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Farmacologia dos Antibióticos - Fernando Zanette.pdf

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1 
 
 Farmacologia 4ª Fase – Fernando Netto Zanette – Med. UFSC 13.2 
 Antibióticos betalactâmicos 
Com mais de trinta fármacos de atuação diferente na atualidade – incluindo a penicilina -, os β-lactâmicos 
constituem a classe mais amplamente prescrita de antibióticos que INIBEM A SÍNTESE DA PAREDE CELULAR BAC-
TERIANA. Os inúmeros agentes pertencentes a essa classe variam em sua estrutura química (com exceção do anel 
β-lactâmico, comum a todos), e, logo, no espectro de ação. Os 
antibióticos β-lactâmicos, todavia, compartilham o mesmo meca-
nismo antibiótico de ação: a INIBIÇÃO DA LIGAÇÃO CRUZADA DOS 
POLÍMEROS DE PEPTIDEOGLICANO, muitas vezes também cha-
mado de mureína. 
 Composição química 
Quimicamente, o elemento-chave do mecanismo de ação 
desses antibióticos consiste na presença de um anel β-lactâmico 
de quatro membros. Esse anel faz com que todos os β-lactâmicos 
sejam um substrato para uma ou mais transpeptidases bacteria-
nas, levando a uma inibição enzimática irreversível - algumas 
vezes denominada inibição de substrato suicida. Desde que as 
células bacterianas estejam crescendo, a inibição da transpepti-
dase acarreta uma autólise mediada por autolisinas e morte ce-
lular. Por conseguinte, os β-lactâmicos funcionam, de modo ge-
ral, como BACTERICIDAS para as bactérias em divisão ativa. 
Deve-se ressaltar que o espectro de ação de um antibiótico 
se refere ao número e à variedade de espécies de bactérias contra 
as quais possui atividade bactericida ou bacteriostática. Em vir-
tude disso, os β-lactâmicos de amplo espectro são tipicamente 
ativos contra bactérias Gram-negativas e também contra bacté-
rias Gram-positivas, ao passo que os de espectro estreito se mos-
tram normalmente efetivos apenas contra microrganismos 
Gram-positivos. 
 Mecanismo de ação 
Como comentado, os antibióticos β-lactâmicos funcionam 
inibindo a ação das transpeptidases – também conhecidas como 
proteínas ligadoras de penicilina (PBP), enzimas responsáveis 
pela síntese do peptideoglicano, um componente essencial da pa-
rede celular bacteriana - e, dessa maneira, interferindo na forma-
ção do composto e da parede celular. Após se ligarem às proteínas 
ligadoras de penicilina (PBP) na bactéria (pode haver sete ou mais 
tipos nos diferentes microrganismos), eles inibem a enzima de 
transpeptidação que faz a ligação cruzada das cadeias peptídicas 
conectadas ao esqueleto da peptideoglicana. Essa inibição pro-
move uma lise da célula bacteriana por meio do mecanismo eluci-
dado abaixo. 
Esquematização da estrutura química dos beta-lactâmicos, destacando a 
presença do anel que lhes concede o nome 
Ilustração da ação dos beta-lactâmicos sobre a síntese da parede bac-
teriana 
 
 
2 
 
Para que as bactérias cresçam, necessita-se haver uma expansão da parede celular bacteriana. Essa expan-
são pode ocorrer apenas com a incorporação de novas unidades de peptideoglicano na parede celular pré-existente. 
Tal processo se mostra dificultado nos casos em que a parede está “completa”, onde as cadeias de polímeros de 
proteoglicanos já apresentam o comprimento desejado e onde já existam o tipo e o grau desejados de ligação 
cruzada desses polímeros. Juntamente a isso, para que uma bactéria possa se dividir em duas células filhas, sua 
parede celular precisa sofrer ruptura em algum ponto. As bactérias realizam esses processos descritos com o au-
xílio das AUTOLISINAS, enzimas que escavam pequenos orifícios na parede celular e que permitem o remodela-
mento e a expansão da parede. Acredita-se que inibição da síntese de peptideoglicano proporcionada pelos beta-
lactâmicos leva à perda de um inibidor endógeno das autolisinas, o que resulta, por sua vez, na ativação descon-
trolada dessas enzimas e na lise eventual da célula. 
 Classificação 
Dividimos os β-lactâmicos em quatro famílias: as penicilinas, as cefalosporinas (subdivididas em cinco 
gerações), os monobactâmicos e os carbapenemos. Cada uma dessas subclasses difere estruturalmente nos subs-
tituintes químicos que estão fixados ao anel β-lactâmico, como representado na imagem mais acima. 
Levando em consideração que as proteínas ligadoras de penicilina se localizam na membrana celular, os 
β-lactâmicos necessitam atravessar a parede celular externa – nos casos das bactérias Gram-negativas – e a 
membrana de peptideoglicano para exercerem seus efeitos. O espectro de ação de um agente β-lactâmico, por 
conseguinte, determina-se por meio de dois fatores: o grau com que ele pode penetrar a membrana de peptide-
oglicano e a parede celular; e, uma 
vez no espaço periplasmático, a sua ca-
pacidade de ligação às transpeptida-
ses específicas. 
Os agentes tanto hidrofílicos 
quanto (em menor grau) os hidrofóbi-
cos difundem-se por meio da camada 
espessa de peptideoglicano das bacté-
rias Gram-positivas, contudo os agen-
tes hidrofílicos atravessam os poros da 
membrana externa das bactérias 
Gram-negativas com muito mais faci-
lidade que os agentes hidrofóbicos. 
Como consequência, os agentes hidro-
fílicos – como a ampicilina, a amoxi-
cilina e, especialmente, a piperacilina, 
a ticarcilina, a carbenicilina e a 
mezlocilina – costumam apresentar um amplo espectro de ação, enquanto os agentes hidrofóbicos – a exemplo 
da oxacilina, da cloxacilina, da meticilina, da nafcilina e a penicilina G – tendem a possuir um espectro de ação 
estreito. 
Esses achados significam que certas bactérias Gram-negativas apresentam uma resistência inerente aos β-
lactâmicos de espectro estreito simplesmente em virtude da barreira de permeabilidade representada por sua 
membrana externa. De modo semelhante, as bactérias intracelulares, a exemplo da Chlamydia, também pos-
suem, em geral, essa resistência inerente aos β-lactâmicos. Nesses casos, isso decorre do fato de que as células 
dos mamíferos normalmente não possuem mecanismos de captação dos β-lactâmicos, de que essas bactérias em 
especial usualmente dispõem de uma arquitetura singular de sua parede celular ou, até mesmo, carecerem desta. 
O segundo fator determinante para o espectro de ação de um β-lactâmico gira em torne da extensão com 
que o medicamento, após alcançar o espaço periplasmático, inibe determinada transpeptidase. Tal fator se rela-
ciona, em grande parte, com afinidade do β-lactâmico pela transpeptidase. Como supracitado, as bactérias dis-
põem, na maioria das vezes, de diversas transpeptidases, as quais diferem de modo sutil na sua especificidade de 
substrato e atividade de ligação cruzada. Essas diferenças se mostram particularmente evidentes quando compa-
Esquematização das composições básicas dos envoltórios de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, 
bem como a localização de suas penicilinases e PBP 
 
 
3 
 
ramos os bacilos e os cocos. A maioria dos β-lactâmicos exibe seletividade para inúmeras transpeptidases distin-
tas, ao passo que outros - como a meticilina, um análogo da penicilina utilizado contra o Staphylococcus aureus 
– são específicos para somente uma enzima bacteriana. 
Antes que possamos entrar nos diversos tipos de β-lactâmicos, é de crucial importância que abordemos um 
assunto relacionado à efetividade e utilidade dessa classe de antibióticos: a resistência bacteriana. 
 Resistência bacteriana aos β-lactâmicos 
A resistência aos antibióticos está longe de se qualificar como um fenômeno recente. A detecção das β-
lactamases tanto em bactérias Gram-positivas como em Gram-negativas remonta aos inícios dos anos 40, antes 
do uso generalizado da penicilina pelo mundo. 
Existe, atualmente, a descrição de três mecanismos básicos de resistência aos β-lactâmicos, explicados 
abaixo. 
 Alteração do sítio de ligação 
A ligação do antibiótico β-lactâmico às bactérias se faz, como comentado, por meio dasproteínas ligadoras 
de penicilina (PBPs) ou transpeptidases. Sabe-se que as modificações das PBPs são o principal mecanismo de 
resistência nos cocos Gram-positivos e em algumas bactérias fastidiosas (de elevada necessidade nutricional) 
Gram-negativas, como as Neisseria gonorrhoeae. 
 Alteração da permeabilidade da membrana externa bacteriana 
A dificuldade do fármaco em penetrar pela membrana externa das bactérias se mostra um dos poucos meca-
nismos de resistência no qual uma alteração estrutural pode conferir vantagem sobre diversas classes de antimi-
crobianos. A impermeabilidade da membrana externa acontece nas situações onde bactérias mutantes passam 
a não produzir os canais de membrana bacteriana (porinas), locais por onde penetram os β-lactâmicos. Encon-
tra-se com mais frequência esse mecanismo de resistência entre amostras de Pseudomonas aeruginosa. 
 Produção de β-lactamases 
As β-lactamases enquadram-se como enzimas que catalisam a hidrólise do anel β-lactâmico – formando o 
ácido peniciloico no caso das penicilinas – desses antibióticos, inativando-os e impossibilitando sua atividade 
antimicrobiana. A resistência ao antibiótico β-lactâmico dependerá da quantidade de enzima produzida, da efe-
tividade dessa enzima em hidrolisar o fármaco, e da velocidade com que o β-lactâmico penetra a membrana 
externa. 
Nas bactérias Gram-positivas, as β-lactamases são secretadas para o meio extracelular e se mostram menos 
ativas do que as β-lactamases produzidas pelas bactérias Gram-negativas. Nestas, as enzimas se localizam es-
trategicamente no espaço periplasmático, o que permite alcançar maiores concentrações e agir de modo mais 
efetivo sobre os β-lactâmicos que atravessam o espaço para alcançar as PBPs. 
As β-lactamases podem ser detectadas em microrganismos da família Enterobacteriaceae, em H. influenza, 
em N. gonorrhoeae, em Vibrio cholerae, em Pseudomonas aeruginosa, em Moraxella spp., além de microrga-
nismos aeróbios, tais como as espécies do grupo Bacteroides fragilis, cepas de Prevotela que produzem pigmento, 
Porphyromas spp., Bilophila wadsworthia, Fusobacterium spp. e Clostridium spp. 
 
 
4 
 
Os genes responsáveis pela codifi-
cação dessas enzimas, em contrapartida, 
podem estar localizados no cromos-
somo bacteriano ou nos plasmídeos. As 
β-lactamases de origem cromossômica 
são universais e intrínsecas em algumas 
espécies bacterianas, ao passo que aque-
las de origem plasmidial se apresentam 
bastante variáveis, o que permite que es-
ses elementos sejam transferidos entre 
espécies (um fator importante na aquisi-
ção e disseminação da resistência bacte-
riana). 
 Β-lactamases de 
espectro estendido 
As β-lactamases de espectro 
estendido (ESBL) classificam-se 
como enzimas capazes de hidroli-
sar todos os β-lactâmicos, com ex-
ceção dos carbapenemos. A impli-
cação clínica nos achados de infec-
ções por bactérias produtoras de 
ESBL representa a necessidade de 
medidas alternativas no tratamento 
das doenças. Outras classes de an-
tibióticos não β-lactâmicos, como 
aminoglicosídeos e fluoroquinolo-
nas, não sofrem hidrólise pela en-
zima e podem se enquadram como 
alternativas terapêuticas viáveis. 
Contudo, como amostras produtoras de ESBL também podem carrear outros mecanismos de resistência – sendo 
normalmente resist6entes a essas outras classes e antimicrobianos -, a sua utilização dependerá do resultado obtido 
pelos testes de sensibilidade (antibiograma). 
Com os mecanismos de resistência aos antibióticos melhor abordados, podemos adentrar nos diversos tipos 
de β-lactâmicos. 
 Penicilina 
As penicilinas, consideradas o primeiro antibiótico descoberto, classificam-se como a mais antiga subclasse 
dos β-lactâmicos. Baseando-se em seus espectros de ação, podemos ainda as subdividir nos cinco grupos listados 
a seguir. 
 Benzilpenicilinas 
O primeiro grupo das penicilinas, conhecido como penicilinas naturais ou BENZILPENICILINAS, inclui a 
PENICILINA G – administrada por via intravenosa (IV) – e a PENICILINA V (fenoximetilpenicilina), seu corres-
pondente de via oral (VO). 
Nas bactérias Gram-positivas, as β-lactamases se encontram no espaço extracelular, neutralizando os β-lactâmicos de 
forma inferior às bactérias Gram-negativas. Nestas, além das enzimas se concentrarem no espaço periplasmático, atu-
ando de maneira eficaz sobre os antibióticos, a presença da parede celular dificulta o acesso do fármaco ao seu sítio de 
ação (o qual se localizado na membrana celular). 
 
 
5 
 
As benzilpenicilinas podem ser encontradas, de acordo com as substâncias associadas, nas seguintes prepa-
rações: 
 PENICILINA CRISTALINA OU AQUOSA G: restringe-se ao uso intravenoso (IV). Essa fórmula possui 
meia-vida curta (30 a 40 minutos), sendo eliminada pelo organismo rapidamente (por volta de quatro horas). 
Ela se distribui amplamente pelo organismo, alcançando concentrações terapêuticas em praticamente todos os 
tecidos, além de se destacar por ser 
a única benzilpenicilina capaz de 
ultrapassar a barreira hematoen-
cefálica em concentrações terapêu-
ticas quando há quadros inflamató-
rios. 
 PENICILINA G PRO-
CAÍNA: apresentação de uso exclu-
sivo intramuscular (IM). A associ-
ação da penicilina com a procaína 
retarda o pico máximo de concen-
tração do fármaco e aumenta os ní-
veis séricos e teciduais dele por um 
período de 12 horas. 
 PENICILINA G BEN-
ZATINA: enquadra-se como uma pe-
nicilina de depósito, pouco solúvel 
e, assim como a associada à proca-
ína, restrita ao uso intramuscular 
(IM). A liberação do fármaco 
ocorre de forma prolongada, o que 
mantém seus níveis séricos e teciduais por 15 a 30 dias, dependendo da dose utilizada. 
 PENICILINA V: como comentado, exclusiva para o uso oral (VO). Os níveis séricos atingidos por 
essa preparação se demonstram de duas a cinco vezes maiores do que os obtidos com as penicilinas G adminis-
tradas por via intramuscular (IM) e com distribuição similar a esta. A penicilina V pode ser utilizada como tera-
pêutica sequencial oral na substituição das penicilinas parenterais, exceto nos casos de infecções por Neisseria 
spp. e Haemophilus spp. 
 A penicilina G, mais disseminada do que a penicilina V, é utilizada no tratamento de infecções por: 
 BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS, como pneumococo e Streptococcus pyogenes (algumas cepas desses 
dois grupos). A infecção por S. pyogenes pode se manifestar desde uma leve faringite a quadros mais importantes 
como uma escarlatina ou uma síndrome de choque tóxico; 
 DIPLOCOCOS GRAM-NEGATIVOS, a exemplo de espécies de Neisseria, exceto N. gonorrhoeae pro-
dutora de penicilinase; 
 BACILOS GRAM-POSITIVOS do gênero Clostridium; 
 A MAIORIA DOS ANAERÓBIOS (à exceção de Bacteroides) e ESPIROQUETAS, como Treponema palli-
dum e Leptospira; 
De uma forma geral, a maioria das infecções causadas por microrganismos suscetíveis responde à penicilina 
aquosa G nas doses presentes no quadro acima. Para infecções potencialmente letais (como meningite e endocar-
dite), necessitam-se doses diárias maiores (18 a 24 milhões de unidades IV) a cada quatro horas. A penicilina V, 
por sua vez, costuma ser administrada em infecções de menor importância – a exemplo da faringite estreptocó-
cica -, no tratamento de celulite estreptocócica recorrente em pacientes com linfedema e na prevenção da febre 
reumática recidivante em indivíduos com episódios anteriores. A penicilina G benzatina atua de maneira satis-
fatória no tratamento da sífilis, com injeções semanais de 2,4 milhões de unidades IM por 1 a 3 semanas, de 
acordo com o estágio da doença. 
 
 
6 
 
A penicilina G em altas doses pode desencadear quadros de convulsões, além de reações de hipersensibili-
dade e exantema (rashcutâneo), definido por erupções cutâneas. Praticamente todas as penicilinas podem causar 
nefrite intersticial aguda, uma insuficiência renal provocada por lesões dos tubos renais e dos tecidos que os 
rodeiam. As interações medicamentosas são raras, contudo os efeitos anticoagulantes da varfarina podem ser 
potencializados pela administração concomitante de penicilina. 
 Penicilinas antiestafilocócicas 
As PENICILINAS ANTIESTAFILOCÓCICAS ou penicilinas resistentes às penicilinases – incluindo OXACILINA, 
CLOXACILINA, DICLOXACILINA, NAFCILINA e METICILINA – constituem o segundo grupo das penicilinas. Esses 
fármacos, como o nome sugere, mostram-se estruturalmente resistentes à β-lactamase estafilocócica, uma enzima 
que inativa os β-lactâmicos e que está relacionada à resistência aos antibióticos. No entanto, deve-se ressaltar 
que, em virtude da sua relativa hidrofobicidade, as penicilinas antiestafilocócicas carecem de atividade contra 
as bactérias Gram-negativas. Dessa forma, esses agentes são utilizados, usualmente, no tratamento de infecções 
de pele e dos tecidos moles por Gram-positivas ou em infecções documentadas por Staphylococcus aureus sen-
sível à meticilina (MSSA). 
O uso das penicilinas antiestafilocócicas orais (CLOXACILINA e DICLOXACILINA) demonstra-se limitado pe-
low seus efeitos adversos gastrintestinais (náusea, vômitos e diarreia associada a antibióticos), bem como devido 
ao desenvolvimento secundário de colite pseudomembranosa por Clostridium difficile – microrganismo oportu-
nista que melhor se prolifera com a modificação da flora intestinal, como nos casos de administração de antibió-
ticos. Os efeitos adversos da nafcilina IV incluem flebite no local de injeção, além de agranulocitose e nefrite 
intersticial aguda em uma taxa relativamente superior quando comparada às outras penicilinas. 
A OXACILINA, disponível 
para uso intravenoso, atinge con-
centrações liquóricas satisfatórias 
na presença de processos inflama-
tórios. O seu uso, contudo, apre-
senta-se bastante restrito devido à 
sua hepatotoxicidade (o fármaco 
é metabolizado no fígado e excre-
tado pelos rins), a qual é reversí-
vel com a interrupção do trata-
mento. 
A utilidade das penicilinas 
antiestafilocócicas no tratamento 
do Staphylococcus aureus vem 
diminuindo de forma preocupante 
em decorrência do aparecimento 
de cepas de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), as quais adquirem essa resistência por meio 
de mutações nas proteínas ligadoras de penicilina (PBP), dando origem a uma PBP2a funcional e sem afinidade 
pelos β-lactâmicos. Nas situações onde se detecta um caso de MRSA no hospital, precauções especiais são toma-
das visando a impedir a disseminação do microrganismo para outros pacientes. Tratam-se os indivíduos infectados 
por MRSA, tipicamente, com a VANCOMICINA. 
 
 
7 
 
Demonstra-se importante salientar que as infecções por MRSA se encontram bastante presentes na comu-
nidade nos últimos anos, principalmente em pessoas que participam de esportes de contato, vivem ou passam o 
tempo em locais de superlo-
tação ou insalubres e indi-
víduos com TATUAGENS – 
devido à lesão epitelial pro-
porcionada pela agulha e, al-
guns casos, pela carência hi-
giênica desta e do ambiente 
onde foi feita. 
 Amino-
penicilinas 
As AMINOPENICILINAS 
– detentoras de um grupo amino de carga positiva na cadeia lateral –, conhecidas como penicilinas semissintéti-
cas, compõem o terceiro grupo das penicilinas. A carga positiva do grupo amino aumenta a difusão por meio 
dos canais de porina nas bactérias, embora não confira resistência à ação das β-lactamases. 
As aminopenicilinas possuem um espectro de ação, quando comparados às benzilpenicilinas, amplo, em-
bora limitado pela sua sensibilidade à maioria das β-lactamases. Dessa maneira, as aminopenicilinas são efetivas 
apenas contra uma variedade de: 
 COCOS GRAM-POSITIVOS; 
 COCOS GRAM-NEGATIVOS, a exemplo da Neisseria gonorrhoeae e da Neisseria meningitidis; 
 BACILOS GRAM-NEGATIVOS, como a Escherichia coli e o Haemophilus influenzae; 
Os dois principais representantes do terceiro grupo de penicilinas no Brasil se salientam como a ampicilina 
e a amoxicilina. 
 AMPICILINA 
A AMPICILINA apresenta meia-vida de uma a duas horas, não devendo ser utilizada com intervalos maiores 
que seis horas. Esse composto tem dis-
tribuição em todos os compartimentos 
orgânicos e atinge concentrações tera-
pêuticas no líquido cefalorraquidiano, 
no líquido pleural, nas articulações e 
nos fluidos peritoneais na presença de 
inflamação e após administração pa-
renteral. 
Essa aminopenicilina, juntamente 
a isso, encontra-se bastante prescrita no 
tratamento de infecções enterocócicas 
invasivas e da meningite por Listeria, 
um grupo de bactérias Gram-positivas. 
 AMOXICILINA 
A AMOXICILINA ORAL, utilizada 
em intervalos de oito horas, difere da 
ampicilina devido à presença do grupo 
hidroxil na cadeia benzênica. Ela atinge concentração no líquido cefalorraquidiano inferior à ampicilina, não ha-
vendo vantagem do seu uso para terapêutica de pacientes com meningoencefalites bacterianas. 
Formação de abscesso em tatuagem incompleta com presença positiva de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). 
Em (a) temos a apresentação inicial do paciente; em (b), após a cirurgia de remoção do abscesso; e em (c), após antibioticoterapia 
sistêmica e terapia de pressão negativa da ferida 
 
 
8 
 
A amoxicilina, por outro lado, apresenta papel chave no tratamento de infecções otorrinolaringológicas 
não-complicadas, na prevenção da endocardite em pacientes com alto risco submetidos a procedimentos dentá-
rios e no componente da terapia de combinação para a infecção causada por Helicobacter pylori. 
Tanto a ampicilina quanto a amoxicilina são ativas contra a maioria das cepas de Proteus mirabilis, Listeria, 
cepas não produtoras de β-lactamase do H. influenzae e pneumococos, apesar de serem pouco eficientes contra 
a maioria dos agentes Gram-negativos. 
Temos, como efeito adverso mais frequente da administração de aminopenicilinas, a presença de exantema 
não-urticariforme. O espectro de ação de ambos os agentes se amplia nas situações em que se coadministram 
inibidores da β-lactamase, como o ácido clavulânico (com amoxicilina) ou o sulbactam (com ampicilina) para 
o tratamento de infecções por microrganismos produtores de β-lactamase, a exemplo do S. aureus, H. influen-
zae, E. coli, Klebsiella, Acinetobacter, Enterobacter e anaeróbios. 
 Esse grupo de fármacos dispõe de uma boa absorção tanto pela via oral quanto pela via parenteral. 
 Carboxipenicilinas 
As CARBOXIPENICILINAS, pertencentes ao quarto grupo de penicilinas, possuem um grupo carboxila da ca-
deia lateral e dispõem de um amplo espectro de ação. Esse grupo carboxila fornece uma carga negativa que 
concebe às carboxipenicilinas resistência a algumas β-lactamases. Todavia, é menos efetivo, quando comparado 
a um grupo amino de carga positiva, no processo de facilitar a difusão por meio dos canais de porina. Visando a 
superar essa limitação difusional, administram-se altas doses desses antibióticos. 
Os dois constituintes desse 
grupo de penicilinas se listam 
com a CARBENICILINA e a TI-
CARCILINA, e atuam em diver-
sos microrganismos, com desta-
que para Enterobacter e Pseu-
domonas. 
 Ureidope-
nicilinas 
Fechando as classes de pe-
nicilina, as ureidopenicilinas, 
representadas pela PIPERACI-
LINA e pela MEZLOCILINA, en-
quadram o quinto grupo desses 
antibióticos. Tais fármacos pos-
suem cargas tanto positivas 
quanto negativas em suas cadeias laterais e, de forma geral, são mais potentes do que as carboxipenicilinas. Não 
somente as carboxipenicilinas,mas também as ureidopenicilinas são consideradas penicilinas de amplo espectro. 
O espectro de ação das ureidopenicilinas se assemelha ao das carboxipenicilinas, exibindo, ademais, ativi-
dade contra Klebsiella e enterococos. A piperacilina em especial possui efetividade contra Pseudomonas aeru-
ginosa e Klebsiella sp., além de, similarmente à ampicilina, atuar no tratamento de E. faecalis e pneumococos. 
 Atualmente, tanto a ticarcilina quanto a piperacilina não são mais comercializadas. 
 
 
9 
 
 Indicações clínicas para as penicilinas 
De um modo geral, os diferentes tipos de penicilinas se encontram indicadas no tratamento das seguintes 
afecções: pneumonias, otites e sinusites, faringites e epiglotites, infecções cutâneas, meningites bacterianas, 
infecções do aparelho genital, endocardites bacterianas e em casos de profilaxia. 
 PNEUMONIA: temos, como agente infeccioso mais comum das pneumonias adquiridas na comu-
nidade, o Streptococcus pneumoniae. Normalmente, as penicilinas permanecem como opção padrão para tratar 
essas infecções, embora, no caso de agentes intracelulares (atípicos), esses antibióticos não tenham efeito satisfa-
tório. O uso da penicilina deve ser avaliado cuidadosamente em regiões com taxas de alta resistência ao fármaco. 
 OTITES E SINUSITES: nas crianças menores de cinco anos, os agentes usuais dessas afecções se 
mostram o Haemophilus influenzae e o Streptococcus pneumoniae. Para o tratamento, usam-se as aminopeni-
cilinas geralmente em combinação com o ácido clavulânico. Nos casos crônicos, a cultura de secreções se apre-
senta importante, podendo estar presentes estafilococos, bacilos Gram-
negativos e anaeróbios, o que predispõe a indicação da abordagem com 
penicilinas antiestafilocócicas e antipseudomonas. 
 FARINGITES E EPIGLOTITES: em pacientes imunocompe-
tentes, o agente infeccioso mais comum dessas infecções é o Strepto-
coccus pyogenes (Streptococcus β-hemolítico, do grupo A). Adminis-
tram-se, aqui, as penicilinas G e V ou as aminopenicilinas. A ampici-
lina com inibidor de β-lactamase e cefalosporinas de terceira geração 
também estão indicados. Nas epiglotites, em crianças e, às vezes, adultos 
jovens, o H. influenzae é o microrganismo envolvido e pode desenca-
dear uma conjuntura de bacteremia, sendo, nessas situações, tratadas 
como infecções potencialmente graves e exigindo uma terapêutica pa-
renteral. 
 INFECÇÕES CUTÂNEAS: a maioria dessas afecções se vê 
causada por microrganismos do tipo estreptococos, em particular nos casos de infecções superficiais. Nas infec-
ções profundas – como as que surgem em pacientes diabéticos descompensados e em regiões da face pós-trauma 
-, por outro lado, temos a presença de estafilococos. Nessas situações, penicilinas resistentes às penicilinases, 
com a oxacilina a mais recomendada, são administradas. 
 MENINGITES BACTERIANAS: encontramos como os agentes mais comuns N. meningitidis, S. pneu-
moniae e H. influenzae. A penicilina G cristalina ou aquosa em altas doses enquadra-se como uma boa opção 
terapêutica para os microrganismos sensíveis. 
 INFECÇÕES DO APARELHO GENITAL: nos casos decorrentes de colonização por N. gonorrhoeae (go-
norreia), as penicilinas naturais se mostram a prin-
cipal escolha devido à alta sensibilidade do micror-
ganismo. Nas situações com a presença do Trepo-
nema pallidum (sífilis), a penicilina benzatina per-
manece como a terapêutica inicial. Apenas a forma 
terciária da doença com comprometimento do sis-
tema nervoso central deve ser tratada com penici-
lina cristalina (IV). 
 ENDOCARDITES BACTERIANAS: os 
agentes mais envolvidos nas endocardites subagu-
das com lesão valvar prévia são os Streptococcus 
viridans e Enterococcus spp., os quais possuem sen-
sibilidade à penicilina cristalina. Em relação às en-
docardites agudas, por sua vez, o agente mais fre-
quente é o Staphylococcus aureus, requisitando a 
administração da oxacilina. 
Imagem fotográfica de um caso de faringite bacteriana (es-
treptocócica), com presença coleção pustulenta e inchaço das 
tonsilas 
Biópsia cardíaca evidenciando a presença bacteriana (vegetações) na valva aórtica, levando à 
endocardite pronunciada. Empregam-se, de acordo com o agente etiológico, normalmente 
oxacilina ou penicilina G cristalina em seu tratamento 
 
 
10 
 
 PROFILAXIA: a recomendação do uso profilático por meio de antibióticos se demonstra bastante 
restrita a poucas situações clínicas, dentre as quais destacamos a febre reumática (penicilina benzatina mensal-
mente, embora possa ser utilizada a penicilina V); as endocardites (amoxicilina oral para prevenção em pacientes 
portadores de próteses cardíacas, ortopédicas ou neurológicas, quando submetidos a procedimentos que ocasio-
nem bacteremia); e prevenção de infecções por H. influenzae e S. pneumoniae em pacientes esplecnectomizados 
ou crianças com γ-globulinemia (uso profilático de ampicilina ou amoxicilina). 
 Efeitos adversos das penicilinas 
Como qualquer fármaco administrado, as penicilinas possuem um espectro de efeitos colaterais bem conhe-
cidos que pode ou não se manifestar no paciente de acordo com inúmeras variáveis. Dentre os efeitos mais des-
critos, destacamos: 
 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE: ocor-
rendo em por volta de 8% dos pacientes – sendo mais co-
mum com o uso das benzilpenicilinas -, as reações de hi-
persensibilidade podem variar desde uma simples reação 
urticariforme até casos mais graves de choque anafilá-
tico; 
 MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: assim como 
as reações supracitadas, as manifestações cutâneas se 
apresentam bastante variáveis, desde um eritema difuso, 
um rash cutâneo e placas urticariformes até, raramente, 
a síndrome de Stevens-Johnson – um tipo grave de eri-
tema multiforme. Essas reações costumam se manifestar 
tardiamente e acometem cerca de 1 a 10% dos pacientes, 
podendo ser acompanhadas por eosinofilia e febre. As 
aminopecinilinas se encontram mais comumente associ-
adas a essas manifestações dermatológicas; 
 TOXICIDADE RENAL: a nefrite intersticial 
alérgica pode ocorrer, sendo mais frequente com a admi-
nistração de oxacilina. Tal efeito se vê acompanhado de 
febre, rash cutâneo, eosinofilia e hematúria. A reversão 
do quadro renal ocorre com a rápida suspensão do me-
dicamento, no entanto seu uso mantido pode levar à insu-
ficiência renal irreversível. 
 TOXICIDADE HEMATOLÓGICA: embora bas-
tante incomuns, a anemia hemolítica e a trombocitopenia devem ser lembradas com a prescrição das penicilinas. 
A leucopenia se mostra dose e tempo-dependente, sendo que desordens hemorrágicas podem surgir por efeito 
similar às aspirinas: alteração da agregação plaquetária; 
 NEUROTOXICIDADE: quadros de convulsões e abalos musculares podem surgir com altas doses de 
penicilina nos casos de insuficiência renal. Juntamente a isso, as convulsões são refratárias aos anticonvulsivan-
tes, cessando apenas com a retirada do antibiótico; 
Com os diversos tipos de penicilinas utilizados atualmente elucidados, podemos nos ater, agora, ao segundo 
componente dos antibióticos β-lactâmicos: as cefalosporinas. 
 
 
Paciente com um quadro grave de Síndrome de Stevens-Johnson, caracterizada pelas 
erupções cutâneas generalizadas, febre contínua, acometimento severo de mucosas 
inflamadas e conjuntivite purulenta grave – quadro conhecido como eritema multi-
forme (EM). A Síndrome pode ser desencadeada tanto por infecções específicas – 
como por Mycoplasma pneumoniae – quanto pelo uso de determinadas medicações, 
sendo, nestes casos, necessária a suspensão definitiva do fármaco em questão 
 
 
11 
 
 Cefalosporinas 
As CEFALOSPORINAS dife-
rem estruturalmente das penici-
linas pela presença de um anel 
acessório de seis membros - e 
nãode cinco membros – fixado 
ao anel β-lactâmico. Junta-
mente a isso, como citado, po-
demos separar as cefalospori-
nas em cinco classes distintas, 
conhecidas como gerações, 
sendo que, de uma forma geral, 
à medida que se avançam as ge-
rações, ocorre um AUMENTO NA 
POTÊNCIA sobre as BACTÉRIAS 
GRAM-NEGATIVAS. 
As cefalosporinas são 
BACTERICIDAS, e apresentam 
pouca efeitivade contra 
enterococos e estafilococos 
penicilinase resistente. 
 Cefalosporinas de primeira geração 
As cefalosporinas de primeira geração, representadas principalmente pela CEFAZOLINA e pela CEFALEXINA, 
mostram-se efetivas tanto contra espécies GRAM-POSITIVAS (incluindo Streptococcus viridans, estreptococos he-
molíticos do grupo A e S. aureus) quanto contra os bacilos Gram-negativos PROTEUS MIRABILIS e ESCHERICHIA 
COLI - estas duas componentes naturais do trato gastrintestinal humano e que podem causar infecções do trato 
urinário -, além de KLEBSIELLA PNEUMONIAE, que provoca pneumonia e infecções urinárias. 
Essas cefalosporinas se demonstram sensíveis a muitas β-lactamases, contudo são resistentes à β-lactamase 
de K. pneumoniae codificada por cromossomo e à β-lactamase estafilocócica comum. Não apenas a cefalexina, 
mas também a cefazolina tem papel importante no tratamento de infecção da pele dos tecidos moles, sendo que 
a cefazolina também é bastante usada na profilaxia cirúrgica. 
Esquematização dos quatro primeiros grupos de cefalosporinas, bem como seus principais alvos terapêuticos 
 
 
12 
 
Como todas as cefalosporinas, as de primeira geração se mostram inativas contra enterococos e S. aureus 
resistente à meticilina (MRSA) – com exceção, neste caso em particular, à cefalosporina de quinta geração 
ceftarolina, como será explicado 
posteriormente. Além disso, em-
bora a maioria dos cocos anaeró-
bios Gram-positivos serem sus-
cetíveis a esse grupo de antibióti-
cos, o Bacteroides fragilis não o 
é. 
 Vias de adminis-
tração 
 VIA ORAL: de 
modo geral, a cefalexina é bem 
absorvida por essa via. Devido à 
sua meia-vida mais longa, a cefa-
droxila, outra cefalosporina de 
primeira geração, pode ser admi-
nistrada duas vezes ao dia em vez 
de quatro; 
 VIA INTRAVE-
NOSA: nesse caso, a cefazolina é 
preferida devido ao fato que sua 
meia-vida mais longa permite 
dosagens menos frequentes. Assim como muitos outros fármacos, é necessário ajustar sua dose em quadros de 
nefropatia; 
 VIA INTRAMUSCULAR: a cefazolina pode ser administrada por essa via, no entanto, recomenda-se a 
via intravenosa, devido ao esquema de dosagem a cada oito horas; 
 Uso clínico 
Os fármacos orais são utilizados para o tratamento de infecções urinárias e podem ser usados nos casos de 
infecções de pele e de tecidos moles mais leves, a exemplo da celulite e de abscessos de tecidos moles. Todavia, 
em decorrência do aumento na incidência de MRSA associado à comunidade, a administração desses agentes se 
encontra limitada em certos casos. 
As cefalosporinas de primeira geração – em especial a cefazolina devido à sua baixa toxicidade, espectro de 
ação, baixo custo e meia-vida prolongada – apresentam-se como os fármacos de escolha para a maior parte da 
profilaxia para cirurgia limpas, embora instituições com altas taxas de infecção pós-operatória de feridas cirúrgica 
com isolados resistentes à meticilina devam considerar o uso de outras substâncias, como vancomicina. 
Por fim, como esse grupo de cefalosporinas não penetra adequadamente no líquido cerebrospinal e é menos 
potente que agentes de segunda e terceira geração, não pode ser utilizado na terapêutica de meningite. 
 
 
13 
 
 Cefalosporinas de segunda geração 
Podemos dividir as cefalosporinas de segunda geração em, basicamente, dois grupos. A CEFUROXIMA, re-
presentante do primeiro grupo, 
possui atividade aumentada 
contra H. influenzae quando 
comparada às cefalosporinas 
de primeira geração, embora 
seja pouco efetiva contra B. 
fragilis. O CEFOTETAN e a CE-
FOXITINA - representantes, por 
sua vez, do segundo grupo -, 
exibem atividade aumentada 
contra Bacteroides (incluindo 
B. fragilis). Além dessas pecu-
liaridades, as cefalosporinas de 
segunda geração se demons-
tram, na maioria das vezes, re-
sistente a um maior número de 
β-lactamases em relação as ce-
falosporinas de primeira gera-
ção. Em virtude disso, a cefu-
roxima se encontra frequente-
mente adotada no tratamento da 
pneumonia adquirida na co-
munidade, ao passo que o cefotetan tem sua prescrição recomendada na terapêutica de infecções intra-abdomi-
nais e pélvicas – incluindo a doença inflamatória pélvica (DIP) ou anexite aguda. 
Em geral, as cefalosporinas de segunda geração possuem atividade contra Gram-negativos inibidos por 
fármacos de primeira geração, mas possuem maior cobertura sobre Gram-negativos quando comparados aos 
primeiros. Em contraste, as cefalosporinas de primeira geração demonstram melhor atividade contra Gram-
positivos do que as de segunda geração. 
 Os efeitos adversos de tais fármacos incluem diarreia, ligeira elevação das enzimas hepáticas e reações de 
hipersensibilidade. Podemos ter também, não obstante de forma bastante rara, quadros de agranulocitose ou de 
nefrite intersticial. 
 Vias de administração 
 VIA ORAL: temos aqui a cefuroxima, o cefaclor e a cefprozila. A meia-vida mais longa da cefuro-
xima permite duas doses ao dia, e a absorção é potencializada quando ingerida com alimentos (o que não ocorre 
com muitos antibióticos orais); 
 VIA INTRAVENOSA E INTRAMUSCULAR: em virtude das diferenças em meia-vida e ligação com pro-
teínas, os níveis séricos de pico alcançados e os intervalos de dosagem variam muito para esse grupo de fármacos. 
Antibióticos com meias-vidas mais curtas (cefoxitina) requerem uma dosagem mais frequente do que os com 
meias-vidas mais longas (cefuroxima). É necessário ajustar a dose nos casos de nefropatia; 
 
 
14 
 
Tanto as cefalosporinas de primeira quanto 
de segunda gerações – além de mais vulneráveis 
às cefalosporinases do que as outras gerações - 
não ultrapassam a barreira hematoencefálica, 
exceto em situações de inflamação meníngea (de-
vido ao aumento da permeabilidade local). 
 Uso clínico 
Levando em conta sua atividade contra H. in-
fluenzae, S. pneumoniae e M. catarrhalis produ-
tores de β-lactamase, a cefuroxima tem uma fun-
ção no tratamento de sinusite e otite média nos 
pacientes que não respondem a agentes mais es-
tabelecidos. Essa antibiótico, além disso, é comu-
mente utilizada na terapêutica de infecções respi-
ratórias adquiridas na comunidade sem agente 
etiológico identificado. 
Por outro lado, devido à atividade contra B. 
fragilis, pode-se administrar cefoxitina e cefote-
tan na terapêutica de infecções anaeróbicas mis-
tas, como a peritonite e a diverticulite. Todavia, 
como muitos B. fragilis e microrganismos entéricos Gram-negativos são resistentes, referem-se agentes alter-
nativos em infecções intra-abdominais graves. A cefoxitina e a cefotetan se mostram úteis como profilaxia em 
cirurgias colorretais, histerectomia vaginal ou abdominal, e apendectomias, em decorrência de sua atividade 
moderada a forte contra o B. fragilis. 
 Cefalosporinas de terceira geração 
A CEFTRIAXONA e a CEFOTAXIMA, principais representantes das cefalosporinas de terceira geração, desta-
cam-se como antibióticos resistentes a diversas β-lactamases e, por conseguinte, mostram-se altamente ativas 
contra Enterobacteriacea (E. coli, Proteus indol-positivo, Klebsiella, Enterobacter, Serratia e Citrobacter) e 
contra Neisseria e H. influenzae. Esse subgrupo de cefalosporinas, por outro lado, possuem menor atividade 
contra Gram-positivos quando comparadoaos fármacos de primeira geração. Apesar disso, dispõem de atividade 
satisfatória contra S. pneumoniae de sensibilidade intermediária à penicilina (embora possa ocorrer, nesse caso, 
resistência às cefalosporinas). 
Esquematização das principais indicações clínicas das cefalosporinas de segunda geração 
 
 
15 
 
A CEFTAZIDIMA é a última cefalosporina de terceira geração comumente utilizada, sendo que seu espectro 
de ação difere dos outros dois 
agentes pela sua atividade anti-
pseudomonas significativa e 
atividade mínima contra 
Gram-positivos. 
No Brasil só se encontram 
disponíveis as cefalosporinas 
de terceira geração na apresen-
tação PARENTERAL (CEFTRIA-
XONA, CEFOTAXIMA e CEFTAZI-
DIMA). 
 Uso clínico 
Em virtude de sua penetra-
ção no líquido cerebrospinal e 
potente atividade in vitro, as ce-
falosporinas intravenosas de 
terceira geração possuem utili-
dade no tratamento de meningites devidas a pneumococos suscetíveis, meningococos, H. influenzae e bacilos 
entéricos Gram-negativos suscetíveis. 
Dessa forma, os usos da ceftriaxona e da cefotaxima incluem o tratamento de infecções das vias respirató-
rias inferiores, meningite por S. pneumoniae adquirida na comunidade, infecção gonocócica não-complicada, 
endocardite com cultura negativa e doença de Lyme complicada. Além dos efeitos adversos já mencionados, a 
ceftriaxona pode causar hepatite colestática. Devido à meia-vida longa e dose diária única, a ceftriaxona é uma 
opção atraente para a terapia parenteral ambulatorial de infecções devidas a microrganismos suscetíveis. 
A administração da ceftazidima se vê predomi-
nantemente no tratamento de infecções bacterianas 
Gram-negativas hospitalares e infecções documenta-
das por P. aeruginosa, bom como na forma de terapia 
empírica para pacientes neutropênicos com febre (nes-
tes casos, também se pode utilizar a cefepima, uma ce-
falosporina de quarta geração). A ceftazidima, além 
disso, tem sido utilizada no tratamento de meningite 
por Pseudomonas. A dose para meningite deve estar 
no limite superior da faixa recomendada, porque os ní-
veis liquóricos desses fármacos são apenas 10 a 20% 
dos níveis séricos. 
As queimaduras intensas podem se infectar gra-
vemente por Pseudomonas, conduzindo uma infecção 
da corrente sanguínea que, em geral, apresenta-se com 
mal prognóstico. 
Na meningite em pacientes idosos, as cefalospo-
rinas de terceira geração devem ser combinadas com 
ampicilina ou Sulfametoxazoltrimetropina (SMZ-TMP) até que se tenha excluído a Listeria monocytogenes 
como agente etiológico. A ceftazidima tem sido utilizada no tratamento de meningite por Pseudomonas. 
Cefdinir, cefditoreno pivoxil e cefpodoxima proxetil são os melhores agentes orais de terceira geração contra 
pneumococos e S. aureus. Enquanto a cefixima está disponível somente em suspensão oral, comprimidos de 
400mg estão disponíveis nos EUA desde 2008. Essa última dosagem é importante por ser o único agente oral 
recomendado pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) para o tratamento de gonorreia urogenital 
ou retal não-complicada. 
Axila de paciente com leucemia aguda demonstrando uma erupção pustulosa polimórfica 
por Pseudomonas aeruginosa. As Pseudomonas, embora possam manifestar doença em in-
divíduos saudáveis – como otite externa -, costumam ser graves apenas em pacientes imu-
nodeprimidos por uso de medicamentos, outros tratamentos ou determinadas enfermida-
des 
 
 
16 
 
Deve-se lembrar, todavia, que as bactérias Gram-negativas que adquiriram atividade de β-lactamase de es-
pectro ampliado se mostram resistentes às cefalosporinas de terceira geração. 
 Cefalosporina de quarta geração 
A CEFEPIMA se apresenta como a única cefalosporina de quarta geração atualmente disponível. A exemplo 
da ceftriaxona, mostra-se altamente ativa contra Enterobacteriaceae, Neisseria, H. influenzae e contra micror-
ganismos Gram-positivos. Além disso, é tão ativa quanto a ceftazidima contra P. aeruginosa. A cefepima tam-
bém dispõe de maior resistên-
cia às β-lactamases de Entero-
bacter codificadas por cromos-
somos do que as cefalosporinas 
de terceira geração. No en-
tanto, ao contrário da ceftazi-
dima, a cefepima não se encon-
tra aprovada para o tratamento 
da meningite. A cefepima não 
atravessa a barreira hematoen-
cefálica, salvo em casos de in-
flamação. 
Um efeito adverso inco-
mum consiste no desenvolvimento de autoanticorpos contra antígenos eritrocitários, tipicamente sem hemólise 
significativa. 
 Cefalosporina de quinta geração 
A única cefalosporina de quinta geração disponível, a CEFTAROLINA, apresenta a singularidade de ser o 
único β-lactâmico com atividade in vitro contra S. AUREUS RESISTENTE À METICILINA (MRSA), sendo útil no 
tratamento de infecções de pele e tecidos moles devido a esse agente patogênico – em particular se houver coin-
feção com microrganismos Gram-negativos. Ao contrário de outros β-lactâmicos, a ceftarolina se liga à PBP2a, 
a proteína que liga a penicilina codificada pelo gene mecA no MRSA. Seu espectro de atividade se aproxima ao 
da ceftriaxona. Esse antibiótico é inativo, porém, contra P. aeruginosa, Acinetobacter sp. e Bacteroides fragilis. 
 Administração das cefalosporinas de terceira a quinta gerações 
Os agentes intravenosos (IV) de terceira e quarta gerações distribuem-se no líquido extracelular e alcançam 
níveis liquóricos superiores aos necessários para inibir agentes patogênicos suscetíveis. Desconhece-se, atual-
mente, a penetração da ceftarolina o líquido cerebrospinal. As meias-vidas desses fármacos são variáveis, re-
sultando em diferentes necessidades de dosagem. A ceftriaxona é eliminada primariamente por excreção biliar, 
não sendo necessário nenhum ajuste em caso de nefropatia. Os outros medicamentos são eliminados majoritari-
amente pelos rins e, portanto, requerem ajuste de dose. 
 
 
17 
 
 Efeitos adversos das cefalosporinas 
As cefalosporinas são sensibilizantes e várias reações de hipersensibilidade podem ocorrer devido à sua 
administração, incluindo anafilaxia (bastante raro), febre, rash cutâneo, nefrite e anemia hemolítica. A frequên-
cia de alergia IgE-cruzada entre cefalosporinas e penicilinas ronda os 5 a 10%. Pessoas com história de anafi-
laxia a penicilinas não devem receber cefalosporinas. Desconhece-se a probabilidade de reatividade cruzada não 
mediada por IgE entre penicilinas e cefalosporinas, e provavelmente ela seja muito baixa. Alergias a um determi-
nado agente podem ou não se estender a toda a classe das cefalosporinas. De forma geral, os componentes de 
primeira geração possuem maior probabilidade de reação cruzada do que as cefalosporinas de terceira geração 
em um paciente com reação documentada à penicilina 
mediada por IgE. Podemos encontrar em alguns pacientes 
(por volta de 5%), também, quadros de tromboflebite. 
Em relação à sua toxicidade, a ceftriaxona se encon-
tra associada a uma síndrome de bile espessa, dose-depen-
dente, e à colelitíase em decorrência da precipitação do 
fármaco ao ultrapassar sua solubilidade na bile, sendo 
que a administração em longo prazo de 2g/dia ou mais se 
mostra um fator de risco para essa complicação. A 
cefepima, por sua vez, pode estar associada a uma maior 
taxa de neurotoxicidade, particularmente em altas doses 
e com nefropatia concomitante. 
Na sua maioria, as cefalosporinas são pouco nefro-
tóxicas e pouco hepatotóxicas. 
As cefalosporinas em geral atravessam a barreira 
placentária sem efeitos teratogênicos, o que auxilia no 
tratamento da Treponema pallidum no feto. Ademais, a 
eliminação da grande porção desses fármacos se faz por via renal, necessitando ajuste de dose nos casos de 
nefropatia.Monobactâmicos 
Caracterizados pela presença de um anel β-lactâmico monocíclico resistente a muitas β-lactamases em sua 
estrutura química (o que rendeu seu nome), os monobactâmicos – cujo único representante disponível se mostra 
o AZTREONAM – possuem ação BACTERICIDA e atuam de maneira semelhante às penicilinas e cefalosporinas, 
interferindo na síntese da parede bacteriana. 
 Vias de administração e farmacocinética 
O aztreonam não possui absorção por via oral (VO), sendo, logo, administrado pela via intramuscular (IM) 
ou intravenosa (IV). Em relação às suas propriedades farmacológicas, esse medicamento apresenta uma ligação 
proteica que varia de 50 a 60%, além de dispor de boa distribuição tecidual e penetrar na maior parte dos tecidos 
e líquidos orgânicos – incluindo ossos, próstata, pulmão, secreção traqueal, sistema nervoso central e trato 
gastrintestinal. 
Paciente com quadro importante de tromboflebite. Embora raro, tal manifestação 
pode estar associada ao uso das cefalosporinas 
 
 
18 
 
 Uso clínico 
O aztreonam se mostra eficaz no tratamento da maioria das bactérias 
Gram-negativas – atividade semelhante à ceftazidima -, incluindo Pseu-
domonas aeruginosa, apesar de carecer de atividade contra microrganis-
mos Gram-positivos ou anaeróbios. Dessa maneira, em geral esse medica-
mento é bastante útil contra E. coli, Klebsiella sp., Proteus sp., e Pseudo-
monas sp., mas imprevisível contra Acinetobacter sp., Enterobacter sp., e 
Citrobacter sp. 
Tal antibiótico, baseado em seus patógenos sensíveis, aplica-se ao tra-
tamento de infecções do trato urinário, bacteremias, infecções pélvicas, 
intra-abdominais e respiratórias, destacando-se como uma alternativa útil 
aos aminoglicosídeos por não ser nefro nem ototóxico – assim como as 
penicilinas e cefalosporinas. 
Apesar de seu efeito benéfico sobre a P. aeruginosa, o aztreonam não 
deve ser administrado como monoterapia nas infecções graves por esse 
microrganismo. 
Os usos clínicos do aztreonam se apresentam limitados devido à ocor-
rência de flebite no sítio de administração IV e de sua meia-vida curta 
exigir doses a intervalos frequentes, além da disponibilidade de cefalos-
porinas de terceira geração com um espectro de atividade mais amplo e 
mínima toxicidade. Sua utilização, levando em conta a similaridade com 
a penicilina (apesar da mínima reatividade cruzada), demonstra-se especi-
almente útil em pacientes com grave alergia à penicilina (IgE depen-
dente) que apresentam afecções causadas por microrganismos Gram-ne-
gativos resistentes. 
 Efeitos adversos 
Além das flebites supracitadas, apontamos como efeitos colaterais a 
presença de dor no sítio de aplicação IM, reações sistêmicas como rash cutâneo, náusea e vômitos, e, em alguns 
casos, elevação das transaminases hepáticas, as quais retornam ao normal com a suspensão do fármaco. Não 
foram observadas, de modo geral, nefrotoxicidade, ototoxicidade ou alterações hematológicas relacionadas ao 
uso do aztreonam. 
 Carbapenemos 
Encerrando a lista de antibióticos β-lactâmicos, existem TRÊS CARBAPENEMOS utilizados atualmente na prá-
tica clínica: o IMIPENEM, o MEROPENEM e o ERTAPENEM, sendo que esses possuem amplo espectro de ação e 
proporcionam uma cobertura contra a maioria dos microrganismos Gram-positivos, Gram-negativos e anaeró-
bicos. Nenhum deles, no entanto, possui atividade contra MRSA, Enterococcus resistente à vancomicina (VRE) 
ou Legionella sp. 
 Vias de administração e farmacocinética 
Nenhum desses antibióticos possui absorção por via oral, necessitando administração por via intravenosa ou 
intramuscular. Em virtude do imipenem ser inativado pela enzima renal desidropeptidase I, esse fármaco sem-
pre se vê coadministrado com o inibidor de desidropeptidase, a cilastatina. Isso permite um aumento do nível 
sérico do antibiótica, além de diminuir sua toxicidade renal. O meropenem (não nefrotóxico) e o ertapenem, por 
outro lado, não sofram inativação por tal enzima, dispensando a coadministração medicamentosa. 
Esquematização dos possíveis órgãos acometidos do trato ge-
niturinário por microrganismos, a exmplo de Proteus sp. e E. 
coli 
 
 
19 
 
Os carbapenemos possuem baixa ligação a proteínas plasmáticas, e a sua excreção se faz predominante-
mente via renal. Juntamente a isso, esses fármacos apresentam penetração excelente em tecidos abdominais, 
respiratórios, na bile, no trato urinário, no líquor (meropenem) e em órgãos genitais. 
Demonstra-se importante res-
saltar que o ERTAPENEM apresenta 
POUCA AÇÃO quando comparado aos 
outros dois agentes, e seu benefício 
consiste na administração de dose 
única ao dia de 1 g/dia IV – com 
ajuste de dose nas nefropatia - de-
vido à sua meia-vida longa (quatro 
horas). A meia-vida do imipenem é 
de uma hora, sendo necessário 
ajuste de dose em caso de nefropa-
tia. 
O MEROPENEM, por sua vez, 
apresenta menor probabilidade de 
desencadear situações de náusea e 
vômitos que o imipenem, uma carac-
terística importante quando é pre-
ciso se administrar altas doses do 
fármaco, a exemplo do tratamento de infecções por Pseudomonas sp. em pacientes com fibrose cística. A dose 
habitual para o meropenem é de 1 a 2g IV a cada oito horas, necessitando ajustar sua dose nos casos de nefro-
patia. 
 Uso clínico 
Devido ao fato de se enquadrarem como fármacos de amplo espectro e com penetração na maioria dos sítios 
de infecção, os carbapenemos podem ser utilizados no tratamento de infecções em que exista uma forte suspeita 
de microbiota aeróbia e anaeróbia ou infecções causadas por organismos multirresistentes. 
Esses fármacos apresentam eficácia, dessa maneira, na terapêutica de pacientes graves com infecções abdo-
minais, do sistema nervoso central, pneumonias, infecções de pele e partes moles, do trato urinário e gineco-
lógicas, além de constituírem alternativa no tratamento 
de pacientes granulocitopênicos febris. 
O imipenem demonstra amplo espectro de ativi-
dade, que inclui a maioria dos bacilos Gram-negativos 
(incluindo P. aeruginosa) e microrganismos Gram-
positivos e anaeróbios – com exceção de Burkholderia 
cepacia, Stenotrophomonas maltophilia, Enterococ-
cus faecium, e S. aureus e Staphylococcus epidermidis 
resistentes à meticilina. 
Salienta-se importante destacar que os carbape-
nemos são agentes mais confiáveis no tratamento de 
infecções por E. COLI E KLEBSIELLA SP. PRODUTORES 
DE Β-LACTAMASE DE ESPECTRO ESTENDIDO (ESBL). 
O ERTAPENEM, por sua vez, apresenta atividade 
similar aos outros carbapenemos contra microrganis-
mos aeróbios Gram-positivos e anaeróbios, embora 
seja menos ativo contra espécies de Pseudomonas e 
Acinetobacter. 
Ilustração da enzima KPC e de como ela torna a K. pneumoniae - bem como outras ente-
robactérias - resistentes a muitos antibióticos. Essas bactérias multirresistentes portado-
ras do KPC ficaram conhecidas como superbactérias 
 
 
20 
 
Os carbapenemos não devem ser utilizados rotineiramente como terapia de primeira linha, a menos que o 
agente patogênico seja resistente a múltiplos fármacos e sabidamente suscetível a esses agentes, lembrando 
sempre que Pseudomonas sp. podem rapidamente desenvolver resistência aos carbapenemos. 
Em relação à atividade antimicrobiana, o MEROPENEM se mostra um pouco mais ativo contra bactérias 
Gram-negativas, ao passo que o imipenem dispõe de atividade levemente superior contra Gram-positivos. O 
ertapenem não possui atividade contra P. aeruginosa nem Acinetobacter baumannii. 
Além disso, a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) destaca-se como uma enzima produzida por 
alguns tipos de bactérias Gram-negativas (enterobactérias) que inativa os carbapenemos, as penicilinas, as ce-falosporinas e os monobactâmicos, tornando esses microrganismos resistentes a esses fármacos. Tais bactérias 
recebem a denominação de superbactérias devido à elevada resistência aos diversos tratamentos terapêuticos 
disponíveis. 
 Efeitos adversos 
Normalmente, os carbapenemos se mostram bem tolerados e com poucos efeitos colaterais, como reações 
de hipersensibilidade e flebite no sítio de administração IV. A associação imipenem-cilastatina pode reduzir o 
limiar convulsivo – levando ao surgimento de convulsões -, especialmente em pacientes idosos, com alteração 
da função renal ou cuja doença de base predisponha a convulsões. Tais efeitos são menos observados durante o 
uso de meropenem. 
Dentre as alterações laboratoriais, foi relatado elevação de transaminases em 5% dos pacientes. As altera-
ções hematológicas, por sua vez, mostram-se bastante raras, sendo, quando presentes, as mais comuns tromboci-
tose e eosinofilia. Reações gastrintestinais podem se manifestar em 3,8% dos casos, principalmente por meio de 
náuseas e vômitos. Embora pouco frequente (1,2% dos casos), pode haver reação cruzada em pacientes alérgicos 
à penicilina. 
 Antibióticos não β-lactâmicos inibidores da parede ce-
lular 
 Glicopeptídeos 
Os glicopeptídeos se enquadram como uma classe de antibióticos inibidores da síntese da parede celular 
bacteriana, embora não possuam em sua composição o anel β-lactâmico e, logo, não se encaixem nesse grupo. 
Salienta-se importante apontar que os glicopeptídeos, de função BACTERICIDA, não atuam sobre as proteínas 
ligadoras de penicilina (PBP), atuando em sítios distintos dos β-lactâmicos para impedir a síntese da parede 
celular. 
 Destacamos, como os principais representantes desse grupo de antibióticos, a VANCOMICINA e a TEICOPLA-
NINA. Diversos glicopeptídeos se encontram em fase de pesquisa clínica e, dessa forma, não estão disponíveis no 
mercado nacional. 
 
 
21 
 
 Vias de administração e farmacocinética 
A vancomicina não apresenta absorção intestinal, sendo somente administrada na forma oral para tratamento 
de infecções gastrintestinais causadas pelo Clostridium difficile. A via parenteral intravenosa, por outro lado, 
demonstra boa distribuição na maioria dos tecidos – não atravessa a barreira hematoencefálica, mesmo com 
inflamação meníngea -, 
sendo que a meia-vida 
com função renal normal 
varia de seis a oito horas. 
Em pacientes anúricos, no 
entanto, pode varia de 7 a 
12 dias. 
A teicoplanina apre-
senta maior lipossolubili-
dade quando comparado à 
vancomicina, o que resulta 
em excelente penetração 
tecidual e meia-vida pro-
longada, embora tenha 
pouca penetração na bar-
reira liquórica. A sua far-
macocinética favorável 
possibilita a administração intramuscular ou intravenosa em bolus e, como tem meia-vida superior à vancomi-
cina, pode ser prescrita uma vez ao dia. Nas infecções graves, deve ser utilizada em dose de ataque. 
A combinação de todos esses fatores faz da teicoplanina uma alternativa eficaz e segura para a vancomicina 
no tratamento das infecções por bactérias Gram-positivas, apesar de seu custo ser superior ao da vancomicina. 
 Uso clínico 
A VANCOMICINA se demonstra eficaz principalmente sobre BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS, sendo bastante ado-
tada no tratamento de infecções por STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTE À METICILINA (MRSA). Seu uso prá-
tico se encontra focado, também, na terapêutica de alguns casos de colite pseudomembranosa (uma infecção 
clostrídica às vezes associada à terapia por antibióticos) e 
na resolução de algumas infecções estafilocócica multir-
resistentes. Além disso, a vancomicina é útil no tratamento 
de infecções estafilocócica graves em pacientes alérgicos 
às penicilinas e às cefalosporinas, e em algumas formas de 
endocardites. 
A teicoplanina, por sua vez, possui atividade seme-
lhante à vancomicina devido à composição química simi-
lar, com a vantagem, no entanto, de dispor de efeito mais 
duradouro, menor toxicidade e melhores vias de adminis-
tração. 
Deve-se ressaltar que ambos os antibióticos não têm 
atividade contra bacilos Gram-negativos, fungos ou mi-
cobactérias. 
Com o surgimento de cepas de Enterococcus spp. re-
sistentes à vancomicina (VRE) e, mais recentemente, ce-
pas de S. aureus com sensibilidade intermediária e, até 
mesmo, resistentes à vancomicina, as indicações desse an-
tibiótico devem ser cada vez mais revistas e restritas, já que 
Imagem fotográfica de um caso de colite pseudomembranosa, com a importante al-
teração de mucosa devido à proliferação de C. difficile. A doença se encontra nor-
malmente associada ao uso de antibióticos 
 
 
22 
 
seu uso indiscriminado é apontado como fator predisponente para o surgimento de tais organismos resistentes. 
Dessa maneira, no tratamento da colite pseudomembranosa, causada pelo C. difficile, a vancomicina só deve 
ser utilizada após falha de tratamento com metronidazol. 
 Recentemente (2007), um novo lipopeptídeo antibacteriano com espectro de ação semelhante ao 
da vancomicina foi catalogado. Esse fármaco, chamado de DAPTOMICINA, administra-se via intravenosa (IV), 
geralmente sendo utilizado em combinação a outros medicamentos no tratamento de infecções causadas por 
MRSA. Seu espectro de ação, além disso, também se estende para as MSSA, MRSA, VRSA e Enterococcus 
faecalis. 
 Efeitos adversos 
Em relação à vancomicina, os efeitos colaterais mais comuns se listam como febre, calafrios e tromboflebi-
tes no sítio da injeção associados à administração muito rápida do antibiótico. A SÍNDROME DO HOMEM VERMELHO 
– também conhecida como SÍNDROME DO PESCOÇO VERMELHO –, uma reação importante de hipersensibilidade, 
encontra-se intrinsicamente relacionada à 
velocidade de infusão do fármaco, de-
vendo-se diluir a droga e infundi-la em 
aproximadamente uma hora. Outros acha-
dos cutâneos, como rash e eritema macu-
lopapular, tendem a se manifestar em 5% 
dos casos. Além disso, podemos ter qua-
dros de leucopenia, reversíveis após a reti-
rada da droga, e ototoxicidade, especial-
mente nos pacientes com insuficiência re-
nal. A nefrotoxicidade é um efeito poten-
cialmente grave da vancomicina. 
Os efeitos adversos mais presentes 
com a teicoplanina, por sua vez, seguem-se como reações cutâneas e disfunções hepáticas transitórias em me-
nos de 5% dos pacientes. Pode causar dor no local da aplicação, e não costuma manifestar tromboflebite ou 
alterações plaquetárias, e muito menos a síndrome do homem vermelho. Tanto a nefrotoxicidade quanto a oto-
toxicidade são raras para a teicoplanina. 
 Antibióticos inibidores da síntese proteica 
Podemos dividir os fármacos inibidores da síntese proteica bacteriana em dois grandes grupos: aqueles 
que atuam na porção 50S dos ribossomos bacterianos (macrolídeos, cloranfenicol, clindamicina e linezolida) 
e aqueles que agem sobre a porção 30S dos ribossomos bacterianos (tetraciclina e aminoglicosídeos). 
 Antibióticos macrolídeos 
Os MACROLÍDEOS classificam-se como um grupo de fármacos intimamente relacionados, sendo caracteriza-
dos pela presença de um anel lactona macrocíclico ao qual se ligam um ou diversos desoxiaçúcares. Os principais 
antibióticos pertencentes a esse grupo se listam como a ERITROMICINA, a CLARITROMICINA e a AZITROMICINA. 
Em relação aos seus mecanismos de ação, os macrolídeos inibem a síntese proteica bacteriana por efeito na 
translocação. Esses fármacos se ligam à mesma unidade 50S do ribossomo bacteriano que o cloranfenicol e a 
clindamicina, e qualquer um desses compostos podem competir uns com os outros nos casos de administração 
conjunta. De um modo geral, os macrolídeos possuem atividade bacteriostática e, às vezes, bactericidas, para 
microrganismos Gram-positivos– incluindo a maioria dos estreptococos e corinebactérias. 
A síndrome do homem vermelho (red man syndrome), também conhecida como síndrome do pescoço ver-
melho (red neck syndrome), caracteriza-se por uma reação de hipersensibilidade com prurido e rash erite-
matoso em face e pescoço devido ao uso da vancomicina. A suspensão do antibiótico e a administração de 
anti-histamínicos se mostra eficaz nesses casos 
 
 
23 
 
 Vias de administração e farmacocinética 
Os macrolídeos são administrados, majoritariamente, por via oral, sendo que a eritromicina também pode 
ser prescrita na forma parenteral, não obstante as injeções intravenosas possam ser seguidas e tromboflebite 
local. A azitromicina está disponível, também, para o uso intravenoso, especialmente no tratamento de legione-
lose. 
Todos os três fármacos se difundem prontamente pela MAIORIA DOS TECIDOS, todavia NÃO CRUZAM A BAR-
REIRA HEMATOENCEFÁLICA e há 
pouca penetração no líquido sinovial. 
A meia-vida plasmática da eritromi-
cina se encontra por volta de 90 minu-
tos; a da claritromicina, cerca de três 
vezes maior; e a da azitromicina, de 
oito a 16 vezes maior. Os macrolídeos 
entram e, na realidade, concentram-se 
nos fagócitos – as concentrações de 
azitromicina nos lisossomos dos fagó-
citos, por exemplo, podem se apresen-
tar até 40 vezes superiores às taxas san-
guíneas -, e eles podem reforçar a des-
truição fagocítica intracelular das 
bactérias. 
A ERITROMICINA demonstra ina-
tivação parcial pelo fígado, a AZITRO-
MICINA possui maior resistência à inativação, e a CLARITROMICINA sofre conversão em um metabólito ativo. A 
inibição sobre o sistema citocromo P450 pela claritromicina pode afetar a biodisponibilidade de outros medica-
mentos, levando a interações clinicamente importantes como, a exemplo, com a teofilina. 
A via de excreção primária dos macrolídeos se mostra pela bile, não necessitando, dessa maneira, ajustes 
em caso de nefropatia. 
 Uso clínico 
Os macrolídeos dispõem de alta efetividade no tratamento de infecções por espécies pertencentes aos gêneros 
Legionella, Mycoplasma, Ureaplasma, Corynebacterium (incluindo difteria) e Chlamydia (incluindo infecções 
oculares e respiratórias). 
 ERITROMICINA 
O espectro antimicrobiana da ERITROMICINA se mostra bastante similar ao da penicilina, destacando-se 
como uma alternativa segura e eficaz para os pacientes sensíveis à penicilina. A eritromicina possui atividade 
satisfatória sobre BACTÉRIAS E ESPIROQUETAS GRAM-POSITIVOS, porém não sobre a maioria dos microrganismos 
Gram-negativos – sendo exceções a N. Gonorrhoeae e, em menor extensão, o H. influenzae. Juntamente a isso, 
os patógenos MYCOPLASMA PNEUMONIAE, LEGIONELLA SPP. e alguns MICRORGANISMOS CLAMIDIAIS (CHLAMY-
DIA TRACHOMATIS, especialmente em gestantes) também apresentam sensibilidade à eritromicina. 
A eritromicina pode ainda ser utilizada na terapêutica e na profilaxia da BORDETELLA PERTUSSIS (assim 
como a azitromicina e a claritromicina), em infecções por Campylobacter jejuni e Campylobacter haemolyti-
cum causador da faringite não estreptocócica em adultos jovens. Seu espectro de ação ainda se estende para o 
tratamento da infecção ou do estado de portador de Corynebacterium diphtheriae e doas lesões genitais causadas 
por Haemophilus ducreyi (cancroide) e linfogranuloma venéreo. 
A resistência à eritromicina pode estar presente e resulta da alteração controlada por plasmídeo do local 
de ligação para a eritromicina no ribossomo bacteriano. Em sua apresentação oral, esse fármaco é utilizado em 
 
 
24 
 
associação à neomicina como profilaxia para cirurgia de cólon. Esse antibiótico, infelizmente, é inativo contra 
as enterobactérias e Pseudomonas spp. 
 AZITROMICINA 
A AZITROMICINA, por sua vez, é menos ativa sobre bactérias Gram-positivas do que a eritromicina, porém 
tem efeito superior na terapêutica de infecções por BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS – em especial por H. INFLUEN-
ZAE - e pode ser mais ativa sobre Legionella. Além disso, esse antibiótico dispõe de ação sobre o Toxoplasma 
gondii, destruindo os cistos. A maioria das enterobactérias, contudo, são intrinsicamente resistentes a esse anti-
biótico, devido ao fato de ele não conseguir penetrar na membrana celular externa efetivamente. Além disso, a 
azitromicina apresenta atividade esquizonticida contra o Plasmodium spp., podendo ser prescrita como profila-
xia de Plasmodium falciparum resistente à cloroquina. 
 CLARITROMICINA 
Finalmente, a CLARITROMICINA apresenta atividade elevada contra BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS, e seu me-
tabólito é de duas a quatro vezes mais eficiente sobre o Gram-negativo H. INFLUENZA e muitos estreptococos e 
estafilococos do que a eritromicina. Esse fármaco também atua de forma satisfatória sobre o Mycobacterium 
avium-intracellulare (que pode infetar indivíduos imunologicamente comprometidos e pacientes idosos com do-
ença pulmonar crônica), podendo também ser útil na terapêutica da lepra. A sua atividade contra bactérias Gram-
negativas é semelhante a da eritromicina, embora um pouco mais potente contra a M. catarrhalis. 
Adicionalmente, tanto a azitromicina quanto a claritromicina apresentam eficácia satisfatória na doença de 
Lyme, além de serem utilizadas para o tratamento ou profilaxias de infecções por Bartonella henselae (angioma-
tose bacilar, comum em pacientes com AIDS), Cryptosporidium parvum, H. pylori e T. gondii. 
Dados in vitro sugerem que os macrolídeos têm efeito direto sobre a função de neutrófilos e a produção de 
citocinas associadas à inflamação. O benefício antiinflamatório mais bem documentado relacionado aos macrolí-
deos (azitromicina) é na prevenção da exacerbação da fibrose cística. 
De modo semelhante à penicilina, a taxa de S. pneumoniae resistente a macrolídeos aumentou (15 a 50%), 
e relatos recentes demonstram maior resistência em estreptococos do grupo A em alguns centros. Os pneumoco-
cos resistentes à eritromicina também são à azitromicina e a à claritromicina. 
 Efeitos adversos 
Os efeitos colaterais mais comuns dos macrolídeos incluem cólicas abdomi-
nais, náuseas, vômitos e diarreia. Existem relatos de hepatite colestática aguda 
acompanhada de febre, dor abdominal, eosinofilia, hiperbilirrubinemia com ic-
terícia e elevação de transaminases com o uso de estolato de eritromicina (mais 
comum em adultos, especialmente gestantes), provavelmente devido a uma rea-
ção de hipersensibilidade. A hepatite reaparece em casos de readministração do 
fármaco. 
Com uso prolongado em doses altas, alterações auditivas reversíveis se ma-
nifestam, particularmente em pacientes com disfunções renais ou hepática. A 
eritromicina e a claritromicina podem aumentar os efeitos de anticoagulantes 
orais, a digoxina, da teofilina, dos bloqueadores de canal de cálcio e da ciclos-
porina ao inibirem o citocromo P450. Foi constatado risco elevado de óbitos de 
causa cardíaca com a eritromicina, particularmente em pacientes recebendo con-
comitantemente inibidores do citocromo P450 3A4. Por fim, a claritromicina e a 
eritromicina foram associadas a prolongamento do intervalo QT e de torsades 
de pointes (mais comum em mulheres), o que está associado à arritmia ventricu-
lar maligna com morte súbita. Dessa forma, pacientes com disfunções cardíacas 
conhecidas, de modo geral, devem evitar o uso desses antibióticos. 
Esquematização da diferença entre o eletrocardio-
grama em um coração saudável e em um coração 
portador da síndrome do QT longo, onde o inter-
valo QT é maior do que o normal 
 
 
25 
 
 Cloranfenicol 
Por muitas décadas, o CLORANFENICOL se destacou como a única droga realmente eficaz no tratamento das 
SALMONELOSES, incluindo aquelas causadas pelo microrganismo SALMONELLA TYPHI. Atualmente,no entanto, 
devido ao reconhecimento de seus efeitos tóxicos com risco de vida – a exemplo da 
síndrome do bebê cinzento e da anemia aplásica -, além do desenvolvimento de no-
vas drogas mais efetivas e menos tóxicas, o uso do cloranfenicol foi restringido para 
pacientes graves e em situações específicas. 
Quando nos referimos ao seu mecanismo de ação, o cloranfenicol atua de ma-
neira semelhante aos macrolídeos, ligando-se à subunidade 50S do ribossomo e ini-
bindo a síntese proteica bacteriana, tendo, assim, ação bacteriostática. Ele pode, con-
tudo, dispor de função bactericida contra algumas espécies, como S. pneumoniae, H. 
influenzae e N. meningitidis, por meio de mecanismos pouco conhecidos. 
 Vias de administração e farmacocinética 
O medicamento pode ser encontrado na forma oral (palmitato), intravenosa 
(succinato) e tópica. Ele sofre hidrólise no trato digestivo antes de ser absorvido, 
atingindo pico sérico em uma a duas horas. Penetra na maioria dos fluidos orgânicos 
- incluindo os líquidos pleural, peritoneal e sinovial -, e atinge no líquor metade da 
concentração plasmática independentemente da presença ou não de inflamação das meninges. Além disso, por ser 
lipofílico, o cloranfenicol alcança, no parênquima cerebral, concentrações até nove vezes maiores do que a do 
plasma. 
O medicamento sofre conjugação no fígado, sendo prontamente eliminado pelos rins. Por volta de 10 a 20% 
da droga ativa (inalterada) é excretada na urina, ao passo que uma pequena quantidade é secretada na bile. Nos 
pacientes com lesão hepática importante, detecta-se um aumento da concentração sérica do fármaco, com maior 
probabilidade de ocorrer toxicidade medular, devendo ser ajustada a dose. Quadros de nefropatia, por outro lado, 
não apresentam necessidade de ajuste de dose. 
 Uso clínico 
Como comentado, o cloranfenicol pode ser utilizado no trata-
mento de casos graves de SALMONELOSES – principalmente na febre 
tifoide -, além de ser uma alternativa ocasional na terapêutica de me-
ningite bacteriana e epiglotite, artrite séptica e osteomielite por H. 
influenzae em pacientes alérgicos aos beta-lactâmicos. Juntamente a 
isso, ele se vê indicado para casos de infecções por riquétsias (rickett-
sioses) como alternativo ao uso das tetraciclinas – especialmente em 
gestantes, em quem as tetraciclinas estão contraindicadas. 
Atualmente, o cloranfenicol também está sendo utilizado no tra-
tamento de infecções por enterococos resistentes à vancomicina 
(VRE) e infecções anaeróbicas ou mistas no sistema nervoso central 
(como abscesso cerebral). 
 Efeitos adversos 
Dentre as reações colaterais pelo uso de cloranfenicol, podemos 
destacar, com a administração em via oral, náuseas, vômitos, alteração do paladar, diarreia e irritação anal. 
Achados de hipersensibilidade – como erupção macular ou vesicular – acompanhada ou não de febre se mostram 
incomuns. 
A disfunção medular na anemia aplásica leva à 
pancitopenia 
A salmonelose normalmente cursa com sintomatologia de febre, 
vômitos, diarreia e cólicas abdominal, sendo o cloranfenicol um 
fármaco útil no tratamento de suas formas graves 
 
 
26 
 
A toxicidade hematológica se apresenta na forma de reticulocitopenia, podendo evoluir com anemia, gra-
nulocitopenia e trombocitopenia, sendo que tais alterações se mostram dose-dependentes (acima de 
50mg/kg/dia) e reversíveis com a suspensão do fármaco. Um quadro mais grave dessa toxicidade se mostra o 
surgimento de anemia aplásica irreversível, geralmente entre três e doze 
semanas após a terapia, independente da via administrada. 
A SÍNDROME DO BEBÊ CINZENTO, como comentado anteriormente, sa-
lienta-se como outra forma grave de toxicidade do cloranfenicol em recém-
nascidos, cujos sinais se manifestam após três ou quatro dias de trata-
mento, caracterizando-se por quadros de vômitos, distensão abdominal, le-
targia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e, final-
mente, óbito. Essa reação importante ocorre em decorrência da incapaci-
dade do recém-nascido conjugar e eliminar o fármaco. Visto que o clo-
ranfenicol atravessa a placenta e é até mesmo encontrado no leite materno, 
o seu uso deve ser evitado em lactantes e gestantes – sendo contraindicado 
no terceiro trimestre de gravidez. 
 Clindamicina 
A CLINDAMICINA, um fármaco da classe das lincosaminas, surgiu a partir de modificações químicas da lin-
comicina, diferindo desta pela sua potência bacteriostática superior e melhor absorção via oral. Assim como os 
outros antibióticos supracitados, atua no ribossomo 50S bacteriano, facilitando sua opsonização, fagocitose e des-
truição intracelular. 
 Vias de administração e farmacocinética 
A clindamicina pode ser administrada por via oral, intravenosa ou tópica, sendo que a absorção intestinal 
alcança o marco de 90% (menor em idosos) e não apresenta interferência pela alimentação. A via intramuscular 
provoca bastante dor, devendo, logo, ser evitada. Por via intravenosa, o fármaco chega ao seu pico ao final da 
infusão, atingindo altas concentrações na maioria dos tecidos sem, no entanto, atravessar a barreira hematoen-
cefálica. Além disso, a clindamicina consegue atravessar a barreira placentária e atingir o feto, embora não 
existam relatos de teratogenicidade. 
A maior parte da droga sofre metabolização hepática e é prontamente eliminado, junto aos seus metabólitos, 
por via biliar, onde tem elevada concentração. A meia-vida aumenta na presença de disfunções hepáticas, ne-
cessitando de ajuste de doses de acordo com a gravidade do caso. Como somente uma pequena parte é excretada 
pelos rins na urina, normalmente não se requer o ajuste nas situações de nefropatia – salvo nos casos em que se 
encontra lesões hepática e renal concomitantes. 
 Uso clínico 
Indica-se a utilização da clindamicina em infecções intra-abdomi-
nais, pélvicas (incluindo abortamento séptico) e pulmonares – como 
abscesso, pneumonia aspirativa e empiema – causadas por anaeróbios 
Gram-positivo e anaeróbios Gram-negativos. Juntamente a isso, a ad-
ministração do fármaco se mostra eficiente nas infecções odontogêni-
cas, sinusites, otite crônica, osteomielites (decorrente de estafilococos 
sensíveis à meticilina ou anaeróbios), infecções de pele por estreptoco-
cos ou estafilococos e infecções partes moles em pacientes alérgicos à 
penicilina. 
 Efeitos adversos 
Levando em consideração sua eliminação biliar, a clindamicina se 
apresenta em altas doses nas fezes, o que suprime a flora anaeróbica natural. Em torno de 8% dos pacientes 
relatam crises de diarreia, sendo que, destes, 10% desenvolvem a COLITE PSEUDOMEMBRANOSA pelo C. difficile, 
Ilustração de duas características marcantes do recém-nas-
cido portador da síndrome do bebê cinzento: a pele cianó-
tica (azul ou pálida) e os olhos letárgicos 
Pacientes com certos tipos de osteomielite apresentam boa 
resposta com a administração de clindamicina 
 
 
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o qual costuma ser resistente à clindamicina. Exantema e flebite são outros achados não muito incomuns, ao passo 
que febre, eosinofilia e reações anafilactoides são mais raras. 
 Linezolida 
A LINEZOLIDA representa o único membro comercializado de uma nova classe de antibióticos sintéticos co-
nhecidos como oxazolidinonas. Esse fármaco dispõe de excelente atividade contra COCOS GRAM-POSITIVOS, ape-
sar de não possuir efetividade contra as bactérias Gram-negativas. 
A sua atividade ocorre, também, por meio da inibição da síntese proteica, porém em etapa distinta daquela 
inibida pelos outros antibióticos. Em virtude disso, não há resistência cruzada dessa droga com macrolídeos, es-
treptograminas ou menos aminoglicosídeos. 
 Vias de administração e farmacocinética 
A linezolida apresenta formulações 
para

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