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AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO Ambiente Praial e Ambiente Deltaico Barra de Guaratiba- RJ (Patrícia Kovacs) Universidade Federal de Alagoas - UFAL Centro de Tecnologia – CTEC Engenharia de Petróleo Autores: Diego Lima; Iago Martins; José Caio; Jéssica Almeida; João Paulo Barbosa. 2 Introdução Os sedimentos que se encontram na superfície terrestre, são resultantes da meteorização e erosão das rochas preexistentes, assim como restos orgânicos; Classificação da sedimentação - Ambientes de Sedimentação; Os ambientes de sedimentação são os locais geográficos caracterizados por combinações particulares de processos geológicos e condições ambientais; 3 As condições ambientais se referem ao tipo e a quantidade de água, o relevo, clima, e atividade biológica, já os processos geológicos incluem correntes que transportam e depositam os sedimentos, o posicionamento na placa tectônica e a atividade vulcânica; Por exemplo, uma trincheira oceânica profunda é encontrada numa zona de subducção, enquanto depósitos aluviais estão associados a montanhas formadas pela colisão de continentes; 4 Assim, por exemplo, um ambiente praial considera as dinâmicas das ondas, as quais se aproximam e arrebentam- se no litoral, as correntes resultantes e a distribuição dos sedimentos na praia; Os ambientes de sedimentação são agrupados por localização, seja no continente, seja nas regiões costeiras, ou nos oceanos; 5 Figura 1- Ambientes de Sedimentação Fonte: fossil.uc.pt 6 Tabela 1- Ambientes de Sedimentação AMBIENTE AGENTE DE TRANSPORTE, DEPOSIÇÃO SEDIMENTOS CONTINENTAL Fluvial/Aluvional Rios Cascalho, areia, argila Eólico ou desértico Vento Areia, silte Lacustre Correntes lacustres, ondas Areia, argila Glacial Gelo Areia, cascalho, argila COSTEIRO Delta Rio + ondas + marés Areia, argila Praia Ondas, maré Areia, cascalho Planície de maré Correntes Areia, agila MARINHO Plataforma continental Ondas, maré Areia, argila Margem continental Correntes oceânicas Argila, areia Mar profundo Correntes oceânicas Argila Fonte 1- Para Entender a Terra, pg.201 7 Os ambientes costeiros e marinhos constituem um bioma com uma grande diversidade de ecossistemas, como estuários, restingas, praias, recifes de corais e outros; Sofrem influência dos biomas continentais adjacentes, ou dos que têm cursos d’água que deságuam no litoral; A dinâmica das ondas, das marés e das correntes em praias arenosas domina os ambientes costeiros; Os organismos podem ser abundantes nessas águas rasas, mas não influenciam muito a sedimentação clástica, exceto onde os sedimentos carbonáticos também são abundantes; 8 Entre esses ambientes podemos citar: 1. Ambientes deltaicos, onde os rios desembocam em lagos ou no mar; 2. Ambientes de planície de maré, onde extensas áreas expostas na maré baixa são dominadas por correntes de maré; 3. Ambientes praiais, onde as ondas fortes que se aproximam e arrebentam no litoral distribuem os sedimentos na praia, depositando faixas de areia ou cascalho. 9 Os sistemas costeiros dominados por onda envolvem ambientes contínuos de deposição desde a praia até a plataforma rasa; Podem se formar em condições de nível do mar estável, descendo ou subindo, além disso, pode apresentar uma complexa mistura de ondas e marés. 10 AMBIENTE PRAIAL Ambiente Praial: Generalidades É um ambiente contíguo aos mares, oceanos, estuários e outros corpos hídricos; Forma-se, basicamente, de material inconsolidado: - Areias (0,062-2 mm) e pode também, mais raramente, ser composto por lodo (silte, argila); - Cascalhos (2 a 60 mm), pedras roladas, seixos, calhaus, além de conter biodetritos conchas de moluscos, restos de corais e algas calcárias, entre outros. 12 Estende-se desde o nível de baixa-mar média (profundidade de interação das ondas com o substrato) para cima, até a zona de vegetação terrestre permanente (limites das ondas de tempestade) ou até que haja mudanças na fisiografia; 13 -Dunas costeiras, restingas e falésias marinhas; Fonte : http://meioambiente.culturamix.com/natureza/ dunas Fonte : http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.ht ml Fonte : http://brainly.com.br/tarefa/108 3013 14 Dividida em porções denominadas antepraia e pós-praia e face litorânea; A antepraia (zona entremarés)- recebe o efeito das ondas; Pós-praia- atingida pelos borrifos das ondas ou, ocasionalmente, em marés vivas excepcionais e tempestades; Face Litorânea: Estende-se do limite da antepraia inferior ligado a linha de baixa-mar ordinária até a profundidade de 6 a 20m; 15 Também subdividido em superior e inferior; A face litorânea superior: Ambiente de inframaré: 1. Depositam areia de granulação fina a média; 2. Seixos dispersos ou em camadas. A face litorânea inferior: É caracterizada pela: 1. Deposição rápida por maré de tempestade; 2. Deposição lenta de areia síltica e areia fina por decantação. 16 Fonte: www.scielo.mec.pt 17 Perfil generalizado de uma praia Fonte : McCubbin, 1982 18 O aspecto geral de uma praia resulta com características relacionadas a: -Características do sedimento (textura, composição); -Grau de seleção; -Angulação dos grãos e estratificação da praia; A dinâmica caracterizada pelo ciclo construtivo/destrutivo, que depende da: -Direção dos ventos, regime de tempestades; -Tipo de sedimento; -Regime de ondas; -Topografia da costa; 20 A largura das praias varia de dezenas a centenas de metros e longitudinalmente estendem-se por até centenas de quilômetros; A declividade e a largura de uma praia dependem muito da granulometria dos sedimentos que a constituem, e a altura está relacionada ao tamanho das ondas e às amplitudes das marés; Em geral, tanto mais grossos os sedimentos mais inclinadas e estreitas se apresentam as praias, e esta correlação está ligada à maior permeabilidade dos sedimentos mais grossos, que favorece a infiltração e diminui muito o volume de águas de retorno superficial; Existem praias de baixa declividade e alta declividade; 21 Praias de baixa declividade: -A energia das ondas é acentuadamente dissipada pelo atrito, são denominadas praias dissipativas; -Portanto, na face da praia a energia de ondas é baixa com granulometria mais fina e pouca declividade; -Apresentam uma diversidade maior por apresentarem uma produtividade primária alta; -Encontram-se campos de dunas associados a este tipo de praia; 22 Praia de baixo declive; Pontal da Barra, Maceió (AL). Fonte:Polleto, Carolina Rodrigues Bio 23 Praias de alta declividade: -Acima de 4 a 5 graus de inclinação, onde as ondas chegam com maior energia (praias de tombo), são chamadas praias reflexivas; Figura 4- Praia de alto declive; Praia do Porto da Barra (BA) Fonte- www.guiaviagensbrasil.com www.guiaviagensbrasil.com 24 Relação clara entre declividade e granulometria, ou seja, quanto mais grossa a granulometria mais inclinado o declive da praia; Ambientes em equilíbrio dinâmico, com intensa movimentação de sedimentos em ciclos associados à circulação costeira e ao regime de ondas e marés; Logo, há praias com tendêncianatural de retirada de sedimentos, denominadas erosionais, normalmente niveladas. Por outro lado, as praias deposicionais tendem a acumular sedimentos e geralmente são inclinadas e desniveladas (MICHEL; HAYES, 1992); 25 Devido ao dinamismo não podem ser classificadas permanentemente como de um tipo, pois eventos de tempestade, mudança no padrão de ondas, elevação do nível do mar, deriva de sedimentos podem fazer as praias migrarem de um tipo a outro; Estão sujeitas às dinâmicas sazonais de entrada e saída de sedimentos, chamadas de ciclo praial; Durante este ciclo, nos meses de maior agitação marítima, ocorre o período destrutivo ou erosional, quando há remoção de areia da praia que é depositada em bancos de areia na zona costeira rasa (infralitoral), tornando a praia mais nivelada; 26 Figura 5- Praia erodida após passagem de frente fria, Itamambuca (SP), Fonte - aroundguides.com 27 Nos meses de verão, com menor agitação marítima, o sedimento volta a ser empilhado na face praial, constituindo um perfil mais heterogêneo, com a presença de feições características, como berma, cristas, e terraços de baixa- mar; Bermas de praia. Fonte: http://www.pol.ac.uk/india/IND_updatefw.html 28 Em consequência, as praias podem apresentar perfis típicos de verão e inverno; Uma feição praial típica de zonas costeiras recortadas são os tômbolos, extensões arenosas que se formam entre as praias e as ilhas e que podem se tornar vulneráveis ao óleo durante os períodos de baixa-mar; Os tômbolos podem evoluir geologicamente para penínsulas arenosas. A confluência das ondas tende a transportar sedimento para a face abrigada das ilhas; 29 Figura 7- Tômbolo entre a ilha a Ponta e Praia da Lagoinha, Ubatuba (SP) Fonte- Bolina, Luís Carlos. 30 Praia Arenosa a) Forma mais ou menos arqueada; b) Côncava rumo ao continente; c) Desenvolve-se em trechos de costa com abundante suprimento arenoso; • Nas adjacências de desembocaduras fluviais com predominância da ação de ondas; • Origina delta destrutivo cuspiado ou delta destrutivo laminado por ondas. Praia Cascalhosa: a) Crista muito alta; b) Corresponde a altura máxima das ondas de tempestade. 31 Praia Arenosa Fonte: http://www.lagamar.net.br/portal/index.php/ecossistemas-litoraneos/71-praia-arenosa Praia Cascalhosa: Patagônia – ARG Fonte: http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-praia-do-patagonia-argentina-image39243477 32 Processos costeiros e Tipos de costas Os principais fatores responsáveis pela formação e evolução dos depósitos de praias são: 1. A energia das ondas; 2. O fluxo d’água que se dirige para costa ser mais intenso que o fluxo de retorno (deposição sedimentar). Os processos costeiros envolvem a ação das ondas, marés e ventos, além das correntes litorâneas geradas por estes fatores. 33 SWELL e SEA SEA: Geradas por tempestades próximas a costa ou pelos ventos prevalecentes. Possuem pequeno período; Altura (H) de no máximo alguns metros. 34 SWELL e SEA SWELL: Geradas em alto mar; Apresentam um período longo e viajam rapidamente; A altura pode chegar a dezenas de metros. 35 SWELL e SEA SWELL: Refração- chegam a costa e sofrem uma mudança no sentido de propagação das ondas em águas rasas; O fenômeno da refração é responsável pelo alinhamento da zona de arrebentação; Difração- ao redor de obstáculos naturais como ilhas e promontórios; Reflexão- quando trens de ondas encontram um obstáculo gerando um novo trem de ondas que se superpõem aos anteriores. 36 SWELL e SEA Padrões de refração de ondas: (A) Em embaíamentos de configuração simples; (B) Em embaíamentos com fossa costa afora e banco submerso; (C) Em costa com ilhas onde ocorre também o fenômeno da difração (segundo Bird, 1969). A incidência de ondas na linha costeira gera grande variedades de correntes costeiras (coastal currents) entre as quais sobressaem as correntes longitudinais (Komar, 1991). 37 SWELL e SEA O transporte de sedimentos na zona de surfe ocorre pela: 1. Atuação das correntes longitudinais; 2. Agitação das ondas no local (deriva litorânea). O transporte de sedimentos ocorre também na zona de espraiamento: 1. Através do fenômeno da deriva praial. 38 SWELL e SEA Cada trecho de costa, com seu determinado sentido de deriva costeira dá origem a uma célula de circulação costeira (Noda, 1971). Composta de 3 partes: 1. Zona de Erosão à Origina a corrente (barlamar), caracteriza-se por apresentar ondas de maior energia; 2. Zona de Transporte à Corresponde ao trajeto através do qual os sedimentos são carreados ao longo da costa; 3. Zona de Deposição (acumulação) à A corrente termina (sotamar) e representa o local com ondas de menor energia. 39 SWELL e SEA Quando duas células de circulação costeira se situam lado a lado ao longo da costa, podem acontecer 2 situações: 1. Convergência de correntes à Intensa acumulação ou desenvolvendo-se uma corrente de retorno; 2. Divergência de células à Haverá intensa erosão; Principais tipos de linhas de costas, segundo Shepard (1967); Morfodinâmica praial; 40 SWELL e SEA A forma de um perfil transversal de uma praia é função de inúmeros fatores sedimentológicos e hidrodinâmicos: Segundo Davis e Fox (1968) - uma das variáveis que interferem na forma do perfil praial é de caráter sazonal: 1. Inverno à Concavidade para cima; 2. Verão à Convexidade para cima. Também controlado pela frequência e intensidade dos processos associados a tempestades; 41 Feições deposicionais Algumas das feições deposicionais costeiras que exibem os ambientes de praias são os cordões litorâneos, ilhas- barreira e chêniers. 42 Feições deposicionais CORDÕES LITORÂNEOS Constituem cristas alongadas; Alturas variáveis, em geral baixas; Areia finas ou grossas (seixos e até conchas de moluscos); Podem ocorrer um ou mais cordões litorâneos. No segundo caso formam feixes de cordões; Estágios de formação de cordões litorâneos, arenosos ou cristas praiais, a partir da emersão gradual de barras arenosas, inicialmente submersas, formadas por efeito das ondas (Curray et al, 1969). 43 Feições deposicionais ILHAS-BARREIRAS Predominantemente arenosos; Estendem paralelamente ao litoral, em geral separadas do continente por uma laguna; Tipicamente construídas pela ação da deriva costeira; Os 2 principais mecanismos de formação das ilhas-barreiras são: 1. Empilhamento progressivo de areias sobre barra de fáceis litorânea, onde ocorre a arrebentação das ondas; 2. Submersão parcial de feixes de cordões litorâneos ou de dunas- cordão. Mecanismos de desenvolvimentos de ilhas-barreira. 44 Feições deposicionais CHÊRNIERS Cordões litorâneos comumente arenosos; Mergulhados em planícies lamosas; Situados acima do nível de maré alta; Compostos de material mais grossos disponível na área; Representam fases estacionárias ou retrogradantes em costas regressivas; Formam-se durante as tempestades ou furacões; Fases de desenvolvimento de um chêrnier. Depósitos de praia 45Feições deposicionais O ângulo de mergulho depende: Granulometria (2 a 10 graus em areias finas a média); 46 Biodiversidade do Ambiente Praial Importantes ecologicamente: 1. Riqueza biológica; 2. Áreas costeiras são densamente povoadas; A riqueza e a composição biológica das praias são variáveis- depende das características geomorfológicas e hidrodinâmicas; Quanto maior o diâmetro do grão e a declividade, menor a diversidade e a abundância específica. (McLACHLAN, 1983 apud AMARAL et al., 1999); 47 Praias de areias médias, finas e mistas são biologicamente- mais ricas; Praias lamosas também são muito ricas em organismos, com elevadas densidades populacionais; Praias de areia grossa, pobres em matéria orgânica e fisicamente instáveis, há predominância de animais filtradores; Praias lodosas há o predomínio de espécies comedoras de sedimento (depositívoras), estimuladas pela maior quantidade de matéria orgânica; Se, por um lado, estes ambientes mais estáveis suportam a presença de espécies mais frágeis, por outro restringem o desenvolvimento biológico pela limitação de oxigênio e circulação intersticial; 48 Praia de areia grossa. Praia de Massaguaçu, Caraguatatuba (SP) Fonte: Milanelli, João Carlos Carvalho Praia de areia fina. Praia do Cauípe (CE) Fonte: Poletto, Carrolina Rodrigues Bio 49 A riqueza no ambiente praial pode chegar a centenas de espécies, pertencentes principalmente aos grupos animais: Cnidaria, Turbellaria, Nemertinea, Nematoda, Mollusca (Gastropoda, Bivalvia), Echiura, Brachiopoda, Pycnogonida, Hemichordata, Echinodermata, Sipuncula, Crustacea (Amphipoda, Isopoda, Brachiura, Anomura), Polychaeta, Porifera, Ascidiacea e algas (como, por exemplo, Enteromorpha), grupos que se tornam mais freqüentes em praias com presença de substratos mais consolidados (praia de calhaus, seixos, pedras roladas); Hábito alimentar, as espécies são filtradoras, detritívoras, pastadoras, predadoras, necrófagas, ou onívoras. 50 Caravela Portuguesa ou Garrafa Azul (Physalia physalis)- Cnidário Fonte: www.katembe.com.pt Molusco Fonte: pixabay.com Echinoidea (bolacha da praia)- Equinoderma Fonte: trabalhocfb704.blogspot.com Caranguejo Maria Farinha - _Ocypode quadrata_ (Crustacea, Ocypodidae) - Praia de Naufragados Fonte: www.panoramio.com 51 Fauna de praia. Caranguejos eremitas (Crustacea- Anomura). Barra de Mamanguape (PB). Polleto, Carolina Rodrigues Bio. 52 Por exemplo, praias lamosas têm predominância de comedores de detrito/sedimento e carnívoros, enquanto em praias de areia predominam os animais filtradores (retiram o alimento filtrando a água); Gradiente de estresse por temperatura e dessecação- Quanto mais longe da água, mais variável é a temperatura e mais seco o ambiente; Quanto mais perto da água, mais rica e densa é a comunidade; A distribuição das espécies obedece a uma estratificação (horizontal e vertical), de acordo com sua adaptação ao ambiente- zonação estrutural. 53 AMBIENTE DELTAICO Ambiente Deltaico: Características Gerais • Nome dado pelo grego Heródoto de Alicarnasso (séc. V a.c.) à desembocadura do Rio Nilo, devido a sua forma semelhante à letra grega Δ. Delta do Nilo visto do espaço Fonte: NASA O termo delta vem recebendo várias conotações advindas de autores diversos à medida que novas áreas de sedimentação costeira atribuíveis a deltas foram sendo estudadas (SUGUIO, 2003:247). Características Gerais - Barrell (1912) usou o termo delta para designar um depósito parcialmente subaéreo construído por um rio no encontro com um corpo permanente de água; - Trownbridge (1930) concluiu que o substantivo delta e o adjetivo deltaico deveriam ser empregados para denominar sedimentos depositados por um rio nas vizinhanças de sua desembocadura. Características Gerais Scott e Fisher (1969) consideram o delta como um sistema deposicional alimentado por um rio, que causa uma progradação irregular de linha de costa. Bates (1953) definiu um delta como depósito sedimentar construído por fluxo de água dentro de um corpo permanente de água. Entretanto, esta última definição incorporaria também os leques submarinos, que são depósitos acumulados nas desembocaduras de canhões submarinos, em áreas de sopés de taludes continentais, a alguns milhares de metros de profundidade. Wright (1978) define um delta como acumulações costeiras subaquosas e subaéreas, construídas a partir de sedimentos trazidos por um rio, adjacentes ou em estreita proximidade com o mesmo, incluindo os depósitos reafeiçoados secundariamente pelos diversos agentes da bacia receptora, tais como ondas, correntes e marés. Moore e Asquith (1971) definiram como depósitos sedimentares contíguos em parte subaéreos e parcialmente submersos, depositados em um corpo de água (oceano ou lago), principalmente pela ação de um rio. O último trecho dessa definição não é aplicável, por exemplo, à evolução geológica nos últimos 2.500 anos dos complexos deltaicos brasileiros do Quaternário. Características Gerais Verifica-se, portanto, que o conceito de delta é muito amplo, sendo empregado para designar associações de fácies sedimentares, que têm em comum apenas o fato de constituírem zonas de progradação vinculadas a um curso fluvial, originalmente construídas a partir de sedimentos transportados por esse rio. Características Gerais Acreditava-se que não existiam deltas verdadeiros na costa brasileira, mas estudos recentes mapearam os deltas (exceção o de Caravelas) da costa leste e o classificam como deltas típicos dominados por ondas. Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/ O que diferencia um sistema deltaico de um complexo deltaico? • O conjunto de subambientes que constituem o ambiente deltaico é denominado de sistema deltaico; • Já o complexo deltaico corresponde a uma associação de deltas, geológica e geneticamente relacionados entre si, porém independentes espacial e temporalmente. FATORES QUE CONTROLAM A SEDIMENTAÇÃO DELTAICA Para que um delta seja formado, é necessário que um rio (corrente aquosa), transportando carga sedimentar, flua rumo a um corpo permanente de água em relativo repouso. Segundo vários autores os fatores mais importantes para formação de um delta são: clima, flutuação da descarga fluvial e da carga sedimentar, processos relacionado à desembocadura fluvial, energia das ondas, regime de marés, ventos, correntes litorâneas, declividade da plataforma, tectônica e geometria da bacia receptora. Mas, os fatores decisivos para a sedimentação deltaica são: 1. Regime fluvial; 2. Processos costeiros; 3. Fatores climáticos; e 4. Comportamento tectônico; Fonte: Suguio (2003) Classificação de deltas Diferentes critérios tem sido usados na classificação de deltas. Considerando a natureza da bacia receptora, os deltas são classificados em continentais (lacustres) e marinhos (ou oceânicos). Baseando-se nos contrastes de densidade entre as águas dos afluentes fluvial principal e o corpo liquido receptor, reconheceu três tipos fundamentais: Deltas homopicnais; Deltas hiperpicnais; Delta hipopicnais; Fonte: Geologia Sedimentar - Suguio Moore (1966), baseando-se em Lyell (1832) e Bates (1953), estabeleceu quatro tipos principais de deltas De canhão submarinos (fluxo hiperpicnal em forma de jato plano); Lacustres (fluxo homopicnalem forma de jato axial); Mediterrâneos (fluxo homopicnal em forma de jato plano); Oceânicos (construídos em ambientes de macromarés); Scott & Fisher (1969), estabeleceram dois grandes grupos: predominancia de Deltas construtivos com predominância de fácies fluviais; e Deltas destrutivos com fácies marinhas; Fonte: Geologia Sedimentar - Suguio Fonte: Geologia Sedimentar - Suguio Galloway (1975) apresentou uma classificação modificada de Scott & Fisher, baseada na ação recíproca dos processos marinhos e no papel desempenhado por esses processos na construção deltaica, propondo uma grande variedade de deltas, que foram agrupados em um diagrama triangular, segundo três membros extremos: Deltas de domínio fluvial; Deltas de dominados por ondas; Deltas dominados por marés; Subambientes Deltaicos Subaérea que abrange a planície deltaica situada acima da maré baixa. Subaquososa representando a porção submersa, separadas pelo limite de influência das marés. Planície deltaica (ou plataforma deltaica), frente deltaica (ou talude deltaica) e prodelta. 73 Planície Deltaica Superfície suborizontal adjacente à desembocadura da corrente fluvial. Abrange a parte predominante subaérea da estrutura deltaica onde, em geral, a corrente fluvial principal subdivide-se em: 1. Distributários deltaicos (ativos e abandonados); 2. Áreas entre estes tributários (planícies interdistributárias). 74 Planície Deltaica Os principais depósitos sedimentares associados à planície deltaica são: Depósitos de preenchimento de canais. Compostos de sedimentos grossos e finos, que preenchem um canal abandonado pelo rio; Areias sílticas, que passam para argilas sílticas e argilas; Ocorrem as barras de meandros e as barras de canais entrelaçados ; 75 Planície Deltaica Depósitos de diques naturais. Áreas levemente elevadas, que flanqueiam os canais distributários; Construídos por deposição de sedimentos mais grossos da carga em suspensão durante as enchentes; Argilas sílticas perturbadas mais comumente por raízes de plantas. Também podem aparecer os depósitos de rompimento de diques naturais, que se apresentam na forma de pequenos leques. 76 Planície Deltaica Depósitos de planície interdistributária. São constituídos por sedimentos argilosos acumulados nas áreas baixas da planície deltaica; Entre os distributários ativos e abandonados, quando ocorre extravasamento dos canais distributários. 77 Planície Deltaica Depósitos paludais ou pântano. Formados quando a área inundada entre os distributários torna-se suficientemente rasa para suportar vegetação; Vegetação rasteira (marsh), constituídos por água salgada, doce ou salobra, que se desenvolvem próximo ao mar; Vegetação de maior porte (swamp), que são de água doce e situam-se mais para o interior dos continente; 78 Planície Deltaica Depósitos paludais ou pântano. Tipo marsh: quando ocorrem em zonas costeiras de clima quente e úmido, desenvolvem-se os manguezais; Tipo swamp: quando ocorrem em zonas costeiras de clima quente e úmido, origina-se a turfa; 79 Planície Deltaica Depósitos lacustres de argila orgânica com laminação formam-se em áreas pantanosas do tipo marsh; Depósitos de planície deltaica nas regiões de clima seco (semi-árido e árido) são caracterizados por depósitos de calcretes e evaporitos. 80 Frente Deltaica Forma a área frontal de deposição ativa do delta que avança sobre os depósitos de prodelta; Siltes e areias finas fornecidos pelos principais distributários deltaicos; Os principais depósitos associados à frente deltaica são: Depósitos de barra distal: são formados por sedimentos da faixa frontal progradante do delta, predominando siltes e argilas. 81 Frente Deltaica Depósitos de barra de desembocadura de distributário: são oriundos da sedimentação da carga do rio na boca do canal distributário, constituídos por areia e silte; Depósitos de canais distributários submersos: prolongamento natural subaquático dos canais distributários subaéreos; Os diques naturais submersos: cristas submarinas nas margens dos canais distributários submersos formados pela redução da velocidade das águas na frente deltaica. 82 Prodelta A sedimentação prodeltaica é essencialmente argilosa e representa a parte mais avançada de deposição do sistema deltaico; A construção de um prodelta tem início com a deposição de argila marinha na bacia receptora; Está em baixo dos sedimentos das duas províncias anteriores (planície deltaica e frente deltaica) 83 Prodelta No delta do rio Mississipi (Estados Unidos), os sedimentos prodeltaicos atingem espessuras superiores a 400m; As argilas dessa província contêm quantidades moderadamente altas de matéria orgânica; Duas feições geológicas diretamente associadas à deposição prodeltaica argilosa são: planícies de lama e diápiros de lama. 84 Prodelta Planícies de lama: são formadas quando o fornecimento de lama fluvial sobrepuja a capacidade de dispersão de processos costeiros. Continuando a deposição de sedimentos argilosos fluviais, uma linha de praia arenosa pode ser isolada por trás de uma planície de lama, e os depósitos praiais assim isolados recebem o nome de depósito de chênier. 85 Prodelta Díapiros de lama: são projeções de lama dentro dos depósitos de barra de desembocadura ou extrusões de lama. Forma ilhas próximas à desembocadura dos distributários. 86 O crescimento dos deltas À medida que um delta se desenvolve, a foz de seu rio também avança nessa direção, por algumas centenas ou milhares de anos deixando no percurso a planície deltaica; Em muitas áreas, as terras úmidas deltaicas sofreram controle das cheias com a construção de barragens, que reduziu o seu aporte sedimentar; Com os grandes diques artificiais que evitaram as cheias menores, mas frequentes, que alimentavam as terras alagáveis deltaicas. 87 O crescimento dos deltas Os deltas crescem pela adição de sedimentos e afundam à medida que ocorre compactação das partículas; Afundam também pela subsidência da crosta devido ao peso da carga sedimentar; A cidade de Veneza, parcialmente edificada no delta do rio Pó (Itália), vem sofrendo um processo de afundamento devido a subsidência crustal. 88 Deltas quaternários brasileiros Associadas às desembocaduras dos principais rios que deságuam no oceano Atlântico, ao longo da costa brasileira, existem zonas de progradação que foram interpretadas como deltas; O rio Amazonas seria do tipo altamente destrutivo dominado por marés; Os rios Parnaíba, Jaguaribe, São Francisco, Jequitinhonha, Doce e Paraíba do Sul seriam do tipo altamente destrutivo dominados por ondas. 89 Deltas quaternários brasileiros Verificou-se que todos ignoraram o papel das flutuações do nível relativo do mar durante o Quaternário; Essas variações podem resultar da mudança real do nível do mar (eustasia) e das modificaçõesdo nível dos continentes; A existencia de Deltas intralagunaresnas desembocaduras dos rios Doce (ES) e Paraíba do Sul (RJ) corresponde ao estágio de culminação do nível relativo do mar. 90 Conclusão O conceito de delta é muito amplo, tendo em comum o fato de constituírem-se em zonas de progradação vinculadas a um curso fluvial; Os deltas foram classificados por diferentes autores, apresentando três províncias de sedimentação, que foram influenciadas pelas variações do nível relativo do mar durante o Quaternário; Os deltas progradam pela adição de sedimentos e afundam à medida que ocorre compactação das partículas e subsidência da crosta devido ao peso da carga sedimentar. 91 • BACOCCOLI, G. Os deltas marinhos holocênicos brasileiros – uma tentativa de classificação: Boletim Técnico Petrobrás 14: 5-38, Rio de Janeiro, 1971. • CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981. GUERRA, Antonio Teixeira; GUERRA, José Antonio Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. • MARTIN, Louis; SUGUIO, Kenitiro; FLEXOR, J. M. As flutuações do nível do mar durante o Quaternário superior e a evolução geológica dos “deltas” brasileiros. Boletim IG-SP, Publicação Especial. 15: 1-186. São Paulo, 1993. • SUGUIO, Kenitiro. Geologia sedimentar. São Paulo: Edgard Blucher, 2003. • Dominguez, J. M. L. Notas de aula de Processos Sedimentares e Problemas Ambientais na Zona Costeira. Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, 2009. Referências 92 Ambientes Costeiros Contaminados por óleo- Procedimentos de limpeza- Manual de orientação, Governo do Estado de São Paulo; (http://www.ecoa.unb.br/probioea/guia/index.php/ambientes- costeiros-e-marinhos/18-intro) http://www.ecoa.unb.br/probioea/guia/index.php/ambientes-costeiros-e- marinhos/18-intro www.geologia.ufpr.br/graduacao2/.../sistemasclasticosondas.pdf http://cetesb.sp.gov.br/emergencias-quimicas/wp- content/uploads/sites/53/2013/12/ambientes-costeiros.pdf 93
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