologia. O modelo penal de Defesa Social nega totalmente o livre-arbítrio (pressuposto da culpabilidade), pelo fato de o crime não ser mais o resultado de vontade livre do sujeito, mas sim de (pré)condições individuais, físicas ou sociais. Comentários: A ideologia da defesa social - evolução do pensamento penal e penitenciário. É o conjunto das representações sobre o crime, a pena e o direito penal construídas pelo saber oficial visando proteger bens jurídicos lesados garantindo penalidades igualitárias e controle da criminalidade em defesa da sociedade mediante a intimidação e ressocialização. Legitima a ideologia da punição na sociedade atual. Gabarito: E. 21) PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) Julgue os itens, com base na Criminologia. O Positivismo Criminológico, com a Scuola Positiva italiana, foi encabeçado por Lombroso, Garofolo e Ferri. Comentários: Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 45 Conforme foi abordado, também, na prova para Delegado Federal. O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros aspectos, pela negação do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método empírico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quantitativo, embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do conteúdo antropológico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade axiológica da ciência. Gabarito: C. 22) (Inédita - 2015 - DEPEN) Julgue os itens, com base na Criminologia. O estudo da pena tem por pano de fundo três correntes que englobam: as teorias absolutas, as relativas e as alternativas. Comentários: O estudo da pena tem por pano de fundo três correntes que englobam: as teorias absolutas, relativas e mistas. As teorias absolutas veem a pena como consequência do crime: é o mal justo como contraprestação do mal injusto, ou seja, a punição do delito. Negando os fins utilitários da pena e estribando-se em uma exigência de justiça, as teorias absolutas justificam a pena por sua natureza retributiva. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 45 Cabe realçar que a pena se justifica pela necessidade social e não pelo reclamo de justiça, as teorias relativas buscam um fim utilitário para o apenamento. Para os relativistas, além de visar àqueles que delinquiram, a pena igualmente serve como advertência para os infratores em potencial. Tem a pena, assim, uma finalidade, que é a prevenção individual e geral. Já as teorias mistas procuram, harmonizar as duas outras. Para as teorias mistas a pena tem caráter retributivo, mas também tem função utilitária na medida em que reeduca o delinquente e intimida os demais. Gabarito: E. Criminologia ʹ Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE Teoria e Exercícios Prof. Alexandre Herculano ʹ Aula 02 Prof. Alexandre Herculano www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 45 Gabarito 1-B 2-B 3-E 4-B 5-E 6-C 7-C 8-C 9-E 10-E 11-E 12-E 13-C 14-C 15-C 16-C 17-C 18-E 19-E 20-E 21-C 22-E
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