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ANÁLISE DA OCUPAÇÃO DAS MARGENS DO RIO BARRA NOVA NO TRECHO URBANO DE CAICÓRN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CAMPUS DE CAICÓ 
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA OCUPAÇÃO DAS MARGENS DO RIO BARRA NOVA 
NO TRECHO URBANO DE CAICÓ/RN 
 
 
 
 
 
 ROBERTA KELLY CARDOSO FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
 
CAICÓ/RN 
2014 
 
 
ROBERTA KELLY CARDOSO FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA OCUPAÇÃO DAS MARGENS DO RIO BARRA NOVA 
NO TRECHO URBANO DE CAICÓ/RN 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Geografia da UFRN-CERES, como parte dos 
requisitos necessários para a obtenção do título 
de Bacharel em Geografia. 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa 
 
 
 
 
 
 
 
CAICÓ/RN 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROBERTA KELLY CARDOSO FERNANDES 
 
 
 
A monografia Análise da ocupação das margens do rio Barra Nova no trecho 
urbano de Caicó/RN, apresentada por Roberta Kelly Cardoso Fernandes, foi 
________________________________como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em 
Geografia. 
 
 
Aprovada em:____/____/____ 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________ 
 
Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN) 
Presidente 
 
 
 
______________________________________________ 
Profa. Msc. Silvana Barbosa de Azevedo 
GRUPO DE Pesquisa em Estudos Geoambientais do Semiárido (UFRN/CERES) 
Membro Externo 
 
_______________________________________________ 
Prof. Dr. Roberval Lima 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN) 
Membro Interno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Como já dizia José Alencar: "O sucesso nasce do querer, da determinação e 
persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence 
obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis." Hoje vivo um sonho, que foi necessário muito 
esforço, determinação, perseverança e paciência, mesmo sabendo que ainda há uma longa 
jornada pela frente. Mas eu jamais conseguiria concretizar isso sozinha, por isso minha 
eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que este sonho pudesse ser realizado. 
Primeiramente agradeço a Deus, o centro e o fundamento de tudo em minha vida, que 
plantou em mim um sonho que se materializa, agradeço por renovar a cada momento a 
minha força e disposição pelo discernimento concedido ao longo dessa jornada. 
Grata a minha filha Evellyn, que é a minha razão de viver, por ela é que persisto e 
não desisto, com a sua existência tive a oportunidade de conhecer o amor incondicional, a 
ser mãe, mulher, e uma pessoa melhor a cada dia. TE AMO FILHA! 
Aos meus irmãos Francimar, Euzenir, Francilucia, Kaio e principalmente a minha 
mãe Lúcia, que estiveram sempre presente em minha vida dividindo alegrias e tristezas, 
obrigada pela compreensão e amor a mim dedicado. 
Ao meu namorado Suédson, que entrou em minha vida e me fez crescer como mulher, 
que dentre as suas possibilidades me fez enxergar um mundo novo, obrigado por todo o 
carinho e paciência que tem me dedicado, por estar sempre ao meu lado me apoiando nas 
minhas decisões me ajudando a nunca desistir, saibas que o seu apoio foi fundamental em 
minha vida e na conclusão desta etapa. 
As minhas amigas incondicionais, Nathácia minha irmã siamesa que tive a sorte 
enorme de conhecer e fazer parte de sua vida, a minha eterna amiga Claudia a qual 
acompanhou toda a minha trajetória de vida, e Iranete e Deuma obrigada por todo apoio e 
cumplicidade, mesmo quando distantes, estavam presentes em minha vida. Essa conquista eu 
compartilho com vocês com muita alegria, pois vocês sempre torceram por mim e 
participaram de momentos difíceis e alegres em minha vida, vocês fazem parte dessa vitória, 
amo vocês! 
Aos meus colegas de classe, em especial a meu grupo Anna Priscila, Everton, Rejane 
e Helena que tornaram essa trajetória mais interessante e enriquecedora, pelo 
 
 
acompanhamento nas aulas de campo, pelas reuniões particulares e os momentos de agonia e 
alegrias. 
Em especial a minha dupla inseparável, a grande surpresa que Deus me 
proporcionou, a minha amiga Helena, que unidas pela Geografia fomos construindo uma 
amizade verdadeira e única, obrigada por ter contribuído significativamente com minha 
formação pessoal e profissional, pela atenção e paciência, pelas horas de diálogo, de 
estudos, risadas e dificuldades. Você é um presente de Deus! 
Agradeço também a todos os meus professores e em especial ao meu orientador, o 
prof. Dr. Diógenes Costa, que acreditou, lutou, insistiu e não desistiu de mim; que ouviu 
pacientemente as minhas aflições e considerações, partilhando comigo as suas idéias, 
conhecimentos e experiências sempre me motivando. Quero expressar a você a minha 
admiração e reconhecimento, por ser um competente profissional e amigo, agradeço pela 
forma humana que conduziu minha orientação. 
Por fim, agradeço a meu irmão Kaio, que neste momento de monografia esta 
passando por momentos difíceis onde não tem o domínio de sua realidade, mas que em seus 
poucos momentos de lucidez sempre mostrou orgulho por ter uma irmã que esta para se 
formar, a ti meu irmão dedico essa vitória, com a esperança que iremos vencer juntos todas 
as batalhas e que você irá retomar a sua vida. Te amo! 
Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram para a conclusão 
desta etapa como também para a Roberta Kelly que sou hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que os vossos esforços desafiem as 
impossibilidades, lembrai-vos de que as 
grandes coisas do homem foram conquistadas 
do que parecia impossível. 
 
Charles Chaplin 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Os problemas ambientais nos rios urbanos estão diretamente ligados ao crescimento urbano 
desordenado, estes refletem na qualidade de vida da população e do meio ambiente. Com a 
urbanização das cidades, os espaços começaram a serem ocupados sem nenhum 
planejamento, com isso os rios sofrem problemas como: poluição e eutrofização, retirada da 
vegetação nativa, aterro dos leitos, o relevo é alterado e os solos perdem a sua capacidade 
agrícola, isso tudo desgasta o ambiente surgindo diversos problemas socioespaciais, 
resultando no comprometimento da qualidade de vida. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a 
ocupação das margens do rio Barra Nova na cidade de Caicó/RN, identificando os diferentes 
tipos de uso/ocupação, o processo de urbanização e a importância de preservar os rios 
urbanos. Os procedimentos utilizados foram: o trabalho de campo para identificação da área; 
entrevistas com a população ribeirinha; a observação identificando os diferentes usos com 
registros escritos e fotográficos; mapeamento cartográfico preliminar, a fim de, identificar as 
principais alterações decorrentes do crescimento urbano no período de 1978 a 2012. A 
pesquisa revelou que as transformações nas margens do rio Barra Nova no perímetro urbano 
são reflexos da ocupação desordenada e sem planejamento, e que isso tem contribuído para os 
problemas ambientais no rio. Percebe-se então a necessidade de medidas mitigadoras e 
preventivas de gestão do rio, a fim de, incentivar e pressionar os órgãos competentes para o 
cumprimento das leis e legislação ambiental, para trazer alternativas e resolver os problemas 
ambientais e principalmenteos riscos que a população dos bairros quem tem acesso ao rio 
sofre. 
 
Palavras-chave: urbanização; ocupação desordenada; rios urbanos; problemas ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Environmental problems in urban rivers are directly linked to urban sprawl those reflect the 
quality of life of the population and the environment too. With urbanization of the cities, 
spaces began to be occupied without planning thus the rivers suffer problems such as: 
pollution and eutrophication, removal of native vegetation, landfill of bottoms and the relief is 
changed and soils lose their agricultural capacity, all these facts wear the environment 
introducing several socio-spatial issues, resulting in compromised quality of life. The 
objective of this research was to analyze the pattern of occupation of the borders of the Barra 
Nova River in the city of Caicó / RN. Identifying the different types of use / occupation, the 
urbanization process and the importance of preserving the urban rivers. The procedures used 
were: field work to identify the area; interviews with the local population; observation to 
identify the different uses with written and photographic records; preliminary cartographic 
mapping in order to identify the main changes resulting from urban growth in the period 
1978-2012. The survey revealed that the changes on the Barra Nova River in the urban area 
are reflections of disorderly occupation and unplanned, and that this has contributed to the 
environmental problems in the river. Therefore, it becomes the need of mitigation and 
preventive measures river management in order to encourage and press the appropriate bodies 
for compliance with laws and environmental legislation, to bring alternatives and solve 
environmental problems and especially the risk that the population neighborhoods who has 
access to the river suffers. 
Keywords: urbanization; disorderly occupation; urban rivers; environmental problems. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 01: Mapa de localização da Microbacia do Rio Barra Nova........................................35 
Figura 02: Localização do município de Caicó/RN.................................................................37 
Figura 03 – Mapa de localização do Rio Barra Nova..............................................................41 
Figura 04 – Mapa de classes de uso do solo do Rio Barra Nova.............................................43 
Figura 05 - Mapa de zoneamento por classe de uso do Rio Barra Nova..................................45 
Figura 06 - Mapa de áreas prioritárias a intervenção do Rio Barra Nova................................47 
Figura 07: Carta imagem georreferenciada da ocupação urbana próxima ás margens do rio 
Barra Nova de Caicó em 1978..................................................................................................48 
Figura 08: Ocupação urbana próxima às margens do Rio Barra Nova de Caicó em 2012.......49 
Figura 09: Carta imagem com delimitação dos bairros nas margens do rio Barra Nova 
(Caicó/RN)................................................................................................................................48 
Figura 10: Fotografias da Rua Bento Pereira da Costa (“Morro do Porco”)............................53 
Figura 11: Bairro Soledade dando destaque a passagem molhada...........................................54 
Figura 12: Ocupação das margens do rio Barra Nova pelo bairro João XXIII.........................55 
Figura 13: Ocupação das margens pelo bairro Barra Nova, ilustrando as boates próximas às 
margens.....................................................................................................................................57 
Figura 14: Parte do Centro que ocupa as margens do rio Barra Nova......................................58 
Figura 15: ocupação do bairro Acampamento..........................................................................59 
Figura 16: problemas de saneamento e infraestrutura encontrados nas margens do rio Barra 
Nova..........................................................................................................................................61 
Figura 17: Proposta de recuperação do Rio Barra Nova atraves da mata ciliar (passagem 
molhada do bairro Soledade) a direira o Rio Weschnitz em Einhausen, Alemanha................65 
 
 
Figura 18: Exemplos de recuperação de margens através da engenharia ambiental................66 
Figura 19: Uso gabião nas margens do Rio Tietê.....................................................................66 
 
 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 
2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 14 
2.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................14 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 14 
3 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 15 
3.1 RIOS E PLANEJAMENTO URBANO ...................................................................... 15 
3.2 OCUPAÇÃO DE RIOS NO SEMIÁRIDO ................................................................. 18 
3.3 POLUIÇÃO/EUTROFIZAÇÃO ................................................................................ 20 
3.4 CRESCIMENTO E IMPACTOS URBANOS ........................................................... 22 
3.5 ESTATUTO DAS CIDADES E PLANO DIRETOR ..................................................... 24 
3.6 PLANEJAMENTO AMBIENTAL ............................................................................ 26 
3.7 GEOPROCESSAMENTO ......................................................................................... 28 
3.8 CRESCIMENTO URBANO DE CAICÓ/RN................................................................... 30 
3.9 INÍCIO DA URBANIZAÇÃO NAS MARGENS DO RIO BARRA NOVA...................33 
4 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................... 37 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAICÓ/RN................................................ 37 
5 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 38 
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................................41 
6.1 ANÁLISE DA OCUPAÇÃO DAS MARGENS................................................................. 41 
6.2 ANÁLISE DO CRESCIMENTO URBANO NAS MARGENS DO RIO BARRA 
NOVA...................................................................................................................................... 48 
6.3 ANÁLISE DESCRITIVA DA OCUPAÇÃO ANTRÓPICA NAS MARGENS DO RIO 
BARRA NOVA....................................................................................................................... 50 
6.4 MEDIDAS MITIGADORAS PARA CADA SETOR DO BAIRRO EM CONTATO COM 
O RIO....................................................................................................................................... 60 
 
 
6.5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA A GESTÃO 
PUBLICA..................................................................................................................................63 
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................ 68 
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
Os diversos problemas relacionados ao crescimento populacional acelerado vêm 
acarretando vários impactos ambientais negativos na paisagem urbana e nas margens dos rios. 
Com o avanço dos centros urbanos essas margens começaram a ser ocupadas pela população 
sem nenhum planejamento, tendo como consequência o aterramento dos leitos, redução da 
mata ciliar, alteração das características físicas e químicas do relevo e do solo. Os problemas 
ambientais resultantes desses impactos refletem diretamente na qualidade de vida da 
população, tornando este ambiente em condições inadequadas para viver devido o desgaste e 
poluição dos rios (TUCCI, 2002; TUNDISI, 2008). 
Seguindo em uma abordagem direcionada sobre a problemática acima foi definida 
como alvo deste estudo a analise da ocupação das margens do rio Barra Nova no trecho 
urbano na cidade de Caicó/RN. O presente trabalho pretende discutir o tema dos rios em 
ambientes urbanos, o processo de urbanização e a ocupação do solo sem planejamento. Nessa 
pesquisa busca-se trazer a problemática relacionada ao tratamento que é dado aos rios 
procurando, dessa forma, dar uma contribuição para cidade propondo medidas estratégicas de 
planejamento abordando cada bairro em contato com o rio. 
Num primeiro momento discutiremos sobre planejamento e a problemática dos rios 
urbanos, assim como a ocupação dos rios no semiárido, a poluição e os impactos devido o 
crescimento sem planejamento dando ênfase ao Estatuto das Cidades e o Plano Diretor. Na 
sequência, partiremos para uma reflexão sobre planejamento ambiental e a importância do 
geoprocessamento como ferramenta de estudos para o planejamento urbano, e em seguida, 
como recorte para a discussão, estudaremos o caso de como se deu o crescimento urbano de 
Caicó/RN e sua caracterização espacial. 
Nesse sentido, será abordado o tema a partir da compreensão da problemática do 
sistema urbano, a necessidade de mapeamento do processo de ocupação do rio, tendo em vista 
que, a maioria das cidades não são planejadas. Assim, o presente trabalho partirá de uma 
abordagem prática e detalhada, ressaltando a importância dos rios, sua conservação, 
conhecimento sobre o atual uso das margens e a necessidade de políticas de monitoramento, 
fiscalização e planejamento dessa área. 
No trabalho foi realizada uma análise geográfica da ocupação nas margens do rio 
Barra Nova na cidade de Caicó/RN, levando-se em consideração o período de 1978 a 2012. 
Para tal, foram utilizadas as ferramentas de geoprocessamento, onde os dados foram 
armazenados em um Sistema de Informações Geográficas (“SIG – Caicó”), os quais operam 
14 
 
transformações nos dados contidos em uma base de dados do território 
referenciadas/geocodificada, usando recursos analíticos, gráficos e lógicos para obtenção e 
apresentação das transformações desejadas (PETTA, 2009). 
 O uso e ocupação das margens do rio Barra Nova está atualmente comprometendo a 
qualidade ambiental desta área devido à concentração de atividades antrópicas em seu 
percurso, havendo assim grande retirada da vegetação nativa, que tem como função proteger o 
solo contra a erosão e o assoreamento das margens dos rios. Esse crescimento urbano também 
esta relacionada ao “inchaço urbano” acelerado e a apropriação do ambiente por imposições 
políticas, sociais e econômicas. 
Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa pretende-se verificar o processo de 
ocupação das margens, onde a construção desse trabalho trará uma descrição da área, 
mostrando as diferentes formas de ocupação no entorno do rio Barra Nova na cidade de 
Caicó/RN. Espera-se que esta descrição ajude na construção de estratégias para um melhor 
planejamento, identificando as políticas púbicas elaboradas e implantadas na cidade, 
subsidiando os gestores na implementação de estruturas de serviços públicos para um melhor 
planejamento urbano na área analisada. 
Esse trabalho será importante para a cidade de Caicó, principalmente para a população 
dos bairros que residem nas margens do rio, pois irá trazer alternativas de amenização para 
um dos problemas ambientais mais evidentes, a mudança da paisagem dos rios, além de, 
propor estratégias de planejamento urbano nas margens do rio Barra Nova. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
2 OBJETIVOS 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 Analisar a ocupação das margens do rio Barra Nova no trecho urbano de Caicó/RN. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
a) Mapear a ocupação das margens do Rio Barra Nova; 
 
b) Reunir um acervo cartográfico preliminar aleatório; 
 
c) Realizar um mapeamento multitemporal; 
 
d) Identificar os principais pontos de ocupação das margens e os bairros com acesso ao 
rio; 
 
e) Propor estratégias para o planejamento da ocupação urbana e revitalização do rio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3 REFERENCIAL TEÓRICO 
3.1 RIOS E PLANEJAMENTO URBANO 
Rios podem ser definidos como um amplo corpo de água em movimento, confinado 
em um canal, com cursos naturais que se deslocam de acordo com seu relevo. Suas margens 
tornaram-se centro de habitação humana, e o suprimento de suas águas fertiliza os campos, 
fornece energia, permite a recreação entre outros (CUNHA e GUERRA, 2009). Os rios são 
fortes elementos da paisagem, sob o aspecto físico e da forma urbana, e geralmente, o centro 
urbano são limitados por ele, onde as cidades se desenvolvem às suas margens, estruturando o 
tecido urbano e, em alguns casos, servem como divisa de municípios. 
A grande maioria das cidades em sua origem surgiu a partir de pequenas aldeias e 
vilas, e em grande parte às margens de rios. No que diz respeito à cidade de Caicó/RN, o local 
de estudo da pesquisa, não foi diferente, surgindo entre a confluência dos rios Seridó e Barra 
Nova. 
 
Os rios (estradas) iam servindo pouco a pouco à ocupação e usos do território 
interiorano. As ribeiras não se apresentavam apenas como vias de acesso e 
subespaços de assentamento. Elas revelam uma verdadeira cartografia, onde o 
território, como uso (pelos indígenas), dá lugar ao território como recurso (pelo 
colonizador). As referidas ribeiras são, na verdade, a primeira ideia de 
regionalização e nelas se circunscreviam certo número de fazendas (FARIA, 2010, 
p. 84). 
 
Segundo Costa et al, (2002), os rios cruzam o tecido urbano nas suas diferentes 
modulações paisagísticas: florestas urbanas, áreas livres públicas, áreas de uso industrial, 
comercial, institucional entre muitas outras, no entanto, devido ao processo de urbanização, os 
rios estão ocultos na paisagem urbana em algumas partes. Com a exclusão dos rios e cursos 
d’água, a paisagem é modificada. Costa, (2002) diz, “enfocados, de um modo geral, como um 
problema de drenagem urbana, como fundos de lote ou como local de despejos, os rios têm 
sido pouco considerados como elementos enriquecedores na construção da paisagem urbana”. 
 
Os rios são aqueles que, dialeticamente, modificam e são modificados na sua inter-
relação com as cidades. E a partir dessa interação, surge algo que é, ao mesmo 
tempo, natural e cultural, orgânico e artificial, sujeito e objeto, algo híbrido por que 
não é mais natural, mas também não se transformou ao ponto de deixar de carregar 
em si a Natureza (ALMEIDA; CARVALHO, 2009, p. 2). 
 
 
17 
 
Contudo, apesar da sua grande importância, atualmente os rios urbanos, na sua grande 
maioria são receptáculos de esgotos domésticos e depósitos de lixo, ecossistemas negados 
pelo crescimento urbano sem planejamento; os ocupantes de suas margens vivenciam osproblemas dinâmicos naturais do rio, especialmente em dias de chuvas torrenciais, que são 
marcados por enchentes, alagamentos e eventos que promovem danos tanto materiais como a 
saúde da população residente (SILVA et al, 2012). 
Com a interferência social sobre a natureza, vários problemas ambientais ocorrem 
principalmente no espaço urbano, devido às ocupações irregulares por domicílios com alto 
grau de carência sócio-econômica, urbanística, renda e serviços públicos. Dentro desses 
impactos, o que mais se evidencia segundo Rodrigues et al, (2009) é a problemática das 
inundações e enchentes, os problemas de sistema de drenagem e o desrespeito com as 
características hidrológico naturais, ainda relacionado a essa problemática Mucci (2006) diz 
que outro agravante são os dejetos de origem domestica, ou seja, a poluição hídrica, onde os 
esgotos são lançados in natura nos corpos receptores sem passar por nenhum tipo de 
tratamento. 
 
Grande parte da população das periferias tem de drenar seus esgotos e lixo 
doméstico em lixões improvisados, junto aos córregos dos rios, que se tornam fontes 
de contaminação, colaborando por associação para o agravamento das enchentes 
(SCARLATO & PONTIN, 1999, p.17). 
 
Com a produção do espaço os rios são negados pela expansão urbana na medida em 
que suas margens são ocupadas sem nenhum planejamento urbano, atualmente segundo Tucci 
(2008) esse planejamento acontece em cidades onde a população tem renda média e alta, e nas 
áreas irregulares onde não acontece nenhum planejamento, as áreas são ocupadas pela 
população carente, estas sendo submetida à falta de tratamento de esgoto, impermeabilização 
e canalização dos rios, deterioração da qualidade da água e riscos de escorregamento e 
inundações com frequentes mortes em períodos chuvosos. 
 
A gestão urbana é composta de atividades que o gestor urbano deve elaborar e 
executar, utilizando o planejamento urbano para prevenir os problemas urbanos e 
explorar os benefícios das cidades. A gestão refere-se a atividades de implementação 
de rotinas de atividades diversas que têm por horizonte temporal o momento 
imediato e o prazo – e muitas dessas atividades foram, por assim dizer, planejadas 
(isto é, previstas e preparadas) anteriormente (SOUZA; RODRIGUES, 2004, p.17). 
 
18 
 
 Apesar de atualmente haver uma preocupação ambiental relacionada às construções 
irregulares, proteção e prevenção da população, e os riscos de saúde publica e morte devido às 
inundações, os gestores não estão dando a devida atenção a essa problemática, não 
desenvolvendo o planejamento urbano, muito menos analisando e conhecendo a realidade do 
ambiente e dos moradores ribeirinhos. 
 
O gerenciamento atual não incentiva a prevenção desses problemas, já que, à medida 
que ocorre a inundação, o município declara calamidade pública e recebe recurso a 
fundo perdido. Para gastar os recursos, não é preciso realizar concorrência pública. 
Como a maioria das soluções sustentáveis passa por medidas não-estruturais, que 
envolvem restrições à população, dificilmente um prefeito buscará esse tipo de 
solução, porque geralmente a população espera por uma obra. Ao passo que, para 
implementar as medidas não-estruturais, ele teria que interferir em interesses de 
proprietários de áreas de risco, que politicamente é complexo em nível local 
(TUCCI, 2008, p. 105). 
 
 
Embora envolva fundamentos interdisciplinares, na prática o planejamento urbano é 
realizado dentro uma área mais restrita do conhecimento, e no Brasil esse planejamento não 
tem sido considerado, trazendo transtornos e grandes custos para o ambiente e para sociedade, 
(TUCCI, 1997). Não há alternativa senão planejar, ou planejamos ou tornamo-nos escravos da 
circunstância, “negar o planejamento é negar a possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo 
seja ele qual for”. (MATUS, 1996, p.14). 
 
Atualmente no Brasil, projetos de urbanização de espaços em beira-rio foram 
implementados em algumas cidades, esses projetos foram concebidos sob o enfoque 
urbanístico que predominam as possíveis soluções de pavimentação de grandes faixas 
marginais, implementação de vias de veículos, contenção de encostas com técnicas de 
concreto, canalização do leito; enfim, soluções técnicas de viés sanitarista e de engenharia 
(MELLO, 2005). 
No Brasil o modelo atual de planejar as cidades preocupa-se somente em estabelecer 
parâmetros morfológicos urbanísticos, e não vem considerando as abordagens relacionadas ao 
ambiente natural da cidade, muito menos a sustentabilidade ambiental-urbana, planejamento, 
gestão cultural e social, (CAMPOS, 2010). O quadro atual de degradação dos espaços de 
margens de cursos d’água que caracteriza a maioria das cidades brasileiras precisa ser 
mudado, os rios localizados nas cidades são elementos naturais e ricos, por isso é necessário 
um planejamento criterioso, embasado no conhecimento das peculiaridades regionais e locais, 
19 
 
é possível sim fazer com que haja a utilização sustentável das margens, de forma a contemplar 
tanto as funções ambientais quanto as funções de urbanidade dos rios. 
 
3.2 OCUPAÇÃO DE RIOS NO SEMIÁRIDO 
Atualmente 10% da superfície terrestre brasileira são classificadas como áreas 
semiáridas, também conhecida com a expressão Sertão, é uma área geográfica onde as chuvas 
são escassas e irregulares por sofrerem influências dos fenômenos oceano-atmosféricos, o seu 
padrão climático é diferente devido a sua proximidade com a linha do Equador, além de 
conter o subsolo raso formado com 70% de rochas cristalinas dificultando assim o 
armazenamento de água e a formação de mananciais (MALVEZZI, 2007). Essas 
características acarretam longos períodos de seca, tendo como parte de sua historia longas 
estiagens, por isso os rios são ecossistemas vitais para as estratégias de sobrevivência da 
população (POMPÊO,1999) 
As regiões semiáridas não são uma particularidade brasileira Silva (2006 e 2008) 
destaca que, conforme as Nações Unidas, quase 33% de toda a superfície terrestre são 
constituídas por terras áridas, semiáridas e subúmidas secas, correspondendo a 
51.720.000km², sendo que o mais chuvoso é o Semiárido brasileiro, a sua pluviosidade é em 
media, 750 mm/ano (variando, dentro da região, de 250 mm/ano a 800 mm/ano). É também o 
mais populoso, apesar de ter condições de vida mais precárias do que os outros semiáridos. 
Existem várias razões que impulsionam atualmente o estudo dos rios nas regiões 
semiáridas, de acordo com Malvezzi (2007) os rios são extremamente importantes para a 
sobrevivência da população, já que do ponto hidrológico essa região tem características 
peculiares, onde a seca, fenômeno natural, é predominante no semiárido, isso porque a água 
da chuva que cai é menor do que a que evapora. No Semi-Árido brasileiro, a evaporação é três 
vezes maior do que a precipitação, por isso para aproveitar a água deve ser considerados os 
seguintes fatores: a variabilidade temporal e espacial da precipitação, o índice pluviométrico, 
a característica do subsolo e a intensa evapotranspiração (MALVEZZI, 2007). 
No Semi-Árido brasileiro a principal característica hidrográfica é o caráter 
intermitente de seus rios, que possui no seu leito uma grande camada de areia exposta no 
período seco, esta característica está relacionada diretamente com a precipitação da região, 
devido os rios e riachos serem irregulares, possuindo o fluxo de água superficial, que 
desaparece durante o seu período de estiagem (POMPÊO, 1999). Outra característica da 
20 
 
região semiárida é a variação das chuvas, no tempo e no espaço. Pois não há período fixo, ou 
lugar certo para chover. O período chuvoso varia entre setembro e março(MALVEZZI, 
2007). 
Na região semiárida brasileira localiza-se o Polígono das Secas, que é um território 
reconhecido pela legislação por ser sujeito e possuir períodos críticos e prolongados de 
estiagem, trata-se de uma divisão regional efetuada em termos político-administrativos e não 
correspondem à zona semiárida, pois apresenta zonas geográficas diferentes, com distintos 
índices de aridez, abarcando desde áreas com características estritamente de seca, paisagem 
semidesértica e áreas com balanço hídrico positivo, na região Nordeste estende-se ate o norte 
de Minas gerias. (MONTE-MOR, 2012) Na tabela é apresentado a área por Estado do 
Polígono das Secas. 
 
 
TABELA: Polígono das Secas por Estado 
Fonte: SUDENE, 2011 
 
Na região semiárida a pratica tradicional é o armazenamento, Monte-mor (2012) diz 
que, devido à escassez de água, crescimento populacional, uso da terra e mudanças climáticas, 
a região passa a enfrentar desafios na gestão dos recursos hídricos, com isso novos conceitos 
de manejo para mitigar a escassez vem sendo proposto, baseados em técnicas alternativas de 
aproveitamento de água e vazões em cursos d’água. Entretanto, Araújo et al, (2012) reforça 
dizendo que não basta à construção de tecnologias que fortaleçam essa captação e 
armazenamento, pois praticas de gestão comunitária necessitam que sejam estimuladas. 
21 
 
Além de investir em tecnologias para o armazenamento de águas pluviais, é também 
necessário tecnologias adaptadas que garantam a estocagem com baixas perdas por 
evaporação, considerando assim as características dos ecossistemas onde os recursos hídricos 
passam pela recuperação e conservação dos recursos naturais (SILVA, 2006). 
Para conviver com este clima é necessário compreender o como ele funciona e 
adequar-se a ele. Não se trata de acabar com a seca, pois este é um fenômeno natural, mas sim 
de adaptar-se a ele de forma inteligente, é preciso interferir no ambiente, é claro que 
respeitando as leis de um ecossistema que, embora seja frágil, possui varias riquezas. 
(MALVEZZI, 2007). 
 
3.3 POLUIÇÃO/EUTROFIZAÇÃO 
O crescimento populacional e as atividades exercidas sobre o ambiente são os maiores 
causadores da poluição dos rios, mananciais, ou qualquer meio aquático, as atividades 
antrópicas vêm degradando a níveis graves o meio ambiente, tornando-os depósitos de 
esgotos, lixo, resíduos e rejeitos. Com a degradação dos recursos naturais, a conservação e 
utilização racional dos recursos hídricos passam a ser crescentes e preocupantes, pois o bem-
estar, saúde e equilíbrio ecológico dos ecossistemas devem ser considerados, pois a qualidade 
das águas não deve sofrer as consequências do mau uso do homem (CONAMA n°. 20/86). 
Poluição da água é a alteração de suas características por ações ou interferências, 
sejam elas provocadas pelo homem ou naturais, podendo produzir impactos fisiológicos, 
ecológicos ou estéticos. Este conceito de poluição vem tornando-se cada vez mais 
desenvolvido em função de maiores exigências com relação à conservação e ao uso racional 
dos recursos hídricos (BRAGA et al, 2005). 
Na região Semiárida nordestina, a escassez de água é algo presente e constante e a 
irregularidade dos recursos hídricos se destaca como um dos mais sérios assuntos debatidos e 
estudados atualmente. O prejuízo da qualidade da água junto com a escassez limita o 
desenvolvimento sustentável, pois a vida animal e vegetal desses ambientes não se 
desenvolve, pois não atendem as suas necessidades básicas (SALATI, 2002; REBOLSAS, 
2002). 
No Brasil a maior parte do esgotamento doméstico, industrial, entre outros, são 
lançados nos cursos d’águas sem nenhum tratamento prévio, e em relação aos rios Seridó e 
Barra nova da cidade de Caicó/RN, essa degradação é causada principalmente pela expansão 
22 
 
urbana dos bairros periféricos e a falta de planejamento e gestão do poder publico. A 
contribuição de poluentes e matéria orgânica, segundo (TUNDISI, 2006) é um dos principais 
responsáveis pela eutrofização de grande variedade de ambientes aquáticos, provocando 
grande preocupação devido o crescente grau de poluição em que se encontram hoje os rios e 
ambientes de água doce. 
Essa poluição dos cursos d’águas devido as ações antrópicas afetam a qualidade de 
vida e saúde humana através da ingestão de água contaminada, como também a qualidade do 
ambiente para os organismos aquáticos. Barros (2008) essa poluição acarretam no excesso de 
nutrientes como o nitrogênio e o fósforo, que são os principais responsáveis pela proliferação 
de algas, que resulta no processo de eutrofização dos corpos d’água. Braga et a, (2005) diz 
que a sociedade organizada está cada vez menos tolerante aos problemas associados à 
poluição hídrica. 
Segundo Smith & Schindler (2009), a eutrofização pode alterar o sabor, provocar 
odor, turbidez e cor na água, à redução do oxigênio dissolvido, provocando crescimento 
excessivo de plantas aquáticas (macrófitas), mortandade de peixes e outras espécies, além de 
comprometer as condições de lazer na água. 
Atualmente, a eutrofização é um dos problemas mais importantes relacionados à 
qualidade de água, ele pode ocorrer naturalmente através do acumulo de nutrientes trazidos 
pela chuva e águas superficiais, onde o processo é lento, ou pode ocorrer induzido pela ação 
do homem, onde a eutrofização é artificial, cultural ou antrópica, onde os nutrientes tem 
origem através dos esgotos domésticos, efluentes industriais, atividades agrícolas, entre outras 
(ESTEVES, 1998). 
As grandes cidades brasileiras apresentam condições críticas de sustentabilidade, o 
excesso de carga de poluição doméstica, industrial e a ocorrência de enchentes urbanas devido 
à ocupação inadequada do espaço, que contaminam os mananciais, associada a uma forte 
demanda de água e à falta de coleta de disposição adequada do lixo urbano (TUCCI, 2000). 
Observa-se que apesar da fragilidade destes ecossistemas, há atualmente uma grande 
concentração de atividades humanas em seu entorno, a urbanização é uma das mais intensas, 
tornando as áreas expostas a distúrbios artificiais, destruição e áreas alagadas invariavelmente. 
O uso e a ocupação desses ambientes que são realizados de maneira desordenada ao longo da 
colonização da região do Seridó potiguar fizeram com que os ecossistemas, a exemplo dos 
ribeirinhos, fossem um dos primeiros ambientes estabelecido do homem a sofrer degradação, 
apesar de serem consideradas Áreas de Proteção Permanente (CONAMA, 2002), o processo 
23 
 
de crescimento dos centros urbanos e sua proximidade tem se mostrado como um dos maiores 
fatores impactantes no processo de degradação das bacias hidrográficas. 
O avanço dos centros urbanos sobre as áreas de preservação permanente (APP) 
segundo o Novo Código Florestal lei 12.651 lei 12.651 de 25 de maio de 2012 no Art. 4º e o 
processo de ocupação desordenada das bacias hidrográficas no Semiárido brasileiro, vem 
provocando graves problemas ambientais aos mananciais da região, tornando ambientalmente 
insustentável. A exploração dos rios Seridó e Barra Nova na área urbana de Caicó, pois vem 
causando o desaparecimento das matas ciliares, assoreando os sistemas lóticos, provocando o 
processo de eutrofização entre outras graves consequências de degradação atual, por isso deve 
haver um planejamento direcionado do uso correto da ocupação do solo, conforme Santos 
(2004) os impactos decorrentes de ações diretas do homem sobre os recursos naturais como 
extração de recursos naturais e minerais, causam danos significativos aos mesmos. 
 
 
3.4 CRESCIMENTO E IMPACTOS URBANOS 
 
No século XX ocorreu um grande crescimento urbano, que teve como característica a 
sua má organização,onde grande parte da população passou a se concentrar em pequenos 
espaços, e devido este agrupamento irregular afloraram inúmeras disputas regionais, afim de, 
controlar e explorar os recursos naturais (solo e água), e como consequência desta apropriação 
desenfreada tem-se a destruição de grande parte da biodiversidade nativa (TUCCI, 2008). 
Uma não organização primaria no tocante ao crescimento urbano fará com que surjam 
cidades deficientes em diversas áreas, a relação homem e natureza exige sempre um 
planejamento árduo e constante. O meio formado pelo ambiente natural e pela população 
(socioeconômico urbano) é um ser vivo e dinâmico que gera um conjunto de efeitos 
interligados, que sem controle pode levar a cidade ao caos (TUCCI, 2008). 
 
A imensa e rápida urbanização pela qual passou a sociedade brasileira foi 
certamente uma das principais questões sociais experimentadas no país no século 
XX. Enquanto em 1960, a população urbana representava 44,7% da população total 
– contra 55, 3% de população rural – dez anos depois essa relação se invertera, com 
números quase idênticos: 55,9% de população urbana e 44,1% de população rural. 
No ano de 2000, 82,2% da população brasileira vivia em cidades (BRASIL, 2001, 
p.23). 
 
O processo de crescimento é na sua grande maioria resultado de avanços tecnológicos 
provenientes da produção capitalista acelerada, tanta velocidade produz diversos problemas 
24 
 
que vão de ambientais até socioespaciais, sendo que o espaço urbano apesar de ser também 
reprodutor dessas relações, é um produto social, resultado de inúmeras ações através do tempo 
(CORRÊA, 1995). A ação destes agentes do tempo é complexa, derivando da dinâmica da 
acumulação do capital, das necessidades mutáveis de reprodução, das relações de produção e 
dos conflitos de classe que dela emergem. 
Com a ampliação tecnológica e científica do social em prol do capitalismo, são 
gerados novos e maiores impactos ambientais urbanos. Estes impactos, comumente chamados 
de “Impactos Ambientais” são consequências da ação da urbanização sobre o meio, 
desestruturando a harmonia natural existente entre os ecossistemas. Tais desequilíbrios ou 
desestruturações são resultados de ações não planejadas ou acidentais, ocorrendo impactos 
diretos ou indiretos sobre o meio ambiente. (CHRISTOFOLETTI, 1997). 
O aumento da população nos centros urbanos se deu devido à velocidade do processo 
irregular de urbanização, que por sua vez ocasiona um aumento do déficit habitacional das 
áreas de ocupações irregulares. Vários fatores influenciaram estas ocupações irregulares, em 
evidência um modelo de exclusão social adotado por gerações de governantes, que prega a 
segregação territorial e a ausência de uma metodologia de gestão urbana, aliada a falta de 
políticas públicas urbanas que viabilizem uma maior e melhor inclusão/participação social 
(CASTRO, 2007). 
Acredita-se que, é fundamental buscar o desenvolvimento humano por meio do social, 
ambiental, econômico e cultural, para que a comunidade possa estar inserida no processo de 
participação e tomada de decisão. Desta forma, os gestores urbanos devem utilizar uma 
metodologia de indicadores como instrumento de gestão em busca do desenvolvimento 
sustentável local (CASTRO, 2007). 
No Brasil, observa-se que o poder público, que deveria exercer o papel de agente 
regulador e minimizador desses problemas, não vem dando, em muitos casos, a devida 
atenção no sentido de aplacar as lacunas estruturais dos municípios, para tanto, os governantes 
deveriam investir em uma melhor infraestrutura nas cidades, equipamentos e serviços 
adequados, que proporcionaria maiores condições e qualidade de vida à população (COSTA, 
2003). 
A ação do Estado tem gerado discussões com relação ao gerenciamento dos recursos 
destinados à habitação, tornando evidente a necessidade de uma reforma urbana. Embora a 
cidade seja uma construção coletiva, apenas alguns têm acesso aos serviços que ela oferece à 
sociedade. Associada a essa realidade, essas cidades apresentam-se carentes de infraestrutura 
25 
 
básica, fruto da ausência de uma política de utilização do espaço ao longo do tempo (COSTA, 
2003). 
O Censo Demográfico de 2010 mostrou a Região Nordeste com uma população 
11,19% maior em relação a 2000, saindo de 47,7 milhões para 53,1 milhões de habitantes. 
Uma taxa de crescimento próxima à média nacional (12,48%) e semelhante à do Sudeste 
(11,16%). A Região Nordeste é aquela que tem a maior população rural, proporcionalmente à 
população total: 26,87% do total da população estão nas áreas rurais dos municípios. No 
entanto, na comparação com os dados de 2000, houve uma significativa diminuição da 
população rural no período, e consequente crescimento da população urbana (BANCO DO 
NORDESTE DO BRASIL, 2012); 
 O estado do Rio Grande do Norte chegou em 2010 com uma população de 3.168.027 
habitantes. Durante os anos 2000 experimentou um incremento populacional da ordem de 1,4 
milhões de pessoas aproximadamente. O peso da população metropolitana no estado 
permanece bastante elevado, com variação positiva, 40,2% em 2000 e 42,30% em 2010 
(FREIRE et al, 2011). 
Dentro da perspectiva da gestão urbana, na grande maioria das cidades brasileiras é 
observado que os gestores urbanos não elaboraram um planejamento estratégico e planos 
urbanísticos, que seriam essenciais para ter um ambiente saudável e um desenvolvimento 
local sustentável, esse planejamento é realizado através do Estatuto da Cidade e do Plano 
Diretor, com ênfase na educação ambiental, visando à preservação, recuperação do meio 
ambiente urbano, melhoria na qualidade de vida e a participação dos cidadãos na tomada de 
decisões, no âmbito da comunidade, para buscar a sustentabilidade. 
 
3.5 ESTATUTO DAS CIDADES E PLANO DIRETOR 
O Estatuto das cidades e o Plano Diretor são um dos principais instrumentos 
reguladores, e tem como objetivo possibilitar a transparência das políticas públicas que são 
direcionadas ao ordenamento do espaço urbano, tornando públicas as diretrizes e prioridades 
para a expansão e crescimento urbano. 
O art. 32 do Plano Diretor de Caicó dispõe que: 
 
 
Art. 32 – Complementam o plano diretor as proposições específicas elaboradas por 
equipes técnicas especializadas e que serão, subsequentemente, regulamentadas por 
leis específicas. 
26 
 
§ 1º - A Administração Municipal produzirá no prazo máximo de quatro (4) anos, 
contados a partir da data de publicação desta lei, os planos diretores complementares 
correspondentes aos seguintes setores: 
I – Estrutura viária e de Transportes; 
II – Saneamento e Proteção Ambiental; 
III – Habitação e condições de moraria; 
IV – Uso e parcelamento do solo urbano; 
V – regularização fundiária; 
 
O Plano Diretor de Caicó, Lei 4.204, de 17 de outubro de 2006, apesar prever e 
estimular a gestão democrática, popular e participativa do sistema, recebe críticas por não 
cumprir. A Lei, em si, não seguiu nenhuma recomendação do Ministério das Cidades, no 
sentido de permitir a participação popular nas discussões que antecederam sua aprovação. 
Ainda, a Rede de Avaliação e Capacitação para Implementação dos Planos Diretores 
Participativos avaliou que no Plano Diretor de Caicó “A gestão democrática [...] é tratada nos 
objetivos específicos e nas diretrizes (Artigos 3º e 12) de forma bastante genérica” (LIMA, et 
al, 2011). 
A Rede de Avaliação e Capacitação para Implementação dos Planos Diretores 
Participativos diagnosticou que o Plano Diretor de Caicó em vigor: 
a) não estabelece o macrozoneamento; 
b) não faz referência específica ao déficit habitacional; 
c) não define uma estratégia de aumento da oferta de moradias na cidade pela intervençãoregulatória, urbanística e fiscal na dinâmica de uso e ocupação do solo urbano; 
d) não estabelece o plano municipal de habitação; não especifica a Política Habitacional; os 
instrumentos orçamentários Planos Plurianuais, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei 
Orçamentária Anual não tornam obrigatório à existência de um Programa de Habitação; 
e) não especifica os instrumentos específicos visando à universalização do acesso aos serviços 
de saneamento ambiental; 
f) não especifica a Política de Saneamento ambiental; 
g) não define em caráter obrigatório a existência de audiências públicas como instâncias de 
participação popular, mas especifica as audiências públicas e as conferências que deverão ser 
convocadas nos processos de formulação e revisão do PD; 
O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU que tem como objetivo a 
transparência das políticas públicas destinadas ao ordenamento do espaço urbano, tornando 
públicas as diretrizes e prioridades para o crescimento e a expansão urbana reforçado com a 
aprovação do Estatuto da Cidade – EC em 21 de julho de 2001, Lei 10.257, a Constituição 
Federal de 1988, nos art. 182 e 183 é regulamento para estabelecer diretrizes gerais da política 
27 
 
urbana, visando prioritariamente o bem - estar coletivo e gestões de governo mais 
democráticas. Dias et al, (2006). A principal prerrogativa desse paradigma do espaço urbano 
foi estabelecer normas e diretrizes para a aplicação importante de reforma urbana, com o 
objetivo de propor um meio ambiente equilibrado nas cidades. 
O PDDU deve abranger toda a área do município, e não apenas a da cidade, Segundo o 
Estatuto, dessa forma num prazo de cinco anos após a aprovação dessa lei os prefeitos devem 
elaborar estratégias e diretrizes de desenvolvimento mais eficientes, que gerem sobre o 
território municipal áreas mais planejadas, organizadas, equilibradas e sustentáveis. 
Para o descumprimento dessa lei diz Dias (2006) que: 
 
Os prefeitos que a descumprirem incorrerão em crime de improbidade 
administrativa. Além de estabelecer instrumentos essenciais para a elaboração de 
políticas urbanas mais eficazes, o Estatuto das Cidades também torna obrigatória a 
participação popular nas discussões sobre as futuras propostas para o município, em 
forma de debates, audiências e consultas públicas durante todo o processo de 
elaboração e consolidação dessas políticas, garantindo assim o pleno exercício da 
cidadania e a certeza de continuidade e consolidação das estratégias elaboradas a 
partir desses planejamentos (DIAS et al, 2006, p. 02). 
 
Outro aspecto que deve ser considerado é o planejamento ambiental, que tem ênfase 
na preservação e conservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Franco (2001) 
oferece uma visão mais vasta e diz que planejamento ambiental é todo o esforço de uma 
civilização em prol da preservação e conservação dos recursos ambientais de um território, 
visando à sua própria sobrevivência. 
Em suma, o planejamento ambiental, plano diretor e a participação da sociedade pode 
ajudar na conservação do meio ambiente, tornando o espaço urbano um ambiente equilibrado, 
garantindo um bem estar e qualidade de vida de seus habitantes. 
 
3.6 PLANEJAMENTO AMBIENTAL 
A humanidade passou progressivamente a interferir de forma intensa nos recursos 
naturais, com isso o meio ambiente hoje sofre uma grande pressão exercida pelo homem, 
assumindo assim uma crise global. Atualmente existe uma preocupação em organizar o 
espaço, afim de que, ocorram mudanças e que o meio ambiente seja menos agredido. De 
acordo com Rodrigues (1998, p.8), “A problemática ambiental deve ser compreendida como 
um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz respeito não apenas a 
problemas relacionados à natureza, mas às problemáticas decorrentes da ação social”. 
28 
 
O homem transforma o espaço a fim de atender as suas necessidades, com isso 
verifica-se um aumento degradante no uso e ocupação do solo urbano e na questão ambiental, 
esse padrão tem consequências como a poluição, ocupação de áreas de riscos, como as 
margens dos rios e córregos além de outros problemas que contribuem para a má qualidade de 
vida da população (FERREIRA, 2012). O espaço definido pelo homem é palco de suas 
realizações, é uma produção humana, onde a sua relação com a natureza são sobrepostas as 
suas ações. Milton Santos diz que o que se chama de agravos ao meio ambiente, na realidade 
não são outra coisa senão agravos ao meio de vida do homem, isto é, ao meio visto em sua 
integralidade (SANTOS, 2006). 
Em meio ao conjunto de problemáticas ambientais, vale ressaltar que uma série delas 
ocorre no espaço urbano, por isso deve ser considerado pelo gestor urbano, que o 
planejamento ambiental tem valorização e ênfase na preservação e conservação do meio 
ambiente e dos recursos naturais, com relação a essa abordagem, Franco, (2001) completa, o 
planejamento ambiental é todo o desenvolver de uma civilização rumo à preservação e 
conservação dos recursos ambientais, com o objetivo de sua própria sobrevivência, 
adentrando na história da humanidade nos tempos remotos. 
Os planejamentos ambientais de forma geral são elaborados como sistemas e 
envolvem etapas distintas, onde cada uma delas compreende uma série de procedimentos que 
normalmente são desenvolvidos através de metodologias cujo delineamento originaram-se dos 
planejamentos urbanos, sistemas de avaliação de recursos hídricos e avaliações de impacto 
ambiental (PERES et al, 2004). A utilização de dados ambientais manuseados entre as etapas 
de diagnóstico e a seleção de alternativas é comum, ou seja, utilizam-se de métodos que 
envolvem análise espacial, modelo e matrizes. Santos et al, (1997). 
Como principal meta a nível gerencial das administrações municipais o Planejamento 
Ambiental é essencial e deve ser cobrado (Queiroz, 1996), de acordo com a Agenda 21 (1992) 
em seu cap. 7, prescreve a necessidade do Planejamento Ambiental afirmando que só através 
do planejamento e administração do uso sustentável do solo é que haverá uma redução da 
pobreza urbana. 
 
O Planejamento Ambiental pressupõe três princípios de ação humana sobre os 
ecossistemas, os quais podem ser combinados em diversos gradientes: os princípios 
da preservação, da recuperação e da conservação do meio ambiente (FRANCO, 
2001, p.36). 
 
29 
 
O Planejamento Ambiental tem em seu foco a conservação do meio ambiente de um 
território, incluindo a utilização de informações de várias áreas que contribuem para facilitar a 
gestão de áreas de ocupações irregulares, degradadas e de risco. Seguindo essa abordagem 
Castro (2007) diz que o planejamento ambiental deve monitorar a ação do ser humano sobre o 
meio ambiente e território, para torna-se eficaz, com isso haverá um controle da preservação, 
conservação e recuperação, com base na ética ecológica, melhorando a qualidade de vida de 
seus habitantes. 
O Planejamento Ambiental pode promover tecnologias mais eficientes de obtenção de 
energia, incentivo tanto para o transporte público como o ônibus e o metrô, além da 
construção de vias para ciclistas e pedestres, entre outros, (Franco, 2003). Referindo-se ainda 
sobre planejamento ambiental, Santos (2004) define: 
 
O Brasil está dando os primeiros passos no processo de construção teórica sobre 
planejamento ambiental, porque o Brasil sempre idealizou seus projetos de 
planejamento que esta caminhando muito lentamente no seu desenvolvimento de um 
plano diretor eficaz e de um planejamento urbano rígido, que possa ser cumprido por 
órgão específicos do município para melhorar a estrutura física e a infra-estrutura 
das cidades, prevendo quais as consequências que as tomadas dedecisões irão 
causar dentro da área em movimentação, tanto para o meio ambiente como para a 
comunidade, já que os planejamentos tratam de ações futuras (SANTOS, 2004, p. 
23). 
 
 
3.7 GEOPROCESSAMENTO 
O crescimento urbano acelerado vem ocasionando problemas sociais, econômicos e 
ambientais, estes fatores contribuem para perda da qualidade de vida da população, com isso é 
necessário o estudo e desenvolvimento ordenado de um município para que possuam uma 
estrutura habitacional para tentar suprir a grande demanda populacional. 
Cenário de tensões e diversidades, o ambiente urbano torna-se frágil e vulnerável e 
com isso ocorrem grandes mudanças em pouco tempo, de forma descontrolada, e em sua 
grande maioria a esfera governamental não atua de maneira correta no planejamento do 
município (LACERDA, 2010). Diante dessas dificuldades de planejamento e estudo das 
cidades as técnicas de geoprocessamento e imagens de satélites ajudam na compreensão dos 
problemas identificando a realidade urbana. 
 
30 
 
Geoprocessamento é uma tecnologia transdisciplinar que, através da 
axiomática da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias 
disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e 
pessoas para coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a 
mapas digitais georreferenciados (ROCHA, 2002, p. 210). 
 
O desenvolvimento das técnicas do geoprocessamento esta relacionada à evolução do 
sensoriamento remoto, este é imprescindível e bastante utilizado na ciência geográfica. A 
tecnologia do geoprocessamento possibilita na identificação dos elementos e da dinâmica 
terrestre possibilitando a construção de banco de dados e distribuição espacial através de 
mapas georreferenciados, o que possibilitou o desenvolvimento desses estudos foram os 
programas computacionais e a crescente habilidade da informática, com isso há uma 
velocidade de processamento e capacidade de manejo e informação muito grande 
(CHRISTOFOLETTI, 1999). 
Ainda sobre o termo geoprocessamento Câmara e Medeiros (1997), diz que o 
Geoprocessamento apresenta um enorme potencial, baseando-se em tecnologias de custo 
relativamente baixo, e atualmente tem se expandido de forma significativa a sua influência e 
aplicação na área de meio ambiente e análise de recursos naturais. 
Relacionados com o geoprocessamento temos ainda ciências e técnicas como o 
Sensoriamento Remoto, a Cartografia, a Topografia, e o GPS. O Sensoriamento Remoto 
desenvolve técnicas e conhecimentos utilizados na observação, análise, interpretação e gestão 
do espaço terrestre através de medidas adquiridas em plataformas aéreas, espaciais, terrestres 
ou marítimas, já o GPS é um sistema de navegação que ajuda a obter coordenadas geográficas 
na identificação de eventos de localização ou de determinada área e todas essas informações 
adquiridas, sejam elas de sensoriamento remoto, GPS, dados alfanuméricos ou mapas 
vetoriais, todos são inseridos no Sistema de Informação Geográfica – SIG, tendo como 
característica o armazenamento e geração de dados para á analise espacial de dados 
geográficos (COSTA, 2013). 
Em relação aos mapas de caráter temático, estes auxiliam bastante na ciência através 
de símbolos que criam a idéia de diferenciação dos mais variados tipos de caracteres que estão 
presentes no espaço em estudo, vários mapas podem ser elaborados, seja com o uso do SIG, 
como outros mapas que podem ser obtidos como produtos naturais desses sistemas, eles são 
confeccionados a um tema em especifico, e em decorrência são denominados de mapas 
temáticos (FITZ, 2008). Todas essas geotecnologias são importantes para a representação do 
31 
 
espaço e sua distribuição, os diversos trabalhos na área geográfica têm obtido uma forte base 
técnica nos mais variadas temas e abordagens no planejamento urbano dos municípios. 
 
O geoprocessamento e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) não são, 
propriamente, instrumentos de planejamento, no sentido que um tributo ou um 
zoneamento. Antes, o geoprocessamento e os SIG consistem em um suporte 
tecnológico para o trabalho em planejamento urbano, com o qual estudos, avaliações 
de impactos, monitoramentos da evolução de fenômenos, simulações e a 
representação cartográfica de unidades de manejo podem ganhar em agilidade e 
precisão. (SOUZA, 2009. p. 310). 
 
O geoprocessamento possibilita um estudo mais viável sobre a relação entre o 
crescimento urbano e a desigualdade sócio-espacial, propondo técnicas que ajuda a contribuir 
e compreender os problemas urbanos. 
 
3.8 CRESCIMENTO URBANO DE CAICÓ/RN 
A urbanização ocorrida mundialmente está associada ao desenvolvimento do 
capitalismo, é caracterizado pelo rápido crescimento dos grandes centros e pelo surgimento de 
problemas socioespaciais, com isto há um grande comprometimento da qualidade de vida da 
população. Esse crescimento acelerado e as transformações ocorridas originam uma nova 
forma de ação social, na qual o ordenamento urbano é considerado como um exercício de 
controle dos espaços urbanos. (COSTA, 2003) 
No período de 1960 a 1980, o Brasil presenciou um grande êxodo rural. Os principais 
motivos dessa migração foram maiores oportunidades de emprego, melhor estratégia de 
modernização da agricultura que incentivava as culturas de exportação e os sistemas de 
agricultura prática que, por sua vez, utilizavam menos mão-de-obra que a agricultura 
tradicional, forçando os trabalhadores excedentes a procurarem outra forma de sustento. 
(http://www.infoescola.com/geografia/exodo-rural/). 
O homem do campo ao se deslocar para os centros urbanos depara-se com uma 
realidade diferente da almejada, onde o seu conhecimento profissional que poderia garantir a 
sua qualidade de vida, não o servirá em sua nova realidade, restando-lhe apenas os 
subempregos e submoradias (FERREIRA, 2000; CUNHA, 2005; BRITO, 2006; CARLOS, 
2009). 
Em uma tentativa de compreender as particularidades do universo urbano, devemos 
antes diferenciar urbanização e crescimento urbano. A urbanização é o resultado proveniente 
32 
 
da migração das pessoas do meio rural para o urbano de forma ordenada, onde o percentual 
deste é superior à população rural, ou melhor, urbanização é resultado do crescimento urbano 
planejado, onde a urbanização dá forma à cidade, já o crescimento urbano, muitas vezes ou na 
grande maioria surge desordenado e desequilibrado. 
Umas das principais características da urbanização sem o devido planejamento é o 
“inchaço” das cidades, desencadeando graves consequências econômicas e sociais, esse 
fenômeno ocorre principalmente nos países em desenvolvimento, em razão da rapidez do 
processo de urbanização e da falta de infraestrutura. O crescimento desordenado das cidades 
gera a ocupação de locais inadequados para moradia, como áreas de elevada declividade, 
fundos de vale, praças, viadutos, entre outras. Conforme a Organização das Nações Unidas 
(ONU), atualmente cerca de 25% da população mundial que mora em cidades vive na 
absoluta pobreza (CMMAD, 1991; ARAUJO, 2013). 
A grande maioria das cidades em sua origem surgiu a partir de pequenas aldeias e 
vilas, e em grande parte às margens de rios. No que diz respeito à cidade de Caicó/RN, o local 
de estudo da pesquisa não foi diferente, surgindo entre a confluência dos rios Seridó e Barra 
Nova que será o objeto de estudo de nossa pesquisa. 
 
Os rios (estradas) iam servindo pouco a pouco à ocupação e usos do território 
interiorano. As ribeiras não se apresentavam apenas como vias de acesso e 
subespaços de assentamento. Elas revelam uma verdadeira cartografia, onde o 
território, como uso (pelos indígenas), dá lugarao território como recurso (pelo 
colonizador). As referidas ribeiras são, na verdade, a primeira ideia de 
regionalização e nelas se circunscreviam certo número de fazendas. (FARIA, 2010, 
p. 84 a 85). 
 
O município de Caicó teve seu povoamento em função da criação de gado e atividades 
de campo, reforçando assim a articulação de sua vida econômica entre o final do século XIX e 
o início do século XX, por meio do desenvolvimento da cotonicultura no Seridó. A pecuária 
que foi afetada pela seca perdeu lugar para o algodão, que tornou-se atividade preponderante 
Macedo, (1998); o algodão entra em declínio entre o final dos anos 70 e inicio dos anos 80, 
contudo esta queda aparente do algodão não decretou a derrocada da cidade, que percorreu 
outros caminhos para continuar crescendo, (FARIA, 2010). 
O crescimento urbano teve no setor primário a base de sua economia, e com a crise do 
algodão aderiu ao crescimento terciário, este passando a ser a base da economia, tendo como 
destaque também o comércio e o setor de serviços, contribuindo e tornando-o um dos 
territórios mais importantes da região do Seridó, (FARIA, 2010). 
33 
 
Segundo Macedo (1998), devido a sua formação histórica, manteve-se sempre como 
importante centro regional. Segundo Morais (1991, p.24). “a cidade de Caicó aparece, no 
contexto do sistema urbano do Rio Grande do Norte, como centro regional do Seridó, sua 
posição no sistema e suas condições de urbanidade permitem classificá-la entre as cidades de 
porte intermediário...”. 
O processo de crescimento urbano da cidade de Caicó tomou nas últimas décadas uma 
incrível proporção, pois bem, quase que triplicou sua população urbana. 
 
O perímetro urbano da cidade de Caicó já foi modificado e ampliado por duas vezes, 
conforme as leis 1.582, de 18 de abril de 1979 e 4.277, de 31 de dezembro de 2007. 
Com isto tanto a cidade como a população sofreu uma evolução, expandindo-se com 
rapidez a sua densidade, quando comparada com a maior parte das cidades do 
interior do Estado em especial, nos últimos quarenta anos (1970 – 2010). (FARIA, 
2010, p. 39). 
 
O processo de crescimento é na sua grande maioria resultado de avanços tecnológicos 
que tem como modo produção o capitalismo, com esse crescimento acelerado surgem vários 
problemas ambientais e socioespaciais. Observa-se, entretanto, que o poder público no Brasil, 
como agente regulador e minimizador desses problemas, não vem dando, muitas vezes, a 
devida atenção para uma melhor infraestrutura com equipamentos e serviços adequados, 
proporcionaria maiores condições e qualidade de vida à população (COSTA, 2003). 
No sistema urbano caicoense o circuito superior da economia é evidente e dinâmico 
destacando-se grandes empresas que comercializam automóveis, motos, eletrodomésticos, 
alimentos, roupas; instituições educacionais de renome no contexto potiguar (UFRN, IFRN, 
UERN); e serviços especializados (SALVADOR, 2011). Podemos dizer que essas 
características garantem luminosidade a Caicó na escala do Seridó, reservando-lhe a função 
de centro regional ou de cidade-núcleo (SANTOS, 1965) de tal região. 
A cidade de Caicó apresenta uma expansão rápida devido ao crescimento dos bairros 
existentes e a criação de outros, hoje contando com 32 bairros. Segundo Araújo (2013) a zona 
Norte é a área mais expandida em virtude desses novos bairros, havendo uma interligação 
territorial com o Centro da cidade, nas demais zonas há também crescimento e interligação 
 
 Circuito superior: relacionado diretamente à alta tecnologia. O circuito superior é formado por atividades 
ligadas ao setor terciário de serviços: bancos, comércio e indústria de exportações, comércio atacadista e 
transporte, serviços modernos (SANTOS, 2008). 
34 
 
sendo que na zona Leste ocorreu à ligação territorial direta com o Centro da cidade, através do 
bairro Nova Descoberta. 
Entretanto a expansão no sistema urbano de Caicó não é composta apenas por avanços 
positivos, pois de acordo com Morais (1999), esse crescimento vem ocorrendo por meio de 
um processo de periferização, tanto do ponto de vista geográfico quanto social, causados pela 
desigualdade urbanística acarretando consequências graves, principalmente para a população 
de baixa renda que ocupam áreas inaptas como morros, encostas e as margens dos rios, essa 
expansão é composta por contradições sociais, com isso, a autora destaca que muitos desses 
bairros são caracterizados pela pobreza e, até mesmo, pela miséria da população residente. 
Referindo-se a expansão do terciário, esse crescimento é avaliado através dos números 
referentes ao comercio, dispondo em 1998 de 589 estabelecimentos comerciais, e, em 2009, O 
total de 1.711 estabelecimentos, tendo com isso um crescimento de 190,5%. (DANTAS et al, 
2010). A expansão terciaria pode ser avaliada através de outros seguimentos como o de 
serviços de transportes, contabilizando 138 unidades em 2009; serviços pessoais com 531 
estabelecimentos em 2009; nos serviços de saúde houve aumento nos centros de saúde, 
atividades ambulatoriais e leitos hospitalares. Nos serviços da educação houve a criação de 
novos estabelecimentos escolares de ensino infantil, fundamental e médio como de 
instituições de nível superior, além da participação do setor privado nos diferentes níveis de 
ensino. (DANTAS et al, 2010). 
Segundo Araújo (2010), verifica-se que na cidade de Caicó algumas zonas passaram 
por um rápido processo de urbanização, todavia em outras esse crescimento não se deu de 
maneira associada à urbanização, configurando-se há uma ocupação desordenada 
caracterizada pela ausência de serviços públicos de educação, saúde e segurança pública, 
sendo mais visíveis principalmente nas áreas periféricas da cidade. 
A avaliação do crescimento urbano e do processo de urbanização permite inferir sobre 
a forma desigual e, ao mesmo tempo, concentradora como o fenômeno se processa no país. 
Ressaltando e afirmando esse fato, (SANTOS, 2008, p. 66) diz, “recentemente todas as áreas 
do país experimentam um revigoramento do seu processo de urbanização, ainda que em níveis 
diferentes, graças às diversas modalidades do impacto de modernização sobre o território”. 
 
3.9 INÍCIO DA URBANIZAÇÃO NAS MARGENS DO RIO BARRA NOVA 
Desde o início de sua ocupação Caicó foi construída às margens das ribeiras, com as 
primeiras edificações tantos comerciais como residenciais foram moldando a cidade ocupando 
35 
 
primeiramente as margens do Rio Seridó e logo depois seguindo em direção ao Rio Barra 
Nova. Na época do povoamento deste território, os rios eram elementos importantes e 
fundamentais para a fixação das fazendas de gado e do desenvolvimento da agropecuária, tais 
elementos foram importantes para a sobrevivência dos primeiros moradores da região. 
O rápido crescimento populacional urbano da cidade de Caicó aconteceu de forma 
acelerada, ocupando as margens dos rios de forma desordenada causando impactos ambientais 
e diminuindo a qualidade de vida dos seus moradores. O crescimento urbano acelerado das 
cidades reflete na sociedade, onde a distribuição desigual da renda familiar acarreta problemas 
na sua organização e principalmente nos países subdesenvolvidos. Segundo Lopes (2006), a 
maioria destas novas áreas de ocupação normalmente ocorre em regiões que possuem pouca 
ou quase nenhuma infraestrutura, e que do ponto de vista ambiental são caracterizadas por 
possuírem alta declividade e estarem localizadas próximas a rios ou lagos de represas. 
As populações residentes em áreas desvalorizadas estão primeiramente preocupadas 
em sobreviver e são vítimas das situações de degradação ambiental. No ano de 1970,a cidade 
de Caicó foi marcada pela crise do algodão e êxodo rural, por ser uma cidade pólo e capital do 
Seridó houve também migrações de cidades circunvizinhas, e com isso a cidade passou a ser 
delineada por bairros periféricos, pois a população buscavam estas áreas por serem mais 
baratas. Neste sentido os bairros Barra Nova e João XXII são considerados um dos bairros 
mais antigos da cidade, onde a população residente desses bairros é mais pobre e residem em 
construções simples, com algumas exceções, apesar de em alguns trechos perceber formas 
mais modernas (FARIA, 2010). 
A nascente do rio Barra Nova é localizada na Serra do Equador, na cidade de Santa 
Luzia, fazendo parte da Microbacia Hidrográfica do Barra Nova que está inserida na Bacia 
Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu, (FIG. 01) englobando as microrregiões do Seridó 
Ocidental, Oriental e Paraibano (GUEDES et al, 2013). O rio Barra Nova percorre grande 
parte do percurso urbano da cidade de Caicó, principalmente nos bairros Paraíba, Soledade, 
João XXIII, Barra Nova, Centro e Acampamento, grande parte desses bairros antes era 
predominantemente rurais, e as águas do rio eram livre de poluição sendo utilizado como 
fonte de lazer e renda. 
 
36 
 
 
Figura 01: Mapa de localização da Microbacia do Rio Barra Nova. 
Fonte: Guedes et al, (2013) 
 
O início da ocupação do rio Barra Nova se deu devido à instalação da usina Alsecosa 
no ano de 1963. A escolha da área, pelo grupo empreendedor, foi devido à ponte que já existia 
no ano de 1942, construída na gestão do prefeito da cidade Inácio Medeiros Dias, o que 
facilitou a articulação entre o rural e a sede do Município. Com a instalação da usina que 
gerou na época cerca de 150 empregos. Com isso e na tentativa de tentar resolver os 
problemas relacionados às famílias carentes, o prefeito do Município na época o senhor José 
Josias Fernandes, e o bispo Diocesano Dom Manoel Tavares, adquiriram terrenos próximos à 
margem esquerda do rio Barra Nova, com o propósito de construir cerca de 400 
(quatrocentas) casas para as famílias que procuravam empregos na fabrica de algodão e que 
tinham baixo poder aquisitivo (MORAIS, 1999). 
 
 
 Usina de beneficiamento de algodão, fabricação de óleo e torta de algodão, que se instalou às margens esquerda 
do Rio Barra Nova no ano de 1963. (MORAIS, 1999. p, 96). 
37 
 
A atuação da referida usina não ficou resumida “apenas à esfera” da economia. 
Deixou marcas na espacialização citadina ao ter vinculado à sua história o 
surgimento e crescimento do bairro Barra Nova, deflagrando o processo de 
ocupação de uma área que não se encontrava incorporada ao urbano. Em seu início, 
a maioria dos seus moradores eram famílias que tinham alguns de seus membros 
trabalhando na usina. Daí a afirmação de que quando a ALSECOSA surgiu, nasceu 
com ela o Barra Nova como bairro. Cresceram juntos, bairro e indústria, tendo a 
usina como ponto de partida, desbravando-se o outro lado do rio (MORAIS, 1999, p. 
99). 
 
 
A localização estratégica da cidade próxima ao rio Barra Nova ofereceu uma relação 
histórica entre a população e o rio que perdura até hoje. Com a construção das 400 casas perto 
da usina e nas margens do rio, os trabalhadores de campo e de cidades vizinhas passaram a 
ocupar sem nenhuma política de planejamento urbano as margens do rio Barra Nova, 
aumentando assim a urbanização nas proximidades do rio, sem nenhum planejamento dos 
órgãos governamentais ou medidas preventivas ocasionando diversos problemas para o rio. 
 
O expressivo crescimento urbano acarretou vários novos problemas e intensificou 
outros, deixando transparecer no espaço as marcas das desigualdades sociais, 
confirmando a idéia de que o espaço urbano reflete a estruturação, articulação e 
fragmentação da sociedade (MORAIS, 1999, p. 265). 
 
A população de Caicó tinha uma relação muito forte com o rio, sendo o mesmo 
utilizado para lazer, pesca para consumo da população mais carente, além de ter uma grande 
importância histórica, sócio-econômica e cultural. O rio atualmente encontra-se submetido a 
grandes impactos, falta de saneamento básico nas concentrações urbanas existentes ao longo 
de seu percurso, lançamento de esgotos domésticos sem tratamento, currais em suas 
imediações e cultivo de capim elefante (Pennisetum purpureum) em seu leito, ocasionando o 
assoreamento do rio e transtornos para população residente, pois a mesma sofre com animais 
peçonhentos, mosquitos e mau cheiro devido ao acumulo de esgoto. 
Com o grande crescimento sem planejamento nas margens do rio Barra Nova ocorre 
atualmente degradação avançada, que vem sendo provocada pelo crescimento urbano e 
principalmente, pela população residente em suas margens, acarretada pela falta de 
conscientização ambiental e a falta de fiscalização das políticas pública. 
 
 
 
 
38 
 
4 ÁREA DE ESTUDO 
 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAICÓ/RN 
Segundo os dados do Serviço Geológico do Brasil CPRM (2005) o município de 
Caicó esta localizado no Estado do Rio Grande do Norte, (FIG. 02) situa-se na mesorregião 
Central Potiguar e na microrregião Seridó Ocidental, limitando-se com os municípios de 
Jucurutu, Florânia, São João do Sabugí, Ouro Branco, Jardim do Seridó, São José do Seridó, 
Cruzeta, Timbaúba dos Batistas, São Fernando e Serra Negra do Norte e com o Estado da 
Paraíba, abrangendo uma área de 1215 km², inseridos nas folhas Caicó (SB.24-Z-B-I), Currais 
Novos (SB.24-Z-B-II) Jardim do Seridó (SB.24-Z-B-V) e Serra Negra do Norte (SB.24-Z-B-
IV) na escala 1:100.000, editadas pela SUDENE. A sede do município tem uma altitude 
média de 151m e coordenadas 06°27’28,8” de latitude sul e 37°05’52,8” de longitude oeste, 
distante da capital cerca de 292 km, sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado através das 
rodovias pavimentadas BR-226, BR-427 e RN-228. 
 
 
Figura 02: Localização do município de Caicó/RN. 
Fonte: (ARAÚJO, 2012). 
 
39 
 
O município situa-se na depressão sertaneja - terrenos baixos situados entre as partes 
altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi. Com relevo de 100 a 200 metros de 
altitude, possui clima tropical semiárido, com períodos chuvosos curtos e irregulares, esse 
período varia entre os meses de entre os meses de fevereiro e maio, temperatura media anual 
que varia entre mínimo de 18°C e máxima de 33°C, tendo uma precipitação pluviométrica 
anual normal de 716,6mm, com uma temperatura media de 27,5°C. (CPRM, 2005). 
Geologicamente o município de Caicó insere-se na Província Borborema, constituído 
por litótipos dos complexos Serra dos Quintos, Caicó e São Vicente, rochas do Grupo Seridó, 
representado pela Formação Jucurutu, granitóides das suítes Máfica e Poço da Cruz 
(BRASIL, 2001). A fauna e flora possuem elevado nível de adaptação às condições 
edafoclimáticas e principalmente aos solos pedregosos, às altas temperaturas e a escassez e 
irregularidade pluviométrica, possui formação geológica cristalina antiga e grande diversidade 
mineral com uma complexa estratigrafia, além de uma geomorfologia bastante diversificada, 
os solos são variados predominando os luvissolos e neossolos (ALVES, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
5 MATERIAL E MÉTODOS 
A pesquisa foi organizada em três etapas, pesquisa bibliográfica, pesquisa in lócus e 
mapeamento da área. Em primeiro momento foi feito a realização de um levantamento 
bibliográfico, com seleção de livros, artigos científicos, revistas conceituadas, teses e 
dissertações que tratam da parte teórica sob o enfoque de diversos pesquisadores. Foram 
buscados temas associados

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